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EU LÍRICO1

(Trad. Patrícia Bagot)

Foi a forma do Eu que causou uma confusão no espectador. Mas quanto mais nós
demarcamos o campo de nossa reflexão historicamente, mais incompreensível aparece o
equívoco do Eu lírico com o Eu exclusivo do indivíduo. O Eu de uma canção folclórica, o
Eu de uma canção de lembranças doces possui a generalidade, a canção na boca de cada
ser humano consciente, pelo menos de uma certa idade ou classe, deixa de aparecer
igualmente apropriado. Não é indivíduo, nenhuma determinada alma só, porém é o homem
envelhecido que canta a canção imortal: “Ai, que dor, para onde desapareceram todos os
meus anos! Minha vida que sonhei ou é verdade?” E, em sentido ainda mais amplo, é na
poesia de misticismo que o Eu toma uma forma generalizada: a forma eterna da alma
humana.

Quanto mais nos aproximamos do próprio de nosso tempo, mais profunda e mais
difícil enreda-se certamente o Eu lírico com o Eu único do indivíduo, mas a razão artística
da poesia também não perde nada do seu rigor, a obra lírica da arte não tem que ser menos
que uma obra de arte, o Eu lírico não pode deixar de ser mais objetivo, porque é um Eu
individual que determina e distingue-se. Quando se trata, neste momento, disto, fica mais
compreensível, que o Eu lírico poderia ser confundido com o subjetivo, e poderia surgir,
portanto, o erro de auto cancelamento dessa “arte subjetiva”. No entanto, por outro lado,
com o extremo desenvolvimento da poesia, emergiu seu princípio fundamental com maior
absolutidade, o Eu lírico. Este Eu mais comum, do representante e fala do modo geral para
sentir, aparece e obtém, no nosso tempo, a possibilidade de expressar o mais complicado, a
saber, o indivíduo único e ser capaz, sem perder seu caráter artístico objetivo, de manter a
unidade do seu ser. Nesta unidade não há nenhum Eu no sentido empírico real, mas a
expressão que é a forma de um Eu. Este fato, da forma da expressão, tem sido
negligenciado. Ou seja, não é um Eu dado, mas um Eu que foi criado, como é a própria

1
Originalmente a parte de onde o trecho foi retirado em Das Wasen der modernen deutschen Lyrik não tem
título. Colocamos um a título de orientação de leitura especificamente objetivada à disciplina TÓPICOS DE
POESIA 1, a respeito do tópico “Monodia e discurso na poesia” de nosso programa apresentado para a
disciplina no primeiro semestre de 2017.
obra de arte, completamente independente de seu conteúdo individual ou geral, mantendo
puramente o seu caráter formal.

O poeta não encontra este Eu em si, mas semelhante às personagens que durante
um drama estão falando ou agindo, ele precisa também criar o Eu lírico. E, assim como na
escultura ou na pintura, não se suporta uma remodelação da forma natural, tampouco a
poesia pode suportar, seja drama, épica ou lírica. Mas o Eu lírico, que na objetividade não
pode ser subornado à forma individual de um drama, deve, em princípio, ultrapassar em
abrangência, força e poder, porque é a coleção de todas as personagens dormentes no
poeta, estas figuras são em um todo representadas. Das figuras de todas as artes, o Eu lírico
se difere pelo fato de que é a única figura na obra de arte, este enche os seus conteúdos em
toda a circunferência da obra de arte e define o seu sentido próprio, o seu mundo.

EU LÍRICO
(Trad. Jamesson Buarque2)

Foi a forma do eu que inicialmente deixou perplexo o espectador. No entanto,


quanto mais historicamente distanciamos o campo de nossa observação, mais
incompreensível aparece a confusão entre o eu lírico e o eu próprio do indivíduo empírico.
O eu de uma canção popular, o eu de um menestrel, detém a generalidade que faz a canção
parecer apropriada à boca de todo indivíduo sensível, pelo menos de certa idade ou classe.
Nenhum indivíduo, nenhum espírito em particular, mas o indivíduo de sempre canta a
canção imortal: “Ai de mim, porque meu tempo se foi! Eu sonhei minha vida, ou é
verdade?”. E, em sentido ainda mais amplo, é na poesia mística que o eu assume a forma
geral do espírito humano.

2
Diferentemente da tradução de Patrícia Bagot, esta se fundamenta em expressar em português aquilo que o
texto original discursa. A tradução de Bagot muito bem atende a esse critério, contudo, é uma tradução mais
cuidadosa quanto a aspectos da língua alemã em relação a sua passagem para a língua portuguesa, enquanto a
minha cuida apenas de converter o discurso de Susman em português. Nesse sentido, é uma tradução mais
elementar e serve apenas de apoio à leitura da outra.
Quanto mais nos aproximamos de nosso tempo, mais profundo e mais complexo se
torna a relação entre o eu lírico e o eu do indivíduo, no entanto, o princípio artístico não
pode perder seu rigor; a obra de arte lírica não pode ser menos artística, o eu lírico não
pode ser menos objetivo porque um indivíduo que diz eu determina e conduz esse eu. Se,
por isso, torna-se aceitável que em nosso tempo que eu lírico se cambia pela subjetividade,
por sua vez, o erro de uma “arte subjetiva” também pode surgir.

O eu lírico pode partir do eu mais genérico, da fala de um indivíduo em geral, assim


como pode dizer respeito à expressão do indivíduo mais singular de nosso tempo, sem
perder seu caráter artístico e objetivo, ou seja, o mínimo de sua unidade – que é uma
unidade que não se fundamenta em um eu no sentido empírico, mas em uma forma do eu.
Aquele eu precisa ser ignorado. O eu lírico não é um eu específico, é um eu criado, o qual,
assim com a obra de arte lírica, mantém seu caráter puramente formal, independentemente
de seu conteúdo individual ou geral. O poeta não encontra esse eu em si mesmo, mas,
assim como os demais falantes da língua e os atores de um drama, ele deve criar esse eu
objetivamente. Ele tampouco se equivale à escultura e à pintura, como uma forma natural
não formatada, pois não é possível suportar isso em poesia, seja dramática, épica ou lírica.
Porém, o eu lírico, porque não suporta a forma objetiva individual do drama, deve, por
princípio, superar essa forma de modo abrangente e vasto, porque ele corresponde ao
conjunto de todas as imagens adormecidas no poeta em uma forma que representa o seu
todo. O eu lírico difere de todas as figurações da arte, pois é a única forma cujo conteúdo
preenche todo o escopo das obras de arte, e que por si só determina sua direção, seu
mundo.

SUSMAN, Margarete. Lyrisches Ich. In: ________. Das Wasen der modernen deutschen Lyrik.
Stuttgart: Strecker & Schröder, 1910. S. 16-19. [Kunst und Kultur, Band 9.]. SUSMAN, Margarete.
Eu lírico. In: ________. A essência da moderna poesia alemã. Trad. Jamesson Buarque. Stuttgart:
Strecker & Schröder, 1910. p. 16-19. [Arte e Cultura. Vol. 9.] Texto disponível em:
https://www.uni-due.de/lyriktheorie/texte/1910_susman.html. Último acesso: 11 de fev. 2017.

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