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APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE

PROFESSORA: CLAUDIA LEREDA BEM CIRILO

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1- CONCEITO E HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
“Psicomotricidade é a ciência do Homem em movimento, das relações consigo e com o
mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade” – Freinet.
“Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do
seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo. Sociedade
Brasileira de Psicomotricidade (SBP)
A Psicomotricidade é a área que se ocupa do corpo em movimento. Mas não podemos
esquecer que o corpo é um dos instrumentos mais poderosos que o sujeito tem para
expressar conhecimentos, ideias, sentimentos e emoções. É ele que une o indivíduo com
o mundo que lhe dá as marcas necessárias para que se constitua como sujeito.
A Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem
das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos
básicos: O movimento, O intelecto e o afeto.
Epistemologicamente, a palavra “PSICOMOTRICIDADE” é formada pelo termo grego
PSYCHÉ – significando alma – e a palavra latina MOTO, que significa “MOVIMENTO
FREQÜENTE”.
Foi na França, entre o final do século XIX e o início do século XX, que a
Psicomotricidade começou a considerada dentro da área médica, nascendo em um
contexto biomédico, ou seja, nos estudos realizados se estabeleceu a relação essencial
para o desenvolvimento humano entre este e a maturação.
Esta concepção surgiu com a ideia de que existiria um padrão evolutivo único e, dessa
maneira, as capacidades decorrentes do processo maturacional poderiam ser mensuradas
através de testes para as diferentes idades.
Ernest Dupré, neuropsiquiatra, é de fundamental importância para o âmbito psicomotor,
já que é ele quem afirma em 1909 que a independência da debilidade motora
(antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do movimento humano dando-lhe
uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Wallon
relaciona o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do
indivíduo.
Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolve um exame psicomotor para fins
de diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico.
Em 1947, Julian de Ajuriaguerra, psiquiatra, redefine o conceito de debilidade motora,
considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. É ele quem
delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o
psiquiátrico.
Com estas novas contribuições, a Psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas,
adquirindo sua própria especificidade e autonomia.
Na década de 70, diferentes autores definem a Psicomotricidade como uma motricidade
de relação. A motricidade resulta da interação entre o genoma, as características
ambientais e os processos sociais em sua historicidade.
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Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma
terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do
"corpo de um sujeito", vai dando progressivamente maior importância à relação, à
afetividade e ao emocional.
Para o Psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o
mundo externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela.
A Psicomotricidade é uma ciência que possui uma importância cada vez maior no
desenvolvimento global do indivíduo em todas suas fases, principalmente por estar
articulada com outros campos científicos como a Neurologia, a Psicologia e Pedagogia.
A Psicomotricidade, se preocupando com a relação entre o homem e o seu corpo,
considera não só aspectos psicomotores, mas os aspectos cognitivos e sócioafetivos que
constituem o sujeito.
No geral, os psicomotricistas não costumam gostar do termo motricidade, pois
enxergam a motricidade indissociável da psique humana. O termo motricidade é mais
utilizado pela área da educação física no âmbito da perspectiva do treinamento
esportivo, ligado à coordenação motora como qualidade física, sendo interpretado de
forma diferente da perspectiva da Psicomotricidade.
“Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais campos de
atuação ou formas de abordagem da Psicomotricidade .(MELLO, 2002, p. 33).:
Reeducação Psicomotora, Terapia Psicomotora e Educação Psicomotora. Embora em
certos trabalhos esses três níveis de atuação cheguem a confundir-se, existem
características próprias em cada um deles.
Na atualidade existe um grande número de profissionais de áreas diversas que utilizam
a motricidade ou a psicomotricidade em diferentes contextos e em diferentes faixas
etárias, como em escolas, clínicas de reabilitação, academias, hospitais e outros (NETO,
2002). Segundo ele “profissionais de medicina (pediatria, psiquiatria, neurologia e
reabilitação infantil); psicologia (psicologia evolutiva, do esporte e especial); educação
física e pedagogia (ensino regular e fundamental); fisioterapia e fonoaudiologia.
A clientela atendida pelo psicomotricista também é diversificada: Crianças em fase de
desenvolvimento; bebês de alto risco, crianças com dificuldades/atrasos no
desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais, deficiências
sensoriais, motoras, mentais e psíquicas, pessoas que apresentam distúrbios sensoriais,
perceptivos, motores e relacionais em consequência de lesões neurológicas, família e a
3ª idade.
O mercado de trabalho do psicomotricista é amplo e diversificado, consistindo em
creches, escolas, escolas especiais, clínicas multidisciplinares, consultórios, clínicas
geriátricas, postos de saúde, hospitais e empresas.
A atuação do psicomotricista, profissão não regulamentada, está englobada pela
seguines área: Educação Física (atividades físicas), Fisioterapia (reabilitação),
Fonoaudiologia, Medicina e Psicologia.

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2- PSICIMOTRICIDADE E SEUS ELEMENTOS BÁSICOS
O desenvolvimento motor- é influenciado pelo INDIVÍDUO (hereditariedade, biologia,
natureza, fatores intrínsecos), TAREFA (aspectos motores, aspectos perceptivos, aspectos
energéticos) e pelo AMBIENTE (experiência, aprendizagem, encorajamento, fatores
intrínsecos) e também pela estimulação ocasional e pela estimulação organizada.
A Psicomotricidade estimula a criatividade e as inúmeras formas de movimento por meio de
suas praxias (capacidade de realização voluntária de movimentos). Procura ajudar a pessoa na
melhor tomada de consciência de seu corpo integrada às emoções, a fim de reencontrar o
caminho da comunicação consigo mesma e com os outros. Estimula também a Integração
Sensorial, considerando que o nosso mundo é sensorial. Exemplo: um dos primeiros desafios do
bebê é organizar, interpretar e integrar informações dos vários sistemas sensoriais, de forma a
dar sentido ao que se passa a sua volta.
Assim, a Integração sensorial é o processo neurológico que organiza as sensações do próprio
corpo e do ambiente, permitindo a organização do comportamento e o uso eficiente do corpo
nas ações e atividades que fazemos rotineiramente.
Objeto - Primeiro a criança age junto com o objeto, em seguida age sobre o objeto e finalmente
age sem o objeto.
Primeiro o corpo é percebido, depois conhecido, vivido e só então representado.

Elementos básico da psicomotricidade


São várias as classificações e as terminologias utilizadas para denominar as funções
psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são basicamente os mesmos; o que muda é a
forma de classificar e agrupar estes conceitos. Assim, as terminologias mais utilizadas no Brasil
e seus respectivos conceitos são os seguintes:
1- Esquema corporal (somatognosia) – é o saber pré-consciente a respeito do seu próprio
corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaços, objetos e pessoas que
o circundam.
As informações proprioceptivas (músculos e articulações) ou cinestésicas (sensações) é que
constroem este saber acerca do corpo e, à medida que o corpo cresce, acontecem modificações e
ajustes no esquema corporal. Exemplo: a criança sabe que a cabeça está em cima do pescoço e
sabe que ambos fazem parte de um conjunto maior que é o corpo.
Segundo Wallon (1974) o esquema corporal é a consciência do corpo como meio de
comunicação consigo mesmo e com o meio.
O esquema corporal não é um conceito aprendido, é uma construção mental que a criança
realiza gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo. Dependem do esquema
corporal: o equilíbrio, a coordenação viso-motora, a percepção de movimentos e de posição no
espaço e a linguagem.
Crianças com dificuldade de aprendizagem frequentemente emergem de uma fraca auto-
imagem, as novas aprendizagens são construídas sobre sistemas pré-existentes, ou seja, se o
anterior não for bem assimilado o próximo terá maiores chances de também não ser. Uma má
percepção corporal revela uma má percepção sensitiva e proprioceptiva corporal, que devem ser
estimuladas.

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Duas graves consequências no distúrbio do esquema corporal são o não desenvolvimento de
instrumentos próprios para o bom relacionamento social e o com meio ambiente e um mau
desenvolvimento da linguagem.
Trabalhar com as partes do corpo permite o autoconhecimento pelo sentido cinestésico, onde a
criança toca a parte do corpo solicitada, respeitando a lei “céfalo caudal” e “próximo distal”. Lei
céfalo-caudal: as partes do corpo que estão mais próximas da cabeça são controladas antes,
sendo que o controle estende-se posteriormente para baixo. A criança mantém sua cabeça ereta
antes do tronco. Lei próximo-distal: as partes que estão mais próximas do eixo corporal são
controladas antes que as que se encontram mais afastadas. A articulação do ombro é controlada
antes da articulação do cotovelo.
Transtornos do Esquema corporal
Asomatognosia: o sujeito é incapaz de reconhecer e mostrar em seu corpo alguma de suas
partes. Pode ocorrer a partir de alguma lesão neurológica.
Agnosia digital: mais frequente nas crianças, quando não são capazes de reconhecer, mostrar
nem mover os distintos dedos de sua própria mão ou de outra. Essa má percepção corporal tem
provável causa numa má percepção sensitiva e proprioceptiva. Crianças com dificuldade de
aprendizagem frequentemente emergem de uma fraca auto-imagem e que as próximas
aprendizagens, que dela dependerem, também poderão vir a serem deficitárias.

2- Imagem corporal – é a representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio


corpo, formada a partir do momento em que este corpo começa a ser desejado e,
consequentemente, a desejar e a ser marcado por uma história singular e pelas inscrições
materna e paterna. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do espelho que
começa aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o que
vê é sua imagem refletida. A imagem, portanto, vem antes do esquema, portanto, sem imagem,
não há esquema corporal.

3- Tônus – é a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e dinâmico,
coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em
movimento. Exemplo: a maioria das pessoas portadoras da Síndrome de Down possui uma
hipotonia, ou seja, uma tonicidade ou tensão menor do que a normal, o que faz com que haja um
aumento da mobilidade e da flexibilidade e uma diminuição do equilíbrio, da postura e da
coordenação. Desarmonia do tônus motor pode ocorrer em indivíduos com um bom nível motor,
por variações afetivas, com as emoções. São disfunções do Tônus:
Paratonia: o indivíduo não pode realizar movimentos e ao tentá-los aumenta mais sua rigidez.
Sincinesias: são movimentos que se realizam de forma involuntária. Ao contrair-se um grupo de
músculos, realiza-se outro movimento junto com o que centramos nossa atenção. Exemplo:
enquanto a criança escreve, mostra ou morde a ponta da língua. Essa ocorrência está
diretamente relacionada com certa imaturidade sobre o controle do tônus. Pode ser algo normal
até os 10-12 anos, idade em que vão desaparecendo. Por si mesmas não são transtornos, apenas
são sintomas de algum outro problema.

Atividade para o tônus: Andando com brinquedo – A atividade de locomoção com apoio tem
como objetivo tonificar a musculatura relacionada à posição em pé. O deslocamento contribui
para o equilíbrio postural. Com a atividade, desenvolve-se também a noção visual e espacial,
pois o bebê tem que observar para onde ele pode empurrar o brinquedo para poder deslocar-se.

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4- Coordenação global ou motricidade ampla – é a ação simultânea de diferentes grupos
musculares na execução de movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos.
Exemplo: para caminhar utilizamos a coordenação motora ampla em que membros superiores e
inferiores se alternam coordenadamente para que haja deslocamento.

5- Motricidade fina – é a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos


grupos musculares das extremidades. Exemplo: escrever, costurar, digitar

6- Organização espaço-temporal – é a capacidade de orientar-se adequadamente no espaço e


no tempo. Para isso, é preciso ter a noção de perto, longe, em cima, embaixo, dentro, fora, ao
lado de, antes, depois.
Tratando do movimento, a Psicomotricidade solicita a associação de tempo e espaço
conjuntamente, no desencadeamento de ações num determinado espaço físico e numa sequência
temporal.
Alguns autores estudam a organização espacial e a organização temporal separadamente. A
orientação espacial é um conceito que vai sendo apreendido pelo indivíduo, é uma elaboração e
uma construção mental que se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que
estão em seu meio (OLIVEIRA, 1997).
Para que uma criança perceba a posição dos objetos no espaço, precisa, primeiramente, ter uma
boa imagem corporal, pois usa seu corpo com um ponto de referência. Organização espacial é
ter a noção de direção (acima, abaixo, à frente, atrás, ao lado), e de distância (longe, perto) em
integração. Toda nossa percepção do mundo é uma percepção espacial na qual o corpo é a
referência.
PROBLEMAS NA PERCEPÇÃO ESPACIAL: A criança não é capaz de distinguir um “b” de
um de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não perceba a diferença entre direita e
esquerda. Se não sabe bem alto e baixo, confunde “b” com “p”, o “n” e o “u” o “ou” e o “on”.
“Para a criança assimilar os conceitos espaciais precisa também, como já afirmamos, ter uma
lateralidade bem definida (OLIVEIRA, p. 79, 1997).
Estruturação (orientação) Temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos
acontecimentos (antes, durante, após), da duração dos intervalos (hora, minuto, aceleração,
freada, andar, corrida), renovação cíclica de certos períodos (dias da semana, meses, estações) e
do caráter irreversível do tempo (noção de envelhecimento, plantas e pessoas), segundo afirma
Mendes (2001).
A noção do tempo está intimamente ligada à noção de espaço e para sua compreensão é
fundamental a ação da memória, que desempenha papel importantíssimo. É através da
orientação temporal que o indivíduo apreenderá a localização dos acontecimentos presentes,
passados e futuro, podendo, então, planejar e organizar melhor sua vida.
PROBLEMAS COM ESPAÇO TEMPORAL: se ocorre uma má organização espacial ou
temporal acarretará fracasso em matemática. Para calcular, a criança deve ter pontos de
referência, colocar os números corretamente, possuir noção de fileira, de coluna, devendo
combinar formas.
COORDENAÇÃO GLOBAL OU PRAXIA GLOBAL- A coordenação dinâmica global ou
geral ou ainda Coordenação motora grossa é considerada como a possibilidade de controle dos
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movimentos amplos de nosso corpo. Possibilita realiza múltiplos movimentos ao mesmo tempo,
mesmo assim conservando a unidade do gesto. Entretanto, é dependente de uma boa capacidade
de equilíbrio postural ( que depende do tônus) ligada às sensações proprioceptivas cinestésicas e
labirínticas, e, quanto maior o equilíbrio, mais econômica a atividade do indivíduo e mais
coordenadas serão suas ações.
COORDENAÇÃO FINA - Capacidade de controlar os pequenos músculos para exercícios
refinados, como: recorte, perfuração, colagem, encaixes, e envolve a coordenação óculo-motora,
viso-manual, e músculofacial (MENDES, 2001).
A tríade postura-visão-mão é uma recoordenação sistêmica que está na base da praxia fina.
Micromotricidade e perícia manual. Temos que considerar como parte da coordenação fina a
questão do controle ocular, ou seja, a visão conjuntamente com o gesto manual, comumente
chamada de coordenação óculo-manual, viso-motora ou olho-mão (experiências de lançar e
pegar).
7- Ritmo – é a ordenação constante e periódica de um ato motor. Há uma estreita ligação entre
ritmo, organização espacial e temporal. Exemplo: pular corda, brincadeira “Escravos de Jó”.
8- Lateralidade – é a capacidade de vivenciar os movimentos utilizando-se, para isso, os dois
lados do corpo, ora o lado direito, ora o lado esquerdo. Exemplo: a criança destra, mesmo tendo
sua mão direita ocupada, é capaz de abrir uma porta com a mão esquerda. É diferente da
dominância lateral, que é a maior habilidade desenvolvida num dos lados do corpo devido à
dominância cerebral, ou seja, pessoas com dominância cerebral esquerda, tem maior
probabilidade de desenvolverem mais habilidades do lado direito do corpo e, por isso, são
destros. Com os canhotos, acontece o inverso, já que sua dominância cerebral é do lado direito.
Até um ano de idade não se verifica nenhuma dominância, No entanto, é nesse período que a
lateralidade começa a se evidenciar e só podemos falar em dominância propriamente dita entre
os 5 e 7 anos de idade. Uma criança (pessoa) passa a ter uma consciência da lateralidade quando
ela reconhece os lados direito e esquerdo no seu corpo, no outro, nos objetos do seu meio e
entre esses objetos.
Transtornos da lateralidade ocasionam alterações na estruturação espacial e, portanto, na
leitura/escrita (daí, o fracasso escolar). As mais frequentes são a Lateralidade Contrariada,
observada naquela criança que tendo seu lado esquerdo dominante, por influencias sociais passa
a escrever com uma falsa dominância destra. O Ambidestrismo, quando a criança utiliza
indistintamente os dois lados de seu corpo para realizar coisas, também origina sérios
transtornos à criança, espacialmente, em relação à aprendizagem. Por fim, a Lateralidade
Cruzada que também origina problemas de organização corporal: em algumas ocasiões a mão
dominante (a direita) não coincide com o olho dominante (o esquerdo) de uma pessoa, o que
pode provocar problemas de aprendizagem e de desenvolvimento, sobretudo no que diz respeito
à escrita.
Quando a criança não tem uma lateralidade claramente definida, temos que ajudá-la a resolvê-la
em algum sentido, sem impor qual será o escolhido. Um dos problemas relevantes quando se há
a perturbação da lateralidade é o aparecimento de Sincinesias, (comprometimento de alguns
músculos que participam e se movem, sem necessidade, durante a execução de outros
movimentos envolvidos em determinada ação). É involuntária e geralmente inconsciente.
Outras importantes consequências da perturbação da lateralidade, na área educacional, são a
dificuldade de apreender a direção gráfica, os conceitos de direita e esquerda e a dificuldade na
coordenação motora fina. Esses são considerados graves problemas de aprendizagem escolar.
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9- Equilíbrio – O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas, abrangendo o
controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção.
O equilíbrio estático (sem movimento) se caracteriza pelo tipo de equilíbrio conseguido em
determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base.
O equilíbrio dinâmico é aquele conseguido com o corpo em movimento, determinando
sucessivas alterações da base de sustentação.
O equilíbrio é a base primordial de toda coordenação geral. É a manutenção do corpo na posição
normal, sem oscilações ou desvios, mantendo-se no seu centro de gravidade, com integração de
tônus, vestíbulo coclear e cerebelo.
PROBLEMAS DE EQUILÍBRIO- Quanto mais defeituoso é o equilíbrio corporal, mais energia
e atenção escapa em detrimento de outras atividades. Isso interfere nos estados de atenção e
alerta, que são bases da aprendizagem como um todo. Quase todas as crianças que apresentam
dificuldades em seu equilíbrio são crianças tímidas, retraídas e excessivamente dependentes.
A fase ideal para trabalhar todos os aspectos do desenvolvimento motor, intelectual e
sócioemocional é do nascimento aos 8 anos de idade (MANHÃES, 2004). Esse período é
propício para desenvolver dificuldades de aprendizagens, sendo importante observar todo o
contexto em que a criança vive. Se as dificuldades não forem exploradas e trabalhadas a tempo,
poderão surgir déficits na escrita, na leitura, no cálculo matemático, na socialização, entre outras
(FONSECA, 1995; GUALBERTO, 2003).
Percepções/discriminações: compreendem as percepções auditiva, visual, tátil,
olfativa/gustativa, percepção motora, espacial, discriminações e inter-relações.

CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS EM CADA FAIXA ETÁRIA

A trajetória que uma criança percorre desde que começa a deixar de ser bebê (dependência
total), até começar a se transformar em um ser mais independente e autônomo está relacionado
tanto às condições biológicas, como aquelas proporcionadas pelo espaço familiar e social
(escola), com o qual interage."
É preciso saber que:
- O desenvolvimento de uma criança não acontece de forma linear.
- As mudanças que vão se produzindo ocorrem de forma gradual, são períodos contínuos que
vão se sucedendo e se superpondo.
- Durante a evolução a criança experimenta avanços e retrocessos, vivendo seu desenvolvimento
de modo particular.
- Acompanhamos a construção de sua personalidade respeitando que em cada idade há um jeito
próprio de se manifestar.
- Tanto antecipar etapas, como não estimular a criança, podem ser geradores de futuros
conflitos.
- Cabe a família e a Escola conhecer e respeitar os passos do desenvolvimento infantil.
Desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos em seus aspectos cognitivo, afetivo e social.

A criança, ao nascer, não traz hereditariamente formas prontas de conhecimento que evoluíram
através dos anos com a maturação. Tampouco podemos considerar a criança uma “massa
amorfa” que vai saindo modelada aos poucos pela influência e reforços do mundo ao seu
redor. A criança constrói os seus conhecimentos interagindo com o mundo em que vive e que
seu pensamento cresce partindo de ações e não de palavras. O conhecimento não pode ser dado
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às crianças. Ele tem de ser descoberto e reconstruído através das suas atividades. As crianças
aprendem melhor partindo de experiências concretas.

Por natureza, as crianças estão continuamente em atividade. Elas têm de descobrir e dar sentido
ao seu mundo. Quando elas estão fazendo isto, elas refazem as estruturas mentais que
permitem tratar de informações cada vez mais complexas. Este refazer de estruturas mentais
torna possível a genuína aprendizagem – aprendizagem que é estável e duradoura. Quando
essas estruturas, que são necessárias, não estão presentes, a aprendizagem é superficial.

A Criança de 0 a 2 anos

Ao nascer, a conduta da criança é determinada hereditariamente. Ela desenvolve os reflexos


inatos, como, por exemplo o de sugar, por meios de exercícios funcionais, que são exercícios
de repetição de seus atos. Na interação com os objetos e pessoas, a criança vai assimilando suas
próprias reações aos estímulos que recebe. A partir dessas repetições e, consequentemente,
assimilações, a criança vai construindo aos poucos uma lógica de ação. Por meio da ação, a
criança de refere aos acontecimentos, recorda-os e pode produzi-los.

O universo que inicialmente estava centrado no corpo da criança e em sua ação, vai sendo
descentrado de tal forma que ela acaba por situar-se como alguém num universo maior, num
universo de objetos permanentes.

A Criança de 2 a 7 anos

A criança, neste período, reconstrói conceitualmente tudo o que, desde o seu nascimento,
constituiu como ação. Os esquemas sensórios-motores já não são os únicos instrumentos de
aprendizagem e desenvolvimento. A criança possui a capacidade de representação verbal e de
pensamento.
A criança agora é capaz de interagir com o objeto, mesmo ausente, criando significantes que o
representam como desenhos, gestos, palavras ou outros objetos. A capacidade de representação
da criança se manifesta de diferentes formas: a imitação, a brincadeira de faz-de-conta, o
desenho, a imagem mental e a linguagem. A linguagem escrita também surge neste período,
que além de fazer parte do sistema de representação, começa a ser objeto de interesse da
criança.

Nesta fase a criança amplia muito sua capacidade linguística, com o uso de verbos simples,
adjetivos e advérbios de tempo e de lugar. Enquanto as crianças mais novas falam para si
mesmas ainda que estejam juntas com outras crianças, as mais velhas já são capazes de
estabelecer trocas verbais com seus pares e os adultos.

Conhecer como as crianças se desenvolvem e aprendem, com certeza, vai nos auxiliar na
escolha das melhores estratégias para uma educação cristã mais afetiva e compromissada com a
construção de um ser humano mais feliz.

Vejamos agora a descrição das características do crescimento e desenvolvimento da criança,


bem como algumas breves orientações de acordo com cada idade. Vale lembrar que este
quadro representa uma síntese de diversos estudos na área do desenvolvimento infantil e que
por isto não pode ser considerado completo e definitivo.

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O Desenvolvimento da Criança de 12 aos 18 meses

Características do crescimento e desenvolvimento Orientação


● Crescimento geral menos acelerado, maior e melhor ● Pegando, apalpando, ela está descobrindo o
coordenação muscular. tamanho, a forma e a mobilidade de tudo no seu
mundo.
● Mostra interesse por toda espécie de atividade.
● Repetir rotinas, horários; mesmo lugar para
● Usa da imitação. os jogos e atividades.

● Compreende o significado das palavras. ● Deixá-la com outras crianças.

● Maior capacidade de contato social. ● Proporcionar oportunidades para ouvir


músicas.
● Capaz de distinguir sons repetidos e rítmicos.
● Guardar “com” ela os seus brinquedos e
● Tem rudimentar noção de espaço. roupas.

● Não dispõe ainda da compreensão de causas e ● Não repreender se a criança não


conseqüências. compreendeu o que não pode fazer.

● É egocêntrica. ● Compreender que a criança considera ainda


seus brinquedos como parte dela e os defende
como tais.

• O Desenvolvimento da Criança de 2 e 3 anos

Características do crescimento e Orientação


desenvolvimento
● Melhor coordenação motora, tanto para flexão ● A criança necessita de espaço para correr e pular.
como para extensão. Controle do polegar. Deixar ao seu alcance tesoura sem ponta.

● Maior progresso na linguagem. ● Conversar normalmente com a criança. Não imitar


a fala infantil.
● Interdependência das atividades mentais e
motoras. ● Oferecer espaços para o faz-de-conta.

● Aprende, ainda, principalmente por imitação. ● Ter paciência, pois é uma condição normal do
crescimento. Evitar as oportunidades de alternativas:
● Maior desenvolvimento da inteligência e poder pôr o assunto em termos definidos, falar clara e
de dedução. simplesmente com ela.

● Memória mais desenvolvida. ● Dar oportunidades de dramatizar.

● Negativismo acentuado. ● Solicitar que descreva gravuras.

● Habilidade maior para expressar emoções.

● Capaz de dramatizar (3 anos).

● Observação de detalhes.

● Atenção mais desenvolvida.


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• O Desenvolvimento da Criança de 4 e 5 anos

Características do crescimento e desenvolvimento Orientação


● Melhor coordenação dos músculos grandes. ● Oferecer brinquedos para que possa exercitar
Pequenos músculos das mãos mais desenvolvidos. seus sentidos e músculos.

● Capacidade para concentrar a atenção durante 15 – ● Contar histórias, ora reais ora fictícios, para que
20 minutos, aos 4 anos. ela aprenda as diferenças.

● Imaginação muito fértil. ● Responder sempre as perguntas.

● Tem senso de iniciativa; percebe que pode ● Ajudar a aceitar os limites necessários.
planejar, ter e executar ideias.
● Dar oportunidade para compartilhar
● Afetuosa – Curiosa. experiências com a família.

● É capaz de concentrar a atenção por períodos mais


longos, 20 – 40 minutos, a partir dos 5 anos.

● É mais seguro de si mesma, tem capacidade de


autocrítica.

● Aparece o interesse pelo mundo fora do lar.


O Desenvolvimento da Criança de 6 e 7 anos

Características do crescimento e desenvolvimento Orientação


● Maior amadurecimento neuromuscular. ● Dar tempo para completar as tarefas.

● Vocabulário até 2.500 palavras. ● Dar oportunidades para usar a iniciativa,


deixando-a agir por si mesma.
● Faz perguntas sobre tudo que a rodeia.
● Encorajar a criança a tomar posse em grupos,
● Tem iniciativa. mas não forçar.

● Distingue melhor a realidade da fantasia. ● Contar e fazer contar histórias.

● Curiosidade sexual mais acentuada. ● Evitar chamar atenção, procurar colocar a


criança à vontade. Evitar discussões.
● Período de transição entre individualismo e
participação em grupos maiores.

● Mostra algum grau de pensamento abstrato.

● Aumenta o poder de concentração da atenção.

● Conhece e usa palavras descritivas e de ação.

● Maior capacidade de compreender, discutir e


enfrentar situações emocionais.

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• O Desenvolvimento da Criança de 8 e 9 anos

Características do crescimento e desenvolvimento Orientação


● Aumento da coordenação dos pequenos ● Oferecer trabalhos manuais e brinquedos /
músculos, apresenta maior habilidade manual. brincadeiras mais elaboradas.

● Demonstra maior habilidade em distinguir fatos ● Proporcionar leituras selecionadas de acordo com as
de ficção. preferências e capacidades.

● Direito da propriedade bem definido. ● Deve cuidar de objetos pessoais e do grupo.

● Está desenvolvendo pensamento lógico. ● Orientar em generalizações, após várias evidências


terem se apresentado.
● Maior habilidade em exprimir suas ideias, em
definir seus problemas. ● Estabelecer clima que permita à criança concordar e
discordar.
● Maior capacidade em aceitar críticas e em avaliar
a si própria. ● Orientar na apreciação do valor do outro, assim como
no da própria criança.
● Tem interesse em pertencer ao grupo.
● Estimular a aprendizagem de práticas sociais.
● Apresenta independência em relação à família.

• O Desenvolvimento da Criança de 10, 11 e 12 anos

Características do crescimento e desenvolvimento Orientação


● Bom controle de grandes e pequenos músculos, ● Possibilitar recreação variada.
apresenta aumento acentuado da força manual.
● Orientar quanto à competição.
● Coordenação visual e motora quase igual à do adulto.
● Procurar desenvolver atitude científica: fato X
● Aprecia medir força física e habilidade com os opinião.
outros.
● Dar oportunidade para organizar atividades / eventos.
● Apresenta maior habilidade em generalizar e em
pensamento crítico. ● Orientar para estabelecer seus próprios objetivos e
avaliar seu crescimento e sucesso.
● Interesse em explorar e experimentar.
● Conversar, discutir suas opiniões, trocando ideias e
● Está apta a planejar com antecedência. sugestões.

● Pronta a assumir maiores responsabilidades. ● Incentivar o diálogo com os colegas e outras pessoas.

● Capaz de definir e compreender palavras abstratas. ● Orientá-la e apoiá-la em suas iniciativas, deixando-a
assumir suas responsabilidades.
● Capacidade para generalizações mais rápidas, segue
mais facilmente argumentos lógicos.

● Maior sociabilidade.

● Nova visão do mundo, mostrando maturidade


progressiva.
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3- DIFERENTES ABORDAGENS PSICOMOTORAS – TEORIA E PRÁTICA
A psicomotricidade é uma disciplina educativa, reeducativa e terapêutica que destaca a relação
existente entre a motricidade, a mente e a afetividade; que facilita a abordagem global do
indivíduo por meio de técnicas; que contribui para a formação e estruturação do esquema
corporal, o que facilita a orientação espacial.
O lugar da criança na Psicomotricidade é o do prazer sensório-motor, da expressividade
psicomotora e de comunicação. As técnicas trazem benefícios específicos àquelas crianças com
comportamento "normal", mas que apresentam dificuldade motora ou psicomotora especifica no
grafismo, na lateralização, na organização, no tempo e no espaço.
As crianças com problemas de comportamento podem ser ajudadas por meio da
Psicomotricidade. São crianças instáveis, inibidas, voltadas para si mesmas, agressivas, tristes e
sem autoconfiança e com dificuldade de relacionamentos interpessoais.
A Psicomotricidade é indicada para toda criança que apresenta qualquer dificuldade que a
coloque à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas ou afetivas.
DIFERENÇAS ENTRE MOTRICIDADE E PSICOMOTRICIDADE
Motricidade: domínio do corpo, agilidade, destreza, locomoção, faculdade de mover-se
voluntariamente. Possibilidade neurofisiológica de realizar movimentos (HURTADO 1983).
Psicomotricidade: ciência tem o homem como seu objeto de estudo, englobando várias outras
áreas: educacionais, pedagógicas e saúde (BUENO 1998).

PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM – LINHA DO TEMPO


- Ernest Dupré, Neuropsiquiatra, 1909 - É de fundamental importância para o âmbito
psicomotor: ele afirma a independência da debilidade motora (antecedente do sintoma
psicomotor) de um possível correlato neurológico.
- Henry Wallon, Médico Psicólogo, 1925 – Tratou o movimento humano como instrumento na
construção do psiquismo. Wallon relacionou o movimento ao afeto, à emoção, ao meio
ambiente e aos hábitos do indivíduo.
- Edouard Guilmain, Neurologista, 1935 - Desenvolveu um exame psicomotor para fins de
diagnóstico, de indicação da terapêutica e de prognóstico.
- Julian de Ajuriaguerra, Psiquiatra, 1947 - Redefiniu o conceito de debilidade motora,
considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. Delimitou com clareza
os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico. Síndrome do
membro fantasma: a noção do membro fantasma evidenciada por Ajuriaguerra, confirma essa
hipótese visto que a ausência de um membro do corpo não impede que o indivíduo possua uma
representação mental do mesmo. (FONSECA, 2008).
Com estas contribuições, a Psicomotricidade diferencia-se de outras disciplinas, adquirindo sua
própria especificidade e autonomia.
Na década de 70, diferentes autores definem a psicomotricidade como uma motricidade de
relação. Começa então, a ser delimitada uma diferença entre uma postura reeducativa e uma
terapêutica que, ao despreocupar-se da técnica instrumentalista e ao ocupar-se do "corpo de um
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sujeito" vai dando progressivamente, maior importância à relação, à afetividade e ao emocional.
Para o psicomotricista, a criança constitui sua unidade a partir das interações com o mundo
externo e nas ações do Outro (mãe e substitutos) sobre ela.

VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE
1- REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA- Destinada a indivíduos que apresentam déficit motor.
Características: Prática mecanicista, dualista e diretiva que se utiliza de testes, diagnósticos e
sessões.
2- TERAPIA PSICOMOTORA- Destinada a indivíduos normais ou portadores de
deficiências física ou mentais que apresentam dificuldades de comunicação, de expressão
corporal e de vivência simbólica.
Características: Atendimento individualizado em clínicas, hospital psiquiátrico, grupos de ajuda
psicopedagógica ou centro médico pedagógico.
3- EDUCAÇÃO PSICOMOTORA A Educação Psicomotora é a vertente mais nova, também
denominada Prática Psicomotriz Educativa - Destinada ao desenvolvimento de todas as
potencialidades do indivíduo.
Características: Atendimento individualizado ou em grupo realizado em clínicas e escolas, onde
as atividades são baseadas na prescrição de exercícios;
Educação Psicomotora Relacional ou Psicomotricidade Relacional- Atendimento
individualizado ou em grupo realizado em clínicas e escolas, com atividades baseadas no jogo
espontâneo e simbólico.
Nasce numa visão reeducativa, que a seguir passa a ser trabalhada num enfoque terapêutico:
esta passagem ocorre em virtude da influência da psicanálise. O homem deve ser compreendido
na sua globalidade. Os aspectos funcionais e relacionais se tornam os pontos principais para a
evolução da Psicomotricidade.
Psicomotricidade Funcional - baseada no diagnóstico psicomotriz e na indicação de exercícios
para corrigir disfunções do desenvolvimento. O psicomotricista comanda, não interage,
apresentando-se como o modelo da criança.
Psicomotricidade Relacional - Intervenções e ações pedagógicas que ajudam à evolução dos
processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança. O Psicomotricista Relacional
ajuda, faz a mediação, provoca, escuta, interage com a criança como seu parceiro no jogo
simbólico.
Ambas as perspectivas, Funcional e Relacional, têm como objetivo o máximo desempenho da
criança no seu desenvolvimento psicomotor e a perfeita interação e ajuste aos desafios de
adaptação e participação.

14
4- O PAPEL DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS NA PSICOMOTRICIDADE

O cérebro é a parte do sistema nervoso central que fica dentro do crânio. Trata-se da parte mais
desenvolvida e a mais volumosa do encéfalo, pesa cerca de 1,3 kg e é uma massa de tecido
cinza-róseo. Apresenta duas substâncias diferentes: uma branca, que ocupa o centro, e outra
cinzenta, que forma o córtex cerebral. O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas
funcionalmente distintas.
O cérebro "lógico"- o lado esquerdo do cérebro é responsável pelo pensamento "lógico", o
raciocínio exato (matemática, controle da fala, a escrita, o som que produzimos quando falamos,
dar nome às coisas que podemos ver). Algumas vezes uma pessoa de idade sofre um derrame
que afeta essa parte do cérebro e então não é mais capaz de falar adequadamente.
Nos canhotos o lado direito do cérebro pode ser a metade "lógica". Em algumas pessoas
canhotas, a fala pode ser controlada por ambos os lados.
O cérebro "artístico"- O lado direito do cérebro é a parte "artística": o entendimento e a
interpretação do mundo que nos cerca - mas, geralmente, não com a fala. Examina as situações
e problemas, dá uma resposta ou solução imediata, seguindo uma série de passos cuidadosos e
deliberados, observando o ambiente que nos rodeia. Ele pode, por exemplo, identificar um rosto
familiar em uma multidão, mas é o lado esquerdo que vai buscar o nome da pessoa em nossa
memória. É responsável pelas habilidades musicais e habilidades visuais como a pintura.
Para a maioria das atividades, usamos os dois lados simultaneamente, que trabalham de maneira
muito bem coordenada.
Imagine que você está escrevendo a descrição de uma gravura. Primeiro você olha a gravura e o
lado direito de seu cérebro torna-se ativo (um cientista poderia provar isso usando um
Eletroencefalograma. Em seguida você começa a escrever e o lado esquerdo do cérebro é
ativado.
Quando você olha para um diagrama complicado, são necessárias ambas as partes - a "lógica" e
a "artística" - do cérebro.
• Vamos testar? Leia:
Ex1- “De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul
odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e
útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê
anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a
plravaa cmoo um tdoo”.

Ex2- “35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554
C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO
COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41
D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R
P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4
C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!”
PROCESSO DE AUTOMATIZAÇÃO- Para Vigotski & Luria (1996), as funções corticais
superiores são, em princípio, funções extracorticais, desenvolvidas no e pelo intercâmbio da

15
criança com os indivíduos mais desenvolvidos culturalmente, para depois se tornarem
intracorticais ou individuais.
Assim, a leitura fica automatizada, depois de internalizada e, então o cérebro não lê
letra por letra. Exemplo:
01. O presidente disse que todas as acusações não passam de intriga da...................
02. Como o produto estava danificado, eu o devolvi e pedi meu dinheiro de..................
03. Eu acho que vale a .................. um curso no exterior.

04. Se ela acha que vou ajudar, ela está redondamente ....................

05. Depois de muitos e muitos anos, um terrível segredo de família acabou ....................
à tona.

LÉXICO
De acordo com neurocientistas, cerca de 80% a 85% do vocabulário [léxico] encontra-se
armazenado em nossa mente.
Em nosso Léxico Mental estão organizadas expressões prontas e semi prontas, sentenças
completas, frases fixas e semifixas.
O restante [menos de 15%] é ocupado por palavras isoladas.
É por esta razão que somos capazes de fazer a atividade anterior sem maiores dificuldades.

Lobos Cerebrais

Lobo Temporal sensitivo - responsável pela recepção e decodificação de estímulos auditivos


(memória auditiva, descriminação e sequencialização auditiva, integração rítmica) que se
coordenam com impulsos visuais. Relaciona-se com a parte da gustação e olfação. Também é
responsável pela memória de curto e longo prazo, aprendizado auditivo, recuperação de
palavras, compreensão linguística, processamento visual e auditivo, estabilidade emocional,
reconhecimento de expressões faciais e decodificação da entonação vocal;

16
Hipocampo - Memória transitória, de trabalho, faz conexão com córtex cerebral. É responsável
por:
Fase de aquisição: aprendizagem
Fase de evocação: lembrança.
O hipocampo, juntamente com córtex frontal, é responsável por analisar as diversas entradas
sensoriais e decidir se vale a pena lembrar delas. Se valerem a pena, elas podem se tornar parte
de sua memória de longo prazo.
A criação de uma memória começa com sua percepção. O registro de informações durante a
percepção ocorre no breve estágio sensorial, que geralmente dura somente uma fração de
segundo.
O cérebro retém informação durante mais tempo se forem feitos descansos entre sucessivas
tarefas de estudo. Duas sessões separadas podem facilitar que seja assimilado o dobro de
conhecimentos que numa única sessão da mesma duração total.
Danos possíveis:
Lesão hipocampo- Incapacidade de fixar a memória dos eventos recentes (anterógrada);
Lesão córtex- Incapacidade de evocar memória antiga (retrógrada).

A Memória e os hemisférios
HE- Memória factual, ou semântica (quatro operações aritméticas; lembranças informativas:
qual é a capital de França...)
HD - Memória autobiográfica ou episódica (associada aos sentimentos; as últimas férias, uma
festa boa...)
Bases anatômicas da memória: Não possuem uma única localização mas sim várias estruturas
cerebrais estão envolvidas:
O Sistema Límbico é responsável pela retenção, consolidação: emoções.
O Hipocampo pelas informações novas.
A Amígdala pela percepção do perigo e resposta ao combate e fuga (medo preservação).
O Cerebelo pela Respostas esqueléticas.
O Córtex pelos períodos prolongados, principalmente lobo frontal, (memória de trabalho).
O Lobo Parietal sensibilidade a estímulos gerais, registro tátil, imagem do corpo
(somatognosia), reconhecimento tátil de formas e objetos, direcionalidade, gnosias digital,
leitura, elaboração grafomotora, imagem espacial, elaboração da práxis, processamento espacial,
integração somatossensorial,
Lesão: perda do conhecimento geral, falta da interpretação das relações espaciais (visual e
auditiva), dificuldade da percepção corporal;
O Lobo Occiptal pela realização e integração visual; Percepção do movimento; percepção
visual, sequenciação visual, rotação e perseguição visual, figura fundo, posicionamento e
relação espacial; Percepção da velocidade;
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O Lobo frontal está relacionado com as funções superiores, aspectos comportamentais
humanos. Funções Motora e psicomotora, escrita, memória imediata, ordenação, planificação,
seriação, mudança de atividade mental, julgamento social, controle emocional, estruturação
espaço-temporal, todos os movimentos do corpo (voluntários), funções executivas.
Funções executivas é o conjunto de processos cognitivos que, de forma integrada, permitem ao
indivíduo direcionar comportamentos a metas, avaliar eficiência e a adequação desses
comportamentos, abandonar estratégias ineficientes e, desse modo, resolver problemas
imediatos, de médio e de longo prazo.
O Processo cognitivo responsável pelo planejamento e execução de atividades, incluindo
iniciação de tarefas, memória de trabalho, atenção sustentada e inibição de impulsos ou seja,
quase tudo que fazemos. São desenvolvidas principalmente nos primeiros anos de vida e quando
há falhas dessas funções, frequentemente aparecerão problemas envolvendo planejamento,
organização, manejo do tempo, memória e controle das emoções, manejo do tempo, memória de
trabalho, metacognição (ação de pensar e refletir sobre o os próprios pensamentos, ou sobre a
atividade mental de si mesmo), organização, mudança de foco de atenção, Planejamento e
previsão, tomada de decisão, resposta inibitória, persistência ao alvo;
Como se forma então um aprendizado no nosso cérebro? Exemplo: Consideremos um Abacaxi.
Quais os canais de entrada (percepção) que temos para aprender sobre ele? Quais os lobos?
Visão(cor, formato, detalhes casca, folhas), tato (textura/aspereza, gomos, forma), olfato (cheiro
específico), paladar (gosto característico).

Cerebelo: A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro." É responsável por funções
(equilíbrio, postura marcha), coordenação dos movimentos automáticos e voluntários e pelo
tônus muscular.
No cerebelo estão presentes 150 mil sinapses p/ cada célula que coordenam a força, harmonia,
ritmo, sequência, sinergismo, antagonismo, principais funções cerebelares, manutenção do
equilíbrio e da postura.
Tronco Encefálico- é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. Possui
várias estruturas como o bulbo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas destas áreas são responsáveis
pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a
pressão arterial, além dos instintos (cérebro reptiliano).
O papel do tronco cerebral no controle da função motora é o controle da respiração, do sistema
cardiovascular, da função gastrintestinal, de muitos movimentos estereotipados do corpo, do
equilíbrio e dos movimentos dos olhos.
Maturação Sistema Nervoso Central- Inicia-se no tronco encefálico, no cérebro: da parte
posterior para anterior, ou seja: do Lobo Occipital para o Frontal. Não há momento preciso,
entretanto usa-se denominar que é na fase final.
Neuroplasticidade - A plasticidade neural ou neuroplasticidade é a capacidade de
organização/reorganização do sistema nervoso frente ao aprendizado e a lesão. Esta organização
se relaciona com a modificação de algumas conexões sinápticas.
A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume também
funções extremamente importantes no funcionamento normal do indivíduo.
Como estimular a plasticidade neural?

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Estimulação cognitiva; Reabilitação cognitiva; Neuróbica; (ginástica para o cérebro- prática de
uma atividade física regular) Estimulação cerebral;
A Neuroestimulação pode ser feita de duas formas: com um aparelho que libera ondas
magnéticas (estimulação magnética transcraniana), colocado próximo da cabeça, ou com
eletrodos implantados no cérebro (estimulação elétrica).

5- SIMBOLIZAÇÃO DO CORPO - CONTRIBUIÇÕES DA FISIOTERAPIA,


MEDICINA E PSICOLOGIA PARA A PSICOMOTRICIDADE
Segundo Le Boulch (1992), a Psicomotricidade se dá através de ações educativas de
movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do
corpo contribuindo para a formação de sua personalidade. É uma prática pedagógica que visa
contribuir para o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem,
favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-emocional e sociocultural, buscando estar
sempre condizente com a realidade dos educandos.
Le Boulch- Teoria Psicocinética - O francês Jean Le Boulch, Educador físico, Médico e
Psicólogo criou em 1966 o Método da Psicocinética, que propõe uma ciência do movimento
humano aplicada ao desenvolvimento humano.
Sua proposta é de uma educação pelo movimento no contexto das ciências da educação. O
desenvolvimento psicomotor elabora-se desde o nascimento e progride lentamente de acordo
com vivências e oportunidades que a criança possui em explorar o mundo que a rodeia.
Segundo Le Boulch, o ser humano passa por três etapas em seu desenvolvimento psicomotor,
cada fase possuindo aprendizagens próprias de acordo com a evolução e a idade cronológica.
CORPO VIVIDO ( 0 -3 ANOS ) - Corresponde à inteligência sensório-motora de Piaget.
Essa fase também é chamada de vivência corporal, quando a criança apresenta motricidade
reflexa. À medida que cresce e mediante ao amadurecimento do Sistema Nervoso Central vai
ampliando suas experiências e manipulando objetos.
Acriança aprende a manipular objetos, andar, os elemento cognitivos e motores caminham lado
a lado, dependem um do outro. É a fase do conhecimento das partes do corpo.
O contato corporal tem papel fundamental na relação do récem-nascido com a sua mãe, o
diálogo tônico, as reações tônicas da mãe (emoções) irão influir no tono da criança.
Através do intercâmbio tônico, o funcionamento psíquico da mãe induz o funcionamento da
criança. A criança utiliza-se bastante da imitação: é pela prática que se ajusta, domina,
descobre e compreende o meio, coordenando suas ações, desenvolvendo assim a função de
ajustamento valendo-se da memória do corpo consegue o ajustamento posterior.
Aparição do sorriso social ( 6 – 8 semanas) - Representa a 1ª reação de mímica induzida pelo
ambiente: frente a situações prazerosas – mamadas, interesse dos adultos, o 1º sorriso
geralmente é para a mãe, mas se generaliza para qualquer rosto humano.
A angústia do 8º mês, o medo de estranhos: representação mental da mãe -sinal do
desenvolvimento cognitivo
São considerados organizadores da personalidade: o sorriso social, a angústia do 8º mês, a
desaprovação materna – o “não”.

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Ao final dessa fase pode-se falar em imagem corporal, pois o “eu” se torna unificado e
individualizado. A criança reconhece o seu corpo como objeto, usa os pronomes eu, meu, minha
e forma a 1ª maquete da imagem do corpo
CORPO PERCEBIDO OU DESCOBERTO (3 – 7 ANOS)- A criança passa ater maior domínio
sobre seu corpo, aperfeiçoa e refina os movimentos, adquirindo maior coordenação dentro de
um espaço e tempo determinados. Exemplo: quando pega um objeto pesado ou leve ela regula a
força para cada um deles.
É nessa etapa que a criança vai representar-se por meio do desenho. Chega à orientação corporal
pela tomada de posição no seu corpo, associando-o a objetos da vida cotidiana. Isso possibilita a
distinção das diversas orientações no espaço.
Ex: percepção da orientação das letras e palavras escritas

A criança nessa fase já representa mentalmente os objetos no espaço, a dominância lateral se


instala e com ela descobre seu eixo corporal. Esse é o primeiro passo para que a criança possa
chegar à estruturação espaço-temporal, quando adquire noções temporais com duração de
intervalo de tempo, ordem, sucessão, dias da semana, etc. No final desse período o nível do
comportamento motor, bem como o nível intelectual, pode se caracterizado como pré-
operatório.
Linguagem verbal- A capacidade de utilizar símbolos – representação mental – a questão não
será somente o fazer, mas também o compreender.
Surge a função de interiorização que permite à criança conscientizar-se de aspectos do seu corpo
e exprimi-los verbalmente através da função simbólica.
A Função simbólica é caracterizada por três condutas: linguagem, desenho e o jogo
simbólico/ficção/faz de conta.
CORPO REPRESENTADO (7 – 12 ANOS)- A criança amplia e organiza seu espaço corporal.
Observa-se uma transformação em sua expressão motora, as tarefas coletivas. A vida em grupo
atuando na autoimagem da criança, novos significados aos brinquedos e materiais: faz de conta
e ficção mais elaborados.
Na etapa anterior ela conhecia o ambiente por meio da percepção do próprio corpo, nessa etapa
ele evolui para a descentralização e utiliza outros pontos de referência exteriores a ela. Ex:
Noção de direita e esquerda (antes ela conhecia esses conceitos somente em função de seu
corpo.

20
Com 8-9 anos a criança já consegue distinguir essas noções em reversibilidade, face a face. A
partir dos 10 anos dispõe de uma imagem mental em movimento. Significa que atingiu “uma
representação mental de uma sucessão motora”. O desenho da figura humana torna-se mais
elaborado, com detalhes. A criança consegue desenhar esquematicamente as diferentes fases de
um movimento, representa em desenho ou através de seu corpo os sentimentos das personagens
(visão descentralizada de si). Possui capacidade antecipatória dos fatos- corresponde ao estágio
das operações concretas de Piaget. Essa capacidade de antecipação permite encontrar soluções
mais rapidamente e se organizar perante elas. Ex: capacidade de prever onde a bola irá cair e
adequar seus gestos para esse fim.
A criança de 12 anos torna-se capaz de organizar, de combinar as diversas orientações. Chega às
noções de perspectiva.
Wallon- Inovou ao colocar a afetividade como um dos aspectos centrais do desenvolvimento.
Nasceu e viveu na França entre 1879 e 1962, formou-se em Medicina, estudou Filosofia,
Psiquiatria e Psicologia. Seus estudos consideram a pessoa concreta e contextualizada. Foi o 1º
a considerar o corpo (movimento) da criança e suas emoções fundamentais para o
desenvolvimento intelectual, numa época em que a escolaridade das crianças privilegiava a
memória e erudição.
Os quatro pilares que fundamentam a Teoria do desenvolvimento Infantil de Wallon (Temas
fundamentais em sua teoria) são: afetividade, movimento, inteligência e a questão da pessoa, do
eu.
AFETIVIDADE- O papel das emoções no desenvolvimento, a exteriorização dos desejos e
vontades são acompanhadas de expressões, portanto, perceptíveis. A raiva, a alegria, o medo, a
tristeza: sentimentos importantes na relação da criança com o meio

MOVIMENTO- movimento seria um dos primeiros campos funcionais a se desenvolver, e


que serviria de base para o desenvolvimento dos demais.
Os movimentos, enquanto atividades cognitivas, podem estar em duas categorias: movimentos
instrumentais e movimentos expressivos. Os movimentos instrumentais são ações executadas
para alcançar um objetivo imediato e, em si, não diretamente relacionado com outro indivíduo;
este seria o caso de ações como andar, pegar objetos, mastigar etc. Já os movimentos
expressivos têm uma função comunicativa intrínseca, estando usualmente associados a outros
indivíduos ou sendo usados para uma estruturação do pensamento do próprio movimentador.
Falar, gesticular, sorrir seriam exemplos de movimentos expressivos.
Wallon dá especial ênfase ao movimento como campo funcional porque acredita que o
movimento tem grande importância na atividade de estruturação do pensamento no período
anterior à aquisição da linguagem

INTELIGÊNCIA- Destaque para o pensamento discursivo: expresso pela fala e organizado


pela linguagem.
Wallon percebeu, conversando com crianças de 5 a 9 anos, a característica predominante do
pensamento infantil, o sincretismo (faculdade de misturar tudo a tudo, de ter uma maneira
globalizada de compreender o mundo). São características do pensamento sincrético: a criança
se contradiz muito entre fantasia a realidade. Assim, o pensamento está se estruturando como
função, em explicar a realidade. O pensamento científico evolui através do sincretismo
A direção do movimento de desenvolvimento do pensamento é crescente e depende do meio
cultural da criança.
21
Recomendação da teoria de Wallon: para o desenvolvimento intelectual deve-se valorizar a
interação com os elementos da cultura.
A QUESTÃO DA PESSOA, DO EU- A constituição do eu segue numa progressiva
diferenciação:
- Momento inicial do sujeito: fusão, indiferenciação do eu e do outro
- A comunicação emocional do bebê: o choro, os gestos – atmosfera emocional elevada devido
ao estado de simbiose
- A progressiva diferenciação da pessoa vai se dando através da interação entre o sujeito, o meio
social e o físico
A diferenciação no plano do próprio corpo é uma condição para que se diferencie o eu no plano
psíquico. Um momento importante do processo de diferenciação é a crise de oposição da
criança (por volta dos 3 anos de idade) – uma forma de ver a si própria como destacada do
outro.
Estágios do desenvolvimento/Wallon: Impulsivo puro ( 0 – 3 meses ), Tônico Emocional ( 3 -12
meses ), Sensório-motor ou Estágio Projetivo ( 1 – 3 anos ), Personalista ( 3 a 6 anos ),
Categorial ( 6 – 11 anos), Estágio da puberdade ou adolescência (a partir dos 11 anos)
BERNARD AUCOUTURIER- Criou a PRÁTICA PSICOMOTORA, educativa e
terapêutica. Nasceu em Tours (França) em 1934 e foi professor de Educação Física. Trabalhou
no Centro de Reeducação Física em Tours, centro que ao longo dos anos mudou de
denominação e se tornou Centro de Prática Psicomotora da cidade de Tours, acolhendo crianças
do Berçário, do Jardim-Escola, da Escola Primária e crianças que apresentavam graves
dificuldades de aprendizagem e de comportamento.
A ação, as interações e as transformações recíprocas- os sujeitos interagem através da ação,
toda ação é uma ação recíproca.
O envelope, a unidade e a perda da unidade: o envelope se constitui de sensações e movimentos
vividos na ordem do afeto.
Útero, envelope biológico: a criança vivencia o bom /mau envelope. É o início da formação da
unidade do ser. No nascimento ocorre o rompimento desse envelope - perda da unidade
O 1º contato corporal com a mãe após o nascimento: ocorre a reconstrução do envelope pela
ação motora e sensorial da mãe. Vivências que “envelopam”: acolhida corporal, da voz, do
olhar, do toque das mãos e até mesmo a escuta.
A experimentação somática que ocorre na relação de envelope irá constituir os afetos,
registrando no corpo sensações agradáveis e desagradáveis. Os afetos se manifestam em
situações de nossas vidas por descargas emocionais.
Na relação de envelope existe a possibilidade de ocorrer descargas de afeto, tanto daquele que
se propõe a envelopar, quanto daquele que busca o envelope. A ausência de envelope e a perda
da unidade por longo tempo poderá comprometer gravemente a estrutura psíquica da criança
gerando transtornos psíquicos sérios, como a psicose.
Circunstâncias adversas de vida da mãe e da criança podem provocar o não desenvolvimento, na
criança, da representação de si. Surgem, então, as angústias arcaicas de perda do corpo (angústia
de queda, de liquefação, de esfolamento, de fragmentação).

22
A criança integra todo o prazer que vem das sensações, do tônus e movimentos, quando diz
“EU” (em torno dos 18 meses) é a simbolização verbal da unidade de si. O conteúdo desta
diferenciação constituirá a representação de si e a imagem de si: são os invólucros internos. A
forma redonda, por volta dos 3 anos, evoca a primeira imagem da representação de si
Segundo Aucouturier, a sala de psicomotricidade é, para a criança, Lugar de desejo e de lugar
da expressividade psicomotora.

6- GERONTOMOTRICIDADE
“Gerontopsicomotricidade é a prática dirigida ao idoso. Através da psicomotricidade, que
prioriza o desenvolvimento de uma maior consciência corporal através da ação do sentir, agir e
pensar, contribui para maior autonomia, no relacionamento interpessoal, na integração familiar e
na sociedade” (FARIA, 2002, p. 25).
O aumento significativo da perspectiva de vida tem sido alvo de estudos para a realização de
uma abordagem que visa compreender a realidade e as necessidades dos indivíduos idosos, visto
que os cuidados sociais e de saúde implicam consideravelmente na qualidade de vida. Com isso
a psicomotricidade propicia, através de atividades psicomotoras adaptadas à faixa etária,
atividades para a reeducação psicomotora, trabalhando o individual e o conjunto, criando uma
atmosfera saudável.
A velhice é uma fase do ciclo vital cuja especificidade demanda atenção em saúde especializada
e requer, portanto, pessoal qualificado para o cuidado com essas pessoas.
O convívio social é fundamental na manutenção do senso de pertinência do ser humano, uma
vez que garante sua conexão com o mundo. Através de relações de trocas mútuas, o idoso pode
continuar agregando significados para a sua construção pessoal, mantendo a integridade da
imagem que faz de si mesmo.
A maioria das pessoas vê a velhice como algo associado à perda, apresentando um discurso que
força o idoso a se conformar com a situação, o que minimiza as suas tentativas de buscar novos
rumos e novas aquisições formando assim um ciclo vicioso. A imagem que os idosos fazem de
si mesmos é fortemente influenciada por sua identidade, constituída no cotidiano e com base em
relações nas quais vigora a crença de que a velhice está repleta de perdas e impossibilitada de
ganhos.
Como consequência, há uma auto-depreciação na velhice, que contribui para a desvalorização
do idoso pela sociedade.
Gerontologia- Ciência que estuda o idoso. Estuda os fenômenos biológicos, psicológicos,
neuro-psicossómáticos, sócio-culturais e econômicos decorrentes do envelhecimento e suas
consequências.
Gerontologia de intervenção- atua por meio de gestos e movimentos na tentativa de recuperar
de forma adaptada as habilidades parcialmente perdidas.
Gerontologia de intervenção e psicomotricidade estão estreitamente relacionadas - visam
recuperar e conservar as atividades psicomotoras na vida diária, favorecendo de forma
harmônica a relação entre motricidade e psiquismo. Propiciam o equilíbrio e a noção de corpo,
contribuindo para a preservação da saúde, além de ter Importância do convívio social.
As mudanças regressivas no sistema psicomotor idoso, inicialmente concebidas como doenças,
denunciadas pelas perdas na noção de tempo, de espaço e de corpo, dependência hipotônica,
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desorganização e disincronização motora e imobilidade, dentre outras, são assumidas pelos
idosos com desconforto e insatisfação. São consequências naturais do processo de
envelhecimento.
Mudanças biofisiológicas do envelhecimento: diminuição ou perda da visão e da audição,
alterações no sistema músculo-esquelético, alterações na pele, déficits cognitivos, alterações
sociais e psicológicas:
“Envelhecer é simplesmente passar para uma nova etapa da vida, que deve ser vivida de
maneira mais positiva, saudável e feliz possível. É preciso investir na velhice como se investe
nas outras faixas etárias.”
A aplicação de exercícios psicomotores a pessoas idosas, ou reeducação psicomotora, constitui
uma ciência artesanal, em que está em jogo o aspecto qualitativo da relação humana vinculada
aos estímulos externos que determinam os comportamentos surgidos ao longo da vida do ser
humano.
A psicomotricidade para o idoso visa criar uma consciência de seu poder de sabedoria, valorizar
suas capacidades, dar realce às suas forças, incentivar o enfrentamento de certas limitações
físicas e perdas, estimular o autocuidado com o desenvolvimento de hábitos pessoais de saúde.
A prática psicomotora coloca os idosos diante de um espaço de vida, de atividade. Essa
intervenção leva o idoso a questionar suas atitudes e consequentemente ter mais possibilidades
em adaptar-se às mudanças que o envelhecimento acarreta.
A perspectiva de uma abordagem psicomotora, através da gerontopsicomotricidade, é aspirar
não contra o processo natural de envelhecer, mas a favor da manutenção de uma estrutura
funcional adequada às necessidades específicas do idoso, da conservação de uma tonicidade
funcional, de um controle postural flexível, de uma boa imagem de corpo, de uma organização
espacial temporal plástica, relacionando a criatividade, a emoção, a espontaneidade a vitalidade
durante a terceira idade.
Os movimentos são realizados de forma lenta, integrados aos exercícios respiratórios, e
adequados às necessidades e capacidades funcionais de cada idoso, exercendo um efeito
preventivo, conservando a tonicidade funcional, controle postural flexível, boa imagem do
corpo, organização espacial e temporal plástica, integração e prorrogação das práxias (global e
fina).
As atividades psicomotoras, remetem o geronte a ação com o seu corpo em movimento, a favor
da manutenção e promoção da saúde, resgatando desta forma a satisfação de viver.
A partir de uma autoimagem positiva é possibilitado o resgate de sua autoestima, que é uma das
metas impulsionadoras para a promoção da qualidade de vida na terceira idade.
Há dois enfoques para a medida de qualidade de vida: um baseado em autopercepções
subjetivas ou internas e o outro baseado em medidas objetivas (julgamentos externos). Os
critérios individuais e coletivos interagem na determinação da avaliação que cada um faz da
própria qualidade ou da qualidade de vida do seu grupo.
Avaliar a qualidade de vida significa também comparar suas condições ao longo do tempo e
registrar a desejabilidade das mudanças ocorridas no tempo, em comparação com pessoas da
mesma idade, mais novas e mais velhas, portadoras das mesmas ou de diferentes condições de
saúde ou de ambiente (REBELATTO, 2004).

24
PSICOMOTRICIDADE  desenvolvimento integral do idoso  inter-relação entre
motricidade e psiquismo
Os exercícios devem ser para o idoso devem ser atraentes, diversificados, com intensidade
moderada, promovendo baixo impacto sobre as estruturas musculares, esqueléticas e articulares.
Devem ser realizados de forma gradual, promovendo a integração social e respeitando as
individualidades. A abordagem precisa ser flexível e adaptável às necessidades. A identificação
e reconhecimento das redes de suporte social e suas necessidades faz parte da avaliação e as
intervenções devem ser feitas visando a autonomia e independência do idoso.
A Psicomotricidade para idosos precisa criar uma consciência do seu poder de sabedoria,
valorizar suas capacidades e incentivando a autonomia.
Gerontomotricidade é a atividade de implementar diariamente a plasticidade neural, evitando
assim a imobilidade, isolamento, depressão, dependência, institucionalização, segregação e a
perda da dignidade.
A terapia psicomotriz obriga o corpo a pensar as estruturas psicossomáticas como linguagem do
corpo.
Métodos de realização da conscientização: Exercícios com as mãos, concentração, verbalização,
atividades rítmicas, atividades visomotoras, socialização, utilização de objetos diferenciados-
nomeá-los e explorá-los.
Práticas corporais: Musicoterapia, biodança, ioga, hidroterapia ginástica, bioenergética, teatro,
dança, percepção, pensamento e ação são inseparáveis: existe uma grande disposição por parte
dos idosos em querer estar sempre com a saúde “em dia”. Portanto, é papel fundamental dos
Psicomotricistas auxiliarem e ajudarem estes a alcançarem seus objetivos: para isto existe a
gerontomotricidade, que visa proporcionar aos idosos uma melhor qualidade de vida.

7- O EXAME PSICOMOTOR
(para crianças)
A investigação do processo evolutivo da criança e a identificação de problemas relacionados ao
seu desenvolvimento psicomotor possibilitam a intervenção precoce em atrasos evolutivos e a
implementação de programas de estimulação para crianças com distúrbios de desenvolvimento,
em risco, ou somente com a intenção de enriquecimento do ambiente estimulador
Zero a dois anos: Atividades reflexas em resposta à estimulação sensorial e evolução das
posturas: sentada, de pé e de marcha.
Dois a cinco anos: Estágio global e sincrético atingindo, no final, a representação do corpo.
Nesta fase devem ser observados os seguintes comportamentos: coordenação óculo.-manual,
coordenação dinâmica geral, equilíbrio, controle do próprio corpo, organização perceptiva e
linguagem.
6 a 12 anos- Estágio de aperfeiçoamento e diferenciação: coordenação dinâmica manual,
coordenação dinâmica geral, equilíbrio, organização do espaço, rapidez de execução,
No desenvolvimento psicomotor levamos em conta as reações do ser ao ambiente que o cerca e
as relações com os demais.

25
A organização da motricidade passa pelas seguintes fase:
1º fase- O reflexo - constitui-se em uma modalidade assimiladora, que se acomoda ao meio
quando se põe em funcionamento e se caracteriza pelas seguintes conquistas: organização da
estrutura motora, organização do tônus, organização da propriocepção, desaparecimento das
reações primitivas.
2ª fase: Organização do plano motor- durante está fase há o aperfeiçoamento espaço-temporal
das reações. Evoluem paralelamente as possiblidades de conhecimento e das relações sociais.
3ª fase: Automatização do que foi adquirido- através da ação do sujeito as aquisições motoras
vão sendo automatizadas.
4ª fase: aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas habilidades motoras.
A idade de cinco a sete anos apresenta uma etapa de transição no desenvolvimento na qual a
criança passa do estágio global e sintético para o de diferenciação e análise.
A Avaliação psicomotora é de fundamental importância: ela permitirá a obtenção de dados
importantíssimos relacionados ao indivíduo e fornecerá dados quanto ao histórico familiar,
características do ambiente familiar, dados pessoais, dados do desenvolvimento motor, seu
comportamento e outros.

AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
Fiel (Interavaliadores)
Valido (Validado)
Confiança (Mede o que se pretende medir)
Tipos
Direto com o avaliado
O avaliado e o responsável
Somente o responsável
Identificação
Nome:_____________________________
Idade:_______
Nascimento:__/__/____
Sexo:____
Irmão (s):___
Idade (s):___
Escolaridade

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Escola:_____________________________
Queixa:_____________________________
Tratamentos:_________________________
Medicação:__________________________
Dados sobre o DM (Desenvolvimento Motor)
Parto:______Mamou?____Até que idade__
Engatinhou?____Idade:_____
Sentou?___Com e sem apoio:___Idade___
Andou?___Observação:____Idade:____
Outros dados sobre o DM:______________
Linguagem
Balbuciou?_______Idade:________
Falou?______ Idade:_________
SONO__________________________________________________________________
Equilibração
Equilíbrio Estático:___________________
Equilíbrio dinâmico:_________________
Marcha:___________________________
alta:______________
Pés Juntos e um pé só:_____________
Só o pé direito:____________________
Só o pé esquerdo:_________________
Coordenação
Oculomanual ou visiomanual (dizer sobre a mão usada, com ou sem dificuldade)
_____________________________________________________________________
Oculopedal ou visopedal (dizer sobre o pé usado, com ou sem dificuldade)
_____________________________________________________________
Estática:_______________________________________________________________
Dinâmica global:________________________________________________________
Dinâmica manual:________________________________________________________
Esquema Corporal
Noção do corpo:_________________________________________________________
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Conhecimento corporal (nomeia partes do corpo em si e no
avaliador):______________________________________________________________
Lateralidade
Mão (pedir para desenhar):
Pé (dar uma bola para chutar):
Olho (para verificar o olho dominante, dar um canudo e pedir para colocar em um dos olhos):
Ritmo- Poderá ser feito através de ruídos diversos, colocando-os em inúmeros ritmo, pedir para
repeti-los sem que esteja vendo. Poderá ser no papel (folha em branco), através de estrutura
rítmicas.
ORIENTAÇÃO ESPACIAL: Noções de cima, embaixo, frente, atrás, dos lados.
ORIENTAÇÃO TEMPORAL: Noção de hoje, amanhã, antes, depois, dia, tarde, noite.
Percepção: Visual, Gustativa, Auditiva, Tátil, Olfativa. ________________________
Diagnóstico: _________________________________________________________

8- ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA
A estimulação psicomotora é a possibilidade de se oferecer à criança acesso a todas as etapas de
aprendizagem necessárias no processo de alfabetização, por meio de experiências psicomotoras
que criam facilitadores no caminho de aquisições, até estar apta a integralizar esses
aprendizados. Tanto que a psicomotricidade pode atuar em crianças com prematuridade e bebês
de alto risco, crianças com dificuldades e atrasos no desenvolvimento global, pessoas com
deficiência sensoriais, motoras, mentais ou psíquicas, dificuldades de aprendizagem, entre
outros.
Vantagens de uma avaliação e intervenção precoce- a investigação do processo evolutivo da
criança e a identificação de problemas relacionados ao seu desenvolvimento psicomotor
possibilitam a intervenção precoce em atrasos evolutivos e a implementação de programas de
estimulação para crianças com distúrbios de desenvolvimento, em risco ou somente com a
intenção de enriquecimento do ambiente estimulador.
Objetivo da intervenção precoce - reduzir os efeitos negativos de uma história de alto risco, que
normalmente caracteriza a evolução de crianças deficientes ou de risco, pois muitas crianças
sofreram a influência de vivências empobrecidas, no meio familiar e em ambientes como
creches e escolas.
Importância da Estimulação Psicomotora Precoce- desde os primeiros meses o bebê é
psicologicamente ativo e a maturação de suas funções sensoriais motoras dependem dos
estímulos oferecidos pelo meio.
A Estimulação Psicomotora Precoce surge através de preocupações fundamentadas na
educação, na prevenção e mesmo na cura de distúrbios apresentados precocemente em
determinadas crianças. Com a estimulação precoce é possível estar interferindo e estimulando
os vários níveis de expressão corporal, encontrados no bebê (o gestual, tônico, mímico, ocular,
sinestésico e auditivo).

28
A ausência de estímulos pode paralisar a maturação e interferir na organização do sistema
nervoso, de maneira a ocorrer perda definitiva de funções inatas.
Nos primeiros anos de vida o bebê estará sempre atento às relações afetivas estabelecidas com
ele pela mãe. O ambiente familiar como um todo também é importante e as reações do bebê irão
se caracterizar por meio de sinais vocais, tônicos-posturais, oculares e mímicos.
O bebê deve ser estimulado em todas as suas capacidades sensoriais e motoras, respeitando-se
os limites que serão impostos pela própria criança. Deve-se procurar perceber o fundo tônico-
postural e cinético-reflexo apresentado.
O bebê pode ser preparado para as diferentes posições: sentada com a tonificação de sua
musculatura, de pé quando ele perceber o papel e o apoio dos pés e para o andar se for
estimulado adequadamente na busca do equilíbrio. Para iniciar a estimulação é importante que o
bebê esteja relaxado e confiante. Ele não deve ser obrigado a fazer algum exercício e nem ser
superestimulado. O adulto deve adaptar o ritmo imposto pela criança à sua prática. O bebê deve
ser estimulado durante suas atividades cotidianas e as pessoas que convivem diretamente com
ele deverão ficar atentas às suas atitudes em momentos específicos de sua vida na forma de
carregá-lo, de trocá-lo de dar-lhe banho, comida e de brincar, conduzindo as atividades de
maneira espontânea.
A apresentação da estimulação para o bebê pode ser descrita a partir de quatro fases distintas:
Até os três meses – A educação motora é baseada na descontração da criança. O corpo é rígido,
os braços e pernas estão constantemente dobrados e os punhos cerrados.
De três a seis meses – começa os exercícios de preparação para a posição sentada. Há uma
maior tonicidade da nuca e do tronco, ele vira a cabeça ao ouvir barulho, usa os reflexos de
equilíbrio, orienta-se no espaço, brinca com o corpo e está sempre olhando a mão. É o início da
coordenação entre olhar e pegar.
De seis a doze meses – Período marcado pelo movimento global, aquisição da postura sentada e
preparação para a posição de pé. A criança é capaz de pegar os brinquedos e largá-los, já que
tem o movimento de preensão adquirido, reconhece o meio de que faz parte e consegue
distinguir as pessoas que estão ao seu redor. Tem consciência de si e dos outros, sente-se
desamparada na ausência da mãe, começa a se locomover arrastando-se e depois engatinhando.
De nove a quinze meses – período dos jogos, aquisição da posição de pé e de preparação para a
independência. Nesta fase a criança está descobrindo o mundo. É visível o ímpeto de alcançar e
agarrar tudo que vê e de fazer as coisas por si mesma.
O ambiente para a estimulação deve ser calmo e descontraído, proporcionando o
desenvolvimento físico, afetivo e intelectual da criança.
Os Anos Pré-Escolares e as Séries Iniciais:
Desenvolvimento da criança dos 02 aos 05 anos: época marcada pela aprendizagem global e do
uso de si mesmo. A preensão vai se especializando cada vez mais, tornando-se associada a
gestos e a locomoção encontra-se mais coordenada, a mobilidade e a cinestesia permitem uma
utilização mais diferenciada e precisa do próprio corpo. Nesta fase é importante estimular o
equilíbrio, coordenação corporal geral, a percepção do corpo e do espaço, a coordenação olho-
pé, olho mão, exercícios de pular e sequenciar, movimentos locomotores diversos,
Desenvolvimento das habilidades sociais, coordenação motora fina, desenvolvimento de
habilidades por meio de jogos simples.

29
O papel do professor: O papel do professor é de facilitador do desenvolvimento e da
capacidade de aprender, permitindo a criança tempo para que suas próprias descobertas
aconteçam. O professor (em psicomotricidade) deve lembrar que o material do seu trabalho é
seu aluno.
O profissional em psicomotricidade favorece a aprendizagem ao reconhecer que diferentes
fatores de ordem física, psíquica e socioculturais atuam em conjunto para que se dê a
aprendizagem.
No maternal, pré-escolar e alfabetização o professor insere na sua rotina atividades lúdicas.
A segunda Infância: O desenvolvimento infantil ocorre a partir dos 05 anos. A criança agora
entrou no estágio da diferenciação e análise, da representação. Encontra-se no meio de uma
autoconstrução, o ambiente em que está inserida tem grande influência neste processo. É
importante nesta fase que o meio lhe dê possibilidades de comunicação, de modo que ela sinta
segurança para se desenvolver.
Ocorre uma melhor elaboração do universo exterior, com uma evolução do esquema corporal e
da noção do “outro”.
Fatores a serem estimulados na criança de 04 a 08 anos: educação do esquema corporal,
consciência e controle do próprio corpo, educação de uma atitude equilibrada e econômica,
educação da respiração.
Condutas motoras de base: equilíbrio geral, coordenação dinâmica, coordenação óculo – manual
Condutas perceptivas – motoras: educação da percepção, organização do espaço, organização
do tempo
Educação Motora Diferenciada: educação da mão, preparação das aprendizagens escolares.
O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas de
aprendizagem.
* A corrente educativa em psicomotricidade nasceu das insuficiências na educação física e
diferencia-se desta justamente porque condiciona todos os aprendizados pré-escolares, levando
a criança a tomar consciência do seu próprio corpo, situar-se no espaço, prevenindo
inadaptações.
Fatores geradores de Perturbação Psicomotora: dificuldade intelectual, lesão neurológica,
problemas emocionais, de socialização e nutricionais, alterações motoras, atraso no
desenvolvimento, carência de experiências
Distúrbios Psicomotores
Enquadram-se como distúrbios físicos e ambientais: entre as causas neurológicas de distúrbios
psicomotores estão os danos nas zonas do hemisfério esquerdo responsáveis pela coordenação
dos movimentos. Estes tipos de transtornos irão estabelecer quadros de patologias denominadas
de apraxias.
As apraxias são um conjunto de transtornos relacionados nos quais um indivíduo fisicamente
capaz de entender um pedido é incapaz de realizá-lo na ordem adequada ou da maneira
adequada

30
As apraxias podem ser divididas em:
Apraxia membro-cinética – o indivíduo não consegue desempenhar um comando com as duas
mãos;
Apraxia ideomotora – a pessoa é incapaz de realizar tarefas aprendidas quando recebe os objetos
necessários para ela. Ex: pode usar uma chave inglesa como uma caneta.
Apraxia ideacional – A pessoa não consegue fazer tarefas complexas na ordem correta. Ex: uma
dificuldade poderia ser colocar a meia antes do sapato, por exemplo.
Vários são os fatores que contribuem para que uma criança adquira um distúrbio ou atraso
psicomotor por causas estritamente físicas. Pode-se citar: A prematuridade, o déficit auditivo,
a deficiência visual de nascença ou congênita.
Alguns traumatismos podem acarretar maiores dificuldades nas atividades psicomotoras. São
eles: deformação da coluna vertebral, assimetria das pernas, achatamento da arcada plantar.
Em relação às influências ambientais podem ser citadas duas situações críticas como as
carências de estimulação-sensório motora e as carências afetivas.
Os transtornos psicomotores compreendem as funções psíquicas e neurológicas, além de um
atraso na maturação do sistema nervoso central. Sua principal característica é a falta de
coordenação entre o que o indivíduo pretende fazer e a ação propriamente dita, dificultando a
capacidade de expressar-se através do corpo. Isso provoca distúrbios afetivos e também
problemas de aprendizagem.
Podemos considerar na Psicomotricidade os seguintes transtornos: Perturbações Motoras –
hiperatividade, perturbações intelectuais, perturbações do esquema corporal, perturbações da
lateralidade, perturbações espaço-temporais, perturbações do grafismo, perturbações afetivas.
A Intervenção em Psicomotricidade pode ser dividida em :
1.Psicomotricidade Instrumental – os psicomotricistas consideram que as potencialidades
mentais, emocionais e motoras de um paciente estão em frequente interação com o corpo. As
situações devem ser apresentadas em forma de jogo e serem vividas como situações de êxitos,
estabelecendo uma relação de confiança e motivação entre a criança e a ação. A demonstração
deverá ser reduzida, evitando a imitação. Deve ser utilizada a mediação cognitiva de forma a
favorecer os processos de análise, integração e elaboração da informação, promovendo as
capacidades de reflexão, invenção, expressão e transposição, possibilitando a expressão criativa
do indivíduo. A verbalização deve ser explorada.
2. Psicomotricidade Relacional – centra-se no componente psicoafetivo e relacional, permitindo
um “reviver regressivo da relação primordial maternal num diálogo tônico-emocional”. Neste
diálogo, por mediação corporal a comunicação é sobretudo não verbal, envolvem-se orientações
corporais, posturas, distância interpessoal, mímicas, gestualidade, respiração, voz, sincronia
rítmica, contato corporal, o olhar, o odor.
A intervenção deve basear-se em situações que possibilitem ultrapassar os bloqueios existentes,
permitindo a flexibilidade e liberdade de expressão gestual através de uma atmosfera
permissiva, segura e lúdica.
Os objetos (balões, cordas, arcos, bolas, tecidos, etc.) devem ser utilizados como mediadores,
sendo introduzidos não apenas pela sua funcionalidade e utilização práxica, mas sobretudo pelas
produções do tipo simbólico que vão encorajar.

31
O ambiente lúdico constitui outro aspecto fundamental ao nível da Psicomotricidade, dadas as
suas características (ativo, dinâmico, significativo, motivante, construtor, ...), constitui um
facilitador e potencializador da vivência corporal, da relação, da comunicação e da
aprendizagem.
Educação Psicomotora- a Educação Psicomotora é uma ação pedagógica com o objetivo de
normalizar ou melhorar o comportamento da criança. É indispensável nas aprendizagens
escolares, procura aprimorar os mediadores (elementos) que influem na vida intelectual da
criança e que se encontram subjacentes ao aprendizado da leitura e da escrita.
Reeducação Psicomotora- a Reeducação Psicomotora é dirigida às crianças que sofrem
perturbações instrumentais (dificuldades ou atrasos psicomotores). Trata-se de diagnosticar as
causas do problema e de fazer um balanço das aquisições e das carências, antes de fixar um
programa de intervenção reeducativo. Deve-se começar o mais cedo possível: quanto mais nova
for a criança, menos longa será a sua reeducação. A reeducação é urgente sobretudo para os
problemas afetivos. Quanto mais o tempo passa, mais a criança se bloqueia em um tipo de
reação. A reeducação ajudará a adotar um outro comportamento mais apropriado.
Embora não exista uma escala de idades, pode-se indicar a reeducação começando na idade que
varia entre 18 e 24 meses para crianças que acusam atraso motor, grandes déficits motores ou
bloqueio afetivo. Quanto aos problemas de esquema corporal e de estruturação espacial, sugere-
se atendimento a crianças com após os 05 anos. Certas dificuldades motoras e certos casos de
instabilidades psicomotoras podem, desde a idade de 04 anos, constituir objeto de uma
reeducação.
A idade de 06 anos é a mais comum para as reeducações. É na primeira série que o professor
constata mais seguramente as deficiências de organização espacial ou temporal da criança, sua
lentidão no trabalho, sua falta de concentração ou mesmo sua hiperatividade.
As sessões de reeducação são quase sempre individuais por causa da importância do seu aspecto
relacional. Poderá ser proposta uma reeducação em grupo quando se atinge um nível satisfatório
de estabilidade na reeducação.
O Reeducador ou Psicomotricista deverá dosar para cada sessão um número certo de exercícios,
que deverão ser variados, sem intervalos, mas com ritmo, que não poderá ser muito rápido para
evitar cansar a criança. Os exercícios de concentração serão alternados com exercícios menos
absorventes, no decorrer dos quais a linguagem e o movimento tornam-se uma descontração.
O humor deve fazer parte de uma sessão, pois ajuda a criança a assumir suas dificuldades com
otimismo.
A criança poderá escolher livremente certos jogos ou material que o reeducador integra em suas
sessões. As conversas espontâneas da criança devem ser ouvidas, sua extensão dependerá do
assunto mas não se pode interromper as sessões.
É aconselhável começar uma sessão e terminar com exercícios conhecidos. Esta tática dá
confiança à criança e contribui para a estabilidade entre as sessões.
O trabalho em grupo pode inserir a criança na vivência dos relacionamentos interpessoais
(aprender a partilhar, a ser ela própria no grupo etc.). O local deve ser amplo para os exercícios
motores e reservado para outros exercícios sentados (mesa e cadeiras adaptadas à estatura das
crianças), bem como colchonetes e tatames para exercícios sensório-motores que são realizados
no chão. O local deve também ser alegre e decorado com gravuras estimuladoras e com
brinquedos;

32
Duração de uma sessão – entre meia hora e 45 minutos.
Número de sessões – 02 sessões por semana em função da continuidade e eficácia da
reeducação, principalmente no início. A quantidade poderá ser aumentada ou diminuída
conforme as necessidades da criança.
Algumas crianças superam seu atraso em um trimestre, outras em um ano, outras em dois,
variando conforme a gravidade do caso, a origem da deficiência, idade, experiência vivida etc.
Organização interna de uma sessão – a criança deverá sentir o seu período de reeducação como
um momento feliz. O esforço é parte integrante da sessão, para se chegar a um resultado
positivo.
A Avaliação Psicomotora é importante para se diagnosticar dificuldades e distúrbios
psicomotores presentes no desenvolvimento infantil. Independentemente de qualquer
manifestação evidente de distúrbios, pode-se avaliar ou proceder um exame psicomotor com o
objetivo de acompanhar o desenvolvimento da criança.
Entrevista de anamnese – é uma técnica de investigação científica, um instrumento
fundamental do método clínico normalmente utilizado quando se torna necessário enfocar a
história pregressa da criança (aluno), de uma maneira sistemática e formal. A anamnese
constitui a própria história do desenvolvimento, envolvendo a área familiar , social e cultural.
Esta entrevista deve ser realizada com a mãe da criança ou responsável que conheça a história
da criança.

9- O TRABALHO CORPORAL NA ESCOLA


O trabalho corporal na Escola se volta para o desenvolvimento da descoberta do corpo, no
âmbito de investigação da consciência corporal, com o propósito de refletir sobre esse nível de
complexidade envolvido no descobrimento do corpo durante a Educação Infantil.
Para entendermos o papel do trabalho corporal na escola, precisamos reconhecer que o corpo
necessita ser levado em consideração para a construção do conhecimento.
JEAN PIAGET- Para Piaget, o desempenho corporal é precursor do pensamento representativo
e do cognitivo, e a interação da criança em ações motoras, visuais, táteis e auditivas sobre os
objetos do seu meio ambiente é essencial para o desenvolvimento integral. Destacou 4 estágios
para o desenvolvimento mental da criança:
Estágio Sensório – Motor (0–2 anos)- crescimento orgânico e biológico das estruturas orgânicas
hereditárias: fornece as condições necessárias para que o organismo responda ao meio.
Representa um potencial para acomodar novas estruturas e novas informações a partir das
primeiras.
Pensamento pré-operatório (2- 6 anos)- É a experiência necessária para que o sujeito construa o
conhecimento. Há dois tipos de experiências: a experiência física - consiste no conhecimento
físico, lógico-matemático, ou seja, ao agir sobre o objeto, o sujeito retira informações do
mesmo. A cooperação - implica trocas entre indivíduos quando há igualdade de direitos ou
autonomia.
Operatório - Concreto (6 a 12 anos)- O pensamento é a respeito do que é conhecido. A criança
apresenta um declínio do egocentrismo e começa a se socializar em grupos, mas ainda tem
dificuldades em entender pontos de vistas diferentes. Surgem os processos de pensamento
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lógico, limitados, sendo capazes de serializar, ordenar e agrupar coisas em classes, com base em
características comuns. Assim como a capacidade de conservação e reversibilidade através da
observação real (o pensamento da criança ainda é de natureza concreta). A característica mais
geral pela qual a lógica inicial da criança difere da do adulto é a irreversibilidade.
Operatório – Formal (12 anos em diante) - O pensamento ascende ao mundo das ideias. Pode
ser considerado o mais importante, pois apresenta a fase do equilíbrio.
O sujeito agirá em frente às novas situações-problemas, em que ele nunca enfrentou. Para isso,
precisará refletir e encontrar soluções para essas situações. Na escola, será apresentada uma
situação que tirará o aluno de sua zona de conforto, fazendo com que ele entre em desequilíbrio.
Para que o sujeito retorne à sua zona de conforto, ele lutará pelo equilíbrio, ou seja, a resolução
do problema.
VIGOTSKY- “A relação com o outro é concepção capital na obra de Vigotsky, a lei genética
que postula que todo processo psicológico aparece duas vezes: primeiro em uma relação
interpessoal, com domínio compartilhado da realização do processo, depois como domínio
intrapessoal”. (Roberto Coral, 2000).
Vigotsky considera que é na troca entre as pessoas (intersubjetividade) que tem origem as
funções mentais superiores, enfatizando o aspecto interacionista.
Segundo Vygotsky, o ser humano nasce social e aos poucos, em contato com o outro, vai se
individualizando. A MICROGÊNESE é a entrada mais importante do desenvolvimento.
A educação para este autor se processa na relação social onde o educador potencializa, otimiza o
ser humano na própria relação da aprendizagem já que é nessa relação que ele se constrói, ou é
construído. O INSTRUMENTO é utilizado pelo trabalhador, é objeto que está ente o homem e a
natureza e que foi criado com finalidade de ampliar as possibilidades de transformar a natureza.
Um dos maiores trabalhos desse autor é a Zona de Desenvolvimento Proximal ( ZDP ). A ZDP
pode ser definida como sendo a distância que existe entre o que o sujeito consegue fazer sozinho
e o que ele pode fazer ajudado pelo outro. Encontrar o ponto em que a criança poderá resolver
sozinha e começar a construir as respostas a outras situações.
MARIA MONTESSORI- De acordo com sua visão, a criança desenvolve um senso de
responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. Sua pedagogia enfatiza a
manipulação de objetos para se obter a concentração individual, valorizando o sensorial, onde a
criança possa participar ativamente. Tem como pressuposto a liberdade. O ambiente deve ser
completamente adaptado às crianças para que elas possam se desenvolver.
Podemos considerar os seguintes fatores:
Vida prática- As atividades da vida prática visam auxiliar o desenvolvimento do controle motor
e das habilidades necessárias para o dia a dia. Os principais objetivos são o cuidado de si, o
cuidado do meio ambiente, a gentileza, a cortesia e habilidades úteis para vida.
Educação dos sentidos- Para educação dos sentidos, a seleção dos materiais é voltada para a
percepção da cor, tamanho, peso, textura, cheiro ou som. Montessori acreditava que antes de
iniciar qualquer trabalho puramente intelectual, os sentidos deveriam ser plenamente
desenvolvidos.
Aquisição da cultura- Montessori percebeu o interesse das crianças pelos números e pela escrita,
evidente em todos os locais do mundo. Assim, o desenvolvimento desta habilidade é longo e
começa nos primeiros materiais da área sensorial. A destreza necessária para segurar um lápis, o
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controle da pressão sobre o papel, o formato de cada letra e seu som e a habilidade de traçar
linhas são competências trabalhadas por muito tempo antes que o aluno, de fato, escreva. A
principal característica do material é a manipulação constante dos materiais pelas crianças.
ANDRÉ LAPIERRE- foi um educador francês da década de 1970. É considerado o pai da
Psicomotricidade Relacional, que dá ênfase aos aspectos afetivo-emocionais e relacionais do Ser
Humano.
A Psicomotricidade Relacional consiste em criar um espaço de liberdade propício aos jogos e
brincadeiras. É uma maneira de atuar, uma possibilidade de se estabelecer uma comunicação
mais humana, mais verdadeira com qualquer pessoa, principalmente com as crianças, desde a
creche à escola.
O objetivo é fazer a criança manifestar seus conflitos profundos e vivê-los simbolicamente. Essa
abordagem serviria de precaução no surgimento de distúrbios emocionais, motores e de
comunicação.
Fantasia de Fusão é a fase de registro das sensações que constituirão a “experiência de vida”.
Não se trata de “percepções conscientes”, mas de vestígios da memória inconsciente que apenas
em situações muito regressivas, tanto por parte do adulto como da criança, são capazes de serem
resgatadas. É o retorno para a posição fetal, o encolhimento no calor e na obscuridade, como
desejo de voltar ao ventre materno (lugar de prazer e segurança). Essas experiências sensoriais
marcam-nos profundamente, embora pensamos tê-las esquecido: sensação de não separação de
outro corpo, tratando-se de “sensações fusionais” ou “situação fusional”.
Agressividade e procura de identidade- Nesta fase, a criança encontra proibições e frustações de
seu desejo fusional, que é muito possessivo. Isso resulta em conflito com o outro que negou, que
vai ser exteriorizado através da agressividade.
Lapierre defende que é preferível deixar a agressividade ser exposta, na busca de uma formação
da personalidade bem estruturada. É importante deixar que na brincadeira a criança externalize
sua agressividade. É de extrema importância que o adulto que convive com as crianças, como é
o caso de educadores, não ignore as “crises de agressividade” das crianças. A metodologia
utilizada por Lapierre baseia-se em três elementos: a comunicação, a exploração e as vivências
corporais.

INFRAESTRUTURA ESCOLAR E O PAPEL DO MOVIMENTO NO


CONTEXTO ESCOLAR
O ambiente escolar é um espaço importante de acesso ao conhecimento. O corpo precisa de
espaço para se expressar e tornar-se autônomo e livre em todos os seus aspectos. O papel do
movimento no contexto escolar é fundamental, não podendo haver desculpas para negligenciar
o movimento e corpo na escola.
O professor na Psicomotricidade deve ser um facilitador, permitindo que a criança aprenda a seu
tempo, que o material do seu trabalho é seu aluno. Precisa reconhecer que diferentes fatores de
ordem física, psíquica e sociocultural atuem em conjunto para que se dê a aprendizagem. Não
esquecer de inserir atividades lúdicas na sua rotina profissional.
Infraestrutura escolar e o papel do movimento no contexto escolar- utilizar a dança, por
exemplo, como prática pedagógica proporciona a capacidade de assimilar a realidade, os desejos
e interesses dos educandos, alicerçando a estruturação do real, levando à consciência corporal.

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Compreendendo a inclusão escolar- A educação inclusiva ainda possui um grande caminho a ser
percorrido em nossa sociedade. Segundo a legislação brasileira, são consideradas pessoas com
deficiência aquelas que têm impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo
prazo que possam comprometer a participação na sociedade em igualdade de condições. O
atendimento escolar é obrigatório a todos, dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive aqueles com
deficiência e transtornos globais do desenvolvimento.
Uma educação inclusiva remete a questões de estrutura e de seu funcionamento que implicam
em um redimensionamento de seu papel. Porém, sabemos que essa mudança depende de uma
revisão de paradigma que ultrapassa as fronteiras da educação, dizendo respeito aos conceitos
de inclusão da sociedade como um todo.
Ao falarmos de inclusão escolar é preciso ressiginificar o sentido que está atribuindo à educação
e buscar compreender a complexidade que envolve o tema. Fica evidenciada a necessidade de se
redefinir e de se colocar em prática novas alternativas e práticas pedagógicas, que favoreçam a
todos os alunos, implicando, desta forma, na reformulação de conceitos e no desenvolvimento
de práticas educacionais convergentes com esse grande desafio.
Necessidades especiais mais comuns nas escolas
Dificuldade Motora: são complicações que levam à limitação da mobilidade, ou seja, da
coordenação geral. Em muitos casos, podendo afetar a fala, em diferentes graus. As causas
podem estar relacionadas com lesões neurológicas, neuromusculares e até com a má-formação
congênita ou paralisia cerebral. As crianças que possuem dificuldades motoras têm
comprometimento na função escrita, devido ao acontecimento da coordenação motora. Desta
forma, o aprendizado pode tornar-se lento. Exceto em casos de lesão cerebral grave a linguagem
é bem adquirida e desenvolvida.
Surdez: compreende-se como a perda total ou parcial da audição ou por má-formação, ou seja,
uma causa genética.
Surdez moderada: define-se como a incapacidade de ouvir sons com intensidade menor que 50
decibéis. Podendo ser compensada com a utilização de aparelhos e com acompanhamento
fonoaudiólogo.
Surdez severa: a pessoa não consegue ouvir sons abaixo dos 80 decibéis, em média.
Surdez Profunda: a pessoa não escuta sons emitidos com intensidade menor que 91 decibéis.
Neste último é indicado, além do uso de aparelhos auditivos, tratamentos específicos.
Cegueira ou baixa visão - baixa visão (leve, moderada ou profunda): tipos de deficiência que
podem ser compensados com o uso de lentes de aumento, lupas telescópicas ou utilizando o
auxílio de bengalas, além do treinamento e orientações.
Próxima à cegueira: quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, porém já utiliza o
sistema de Braile para ler e escrever; utiliza recursos de voz para acessar programas de
computador, locomove-se com bengalas e requer treinamentos de orientação e de mobilidade.
Cegueira: quando não existe qualquer percepção de luz. O sistema Braile, a bengala e os
treinamentos de orientação e de mobilidade, nesse caso, são fundamentais.
PARALISIA CEREBRAL- A paralisia cerebral é uma lesão que ocorre em qualquer área do
cérebro. Em geral, ocorre quando há falta de oxigênio no cérebro da criança, que pode acontecer
durante a gestação ou mesmo no parto. Em alguns casos, pode ocorrer até os dois anos após o
nascimento. A paralisia cerebral também pode ser provocada por traumatismos,
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envenenamentos ou algumas doenças graves como sarampo ou meningite. A lesão provoca
alterações nos tônus musculares e o comprometimento da coordenação motora, acarretando
problemas na fala, na visão e na audição.
AUTISMO- Autismo ou o Transtorno do Espectro Autista, é denominado de forma geral como
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Caracteriza-se por dificuldades significativas na
comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, expressas
principalmente na repetição de movimentos.
SÍNDROME DE DOWN- Estudos comprovam que a Síndrome de Down é causada por uma
alteração genética, caracterizada pela presença de um terceiro cromossomo de número 21, o que
também é chamado de trissomia do 21. As pessoas que têm Síndrome de Down apresentam
déficit cognitivo, em comparação aos padrões estabelecidos na sociedade. Elas podem
apresentar dificuldades na comunicação e redução dos tônus musculares, cientificamente
chamada de hipotonia.

PSICOMOTRICIDADE E INTERVENÇÃO NA INCLUSÃO ESCOLAR


A Psicomotricidade considera o sujeito em sua totalidade. Por isso, respeita o “outro” m suas
especificidades e em suas potencialidades. O professor que conhecer os fundamentos da
Psicomotricidade contará com uma \forte e poderosa “arma” na inclusão de seus alunos com
necessidades especiais.
É importante que o professor que que abrace a Psicomotricidade em sua vivência pedagógica
possa pesquisar constantemente, a fim de, construir uma intervenção sensível e competente,
para a construção de habilidades em seus alunos, respeitando seus limites e especificidades de
cada um.
Atividades e jogos psicomotores- é importante que o professor possa pesquisar e oferecer às
crianças atividades e jogos psicomotores.

Vá em frente, busque e ofereça o melhor!!!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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idade pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

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www.psicomotricidade.com.br. Acesso em: fevereiro 2003.

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