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ADMINISTRATIVO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
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Sumário
1. Introdução........................................................................................................................................... 3
2. Fonte Constitucional........................................................................................................................ 3
3. Competência legislativa .................................................................................................................. 5
4. Natureza jurídica ............................................................................................................................... 6
5. Elementos da improbidade administrativa ................................................................................ 8
6. Sujeito Passivo DO ATO ................................................................................................................. 8
7. Sujeito ativo DO ATO ..................................................................................................................... 11
8. Ato de Improbidade ........................................................................................................................ 16
8.1. Enriquecimento ilícito: ............................................................................................................... 17
8.2. Dano ao erário: .......................................................................................................................... 19
8.3. Violação a princípios: ................................................................................................................ 22
9. Elemento Subjetivo ........................................................................................................................ 24
10. Sanções........................................................................................................................................... 25
10. Ação de Improbidade................................................................................................................... 31
11. Medidas cautelares na LIA - arts. 7º e 16, Lei 8.429/92 ....................................................... 47
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVAi
1. Introdução
Ela se revela:
a) vantagens patrimoniais indevidas
b) exercício nocivo da função pública, tráfico de influências, favorecimento de uma
minoria em detrimento da grande maioria.
Probidade e Moralidade
PROBIDADE está relacionada à honestidade, correção de conduta, boa administração,
com o PRINCÍPIO DA MORALIDADE. Elas se equivalem, sendo a moralidade o princípio e
improbidade lesão ao próprio princípio - José Afonso da Silva.
2. Fonte Constitucional
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a
perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (Da função atualmente
ocupada, mesmo que não seja a função na qual foi praticado o ato de improbidade).
Entende-se que o art. 37, §4º da CRF é norma de eficácia limitada, estando hoje
regulamentada pela Lei 8429/99.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem
contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
3. Competência legislativa
OBS. nas questões que envolvem direito eleitoral, civil ou político penal a
competência é privativa da União, sendo a lei considerada federal, tendo os estados
competência suplementar. Já quanto aos dispositivos que envolvem direito administrativo –
declaração de bens do servidor, apuração dos fatos na via administrativa, afastamento
cautelar do agente – a competência é concorrente, sendo a lei considerada federal, podendo
os estados legislarem de outra forma.
4. Natureza jurídica
A improbidade não é ilícito penal, tem natureza jurídica de ilícito civil, dependendo de
ação civil (ADI 2797). Não exclui os crimes porventura praticados, devendo o ilícito penal ser
processado mediante ação penal. A mesma conduta também pode considerar uma infração
administrativa (funcional), sendo processado por PAD (Lei nº 8.112/90).
Ilícito penal: NÃO se trata de um ilícito penal, porque as suas sanções são
totalmente distintas das criminais. A própria CF demonstra que não se trata de crime: § 4º -
sem prejuízo da ação penal cabível.
Ilícito administrativo: As sanções também têm natureza totalmente diferente. Quem
irá definir o ilícito administrativo é servidor. Outra distinção reside no fato de que a infração
funcional é punida na via administrativa, por meio de processo administrativo. Já as sanções
por improbidade administrativa estão sujeitas à reserva de jurisdição, segundo o STF: “Ato
de improbidade: a aplicação das penalidades previstas na Lei n. 8.429/92 não incumbe à
Administração, eis que privativa do Poder Judiciário. Verificada a prática de atos de
improbidade no âmbito administrativo, caberia representação ao Ministério Público para
ajuizamento da competente ação, não a aplicação da pena de demissão” (STF, RMS 24699,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 30/11/2004).
Ilícito cível: São atos que equivalem a ILÍCITOS CÍVEIS, entendidos como de
natureza extrapenal.
Ilícito de ato de improbidade: Há quem afirme que diante do caput do artigo 12, há
uma natureza autônoma de ilícito de ato de improbidade do qual decorre uma
RESPONSABILIDADE POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. Que será apurada por meio de um
processo civil, não tem natureza criminal.
Uma mesma conduta pode dar origem a três ações diferentes (ação civil, ação penal
e processo disciplinar) e também decisões diferentes em cada um dos processos. Em regra,
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos
na forma desta lei. Sujeitos passivos principais
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre
a contribuição dos cofres públicos. Sujeitos passivos secundários.
Ex. servidor de pessoa do parágrafo primeiro desviou 500.000, dos quais 100.000
vinham dos cofres públicos. A ação de improbidade vai versar apenas sobre os 100.000. No
caput seria a totalidade.
Observações:
- Conselho de classe? SIM – é autarquia. Se um empregado da OAB desviar dinheiro
ele responderá por improbidade.
- Sindicato? SIM – ele recebe contribuição sindical (valores públicos). Funcionário
levou o computador para casa. O sindicato é pessoa jurídica de direito privado e recebe
contribuição sindical (PARAFISCALIDADE: transferência da capacidade tributária), para se
manter. Contribuição é tributo. A contribuição é um benefício fiscal, então o sindicado está
submetido à lei de improbidade administrativa.
- Partido Político? SIM. Lembre-se do fundo partidário – tem dinheiro público.
- ONGs? OSCIPS. Serviços Sociais Autônomos, Organizações Sociais? SIM. Na sua
maioria (principalmente o terceiro setor, os entes de cooperação) tem relações com o
Estado.
OSCIP pode sofrer ato de improbidade? Como recebe dinheiro público em
decorrência de termo de parceria, está submetida à lei de improbidade – caput ou parágrafo
único.
SERVIÇO SOCIAL AUTÔNOMO também está submetido à lei de improbidade. –
caput.
Concessionárias/permissionárias? Não, se remuneradas por tarifas.
Obs2. Parecerista responde por ato de improbidade? Ato enunciativo. Em regra, não.
Somente quando houver dolo , culpa intensa, erro grave e inescusável.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.
Terceiros que induzam ou concorram para a prática do ato, ou dele se beneficie, sob
qualquer forma. SUJEITO ATIVO IMPRÓPRIO. Basta que ocorra uma dessas:
concorrer, induzir ou se beneficiar. Importante observar que esse terceiro não pode
praticar o ato de improbidade isoladamente. O ato deve ser praticado por um agente
público mediante induzimento, concorrência ou beneficiamento do terceiro.
Obs. tendo se referido apenas a essas três condutas, a instigação não acarreta a
responsabilidade do terceiro.
Obs. terceiro só responde dolosamente
Emagis 33.13 Segundo posição sedimentada no STJ, nas ações civis públicas por
improbidade administrativa, NÃO HÁ litisconsórcio passivo necessário entre o agente público
e os terceiros beneficiados com o ato ímprobo; cabe ao autor da ação indicar quem repute
responsável pelo ato, sem prejuízo a que acuse, em nova demanda, outro agente cuja
responsabilidade anteriormente não havia sido divisada (STJ, Segunda Turma, EDcl no
AgRg no REsp 1314061, Rel. Min. Huberto Martins, DJe de 05/08/2013)
a) Recl. 2138 STF: decidiu que quando o agente político responde por crime de
responsabilidade, não responderá por ato de improbidade. Porém, a composição do
STF quando da conclusão da decisão tinha sido alterada. Essa posição foi superada.
b) A nova composição do STF decidiu que o agente político responde por improbidade
(mesmo que esteja respondendo por crime de responsabilidade), na primeira
instância. O Presidente da República está excluído da ação de improbidade, em
razão do art. 85, V, CF.
Os ministros do STF ressalvaram que quanto a eles o ato de improbidade será
julgado pelo próprio STF e não pela primeira instância. Por essa razão, o STJ proferiu
algumas decisões posicionando-se favoravelmente ao foro por prerrogativa de função.
Contudo, essa posição é minoritária.
#ENTENDIMENTOJURISPRUDENCIAL #STJ:
O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente,
remunerado ou não, está sujeito a responsabilização por ato de improbidade
administrativa. Isso porque o conceito de agente público para fins de improbidade
abrange não apenas os servidores públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função na Administração Pública.
Além disso, é possível aplicar a lei de improbidade mesmo para quem não é
agente público, mas induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma, direta ou indireta. É o caso do chamado "terceiro",
definido pelo art. 3º da Lei nº 8.429/92.
8. Ato de Improbidade
O ato de improbidade não precisa ser um ato administrativo, pode ser simplesmente
uma conduta. Na LIA, o ato de improbidade é dividido em três categorias: atos que geram
enriquecimento ilícito (art. 9º), dano ao erário (art. 10) e violação a princípios da
Administração Pública (art. 11).
Obs. o Estatuto da Cidade - lei 10.257/01 – criou uma quarta categoria quando manda
aplicar a lei 8429. Atos e omissões relativos à ordem urbanística. O único sujeito ativo é o
Prefeito – os demais que concorram para o ato respondem pela 8.429. Exige-se o dolo.
Dispensa enriquecimento ou dano – se houver aplica a 8.429. Conduta comissiva ou
omissiva.
1 Esse entendimento foi cobrado pela banca CESPE na prova do TJDFT/2016 e foi considerada correta a
seguinte alternativa: “O estagiário de órgão público, independentemente do recebimento de remuneração,
está sujeito à responsabilização por ato de improbidade administrativa.”
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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Não há necessidade de dano econômico. A aprovação das contas pelo Tribunal de
Contas não é suficiente para afastar a configuração. O Tribunal de Contas faz uma análise
por amostragem, podendo passar despercebido o ato de improbidade.
Princípio da subsunção/Princípio da detração. - prevalece a mais conduta mais grave,
quando uma mesma conduta viola mais de um dispositivo. Se forem várias condutas, as
sanções podem ser cumuladas, se compatíveis. Por exemplo, mesmo diante dessa última
hipótese, não se poderia aplicar cumulativamente a suspensão ou a perda de função,
somando-se os prazos.
Admite qualquer tipo de dano. A aplicação é para um prejuízo geral (dano à natureza
estética). Segundo o STJ abrange o patrimônio em sua integralidade, não necessariamente
o patrimônio econômico (REsp 1.130754). Também traz um rol exemplificativo. DOLO OU
CULPA.
PROPAGANDA: o administrador, na forma do artigo 37, § 1o, CF/88, não pode fazer
divulgação pessoal por meio da propaganda institucional.
DOAÇÃO DE BEM PÚBLICO e LIBERAÇÃO DE PAGAMENTO DE IPTU: são feitos
normalmente em época de eleição, são atos de improbidade administrativa por dano ao
erário.
CELEBRAÇÃO de contrato com o particular, que deve um pagamento mensal.
Mesmo diante da falta de pagamento a administração permanece inerte, haverá o dano ao
erário, porque o Administrador estará liberando o pagamento do particular, isso é
improbidade administrativa.
Princípio da subsunção
Exemplo¹: fraude à licitação com superfaturamento. Se o lucro do superfaturamento foi
dividido entre o agente e o terceiro, houve enriquecimento ilícito e dano ao erário. Contudo,
a imputação tem que ocorrer pelo ato mais grave, no caso o enriquecimento ilícito.
Exemplo²: se o agente não se beneficiou com o enriquecimento ilícito, o agente causou tão
somente o dano ao erário. Porém, o terceiro obteve enriquecimento ilícito. Nessa hipótese a
imputação é pelo ato mais grave praticado pelo agente público e não pelo terceiro. Aqui os
dois responderão por dano ao erário. Quem define o ato de improbidade é a ação do agente.
Se um ato violar os 03 dispositivos (9º, 10 e 11)? Podem ser aplicados dois artigos ao
mesmo tempo? O entendimento é o de que somente seja cabível a indicação em somente
um dos artigos, preferindo sempre a conduta mais grave.
Capitulado o comportamento do agente, daí será estendida a capitulação para o
terceiro, como no concurso de agentes do CP (teoria monista).
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
lei, e notadamente:
É um rol exemplificativo. São exemplos: o desvio de finalidade, não publicação dos atos e
contratos, quebra do sigilo funcional, contratação sem concurso público, concessão inicial de
vantagens em concursos públicos. DOLO GENÉRICO.
Dolo
Comissivo ou omissivo
Dispensável – enriquecimento e dano
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na
regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
2 A Lei nº 13.425/2017 entra em vigor após decorridos 180 de sua publicação oficial (31/03/2017).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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deseja proteger é a probidade na Administração Pública. No caso concreto, não teria havido
lesão à Administração, mas apenas ao particular (preso). Ainda segundo a tese invocada, a
improbidade administrativa caracteriza-se como um ato imoral com feição de corrupção de
natureza econômica, conduta inexistente no tipo penal de tortura, cujo bem jurídico protegido
é completamente diverso da Lei de Improbidade. Para o STJ, é injustificável que a tortura
praticada por servidor público, um dos atos mais gravosos à dignidade da pessoa humana e
aos direitos humanos, seja punido apenas no âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a
aplicação da Lei da Improbidade Administrativa. Eventual punição administrativa do servidor
não impede a aplicação das penas da Lei de Improbidade Administrativa, porque os
objetivos de ambas as esferas são diversos e as penalidades previstas na Lei nº 8.429/92
mais amplas. - A Lei nº 8.429/92 não prevê expressamente quais seriam as vítimas mediatas
ou imediatas da atividade ímproba para fins de configuração do ato ilícito. Essa ausência de
menção explícita certamente decorre do fato de que o ato de improbidade, muitas vezes, é
um fenômeno pluriofensivo, ou seja, atinge, de maneira concomitante, diferentes bens
jurídicos e diversas pessoas. Para saber se a conduta pode ser caracterizada como ato de
improbidade, é primordial verificar se, dentre os bens jurídicos atingidos pela postura do
agente público, algum deles está relacionado com o interesse público. Se houver, pode-se
concluir que a própria Administração Pública estará igualmente vulnerada e, dessa forma,
ficará caracterizado o ato de improbidade para os fins do art. 1º da Lei nº 8.429/92. - A
tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem reflexo
jurídico imediato, que é o de gerar obrigação indenizatória ao Estado, nos termos do art. 37,
§ 6º, da CF/88. Há aí, como consequência, interesse direto da Administração Pública. - O
agente público incumbido da missão de garantir o respeito à ordem pública, como é o caso
do policial, ao descumprir com suas obrigações legais e constitucionais de forma frontal,
mais que atentar apenas contra um indivíduo, atinge toda a coletividade e a corporação a
que pertence de forma imediata. - O legislador, ao prever, no art. 11 da Lei nº 8.429/92, que
constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de lealdade às instituições, findou
por tornar de interesse público, e da própria Administração, a proteção da legitimidade
social, da imagem e das atribuições dos entes/entidades estatais. Daí resulta que atividade
que atente gravemente contra esses bens imateriais tem a potencialidade de ser
considerada improbidade administrativa. Na hipótese dos autos, o ato ímprobo se
caracteriza também pelo fato de que as vítimas foram torturadas, em instalações públicas,
ou melhor, na Delegacia de Polícia.
9. Elemento Subjetivo
10. Sanções
e) Multa civil
O limite é fixado em lei
A base de cálculo é fixada em lei: valor do acréscimo patrimonial, valor do
dano, valor da remuneração.
O montante deve ser destinado à pessoa jurídica que sofreu o dano
Perda de função política e suspensão dos direitos políticos apenas com o trânsito em
julgado da decisão. Na verdade a efetiva aplicação de qualquer sanção requer o trânsito em
julgado – presunção de inocência.
Obs. ACP ou ação de improbidade? Muitos usam como sinônimos. José diz que são
procedimentos diferentes. São unânimes, no entanto, ao afirmar que se enquadra como
ação coletiva.
B) Legitimidade
Tem legitimidade para propor a ação o Ministério Público, a pessoa jurídica lesada. O
Ministério Público tem participação obrigatória, seja como autor da ação ou como custos
legis.
Qualquer pessoa pode representar um ato de improbidade. Dessa representação
poderá iniciar: processo administrativo, processo civil e processo penal.
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para
que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a
qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se
esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede
a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata
apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma
prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando
de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou
pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à
complementação do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que
couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente,
como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios
suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da
impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil
(#ATENÇÃO: correspondência ao art. 79/81, NCPC).
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do
requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos
e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada,
rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da
ação ou da inadequação da via eleita.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o
juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta
Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
5) Essa indisponibilidade dos bens pode ser decretada sem ouvir o réu? SIM. É
admissível a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de
indisponibilidade e sequestro de bens, visando a assegurar o resultado útil da tutela
jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário. Desse modo, o STJ entende que, ante
7) Então, pode ser decretada a indisponibilidade dos bens ainda que o acusado não
esteja se desfazendo de seus bens? SIM. A indisponibilidade dos bens visa, justamente,
a evitar que ocorra a dilapidação patrimonial. Não é razoável aguardar atos concretos
direcionados à sua diminuição ou dissipação. Exigir a comprovação de que tal fato esteja
ocorrendo ou prestes a ocorrer tornaria difícil a efetivação da medida cautelar e, muitas
vezes, inócua (Min. Herman Benjamin). Vale ressaltar, no entanto, que a decretação da
indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da
demonstração do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção
automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de
nulidade (art. 93, IX, da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição
patrimonial (REsp 1319515/ES).
8) Pode ser decretada a indisponibilidade sobre bens que o acusado possuía antes
da suposta prática do ato de improbidade? SIM. A indisponibilidade pode recair sobre
bens adquiridos tanto antes como depois da prática do ato de improbidade.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o
trânsito em julgado da sentença condenatória.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o
afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
F) Prescrição:
*#ATUALIZAÇÃO: Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta
lei podem ser propostas: III - até cinco anos da data da apresentação à administração
pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do
art. 1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
Art. 1º. (...) Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de
improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou
incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Assim, entidade com menos de 50% de recursos públicos, a prescrição será de 05 anos
contados da prestação de contas final.
Quando o agente tem que reparar o Estado, prevalece o entendimento (amplamente majoritário)
de que o texto do art. 37, §5º, CF/88 consagra a imprescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao
erário (STF RE 669069). A imprescritibilidade só ocorre para a pena de reparação civil.
O STF decidiu que "é prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública
decorrente de ilícito civil." (RE 669069/MG).
a) O conceito de ilícito civil deve ser buscado pelo método de exclusão: não se
consideram ilícitos civis aqueles que decorram de infrações ao direito público, como
os de natureza penal, os decorrentes de atos de improbidade e assim por diante.
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b) As questões relacionadas com o início do prazo prescricional não foram
examinadas no recurso extraordinário porque estão relacionadas com matéria
infraconstitucional, que devem ser decididas segundo a interpretação da legislação
ordinária.
Obs. servidor que tem função de confiança – aplica o prazo do inciso I – do fim da
função.
OBS. vários réus – prazo começa a contar do desligamento do últimos dos réus.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
emprego.
G) Tipo penal:
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou
terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
H) Pedido
Declaratório: juiz reconhece a conduta
Condenatório: aplica as sanções
- Ainda que proferida por juízo absolutamente incompetente, é válida a decisão que,
em ação civil pública proposta para apuração de ato de improbidade administrativa, tenha
determinado, até que haja pronunciamento do juízo competente, a indisponibilidade dos
bens do réu a fim de assegurar o ressarcimento de suposto dano ao patrimônio público.
Informativo STJ n. 524.
Há controvérsias acerca da natureza da ação civil que tem por objeto atos de
improbidade administrativa. A maioria da doutrina sustenta não haver impedimento de se
pleitear a aplicação das sanções por atos de improbidade mediante ação civil pública
(Alexandre de Moraes, Maria Sylvia Zanella di Pietro, STJ), eis que a Lei de Improbidade
Administrativa não é, em sua essência, lei de ritos, mas sim de direito material, enquanto a
Lei da ACP é eminentemente processual. Assim, para viabilizar o direito material posto na
primeira seria a segunda o meio processual adequado.
Há, contudo, quem defenda (Tucci, Arnold Wald) que as pretensões das “ações civis
públicas” e das “ações de improbidade administrativa” são diversas, regidas por
procedimentos diversos, razão pela qual seria mais adequado entender que elas não se
confundem. Defendem haver “ação civil de improbidade administrativa”, procedimento
autônomo.
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De qualquer forma, é ação de conhecimento regida por procedimento especial,
regulado pela Lei n.º 8.429/92, Lei de Improbidade Administrativa – LIA.
Destaque-se que o procedimento previsto na LIA foi sobremaneira alterado pela MP
n.º 2.225-45/01, que acrescentou os §§ 6º a 12 ao art. 17. Parte da doutrina defende a
inconstitucionalidade da referida MP nesse ponto, eis que a CF/88 veda a edição de MP’s
sobre matéria processual. O STF, contudo, até o momento não proferiu qualquer decisão
pela inconstitucionalidade dos dispositivos.
A petição inicial deve ser instruída com documentos que demonstrem indícios
suficientes de prática de atos de improbidade pelo demandado ou com argumentos
fundados da sua impossibilidade. Os fatos devem ser descritos detalhadamente e
especificadas as razões pelas quais são os mesmos considerados atos de improbidade.
Há fase preliminar de admissibilidade da ação, com contraditório. Assim,
considerando em termos a inicial, deve o juiz determinar a notificação do demandado para
se manifestar por escrito, apenas após o que decidir-se-á acerca da admissibilidade da
ação. Rejeitada esta, pode o juiz, se for o caso, condenar o autor por litigância de má-fé.
Recebida a inicial, deve, então, ser citado o demandado para contestar o pedido.
São legitimados ativos para a propositura da demanda o MP (em qualquer caso) e as
pessoas jurídicas elencadas no art. 1º, LIA, neste caso quando os atos de improbidade
sejam contra elas praticados por qualquer agente, servidor ou não. O MP, quando não
houver proposto a ação, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. A pessoa jurídica
interessada, se não houver ajuizado a demanda, deve ser citada para integrar a lide no pólo
ativo, passivo, ou abster-se de contestar, nos termos do § 3o do art. 6o, Lei no 4.717/65,
aplicável à ação civil de improbidade por força do art. 17, §3º.
É competente o juiz de primeiro grau do foro do local onde ocorreu o dano. Destaque-
se que o STF “concluiu o julgamento da ADIn 2797 (15.9.05, Inf/STF 401) e declarou a
inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º, do art. 84, do C. Proc. Penal, inseridos pelo art. 1º da
L. 10.628/02” (Rcl-AgR, DJ 23.06.2006). Assim, não mais se cogita de foro por prerrogativa
de função no caso de ação que tenha por objeto ato de improbidade.
É vedada a realização de transação, acordo ou conciliação (§ 1º).
A ação tem por objeto a declaração da prática de ato de improbidade administrativa, a
imposição das sanções pertinentes, assim como a condenação dos responsáveis a ressarcir
integralmente o Erário pelos danos provocados, e ao perdimento de bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio, se for o caso.
A declaração da prática de ato de improbidade pode, em alguns casos, resultar na
desconstituição do ato ou contrato. Pode exigir, ainda, o exame incidental de
A LIA prevê duas providências cautelares, uma no art. 7º, e outra no art. 16. A
primeira refere-se à indisponibilidade dos bens do indiciado em inquérito civil ou
procedimento administrativo; a segunda, ao sequestro dos bens do agente ou terceiro que
tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
Como toda medida cautelar, as providências previstas em ambos os artigos visa a
efetividade do provimento jurisdicional a ser proferido no processo principal, a “ação de
improbidade administrativa”. Têm como pressupostos o fumus boni iuris e o periculum in
mora.
De se observar que não está o titular da ação de improbidade limitado às medidas
cautelares previstas na LIA. Pode, perante a real necessidade, pleitear qualquer medida
cautelar adequada, nominadas ou inominadas.
Observe-se que a indisponibilidade dos bens do agente, segundo o parágrafo único
do art. 7º, LIA, limita-se aos bens que assegurem a integral reparação do dano, ou sobre o
acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito, ainda que tais bens hajam sido
adquiridos antes dos alegados atos de improbidade (STJ: AGRMC 11.139, DJ 27.03.2006,
REsp 439.918, DJ 12.12.2005). Assim, deve ser indicado na petição inicial o valor do dano
ou acréscimo patrimonial ilícito.
Quanto à indisponibilidade de bens, dos acórdãos do STJ que pesquisei, dois
merecem ser citados:
STF
Plenário
Improbidade Administrativa e Competência - 5
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
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