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Resumo
Nesse trabalho foram analisadas, através do programa computacional SAP2000, a
distribuição das tensões principais que dão início a formação do cone de ruptura da
punção em uma laje lisa, apoiado em pilares com diferentes retangularidades (C1/C2 =1,
C1/C2=4 e C1/C2=8). Verificou-se que as ligações laje-pilar com alta retangularidade
concentram as maiores tensões principais nas extremidades do pilar, criando um cone de
ruptura que é completamente diferente do modelo recomendado pela ABNT
NBR6118:2003 e esse fenômeno é agravado quando influenciado pelo momento
desbalanceado.
Palavra-Chave: Punção, Laje Lisa
Abstract
That work has analysed, by computer program Sap 2000, the distribution of principal
stresses which begin the formation of punching cone in a flat slab on the columns with
differents retangularity ratio (c1/c2 =1, c1/c2=4 e c1/c2=8). It was realized that slabs with
high retangularity ratio have high stresses in the ends of columns, making an irregular
punching cone, it is completely different of what ABNT NBR6118(2003) recommends and
it is agraved when there is unbalanced moment in the slab.
1 Introdução
A punção é uma ruína causada por cisalhamento que ocorre nas regiões próximas a
forças concentradas ou em pequenas áreas carregadas, como é o caso da ligação laje-
pilar, onde a reação do pilar causa a perfuração da laje. Esta forma de ruína se
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caracteriza pelo fato da laje romper formando um tronco de cone e outro fator importante
é o da armadura de flexão não atingir o seu limite de escoamento, provocando uma ruína
que não fornece qualquer aviso prévio, sendo portanto, uma ruína do tipo frágil.
Kinunnen & Nylander (1960) criaram um modelo mecânico para a ruptura da laje, sem
armadura transversal, por punção de pilar circular no qual a ruína ocorre a partir deste
com o deslocamento de um sólido interno (figura 1). Esse sólido tem a forma aproximada
de um tronco de cone, com a superfície inclinada entre 25º e 30º em relação ao plano da
laje. Na zona contígua ao tronco de cone, a laje é dividida em elementos rígidos iguais,
limitados pela superfície inclinada e por fissuras radiais. Cada elemento rígido produz um
trabalho decorrente da rotação em torno de um ponto chamado “centro de rotação” CR,
como mostra a (figura 2) Esse ponto é o limite entre dois estágios ideais de fissuração: as
fissuras que limitam a superfície inclinada, bem como as fissuras radiais, são formadas
antes da ruptura da laje, e a fissura localizada entre a periferia do pilar e o CR somente é
formada no instante da ruptura da laje. Eles mostraram que com o aumento das cargas na
laje, há o aumento das tensões principais e o aparecimento das fissuras radiais e fissuras
de puncionamento (fissuras tangenciais) criando um cone de punção. Porém, como o
modelo estudado por KINNUNEN e NYLANDER foi realizado em pilares circulares,
quando se tenta estender essa teoria para formas quadradas ou retangulares, a
formulação fica pouco confiável.
A ruptura por punção nem sempre ocorre de maneira simétrica como demonstraram
Kinnunen & Nylander. Pois quando o carregamento não é distribuído simetricamente
ocorre a transferência de momento fletor resultante, da laje para o pilar, na pratica isso é
devido a falta de simetria entre os espaçamento dos pilares. Esse momento
desbalanceado tende a aumento a tensão cisalhante sem que haja um acréscimo de
carga na laje.
2 Relevância da pesquisa
A motivação para realização dessa pesquisa veio porque mesmo alguns pesquisadores
mostrando experimentalmente que pilares paredes têm o fenômeno da punção diferente
do convencional, a ABNT NBR6118:2003 trata a punção de pilares quadrados ou pilares
paredes de maneira igual.
As pesquisas realizadas sobre as ligações de lajes com pilares retangulares ainda não
resultaram em um modelo de dimensionamento à punção capaz de satisfazer a todas as
perguntas e duvidas em relação a essas ligações. Embora algumas pesquisas
recomendem à inclusão de alguns parâmetros a norma para calculo de resistência a
punção.
MOE (1961) foi uns dos pioneiros em pesquisas experimentais sobre o assunto de
transferência de momento de uma laje lisa ao pilar. Em meio a sua extensa investigação
sobre lajes lisas, experimentou doze lajes de concreto variando apenas as
excentricidades dos momentos. Baseado em seus experimentos, concluiu que a seção
critica para o cisalhamento estava localizada diretamente adjacente ao perímetro do pilar.
Para conexões laje-pilar submetidas à combinações de cisalhamento e transferência de
4 Análise teórica-computacional
Nesse trabalho foram analisados 3 modelos de lajes apoiadas em pilares internos com a
relação C1/C2 (figura 03) de 1, 4 e 8. As lajes analisadas tinham altura de 20 cm, altura
útil média de 16,4 cm, resistência media à compressão do concreto de 49 MPa e taxa de
armadura a flexão de 0,65%. Todas as lajes tinham uma carga de reação de apoio no
pilar de 300 kN, variando apenas o momento desbalanceado com valores de 0kNm e
50kNm.
FSd
Sd (Equação 2)
ud
FSd K MSd1
Sd (Equação 3)
ud W p1 d
onde:
- Sd é a tensão solicitante de cálculo;
- FSd é a reação de apoio de cálculo, FSd = 1,4 FSk;
-u é o perímetro do contorno crítico C`, definido pela ABNT NBR 6118:2003 conforme
apresentado na figura 05. u = 2( a + b) + 4πd
dx d y
d
2
Obs.: como a norma não fornece valores de coeficientes k para relações de C1/C2
maiores que 3 (três), neste trabalho estes valores foram estimados.
20
100 f ck 3
1
Sd ,ef Rd 1 0,13 1 (Equação 4)
d
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Onde:
- Rd 1 é a tensão de cisalhamento resistente na superfície crítica C’
- d é a altura útil da laje;
- f ck é a resistência característica do concreto à compressão, em MPa;
- é a taxa de armadura de flexão aderente.
Nesse trabalho também foi sugerida uma maneira alternativa de cálculo da tensão
solicitante, onde se usa a mesma fórmula da ABNT NBR 6118:2003, mas utiliza um novo
contorno crítico sugerido (figura 07), que representaria melhor a tensão solicitante na hora
de uma possível ruptura por punção.
Figura 09 – Tensões principais no topo da laje lisa apoiada no pilar de 20 cm x 80 cm ,sem momento e com
momento, respectivamente– C1/C2 = 4
Como se verificou que pilares com a relação de retangularidade C1/C2 alta formaria o
cone de ruptura diferente do perímetro crítico sugerido pela norma ABNT NBR 6118:2003,
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entende-se que para esses pilares não seria racional calcular a tensão de cisalhamento
atuante utilizando o perímetro C’ sugerido pela ABNT NBR 6118:2003. Por esse motivo,
foram calculados as tensões resistentes, solicitantes segundo a ABNT NBR 6118:2003 e
solicitantes com o novo perímetro sugerido aqui, para as 3 lajes lisas com as 3 relações
de retangularidades (C1/C2) diferentes (Tabela 3).
Tabela 3 – Verificação das tensões resistentes e tensões solicitantes segundo a ABNT NBR6118:2003 e
segundo sugestão desse trabalho
20 cm x20 cm 0,6 8276,1 286,0884 286,0884 0,775142 0,89517 0,89517 1,72744 1,72744
20 cm x 80 cm 0,9 18658,6 406,0884 377,2884 0,775142 0,63064 0,67878 1,18438 1,23252
Podemos verificar que para os pilares com índice de retangularidade C1/C2 = 4 e C1/C2 =
8, sem a influencia do momento desbalanceado, não teria problemas com punção mesmo
quando utilizado o perímetro C’ sugerido.
6 Conclusão
Conforme as análises feitas no programa SAP2000, pode-se concluir que quando o pilar
aumenta o índice de retangularidade, as maiores tensões principais passam a se
concentrar nas extremidades do pilar, agravando o fenômeno quando influenciado pelo
momento desbalanceado, podendo causar o aparecimento de fissuras radiais e fissuras
tangenciais somente nas regiões de tensões principais máximas e, com isso, a formação
do cone de ruptura por punção inicia-se de maneira assimétrica, diferenciando-se do
modelo proposto pela ABNT NBR 6118:2003, quando recomenda a verificação em todo o
perímetro de controle.
Também, pode-se concluir que calcular as tensões solicitantes, para lajes lisas com
pilares paredes (C1/C2 = 8), utilizando o perímetro crítico sugerido nesse trabalho parece
mais racional.
O uso do perímetro de controle recomendado pela ABNT NBR 6118:2003 para lajes sobre
pilares com alto índice de retangularidade pode informar uma resistência irreal, ficando o
cálculo da laje contra a segurança, mas para comprovar isso é preciso uma confirmação
experimental.
Teng, S., Kuang, K. L., Cheong, H. K. 1999. Concrete Flat Plate Design – Findings of
Joint BCA-NTU. R&D Project, Singapure, 1999. 15 p.
MOE, J. (1961). Shearing strength of reinforced concrete slabs and footings under
concentrated loads. Bulletin D47. Portland Cement Association.