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1. PROBLEMÁTICA

A pesquisa será construída no contexto das greves de fome dos presos políticos,
ocorridas nos anos de 1975, 1977, 1978 e 1979. Nesse sentido, faz-se necessária uma
apresentação do percurso histórico sobre a conjuntura política relacionada ao funcionamento
da imprensa, naqueles anos do Regime Militar.
A Ditadura foi instaurada pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964. Um período
duramente marcado pelo autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição
policial e militar, prisão e tortura dos opositores e pela censura prévia aos meios de
comunicação.
Para tanto, foram criados inúmeros órgãos de segurança e informações. O principal era
o DOI-CODI (Departamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa
Interna), órgão que executava ações repressivas armadas julgadas necessárias pelos órgãos de
informações. No campo civil, também existia o Serviço Nacional de Informação (SNI) que
atuava por meio da Agência Central, em Brasília, e nos demais estados através da Assessoria
de Segurança e Informações (MARCONI,1980, p. 28-30).
A prática jornalística foi diretamente atingida por esse aparato repressivo. Primeiro,
pela Lei de Imprensa, instituída em 1967, que impedia qualquer jornal ou revista de ter
propaganda de guerra, promover incitamento à subversão da ordem pública e social e ofender
a moral pública e os bons costumes (MARCONI, 1980, p.33).
Com a implementação do Ato Institucional nº 5 (AI-5) acentuou-se ainda mais o
caráter ditatorial do governo militar. Com ele, o Congresso Nacional e as Assembléias
Legislativas estaduais foram colocados em recesso, e o presidente passou a ter plenos poderes
para cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e
outros funcionários públicos, suspender o habeas corpus em crimes contra a segurança
nacional, legislar por decreto, julgar crimes políticos em tribunais militares, dentre outras
medidas autoritárias. Paralelamente, nos porões do regime, generalizava-se o uso da tortura,
do assassinato e de outros desmandos. Tudo em nome da ideologia de segurança nacional.
O principal meio de repressão ao exercício democrático da comunicação foi a censura
prévia. Toda a produção do jornalista tinha que ser submetida a uma análise prévia do
governo que modificava o conteúdo da matéria, retirava trechos dela ou até mesmo impedia
sua publicação. Nas redações dos jornais, era comum a presença dos censores. Além disso,
alguns assuntos eram explicitamente proibidos de serem abordados ou divulgados pelos
órgãos de comunicação do país (SMITH, 2000, p. 95).
5

Segundo Anne-Marie Smith (2000, p. 78) havia, também, amplas oportunidades para
interferência do Estado nas finanças da imprensa: suspender a publicidade, negar empréstimos
pelos bancos oficiais, recusar licenças de importações de equipamentos ou papel de imprensa
ou confisco de tiragens. Essa estratégia foi adotada a fim de ocultar as intenções do regime e
encobrir seus pontos fracos no que dizia respeito à legitimidade – tão cuidadosamente
“defendida” no discurso da Ditadura, mas não na prática.
No Recife, mesmo antes do Estado Novo e do Regime Militar os profissionais da
imprensa já sofriam censura que, em alguns governos, se configurava como uma atividade de
rotina. O assassinato, em 1913, a pauladas, do jornalista do Pernambuco 1 Trajano Chacon,
em frente ao teatro Helvécio, foi um exemplo. Ele foi morto possivelmente pelas divergências
que o fizeram renunciar a um cargo no governo de Dantas Barreto, assim como por questionar
sua administração em artigos opinativos (Grego, 2005, p.2).
O aparato policial, observa Grego (2005, p.2), originalmente destinado à segurança da
população, era - mesmo em períodos de não exceção -, muitas vezes, usado como segurança
particular dos governantes e repressores da atividade jornalística.
Os tradicionais jornais pernambucanos não tinham o histórico de oposição, a exemplo
do Jornal do Commercio e do Diário de Pernambuco. No entanto, também viveram sob
censura. Diferentemente de outros períodos de perseguição aos jornais, durante a Ditadura
Militar, todos os jornais, opositores ou não, sofriam violentas interdições (Grego, 2005, p.9).
Em 15 de março de 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a presidência. Esse
governo foi marcado, desde o seu início, pelo processo denominado pelo próprio presidente
como o de distensão lenta, gradual e segura, com vistas à reimplantação do sistema
democrático no país. O binômio desenvolvimento e segurança, formulado pela Escola
Superior de Guerra (ESG), foi mantido durante o seu governo, caracterizado pela convivência
entre uma política de tendência liberalizante e a atuação dos órgãos de segurança implantados
após o golpe militar de 1964.
Nas eleições de 1974, o crescimento das oposições mostrou-se patente. Um exemplo
foi o surgimento do chamado grupo autêntico, uma ala de oposição do MDB (hoje, PMDB).
Os Autênticos foram os responsáveis pelas críticas mais duras aos militares feitas na Câmara
Federal e, muitas vezes, em ações que desagradavam o próprio MDB. O partido tinha 78
parlamentares e apenas 23 integravam o grupo. Eles denunciaram torturas e prisões,
questionaram a política econômica e foram os primeiros a falar sobre constituinte. Esse grupo
atuava sob o risco de ser cassado a qualquer momento, e, de fato, muitos perderam o mandato.
1
Jornal fundado em 1908 e extinto em dezembro de 1914.
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Em troca, em 24 de junho de 1976, o governo promulgou a Lei Falcão, que impedia o


debate político nos meios de comunicação, particularmente no rádio e na televisão.
No ano anterior, em julho de 1975, irrompeu a primeira greve de fome dos presos
políticos na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá (PE). Essa greve, como
outras realizadas nos demais estados desde 1970, são parte da história política brasileira,
sendo episódios bastante relevantes porque representavam resistência à ditadura e uma
denúncia, levada às últimas conseqüências, contra a violação dos direitos humanos. Segundo
o jornalista Marcelo Mário de Melo2, a greve de fome foi “o único instrumento de que
dispomos para quebrar o circulo vicioso, é o único instrumento que se apresenta quando todas
as formas e todos os prazos são vencidos.” (MELO, s/d)
A greve de 1975 durou 15 dias. Os presos protestavam por melhoria das condições
carcerárias, contra as arbitrariedades policiais e pela quebra do isolamento a que estavam
submetidos as pessoas levadas para quartéis. De acordo com Melo os grandes jornais do
estado, como o Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio, não noticiaram o fato.
No mesmo ano, em outubro, mais uma vez, os presos entraram em greve de fome,
desta vez, por 25 dias. Somados aos motivos da primeira greve, os presos também
reivindicavam a volta daqueles transferidos para os quartéis e a cessação do isolamento,
dentro do próprio presídio, de dois presos políticos (Rholine Sonde e Carlos Alberto Soares)
condenados à prisão perpétua (FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO,1999).
Nomeados terroristas, os presos políticos eram, desde o início da ditadura, tidos como
assassinos. Em 1971, por exemplo, foi morto o preso político Amaro Luis de Carvalho, mais
conhecido como Capivara. Segundo Melo:

[...] O laudo médico constatou envenenamento. Antes que a perícia técnica chegasse, a barraca
onde se encontrava Capivara foi destroçada e queimada por membros da administração da
Penitenciario. Paralelamente, aproveitando-se o clima de maior repressão e terror montou-se
uma ardilosa campanha publicitária que acusava os presos políticos da autoria do crime.
Ficavam assim acobertados os verdadeiros assassinos, mandantes e executores. Na
impossibilidade de fazer constar um único preso político no réu dos indiciados, a solução
encontrada foi o engavetamento do processo (MELO, s/d).

Em abril de 1976, os presos políticos repudiaram, por meio de uma carta 3 ao auditor da
1ª Circunscrição Judiciária Militar, as sessões de tortura acometidas aos presos políticos
Cláudio de Souza Ribeiro, José Calistrato Cardoso, José Emilson Ribeiro e José Adeildo
Ramos (MELO, 1976).
2
Ex preso político que participou das greves de fome, na Penitenciaria Professor Barreto Campelo (Itamaracá -
PE), nos anos de 1975, 1977 e 1978.
3
Carta escrita, na Penitenciária Professor Barreto Campelo (Itamaracá-PE), em 1976.
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Em 1977, os presos políticos de Itamaracá passaram 17 dias em greve de fome. Eles


reivindicavam o fim do isolamento carcerário de Carlos Alberto Soares e Rholine Sonde
Cavalcante. Além disso, protestavam contra a censura à leitura, às torturas a que os presos
comuns eram submetidos e à revista imoral e humilhante a qual eram obrigados a passar os
familiares em visita aos presos políticos.
A cobertura jornalística, nessa greve de 1977, já se mostrava mais flexível quanto à
censura e, portanto, apareceram diferentes abordagens dos fatos. Em matéria publicada no
Diario de Pernambuco, no dia 11 de novembro do mesmo ano, intitulada “Situação de presos
melhora”, foi incluída uma denúncia do presidente do Comitê Executivo Internacional da
Anistia Internacional, Thomas Hammaberg, acerca da violação dos direitos humanos no trato
com os presos políticos pelos oficiais do governo. De acordo com a matéria, Hammaberg teria
dito que:

As leis brasileiras não estão alinhadas com os estatutos básicos internacionais. Aqui se viola
legalmente a declaração dos direitos do homem, de 1948, e a convenção internacional de
direitos políticos e civis, de 1466. Uma das armas básicas contra a ditadura é o hábeas corpus,
que nem mesmo existe para os brasileiros (HAMMABERG citado em SITUAÇÃO DE
PRESOS MELHORA, 1977).

Isso mostra que o Diario de Pernambuco começava a deixar transparecer, em seu


discurso, uma abertura na abordagem dos fatos, já que trazia uma fonte da Anistia
Internacional.
A greve de fome, entre abril e maio de 1978, foi novamente pela quebra do isolamento
de Rholine Sonde Cavalcante e Carlos Alberto Soares. Seguiu-se uma sucessão de greves de
fome de apoio e solidariedade aos presos de Itamaracá, da parte dos presos políticos dos
seguintes presídios: Frei Caneca (Rio); Bangu Feminino (Rio); Barro Branco (SP); Lemos de
Brito (Salvador-BA); Linhares (Juiz de Fora – MG), ou seja, em cinco estados, perfazendo o
total de 84 grevistas. A greve de fome dos presos de Itamaracá durou 27 dias, terminando em
10 de maio, quando também terminaram as demais greves de solidariedade (FUNDAÇÃO
PERSEU ABRAMO, 1999).
Já em clima de abertura política, em 1979, aconteceu a última greve. Iniciada em 22 de
julho, pelos presos políticos da Frei Caneca (Rio), e seguida pelos presos políticos dos
seguintes presídios: Itamaracá (Recife-PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), Penitenciaria
Feminina de São Paulo (Elza Menerat), Barro Branco (SP) e Lemos de Brito (Salvador-BA).
Essa ação foi chamada de Greve de Fome Nacional dos Presos Políticos em repúdio ao
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projeto governamental de Anistia Parcial e de apoio às lutas pela Anistia Ampla, Geral e
Irrestrita (FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1999).
Quando Figueiredo assumiu, em 1979, o país começou a acelerar o processo de
redemocratização. Foi decretada a Lei da Anistia que concedia o direito de retorno ao Brasil
para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos.
Aqui no Recife, jornais alternativos, como O Povão e o Folhetim Humorial, fundados nos
anos 80, entre tantos outros, foram perseguidos e censurados mesmo depois da anistia e da
suspensão oficial da censura.
Ao final da Ditadura, com a abertura política em 1985, havia apenas três jornais de
grande circulação em Recife: o Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e o Diário da
Manhã. Esse último entrou em declínio em meados dos anos 40, mas ressurgiu com nova
direção na década de 1960, apoiando a Ditadura Militar (Grego, 2005, p.8).
É importante destacar que o nosso objeto de estudo, as greves de fome, nesse contexto
em que foi implantada, mostra que essa forma de resistência à Ditadura resguardava uma
relação estreita com a mídia. Para que surtisse algum efeito junto à opinião pública e ao
governo era preciso uma projeção midiática do fato, principalmente pela condição de
isolamento social dos presos.
Além disso, a escolha pela análise das greves de fome se deve ao fato de terem
acontecido em diferentes momentos políticos da Ditadura Militar. Em 1975, quando ocorreu a
primeira greve, o Brasil saia de um período de barbárie e censura ferrenha aos meios de
comunicação (Governo Médice) para um governo que propunha uma abertura política e
econômica (Governo Geisel) que, no entanto, não foi suficiente para garantir autonomia total
aos meios de comunicação. Já a última greve, em 1979, culminou com a implantação da Lei
da Anistia, o que possibilitou uma cobertura jornalística que evidenciava o abrandamento da
censura.
O problema que se coloca, portanto, é como o discurso da mídia impressa em relação
às greves de fome realizada pelos presos políticos foi se modificando à medida que a censura
se abrandava.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


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Investigar como o discurso das notícias, sobre as greves de fome dos presos políticos,
dadas pelo Jornal do Commercio e pelo Diário de Pernambuco, foi se modificando à medida
que a censura se abrandava.

2.2 Objetivos Específicos

- Analisar o discurso jornalístico utilizado pelo Jornal do Commercio e pelo Diário de


Pernambuco nas matérias sobre as greves de fome nos anos de 1975, 1977, 1978 e 1979;

- Comparar as estratégias discursivas utilizadas pelo Diário de Pernambuco e pelo


Jornal do Commercio para noticiar as greves de fome.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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A fundamentação teórica aborda dois aspectos para embasar o trabalho: a linguagem e


o discurso jornalísticos e a produção noticiosa.
A linguagem é um centro em que se reúnem o eu e o mundo (GADAMER, 1988, p.
567). Deste modo o ser humano que pode ser compreendido, possui a linguagem como fator
imprescindível a essa interação social. Para que haja a comunicação verbal entre os
indivíduos, é necessária a utilização de uma língua, constituída por unidades significantes
distintivas.
De acordo com Adriano Duarte Rodrigues, (1990, p. 96) em nenhuma das outras
modalidades de comunicação (gestualidade, artes plásticas, música) encontramos algo de
semelhante ao papel que a linguagem (língua) desempenha na comunicação humana, pois
todas essas diferentes modalidades comunicativas são figuras assignificantes que só adquirem
valores expressivos quando analisadas em um todo. Já a comunicação verbal, pode ser
representada através da escrita, que possui um sistema significante dos seus elementos
constitutivos.
É a linguagem, uso da palavra escrita como meio de comunicação entre as pessoas,
que possibilita a expressão significativa do discurso jornalístico. Ainda segundo Rodrigues,
neste tipo de discurso, os acontecimentos são o referencial do que se fala, o efeito da realidade
da cadeia dos signos. Assim, uma das regras da prática jornalística é colocar os fatos acima da
opinião.
Deste modo, para o fazer jornalístico, quanto menos previsível for o fato, maior
probabilidade ele terá de se tornar notícia e assim se integrar ao discurso jornalístico, pois os
acontecimentos que são considerados jornalísticos, por intermédio da linguagem, são dignos
de serem registrados discursivamente, ou seja, a linguagem escrita é o produto empírico do
discurso.
O discurso do acontecimento é equivalente ao discurso jornalístico. Os critérios de
noticiabilidade dos fatos enfatizam a importância dos mesmos, dada pelo discurso.

É o próprio discurso do acontecimento que emerge como notável, a partir do momento em que
se torna dispositivo de visibilidade universal, assegurando assim a identificação e a notoriedade
do mundo (RODRIGUES, 1990, p.101).

Sendo assim, o autor afirma que o discurso não é uma mera representação das coisas, e
que, como tal, é passível de ser apreciado apenas em termos de adequação ou de não
adequação às coisas referenciadas. (RODRIGUES, 1990, p.103)
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Deste modo ao relatar um fato, os jornalistas produzem ao mesmo tempo um relato do


acontecimento e um novo acontecimento que vem integrar o mundo. Partindo deste princípio,
é bastante comum a idéia de que os jornalistas devem se limitar a tornar públicos os fatos
ocorridos e assim estão limitados a serem apenas os mediadores entre o discurso e os fatos.
A mídia tem no discurso a ferramenta básica para a elaboração do sentido. Nesta
perspectiva, o discurso midiático, pelo uso da função fática da linguagem, busca estabelecer
um vínculo entre emissor e receptor (FAUSTO NETO, 1995, p.503). É através dos contratos
de leitura que os diversos veículos da instituição midiática propõem ao seu público-alvo os
sentidos e interpretações de seu interesse.
É recorrente fazer distinção entre o que os jornalistas devem ou podem dizer no
exercício da profissão e o que dizem como opinião de especialistas exteriores à profissão.
Assim compete apenas aos especialistas de outros campos sociais a formulação de juízos de
valor e opinião sobre diversificados temas, enquanto que os jornalistas apenas relatam os
fatos.
Este comportamento que é esperado do jornalista se explica com o intuito de afirmar e
enrijecer os conceitos de credibilidade e legitimidade construídos pelos veículos de
comunicação. Devido a essas estratégias discursivas, o receptor parte do pressuposto de que o
jornalista é digno de confiança por presenciar os fatos e relatá-los com total imparcialidade,
eximindo, assim, o jornalista da construção dos acontecimentos.

A palavra informativa (do repórter) esteve tão intimamente ligada ao acontecimento, à própria
opacidade do ser presente (basta recordar algumas noites de barricadas), em que tudo aquilo
que estiver privado de sentido não pode ser percepcionado, a palavra era o próprio
acontecimento (RODRIGUES, 1990, p. 178).

Por serem constituídos por regimes de enunciação e pelo trabalho de produção


discursiva, os veículos de comunicação instituem o seu lugar e as suas posições, tendo um
papel ativo dentro de um dado contexto político, econômico, social e etc. (RODRIGUES,
2002, p.221). Todas as etapas do processo de produção noticiosa envolvem estratégias de
construção de sentido. O jornalista, do instante da apuração à seleção das palavras que usará
em seu texto, é influenciado pela sua subjetividade, bem como, regido pelas linhas editoriais
do veículo em que trabalha.
Assim, ganha relevância o conhecimento das representações simbólicas desenvolvidas
pela imprensa em um período de plena conturbação política. Devido à capacidade de
circulação por todo o tipo de discursos e de infiltração em outras práticas discursivas, o
discurso midiático possui características necessárias para exercer o seu papel de mediador
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entre os diversos campos sociais (RODRIGUES, 2002, p.219). Desse modo, com análise e
comparação da produção noticiosa no período da ditadura militar, este projeto visa
compreender o modo como eram usadas as diferentes estratégias discursivas na produção do
sentido e sua relação com os discursos de outras instituições sociais.
De acordo com Stuart Hall, existem três aspectos de produção social das notícias. O
primeiro é a organização burocrática das notícias por parte dos veículos onde as mesmas são
divididas ou selecionadas por setores que estruturam os jornais, como notícias políticas,
internacionais, nacionais, locais e etc.
O segundo aspecto é a estrutura de valores de notícia, que ordena a seleção e a posição
de determinadas notícias dentro destas categorias. Sendo assim, acontecimentos inesperados,
dramáticos ou trágicos, a vida de pessoas famosas, e fatos que evidenciam as características
humanas de humor (raiva, sentimentalismo), como um assassinato, estão dentro dos critérios
de noticiabilidade (HALL, 1999, p. 225). Além disto, o jornalista é quem decide o que é
notícia e o que interessa aos leitores. “A ideologia profissional do que constitui boas notícias
– o sentido de valor-notícia do jornalista – começa a estruturar o processo” (HALL, 1999,
p.224-225).
O terceiro aspecto da produção social das notícias é a construção da própria notícia, na
qual os jornalistas avaliam o que pode ser compreensível ao seu público. A identificação e a
contextualização são um dos processos mais importantes, pois a partir delas os
acontecimentos são tornados significativos pelos jornalistas. Mesmo com estes três aspectos
pode-se constatar que todos os acontecimentos são potencialmente noticiáveis.
E através deles que os produtores de notícia pressupõem a garantia da reconciliação
das diferenças culturais entre os vários grupos de uma comunidade. Assim, quando os fatos
são definidos pelos jornalistas, eles são postos em enquadramentos de significado e
interpretação que implicam no entendimento consensual por parte dos receptores. Esses
enquadramentos de imagens e discursos fazem com que o público suponha pensar e saber da
sociedade, acreditar e defender a realidade simbólica.
Nas mais rotineiras estruturas de produção de notícias, os media reproduzem as
definições dos poderosos, sem estarem ao serviço deles (HALL, 1999, p. 228). Isso acontece
devido aos definidores primários, isto é, as fontes oficiais que fornecem a notícia, como as
assessorias de comunicação das instituições (com os press-releases). Esses definidores
primários ajudam os jornalistas na criação de notícias. “Sabe-se que produzem regularmente
acontecimentos importantes. Os tribunais, os campos desportivos e o parlamento fabricam
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mecanicamente notícias que são... assimiladas pela imprensa” (ROCK, citado por HALL.
1999, p.229).
Existem dois aspectos de produção jornalística que tem a ver com isso: as pressões
internas das práticas de trabalho constantes contra o relógio e as exigências profissionais de
imparcialidade e objetividade. As constantes pressões do deadline, os problemas de
distribuição de recursos e a calendarização de trabalho nos jornais são aliviados com as
sugestões de pauta que as assessorias enviam. Já as noções de imparcialidade e objetividade
ajudam os jornalistas a terem um exagerado acesso a posições privilegiadas dentro das
instituições.
Dessa forma, os jornalistas tendem a reproduzir simbolicamente a estrutura de poder
existente na ordem institucional da sociedade. “O resultado desta preferência estruturada dada
pelos media às opiniões dos poderosos é que estes porta-vozes se transformam no que se
apelida de definidores primários de tópicos.” (HALL, 1999, p. 229)

Os media, então, não se limitam a criar as notícias; nem se limitam a transmitir a ideologia da
classe dirigente num figurino conspiratório. Na verdade, sugerimos que, num senso crítico, os
media não são freqüentemente os primary definers de acontecimentos noticiosos; mas a sua
relação estruturada com o poder tem o efeito de os fazer representar não um papel crucial mas
secundário, ao reproduzir as definições daqueles que têm acesso privilegiado, como de direito,
aos media como fontes acreditadas. Nesta perspectiva, no momento de produção jornalística,
os media colocam-se numa posição de subordinação estruturada aos primary definers (HALL.
1999, p. 230).

Segundo esta perspectiva, é deste modo que se dá a produção noticiosa, ligada às


relações de poder, entre os detentores do poder e os jornalistas. Tomando o período da
ditadura militar no Recife, que este trabalho visa analisar, os definidores primários são
elementos destacados. Esta relação estruturada de poder, entre os jornalistas e as fontes
oficiais (os ditadores) delimita o discurso utilizado pelos jornais da época. Era fácil encontrar
nos periódicos locais acusações discursivas, nas quais os repórteres eram denominados
terroristas ou assassinos por haverem sido presos, pelo fato de se posicionarem contra o
regime. Isso ratifica as afirmações marxistas de que em qualquer época as idéias dominantes
são idéias da classe dominante. Na década de 60 as idéias dominantes eram a dos governantes
ditadores. “Os que governam, governam também através das idéias; deste modo, governam
com a aprovação das classes subordinadas, e não principalmente através da sua manifesta
coerção”. (HALL, 1999, p.231)
Com a censura, periódicos locais como o Jornal do Commercio e o Diário de
Pernambuco veiculavam apenas as versões oficiais (do governo militar) sobre os fatos. Deste
modo, as notícias sobre os acontecimentos possuíam versões construídas pelo regime
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governamental. Neste período histórico os jornalistas eram obrigados a reproduzir


simbolicamente a opinião do regime, caso “desobedecessem” escrevendo matérias contrárias
àquela ideologia, podiam ser presos ou torturados. Entretanto a chance disto acontecer era
muito pequena, pois havia censura prévia aos textos publicados. Muitos jornalistas, para
denunciarem os porões e as atrocidades do regime, criaram jornais alternativos, e neles
escreviam com pseudônimos para não serem identificados. Já outros jornais alternativos
visavam apenas fazer oposição ao sistema governamental, porém esses periódicos tiveram
vida curta 4.
Estes jornais foram as únicas estratégias para burlar as versões oficiais dos fatos, visto
que nos jornais locais da grande imprensa predominavam os conteúdos simbólicos emitidos
pelos definidores primários (os governantes militares). Deste modo, adota-se a perspectiva
teórica de que os jornalistas possuem um papel secundário ao reproduzir as definições
daqueles que tem acesso privilegiado ou delimitam os fatos.

4. HIPÓTESES

- As matérias da cobertura jornalística do Jornal do Commercio e do Diário de Pernambuco


sobre a primeira greve de fome em 1975, no período pós-Governo Médice, reflete
4
A exemplo de jornais como: Folhetim Humorial, que foi fundado em 1980, mas só durou 4 meses . E do jornal O Povão que também foi
fundado em 1980, mas durou até meados de 1981 (GREGO, 2005, p.8).
15

prioritariamente o discurso da fonte oficial, o que indica a manipulação do conteúdo


simbólico pelo Governo Militar.

- Com a política de abertura implementada mais efetivamente no Governo de Figueiredo, as


greves de fome de 1978 e 1979 tiveram outras versões, que não a oficial, na cobertura
jornalística do Jornal do Commercio e do Diário de Pernambuco.
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5. METODOLOGIA

Dentre os diversos modos legitimados pela ciência para a efetivação de uma


pesquisa que tenha a linguagem como foco de seu objeto de estudo, trazemos para este
projeto a Análise de Discurso (A.D.). A fim de justificar a A.D. como método para
realização do seguinte trabalho, primeiramente conceituaremos o discurso. Toda
linguagem é dialógica. Tal dialogismo, inerente ao discurso, pode ser pensado sob dois
aspectos; a relação entre os diversos discursos e a relação entre os sujeitos. A primeira
nos remete à interdiscursividade, como base para produção do sentido e a segunda diz
respeito à intersubjetividade – o discurso não existe por si mesmo, ele só existe em um
espaço entre sujeitos (BAKHTIN, 1979; 1981, in BENETTI, Márcia. 2007 p.107-108).
Tendo em vista estas duas relações intrínsecas à linguagem, identificamos na
análise discursiva das coberturas das greves de fome de presos políticos, no Recife,
durante o período do regime militar, o modo mais adequado para efetivação deste
trabalho. O seguinte projeto de pesquisa tem como objetivo analisar a forma como tais
greves foram abordadas pelos jornais impressos recifenses, a fim de identificar as
diferentes estratégias discursivas utilizadas na produção do sentido. A pesquisa visa,
também, compreender a relação entre o discurso militar, versão oficial, e o discurso
jornalístico, ou seja, como eram veiculadas as versões oficiais em cada jornal escolhido
para estudo neste projeto.
Destarte, temos como base da metodologia aplicada no seguinte trabalho, o
método do estudo de caso. O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente
utilizada que consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de
maneira que permita um amplo e detalhado conhecimento (YIN, Robert K. 2005, in
BENETTI, Márcia. 2007 p.204). Adotando este conceito para a realidade deste projeto,
apontamos como objeto a ser estudado, a produção noticiosa dos veículos impressos do
Recife acerca das já referidas greves de fome.
Dentro desta perspectiva, serão adotadas as análises preliminares dos objetos de
estudo selecionados. Estes primeiros contatos empíricos, procedimentos intrínsecos ao
estudo de caso, ganham relevância para o nosso projeto, por serem de fundamental
importância para a revisão da bibliografia e para o encaminhamento mais adequado aos
objetivos do trabalho.
A pesquisa de campo, presente no estudo de caso, também justifica a escolha do
método. Dentro do Protocolo do Estudo de Caso, etapa inicial do nosso trabalho, será
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estabelecido um roteiro com as delimitações necessárias à realização do projeto. Estas


delimitações referem-se à definição do período, às técnicas de coleta de dados, e, em
suma, a toda conduta que deverá ser adotada. Para este projeto, a pesquisa de campo
empregada será o modelo de simples observação, por não estarmos participando da
construção do objeto analisado.

Delineamento da pesquisa

O projeto de pesquisa proposto realizará uma análise comparativa e qualitativa da


cobertura feita por jornais impressos do Recife acerca das greves de fome realizadas por
presos políticos nos anos de 1974, 1975, 1977, 1978 e 1979, nesta cidade. O estudo de
caso da cobertura das greves, portanto, na medida em que pode revelar a mudança do
discurso jornalístico em períodos de censura mais severa e no período de abertura
política, será o instrumento metodológico utilizado nessa pesquisa. Assim serão
analisados os discursos empregados nas coberturas feitas pelo Jornal do Commercio e
pelo Diario de Pernambuco.

Coleta de dados

Fica estabelecido no protocolo de estudo de caso, que as informações necessárias


a este trabalho, serão coletadas com a realização de uma pesquisa de campo, composta
pela observação e análise do que foi veiculado pelo Jornal do Commercio e pelo Diario
de Pernambuco, na época delimitada no projeto, sobre as greves de fome no Recife.
Também serão realizadas entrevistas com presos políticos e jornalistas que estiveram
direta ou indiretamente envolvidos com as greves.

Definição da amostra

A definição de entrevistas com presos políticos e com jornalistas foi feita com
base no argumento de que estas pessoas viveram o conturbado momento social e político
abordado nesta pesquisa. Os jornalistas vivenciaram as dificuldades encontradas para a
realização de seu trabalho. Conhecem os obstáculos da produção noticiosa num contexto
de repressão e censura política. Do outro lado, os presos políticos são testemunhas diretas
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e fundamentais do nosso objeto de estudo. Os depoimentos dessas testemunhas podem


revelar divergências ou convergências entre o que foi veiculado nos jornais impressos e a
versão dos grevistas. Podem ainda somar ao trabalho informações referentes ao modo
como as greves foram articuladas e os efeitos que estas produziram para a produção
noticiosa recifense da época. É importante destacar aqui as possíveis falhas decorrentes
do processo memória-relato histórico. Sentimentos e emoções naturais de quem viveu um
momento tão delicado como a ditadura militar, aliados à distancia cronológica dos fatos,
podem resultar em distorções, como a acentuação de heroísmos, que, em hipótese alguma,
podem ser consideradas para este projeto de pesquisa.
19

6. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
20

7. ORÇAMENTO

JUL AGO SET OUT NOV DEZ


DURA X X X X X X X X
ÇÃO
DE
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S
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TÓRIO
21

8. BIBLIOGRAFIA

FAUSTO NETO, Antonio. O impeachment da televisão: como se cassa um presidente. Rio


de janeiro: Diadorim, 1995
MATERIAL/SERVIÇOS QUANTIDADE VALOR VALOR
UNITÁRIO
CARTUCHO DE 4 R$ 10,75 R$ 43,00
TINTA
RESMA DE PAPEL 2 R$ 3,50 R$ 27,00
CANETA BIC 8 R$ 0,50 R$ 4,00
GRAVADOR 2 R$ 200 R$ 400,00
FITA 8 R$ 1,00 R$ 8,00
PILHA 10 R$ 4,50 R$ 45,00
XERÓX 200 R$ 0,06 R$ 12,00
TRANSPORTE / VALE 2X por semana/ R$ 0,85 R$ 136,00
A durante 2 meses
ALIMENTAÇÃO 2X por semana/ R$ 5,00 R$ 400,00
durante 2 meses
TOTAL R$ 1075,00

______________. Telejornais e a produção da política: estratégias discursivas e as eleições


presidenciais de 1994. In: PORTO, Sérgio. O jornal: da forma ao sentido. Brasília; UNB,
2002. p. 499-523.

FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO. Relação das principais greves de fome. 1999.


Disponível em: <http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1859>
Acesso em: 29 de maio, 2008.

GADAMER, Hans-Georg. Verdad y Metodo. Salamanca: Sígueme, 1988. p. 567.

GREGO, Aline. A Imprensa recifense e a luta contra os regimes de exceção no século XX.
2005. Disponível em: < http://64.233.169.104/search?
q=cache:c7oqGWVtolUJ:www.redealcar.jornalismo.ufsc.br/cd4/impressa/a_lins.doc+
%22folha+do+povo%22+%2B+%22a+hora%22+%2B+ditadura+militar&hl=pt-
BR&ct=clnk&cd=1&gl=br&client=firefox-a> Acesso em: 29 de maio, 2008.

HALL, Stuart. A produção social das notícias: O mugging nos media. In: TRAQUINA,
Nelson. Jornalismo: Questões, Teorias e Estórias. Lisboa; Vega, 1999. 224-248.

LAGO, Cláudia; BENETTI, Márcia. Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petrópolis:


Vozes, 2007.
22

MARCONI, Paolo. A Censura política na imprensa brasileira: 1968 - 1978. São Paulo:
Global, 1980. 312 p.

MELO, Marcelo Mário de. Breve esboço das dificuldades vivenciadas pelos presos
políticos de Itamaracá. Anotações pessoais. s/d.

RODRIGUES, Adriano Duarte. Estratégias da Comunicação: Questão Comunicacional e


formas de sociabilidade. Lisboa: Presença, 1990.

RODRIGUES, Adriano Duarte. Delimitação, Natureza e Funções do Discurso Midiático In:


PORTO, Sérgio. O jornal: da forma ao sentido. Brasília; UNB, 2002. p. 217-233

SITUAÇÃO DE PRESOS MELHORA. Diario de Pernambuco, Recife, 17 nov. 1977.

SMITH, Anne-marie. Um acordo forcado: O consentimento da imprensa a censura no


Brasil. 1. ed. Rio de janeiro: FGV, 2000. 262 p.
23

APÊNDICE A - ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Ex-Presos Políticos

- De quais greves você participou?


- Como elas eram organizadas?
- Quais os propósitos das greves?
- Por que utilizar a estratégia da greve de fome?
- Quais outras estratégias de reivindicação foram utilizadas?
- Como vocês conseguiram articular as greves em vários estados ao mesmo tempo?
- Como vocês faziam para suportar os dias de privação de comida?
- O que vocês conseguiram com as greves de fome?
- Como você via a relação da mídia com vocês, no período das greves de fome?
24

APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA

Jornalistas

- Como a censura interferia na produção da notícia?


- Quais os mecanismos que vocês encontravam para driblar a censura?
- Como vocês ficavam sabendo das greves?
- Como era a apuração dos fatos? Podia entrevistar os presos políticos?
- Além do governo, quais outras fontes eram ouvidas?
- Quais greves de fome você cobriu?
- Como eram feitas as coberturas das greves de fome?
- Houve diferença do que podia ser noticiados em relação às diferentes greves de fome?
25

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
DISCIPLINA DE PESQUISA EM COMUNICAÇÃO

PROJETO DE PESQUISA

Ana Elizabeth Oliveira


Anamaria Lima
Carolina Albuquerque
Luiz Manghi
Yuri Queiroz

Recife
2008
26

PROJETO DE PESQUISA

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de


Jornalismo da Universidade Católica de
Pernambuco como requisito à obtenção de nota
do segundo GQ pela disciplina de Pesquisa em
Comunicação.

Professora:
Paula Reis

Recife
2008
27

SUMÁRIO

1 PROBLEMÁTICA.......................................................................................................04
2 OBJETIVOS.................................................................................................................09
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................10
4 HIPÓTESES.................................................................................................................15
5 METODOLOGIA.........................................................................................................16
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO............................................................................19
7 ORÇAMENTO.............................................................................................................20
8 BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................21
9 APENDICE A – Roteiro para Entrevista.....................................................................23
10 APENDICE B............................................................................................................24
28

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