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15º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia - À n… medicina veterinária no renascimento europeu e no século das luzes 29/03/18 11)36

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À noite, todos os gatos são pardos: os discursos de origem da medicina veterinária no renascimento europeu e no
século das luzes

À noite, todos os gatos são pardos: os discursos de origem da medicina veterinária no renascimento
europeu e no século das luzes - (Marcelo Henrique Nogueira Diana (Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Catarinense))
O período histórico conhecido como renascimento europeu deu cenário para uma das principais polêmicas intelectuais entre
cientistas, médicos e observadores interessados na ciência e na natureza humana. Esta polêmica dizia respeito à distinção,
ainda questionável no começo da época moderna, entre natureza humana e natureza animal. O entendimento de que
haveria dois tipos distintos de naturezas e de seres vivos no mundo foi fundamental na cultura científica dos séculos XVI e
XVII para qualificar a natureza humana como aquela dotada de sentimentos e de razão, colocando-a em contraposição à
natureza animal, desprovida de racionalidade e impassível aos sentimentos, como dor e sofrimento. Conceituando o humano
como ser vivo racional e sensível, a medicina humana estaria vinculada em seu desenvolvimento científico a esses valores,
garantindo autoridade em relação a eles como uma ciência racional da vida sensível. De outro modo, o aparecimento da
medicina veterinária, enquanto discurso científico, somente poderia se dar no contexto em que a concepção de natureza
animal pudesse se associar, também, em relação àqueles aspectos valorizados da natureza humana. Durante o século XVIII
e meados do XIX, a medicina veterinária ainda buscava a sua fonte de legitimidade científica nas formulações sobre o “ser
vivo” produzidas pela medicina humana. O trabalho em pranchas, a descrição fisiológica pormenorizada, bem como a busca
por estímulos sensíveis aproximavam cientificamente a natureza animal das bases essenciais da natureza humana. O
reconhecimento como discurso científico autônomo viria, no entanto, com a biologia comparada e os estudos de
microbiologia, nos quais a medicina veterinária construía para si um universo discursivo relativamente autônomo, com
autoridade, objetos e procedimentos específicos e distintos aos da medicina humana. Nesta comunicação, pretendemos fazer
uma apresentação provisória dessa narrativa “progressista” da medicina veterinária, colocada enquanto campo da ciência
racional da vida animal, detectando aí as falhas presentes na sua aparente consistência evolutiva – há implícita a ideia de
que a fisiologia humana estaria na justificativa virtual para os seus estudos de biologia –; bem como propomos uma
abordagem social, no que deixa ver o estatuto científico da medicina veterinária junto a uma demanda social e política,
colocada no século XIX, em função de epidemias e da necessidade agrícola de abastecimento de centros urbanos, em
contexto que ensejou a procura por cientistas e médicos treinados para a atuação direta sobre a saúde animal, então,
tomada como tema de saúde pública. A hipótese de leitura que se coloca em exame aqui é a de que, não obstante
caracterizada como uma ciência autônoma na segunda metade do século XIX, a medicina veterinária ainda retirava neste
contexto as suas bases discursivas científicas apoiada em valores preconcebidos pela medicina humana de, ao menos, dois
séculos anteriores.

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