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Revista da SBEnBio - Número 9 - 2016 VI Enebio e VIII Erebio Regional 3

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA O ENSINO DE


BIOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pollyana Viana Lyra (Departamento de Biologia - UEM)


Vitor Hugo Maruchi (Departamento de Biologia - UEM)

RESUMO: O estágio é um momento de ressignificação e aplicação prática dos saberes


específicos aprendidos na graduação. Oportuniza ao docente em formação a observação, a
pesquisa, o planejamento, a execução, a avaliação de diferentes atividades pedagógica e a
troca de experiências importantes para a construção de um caráter crítico. Neste sentido, o
presente artigo reúne aspectos observados durante o Estágio de Docência em Biologia,
realizado por alunos do curso de Ciências Biológicas, da UEM. Além dos relatos das
dificuldades quanto à autonomia do estagiário, são destacados os imprevistos ocorridos que
remetem à estrutura física do colégio e formas alternativas utilizadas para tentar contorna-los.
Por fim, ressalta-se a importância do Estágio para o desenvolvimento dos futuros Professores.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado; Formação Inicial; Biologia.

INTRODUÇÃO:
Nos cursos de licenciatura, os estágios supervisionados estão vinculados ao
componente curricular Prática de Ensino, tendo como objetivo o preparo do licenciado para o
exercício do magistério em determinada área de ensino ou disciplina do Ensino Fundamental
e do Ensino Médio (PICONEZ, 1991). Desta forma, o Estágio Supervisionado constitui um
momento de aquisição e aprimoramento de conhecimentos e de habilidades essenciais ao
exercício profissional com a finalidade de integrar teoria e prática. Essa relação tem
importante papel na formação do professor, pois orienta a formação do conceito de unidade,
ou seja, da teoria e prática relacionadas e não dissociadas (PICONEZ, 1991).
SegundoTardif (2002), o estágio supervisionado é uma das etapas mais importantes na
vida acadêmica dos licenciando; o mesmo está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) com o intuito de oportunizar ao aluno a observação, a pesquisa,
o planejamento, a execução, a avaliação de diferentes atividades pedagógica e uma
aproximação da teoria acadêmica com a prática em sala de aula.
O estágio supervisionado, como modalidade de formação docente inicial, possibilitará
a oportunidade de lidar com a realidade da escola, permitindo, assim, uma leitura mais ampla
e crítica de diferentes demandas sociais com base na experiência direta com a sala de aula e a

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escola. Deve ser um período de desenvolvimento de habilidades e de aprendizados, como,


também, a formação de cidadãos conscientes de seu papel social. O processo de
conscientização inicia-se com o descobrir da realidade, tornando-se completo quando existe
uma unidade dinâmica e dialética entre a prática do descobrir da realidade e a pratica da
transformação da realidade. (PICONEZ, 1991)
Além das diferentes demandas sociais, têm-se as constantes mudanças nos meios de
comunicação, nas tecnologias e nas metodologias de ensino; com essas transformações, faz-se
necessário um profissional da educação diferente, com uma prática reflexiva e o estágio
proporcionará ao licenciando a primeira noção do mundo no meio educacional (SCALABRIN
& MOLINARI, 2013).
O Estágio Supervisionado é o momento em que professor e licenciando podem
conversar, discutir, refletir e argumentar sobre o dia-a-dia na escola. Podendo assim, ter uma
reflexão sobre a prática em uma formação continuada (SCALABRIN & MOLINARI, 2013) e
a prática da reflexão contribuí para o esclarecimento e o aprofundamento em relação à
dialética prática-teoria (PICONEZ, 1991). Portanto, é através de discussões sobre a prática
que acontecem as trocas de experiências, proporcionando ao professor uma reflexão sobre sua
prática pedagógica (SCALABRIN & MOLINARI, 2013). Corroborando com essa opinião,
Pimenta e Lima (2004) apontam que para o desenvolvimento do estágio, como uma atitude
investigativa, é necessário que haja envolvimento e reflexão sobre as intervenções na vida da
escola, dos professores, dos alunos e da sociedade em que esta inserida.
No processo de formação de professores, deve-se ter uma interação entre professor e
estagiário:
Compartilhar a maneira como trabalha, a forma como encaminha o trabalho,
são sugestões que somam à bagagem que o acadêmico está formando para
que possa desempenhar sua tarefa com mais segurança. Ser profissional da
educação requer um trabalho com objetividade: educar para incluir e elevar-
se socialmente, levando em consideração a complexidade de todas as formas
que nos rodeiam para conhecer e entender, para mudar com consciência este
mundo na qual nos encontramos inseridos. (SCALABRIN & MOLINARI,
2013, s/p).

Com base nessas ideias, o professor regente deve considerar a importância do coletivo,
da troca de experiências, auxiliando o estagiário na sua formação, pois desta maneira um pode
cooperar com o outro.
Além do Estágio Supervisionado Convencional, que abarca as modalidades ligadas à
prática de regência, na licenciatura tem-se também o Estágio não Convencional, que está
relacionado com atividades extraclasse, tais como oficinas e palestras e que também são

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indispensáveis, tanto para o licenciado quanto para os alunos da escola, tendo em vista que
esse tipo de atividade pode abordar temas que são de interesse dos alunos. Ademais,
possibilita uma aproximação do licenciado com os alunos, facilitando a comunicação entre os
mesmos.
Desta maneira, a prática de ensino na forma de Estágio de Docência com
acompanhamento e supervisão é um componente teórico-prático, com diferentes posturas
educacionais e uma dimensão real, material, social e prática, inserida no contexto da escola
brasileira. (PICONEZ, 1991)
Apesar desses apontamentos, algumas dificuldades são encontradas quando os alunos
em formação inicial deslocam-se para o terreno da prática pedagógica. Várias são as
condições de produção que confluem para os enfrentamentos na escola e para a tomada de
decisões nas relações professor-estagiário com professor regente, com alunos e com o
professor supervisor.
Diante do exposto, o presente trabalho visa relatar a importância que a disciplina de
Estágio de Docência em Biologia teve para a formação inicial e profissional de dois futuros
professores, apontando as facilidades e as dificuldades no campo interacional escola-
formação.

O CAMPO DO ESTÁGIO: IMPRESSÕES...


O Estágio de Docência em Biologia foi realizado em uma Escola central da cidade de
Maringá, com alunos do Ensino Médio, especialmente do 2º ano do período matutino. A
Escola atende tanto Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) como Ensino Médio (1º ao 3º ano) e,
além das séries convencionais, existem turmas com ênfase em cursos técnicos, como
Administração. Em termos físicos, a escola possibilitou a utilização de laboratórios, sala de
aulas com TV multimídia, biblioteca além de um amplo ambiente externo para aulas extra-
sala. Trabalhou-se com cerca de 35 alunos, de idades entre 16 e 18 anos sobre o tema
Botânica (Briófita, Pteridófita, Gimnosperma e Angiosperma), com enfoque em caracteres
evolutivos, morfológicos e reprodutivos. A regência ocorreu no período de Setembro a
Novembro de 2015. O Estágio de Docência no Ensino Médio acontece no 4º ano da
graduação de Ciências Biológicas, e a dinâmica utilizada para a realização do mesmo é a de
dupla assistindo dupla, ou seja, de 20h/a necessárias para o cumprimento do Estágio, cada um
da dupla precisa trabalhar 10h/a enquanto o outro assisti e vice-versa. Além disso, todo o
processo de observação, participação, planejamento deveriam ser elaborados juntamente com
a dupla.

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O primeiro ponto a se destacar nessa experiência com as demandas da disciplina de


Estágio foi com relação à ambientação diferente de tudo que já havíamos feito em outras
ambientações escolares ou de estágios anteriores. A pedido da professora supervisora e
responsável pela disciplina, fomos instruídos a fazer um relato do que o Colégio representava
para nós ou para os alunos. Ao contrário do encaminhamento formal onde dados sobre o
colégio, quantidade de alunos, professores, diretores, funcionários, tipo de estruturas e etc,
mensuramos aspectos mais simbólicos, culturais e interacionais da escola e fizemos uma
pequena representação, por meio de fotos – frente da Escola, vista que os alunos tem ao
saírem pelo portão, em que o foco era a Catedral de Maringá, principal ponto turístico da
cidade – e um texto, colocando-nos no lugar de qual seria o pensamento dos alunos perante
um dos maiores e mais bem conceituados colégios Maringá e quais as motivações dos alunos
para ir ao colégio, mesmo frente a tantas possibilidades mais “interessantes” pelas
proximidades. Nós, como acadêmicos de uma instituição pública e estudantes, com
escolarização vivida na maior parte em escola pública e da periferia durante o ensino médio,
fizemos uma reflexão de como seria se nós, agora estagiários deste colégio, tivéssemos
estudado ali: em uma escola com mais recursos, de ótima localização (no centro da cidade),
bons professores, dentre outras características. O aspecto econômico e localizacional são
condições de produção que incidem nas dinâmicas do dia a dia do colégio e nas relações
interpessoais e dentro de sala de aula. Isso tudo nos incentivou a dar o nosso melhor e nos
inspirou ainda mais para atender às expectativas dos alunos.
Após este primeiro contato com o colégio, por meio da ambientação e reuniões para
que nós conhecêssemos o corpo discente, iniciamos o estágio convencional, começando pelas
observações, que é importante para o estagiário realizar um diagnóstico da realidade escolar
(CAVATON, 2000).
Posteriormente, realizamos algumas aulas de participação, em que tivemos realmente
um primeiro contato com os alunos, e, por fim, as aulas de regência, que são momentos em
que o aluno/professor em formação desenvolve uma proposta de trabalho pedagógico
planejada, pesquisada e baseada no referencial teórico sólido sobre o tema escolhido pela
professora supervisora, porém, tomando suas próprias decisões sobre as formas de abordá-lo
com os alunos, onde não cabe a participação da professora titular da classe. De acordo com
vários pesquisadores da área de formação inicial, o estagiário deve desenvolver um trabalho
original, porém, para que isso seja possível, necessita-se que a escola e os educadores lhe
deem liberdade para agir conforme suas próprias concepções pedagógicas e lhe criem espaços
na rotina diária da sala de aula. (CAVATON, 2000).

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À primeira vista, consideramos os alunos “bagunceiros” e “indisciplinados”, baseados


nas poucas aulas que observamos a atuação da professora regente. Com o passar do tempo e
com a nossa aproximação dos alunos, percebemos que tanta "rebeldia" era devido às
atividades e a forma de trabalhar os conteúdos pela professora, pois embora o tema trabalhado
no momento fosse Parasitoses, o que permite uma série de correlações sociais e locais, o
enfoque nas explicações eram conteúdisticos, ou seja, as aulas eram sempre expositiva-
dialogadas e as atividades propostas eram simplesmente uma reprodução do que havia no
livro didático.
Os alunos, durante as nossas aulas, quando questionados, criavam uma linha de
raciocínio, mesmo sem ter pleno conhecimento sobre o conteúdo, o que tornou as aulas mais
agradáveis, pois eram muito participativos. Tivemos, sim, momentos de dispersão, mas
assumimos parte da culpa, pois percebíamos que eram em momentos em que a aula estava
tomando um rumo muito unidirecional e cansativo, sem muita interação professor-aluno ou
dinamismo na discussão do conteúdo.
Ainda sobre a participação dos alunos, percebemos que ao abordarmos o tema
Botânica de formas variadas, tais como a apresentação de imagens, vídeos, metodologia
investigativa – não levando respostas prontas e sim fazendo os alunos pensarem para a
construção do conhecimento, aulas práticas, saída de campo e linguagem mais próxima a dos
alunos realmente favoreceram uma melhor interação entre nós, estagiários, e os alunos.
Algo que também nos favoreceu foi que o conteúdo designado a nós para ser
trabalhado na regência era o mesmo que estávamos estudando na graduação, desta forma,
apresentávamos um bom domínio de conteúdo, porém, isso também não quer dizer que
sabíamos tudo, pois em algumas situações os alunos trouxeram algumas questões que não
havíamos estudado nem na graduação, mas mesmo assim buscávamos a resposta para os
questionamentos e levávamos aos alunos na próxima aula.
Além disso, como forma de interagir ainda mais com os alunos, criamos um grupo no
aplicativo WhatsApp (Disponível gratuitamente nas lojas de aplicativos de celulares) para
trocarmos ideias e discutirmos eventuais dúvidas que surgissem sem necessidade de esperar a
próxima aula para saná-las. Por meio deste, foi possível enviar fotos, vídeos, áudios e diversos
textos para que houvesse uma melhor compreensão do conteúdo por parte dos alunos e,
também, os alunos passaram a confiar mais em nós e no nosso trabalho como estagiários.
Durante a regência, propomos aos alunos várias atividades, tais como: pesquisas
bibliográficas acerca do conteúdo abordado, resolução de questões apresentadas no livro
didático e questões retiradas e adaptadas de vestibulares anteriores, relatórios de aula prática e

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de saída de campo para cumprimento da nota final para fechar o trimestre. A grande maioria
se comprometeu e realizou as atividades, entregando-as na data solicitada. Porém, como
ocorre na maioria das turmas, outra parte da turma não entregou as atividades,
comprometendo as notas ao final do trimestre.
Como cumprimento do estágio não convencional, realizamos a oficina com o tema:
Biologia Forense, que foi escolhido por nós por sabermos que é algo que interessa os alunos
devido as diversas séries de TV que são apresentadas com esse tema. O desafio foi discutir
com os alunos aspectos da biologia forense, em toda sua abrangência, de forma dinâmica e
participativa. Apresentamos, então, os conteúdos teóricos primeiramente, sendo dividido em
tópicos, tais como: entomologia; antropologia; toxicologia; biologia molecular; citologia e
tanatologia; que foram apresentados por meio de slides (PowerPoint), sendo que cada
estagiário ficou responsável por um tópico diferente. Ao final, para síntese do que foi
apresentado, propusemos uma elucidação de uma cena de crime, que continha uma vítima,
que estava representada por um dos estagiários que foi maquiado artisticamente com um
evidente hematoma na cabeça e marcas de enforcamento; a vítima também continha fios de
cabelos loiros e manchas de sangue falso nas mãos, além disso, devido a sua vestimenta,
aparentava estar em um dia de folga.
Para compor o cenário, haviam vários objetos, como: um copo com guaraná que
representava uísque; uma “bituca” de cigarro sobre um cinzeiro; um suporte de madeira para
cabides retirado de um guarda-roupa; um modem sobre a mesa, porém o seu cabo estava no
lixo; um brinco embaixo de um tapete de porta; várias revistas ensanguentadas sobre uma
mesa e, entre elas o testamento de seu pai.
Para desvendar o crime, algumas pistas foram fornecidas aos alunos, entre elas que a
vítima tinha um filho com sua ex-mulher, uma irmã e um cunhado como seus parentes mais
próximos e foi apresentado aos alunos as fotos de cada um deles. Os alunos foram divididos
em dois grupos, sendo que cada um tinha um representante que pôde utilizar uma luva para a
análise da cena do crime. A elucidação do crime foi utilizada como forma de avaliação para
termos um feedback do conteúdo que foi abordado durante a oficina. Em ambas as turmas
houveram várias hipóteses e discussões sobre o assassino e como foi o assassinato, o que nos
deu um bom retorno dos alunos.
Em suma, a parte prática realizada na disciplina de Estágio de Docência, foi baseada
em ambientação, observação, participação, regência e o estágio não convencional.

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DISCUSSÃO
A primeira impressão que tivemos sobre o Estágio Supervisionado é de que seria um
período de dificuldades devido, principalmente, ao contato inicial que tivemos com a escola.
Com a ambientação, entretanto, percebemos que a própria escola colocou uma barreira entre
os estagiários e a equipe pedagógica em geral, impondo uma relação de diferença que
desmerecia, de certa forma, o trabalho que realizaríamos na escola, ditando valores e regras
que deveríamos seguir para que ficasse claro que não fazíamos parte do corpo docente do
colégio, que éramos apenas estagiários, meros passageiros que merecíamos atenção e
paciências por não termos experiência, como: a todo momento, dentro do colégio, utilizar
jaleco, ao passo que os professores não tinham esta obrigação; não podíamos frequentar a sala
dos professores, com a desculpa de que o espaço era pequeno para tantos professores; dentre
outros aspectos. Devido ao curto tempo do estágio convencional, percebemos um
distanciamento entre nós e os alunos, ou seja, nós não nos sentíamos parte da escola/corpo
docente, em decorrência disto, a própria escola faz com que o estagiário perca a sua
autoridade em sala de aula, ditando inúmeras regras e mostrando aos alunos que os estagiários
estão ali simplesmente para cumprir o currículo e que são incapazes de realizar um bom
trabalho por ainda não serem formados, justamente por entender os estagiários como
prestadores de serviço.
Porém, com o decorrer das aulas de Estágio Supervisionado, passamos a conversar
mais sobre a dificuldade em ter uma maior interação entre o estagiário e o professor
supervisor da escola, pois sabemos que essa relação é de extrema importância para o
desenvolvimento das atividades na escola, já que o professor supervisor é o mediador dessas
atividades. O nosso relacionamento com a professora supervisora quando se tratava de
conversar sobre as atividades a serem desenvolvidas era bom, entretanto não tínhamos
feedbacks de como trabalhamos os conteúdos, em cada aula apresentada, e como poderíamos
fazer para melhorar, enquanto professores, o que dava a entender que a professora do colégio
estava mais preocupada com o conteúdo que trabalharíamos, ou não, com os alunos dela do
que com o nosso crescimento e aprendizado. Durante as aulas, a mesma, fazia muitas
interferências para tratar de outros assuntos com os alunos, tais como notas de recuperação e
trabalhos a serem entregues, além do mais, no decorrer das aulas nós fazíamos perguntas para
os alunos e, ao invés, de deixar os alunos pensarem para responder, a professora respondia ou
passava as respostas para eles. Ademais, houve períodos em que a professora questionou a
respeito do nosso conhecimento e domínio de conteúdo na frente dos alunos, o que, ao nosso
ver, não é o ideal a se fazer, pois isso tira totalmente a autonomia do estagiário em sala de

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aula. Segundo Cavaton (2000), no período de estágio o aluno (estagiário) deve exercer suas
atividades de acordo com suas próprias ideias, ou seja, tomando suas próprias decisões a
respeito da abordagem que fará dos conteúdos com os alunos. Sendo assim, o estágio é o
momento em que o licenciando irá praticar a autonomia em sala de aula, o domínio de
conteúdo e suas perspectivas de ensino. Embora Cavaton (2000) corrobore com esta ideia, na
vivência do estágio, percebeu-se que essa autonomia é relativa e ligada as condições de
produção em sala de aula.
No período de aula de Estágio Supervisionado, foram discutidos também textos que
nos proporcionassem um maior entendimento do que é ensinar e ser professor. Além de textos
que nos apresentassem diferentes perspectivas de ensino.
Para a construção do planejamento de unidade na perspectiva Histórico-crítica, sobre o
tema: Botânica (Briófitas, Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas), com enfoque em
CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade, alguns encontros na disciplina foram destinados para
que a professora orientadora esclarecesse as dúvidas que fossem surgindo, e isto foi de
extrema importância, pois o modelo de planejamento que foi proposto era novo para nós, e
não tínhamos muito conhecimento para realizá-lo. Após a elaboração do planejamento de
unidade, fez-se necessário um planejamento de cada aula, e encontros extraclasse com a
professora orientadora foram fundamentais, pois, devido a sua experiência, pôde contribuir
com inúmeras ideias para a construção de aulas teóricas, práticas, além da elaboração da
oficina.
Além das contribuições da professora orientadora para a construção do planejamento,
durante as nossas aulas na escola, quando presente, se atentava não somente em nos avaliar,
mas também para nos dar um feedback, onde nos mostrava os pontos positivos e os negativos
relacionados as nossas aulas, entretanto, esses apontamentos eram feitos de forma construtiva,
para não nos desmotivar, mas sim para que buscássemos formas de melhorar o nosso
desempenho em sala de aula, visando que seremos futuros professores. Esse feedback não
acontecia somente durante esses encontros com a professora orientadora, mas após cada aula,
nós discutíamos um com o outro (dupla de estagiários) sobre os pontos que achávamos
importantes sobre a aula de cada um, contribuindo assim para que cada aula pudesse ser
melhor do que a última. Durante o período de regência, eram realizadas discussões em sala de
aula na presença dos outros colegas de turma, onde cada dupla falava um pouco a respeito de
sua experiência em sala de aula e sobre suas principais dificuldades. Desta forma, todos
podiam contribuir com ideias e críticas construtivas para um melhor desenvolvimento do
estágio.

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Durante as aulas de regência, encontramos dificuldades em realizar aulas práticas, pois


o laboratório do colégio estava em reforma. Desta maneira, era difícil realizar atividades
práticas dentro da sala de aula, por não ser um local preparado para este tipo de abordagem,
que exige, muitas vezes, várias tomadas para a utilização de microscópios, bancadas para que
os alunos trabalhem em grupo, um local grande para uma melhor acomodação dos alunos.
Porém, mesmo com dificuldades, as aulas práticas não foram descartadas, mas sim adaptadas
para o ambiente que tínhamos disponível (sala de aula).
Além dessa adaptação para que pudéssemos trabalhar as aulas práticas com os alunos,
mesmo sem os laboratórios de Ciências/Biologia, uma forma alternativa que encontramos foi
por meio de uma saída de campo, realizada nos arredores do colégio, onde pudemos discutir
com os alunos aspectos do ambiente que possibilitam o desenvolvimento das plantas e
mostrar que, havendo as condições necessárias, elas se desenvolvem até onde a gente menos
espera, como nos tijolos da calçada do colégio, por exemplo. Esta abordagem trouxe a tona
uma necessidade dos alunos, pois como eles mesmos disseram: “Esta está sendo a primeira
vez que nós saímos da sala pra estudar”, logo os alunos têm necessidade dessas modalidades
extraclasse, longe de seus “quadrados”, com um conhecimento apenas baseado em livro
didático, giz e, raras às vezes, imagens apresentadas na TV multimídia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base em toda a experiência que tivemos no Estágio Supervisionado, podemos
dizer que este é muito significativo para o ensino de Biologia, pois é uma prática de
aprendizado por meio do exercício das funções referentes à profissão que será exercida no
futuro e que adiciona conhecimentos práticos para serem relacionados aos teóricos aprendidos
no curso, mesmo que esta atividade seja exercida em um curto período de tempo. Acima de
tudo, a prática no Estágio Supervisionado, proporciona a reflexão da ação a cada dia, a cada
atividade desenvolvida para que possamos evoluir, e contribui para que o aluno tenha o
embasamento necessário para ser cidadão atuante e possa melhor perceber o que irá enfrentar
em sua carreira, tendo mais segurança e constituindo-se como professor. (SCALABRIN &
MOLINARI, 2013)
Além do mais, o estágio supervisionado é importante porque ali o estagiário (futuro
professor) passa a entender que os professores e alunos devem estar num mesmo mundo, falar
a mesma linguagem, utilizar como ponto de partida o meio em que o aluno encontra-se
inserido, tornando-se assim mais fácil fazer uma analogia, pois este passa a ser conhecedor de
sua realidade e a partir dali aprofundar seus conhecimentos. Devido a isto, professor e aluno

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precisam aprender a conviver com as diferenças e, para que isso seja possível, o aluno não
pode ser visto apenas como um número, mas sim como um ser humano complexo e em
formação, desta forma, os educadores precisam de segurança para trabalhar os
conhecimentos, pois hoje temos muitos estudantes críticos e que não se contentam com
informações isoladas. E sendo assim, o estágio supervisionado proporciona ao licenciando
esta visão da realidade de sala de aula que deverá encarar com maiores ou menores
dificuldades a cada dia (SCALABRIN & MOLINARI, 2013). E essas dificuldades poderão
ser enfrentadas com uma visão diferente, devido à prévia experiência em sala de aula,
proporcionada pelo Estágio Supervisionado.
Segundo Cury (2003, p.9) “educar é acreditar na vida, mesmo que derramemos
lágrimas. Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens nos decepcionem no
presente. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro
que procura os tesouros do coração”. E para que tenhamos esta visão, é imprescindível o
desenvolvimento do estágio com consciência, porque só assim o estagiário poderá ter a
clareza do que lhe será proposto a cada dia, buscando sempre ser o melhor e fazer o seu
melhor, pois é de pessoas comprometidas com o seu trabalho que a sociedade precisa e os
pais desejam, e é isso que o futuro espera de nós.

REFERÊNCIAS

CAVATON, M. F. F. A importância da prática do estágio na formação do educador.


Linhas Críticas, v. 6, n. 10, jan./jun. 2000.
CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes: A educação inteligente;
formando jovens educadores e felizes. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003.
LDBEN, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Câmara dos Deputados.
11ª ed., 2015.
PICONEZ, S. C. B. A prática de ensino e o estágio supervisionado. São Paulo: Papirus,
1991.
PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? 4. ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.
SCALABRIN, I. C.; MOLINARI, A. M. C. A Importância Da Prática Do Estágio
Supervisionado Nas Licenciaturas. São Paulo: Revista Unar, v. 7, n°1, 2013.

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