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RESENHA

CASO DOIS, CARLOS EDUARDO

O documentário “A Justiça” retrata alguns casos já julgados no Brasil, tendo como


objetivo mostrar como funciona a justiça no país, bem como seus defeitos e suas qualidades.
O caso que mais chamou a atenção do grupo foi o de Carlos Eduardo, o qual será retratado a
seguir.
Carlos Eduardo Luzitano Castro de Souza, 23 anos, balconista de uma padaria,
alfabetizado, cursou até a 8ª série do Ensino Fundamental. Foi denunciado pelo Promotor de
Justiça por receptação de carro roubado, sendo flagrado por policiais dirigindo em alta
velocidade até colidir em uma árvore. Carlos estava acompanhado por três mulheres que,
segundo ele, havia conhecido na praia.
Em depoimento à Juíza Fátima Maria Clemente, Carlos Eduardo alega não ter
conhecimento que o carro que havia pedido emprestado com que foi à praia em seu dia de
folga era de procedência ilícita. Ao ser questionado sobre quem é o dono do veículo,
informou que era de seu amigo Marcelo “Dentinho” e que esse trabalhava em um camelô,
contrariando assim a denúncia do Promotor, que havia afirmado que o veículo era de
propriedade de Vera Lúcia Medeiros. Ademais, outro ponto contraditório de seu depoimento é
em relação à data da suposta compra do automóvel pelo seu amigo. Carlos disse que via
Marcelo conduzindo o veículo desde Dezembro de 2002, já o Promotor alega que o
automóvel havia sido roubado na data de 9 de Fevereiro de 2003, dois dias antes da data em
que o réu se acidentou com o carro.
Dando continuidade a seu depoimento, o acusado afirma que, após o acidente,
permaneceu no veículo com as mulheres. Alega que o carro foi reconhecido como roubado no
local do acidente, antes de chegar à delegacia. Afirma, ainda, que não contatou o dono do
automóvel para prestar depoimento na delegacia por medo das represálias que poderiam lhe
acontecer ao retornar para casa e também porque não queria pôr em risco a vida de sua filha
de um ano e seis meses e de sua esposa que estava grávida.
Perguntado se já havia sido preso ou processado, responde afirmativamente, por
assalto, e que cumpriu pena de dois anos de prisão. Também afirmou já ter sido processado
por uso de entorpecentes. Assim, pela gravidade do caso, mas principalmente por não ser réu
primário, a Juíza explica a Carlos que seria inviável conceder a ele o benefício de responder o
processo em liberdade. Como Carlos não possuía um advogado, já que não podia arcar com
as despesas, foi nomeada, pela Juíza, uma Defensora Pública chamada Maria Ignez Kato.
A Defensora Pública solicita a mãe de Carlos Eduardo, chamada Ilma, que leve
todos os documentos deste, incluindo carteira de trabalho para comprovar vínculo
empregatício. No dia do encontro entre a Defensora Pública, a mãe e a esposa de Carlos
Eduardo, a mãe acaba entregando uma carteira não assinada. A Defensora pergunta à mãe do
acusado como era seu comportamento em família, e essa responde que seu filho ajudava
muito nas tarefas domésticas e que ele foi criado dentro da Igreja. Também conta que o filho
sempre foi muito reservado e que não gostava de expor a sua vida pessoal. Ela relata que já
havia tomado conhecimento de outros casos em que seu filho tinha a posse de carros
roubados.
Em conversa particular entre Carlos e a Defensora, ele relata que chefiou o tráfico
entre a idade de 14 aos 18 anos. Ao questionar se poderia ser absolvido, a Defensora deixa
claro que lutaria pela sua absolvição, afirmando, no entanto, que seria difícil, já que não
poderiam provar que Carlos não sabia que o carro não era produto de roubo. Por outro lado,
nem mesmo o Promotor poderia provar cabalmente a sua tese de acusação. Contudo, a
condenação poderia partir de indícios e presunções, tendo como base uma análise de seu
passado. Ignez busca alternativas para sua defesa, dentre elas sugere que o carro seja
apreendido para uma análise. Carlos não aceita, admitindo saber que o carro era roubado.
Em nova audiência, um Soldado de Exército, interpreta-se que era Fabiano Justino
da Silva, conta à Juíza que ao chegar ao local do acidente e ver o automóvel batido na árvore,
encontrou as três mulheres dentro do carro. No entanto, Carlos já havia saído do veículo, e
caso o Soldado não o repreendesse, teria deixado o local do acidente. Relata, também, que
um colega seu encontrou substâncias entorpecentes no chão do carro - três “saquinhos” de
cocaína. Ele afirma que a substância foi apreendida, porém a Juíza lhe questiona o porquê
disso não constar nos autos do processo, deixando o Soldado sem respostas. Disse que Carlos
alegou que os entorpecentes pertenciam às garotas. Outro Soldado é chamado para depor e
também não sabe responder o motivo das drogas não estarem presentes nos autos. Afirma que
essas foram encaminhadas à delegacia, mas não sabe exatamente a quem foram entregues. A
Defensora Pública solicita novamente o pedido de liberdade provisória, justificando que o
fato do réu ser reincidente não era motivo para a não concessão. Todavia, o pedido não foi
concedido, já que Carlos Eduardo, posteriormente na leitura de sua sentença, afirma que já
estava preso há seis meses.
Diante dos fatos apresentados, Carlos Eduardo Luzitano Castro de Souza acaba
sendo condenado como incurso no Artigo 180, caput, do Código Penal, com algumas
circunstâncias adversas previstas no artigo 59 do Código Penal - conduta antissocial e
perigosa ao convívio comunitário e personalidade voltada ao crime -, e também reconhecida a
agravante da reincidência, sendo condenado ao final a três anos de reclusão e multa de 30
dias-multa. O regime de cumprimento inicial da pena privativa de liberdade foi o semiaberto,
consoante dispõe o artigo 33, § 3º do Código Penal. Carlos aceitou a pena sem recorrer.
A realidade dos presídios brasileiros, como são retratados em algumas filmagens do
documentário, é degradante. Dentre os problemas do sistema carcerário estão superlotação,
torturas, maus tratos, sendo portanto uma afronta à dignidade humana. Em algumas celas, os
presos chegam a ter que se revezar para dormir, já que não tem cama para todos. Novas vagas
não são criadas na mesma velocidade que o aumento do número de presos.
Em uma passagem do documentário, a Defensora Pública, em conversa com sua
família, critica o Ministério Público, afirmando que o órgão não consegue romper com a
visão de repressão, de que estão salvando a sociedade, pois pensam que não precisam soltar
ninguém porque se passarão dois ou três dias para a pessoa ser presa novamente. Muitas
pessoas, principalmente pobres, estão presas por ações que poderiam facilmente ser
respondidas em liberdade, o que vai aumentando cada vez mais o número da civilização
carcerária.

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