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A Arte Contemporânea é uma farsa: Avelina Lésper

Posted on Janeiro 15, 2014 by Incubadora de Artistas
Com a finalidade  de  dar  a  conhecer seus  argumentos  sobre  os porquês  da  arte  contemporânea  ser  uma  “arte  falsa“,  a  crítica  de  arte  Avelina  Lésper
apresentou a conferência “El Arte Contemporáneo‑ El dogma incuestionable” na Escuela Nacional de Artes Plásticas (ENAP), sendo ovacionada pelos
estudantes na ocasião.

 A arte falsa e o vazio criativo

“A carência de rigor (nas obras) permitiu que o vazio de criação, o acaso e a falta de inteligência passassem a ser os valores desta arte falsa, entrando
qualquer coisa para ser exposta nos museus “

A crítica explica que os objetos e valores estéticos que se apresentam como arte são aceites em completa submissão aos princípios de  uma  autoridade


impositora. Isto faz com que, a cada dia, formem‑se sociedades menos inteligentes e aproximando‑nos da barbárie.

O Ready Made

Lésper  aborda  também  o  tema  do  Ready  Made,  expressando  perante  esta  corrente  “artística”  uma  regressão  ao  mais  elementar  e  irracional  do
pensamento humano, um retorno ao pensamento mágico que nega a realidade. A arte foi reduzida a uma crença fantasiosa e sua presença em um mero
significado. “Necesitamos de arte e não de crenças”.

Génio artístico

Da mesma maneira, a crítica afirma que a figura do “génio”, artista com obras insubstituíveis, já não tem possibilidade de manifestar‑se na atualidade.
“Hoje em dia, com a superpopulação de artistas, estes deixam de ser prescindíveis e qualquer obra substitui‑se por outra qualquer, uma vez que  cada
uma delas carece de singularidade“.

O status de artista

A  substituição  constante  de  artistas  dá‑se  pela  fraca  qualidade  de  seus  trabalhos,  “tudo  aquilo  que  o  artista  realiza  está  predestinado  a  ser  arte,
excremento,  objetos  e  fotografias  pessoais,  imitações,  mensagens  de  internet,  brinquedos,  etc.  Atualmente,  fazer  arte  é  um  exercício  ególatra;  as
performances,  os  vídeos,  as  instalações  estão  feitas  de  maneira  tão  óbvia  que  subjuga  a  simplicidade  criativa,  além  de  serem  peças  que,  em  sua
grande maioria, apelam ao mínimo esforço e cuja acessibilidade criativa revela tratar‑se de uma realidade que poderia ter sido alcançada por qualquer
um“.

Neste sentido, Lésper afirma que, ao conceder o status de artista a qualquer um, todo o mérito é‑lhe dissolvido e ocorre uma banalização. “Cada vez que
alguém  sem  qualquer  mérito  e  sem  trabalho  realmente  excepcional  expõe,  a  arte  deprecia‑se  em  sua  presença  e  concepção.  Quanto  mais  artistas
existirem, piores são as obras. A quantidade não reflete a qualidade“.

 Que cada trabalho fale pelo artista

“O artista do ready made  atinge a todas as dimensões, mas as atinge com pouco profissionalismo; se faz vídeo, não alcança os padrões requeridos pelo
cinema ou pela publicidade; se faz obras eletrónicas, manda‑as fazer, sem ser capaz de alcançar os padrões de um técnico mediano; se envolve‑se com
sons, não chega à experiência proporcionada por um DJ; assume que, por tratar‑se de uma obra de arte contemporânea, não tem porquê  alcançar  um
mínimo rigor de qualidade em sua realização.

Os  artistas  fazem  coisas  extraordinárias  e  demonstram  em  cada  trabalho  sua  condição  de  criadores.  Nem  Damien  Hirst
(http://incubadoradeartistas.com/2013/02/18/arte‑colecionar‑por‑amor‑ou‑por‑investimento‑2/),  nem  Gabriel  Orozco,  nem  Teresa  Margolles,  nem  a  já
imensa e crescente lista de artistas o são de fato. E isto não o digo eu, dizem suas obras por eles“.

 Para os Estudantes

Como conselho aos estudantes, Avelina diz que deixem que suas obras falem por eles, não um curador, um sistema ou um dogma. “Sua obra dirá se são
ou não artistas e, se produzem esta falsa arte, repito, não são artistas”.

O público ignorante

Lésper assegura que, nos  dias  que  correm,  a  arte  deixou  de  ser  inclusiva,  pelo  que  voltou‑se  contra  seus  próprios  princípios  dogmáticos  e,  caso  não
agrade ao espectador, acusa‑o de “ignorante, estúpido e diz‑lhe com grande arrogância que, se não agrada é por que não a percebe“.

“O espectador, para evitar ser chamado ignorante, não pode dizer aquilo que pensa, uma vez que, para esta arte,  todo  público  que  não  submete‑se  a


ela é imbecil, ignorante e nunca estará a altura da peça exposta ou do artista por trás dela.Desta maneira, o espectador deixa de presenciar obras que
demonstrem inteligência”.

Finalizando

Finalmente,  Lésper  sinaliza  que  a  arte  contemporánea  é  endogámica,  elitista;  com  vocação  segregacionista,  é  realizada  para  sua  própria  estrutura
burocrática, favorecendo apenas às instituições e seus patrocinadores. “A obsessão pedagógica, a necesidade de explicar cada obra, cada exposição gera
a  sobre–produção  de  textos  que  nada  mais  é  do  que  uma  encenação  implícita  de  critérios,  uma  negação  à  experiência  estética  livre,  uma
sobre–intelectualização da obra para sobrevalorizá‑la e impedir que a sua percepção seja exercida com naturalidade“.

A criação é livre, no entanto a contemplação não é. “Estamos diante da ditadura do mais medíocre”

fonte:  Vanguardia  (http://www.vanguardia.com.mx/elartecontemporaneoesunafarsaavelinalesper‑1362825.html?


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Assista aqui uma conferência proferida por Avelina Lésper:

Avelina Lésper - Conferencia magistral

Esta entrada foi publicada em Curadoria, Exposições, História da Arte com as etiquetas Ariane Feijó, arte contemporânea, arte emergente, arte falsa,
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de Melo, museus, Portugal, relações públicas, RP. ligação permanente.

93 thoughts on “A Arte Contemporânea é uma farsa: Avelina Lésper”

Fredy Correia diz:
Julho 3, 2015 às 7:23 pm
Acho que a banalização da arte contemporânea, e a sua péssima produção atual será um processo passageiro, e é importante no processo de
enquadramento da arte e do artista no novo mundo globalizado e midiático em que vivemos, com o tempo o mercado, os artistas e os espectadores
irão encaixa‑se na concepção, visualização e produção da boa arte.

Responder
Antonio Rocha Neto diz:
Junho 10, 2015 às 11:48 am
É como também penso. Bom ouvir isto de quem tem lastro para emitir publicamente esta opinião!

Responder
interferenciaurbana diz:
Junho 8, 2015 às 1:25 am
Muito boa a crítica!

Fizemos também um texto falando sobre a crise criativa da arte! https://interferenciaurbana.wordpress.com/2015/05/26/sexo‑cristianismo‑porno‑
funk/

Responder
Norberto Cunha diz:
Junho 3, 2015 às 9:57 am
Há muito tempo que penso de modo idêntico. E pela primeira vez não me sinto uma ilha em tal matéria. Como costumo dizer entre amigos e
familiares, este período, e em particular nas artes “visuais”, será mais tarde historiado como o do vazio artístico, do vale tudo que não vale nada.

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Samira diz:
Maio 20, 2015 às 7:59 pm
Até que enfim alguem do meio com BOM SENSO e realista!!!!!parabeeeeens. Avelina Lésper!!!!

Responder
Tom Fonseca diz:
Maio 14, 2015 às 8:20 pm
Parece que ela vê a arte mais como um produto, que precisa atender a padrões de qualidade. Arte é primeiro linguagem, forma natural de interagir
com o mundo.

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fabio di ojuara diz:
Abril 20, 2015 às 11:16 pm
TODA MERDA AGORA É ARTE. NOW, EVERY SHIT IS ART. ADESSO TUTTA LA MERDA E ARTE

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juca bala diz:
Abril 15, 2015 às 5:55 am
a critica faria mais sentido se fosse voltada ao MERCADO de arte e não à “arte contemporânea”. O mercado está sim cheio de farsantes, e esse tipo
de critica costuma partir de quem não consegue distinguir quem é quem fazendo o que.

mas avelina usa argumentos sofríveis (a luana navarro enumerou alguns no comentario dela), parece alguem que pulou o seculo XX, não leu ou não
entendeu coisa alguma que se passou… o.O

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André Anlub diz:
Maio 22, 2015 às 10:54 am

Um adendo (se me permite): tudo isso é culpa da demanda. Esta com uma demanda pobre e artes, músicas e afins. Já não é de hoje que o público
procura o mais fácil, o mais raso, tanto para apresentar quanto admirar. A saída é fazer o que faço, por exemplo: trato as artes como hobby,
fugindo do mercado e continuando no prazer da criação. O que falta é amor pela coisa e o que sobra é ambição.

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