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Parecer 353/2008E Processo CG 2008/80912
Data inclusão: 28/01/2009
(353/08E)
Em olum e ntos – Re gis tro de Im óve is – Form al de partilha – Atribuição aos he rde iros
de s uas quotas parte na he rança do fale cido, doação da m e ação do cônjuge e
re núncias trans lativas re cíprocas , a título gratuito, e ntre os he rde iros – Atos de
trans m is s ão de dom ínio s obre be ns im óve is s uje itos a re gis tro e m s e ntido e s trito e
não a ave rbação – Cobrança pe la prática de trê s atos de re gis tro que s e e vide ncia
corre ta – Re s s alva, poré m , quanto à ne ce s s idade de obs e rvância do pare ce r e da
de cis ão que o aprovou, e xarados nos autos do Protocolado CG n. 179/2007, ante o s e u
caráte r norm ativo – Re curs o não provido.
Exce le ntís s im o Se nhor Corre ge dor Ge ral da Jus tiça:
Tratase de recurso administrativo interposto por Ênio Cleber Russafa Okuma e Renata Garbelini
Okuma contra decisão do Meritíssimo Juiz Corregedor Permanente do Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Dracena que rejeitou
reclamação por eles formulada a respeito da cobrança de emolumentos pelo Registrador para o registro de formal de partilha extraído dos autos
do arrolamento de bens deixados pelo falecimento de Augusto Okuma (fls. 48 e 49).
Sustentam os Recorrentes que existe, conforme reconhecido pelo Meritíssimo Juiz Corregedor
Permanente e pelo representante do Ministério Público, correlação entre a incidência ou não de imposto de transmissão inter vivos e o
pagamento de custas e emolumentos pela prática de atos registrais. Na hipótese, acrescentam, houve renúncia de parte da herança, em relação
à qual não pesa qualquer ônus, notadamente no que concerne ao pagamento de emolumentos. Além disso, argumentam que a renúncia, no caso,
se deu nos autos do processo de arrolamento, com isenção do pagamento do imposto de transmissão inter vivos , bem como que o Registrador
deve proceder ao registro tal como resulta do formal de partilha, vale dizer, inscrevendose o domínio de cada herdeiro, com base no quinhão ou
bem que lhe coube. Assim, segundo entendem, o correto seria a cobrança do valor dos emolumentos correspondente a um ato de registro e a
três atos de averbação (fls. 51 a 55).
A Douta Procuradoria Geral de Justiça manifestouse no sentido do não provimento do recurso
(fls. 67 a 70).
É o relatório.
Passo a opinar.
Em que pesem os argumentos expendidos pelos Recorrentes, o recurso, salvo melhor juízo de
Vossa Excelência, não pode ser provido.
Com efeito, conforme se verifica do formal de partilha cuja cópia se encontra às fls. 06 a 40, por
ocasião do arrolamento dos bens deixados pelo falecimento de Augusto Okuma verificaramse vários atos translativos da propriedade, a saber:
(a) atribuição aos dois herdeiros, por força de sucessão mortis causa de suas quotasparte (25% para cada um) relativamente aos imóveis
matriculados sob nº s 8.501 e 1.565; (b) doação por parte da viúva da sua meação aos herdeiros (a um deles no tocante ao imóvel da matrícula
nº 1.565 e ao Recorrente Ênio no concernente ao imóvel da matrícula nº 8.501); (c) renúncias translativas recíprocas dos dois herdeiros, a título
gratuito, concernentes às partes ideais anteriormente recebidas, de modo a permitir que cada um se torne proprietário exclusivo de um imóvel, ao
Recorrente Ênio cabendo, com exclusividade, o imóvel matriculado sob nº 8.501.
Anotese que a denominada renúncia translativa, embora não seja tecnicamente uma autêntica
renúncia, é válida e produz efeitos obrigacionais, como forma de doação, se a título gratuito, ou de compra e venda, se a título oneroso (cf.
Sebastião Luiz Amoirm e Euclides Benedito de Oliveira, Inventários e Partilhas . 16ª ed. São Paulo: Leud, 2003, p. 63). Dessa forma, tendo se
operado, na hipótese dos autos, a título gratuito, deve a renúncia que aqui interessa ser tida como verdadeira doação, configurando,
conseqüentemente, ato de transmissão de domínio.
Como se pode perceber, três são, no caso, os atos de transmissão da propriedade imobiliária. E,
como tal, estão sujeitos a registro, nos termos do art. 167, I, nº s 25 e 33, da Lei n. 6.015/1973, e não a averbação, esta última reservada, na
espécie, ao ato de inscrição da construção realizada no bem (art. 167, II, nº 4, da Lei n. 6.015/1973).
Assim, correta a cobrança de emolumentos realizada pelo Senhor Oficial Registrador, relativa a
três atos de registro e um ato de averbação, mostrandose irrelevante, como analisado pela Douta Procuradoria Geral de Justiça (fls. 69 e 70),
que alguns desses atos, em razão do valor da operação, contem com isenção do recolhimento do ITCMD, a qual não se estende
automaticamente aos emolumentos devidos pelos serviços registrais a serem prestados.
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Com relação aos valores cobrados para cada ato, propriamente, há que se consignar que não
houve impugnação por parte dos Recorrentes. De todo modo, impõese lembrar o entendimento firmado no âmbito desta Corregedoria Geral da
Justiça, a propósito do registro de formais de partilha expedidos em inventários e arrolamentos de bens:
“ EMOLUMENTOS – Registro de Imóveis – Formal de partilha – Divergência de
entendimento entre Juízes Corregedores do Estado, que indica a necessidade de uniformizar o entendimento administrativo
(artigo 30, § 2º, da Lei nº 11.331/2002) – Base de cálculo dos emolumentos, que deve incidir apenas sobre o valor do
patrimônio transferido, excluído o valor da meação do cônjuge sobrevivente – Recurso administrativo conhecido e provido –
Caráter normativo” (Prot. CG n. 179/2007).
E, dado o caráter normativo atribuído ao parecer elaborado em referidos autos, por força da
decisão proferida pelo eminente Desembargador Gilberto Passos de Freitas, então Corregedor Geral da Justiça, é de presumirse tenha sido ele
observado pelo Oficial Registrador, o que não impedirá, por certo, nova provocação do Juízo Corregedor Permanente, caso isto não tenha
ocorrido.
Para o que ora interessa, considerada a matéria objeto do inconformismo dos Recorrentes,
correta se mostra a respeitável decisão proferida em primeira instância administrativa.
Nesses termos, o parecer que se submete à elevada consideração de Vossa Excelência é no
sentido de ser negado provimento ao recurso interposto.
Sub censura.
São Paulo, 04 de novembro de 2008.
(a) ÁLVARO LUIZ VALERY M IRRA
Juiz Auxiliar da Corregedoria
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