1 – Quais os sintomas, disfunções e encaminhamento do Delirium?
O delirium é uma síndrome decorrente de uma condição orgânica, é consequência de
algo e isto vai distinguir este sintoma de um sintoma que é fruto de um transtorno mental, fazendo toda diferença para o diagnóstico. A característica principal do delirium é a alteração da consciência, no sentido neurológico, ou seja, atento ao ambiente, em vigília – ocorre um rebaixamento da consciência, com dificuldade de reconhecimento de pessoas, de lugares, não resposta ao que se pergunta, com uma percepção diminuída da realidade imediata (obnubilação etc). O delirium é uma síndrome, com uma causa inespecífica – estas podem ser variadas e têm implicação fundamental para o encaminhamento. O Delirium tem como sintomas estados confusionais de origem orgânica, com rebaixamento do nível da consciência, prejuízo da atenção e da orientação (tempo e espaço), apresentando sintomas psicopatológicos secundários, como alucinações e delírios. Pode ser fruto um quadro neurológico, tóxico ou infeccioso (efeitos colaterais medicamentosos, abstinência, doenças cerebrais, traumatismo, epilepsia, infecções, febres, insuficiência respiratória ou renal, efeito de álcool ou drogas) e pode ainda ser fruto de demências. Sendo comprovado que o quadro psicopatológico inclui as alterações de consciência, atenção e orientação derivadas de causas orgânicas, deve-se encaminhar o paciente para um hospital geral com emergência para tratamento das causas. Caso não haja causas orgânicas, o quadro é psicopatológico e é necessário realizar o diagnóstico diferencial entre neurose e psicose, partindo da avaliação da relação deste sujeito com a realidade. Se o paciente apresenta vivências estranhas ou bizarras, com sintomas como delírios, alucinações e alteração na consciência do eu, caracteriza-se como psicose. Para o psicótico, não há compromisso com a realidade exterior e há uma singularização muito radical, com uma realidade que apenas aquele sujeito percebe, uma compreensão e interpretação de mundo singulares. O psicótico é produto da cisão com a realidade, é um problema estrutural e ele não compartilha da realidade comum. Se o paciente compartilha da realidade e da linguagem comum, possui vivências e sintomas psicologicamente compreensíveis, que todos experimentam em maior ou menor grau e isto afeta a funcionalidade deste sujeito, o diagnóstico é de neurose. Há ainda um grupo que apresenta tais sinais, que não se enquadra no diagnóstico do transtorno, mas que está em sofrimento, constituindo-se como um grande público da atenção primária. Chegam às unidades com muitas queixas e não possuem correlato orgânico para tais, entretanto, estão em emergência subjetivo e devem receber cuidado para reduzir este sofrimento.
Tipologia das Psicoses:
Esquizofrenia (paranoide, hebefrênica, catatônica e residual) Psicose maníaco-depressiva (atual transtorno de humor dividido entre episódio maníaco e episódio depressivo grave e transtorno bipolar); Depressão psicótica (melancolia ou depressão grave); Paranoia (atual transtorno delirante persistente).
Tipologia das neuroses:
Neurose de ansiedade (atual transtorno fóbico-ansioso); Neurose histérica (atual transtorno somatomorfo e dissociativo); Neurose obsessiva (atual transtorno obsessivo-compulsivo); Episódio depressivo em neuróticos (atual episódio depressivo leve ou moderado).
2 – Diferencie e dê exemplos de ilusão, alucinação e alucinose.
A ilusão ocorre quando há erro de percepção, ou seja, o estímulo sensorial é real e
presente, houve erro no julgamento, uma percepção deformada, alterada e toma-se um objeto por outro. Pode ocorrer em rebaixamento da consciência, fadiga grave ou estados de grande intensidade afetiva. Ex.: Um saco de lixo ser percebido como um animal no escuro; A alucinose ocorre com a experiência de uma alucinação, mas matem-se o senso crítico em relação à experiência, ou seja, o sujeito tem consciência de que está vivendo algo anormal. Ocorre em alucinações induzidas quimicamente, em intoxicação ou abstinência. Ex.: viagens de LSD. A alucinação ocorre com a alteração senso-perceptiva, ou seja, o sujeito tem a percepção, mas não há estímulo real e presente e guarda características de uma percepção real, a experiência é de realidade. Estas podem ser auditivas simples (ruídos e sons); audio-verbais (vozes que ordenam, insultam ou comentam as atividades do sujeito; sonorização do pensamento onde o sujeito escuta o próprio pensamento acontecendo; publicação do pensamento onde o sujeito acredita que os outros ouvem o seu pensamento); visuais, táteis, olfativas, gustativas etc. Ex.: ouvir vozes dando ordens ou insultando; ver-se for do seu corpo; sentir insetos percorrendo o seu corpo.
3 – Quais as 4 características de um paciente com delírio?
CARACTERÍSTICAS DO DELÍRIO: o que caracteriza o discurso não é o conteúdo do delírio por si
só, mas atender às 4 categorias abaixo. A realidade se adapta ao delírio e não o contrário. 1 – Caráter de certeza ou convicção delirante: é a característica mais importante da psicose (os neuróticos são os sujeitos da dúvida, pois estão no meio do caminho entre a realidade psíquica e a exterior) e como a realidade psíquica toma o lugar da realidade exterior, não há dúvida – o psicótico percebe isso como a coisa dada, há materialidade no caso das vozes, vem do exterior – está dado, não é preciso verificar; 2 – Convicção não se altera com a argumentação lógica ou pela demonstração empírica: o psicótico já sabe e não altera sua certeza diante destas demonstrações; 3 – É improvável ou impossível: não é certo falar que é sempre impossível, pois há delírio que conjuga com aspectos da realidade. Dentro da tipologia dos delírios há o de perseguição, a hipocondria, o ciúme, a erotomania, e o reivindicatório etc; 4 – É uma produção associal: o delírio é uma teoria própria, singular, de um homem só, não está dentro das referências compartilhadas socialmente em relação ao seu conteúdo.