A citação abaixo servirá de ponto de partida para explicar o que
é socialização (interiorização do mundo social) e deixar claro
que até mesmo aqueles eventos que consideramos mais íntimos, mais pessoais, nos são impostos pelo mundo social.
“A sensação que temos é que tudo o que fazemos, sentimos,
gostamos ou escolhemos vem de nosso interior, isto é, são coisas “subjetivas”. Existe algo mais pessoal, por exemplo, do que uma opinião? Entretanto, verificando com atenção, veremos que muitas das coisas que consideramos pessoais, subjetivas ou individuais, são compartilhadas por outras pessoas: sentimentos, gostos, escolhas e opiniões. Na sociedade contemporânea esta constatação é, inclusive, uma das premissas para a existência da comunicação de massa” (SANTOS, J. R. Antropologia para quem não vai ser antropólogo. Porto Alegre: Editoria Pomo, 2005, p. 44). Um bom exemplo aqui é a publicidade. É porque obedecemos padrões sociais que ela é possível. Esses padrões são medidos por pesquisas que direcionam o produto ao público, ou o público ao produto. É essencial que o(a) acadêmico(a) tenha acumulado algum conhecimento sobre as Revoluções Científica, Francesa e Industrial. Os slides seguintes mostram duas linhas do tempo desse período e uma animação bastante didática sobre as condições de trabalho numa mina de carvão durante a Revolução Industrial.
Revolução Científica: de concepção imanente e empirista, ou seja, fez emergir um
espírito de pesquisa e de investigação racional da realidade no qual a autoridade divina ou intelectual deixa de ser o único critério de estabelecimento do que é verdadeiro. As ideias e as pesquisas de Descartes, Bacon e Galileu indicaram o caráter que a ciência viria a assumir: aberta e racional, passível de experimentação e verificação empírica. Revolução Industrial: ao mesmo tempo: (1) mostrou a eficácia e a prática da ciência e (2) criou situações sociais altamente problemáticas, que exigiam (como ainda exigem) soluções. A Revolução Francesa marcou o fim de um período histórico (a Idade Moderna) e deu início a outro (a Idade Contemporânea). As mudanças que realizou e a herança que deixou no âmbito cultural, político e social levaram as gerações subsequentes a uma reflexão sistemática sobre a natureza da sociedade e suas mudanças no decorrer do tempo, o que está na base do desenvolvimento da Sociologia. A citação abaixo irá ajudá-lo a responder essa pergunta e a reforçar que a Sociologia também usa métodos científicos, tais como a busca por evidências empíricas passiveis de verificação e que serão analisadas logicamente.
“Qualquer conjunto de elementos padronizados constitui um sistema,
seja na química, na física, na psicologia ou na sociologia –, e isto evidencia a existência de algo em comum na maneira pela qual as várias disciplinas científicas organizam teoricamente os dados específicos de seu conhecimento. Em outras palavras, evidencia a unidade da ciência enquanto método.” Assim, temos que “o conhecimento científico deve ser passível de verificação empírica através de técnicas e processos que garantam a objetividade”. (CARDOSO, Fernando Henrique, (Org.) Homem e sociedade: leituras básicas de sociologia geral. 7ª ed. São Paulo, Editora Nacional, 1971, p. 8, 9 e 10) Todos nós possuímos respostas intuitivas às questões sobre a sociedade – o senso comum – ou seja, aquilo que ouvimos por todos os lados. Apesar de termos tanta opinião sobre as coisas da sociedade, devemos ter em mente que estas “coisas”, como dizia Durkheim, têm explicações mais complexas, mais elaboradas. Lembra-se daquele dito popular “nada é o que parece”? Então, vamos utilizá-lo aqui para dizer que os fenômenos sociais, apesar de conhecidos por nós em nossas práticas e experiências, podem carregar outros sentidos para além daquilo que percebemos cotidianamente. Trata-se de revelar (“tirar o véu”. Dicionário Aurélio, 2010) do senso comum presente em nosso dia a dia e verificar cientificamente, através da utilização de métodos que são próprios das ciências sociais, o que estava camuflado sob as aparências de um conhecimento meramente intuitivo. Auguste Comte (1798-1857)
Filósofo francês fundador do positivismo e considerado
como um dos precursores da Sociologia. Nos próximos slides, ao abordar a história de Auguste Comte, apresentar a importância desse autor para a fundação da Sociologia como ciência: o surgimento do nome Sociologia (do latim socius e do grego lógos, que significa estudo do social), antes chamada física social; a preocupação com o social não surge com Comte, mas sim a criação de uma ciência específica para tratar o tema; essa preocupação representa um projeto de modernidade, dentro de um âmbito evolucionista, de melhoria das condições sociais e materiais para a época. Para evitar confusões terminológicas, aqui positivismo é exclusivamente o nome dado por Auguste Comte à sua filosofia e ao movimento político e social dela derivado. As ciências qualificadas como positivistas são aquelas que permitem a observação, experimentação e mensuração dos fenômenos estudados. As ciências que incorporam estas características com maior exatidão são as chamadas ciências « duras » ou exatas por permitirem a verificação de suas constatações por meio de experimentos. Conforme Aron, em As etapas do pensamento sociológico, a passagem pelas três fases não acontece simultaneamente nas diversas ciências. Assim, a classificação das ciências está intrinsecamente ligada à passagem pelas três fases. A ordenação das diversas ciências representa a ordem em que a inteligência se torna positiva nos diversos domínios. Conforme o quadro, a maneira de pensar positiva se impôs mais cedo nas chamadas ciências duras, posteriormente na Biologia e por último na Sociologia. A ordem da passagem representa a ordem de complexidade dos fenômenos estudados por cada disciplina: quanto mais simples a matéria, mas fácil pensar sobre ela. Toda esta combinação tem como objetivo mostrar que a maneira de pensar que triunfou na Matemática, na Astronomia, na Física, na Química e na Biologia finalmente se imporá na política, levando à constituição de uma ciência positiva da sociedade: a Sociologia. Ainda, a partir da Biologia, há uma nova forma de pensar em termos de metodologia: as ciências deixam de ser analíticas para serem essencialmente sintéticas. É que na Biologia é impossível explicar um órgão sem considerar o ser vivo como um todo. Isso foi transportado para a sociologia.
Referência: ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo, Martins
Fontes, 2008. Segundo o dicionário Aurélio: [...] Grupo de indivíduos que vivem por vontade própria sob normas comuns; comunidade;
Grupo de pessoas que, submetidas a um
regulamento, exercem atividades comuns ou defendem interesses comuns [...]; Meio humano em que o indivíduo está integrado. [...] Significa a existência de consenso na sociedade. Somente através do mínimo de consenso entre os indivíduos é que a sociedade é possível.
Como consta no artigo 193 da constituição
federal, a ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem- estar e a justiça sociais. O primado da estática está em nos fazer perceber que há um caráter eterno nas disposições do homem enquanto homem. Ele indica que podemos considerar a natureza humana como tripla. O homem é, ao mesmo tempo, sentimento (afeição), atividade e inteligência. A atividade é animada pelos sentimentos e controlada pela inteligência. A inteligência não é o órgão determinante da conduta humana, o impulso virá sempre do sentimento, que é a alma da humanidade e o motor da ação. A inteligência não é mais do que um órgão de controle e direção. Este arranjo que Comte delimitou como pertencente à natureza humana, ajusta-se à natureza social. Ele fundamentou a unidade da espécie humana na constância desta natureza humana, que se exprime no mundo social por meio de uma ordem fundamental encontrada nas instituições históricas apresentadas nos slides. Comte desvaloriza o político e o econômico a favor da ciência e da moral. Ele quer transformar a maneira de pensar dos homens, divulgar o pensamento positivista e estendê-lo ao domínio da sociedade, eliminando os domínios da mentalidade feudal e teológica. Essa nova maneira de pensar levará por si só à justa organização da sociedade e do Estado, eliminando aos poucos os problemas que ele encontra em sua época. Com base neste slide e no anterior é possível entender o papel intervencionista dado à Sociologia por Comte. O papel da Sociologia é compreender o que está por vir com a passagem da humanidade pelas três fases históricas e ajudar na realização da ordem social fundamental. O positivismo (última fase) dá ao bem público e que essa postura estimula responsabilidade social e altruísmo. Servem como dicas de cidadania.