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UM POEMA CEARENSE
DE MANUEL BANDEIRA
ano. Florianópolis,
Sânzio de Azevedo
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
"Menipo" é ou
Não há mais poesia,
o poeta de "Os
Mas artes poéticas ... "
da escola dos vuu\.A'"·
o zombeteiro, o
gem. 1 Mas ia sem
o próprio Bandeira esclarece: "A propósito desta sátira,
desenrolava à beira
devo dizer que a dirigi mais contra certos ridículos do post-
-nos o poeta do
-parnasianismo". 4 Realmente, embora numa das estrofes d~
deleitoso, alma viver
poema faça o sapo-tanoeiro afirmar que "A grande arte e
e familiar . ..
como lavor de joalheiro", o que nos lembra fatalmente a ce-
Em artigo
lebérrima "Profissão de Fé" bilaquiana, a ironia maior,
após comentar cada
presente em alguns dos versos transcritos, está nas cara-
dir, observa que
puças que, segun do confessa ainda o poeta, endereçou a Her-
peça da coletânea,
mes-Fontes, cuja dicção oscilava entre Parnasianismo e Sim-
ainda representam
bolismo, e que fizera questão de, no prefácio das suas Apo-
de Manuel Bandeira;
teoses, de 1908, explicar aos leitores que não rimava palavras
te apesar de o poeta
cognatas, e a Goulart de Andrade, que, no poema "Forte
estáticas e impassí
Abandonado", em suas Poesias (1907), não somente usara
O articulista,
a rima com correspondência da consoante anterior à tônica
tema e tratamento
da rima, como pusera, entre parênteses, a informação: "obri-
não diria isso caso
gada a consoante de apoio".
compostos na
Mas no mesmo livro Carnaval, ao lado da sátira (que é
tanto, do livro de
datada de 1918) , incluiu o poeta alguns sonetos que, tanto
Alceu Amoroso I
pela forma como pelo tema, destoam fundamente da revolu-
suas linhas gerais tod
ção pregada naquele poema: "A Ceia", por exemplo, fala-nos
após referir-se ao livre
bem parnasianamente de um festim na Roma dos Césares:
ção simbolista e inti
"Veio depois uma pe1
Junto à púrpura os tons mais ricos esmaecem.
que a sua inspiração j
Chispa ardente lascívia em cada rosto glabro.
orientação estética, ma
Luzem anéis. A luz crua do candelabro
O mesmo crítico,
Finda a ceia. O perfume e os vinhos entontecem.
a poesia bandeiriana,
58 REv. DE LETRAS, VoL. I - N. 0 2 - PÁG. 57-65 1978
REV. DE LETRAS, VOL. l -
César medita e trama o desígnio macabro.
Quando em volúpia aos mais os olhos enlanguescem,
Os seus, frios, fitando o irmão, lançá-lo tecem,
Honras depois, do Tibre ao fundo volutabro.
A DESCER ...
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final, sur-