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U NIVERSIDADE F EDERAL DO R IO G RANDE DO N ORTE

C ENTRO DE T ECNOLOGIA
P ROGRAMA DE P ÓS -G RADUAÇÃO EM E NGENHARIA E LÉTRICA E
DE C OMPUTAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Proteção de Sobrecorrente Direcional


Utilizando a Transformada Wavelet

Mônica Maria Leal

Orientador: Prof. Dr. Flavio Bezerra Costa

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e de Computação da UFRN (área de
concentração: Automação e Sistemas) como
parte dos requisitos para obtenção do título
de Mestre em Ciências.

Número de Ordem do PPgEEC: M481


Natal, RN, 23 de janeiro de 2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede

Leal, Mônica Maria.


Proteção de sobrecorrente direcional utilizando transformada wavelet/ Mô-
nica Maria Leal. - 2017.
94 f.:il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cen-


tro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e de
Computação. Natal, RN, 2017
Orientador: Flavio Bezerra Costa.

1. Geração distribuída- Dissertação. 2. Proteção de sobrecorrente direcional


- Dissertação. 3. Transformada wavelet- Dissertação. I. Costa, Flávio Bezerra.
II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621.315


Aos meus pais, Manoel Cecílio e
Maria Elvira, pela grande dedicação
que supera qualquer distância.
Agradecimentos

À Deus pelo amparo, força e perserveraça nos momentos que necessito.

Ao meu orientador, professor Flavio Bezerra Costa, pela dedicada orientação ao longo
dessa jornada desafiadora.

Aos meus pais, Manoel Cecílio Leal e Maria Elvira Leal, por me ensinar a transpor barrei-
ras e por abdicarem da minha presença para que eu pudesse alcançar maiores conquistas,
e aos meus irmãos, Majela Maria Leal e Marciel Manoel Leal, pelo apoio contínuo.

Ao meu namorado, Pedro Araújo Medeiros, pelo seu companherismo, paciência, amor e
dedicação imprescindível para o desenvolver desse trabalho.

Aos meus amigos do laboratório ProRedes, Frankelene Pinheiro, Jessika Fonseca, João
Thiago Loureiro, Rafael Lucas, Dênis Keuton, Rodrigo Prado, Cícero Josean e Júnior
Silva, pela amizade partilhada e por todo auxílio fornecido para que esse trabalho fosse
realizado.

Aos meus amigos, Vitor Borges, Evandro Ailson, Wanderlay Figueiredo, Marcos Sérgio
e Everton da Silva, pela amizade de longa data.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior - Capes pelo apoio


financeiro durante a execução desse trabalho.
Resumo

Tradicionalmente, a principal proteção utilizada nos sistemas elétricos de potência


à nível de distribuição é a proteção de sobrecorrente, devido sua simplicidade e baixo
custo. No entanto, com a recente inserção de geradores distribuídos no sistema, o sentido
do fluxo de potência pode ser variado de acordo com o local de ocorrência da falta, sendo
insuficiente, para algumas aplicações, avaliação apenas das amplitudes das correntes de
falta. Então, um módulo direcional pode ser adicionado para fornecer informação do sen-
tido de ocorrência da falta, se à frente ou reversa ao ponto de medição das correntes e
tensões. Portanto, propõe-se nesta dissertação de mestrado a reconstrução das unidades
de sobrecorrente direcional de fase, de sequência positiva, negativa e zero baseadas na
transformada wavelet discreta redundante, com a qual é possível recriar as unidades de
sobrecorrente clássicas por meio das energias dos coeficientes escala das correntes e as
unidades direcionais clássicas por meio dos coeficientes escala das tensões e correntes, o
que otimiza a proteção pois não conta com alguns inconvenientes provenientes da trans-
formada de Fourier discreta. Para avaliação do método proposto, foi utilizando o sistema
de 30 barras do IEEE com geração distribuída, assim como, o sistema de 230 kV do IEEE
à parâmetros distribuídos.
Palavras-chave: Proteção de Sobrecorrente Direcional, Geração Distribuída, Com-
ponentes Simétricas no Domínio do Tempo e da Frequência, Transformada Wavelet.
Abstract

Traditionally, the primary protection used in low voltage power systems, as distribu-
tion systems, is the overcurrent protection due to its simplicity and low cost. However, in
these recent years, the number of distributed generation connected to the system has been
growing, which changes the complexity of the system and require a directional module
to complement the diagnostic about the fault, providing information whether the fault is
forward or reverse according to a reference point. Therefore, in this work is proposed a
directional overcurrent protection module based on the stationary discrete wavelet trans-
form. This tool could recreate the standard directional overcurrent protection using just
currents and voltages scaling coefficients (low frequency), and the overcurrent protection
is recreated by using currents scaling coefficients energy, which overcomes some draw-
backs by using discrete Fourier transform. The proposed method was evaluated on the
IEEE 30 bus model with distributed generator and the IEEE 230 kV systems analysis
with distributed parameters.
Keywords: Directional Overcurrent Protection, Distributed Generation, Symmetrical
Components in Time Domain, Wavelet Transform.
Sumário

Sumário i

Lista de Figuras iii

Lista de Tabelas v

Lista de Simbolos vii

Lista de Abreviaturas e Siglas xi

1 Introdução 1
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Contribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2 Ferramentas Matemáticas 5
2.1 Transformada de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Componentes Simétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Componentes Simétricas no Domínio da Frequência . . . . . . . 6
2.2.2 Componentes Simétricas no Domínio do Tempo . . . . . . . . . 9
2.3 Transformada Wavelet Discreta - TWD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.1 Filtros Escala e Wavelet da TWD . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.2 Transformada Wavelet Discreta Redundante - TWDR . . . . . . . 15
2.3.3 Energias dos Coeficientes Escala e Wavelet da TWDR . . . . . . 17
2.4 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3 Proteção de Sobrecorrente Direcional Clássica 19


3.1 Pré-Processamento dos Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Proteção de Sobrecorrente Clássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2.1 Unidade de Sobrecorrente Instantânea Clássica . . . . . . . . . . 20
3.2.2 Unidade de Sobrecorrente Temporizada Clássica . . . . . . . . . 22
3.3 Proteção Direcional Clássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.1 Unidade Direcional de Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.2 Unidade Direcional de Sequência Positiva . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.3 Unidade Direcional de Sequência Negativa . . . . . . . . . . . . 26
3.3.4 Unidade Direcional de Sequência Zero . . . . . . . . . . . . . . 26
3.4 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

i
4 Estado da Arte 28
4.1 Proteção de Sobrecorrente Direcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

5 Método Proposto 34
5.1 Proteção de Sobrecorrente Direcional Wavelet . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2 Proteção de Sobrecorrente Wavelet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
5.2.1 Unidade de Sobrecorrente de Fase Instantânea . . . . . . . . . . 36
5.2.2 Unidade de Sobrecorrente de Fase Temporizada . . . . . . . . . . 37
5.2.3 Unidade de Sobrecorrente de Neutro Instantânea e Temporizada . 39
5.2.4 Unidade de Sobrecorrente de Sequência Positiva Instantânea e
Temporizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.2.5 Unidade de Sobrecorrente de Sequêcia Negativa Instantânea e
Temporizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3 Detector dos Transitórios de Falta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.4 Proteção Direcional Wavelet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.4.1 Proteção Direcional de Fase Wavelet . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.4.2 Proteção Direcional de Sequência Positiva Wavelet . . . . . . . . 45
5.4.3 Proteção Direcional de Sequência Negativa Wavelet . . . . . . . . 46
5.4.4 Proteção Direcional de Sequência Zero Wavelet . . . . . . . . . . 47
5.5 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

6 Resultados 49
6.1 Descrição do Sistema Teste de 230 kV do IEEE . . . . . . . . . . . . . . 49
6.2 Parametrização do Método Clássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.3 Parametrização do Método Proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.4 Avaliação do Método Proposto no Sistema de 230 kV . . . . . . . . . . . 51
6.4.1 Escolha da Wavelet Mãe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.4.2 Influência do Ângulo de Incidência de Falta . . . . . . . . . . . . 53
6.4.3 Influência das Unidades de Sobrecorrente Instantâneas e Tempo-
rizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.4.4 Influência da Distância da Falta . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.4.5 Influência da Resistência de Falta . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
6.4.6 Influência do Afundamento Total de Tensão . . . . . . . . . . . . 61
6.5 Descrição do Sistema Teste de 30 Barras do IEEE . . . . . . . . . . . . . 64
6.6 Avaliação do Método Proposto para o Sistema de 30 Barras com Geração
Distribuída . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6.6.1 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 21 com Análise na
Barra 24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
6.6.2 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 27 com Análise na
Barra 24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.6.3 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 6 com Análise na
Barra 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.6.4 Estudo de Caso: Falta Trifásica na Barra 5 com Análise na Barra 12 69
6.7 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
7 Conclusões 72
7.1 Conclusões Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
7.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Referências bibliográficas 74
Lista de Figuras

1.1 Matriz energética brasileira do ano de 2016. Fonte: ANEEL - Banco de


Informações de Geração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2.1 Fasores de corrente de sequência positiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . 7


2.2 Fasores de corrente de sequência negativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Fasores de corrente de sequência zero. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 Diagrama de blocos ilustrando a decomposição dos três primeiros níveis
da TWD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Exemplo da TWD no primeiro nível de decomposição: (a) sinal de cor-
rente; (b) coeficientes escalas; (c) coeficientes wavelet. . . . . . . . . . . 13
2.6 Diagrama de blocos ilustrando a decomposição dos três primeiros níveis
da TWDR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.7 Exemplo da TWDR no primeiro nível de decomposição: (a) sinal de cor-
rente; (b) coeficientes escala; (c) coeficientes wavelet. . . . . . . . . . . . 16

3.1 Sobrecorrente e sua respectiva estimação fasorial pelo algoritmo de Fou-


rier de um ciclo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2 Curvas do IEEE que regem o tempo da unidade de sobrecorrente tempo-
rizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Concatenação em paralelo das unidades de sobrecorrente instantâneas e
temporizadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

5.1 Unidades de proteção de sobrecorrente direcional wavelet propostas. . . . 35


5.2 Fluxograma da proteção de sobrecorrente direcional wavelet proposta. . . 35
5.3 Fluxograma da proteção de sobrecorrente wavelet proposta. . . . . . . . . 37
5.4 Equivalência das curvas que regem o tempo da unidade de sobrecorrente
temporizada: (a) clássica; (b) wavelet. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.5 Esquema da ativação de todas as unidades de sobrecorrente direcionais
wavelet propostas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

6.1 Sistema teste de 230 kV do IEEE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49


6.2 Exemplo de caso de falha da direcionalidade de sequência zero para uma
falta AT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.3 Direcionalidade de sequência positiva para uma falta trifásica: (a) falta à
frente; (b) falta reversa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.4 Tempo de atuação das unidades direcionais de sequência positiva das fa-
ses A, B e C em função do ângulo de incidência para faltas trifásicas. . . . 57

iv
6.5 Direcionalidade normalizada para falhas na classificação direcional de
falta reversa: (a) unidades direcionais de fase para faltas CA; (b) unidades
de sequência zero para faltas BT; (c) unidades de sequência negativa para
faltas ABT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.6 Tempo de atuação das unidades direcionais em função do aumento da dis-
tância para faltas à frente: (a) unidades direcionais de fase para faltas CT;
(b) unidades de sequência zero para faltas CAT; (c) unidades de sequên-
cia negativa para faltas CA; (d) unidades de sequência positiva para faltas
trifásicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
6.7 Tempo de atuação das unidades direcionais em função do aumento da re-
sistência de falta: (a) unidades direcionais de fase para faltas ABT; (b)
unidades de sequência zero para faltas CT; (c) unidades de sequência ne-
gativa para faltas BT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
6.8 Caso de falta trifásica com afundamento da tensão total: (a) direcionali-
dade da unidade de sequência positiva; (b) energia dos coeficientes escala
da tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6.9 Sistema teste de 30 barras do IEEE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6.10 Falta na barra 21 com análise na barra 24: (a) iA , ENs e |IA |; (b) vBC ; (c)
FPAw e FPA ; (d) EiAw ; (e) instantes de atuação. . . . . . . . . . . . . . . . 66
6.11 Falta na barra 27 com análise na barra 24: (a) iA , ENs e IA ; (b) vBC ; (c)
FPAw e FPA ; (d) Eiw ; (e) instantes de atuação. . . . . . . . . . . . . . . . . 68
6.12 Falta monofásica na barra 6 com comportamento bifásico na barra de aná-
lise 10: (a) fator de potência das unidades de fase 67WA, 67WB e 67WC;
(b) fator de potência das unidades de fase 67A, 67B e 67C. . . . . . . . . 69
6.13 Falta monofásica na barra 6 com comportamento bifásico na barra de aná-
lise 10: (a) fator de potência das unidades de sequência negativa 67QWA,
67QWB e 67QWC; (b) fator de potência da unidade de sequência nega-
tiva 67Q. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.14 Falta trifásica na barra 5 com análise na barra 12: (a) fator de potência
das unidades de fase 67WA, 67WB e 67WC; (b) fator de potência das
unidades de fase 67A, 67B e 67C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
6.15 Falta trifásica na barra 5 com análise na barra 12: (a) fator de potência
das unidades de sequência positiva 67PWA, 67PWB e 67PWC; (b) fator
de potência da unidade de sequência positiva 67P. . . . . . . . . . . . . . 71
Lista de Tabelas

1.1 Publicações dos resultados da dissertação até o momento. . . . . . . . . . 4

2.1 Componentes de sequência para cada tipo de falta. . . . . . . . . . . . . 9


2.2 Coeficientes dos filtros wavelet e escala utilizando a db(4). . . . . . . . . 15

3.1 Curvas do IEEE C37.112 e seus respectivos parâmetros. . . . . . . . . . 23

4.1 Resumo da revisão bibliográfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

5.1 Resumo do método. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

6.1 Especificações dos parâmetros das unidades de sobrecorrente. . . . . . . 50


6.2 Atrasos das unidades direcionais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3 Composição da base de dados para avaliação da wavelet mãe. . . . . . . . 52
6.4 Desempenho do método proposto para diferentes wavelets mãe. . . . . . 52
6.5 Tempo médio de atuação do método proposto para as diferentes wavelets
mãe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.6 Composição da base de dados para avaliação do ângulo de incidência de
falta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.7 Desempenho do método proposto para a influência do ângulo de incidên-
cia de falta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.8 Desempenho do método clássico para a influência do ângulo de incidência
de falta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.9 Tempo médio de atuação do método proposto para a influência do ângulo
de incidência de falta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.10 Tempo médio de atuação do método clássico para a influência do ângulo
de incidência de falta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.11 Composição da base de dados com variação da distância de falta. . . . . . 59
6.12 Influência da distância para ambos os métodos. . . . . . . . . . . . . . . 59
6.13 Composição da base de dados com variação da resistência de falta. . . . . 61
6.14 Influência da resistência de falta para ambos os métodos. . . . . . . . . . 61
6.15 Composição da base de dados para avaliação do afundamento total. . . . . 62
6.16 Influência do afundamento total da tensão para ambos os métodos. . . . . 63

vi
Lista de Símbolos

Ds Direcionalidade wavelet
DsA , DsB , DCs Direcionalidade wavelet das fases A, B e C, respectivamente
Ds0 Direcionalidade de sequência zero wavelet
Ds1A , Ds1B , Ds1C Direcionalidade de sequência positiva wavelet das fases A, B e C,
respectivamente
Ds2A , Ds2B , Ds2C Direcionalidade de sequência negativa wavelet das fases A, B e C,
respectivamente
Es Energia dos coeficientes escala
Ew Energia dos coeficientes wavelet
Eiφs , Eiφw Energia dos coeficientes escala e wavelet, respectivamente, das cor-
rentes de fase, de sequência positiva, negativa ou zero
Eis , Evs Energia dos coeficientes escala de corrente e de tensão, respectiva-
mente
Eiw , Evw Energia dos coeficientes wavelet de corrente e de tensão, respectiva-
mente
s , Es , Es
EiA Energia dos coeficientes escala de corrente das fases A, B e C, res-
iB iC
pectivamente
w, Ew, Ew
EiA Energia dos coeficientes wavelet de corrente das fases A, B e C,
iB iC
respectivamente
s , Es
Evpol Energia dos coeficientes escala da tensão de polarização e da cor-
iop
rente de operação, respectivamente
Ei1s , Ei2s , EiN
s Energia dos coeficientes escala das correntes de sequência positiva,
negativa e de neutro, respectivamente
s , Es
E50 Energia de pickup das unidades instantâneas e temporizadas de fase,
51
respectivamente
s , Es
E50N Energia de pickup das unidades instantâneas e temporizadas de neu-
51N
tro, respectivamente
s , Es
E50P Energia de pickup das unidades instantâneas e temporizadas de
51P
sequência positiva, respectivamente
s , Es
E50Q Energia de pickup das unidades instantâneas e temporizadas de
51Q
sequência negativa, respectivamente
f Frequência fundamental do sistema
FP Fator de potência clássico
s
FPop Fator de potência de operação wavelet
FPs Fator de potência wavelet
fs Frequência de amostragem

vii
hψ Filtro IIR passa-alta
hϕ Filtro IIR passa-baixa
hψ Filtro IIR inverso passa-alta
hϕ Filtro IIR inverso passa-baixa
i Corrente de fase no tempo
iRMS Corrente rms no tempo
i0A , i0B , i0C Correntes de sequência zero das fases A, B e C no tempo, respectiva-
mente
i0 Correntes de sequência zero para qualquer fase no tempo
i1A , i1B , i1C Correntes de sequência positiva das fases A, B e C no tempo, respec-
tivamente
i2A , i2B , i2C Correntes de sequência negativa das fases A, B e C no tempo, respec-
tivamente
Iop Fasor da corrente de operação de fase
1 , I2 , I0
Iop Fasores de operação de sequência positiva, negativa e zero, respectiva-
op op
mente
Ir Corrente de referência
I Sinal de corrente fasorial
IA , IB , IC Fasores das correntes das fases A, B e C, respectivamente
1 , I2 , I0
Iop Fasores das correntes de operação de sequência positiva, negativa e
op op
zero, respectivamente
IRMS Fasor de corrente rms
I1 , I2 , I0 Fasores das correntes de sequência positiva, negativa e zero, respecti-
vamente
I0A , I0B , I0C Fasor da corrente de sequência zero para as fases A, B e C, respectiva-
mente
I1A , I1B , I1C Fasor da corrente de sequência positiva para as fases A, B e C, respec-
tivamente
I2A , I2B , I2C Fasor da corrente de sequência negativa para as fases A, B e C, respec-
tivamente
j Nível de decomposição da transformada wavelet
L Número de coeficientes do filtro wavelet
N Número total de amostras do sinal
p Número qualquer dentro do conjunto dos inteiros
Ps Potência ativa wavelet
P Potência ativa
Pop Potência ativa de operação
Pops Potência ativa de operação escala
Q Limiar do detector de transitórios de faltas
rt Resistência de falta
S Potência aparente
Sop Potência aparente de operação
s
Sop Potência aparente de operação escala
Ss Potência aparente escala
s Coeficiente escala
si1 , si2 , si0 Coeficientes de corrente de sequência positiva, negativa e
zero, respectivamente
sv1d Coeficiente escala das tensões de sequência positiva desloca-
das
sv1Ad , sv1Bd , sv1Cd Coeficiente escala das tensões de sequência positiva desloca-
das para as fases A, B e C
sv2Ad , sv2Bd , sv2Cd Coeficiente escala das tensões de sequência negativa deslo-
cadas para as fases A, B e C, respectivamente
sv0d Coeficiente escala da tensão de sequência zero deslocadas
svφ Coeficientes escala de tensão de fase, sequência positiva, ne-
gativa ou zero

s Coeficientes escalas de um sinal de duração finita
t Instante de tempo atual
TA , TB , TC Torques das unidades direcionais das fase A, B e C, respecti-
vamente
T MS Deslocamento da curva de tempo definido
TP Tempo definido pela unidade de sobrecorrente temporizada
T51 , T51N , T51P , T51Q Instante de ativação da unidade de sobrecorrente tempori-
zada de fase, neutro, sequência positiva e negativa, respec-
tivamente
v0 Tensão de sequência zero no tempo
vAB , vBC , vCA Tensão de polarização AB, BC e CA, respectivamente
V1 ,V2 ,V0 Fasor da tensão de sequência positiva, negativa e zero, res-
pectivamente
v1A , v1B , v1C tensão de sequência positiva, negativa e zero no tempo, res-
pectivamente
vφ Tensão de fase, de sequência positiva, negativa ou zero no
tempo
V Fasor de tensão
x Sinal qualquer no tempo
X Fasor de um sinal qualquer
Xr Parte real do fasor X
Xi Parte imaginária do fasor X
Y50 , Y50N , Y50P , Y50Q Limiar das unidades de sobrecorrente instantâneas de fase,
neutro, sequência positiva e negativa, respectivamente
Y51 , Y51N , Y51P , Y51Q Limiar das unidades de sobrecorrente temporizadas de fase,
neutro, sequência positiva e negativa, respectivamente
ZL1 , ZL0 Impedância de sequência zero e de sequência positiva da li-
nha
50W, 51W Unidade de sobrecorrente wavelet instantâneas e tempori-
zada de fase, respectivamente
50NW, 51NW Unidade de sobrecorrente wavelet instantâneas e tempori-
zada de neutro, respectivamente
50PW, 51PW Unidade de sobrecorrente wavelet instantâneas e tempo-
rizada de sequência positiva, respectivamente
50QW, 51QW Unidade de sobrecorrente wavelet instantâneas e tempo-
rizada de sequência negativa, respectivamente
67A, 67B, 67C Unidade de sobrecorrente direcionais clássicas das fase
A, B e C, respectivamente
67N Unidade de sobrecorrente direcional clássica de neutro,
respectivamente
67NW Unidade de sobrecorrente direcional wavelet de neutro,
respectivamente
67PWA, 67PWB, 67PWC Unidade de sobrecorrente direcionais wavelet de sequên-
cia positiva das fase A, B e C, respectivamente
67QW Unidade de sobrecorrente direcionais wavelet de sequên-
cia negativa, respectivamente
67QWA, 67QWB, 67QWC Unidade de sobrecorrente direcionais wavelet de sequên-
cia negativa das fases A, B e C, respectivamente
67W Unidade de sobrecorrente direcionais wavelet de fase,
respectivamente
67WA, 67WB, 67WC Unidade de sobrecorrente direcionais wavelet das fase A,
B e C, respectivamente
67, 67P, 67Q, 67N Unidade de sobrecorrente direcionais clássica de fase, de
neutro de sequência positiva e de sequência negativa, res-
pectivamente
α Defasamento angular de 120◦
α2 Defasamento angular de −120◦
β, γ, ρ Parâmetros das curvas temporizadas do IEEE
∆k Número de amostra em um ciclo
∆kα Deslocamento de amostras equivalente ao ângulo α
∆kα2 Deslocamento de amostras equivalente ao ângulo α2
∆kθ1 , ∆kθ0 Número de amostras equivalente aos ângulos ZL1 e ZL0 ,
respectivamente
1 2
ε+ , ε+ , ε+ 0 Limiares positivos das unidades de sequência positiva,
negativa e zero, respectivamente
ε1− , ε2−, ε0− Limiares negativos das unidades de sequência positiva,
negativa e zero, respectivamente
θ Ângulo formado entre tensão e corrente
φ Variável que representa qualquer uma das fases ou das
unidades de sequência positiva negativa ou zero
Lista de Abreviaturas e Siglas

A/D Analógico Digital


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Standards Institute
CC Coeficiente de Correlograma
DC Discrete Current
DSP Digital Signal Processing
EI Curva Extremamente Inversa
FIR Finite Impulse Response
FP Fator de Potência
I Curva Inversa
MI Curva Muito Inversa
MQ Mínimos Quadrados
GD Gerador Distribuído
HVDC High Voltage Discret Current
IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers
IIR Infinite Impulse Response
RNAs Redes Neurais Artificiais
SBSE Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos
SWT Stationary Wavelet Transform
TC Transformador de Corrente
TDF Transformada Discreta de Fourier
TDFR Transformada Discreta de Fourier Recursiva
THD Transformada de Hilbert Discreta
TMS Time Multiplier Settings
TP Transformador de Potencial
TPC Transformador de Potencial Capacitivo
TWC Transformada Wavelet Contínua
TWD Transformada Wavelet Discreta
TWDR Transformada Wavelet Discreta Redundante
TWP Transformada Wavelet Packet

xi
Capítulo 1

Introdução

Na configuração tradicional, os sistemas elétricos de potência atendem seus consumi-


dores seguindo a premissa de geração centralizada, onde uma fonte geradora de grande
porte, em uma extremidade do sistema, fornece potência para os centros consumidores,
por meio de linhas de distribuição e transmissão. No entanto, recentemente esse conceito
está sendo substituído pela geração distribuída, caracterizada por gerações de pequeno
porte (75 kW a 5 MW) incluindo renováveis, e mais próximas dos centros consumidores
(ANEEL, 2014). O ascendente crescimento da geração distribuída (Figura 1.1) é devida
seus inúmeros benefícios para o fornecimento de potência. Porém, ao mesmo tempo, traz
grandes desafios para o sistema elétrico, a exemplo dos sistemas de proteção e controle.

Nuclear Importação
1,2% 5,1% Eólica
Solar Fotovoltaica Biomassa 6,4%
0,01% 8,9%
Gás Natural
8,3%
Carvão e
Derivados
2,4%

Hidráulica
61% Derivados de
Petróleo
6,4%

Figura 1.1: Matriz energética brasileira do ano de 2016. Fonte: ANEEL - Banco de
Informações de Geração.

A proteção nos sistemas elétricos é importante para a manutenção do fornecimento


da energia elétrica aos consumidores, assim como para a segurança das pessoas e dos
equipamentos dispendiosos que compõem o sistema. É de sua responsabilidade isolar
contingências no menor tempo possível e afetando o menor número de clientes e equipa-
mentos. Para tanto, o sistema de proteção deve ser rápido, seletivo, sensível e confiável.
A proteção mais utilizada, a nível de distribuição, devido sua simplicidade e baixo
custo é a proteção de sobrecorrente, sendo também bastante utilizada como backup nas
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 2

proteções de linhas de transmissão, de transformadores de potência e de outros equipa-


mentos. Essa proteção é baseada no princípio da elevação da corrente de carga, diagnosti-
cando apenas a existência ou não de uma sobrecarga ou curto-circuito. Em sistemas com
várias fontes geradoras, a exemplo do sistema de distribuição com geração distribuída, o
diagnóstico da sobrecorrente é insuficiente para boa atuação da proteção, necessitando de
um módulo direcional para fornecimento de um diagnóstico mais completo, facilitando a
coordenação entre os relés.
A inclusão dos geradores distribuídos implicam em outros desafios para o sistema
de proteção, como: readequação da proteção de faltas fase-terra; integração gerador dis-
tribuído, direcionalidade e sincronismo; interferência da operação da micro geração e
sistema de controle (TEIMOURZADEH et al., 2016). Além disso, a presença de gera-
dores distribuídos pode causar situações de ilhamentos, que é o isolamento elétrico entre
o sistema de distribuição e o restante do sistema de potência, porém o sistema de distri-
buição ainda se mantém energizado devido a existência de geradores distribuídos. Para
estas situações, o módulo direcional pode fornecer informações adicionais que impeçam o
funcionamento inadequado do sistema, prejudicando quem esteja conectado a rede ilhada.
Informação de direcionalidade é essencial na proteção de linhas de transmissão, bas-
tante utilizada na proteção de barramentos e, até mesmo, na proteção de transformadores.
Com a inclusão dos geradores distribuídos, surge a necessidade dessa informação à ní-
vel de distribuição. Classicamente, a lógica direcional é definida comparando os fasores
das correntes de operação com os fasores das tensões de polarização, no qual o ângulo
formado entre essas grandezas identifica o sentido do fluxo de potência a cada instante
(ZIEGLER, 2011). De um modo geral, os fasores são calculados por meio da Trans-
formada Discreta de Fourier (TDF), que traz alguns inconvenientes como um elevado
esforço computacional para o cálculo dos fasores e uma grande influência da componente
de corrente contínua (Discrete Current - DC) com decaimento exponencial.
Nos últimos anos, novas técnicas de processamento de sinais vêm sendo empregadas
para rápida detecção de distúrbios, nas quais destacam-se a Transformada Wavelet Dis-
creta (TWD) e a Transformada Wavelet Discreta Redundante (TWDR) (COSTA; DRIE-
SEN, 2013), que são ferramentas eficientes para o diagnóstico de distúrbios no sistema
elétrico que resultem em transitórios, sendo que por meio de filtros passa-alta e passa-
baixa é possível decompor um sinal amostrado em sinais com componentes de alta e
baixa frequência. As informações de baixa frequência podem possibilitar a reconstru-
ção de várias proteções clássicas, atendendo ao lado conservador do sistema de proteção,
enquanto que as informações adicionais de alta frequência oferecem uma detecção mais
rápida dos distúrbios, atendendo ao seguimento não convencional da proteção, necessária
ao surgimento das redes inteligentes.
A utilização de ferramentas de processamentos de sinais, a exemplo da transformada
wavelet discreta pode se configurar como novas possibilidades para recriar a proteção de
sobrecorrente direcional clássica, para as unidades instantâneas e temporizadas de fase,
sequência positiva, negativa e zero, que atinja o mesmo desempenho tradicional, porém
com informações adicionais que venham contribuir para o seguimento não convencional
dos sistemas de potência atuais.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 3

1.1 Motivação
A geração distribuída está sendo fortemente requerida nos sistemas de distribuição
devido a grandes vantagens, como: adiamento de investimentos em expansão dos sis-
temas de transmissão e distribuição, redução no carregamento das redes, baixo impacto
ambiental, minimização das perdas nas longas linhas e diversificação da matriz energé-
tica, minimizando a dependência de um único tipo de geração. No entanto, esse sistema
com geradores distribuídos implicam em uma complexidade maior para a proteção do
sistema elétrico, pois os níveis de corrente durante a falta podem variar, minimizando a
sensibilidade das proteções tradicionais e, consequentemente, expondo pessoas, animais
e equipamentos a elevados níveis de correntes de curto-circuito.

1.2 Objetivos
O objetivo geral da dissertação de mestrado é recriar a proteção de sobrecorrente di-
recional clássica utilizando a transformada wavelet, garantindo o diagnóstico correto das
faltas com desempenho similar à proteção clássica.
Os objetivos específicos são:

• desenvolver um algoritmo de proteção de sobrecorrente direcional wavelet com


baixo custo computacional;
• implementar as unidade de sobrecorrente direcionais instantâneas e temporizadas
de fase, sequência positiva, negativa e neutro usando a transformada wavelet;
• comparar o desempenho do esquema de proteção wavelet proposto com a proteção
de sobrecorrente direcional convencional;
• avaliar o desempenho do esquema de proteção proposto no sistema de transmissão
de 230 kV do IEEE, para definir os melhores parâmetros para o método antes de
avaliar a proteção em sistemas com geração distribuída;
• identificar a wavelet mãe mais adequada para a aplicação;
• avaliar a influência da resistência, do ângulo de incidência e da distância de falta
para o método proposto.

1.3 Contribuições
As principais contribuições são:

• obtenção de um método inovador de proteção de sobrecorrente direcional com o


uso dos coeficientes escala de tensão e de corrente;
• projetar ativadores com base nas energias escala e acelerar a detecção pelo uso das
energias dos coeficientes wavelets.

Com relação às publicações dos resultados da dissertação e de seu desdobramento,


apresentam-se na Tabela 1.1 as publicações até o momento.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 4

Tabela 1.1: Publicações dos resultados da dissertação até o momento.


Evento/Periódico Título Autores
Modelling a Neutral and Phase M. M. Leal, F. B. Costa, J.
Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos - SBSE 2016
Overcurrent Directional Relay T. L. S. Campos

1.4 Organização do Trabalho


Esta dissertação está organizada em sete capítulos:

• Capítulo 2: Apresenta-se a fundamentação teórica da estimação fasorial pelo uso


da transformada de Fourier, o cálculo das componentes simétricas no tempo e na
frequência e o equacionamento da TWD e TWDR, enfatizando os ganhos do seu
uso à proteção.
• Capítulo 3: Apresenta-se a fundamentação das unidades de sobrecorrente tradici-
onais e das unidades direcionais tradicionais de fase, de sequência positiva, negativa
e zero.
• Capítulo 4: Apresenta-se o estado da arte referente às principais técnicas de so-
brecorrente direcional utilizadas em vários tipos de proteções.
• Capítulo 5: Apresenta-se a descrição do método proposto, enfatizando as con-
tribuições provenientes do uso da transformada wavelet discreta na proteção de
sobrecorrente direcional.
• Capítulo 6: Apresentam-se os resultados obtidos com o método proposto para o
sistema de 230 kV do IEEE de forma mais abrangente e alguns estudos de casos no
sistema de 30 barras do IEEE .
• Capítulo 7: Apresentam-se conclusões formuladas com base na avaliação dos
resultados obtidos e algumas propostas de trabalhos futuros.
Capítulo 2

Ferramentas Matemáticas

Neste capítulo será apresentada a fundamentação das ferramentas matemáticas usadas


para o desenvolvimento desta dissertação: a transformada de Fourier voltada para esti-
mação fasorial, as componentes simétricas no tempo e na frequência e as transformadas
wavelet discreta e discreta redundante.

2.1 Transformada de Fourier


Em 1807, Joseph Fourier propôs que qualquer sinal periódico no tempo poderia ser
representado por uma série de somas ponderadas de funções de senos e cossenos. Mas
devido ao baixo rigor matemático, o trabalho de Fourier não foi publicado, vindo se tornar
público apenas 15 anos depois com o lançamento do livro Analytical Theory of Heat
(FOURIER, 1878).
Desde então, a transformada de Fourier tem se mostrado uma boa ferramenta para
revelar a composição da frequência de um sinal no tempo. Especificamente no contexto
da proteção, os fasores são calculados pelo conhecido algoritmo de Fourier de um ciclo.
Portanto, baseado em (PHADKE; THORP, 2008), tem-se o equacionamento dos fasores
para aplicações em t empo real, como segue:
k ! " # " #$
2 2πn 2πn
X (k) = ∑ x(k) cos ∆k + jsen ∆k ,
∆k n=k−∆k+1
(2.1)

no qual X é a representação de pico do sinal na frequência (o fasor); ∆k = fs / f corres-


ponde ao número total de amostras em um ciclo do sinal definido em função da frequência
de amostragem ( fs ) e da frequência fundamental do sistema ( f ); x(k) refere-se as amos-
tras do sinal original no tempo. O fasor é um número complexo que tem seu módulo
(|X (k)|) e ângulo (∠X (k)) definidos como segue (PHADKE; THORP, 2009):
%
|X (k)| = Xr (k)2 + Xi (k)2 (2.2)
e " #
−1 Xr (k)
∠X (k) = tan , (2.3)
Xi (k)
sendo Xr e Xi , respectivamente, a parte real e imaginária do fasor X .
Para calcular a TDF de um sinal com ∆k amostras por ciclo, o produto de uma matriz
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 6

∆k x ∆k que contenha as k-ésimas unidades e− j2π/∆k é necessário, tornando esse pro-


cessamento muito custoso à medida que o número de amostras cresce. Portanto, para
minimizar o esforço computacional, a versão recursiva deste algoritmo é utilizado neste
trabalho (PHADKE; THORP, 2008), como segue:
! " # " #$
2πk 2πk
X (k) = X (k − 1) + (x(k) − x(k − ∆k)) cos + jsen . (2.4)
∆k ∆k
Assim, para calcular o fasor atual (X (k)), o cálculo do último fasor (X (k − 1)) é apro-
veitado, retirando a contribuição da amostra mais antiga computada (x(k − ∆k)) e adicio-
nando a amostra mais recente recebida (x(k)). Dessa maneira, a quantidade de operações
realizadas a cada amostragem é minimizada, estimando o fasor de forma mais eficiente.
Com a estimação dos fasores definida, o relé pode se apropriar desses dados para
processar a maioria de suas lógicas clássicas. No entanto, os fasores estimados via TDF
não revelam como as componentes na frequência variam com o tempo, tornando esse
método limitado para sinais não-estacionários (GAO; YAN, 2010).

2.2 Componentes Simétricas


As componentes simétricas, ou componentes de sequência, são artifícios clássicos
para análise de sistemas trifásicos senoidais desequilibrados. O cálculo dessas compo-
nentes, proposto por Fortescue (1918), permite decompor um sinal trifásico periódico se-
noidal em três sistemas trifásicos equilibrados compostos pelas componentes de sequência
positiva, sequência negativa e sequência zero.
Para minimizar a complexidade da análise de sistemas de potência, as componentes
simétricas podem ser calculadas depois da estimação fasorial ou antes da estimação faso-
rial, o que está sendo denominado neste trabalho de componentes simétricas no domínio
da frequência e componentes simétricas no domínio do tempo, respectivamente. Ambos
os procedimentos são lineares e alcançarão os mesmos resultados (KASZTENNY et al.,
2000).

2.2.1 Componentes Simétricas no Domínio da Frequência


Com tratamento no domínio da frequência, o equacionamento das componentes simé-
tricas utiliza os fasores do sinal a ser decomposto das três fases. Como exemplo, para a
corrente tem-se os fasores IA , IB , IC para obtenção das componentes de sequência posi-
tiva (I1A , I1B , I1C ), negativa (I2A , I2B , I2C ) e zero (I0A , I0B , I0C ) da corrente (BLACKBURN,
1993).

Componentes de Sequência Positiva


Para a sequência positiva tem-se correntes trifásicas balanceadas com defasagem de
120◦ entre suas fases. Os vetores possuem mesma amplitude e sentido de rotação horá-
rio, considerando um sistema com sequência de fases ABC (positiva). Na Figura 2.1 é
ilustrado o comportamento dos fasores das correntes de sequência positiva {I1A , I1B , I1C }.
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 7

I1C

120◦
120◦ I1A
120◦

I1B

Figura 2.1: Fasores de corrente de sequência positiva.

Para melhor representar o defasamento de 120◦ é adotado o operador α, como segue:

α = 1∠120◦ = −0, 5 + j0, 886 (2.5)

e
α2 = 1∠240◦ = −0, 5 − j0, 886. (2.6)
Portanto, as componentes de sequência positiva para os fasores de corrente são definidas
como segue (BLACKBURN, 1993):
1
I1A = (IA + αIB + α2 IC ), (2.7)
3
1
I1B = α2 I1A = (α2 IA + IB + αIC ), (2.8)
3
e
1
I1C = αI1A = (αIA + α2 IB + IC ), (2.9)
3
em que, os mesmos princípios são validos para os fasores de tensão. Uma das fases de
sequência pode definir as demais fases, então não é possível que exista componente de
sequência de uma fase isoladamente ou em pares.

Componentes de Sequência Negativa


As componentes de sequência negativa são trifásicas e balanceadas com mesma mag-
nitude e defasagem de 120◦ entre suas fases para sistemas com sequência de fase negativa,
ou seja, o sentido de rotação é anti-horário. Por exemplo, em um sistema com sequência
de fase ABC as componentes de sequência negativa serão ACB, já para um sistema ACB
as componentes de sequência negativa serão ABC, como é ilustrado na Figura 2.2, sendo
I2A , I2B e I2C as componentes de sequência negativa para um sistema com sequência de
fases ABC.
As componentes de sequência negativas podem ser equacionadas como segue (BLACK-
BURN, 1993):
1
I2A = (IA + α2 IB + αIC ), (2.10)
3
1
I2B = αI1A = (αIA + IB + α2 IC ) (2.11)
3
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 8

e
1
I2C = α2 I1A = (α2 IA + αIB + IC ). (2.12)
3
Todo o equacionamento de sequência negativa definido para os fasores de correntes são

I2B I2A
120◦
120◦ 120◦

I2C

Figura 2.2: Fasores de corrente de sequência negativa.

válidos para os fasores de tensão.

Componentes de Sequência Zero


As componentes de sequência zero possuem a mesma magnitude e o mesmo ângulo
para todas as fases como ilustrado na Figura 2.3.

I0A = I0B = I0C

Figura 2.3: Fasores de corrente de sequência zero.

As componentes de sequência zero podem ser equacionadas como segue (BLACK-


BURN, 1993):
1
I0A = I0B = I0C = (IA + IB + IC ), (2.13)
3
não existindo I0A ou I0B ou I0C isoladamente. Todas as definições das componentes de
sequência zero realizadas para os fasores de correntes são válidas para os fasores de ten-
são.
Nos relés tradicionais, as unidades de sobrecorrente e as unidades direcionais utilizam
algumas componentes simétricas em suas lógicas de proteções, pois estas conseguem di-
agnosticar, de forma eficiente, os diferentes distúrbios que ocorrem no sistema. Quando o
sistema torna-se desequilibrado, dependendo do tipo de falta há componentes de sequên-
cia mais expressivas, conforme apresentado na Tabela 2.1.
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 9

Tabela 2.1: Componentes de sequência para cada tipo de falta.


Tipo de Falta Seq. Zero Seq. Positiva Seq. Negativa
√ √ √
Monofásica √ √
Bifásica -
√ √ √
Bifásica-Terra √
Trifásica - -

2.2.2 Componentes Simétricas no Domínio do Tempo


As componentes simétricas podem ser adaptadas para utilizar amostras temporais dos
sinais da três fases, iA , iB e iC , em detrimento à amostras fasoriais, ou seja, é possível de-
senvolver uma representação no domínio do tempo das componentes simétricas (KASZ-
TENNY et al., 2000).

Componentes de Sequência Positiva


A lógica empregada nas componentes simétricas de sequência positiva no tempo é
similar ao aplicado no domínio da frequência, porém, não há um deslocamento em termos
de ângulo, existe um deslocamento equivalente ao ângulo de 120◦ em termos de amostras.
Como um ciclo pode ser dividido em três porções de 120◦ , então existe a equivalência
de α e α2 em termos de tempo (COSTA, 2012) ou de amostras, sendo adotado neste
trabalho a representação em termos de amostras, denominado ∆kα e ∆kα2 , como segue:

2
∆kα = ∆k (2.14)
3
e
1
∆kα2 = ∆k. (2.15)
3
Desse modo, as componentes de sequência positiva no tempo podem ser definidas como
segue:
1
i1A (k) = (iA (k) + iB (k − ∆kα ) + iC (k − ∆kα2 )), (2.16)
3
1
i1B (k) = (iA (k − ∆kα2 ) + iB (k) + iC (k − ∆kα )) (2.17)
3
e
1
i1C (k) = (iA (k − ∆kα ) + iB (k − ∆kα2 ) + iC (k)), (2.18)
3
com i1A , i1B e i1C sendo, respectivamente, as correntes de sequência positiva no tempo
das fases A, B, C. Todas estas definições são válidas para o sinal de tensão, obtendo-se
v1A , v1B e v1C .
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 10

Componentes de Sequência Negativa


As componentes de sequência negativa no tempo seguem o raciocínio das compo-
nentes de sequência negativa na frequência, porém com as devidas modificações para
amostras temporais, como segue:
1
i2A (k) = (iA (k) + iB (k − ∆kα2 ) + iC (k − ∆kα )), (2.19)
3
1
i2B (k) = (iA (k − ∆kα ) + iB (k) + iC (k − ∆kα2 )) (2.20)
3
e
1
i2C (k) = (iA (k − ∆kα2 ) + iB (k − ∆kα ) + iC (k)), (2.21)
3
sendo i2A , i2B e i2C as correntes de sequência negativa no tempo das fases A, B e C,
respectivamente. Todas as definições aqui mencionadas são válidas para o sinal de tensão,
obtendo v2A , v2B e v2C .

Componentes de Sequência Zero


As componentes de sequência zero no tempo correspondem a um terço da soma das
três amostras atuais, cada amostra proveniente de uma das três fases, como segue:
1
i0 (k) = i0A (k) = i0B (k) = i0C (k) = (iA (k) + iB (k) + iC (k)), (2.22)
3
sendo i0A , i0B e i0C as correntes de sequência zero no tempo das fases A, B e C, respec-
tivamente. Como a sequência zero é igual para todas as fases, simplifica-se essa notação
usando apenas i0 para representar a sequência zero de qualquer uma das fases. Todas as
definições aqui mencionadas são válidas para o sinal de tensão, obtendo v0 como a tensão
de sequência zero.

2.3 Transformada Wavelet Discreta - TWD


Em um contexto histórico, as primeiras menções da transformada wavelet foram pro-
venientes do trabalho de Haar (HAAR, 1910), no qual surge a wavelet de Haar, a wavelet
mãe mais simples desenvolvida até hoje. Aplicações desta nova técnica foram sendo in-
crementadas à literatura até a maior contribuição, para época, por Jean Morlet que imple-
mentou uma técnica para análise de funções janeladas, sendo ele o primeiro pesquisador
a utilizar a nomenclatura “Wavelet” nesse campo (MACKENZIE et al., 2001).
Uma contribuição importante foi dada por Grossmann e Morlet (1984) quando afirma-
ram que um sinal poderia ser transformado na forma wavelet e depois reconstituído sem
perda de informações, definindo a transformada wavelet contínua (TWC). No entanto,
essa representação é muito redundante, requerendo um elevado esforço computacional,
inviável para aplicações que não podem despender tempo no processamento. Na tentativa
de solucionar essas e outras questões, muitos trabalhos foram publicados desde então,
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 11

com destaque para o trabalhos de Mallat (1989), no qual a análise multiresolucional foi
proposta e o trabalho de Daubechies (1992) que introduz o conceito da TWD.
A análise multiresolucional define que filtros digitais podem ser usados para decompor
um sinal discreto nos coeficientes escala e wavelet, em diferentes níveis de resolução, de
forma confiável e com baixo esforço computacional, como segue:

s j (k) = s j−1 ∗ hϕ (2k) = ∑ hϕ (n − 2k)s j−1(n) (2.23)
n=−∞

e ∞
w j (k) = s j−1 ∗ hψ (2k) = ∑ hψ (n − 2k)s j−1(n), (2.24)
n=−∞
em que j ≥ 1; ∗ representa a operação de convolução; s j e w j representam os coeficientes
escala e wavelet no nível de decomposição j, respectivamente; s0 representa o sinal no
domínio do tempo (x = s0 ); hφ e hψ são filtros digitais, de resposta ao impulso infinito
(Infinite Impulse Response - IIR), passa-baixa (filtro escala) e passa-alta (filtro wavelet),
respectivamente, enquanto que hφ e hψ são os filtros IIR inversos passa-baixa e passa-alta.
Para fins práticos, os sinais de entrada dos filtros de decomposição da TWD tem dura-
ção finita. Assim, sendo N o número total de amostras do sinal, a série s j é definida como
um sinal de duração finita com N/2 j amostras, como segue:

s j = {s j (0), s j (1), ..., s j (N/2 j − 1)}, (2.25)

com j ≥ 0 e N/2 j ≥ L sendo L o número de coeficientes do filtro escala e wavelet. A



extensão periódica de s j com N/2 j termos (s) é definida como segue:

s(n + pN/2 j ) = s j (n), (2.26)
sendo 0 ≤ n ≤ N/2 j e p é um número qualquer dentro do conjunto dos inteiros, tornando
um sinal de duração finita em um sinal de duração infinita. Portanto, com base nas Equa-
ções (2.23) e (2.24), os coeficientes escala e wavelet podem ser calculados por meio da
convolução circular (") entre um sinal de duração finita e os filtros de resposta ao impulso
finito (Finite Impulse Response - FIR) como segue:
L−1

s j (k) = s j−1 " hϕ (2k) = ∑ hϕ(l)s j−1(2k + l) (2.27)
l=0

e
L−1

w j (k) = s j−1 " hψ (2k) = ∑ hψ(l)s j−1 (2k + l), (2.28)
l=0

sendo j ≥ 1; 0 ≤ k ≤ N/2 j − 1; N ≤ 2 j−1 L e L é o número de coeficientes do filtro


utilizado e deve ser uma potência de 2.
Os coeficientes escala s j e wavelet w j do nível de decomposição j são obtidos com
a convolução dos coeficientes escala de um nível imediatamente inferior (s j−1 ), seguido
por uma subamostragem por dois, como é exemplificado na Figura 2.4.
Na Figura 2.4, x é o sinal original no tempo e ↓ 2 representa as subamostragens por
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 12

TWD
TWD s3
TWD s2 hϕ ↓2
s1 hϕ ↓2 w3
hϕ ↓2 w2 hψ ↓2
x hψ ↓2
w1
hψ ↓2

Figura 2.4: Diagrama de blocos ilustrando a decomposição dos três primeiros níveis da
TWD.

2. O sinal x é decomposto nos coeficientes wavelet (w1 ) e escala (s1 ) no primeiro nível
de decomposição ( j = 1) pelos filtros passa-baixa (hϕ ) e passa-alta (hψ ), respectivamente,
seguidos de uma subamostragem por 2. Esses coeficientes representam a resposta dos
filtros utilizados, ou seja, w1 são os componentes de alta frequência do sinal, enquanto
que s1 são os componentes de baixa frequência, para o primeiro nível de decomposição.
No nível seguinte ( j = 2), o mesmo processo se repete, porém, os coeficientes escala
do primeiro nível, que possui forma aproximada do sinal original por conter informações
de baixa frequência, serão utilizados como sinal de entrada para o conjunto de filtros
desse nível e esse processo se repete para os demais níveis de decomposição, utilizado os
coeficientes escala do nível anterior como sinal de entrada do próximo nível.
Nesse processo, o número de amostras é reduzido a medida que o nível de decom-
posição aumenta, devido as sucessivas subamostragens realizadas. Por exemplo, o sinal
original x contendo N amostras é reduzido para N/2, N/4 e N/8 amostras nos respectivos
primeiro, segundo e terceiro nível de decomposição.
Considerando o espectro de frequência do sinal original sendo [0 - fs ], a recomposição
desse espectro se dá avaliando o espectro dos coeficientes wavelet do primeiro [ fs /2 - fs ],
segundo [ fs /4 - fs /2] e terceiro [ fs /8 - fs /4] nível de decomposição, juntamente com o
espectro dos coeficientes escala no terceiro nível de decomposição [0 - fs /8].
Os coeficientes wavelet da TWD podem ser representados em notação matricial. Por-
tanto, a representação no primeiro nível de decomposição da TWD para L = 4 é:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
w(0) x(0)

⎢ w(1) ⎥


⎢ x(1) ⎥


⎢ w(2) ⎥


⎢ x(2) ⎥

⎢ w(3) ⎥ = Hψ ⎢
⎥ ⎢ x(3) ⎥
(2.29)
.. ..
⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥

⎢ . ⎥


⎢ . ⎥

⎣ w(N/2 − 2) ⎦ ⎣ x(N/2 − 2) ⎦
w(N/2 − 1) x(N/2 − 1)
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 13

em que Hψ é definido como segue:


⎡ ⎤
hψ (0) hψ (1) hψ (2) hψ (3) ··· 0 0 0
⎢ .. .. .. .. .. .. .. ..
.

Hψ = ⎢ . . . . . . . (2.30)
⎢ ⎥

⎣ 0 0 0 0 · · · hψ (1) hψ (2) hψ (3) ⎦
0 0 0 0 ··· 0 hψ (0) hψ (1)

Na Figura 2.5 é ilustrado um sinal de corrente, proveniente de um sistema de distribui-


ção, e os coeficientes escala e wavelet para o primeiro nível de decomposição da TWD.
Os coeficientes escalas são influenciados pelas componentes de baixa frequência do sinal,
enquanto que as componentes de alta frequência influenciam os coeficientes wavelet.
1,5
Corrente (kA)

Início do
distúrbio

-1,5
3 (a)
2 ×10
Coeficientes
Escala

-2
(b)
4
Coeficientes

0
Wavelet

-4 Detecção do
distúrbio
-8
0 1 2 3 4 5
Número de Ciclos
(c)

Figura 2.5: Exemplo da TWD no primeiro nível de decomposição: (a) sinal de corrente;
(b) coeficientes escalas; (c) coeficientes wavelet.

2.3.1 Filtros Escala e Wavelet da TWD


Os filtros utilizados para decomposição de sinais digitais, filtro wavelet (hψ ) e filtro
escala (hϕ ), são espelhados em quadratura, definidos como:

hϕ (l) = (−1)l+1hψ (L − l − 1) (2.31)


e
hψ (l) = (−1)l+1 hϕ (L − l − 1), (2.32)
em que:
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 14

hϕ = {hϕ (0), hϕ(1), ..., hϕ(L − 2), hϕ(L − 1)} = {−hψ (L − 1), hψ (L − 2), ..., −hψ(1), hψ (0)}
(2.33)
e

hψ = {hψ (0), hψ(1), ..., hψ(L − 2), hψ (L − 1)} = {hϕ(L − 1), hϕ (L − 2), ..., hϕ(1), −hϕ(0)}.
(2.34)
Os coeficientes dos filtros devem seguir as seguintes propriedades (PERCIVAL; WAL-
DEN, 2000):
L−1 L−1
∑ [hψ(l)]2 = 1 ⇒ ∑ [hϕ(l)]2 = 1, (2.35)
l=0 l=0
L−1 L−1
∑ hψ(l)hψ(l + 2n) = 0 ⇒ ∑ hϕ(l)hϕ(l + 2n) = 0, (2.36)
l=0 l=0
e
L−1 L−1 √
∑ hψ(l) = 0 ⇒ ∑ hϕ(l) = 2, (2.37)
l=0 l=0
onde n é um número inteiro qualquer diferente de zero e l = 0, 1, ..., L-1.
Os filtros escala e wavelet inverso são representados por hφ e hψ , respectivamente, e
definidos como segue:
hϕ (l) = (−1)l+1hψ (L − l − 1) (2.38)
e
hψ (l) = (−1)l+1 hϕ (L − l − 1), (2.39)
sendo que:

hϕ = {hϕ (0), hϕ (1), ..., hϕ (L − 2), hϕ (L − 1)} = {hϕ(L − 1), hϕ (L − 2), ..., hϕ(1), hϕ(0)}
(2.40)
e

hψ = {hψ (0), hψ (1), ..., hψ (L − 2), hψ (L − 1)} = {hψ (L − 1), hψ(L − 2), ..., hψ(1), hψ(0)}.
(2.41)
Para aplicação em proteção de sistemas elétricos, a família Daubechies vem sendo
uma das mais utilizadas e, com relação a quantidade de coeficientes, uma wavelet mãe
com quatro coeficientes tem atendido bem à aplicações que requerem baixo custo com-
putacional. Portanto, são mostrados, como exemplo, os coeficientes wavelet e escala para
a wavelet mãe Daubechies com 4 coeficientes (db(4)) (DAUBECHIES, 1992):
√ √ √ √
1+√ 3 3+√ 3 3−√ 3 1−√ 3
hϕ (0) = 4 2
, hϕ (1) = 4 2
, hϕ (2) = 4 2
, hϕ (3) = 4 2
, (2.42)
√ √ √ √
1−√ 3 −3+
√ 3, 3+√ 3 −1−
√ 3.
hψ (0) = 4 2
, hψ (1) = 4 2
hψ (2) = 4 2
, hψ (3) = 4 2
(2.43)
Os coeficientes dos filtro wavelet e escala, bem como os filtros inversos são resumidos
na Tabela 2.2.
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 15

Tabela 2.2: Coeficientes dos filtros wavelet e escala utilizando a db(4).


Filtro FIR
Índice
hϕ hψ hϕ hψ
0 0,4830 -0,1294 -0,1294 -0,4830
1 0,8365 -0,2241 0,2241 0,8365
2 0,2241 -0,8365 0,8365 -0,2241
3 -0,1294 -0,4830 0,4830 -0,1294

2.3.2 Transformada Wavelet Discreta Redundante - TWDR


A TWDR, também referida como Stationary Wavelet Transform - SWT, é uma va-
riação da TWD, na qual as subamostragens são suprimidas, tornando-se invariante no
tempo, propiciando maior rapidez na detecção de transitórios, sendo mais adequada para
aplicações em tempo real (COSTA; SOUZA; BRITO, 2010).
Os filtros wavelet e escala também estão presentes na TWDR, no entanto, a suba-
mostragem por dois não ocorre (Figura 2.6). Isso implica em outras diferenças, como
exemplo, a TWDR pode ser aplicada para qualquer número de amostras desde que N > L
e ela se torna uma transformada não-ortogonal.
TWDR
TWDR s3
TWDR s2 hϕ
s1 hϕ w3
hϕ w2 hψ
x hψ
w1

Figura 2.6: Diagrama de blocos ilustrando a decomposição dos três primeiros níveis da
TWDR.

De maneira similar, a TWDR tem seus coeficientes escala e wavelet definidos como
segue:

s j−1 ∗ hϕ (k) 1 ∞
s j (k) = √ = √ ∑ hϕ (n − k)s j−1 (n) (2.44)
2 2 n=−∞
e
s j−1 ∗ hψ (k) 1 ∞
w j (k) = √ = √ ∑ hψ (n − k)s j−1(n), (2.45)
2 2 n=−∞
em que j ≥ 1.
Na Figura 2.7 é apresentado um sinal de corrente sendo tratado pela TWDR no pri-
meiro nível de decomposição utilizando a db(4). As componentes de baixa frequência são
expressas pelos coeficientes escalas e as componentes de alta frequência influenciam os
coeficientes wavelet. Diferente da TWD que utiliza a subamostragem, na TWDR não há
amostras negligenciadas o que provocou, no instante da detecção da falta, uma amplitude
mais elevada na Figura 2.7 (c) se comparado à Figura 2.5 (c).
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 16

Corrente (kA) 1,5 Início do


distúrbio

-1,5
(a)
1,5
×103
Coeficientes
Escala

-1,5
(b)
8
Coeficientes

4
Wavelet

0 Detecção do
distúrbio
-4
0 1 2 3 4 5
Número de Ciclos
(c)

Figura 2.7: Exemplo da TWDR no primeiro nível de decomposição: (a) sinal de corrente;
(b) coeficientes escala; (c) coeficientes wavelet.

Reformulando as Equações (2.27) e (2.28) para sinais com duração finita, tem-se:

s j−1 " hϕ (k) 1 L−1 ◦


s j (k) = √ = √ ∑ hϕ (l)s j−1 (k + l) (2.46)
2 2 l=l
e
s j−1 " hψ (k) 1 L−1 ◦
w j (k) = √ = √ ∑ hψ (l)s j−1 (k + l), (2.47)
2 2 l=0
em que j ≥ 1; 0 ≤ k ≤ N; N ≥ L.
A representação matricial da TWDR no primeiro nível de decomposição para uma
série de N amostras e com L = 4 é:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
w(0) x(0)
⎢ w(1) ⎥ ⎢ x(1) ⎥
.. ..
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ . ⎥ ⎢ . ⎥
⎢ w(N − 4) ⎥ = Hψ ⎢ x(N − 4) ⎥ , (2.48)
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ w(N − 3) ⎥ ⎢ x(N − 3) ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎣ w(N − 2) ⎦ ⎣ x(N − 2) ⎦
w(N − 1) x(N − 1)
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 17

em que Hψ é definido como segue:


⎡ ⎤
hψ (0) hψ (1) hψ (2) hψ (3) ··· 0 0 0
⎢ 0 hψ (0) hψ (1) hψ (2) ··· 0 0 0

⎢ ⎥
⎢ 0 0 hψ (0) hψ (1) ··· 0 0 0

⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 hψ (0) ··· 0 0 0

⎢ .. .. .. .. .. .. ..
⎢ ⎥
..
.

Hψ = ⎢ . . . . . . .
⎥. (2.49)
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 0 · · · hψ (2) hψ (3) 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢ 0 0 0 0 · · · hψ (1) hψ (2) hψ (3) ⎥
⎢ ⎥
⎢ hψ (3) 0 0 0 · · · hψ (0) hψ (1) hψ (2) ⎥
⎢ ⎥
⎣ hψ (2) hψ (3) 0 0 ··· 0 hψ (0) hψ (1) ⎦
hψ (1) hψ (2) hψ (3) 0 ··· 0 0 hψ (0)

2.3.3 Energias dos Coeficientes Escala e Wavelet da TWDR


Segundo o teorema de Parseval (BURRUS; RAMESH; GUO, 1998), a energia es-
pectral de um sinal x é igual a soma da energia dos coeficientes wavelet nos níveis de
resolução 1 ≤ j ≤ J com a energia dos coeficientes escalas no nível de decomposição J.
Portanto, a energia dos coeficientes wavelet e escala para TWDR é definida por:
∆k−1 ∆k−1 J ∆k−1
2 2
∑ |x(k)| = ∑ |sJ (k)| +∑ ∑ |w j (k)|2, (2.50)
k=0 k=0 j=0 k=1

no qual o primeiro somatório da equação é a energia do sinal original, o segundo somató-


rio diz respeito a energia dos coeficientes escalas no nível de decomposição J e o último
somatório é a energia dos coeficientes wavelet em todos os níveis de decomposição.
Para implementação em tempo real, é necessária a utilização de uma janela com ∆k
amostras. Assim, a energia dos coeficientes wavelet (E w ) e a energia dos coeficientes
escalas (E s ), na amostragem atual k, para o primeiro nível de decomposição, são definidos
como segue:
k
E s (k) = ∑ s2 (n) (2.51)
n=k−∆k+1
e
k
w
E (k) = ∑ w2 (n), (2.52)
n=k−∆k+1
sendo k > ∆k. Recursivamente, essas energias são calculadas para cada amostra k como
segue:

E s (k) = E s (k − 1) − s2(k − ∆k) + s2 (k) (2.53)


e
E w (k) = E w (k − 1) − w2 (k − ∆k) + w2 (k). (2.54)
CAPÍTULO 2. FERRAMENTAS MATEMÁTICAS 18

2.4 Síntese do Capítulo


Apresentou-se neste capítulo os conceitos da estimação fasorial, via transformada de
Fourier, e das componentes simétricas no domínio do tempo e da frequência. Além disso,
os fundamentos da TWD e da TWDR foram apresentados ressaltando sua implementação
para aplicações em tempo real.
Capítulo 3

Proteção de Sobrecorrente Direcional


Clássica

Neste capítulo será apresentado a fundamentação matemática da proteção de sobrecor-


rente direcional clássica, mostrando de forma independente as unidades de sobrecorrente
e as unidades direcionais de fase, sequência positiva, negativa e neutro.

3.1 Pré-Processamento dos Sinais


Os dados analógicos provenientes do sistema elétrico não podem ser diretamente en-
tregues ao sistema de proteção devido as elevadas amplitudes, necessitando de um pré-
tratamento. Os transformadores de corrente (TC) e transformadores de potencial (TP) ou
de potencial capacitivo (TPC) são necessários para esse fim, reduzindo os níveis de cor-
rente e tensão para valores de 1 ou 5 A e 110 ou 120 V (HOROWITZ; PHADKE, 2008),
respectivamente. Além disso, os sinais analógicos não são adequados para alimentarem
os relés digitais, necessitando de um conversor analógico-digital (A/D).
Nos relés tradicionais, antes do processo de amostragem, é realizada uma filtragem
com uso de filtros passa-baixas para eliminar componentes de altas frequências, indesejá-
veis para proteção (JOHNS; SALMAN, 1997). Essa filtragem necessita seguir os critérios
do teorema da amostragem de Nyquist-Shannon (ZAYED, 1993) para evitar a má repre-
sentação do sinal quando realizada a amostragem, conhecido como efeito aliasing. Isso é
solucionado assegurando que a frequência de amostragem é pelo menos duas vezes maior
que a componente de máxima frequência do sinal.
Embora esse pré-processamento resulte em dados adequados para relés tradicionais,
para a maioria das lógicas de proteção são necessárias informações de magnitude e ân-
gulo, ou seja, é necessário a estimação fasorial dos sinais de correntes e tensões. Dessa
forma, filtros digitais são necessários para obtenção desses fasores. Os filtros com base
nos algoritmos de Fourier são os mais comumente utilizados.

3.2 Proteção de Sobrecorrente Clássica


Considerado um dos eventos mais comuns, a sobrecorrente pode está presente em
situações de sobrecarga ou de curto-circuito (faltas). As sobrecargas são caracterizadas
por haver mais cargas do que o previsto conectadas à rede elétrica, causando variações
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 20

moderadas nos níveis de corrente que flui no sistema. Por outro lado, os curtos-circuitos
podem ser oriundos de inúmeras causas, mas em geral, causam variação de corrente mais
severas, se comparado com a sobrecarga (MAMED; MAMED, 2013).
A proteção de sobrecorrente avalia, a cada instante, o nível de corrente presente no
sistema, por meio do módulo do fasor estimado da corrente. Se em algum instante for
detectado que a corrente medida supera os valores admissíveis, o desligamento da zona
protegida pela unidade de sobrecorrente é requisitado. Na Figura 3.1 exemplifica-se um
caso de curto-circuito no qual a corrente durante a falta cresce configurando uma sobre-
corrente, que é devidamente representada pelo módulo da estimação fasorial.
3
Corrente (kA)

2
1
0
-1 Instante inicial i
-2 da falta |I|
-3
0 1 2 k f / fs 3 4 5
Número de Ciclos

Figura 3.1: Sobrecorrente e sua respectiva estimação fasorial pelo algoritmo de Fourier
de um ciclo.
Os valores admissíveis de corrente no sistema, que parametrizam a proteção de so-
brecorrente, dependem de parâmetros do sistema, como os níveis de curto-circuito e a
corrente de carga, assim como os requisitos de coordenação e seletividade necessários a
qualquer proteção. Os níveis de sobrecorrente permissível no sistema divide a unidade de
sobrecorrente em unidade de sobrecorrente instantânea e temporizada.

3.2.1 Unidade de Sobrecorrente Instantânea Clássica


A palavra instantânea não implica que a proteção irá atuar tão logo a falta ocorra, mas
que não será adicionado nenhum atraso proposital a atuação da proteção, ou seja, uma vez
que a sobrecorrente supere um valor de pickup definido, imediatamente é enviado o trip
(sinal que solicita a abertura do disjuntor) (PAITHANKAR; BHIDE, 2010).
A parametrização da unidade instantânea conta com um limiar mínimo de corrente
definido (corrente de pickup) que supera, em amplitude, a unidade temporizada, pois o
objetivo dessa unidade é não permitir que sobrecorrentes muito elevadas se mantenha
por longos períodos de tempo no sistema, expondo pessoas, animais e equipamentos do
sistema a situações adversas.
Como fora definida quatro tipos diferentes de correntes de entrada para a proteção,
pode ser definido quatro unidades de sobrecorrente instantâneas, sendo elas associadas as
correntes de fase, de sequência positiva, negativa e zero.

Unidade de Sobrecorrente Instantânea de Fase


A unidade de sobrecorrente de fase atuará caso, em alguma das três fases, a corrente
que flui no sistema supere a corrente mínima de atuação, corrente de pickup instantânea
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 21

(I50 ), como segue:

|IA | > Y50 Ir , (3.1)


|IB | > Y50 Ir (3.2)

|IC | > Y50 Ir , (3.3)

sendo I50 = Y50 Ir e Y50 > 1, um multiplicador que define quantas vezes maior, do que a
corrente de referência, deve ser a corrente do sistema para essa unidade atuar.

Unidade de Sobrecorrente Instantânea de Sequência Positiva


A unidade de sobrecorrente de sequência positiva é equivalente a unidade de fase,
sendo redundante as duas no mesmo relé. Utilizando as amostras fasoriais para o cálculo
das componentes simétricas, é sabido que o módulo de qualquer uma das fases será igual,
portanto, generaliza-se que a unidade de sobrecorrente instantânea de sequência positiva
atuará quando o módulo da corrente for maior que uma corrente de pickup de sequência
positiva instantânea (I50P ), como segue:

|I1 | = |I1A | = |I1B | = |I1C | > Y50P Ir , (3.4)

sendo I50P = Y50P Ir e Y50P > 1, um multiplicador que define quantas vezes maior, do que
a corrente de referência, deve ser a corrente do sistema para essa unidade atuar.

Unidade de Sobrecorrente Instantânea de Sequência Negativa


A unidade de sobrecorrente instantânea de sequência negativa atuará quando o módulo
da corrente de sequência negativa superar a corrente de pickup de sequência negativa
instantânea (I50Q ) , como segue:

|I2 | = |I2A | = |I2B | = |I2C | > Y50Q Ir , (3.5)

sendo I50Q = Y50Q Ir e Y50Q ∈ R, um multiplicador que define quantas vezes maior, do que
a corrente de referência, deve ser a corrente do sistema para essa unidade atuar.

Unidade de Sobrecorrente Instantânea de Neutro


A unidade de sobrecorrente instantânea de neutro é ativada quando o módulo do fasor
da unidade de sequência zero for maior que uma corrente de pickup de sequência neutro
instantânea (I50N ), como segue:

|I0 | > Y50N Ir , (3.6)

sendo I50N = Y50N Ir e Y50N ∈ R, um multiplicador que define quantas vezes maior, do que
a corrente de referência, deve ser a corrente do sistema para essa unidade atuar.
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 22

3.2.2 Unidade de Sobrecorrente Temporizada Clássica


A unidade de sobrecorrente temporizada, diferentemente da unidade instantânea, apre-
senta um atraso intencional. Essa unidade objetiva garantir que sobrecorrentes com mag-
nitude pouco elevada, ou seja, que não conseguem sensibilizar o limiar instantâneo, mesmo
assim não se mantenha por longos períodos e venha prejudicar o sistema e quem a ele es-
teja conectado.
Esse atraso é definido como sendo inversamente proporcional a amplitude da corrente,
ou seja, quanto maior a corrente menor será o tempo de atuação dessa unidade. Na Fi-
gura 3.2 são ilustradas as curvas de tempo inverso que são classificadas em curva inversa
(I), muito inversa (MI) e extremamente inversa (EI). A escolha da curva dependerá dos
parâmetros do relé e dos requisitos da coordenação.
100
IEEE EI
IEEE MI
IEEE I
Tempo de operação (s)

10

0.1
1 10 100
Corrente (A)

Figura 3.2: Curvas do IEEE que regem o tempo da unidade de sobrecorrente temporizada.

As curvas ilustradas provém da equação exponencial definida pela norma IEEE C37.112
(IEEE. . . , 1997), como segue:
⎛ ⎞
β
TP = ⎝ / 0ρ + γ⎠ T MS, (3.7)
⎜ ⎟
|I|
Ir −1

no qual TP é o tempo, calculado em segundos, necessário esperar para que a proteção atue;
T MS (Time Multiplier Settings) é a variável que permite deslocar as curvas ao longo do
eixo do tempo, podendo admitir qualquer valor no intervalo entre 0 e 1; |I| corresponde
ao módulo da corrente que flui no sistema; β, γ e ρ são definidos segundo a Tabela 6.1.
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 23

Tabela 3.1: Curvas do IEEE C37.112 e seus respectivos parâmetros.


Curva β γ ρ
Inversa (I) 0,0515 0,1140 0,02
Muito Inversa (MI) 19,61 0,491 2,0
Extremamente Inversa (EI) 28,20 0,1217 2,0

A unidade temporizada possui um limiar de ativação inferior ao exigido para unidade


instantânea (corrente de pickup da unidade temporizada), porém essa ativação é apenas o
início do temporizador, não resultando no trip propriamente dito. O trip só será gerado
quando o instante atual t for maior que o tempo de ativação acrescido do tempo de espera
calculado pela Equação (3.7). Portanto a unidade temporizada é ativada quando:

t > T51 + TP , (3.8)

sendo T51 é o instante de ativação da unidade temporizada de fase.


Como foi definido quatro diferentes tipos de correntes de entrada, tem-se quatro uni-
dades temporizadas.

Unidade de Sobrecorrente Temporizada de Fase


Essa unidade é ativada para inicio de contagem do temporizador quando pelo menos
uma das fases superar a corrente de pickup de fase temporizada (I51 ), como segue:

|IA | > Y51 Ir , (3.9)

|IB | > Y51 Ir (3.10)


e
|IC | > Y51 Ir , (3.11)
sendo I50N = Y50N Ir e Y51 > 1, um multiplicador que define quantas vezes maior, do que
a corrente de referência, deve ser a corrente do sistema para essa unidade atuar.

Unidade de Sobrecorrente Temporizada de Sequência Positiva


O temporizador é ativado para essa unidade quando o módulo da corrente de sequência
positiva superar a corrente de pickup de sequência positiva temporizada I51P , como segue:

|I1| > I51P = Y51P Ir , (3.12)

sendo Y51P > 1.

Unidade de Sobrecorrente Temporizada de Sequência Negativa


A condição para sua atuação é possuir o módulo da corrente de sequência negativa
maior que a corrente de pickup de sequência negativa temporizada I51Q , como segue:

|I2 | > I51Q = Y51Q Ir , (3.13)


CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 24

sendo Y51Q ∈ R+ .

Unidade de Sobrecorrente Temporizada de Sequência Zero


Sua ativação é definida quando o módulo do fasor da corrente de sequência zero su-
perar a corrente de pickup de neutro temporizada I51N :

|I0 | > I51N = Y51N Ir , (3.14)

sendo Y51 ∈ R+ .
Resumidamente, as unidades de sobrecorrente instantâneas e temporizadas podem ser
organizadas como ilustrado na Figura 3.3 ou podem ser utilizadas separadamente como
unidades únicas em um relé com outras funções de proteção.
50A 51A 50B 51B 50C 51C 50P 51P 50Q 51Q 50N 51N
I50 |IA | I51 |IA | I50 |IB | I51 |IB | I50 |IC | I51 |IC | I50P |I1 | I51P |I1 | I50Q |I2 | I51Q |I2 | I50N |I0 | I51N |I0 |

t t t t t t

|I| |I| |I| |I| |I| |I|

Trip de sobrecorrente

Figura 3.3: Concatenação em paralelo das unidades de sobrecorrente instantâneas e tem-


porizadas.

Na Figura 3.3 é ilustrado a concatenação de todas as unidades clássicas, nas quais o


módulo das correntes de fase, de sequência positiva, negativa e zero são tomadas como
entradas das respectivas unidades de sobrecorrente, sendo cada unidade subdividida em
instantânea e temporizada. Os comparadores são utilizados para comparar as correntes de
entrada com as correntes de pickup instantâneas e temporizadas de cada unidade. Ao final,
o trip da unidade de sobrecorrente ocorre caso qualquer um dos comparadores identifique
que a corrente do sistema supera as correntes de pickup definidas.
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 25

3.3 Proteção Direcional Clássica


A proteção direcional geralmente é encontrada em associação com outras proteções,
como proteção de sobrecorrente, de distância e diferencial com objetivo de auxiliar o
diagnóstico de distúrbios nas linhas de transmissão, barramentos, transformadores e ge-
radores. Adicionando o módulo direcional, a proteção torna-se capaz de fornecer infor-
mação sobre a direção, com relação ao ponto de medição, que a falta ocorreu, tornando,
por exemplo, a coordenação entre os relés do sistema mais simples, pois a parametrização
dos relés pode ser definida como se não houvesse possibilidade de inversão do fluxo, uma
vez que a direcionalidade define atuação em um único sentido.
A proteção direcional clássica usa informação proveniente do estimador fasorial de
Fourier de um ciclo e implementa o cálculo dos torques ou das impedâncias, com base
nas grandezas de operação e polarização, para averiguar o sentido do fluxo de potência
que se propaga no ponto de medição. Esse método parte do princípio de que o ângulo
formado entre tensão e corrente (ângulo da impedância) se comporta de forma distinta
para cada situação, sendo proposto quatro unidades direcionais (ROBERTS; GUZMAN,
1994).

3.3.1 Unidade Direcional de Fase


As grandezas de operação da unidade direcional de fase são os fasores das correntes
de cada fase (Iop = {IA , IB ou IC }), a grandeza de polarização para cada fase é conside-
rada como sendo a diferença entre os fasores das duas tensões distintas da grandeza de
operação (Vpol = {VBC , VCA ou VAB }). Essa unidade é bem definida para todos os tipos de
faltas.
A lógica direcional de fase avalia se o cálculo dos torques são positivos, concluindo
que a falta é à frente (à jusante), ou sendo negativos, a falta é reversa (à montante). Os tor-
ques das fases A (TA ), B (TB ) e C (TC ) são definidos como segue (ROBERTS; GUZMAN,
1994):
TA = |VBC ||IA |cos(∠VBC − ∠IA ), (3.15)
TB = |VCA ||IB |cos(∠VCA − ∠IB ) (3.16)
e
TC = |VAB ||IC |cos(∠VAB − ∠IC ). (3.17)
Essa unidade pode ter seu diagnóstico comprometido em casos de faltas reversas mo-
nofásicas onde há corrente de infeed remota predominante de sequência zero (ROBERTS;
GUZMAN, 1994).

3.3.2 Unidade Direcional de Sequência Positiva


A direcionalidade de sequência positiva leva em conta as componentes simétricas de
sequência positiva das correntes, tensões e impedâncias das linhas, como segue (RO-
BERTS; GUZMAN, 1994):

T1 = |V1 ||I1|cos(∠3V1 − ∠3I1 − ∠ZL1 ), (3.18)


CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 26

no qual, T1 refere-se ao torque de sequência positiva, ZL1 é a impedância de sequência


1 = 3I ∠Z
positiva da linha, Iop 1
1 L1 e Vpol = 3V1 . As componentes de sequência positiva
estão presentes em todos os tipos de faltas, mas é mais expressiva em faltas equilibradas
(faltas trifásicas).
O diagnóstico direcional de sequência positiva segue o mesmo raciocínio da unidade
de fase, no qual, se T1 for maior que zero a falta é diagnosticada à frente, caso contrário,
a falta é reversa. Nos sistemas reais há ruído e influências externas que podem requerer
um limiar mínimo positivo (ε1+ ) e negativo (ε1− ) para não haver mal operação da unidade
direcional de sequência positiva. Dessa maneira, a lógica direcional é reformulada (RO-
BERTS; GUZMAN, 1994):

T1 > ε1+ (à frente) (3.19)

T1 < ε1− (reversa). (3.20)

3.3.3 Unidade Direcional de Sequência Negativa


A sequência negativa está presente em faltas bifásicas, monofásicas e bifásicas-terra.
Portanto, a unidade direcional de sequência negativa é capaz de identificar esses três tipos
de faltas desequilibradas, segundo o equacionamento (ROBERTS; GUZMAN, 1994):

T2 = |V2 ||I2 |cos(∠ − 3V2 − ∠3I2 − ∠ZL1 ), (3.21)

no qual T2 refere-se ao torque de sequência negativa e as grandezas de operação e polari-


zação da unidade direcional negativa são Iop 2 = 3I ∠Z e V 2 = −3V , respectivamente.
2 L1 pol 2
O diagnóstico direcional desta unidade segue a mesma lógica anterior, T2 > ε2+ indica
falta à frente e sendo T2 < ε2− , indica que a falta é reversa, onde ε2+ e ε2− são os limiares
mínimos positivo e negativo para sequência negativa.

3.3.4 Unidade Direcional de Sequência Zero


As componentes de sequência zero, por vezes, são sensíbilizadas mais rapidamente
para diagnóstico de desequilíbrios no sistema que envolva a terra, como em faltas mono-
fásicas ou bifásicas-terra. Portanto, a unidade direcional de sequência zero é definido por
(ROBERTS; GUZMAN, 1994):

T0 = |V0 ||I0 |cos(∠ − 3V0 − ∠3I0 − ∠ZL0 ), (3.22)

no qual, T0 é o torque de sequência zero, ZL0 é a impedância de sequência zero da linha,


enquanto que as grandezas de operação e polarização da unidade direcional de sequência
0 = 3I ∠Z
zero são Iop 0 0
0 L0 e Vpol = −3V0 . A direcionalidade é dada avaliando se T0 > ε+
para faltas à frente e se T0 < ε0− , para faltas reversas, sendo ε0+ e ε0− os limiares mínimos
positivo e negativo para sequência zero.
CAPÍTULO 3. PROTEÇÃO DE SOBRECORRENTE DIRECIONAL CLÁSSICA 27

3.4 Síntese do Capítulo


Neste capítulo foi apresentado a fundamentação do pré-processamento realizado para
os dispositivos de proteção e foi detalhado as lógicas clássicas da proteção de sobrecor-
rente para todas as unidades instantâneas e temporizadas. Além disso, foi apresentado a
formulação matemática das unidades direcionais e suas respetivas condições de atuação.
Capítulo 4

Estado da Arte

Neste capítulo é apresentado um levantamento do estado da arte sobre propostas em-


pregadas à proteção direcional e à proteção de sobrecorrente. Detalhes das vantagens de
cada método e as possíveis falhas também são apresentados.

4.1 Proteção de Sobrecorrente Direcional


Convencionalmente, o diagnóstico do sentido do fluxo de potência é definido pelo ân-
gulo formado entre os fasores, estimado pela TDF, das correntes de operação e das tensões
de polarização (ZIEGLER, 2011). Na literatura são propostos vários métodos direcionais
aplicados em conjunto com outras proteções, a exemplo da proteção de distância e de
sobrecorrente para proteger transformadores, barramentos e linhas de transmissão. As
novas abordagens tentam sanar as deficiências da direcionalidade tradicional otimizando
o diagnóstico das respectivas proteções.
Utilizando a TWD, Chen et al. (2003) propuseram uma nova proteção direcional ul-
tra rápida para linhas de transmissão com base nos transitórios de alta frequência gera-
dos pela falta, conhecido como ondas viajantes. Para implementação dessa proteção, os
autores fazem uma transformação modal pela transformada de Clarke em busca de três
sistemas independentes. Em seguida, sabendo que a transformada Wavelet B-spline não
possui distorção de fase, a decomposição dos sinais de ondas viajantes é feita segundo o
algoritmo piramidal de Mallat. Com isso, módulos máximos são usados para eliminar os
ruídos e detectar, pelo produto dos sinais, o sentido de ocorrência da falta. Esse método
pode apresentar limitações para detectar faltas com transitórios amortecidos e necessita
de uma elevada taxa de amostragem. Além disso, o conceito de ondas viajantes é pouco
viável à nível de distribuição, uma vez que as linhas são curtas e muito ramificadas.
Eissa (2004) desenvolveu uma nova proteção direcional para barramentos de alta ten-
são. Sua técnica extrai do sistema correntes e tensões em regime permanente, realiza
o produto entre essas grandezas a cada instante de amostragem e soma esses produtos
durante um ciclo. Esse somatório define o sentido normal do fluxo de potência, mas é
insuficiente para diagnosticar casos de falta. Para tanto, outras duas formulações são de-
finidas usando correntes de pré e pós-falta e tensão de pré-falta. A lógica da proteção
após averiguar o sentido normal do fluxo de potência, define qual formulação deverá ser
utilizada e define a direcionalidade avaliando-se o sinal da mesma.
Lahiri, Pradhan e Mukhopadhyaya (2005) propuseram aplicar uma rede neural artifi-
CAPÍTULO 4. ESTADO DA ARTE 29

cial (RNA) para lidar com a direcionalidade em linhas de transmissão. Assim, o método
proposto usa cinco amostras de tensão e de corrente das três fases para realizar o treina-
mento da rede neural, dois módulos para cada fase são usados para distinguir entre faltas
à frente ou reversas. No estudo, o algoritmo back-propagation foi utilizado para o trei-
namento e vários testes foram realizados para comprovar a robustez do método. Além
disso, foi feita implementação em DSP validando a implementação para tempo real. Em-
bora esse trabalho tenha alcançado bons resultados, o aumento da taxa de amostragem
causaria aumento da complexidade do treinamento, pois mais amostras seriam necessá-
rias para discriminar bem o sinal.
Eissa (2005) publicou um trabalho que emprega transformada wavelet packet (TWP)
para proteção direcional de transformadores. Nessa proposta é necessária a extração de
sinais de corrente e tensão no período de pré-falta do sistema. Em seguida, é realizado
o produto desses sinais para serem avaliados pela TWP durante o espaço de um ciclo.
Com a utilização da wavelet mãe Haar, ou seja, filtros com dois coeficientes e tomando
o terceiro nível de decomposição da TWP, o autor mostrou ser possível identificar a di-
recionalidade avaliando o sinal após a filtragem pela TWP. No entanto, o uso do terceiro
nível de decomposição agrega atrasos no tempo de detecção da falta e, por conseguinte,
do diagnóstico direcional.
Valsan e Swarup (2007) sugeriram uma proteção direcional para barramentos usando
TWD. Tensões e correntes são decompostas pelo filtro wavelet em primeira escala ex-
traindo as altas frequências, sendo realizado o produto entre essas tensões e correntes fil-
tradas, gerando um valor de potência a cada amostra, esses valores são somados durante
um ciclo. Ao fim, essa soma é averiguada se é maior ou menor que zero, definindo a dire-
cionalidade. Essa técnica apresenta atrasos na detecção devido a seu pré-processamento.
Aguilera, Orduna e Ratta (2007), utilizado ondas viajantes, propuseram uma prote-
ção direcional de linhas de transmissão com base na TWD para sanar deficiências desse
tipo de proteção causados pelo uso de componentes simétricas. Desse modo, é proposto
o uso da segunda escala de decomposição wavelet para o cálculo das energias de tensão
das ondas viajantes, o que é feito continuamente, verificando se há distúrbios no sistema.
Na ocorrência de algum distúrbio, uma averiguação da fase e da janela de referência é
realizada. Em seguida, o cálculo dos slopes, limiares, de corrente e tensão são compara-
dos, conseguindo o diagnóstico da direcionalidade. Essa técnica utiliza o segundo nível
de decomposição da TWD que acarreta atrasos na detecção e, ainda, a proteção proposta
não é aplicável em sistemas de distribuição, pois as linhas são curtas e muito ramificadas
limitando o uso das ondas viajantes.
Os autores Mahat, Chen e Bak-Jensen (2009) propuseram uma técnica de detecção de
ilhamento híbrido usando a variação média das mudanças da tensão e do deslocamento da
potência. Utilizando a detecção de ilhamento para averiguar em que situação encontra-se
a geração distribuída, conectada à rede ou em modo de ilhamento, Mahat et al. (2011)
propuseram a proteção de sobrecorrente adaptativa para atuar em casos de sistemas com
geração distribuída que acarretam ilhamentos. O método detecta a porção desconectada
envolvida na falta, por meio do armazenamento, em cada relé, das características dos relés
reversos e utilizando a informação da detecção do ilhamento, os parâmetros das unidades
de sobrecorrente dos relés podem ser adequadamente escolhidos. A proposta obteve bom
desempenho para faltas equilibradas utilizando a unidade de sequência positiva, sendo vá-
CAPÍTULO 4. ESTADO DA ARTE 30

lido apenas para casos de ilhamento, perda de geradores e reconexão da rede. No entanto,
os autores afirmam que quando os geradores são conectados ao sistema de distribuição,
não é possível atualizar os parâmetros dos relés utilizando apenas informações locais.
Eissa e Mahfouz (2012) trouxeram no seu trabalho o conceito do correlograma, um
tipo de apresentação dos coeficientes da autocorrelação, como ferramenta para identifi-
cação do sentido de ocorrência da falta e, também, do tipo de falta aplicado à linhas de
transmissão. Esse método extrai amostras de correntes do sistema por dois ciclos, divide
cada ciclo em duas janelas iguais e calcula os coeficientes de correlograma com os valores
das janelas fornecidos. Observando o sinal desses coeficientes é possível definir o sentido
de ocorrência da falta e observando a magnitude dos coeficientes tem-se a definição da(s)
fase(s) envolvida(s) na falta. O método proposto possui um equacionamento rebuscado, o
que recai sobre o tempo de atuação dessa proteção, que fica na média de um ciclo.
Ukil, Deck e Shah (2012) propuseram um modelo para diagnosticar a direcionalidade
utilizando apenas medições de corrente, baseando-se na diferença entre os ângulos da
corrente de pré e pós-falta provenientes dos fasores calculados para cada fase pela TDF
recursiva. Este método requer três buffers para armazenar todos os ângulos de pré-falta do
último ciclo para cada fase, e um buffer adicional para armazenar os últimos dois ciclos
dos ângulos de máximas mudanças. Nessa configuração, a direcionalidade é diagnosti-
cada a partir de um ângulo mínimo de incidência da falta, fornecendo um diagnóstico
neutro caso o ângulo da falta seja muito próximo de zero. Esse método é muito custoso
computacionalmente e inviável para altas taxas de amostragem, além de consumir pelo
menos dois ciclos para dar o diagnóstico da direção após a ocorrência da falta.
Biswal, Pati e Pradhan (2013) propuseram um método que engloba os problemas pro-
venientes de circuitos duplos com compensação série. Esse método necessita da leitura
de corrente e tensão do sistema e realiza estimação fasorial pela técnica dos mínimos
quadrados. Com os fasores estimados, são projetados quatro classificadores que calcu-
lam os ângulos entre: corrente e tensão de sequência positiva, corrente de falta e corrente
de pré-falta de sequência positiva, corrente e tensão de sequência negativa e entre cor-
rente e tensão de sequência positiva sobreposta. Em seguida, uma técnica de votação é
realizada fornecendo o diagnóstico direcional da falta. A estimação fasorial com uso de
mínimos quadrados é muito custosa computacionalmente e agrega atrasos na ordem de
milissegundos para sua aplicação, o que é inconveniente para proteção.
O trabalho de Khan e Sidhu (2014) trouxe a comparação da direcionalidade como
técnica de proteção para transformadores de fase deslocada. O método proposto baseia-se
nas componentes de sequência positiva e negativa. Para tanto, foi necessário remover a
componente DC por meio de um filtro cosseno e calcular a TDF de um ciclo para obter
magnitude e fase dos sinais. Com essas informações é possível calcular as componentes
de sequência de pré-falta e pós-falta das tensões e correntes, e, por conseguinte, obter
uma impedância de sequência contendo informação de ambos os momentos. Portanto,
uma avaliação do ângulo dessa impedância é requerida para definir a direção da falta.
Essa técnica necessita de filtragens e estimação fasorial, o que implica em atrasos para o
diagnóstico final.
Com vertente voltada à geração distribuída eólica, Jones e Kumm (2014) ressaltaram
a problemática da proteção de sobrecorrente não-direcional e propuseram um módulo di-
recional de sobrecorrente com o objetivo de detectar correntes de falta em locais remotos.
CAPÍTULO 4. ESTADO DA ARTE 31

Portanto, os autores adicionam ao relé tradicional uma função voltada a carregamento


pesado do sistema, para bloquear a unidade de sobrecorrente quando o carregamento é
elevado. Dessa maneira, é verificado se a impedância de sequência positiva está na zona
de operação normal, assim a unidade de sobrecorrente é bloqueada, evitando mal opera-
ção do relé. O método proposto pode não atuar bem devido a variação da impedância na
falta, podendo cair dentro da zona de atuação durante sua convergência.
Um método direcional para linhas de transmissão usando a energia dos transitórios é
proposto por Kong, Zhang e Hao (2015). Nesse trabalho, os autores analisaram as com-
ponentes sobrepostas e realizam o cálculo das potências transitórias e, por fim, o cálculo
das energias transitórias. Utilizando-se das polaridades das energias é possível definir o
sentido de ocorrência da falta em cada relé, enviando o sinal de abertura para o disjuntor,
caso a falta esteja na linha protegida. De acordo com os autores, esse método pode ser
aplicado para frequência de amostragem na ordem de 10 kHz, não sofre influência do
ângulo de inserção da falta, do tipo de falta, da resistência da falta ou da distância da falta.
Porém, de acordo com a literatura os transitórios podem ser completamente amortecidos
dependendo do ângulo de incidência e resistência da falta (??). Além disso, as compo-
nentes sobrepostas são bem definidas para ocorrência de falta singular, em casos de faltas
evolutivas, esse método poderia apresentar comportamento inadequado.
Saleki, Samet e Ghanbari (2016) propuseram uma proteção direcional utilizando o
algoritmo de k-Nearst Neigbhour. Baseado na relação cruzada dos componentes da trans-
formada de Fourier de tensão e corrente, uma vizinhança é considerada para convergência.
Usando a componente de ordem cinco da transformada de Fourier, os sinais de corrente
e tensão são tratados dentro de uma janela de amostras. Após isso, a função de correla-
ção cruzada é aplicada aos componentes, fornecendo valores máximos para cada amostra.
Em seguida um filtro passa-baixa é utilizado para obtenção do sinal final que será com-
parado com um limiar definido. O método utilizado contém alguns inconvenientes como
o alto custo computacional e o não conhecimento da maneira como ocorre o aprendizado
baseado na distância, o que pode tornar esse método instável.
Luo et al. (2016) propuseram uma proteção direcional de backup para linhas de trans-
missão utilizando as energias reativas calculadas por meio da transformada de Hilbert
para sistemas de alta tensão de corrente contínua (High Voltage Direct-Current - HVDC).
Nessa técnica, os dados de corrente e tensão são lidos do sistema e, tendo conhecimento
dos parâmetros das linhas, é possível calcular a potência reativa, que apenas é significante
na ocorrência de falta. Essa potência é calculada para os dois extremos da linha protegida
e, em seguida, é calculado as respectivas energias pela transformada de Hilbert discreta
(THD). O produto dessas energias ditam a direcionalidade da falta. A proposta apresen-
tada não poderia ser aplicada em sistemas de corrente alternada, o que configura a maior
parte dos sistemas de distribuição, uma vez que o nível de potência reativa, em regime
permanente, não é nula.
O método de Pintos, Moreto e Rolim (2016) extrai do sistema apenas medição de cor-
rente e realiza a estimação fasorial por meio da transformada discreta de Fourier recursiva
(TDFR). Em seguida, é realizado o cálculo das componentes de sequência positiva e os
ativadores de sobrecorrente são testados. Em ocorrência de falta, a sobrecorrente é ati-
vada e é observado se há variação no somatório das correntes de sequência no instante
atual comparado a um ciclo anterior. Havendo variação, essa informação é enviada para
CAPÍTULO 4. ESTADO DA ARTE 32

o relé da extremidade oposta da linha protegida. Quando os dois relés confirmam as in-
formações da direcionalidade, retira-se a linha do sistema. O trabalho proposto embora
sane algumas deficiências de trabalhos anteriores, ainda utiliza a TDF para sinais não es-
tacionários e requer um sistema de comunicação que é custoso para aplicações à nível de
distribuição.
Costa, Monti e Paiva (2017) propuseram uma abordagem wavelet para a proteção de
sobrecorrente. Esse trabalho emprega as componentes de baixa frequência da transfor-
mada wavelet, coeficientes escalas, para reconstruir a proteção de sobrecorrente clássica,
por meio das energias dos coeficientes escala, é mostrado a equivalência do método wa-
velet com a proteção tradicional de fase e de neutro. Além disso, as componentes de alta
frequência podem fornecer informação adicional sobre a falta. Em geral, a proteção de
sobrecorrente wavelet se mostrou equivalente a abordagem clássica, porém com detecção
da falta mais rápida. A abordagem é relevante, porém faltou estender o conceito as demais
unidades, como sequência positiva e negativa.

4.2 Síntese do Capítulo


Neste capítulo foi apresentado uma revisão de trabalhos disponíveis na literatura,
apontando as principais vantagens e desvantagens dos métodos direcionais e métodos
de sobrecorrente propostos para as devidas aplicações. Na Tabela 4.1 apresenta-se um
resumo, em ordem cronológica, do estado da arte sobre as aplicações das proteções avali-
adas. Assim, é ressaltado a técnica utilizada em cada método, a aplicação final da técnica,
a frequência de amostragem utilizada em cada trabalho e as validações, se por simulação
e/ou experimental (tempo real).
CAPÍTULO 4. ESTADO DA ARTE 33

Tabela 4.1: Resumo da revisão bibliográfica.


Técnica Frequência Validação
Referência Aplicação
Empregada kHz Sim. Exp.

Chen et al. (2003) TWD Linhas de Transmissão 100 √ -
Eissa (2004) - Barramentos 0,8 √ √-
Lahiri et al. (2005) RNA Linhas de Transmissão 1 √
Eissa (2005) TWP Transformadores 20 √ -

Valsan e Swarup (2007) TWD Barramentos 2 √
Aguilera et al. (2007) TWD Linhas de Transmissão 80 √ -

Mahat et al. (2011) TDF Rede de Distribuição 6 √
Eissa e Mahfouz (2012) CC Linhas de Transmissão 6 √ -
Ukil et al. (2012) TDF Linhas de Transmissão 2.5 √ -
Biswal et al. (2013) MQ Linhas de Transmissão Dupla 1 √ -
Khan e Sidhu (2014) - Transformadores - √ -

Jones e Kumm (2014) TFD Linhas de Distribuição - √ √
Saleki et al. (2015) k-NN Linhas de Transmissão 10 √
Kong et al. (2015) ET Linhas de Transmissão 10 √ -
Luo et al. (2016) THD Linhas HVDC 10 √ -
Pintos et al. (2016) TDFR Microrredes 3,84 √ -

Costa et al. (2017) MODWT Rede de Distribuição 15,36

CC - coeficiente de correlograma; MQ - mínimos quadrados; ET - energia dos transitórios; k-NN -


k-Nearst Neigbhour; MODWT - maximal overleap discrete wavelet transform.
Capítulo 5

Método Proposto

Neste capítulo será apresentada a descrição das proteções de sobrecorrente direcional


de fase, de sequência positiva, negativa e zero utilizando a transformada wavelet. As uni-
dades de sobrecorrente wavelet são implementadas por meio das energias dos coeficientes
escala das correntes, enquanto que o produto entre os coeficientes escala das correntes e
das tensões é utilizado para fornecer o diagnóstico direcional. Além disso, as energias
dos coeficientes wavelet são utilizadas como ativadores das unidades direcionais.

5.1 Proteção de Sobrecorrente Direcional Wavelet


As unidades de sobrecorrente wavelet propostas utilizam um processamento wavelet
das correntes e tensões provenientes do sistema elétrico de potência, averiguando se existe
falta no sistema por meio da elevação dos coeficientes wavelet e escala das correntes
acima de limiares de operação (energia de pickup). As unidades direcionais propostas
funcionam em paralelo e fornecem o diagnóstico se a falta está localizada à frente ou
reversa ao ponto de monitoramento. Portanto, de maneira similar a proteção clássica, o
método proposto só enviaria o trip quando a unidade de sobrecorrente identificar a falta
e a unidade direcional informar que a falta está localizada à frente, com relação ao ponto
de monitoramento.
Na Figura 5.1 é ilustrada a aquisição das correntes e tensões por meio de TCs e
TPCs, respectivamente, e as unidades de sobrecorrente direcionais wavelet de fase (67W),
de sequência positiva (67PW), de sequência negativa (67QW) e neutro (67NW) (ou de
sequência zero) que compõem a lógica do relé proposto. Quando identificada uma falta à
frente, o trip é enviado para abertura do disjuntor de corrente alternada (52).
O fluxograma apresentado na Figura 5.2, avaliado a cada amostragem, resume o es-
quema da proteção de sobrecorrente direcional wavelet.
Inicialmente, os sinais de corrente e tensão das três fases são obtidos por meio de
TCs e TPs (ou TPCs). Esses sinais são usados pelo bloco de pré-processamento, nos
quais os sinais analógicos são filtrados, segundo o teorema da amostragem de Nyquist,
com frequência de corte fc ≤ fs /2 , e amostrados com frequência de amostragem fs . Em
seguida, tem-se o cálculo das componentes simétricas das tensões e correntes no domínio
do tempo de acordo com as Equações (2.16) - (2.22).
As correntes e tensões discretas das fases e das unidades de sequência iφ e vφ , com
φ = {A, B,C, 0, 1 e/ou 2}, são as entradas para a TWDR, sendo calculados os coeficientes
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 35

Falta reversa Falta à frente


52

Proteção de sobrecorrente
direcional wavelet
67W 67PW 67QW 67NW

Figura 5.1: Unidades de proteção de sobrecorrente direcional wavelet propostas.


Falta reversa Falta à frente

Pré-processamento

vA,B,C iA,B,C
Componentes
simétricas
vφ iφ
TWDR

Energia
espectral
Eiφs Eiφw

ssiφ , swiφ
Detector dos
Proteção de Proteção transitórios de falta
sobrecorrente direcional
wavelet wavelet Classificador
de faltas
Trip de Trip
sobrecorrente direcional

Trip

Figura 5.2: Fluxograma da proteção de sobrecorrente direcional wavelet proposta.

escala e wavelet das correntes de fase e de sequência (siφ e wiφ ) e os coeficientes escala
das tensões de fase e de sequência (svφ ). Em seguida, é realizado o cálculo das energias
s e E w ).
dos coeficientes escala e wavelet das correntes de fase e de sequência (Eiφ iφ
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 36

O bloco de detecção dos transitórios de falta objetiva a rápida detecção da falta com
base nas informações de alta frequência das correntes, por meio da energia dos coefici-
entes wavelet das correntes de fase e de sequência, que habilitará a atuação das unidades
direcionais. Além disso, essas energias podem ser utilizadas para classificar o tipo de
falta que está ocorrendo no sistema (SOUZA et al., 2016), de forma a habilitar apenas as
unidades direcionais devidas. A classificação dos tipos de faltas está fora do escopo desse
trabalho, sendo o tipo de falta uma informação conhecida neste trabalho.
A função de sobrecorrente wavelet utiliza as energias dos coeficientes escala das cor-
rentes, que é proporcional aos níveis de corrente rms do sistema, para recriar as unidades
de sobrecorrente clássicas. As unidades de sobrecorrentes wavelet são utilizadas como
ativadores de backup da proteção direcional wavelet, em casos de não detecção da falta
pelo detector de transitórios.
Quando a função direcional é ativada, com informação do tipo de falta que o sistema
está submetido, tem-se a definição de qual unidade deve ser avaliada para obter informa-
ção correta do sentido do fluxo de potência. A lógica direcional utiliza os coeficientes
escala de corrente e tensão para definir a direcionalidade da falta, que em casos de faltas
á frente é verificado se a sobrecorrente persiste e em seguida o trip é gerado.

5.2 Proteção de Sobrecorrente Wavelet


Segundo Costa, Monti e Paiva (2017), é possível recriar as unidades de sobrecorrente
clássicas por meio das energias dos coeficientes escala de corrente da TWDR. Essas uni-
dades não necessitam de estimação fasorial e fornecem um diagnóstico correto em menos
tempo. Além disso, todo o desenvolvimento dessas unidades são pautadas sobre a lógica
clássica, mantendo o lado conservador da proteção. Porém, ao mesmo tempo, esta técnica
apresenta a possibilidade de um diagnóstico mais rápido da falta por meio das componen-
tes de alta frequência provenientes da energia dos coeficientes wavelet atendendo ao lado
não conservador da proteção.
A Figura 5.3 resume as unidades de sobrecorrente wavelet instantâneas de fase (50W),
de sequência positiva (50PW), negativa (50QW) e neutro (50NW), assim como as unida-
des de sobrecorrente wavelet temporizadas de fase (51W), de sequência positiva (51PW),
negativa (51QW) e neutro (51NW). As unidades 50W, 51W, 50NW e 51NW foram pro-
postas por Costa, Monti e Paiva (2017), enquanto que as demais unidades estão sendo
proposta nesse trabalho.

5.2.1 Unidade de Sobrecorrente de Fase Instantânea


De acordo com Costa, Monti e Paiva (2017), a unidade de fase instantânea será sensi-
bilizada quando:
Eis (k) > E50
s
, (5.1)
sendo Eis = {EisA , EisB , EisC } a energia dos coeficientes escala de corrente das respectivas
s a energia de pickup da unidade 50W.
fases e o limiar E50
As energias dos coeficientes escala podem ser expressas em função das correntes rms
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 37

51W 50W 51PW 50PW 51QW 50QW 51NW 50NW


s s Es s Es s Es s s s s s
E51 EiAs EiBs EiC s s s s s s s s s s s s
50 EiA EiB EiC 51Q Ei2A Ei2B Ei2C 50Q Ei2A Ei2B Ei2CE51P Ei1A Ei1B Ei1C E50P Ei1A Ei1B Ei1C E51N s
EiN E50N s
EiN

t t t t

Eis Eis Eis Eis

Trip da unidade de Trigger da unidade


sobrecorrente wavelet direcional wavelet

Figura 5.3: Fluxograma da proteção de sobrecorrente wavelet proposta.

do sistema, segundo a relação (COSTA; MONTI; PAIVA, 2017):

Eis = ∆kIrms
2
, (5.2)
s pode ser
em que Irms é a corrente rms do sistema. Desse modo, a energia de pickup E50
definida em função da corrente de pickup ou da corrente de referência da proteção de
sobrecorrente convencional, como segue:
s 2
E50 = ∆kI50 = ∆k(Y50 Ir )2 . (5.3)

Tomando Eis como a energia dos coeficientes escala de corrente de referência, obtida como
a média da energia dos coeficientes escala no regime permanente, a Equação 5.3 pode ser
reformulada, como segue:
s 2 s
E50 = Y50 Ei . (5.4)
Portanto, a unidade instantânea de fase wavelet será ativada quando:

Eis (k) > Y50


2 s
Ei , (5.5)

que utiliza o parâmetro Y50 de parametrização da proteção de sobrecorrente convencional.

5.2.2 Unidade de Sobrecorrente de Fase Temporizada


Segundo a Equação (5.3), existe uma relação bem definida entre a corrente rms e a
energia dos coeficientes escalas. Portanto, as curvas de tempo inverso clássicas têm sua
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 38

equivalência em termos de energia dos coeficientes escala conforme ilustrado na Figura


5.4 (COSTA; MONTI; PAIVA, 2017).
100
IEEE EI
IEEE MI
IEEE I
Tempo de operação (s)

10

0.1
1 10 100 1 10 100 103 104
Corrente Energia
(a) (b)

Figura 5.4: Equivalência das curvas que regem o tempo da unidade de sobrecorrente
temporizada: (a) clássica; (b) wavelet.

A unidade de sobrecorrente de fase temporizada será ativada quando (COSTA; MONTI;


PAIVA, 2017):
Eis (k) > E51
s
, (5.6)
s a energia de pickup de sobrecorrente temporizada de fase wavalet, definida
sendo E51
como:
s 2 s
E51 = Y51 Ei . (5.7)
Após a unidade temporizada ser ativada, é calculado o tempo que será esperado para o
trip ser enviado, segundo a relação (COSTA; MONTI; PAIVA, 2017):
⎛ ⎞
β
TP = ⎝ / + γ⎠ T MS (5.8)
⎜ ⎟
0ρ/2
Eis (k)
E51 −1

em que TP é o atraso fornecido pela unidade temporizada; β, γ e α são definidos na Tabela


6.1 para as curvas do IEEE. Portanto, a unidade temporizada só atuará quando:
k51W
t> + TP , (5.9)
fs
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 39

sendo t o instante atual, k51W a amostra correspondente ao instante de ativação da unidade


de fase temporizada regida pela Equação (5.6).

5.2.3 Unidade de Sobrecorrente de Neutro Instantânea e Tempori-


zada
A sequência zero é mais adequada para identificar faltas que envolvem a terra. Por-
tanto, as unidades de sobrecorrente instantâneas e temporizadas de neutro são dadas por
(COSTA; MONTI; PAIVA, 2017):

EisN (k) > E50N


s
(5.10)

e
EisN (k) > E51N
s
, (5.11)
s
sendo E50N s
e E51N as energias de pickup de sobrecorrente instantânea e temporizada de
neutro wavalet, respectivamente, definidas como:
s 2
E50N = Y50N Eis (5.12)

e
s 2
E51N = Y51N Eis . (5.13)
A unidade temporizada de neutro só atuará quando o instante atual superar o tempo da
ativação acrescido do tempo calculado pela Equação (5.8), utilizando a energia de pickup
de neutro como referência.
Seguindo o raciocínio das unidades de fase e de neutro wavelet propostas na litera-
tura (COSTA; MONTI; PAIVA, 2017), as unidades de sequência positiva e negativa são
propostas nesse trabalho.

5.2.4 Unidade de Sobrecorrente de Sequência Positiva Instantânea e


Temporizada
Seguindo os mesmos princípios proposto por Costa, Monti e Paiva (2017), as unidades
de sobrecorrente de sequência positiva wavelet instantânea e temporizada são propostas
neste trabalho, sendo habilitadas quando:

Eis1 (k) > E50P


s
(5.14)

e
Eis1 (k) > E51P
s
, (5.15)
sendo Eis1 = {Eis1A , Eis1B , Eis1C }. E50P
s s
e E51P são as energias de pickup das unidades de
sobrecorrente instantânea e temporizada de sequência positiva wavalet, respectivamente,
definidas com segue:
s 2
E50P = Y50P Eis (5.16)
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 40

e
s 2
E51P = Y51P Eis . (5.17)
Na maioria dos casos, a unidade de sequência positiva é redundante quando se tem
a unidade de fase. Portanto, os limiares podem ser ajustados para que uma unidade seja
utilizada como backup da outra.

5.2.5 Unidade de Sobrecorrente de Sequêcia Negativa Instantânea e


Temporizada
Em regime permanente, a energia dos coeficientes escala de sequência negativa é
praticamente nula, sendo uma unidade rapidamente ativada quando há desequilíbrios de
corrente no sistema, muito eficiente para as faltas desequilibradas. A unidade de sobre-
corrente de sequência negativa wavelet será ativada quando atender uma das seguintes
condições:
Eis2 (k) > E50Q
s
(5.18)
e
Eis2 (k) > E51Q
s
, (5.19)
com Eis2 = {Eis2A , Eis2B , Eis2C }. As energias de pickup das unidades de sobrecorrente ins-
tantânea e temporizada de sequência negativa wavelet são, respectivamente, E50Q s s ,
e E51Q
podendo ser definidos com segue:
s 2
E50Q = Y50Q Eis (5.20)

e
s 2
E51Q = Y51Q Eis . (5.21)
As unidades de sobrecorrente podem funcionar de forma independente, ativando se-
paradamente cada unidade direcional associada ou todas as unidades podem funcionar em
paralelo, como ilustrado na Figura 5.3, ou seja, se pelo menos uma unidade for ativada, a
devida unidade direcional wavelet será habilitada para fornecer o diagnóstico do sentido
do fluxo de potência do sistema, enviando trip apenas se confirmada que a falta está à
frente do ponto de análise. Além do diagnóstico de sobrecorrente, as unidades de sobre-
corrente são utilizadas como ativadores da unidade direcional em casos que o dectector
de transitórios possa falhar.

5.3 Detector dos Transitórios de Falta


Os coeficientes wavelet representam com boa precisão os transitórios, podendo detec-
tar rapidamente o início de distúrbios no sistema elétrico, quando utilizada uma taxa de
amostragem adequada. Portanto, um segundo ativador, o detector de transitórios de falta,
é proposto com base nas energia dos coeficientes wavelet para obter uma rápida ativação
da unidade direcional proposta, otimizando o tempo de trip.
O detector de transitórios utiliza a energia dos coeficientes wavelet das correntes de
fase Eiw = {EiwA , EiwB , EiwC }, para ativar a proteção direcional segundo as relações (COSTA;
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 41

MONTI; PAIVA, 2017):


Eiw (k) > Eiw , (5.22)
no qual Eiw = Qµε é a energia de pickup wavelet, µε é a média da energia obtida em regime
permanente e Q é uma constante real. Portanto, propõem-se que as respectivas unidades
direcionais sejam ativadas quando:

Eiw (k) > Qµε . (5.23)

Com a definição do tipo de falta, que pode ser definida com as energias dos coefici-
entes wavelet E w , tal como proposto em (SOUZA et al., 2016), o detector de transitórios
informa a proteção direcional qual unidade deverá ser acionada, ou seja, informa quais
serão as grandezas de operação e polarização a ser utilizadas pela proteção direcional.
Porém, como foi mencionado antes, a classificação de falta está fora do escopo dessa
dissertação, sendo esta informação considerada conhecida.
O detector de transitórios de falta garante uma maior rapidez na ativação da unidade
direcional, enquanto que o ativador de sobrecorrente confere uma maior segurança para
casos de possíveis falhas no detector de transitórios, pela inexpressiva amplitude dos tran-
sitórios em situações específicas, a exemplo de faltas AT com ângulo de incidência da falta
de zero graus (COSTA; SOUZA; BRITO, 2012). Além disso, o trip só será enviado em
casos que haja detecção de sobrecorrente, o que impede que outros eventos que possam
elevar a energia dos coeficientes wavelet acarretem em má operação da proteção, evitando
assim os falsos trips.

5.4 Proteção Direcional Wavelet


O cálculo da corrente rms (irms ) em um ciclo do sinal é definido como segue (COSTA;
DRIESEN, 2013): 4
k
5
51
irms (k) = 6 ∑ i2 (n),
∆k n=k−∆k+1
(5.24)

sendo k ≥ ∆k a amostra atual. Portanto, segundo as Equações (2.51) e (5.24), tem-se a


seguinte relação no domínio wavelet (COSTA; DRIESEN, 2013):
4 7 8
k k
5
51
irms (k) = 6 ∑ s2i (k) + ∑ w2i (k) ,
∆k n=k−∆k+1
(5.25)
n=k−∆k+1

ou ainda: 4 9
k Eis
5
51
2 (k) =
irms(k) ≈ 6 ∑
∆k n=k−∆k+1
s
∆k
, (5.26)

desde de que não se tenha componentes harmônicas consideradas nos coeficientes wa-
velets (∑kn=k−∆k+1 w2 (k) << ∑kn=k−∆k+1 s2 (k)), o que deve ocorrer para taxas de amos-
tragem que garantam as hormônicas localizadas na faixa de frequência dos coeficientes
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 42

escala. A mesma relação é válida para sinais de tensão. Dessa forma, tem-se a potência
ativa e aparente com base nos coeficientes escala, da seguinte forma:
k
1
Ps (k) = ∑ sv (n)si (n) (5.27)
∆k n=k−∆k+1

e 4
k k
5
1 1: s s
Ss (k) =
5
6

∆k n=k−∆k+1
sv (n) ∑ si (n) =
∆k
Ev Ei , (5.28)
k−∆k+1

sendo Ps e Ss a potência ativa e aparente obtidas com a TWDR; sv e si são os coeficientes


escala de tensão e corrente no primeiro nível de decomposição da TWDR; Eis e Evs são as
energias dos coeficientes escalas de corrente e tensão, respectivamente, para a TWDR.
Seguindo a teoria de potência clássica (STEINMETZ, 1916), o fator de potência (FP)
é definido como:
P(k) V (k)I(k) cos(θ)
FP = = = cos(θ) = cos(∠V (k) − ∠I(k)), (5.29)
S(k) V (k)I(k)

em que P e S referem-se as potências ativa e aparente clássicas; θ é o ângulo formado


entre os sinais de tensão e corrente.
Associando as Equações (5.27) e (5.28) com a Equação (5.29), obtém-se o fator de
potência com base nos coeficientes escala (FPs ):
1
∑kn=k−∆k+1 sv (n)si (n) ∑kn=k−∆k+1 sv (n)si (n)
FPs (k) = ∆k
1
: s
= :
s s
. (5.30)
∆k Evs Ei Ev Ei
Com a Equação (5.30) pode-se calcular, por meio das wavelets, o ângulo formado
entre os sinais de tensão e corrente. Essa informação é utilizada para o desenvolvimento
do método proposto neste trabalho.
De acordo com as Equações (3.15), (3.16) e (3.17), a parcela que define se o torque
será positivo ou negativo é o cosseno da diferença entre a grandeza de polarização e a
grandeza de operação. Ou seja, esse cosseno sendo maior que zero a falta é à frente, do
contrário a falta é reversa.
Sabendo que o fator de potência é calculado com base nos fasores de corrente e tensão
oriundos da mesma fase, conforme a Equação (5.29), fornecendo informação do cosseno
do ângulo formado entre essas grandezas. Então, propõe-se uma adaptação desta formu-
lação para obter um fator de potência de operação (FPop ) que corresponderá ao cosseno
do ângulo formado entre as grandezas de operação e polarização da proteção clássica:

Pop (k)
FPop (k) = = cos(∠Vpol (k) − ∠Iop (k)), (5.31)
Sop (k)

no qual Pop e Sop são, respectivamente, potência ativa de operação e potência aparente de
operação com base nos fasores.
Usando a TWDR é possível calcular as potências ativas e reativas usando sinais de
corrente e tensão. Assim, considerando as grandezas de operação e polarização, as Equa-
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 43

ções (5.27) e (5.28) são reformuladas, como segue:


k k
s 1 1
Pop (k) = ∑ vpol iop
∆k n=k−∆k+1
s (n)s (n) = ∑ psop (n)
∆k n=k−∆k+1
(5.32)

e
s 1% s
Sop (k) = Ev pol (k)Eisop (k), (5.33)
∆k
s e Ss , respectivamente, a potência ativa de operação escala e a potência aparente
sendo Pop op
de operação escala; Evspol e Eisop são as energias dos coeficientes escalas utilizando tensão
de polarização e corrente de operação; psop é a potência instantânea de operação wavelet,
como segue:
psop = sv pol siop . (5.34)
s ) pode ser definido substituindo as
Assim, o fator de potência de operação wavelet (FPop
Equações (5.34) e (5.33) na Equação (5.31), como segue:
k
s (k) ∑ sv pol (n)siop (n)
s
Pop n=k−∆k+1
FPop (k) = s = % , (5.35)
Sop(k) Evspol (k)Eisop (k)

sendo que fs ≥ 8 f .
Para equacionar a tomada de decisão da direcionalidade escala (Ds ), avalia-se se o
s (k) é maior que zero para faltas à frente, ou seja, a Equação (5.35) é simplificada
PFop
para:
k
Ds (k) = ∑ sv pol (n)siop (n) > 0, (5.36)
n=k−∆k+1
no qual fs ≥ 8 f . A versão recursiva do método é dada por:

Ds (k) = Ds (k − 1) − psop (k − ∆k) + psop (k) > 0, (5.37)

que é computacionalmente mais eficiente. A Equação 5.37 é válida para todas as unidades
direcionais propostas nesta dissertação, sendo necessário apenas identificar corretamente
quais serão as grandezas de operação e polarização para cada unidade, conforme ilustrado
na Figura 5.5.
A Figura 5.5 apresenta todas as unidades direcionais propostas, assim como os tipos de
faltas que estas identificam. As unidades direcionais propostas são ativadas pelo trigger,
proveniente do detector de transitórios de faltas ou das unidades de sobrecorrente com
limiar temporizado, e pelo tipo de falta adequada, sendo necessário um classificador de
faltas.
Quando as unidades direcionais são habilitadas, utiliza-se as devidas grandezas de
polarização e operação para se obter o diagnóstico direcional, informando se a falta é à
frente, em caso afirmativo, espera-se a proteção de sobrecorrente ser habilitada para o trip
ser enviado, reconstruindo dessa maneira a clássica proteção de sobrecorrente direcional
por meio da transformada wavelet.
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 44

FAT
FBT
FCT
FAB
FBC
FCA
FABT
FBCT
FCAT
FABC
Trigger

67 67 67 67 67 67 67 67 67 67
WA WB WC PWA PWB PWC QWA QWB QWC NW
siA
siB
siC
si1A
si1B
si1C
si2A
si2B
si2C
siN

svA
svB
svC
sv1Ad
sv1Bd
sv1Cd
sv2Ad
sv2Bd
sv2Cd
svNd

Trip das unidades 50W/51W/


50PW/51PW/50QW/51QW/ Trip
50NW/51NW

Figura 5.5: Esquema da ativação de todas as unidades de sobrecorrente direcionais wave-


let propostas.

5.4.1 Proteção Direcional de Fase Wavelet


A unidade de fase é a mais simples, não levando em conta parâmetros do sistema.
Essa unidade é bastante estável e válida para a maioria dos tipos de faltas. As grandezas
de operação são siop = {siA , siB , siC } e as grandezas de polarização correspondente são
siop = {svBC , svCA , svAB }. Portanto, a unidade direcional de fase definirá que o fluxo de
potência é à frente quando uma das condições a seguir for verdadeira:
k
DsA (k) = ∑ svBC (n)siA (n) > 0 (fase A), (5.38)
n=k−∆k+1
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 45

k
DsB (k) = ∑ svCA (n)siB (n) > 0 (fase B) (5.39)
n=k−∆k+1

ou
k
DCs (k) = ∑ svAB (n)siC (n) > 0 (fase C). (5.40)
n=k−∆k+1

sendo DsA , DsB e DCs a direcionalidade wavelet para as fases A, B e C, respectivamente.


As unidades de fase podem definir a direcionalidade utilizando apenas a primeira amostra
coletada após sua habilitação, ou pode utilizar limiares ou atrasos para garantir uma maior
confiabilidade no diagnóstico direcional.

5.4.2 Proteção Direcional de Sequência Positiva Wavelet


Para a unidade direcional de sequência positiva wavelet, propõem-se como grandezas
de operação as correntes de sequência positiva das três fases segundo as Equações (2.16),
(2.17) e (2.18) e como grandeza de polarização propõe-se a inclusão da defasagem angular
da linha, em termos de amostras, junto as tensões de sequência positivas tradicionais:
" / 0#
1 0 / 0 /
v polA (k) = v1Ad (k) = vA k + ∆kθ1 + vB k − ∆kα + ∆kθ1 + vC k − ∆kα2 + ∆kθ1 ,
3
" / (5.41)
1 0 / 0 / 0#
v polB (k) = v1Bd (k) = vA k − ∆kα2 + ∆kθ1 + vB k + ∆kθ1 + vC k − ∆kα + ∆kθ1
3
(5.42)
e
" / 0#
1 0 / 0 /
v polC (k) = v1Cd (k) = vA k − ∆kα + ∆kθ1 + vB k − ∆kα2 + ∆kθ1 + vC k + ∆kθ1 ,
3
(5.43)
em que v1d = {v1Ad , v1Cd , v1Cd } é a tensão de sequência positiva deslocada pelo ângulo
da linha em termos de amostra ∆kθ1 , que é calculado como segue:
; <
∆k∠ZL1
∆kθ1 = , (5.44)
360

sendo ∆kθ1 ∈ Z.
A unidade direcional de sequência positiva wavelet (Ds1A , Ds1B , Ds1C ) tem como gran-
deza de polarização sv pol = {sv1Ad , sv1Bd , sv1Cd } e como grandeza de operação siop = {si1A , si1B ,
si1C }, sendo ativada quando:
k
Ds1A (k) = ∑ sv1Ad (n)si1A (n) > 0 (Sequência positiva A), (5.45)
n=k−∆k+1
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 46

k
Ds1B (k) = ∑ sv1Bd (n)si1B (n) > 0 (Sequência positiva B) (5.46)
n=k−∆k+1

ou
k
Ds1C (k) = ∑ sv1Cd (n)si1C (n) > 0 (Sequência positiva C), (5.47)
n=k−∆k+1

for verdadeira durante ∆k1 amostras. Esse atraso é necessário para garantir a confiabili-
dade do método devido aos efeitos do cálculo das componentes simétricas em termos de
amostras.

5.4.3 Proteção Direcional de Sequência Negativa Wavelet


A unidade direcional de sequência negativa wavelet, tem por grandeza de operação
as correntes de sequência negativa regida pelas Equações (2.19), (2.20) e (2.21). Para a
grandeza de polarização, além da particularidade do ângulo da linha ∆kθ1 , ainda existe um
atraso de meio ciclo (∆k/2) adicional, como foi visto na Equação (3.21) para o método
clássico. Portanto, propõe-se o seguinte equacionamento:
" / 0#
1 ∆k 0 / ∆k 0 / ∆k
v polA (k) = vA k− +∆kθ1 +vB k−∆kα2 − +∆kθ1 +vC k−∆kα − +∆kθ1 ,
3 2 2 2
" / (5.48) #
1 ∆k 0 / ∆k 0 / ∆k 0
v polB (k) = vA k−∆kα2 − +∆kθ1 +vB k− +∆kθ1 +vC k−∆kα − +∆kθ1
3 2 2 2
(5.49)
e
" / 0#
1 ∆k 0 / ∆k 0 / ∆k
v polC (k) = vA k−∆kα − +∆kθ1 +vB k−∆kα2 − +∆kθ1 +vC k− +∆kθ1 .
3 2 2 2
(5.50)
Portanto, é definido como grandezas de polarização dessa unidade os coeficientes
escalas das tensões de sequências com deslocamento devido a contribuição do ângulo
da linha e o atraso de meio ciclo, denotados por sv pol = {sv2Ad , sv2Bd , sv2Cd } e as gran-
dezas de operação são os coeficientes escalas da corrente de sequência negativa siop =
{si2A , si2B , si2C }. Logo, a unidade direcional de sequência negativa atuará quando:
k
D2A (k) = ∑ sv2Ad (n)si2A (n) > 0 (Sequência Negativa A), (5.51)
n=k−∆k+1

k
D2B (k) = ∑ sv2Bd (n)si2B (n) > 0 (Sequência Negativa B) (5.52)
n=k−∆k+1
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 47

ou
k
D2C (k) = ∑ sv2Cd (n)si2C (n) > 0 (Sequência Negativa C). (5.53)
n=k−∆k+1

Essas inequações precisam ser verdadeiras durante pelo menos um número mínimo de
amostras ∆k2 , para garantir que o diagnóstico seja assertivo.

5.4.4 Proteção Direcional de Sequência Zero Wavelet


As grandezas de operação e polarização da unidade direcional de sequência zero clás-
sica seguem a Equação (3.3.4). Então, propõe-se para grandeza de operação, a corrente
de sequência zero segundo a Equação (5.41) e para grandeza de polarização, segue:
" / 0#
1 ∆k 0 / ∆k 0 / ∆k
v pol (k) = vA k − + ∆kθ0 + vB k − + ∆kθ0 + vC k − + ∆kθ0 , (5.54)
3 2 2 2

em que a tensão de polarização é atrasada em meio ciclo seguido de um acréscimo de θ0


que corresponde ao número de amostras equivalentes ao ângulo ∠ZL0 que, estando em
graus, é possível definir θ0 , como segue:
; <
∆k∠ZL0
∆kθ0 = , (5.55)
360

sendo ∆kθ0 ∈ Z.
Assim, as tensões de polarização e as correntes de operação são tomadas como entra-
das da TWDR resultando nos coeficientes escala de tensão de polarização de sequência
zero deslocado (sv0d ) e nos coeficientes escala de corrente de operação de sequência zero
(si0 ). Portanto, a unidade direcional de sequência zero identifica se a falta é à frente
quando a condição:
k
Ds0 (k) = ∑ sv0d (n)si0 (n) > 0, (5.56)
n=k−∆k+1

for verdadeira por pelo menos um número total mínimo de ∆k0 amostras para garantir
segurança no diagnóstico direcional dessa unidade.
Associando as unidades direcionais de fase wavelet definidas com as unidades de so-
brecorrente de fase wavelet, obtém-se as unidades de sobrecorrente direcionais de fase
wavelet nomeadas por 67WA, 67WB e 67WC, ou 67W quando referir-se a qualquer uma
das fases. O mesmo ocorre para as demais unidades obtendo: unidade de sobrecorrente di-
recional de sequência positiva wavelet 67PW (67PWA, 67PWB, 67PWC), unidade de so-
brecorrente direcional de sequência negativa wavelet 67QW (67QWA, 67QWB, 67QWC)
e unidade de sobrecorrente direcional de neutro wavelet 67NW.
CAPÍTULO 5. MÉTODO PROPOSTO 48

5.5 Síntese do Capítulo


Apresentou-se neste capítulo a descrição do método de sobrecorrente direcional wa-
velet proposto para todas as unidades, baseado no primeiro nível de decomposição de
TWDR. Também foi apresentada a formulação do detector de transitórios de falta por
meio das energias dos coeficientes wavelet que funciona em paralelo às unidades de so-
brecorrente para ativação das unidades direcionais.
Na Tabela 5.1 é sumarizado todas as unidades de sobrecorrente direcionais propostas,
associando a estas suas respectivas equações e os tipo de faltas que cada unidade têm a
capacidade de identificar.

Tabela 5.1: Resumo do método.


Unidade Direcional Equação Tipo de Falta
67WA (5.38) AT, ABT, CAT, AB, ABC
67WB (5.39) BT, ABT, BCT, BC, ABC
67WC (5.40) CT, BCT, CAT, CT, ABC
67PWA (5.45) ABT, CAT, AB, CA, ABC
67PWB (5.46) ABT, BCT, AB, BC, ABC
67PWC (5.47) BCT, CAT, BC, CA, ABC
67QWA (5.51) AT, ABT, CAT, AB, CA
67QWB (5.52) BT, ABT, BCT, AB, BC
67QWC (5.53) CT, BCT, CAT, BC, CA
67NW (5.56) AT, BT, CT, ABT, BCT, CAT
Capítulo 6

Resultados

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com o uso do método pro-
posto, contemplando avaliações em um sistema de transmissão e de distribuição, dispo-
nibilizados pelo IEEE. Além disso, todas as avaliações foram comparadas com o método
clássico de proteção de sobrecorrente direcional com base na transformada de Fourier.

6.1 Descrição do Sistema Teste de 230 kV do IEEE


O sistema de transmissão de 230 kV do IEEE (Figura 6.1) tem uma configuração mais
simples comparado com um sistema de distribuição, o que é ideal para avaliar algoritmos
de proteção de sobrecorrente direcional. Esse sistema possui apenas quatro barras, quatro
linhas, três geradores e um transformador abaixador de 230 kV para 24 kV (SUBCOM-
MITTEE, 1979).
B1 B2 B3
L1 T1
G1 G2
L3
L2

B Barramento
Relé L Linha
B4 G Gerador
G3
L4 T Transformador
TC
TPC

Figura 6.1: Sistema teste de 230 kV do IEEE.

O sistema de 230 kV foi modelado no Simulink à parâmetros distribuídos na frequên-


cia, o que o torna mais realístico. As avaliações realizadas neste sistema consideraram as
linhas L1 e L4 desconectadas e as medições pelos TCs e TPCs foram realizadas no barra-
mento B2, tomando faltas na linha L2 como faltas à frente e as faltas reversas localizadas
na linha L3. As fontes desse sistema são consideradas ideais e o comprimento das linhas
utilizadas foram de 200 km, os demais parâmetros são definidos em (SUBCOMMITTEE,
1979).
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 50

6.2 Parametrização do Método Clássico


Como forma de validação do método proposto, todos os resultados obtidos foram
comparados com a lógica de sobrecorrente direcional clássica calculada por meio do al-
goritmo de Fourier de um ciclo. Portanto, uma frequência de amostragem de fs = 0, 96
kHz foi utilizada, a mais comum nos relés comerciais, visto que a lógica de Fourier, nas
proteções em análise, prioriza apenas a frequência fundamental, não havendo necessidade
de uma taxa de amostragem mais elevada. Além disso, filtros butterworth de segunda
ordem com frequência de corte de fc = 0, 9 fs /2 foram utilizados para a filtragem das
componentes de alta frequência.
Na Tabela 6.1 são sumarizadas as constantes que definem os limiares das unidades
de sobrecorrente, sendo, as correntes fasoriais das fases em regime permanente tomadas
como as correntes de referência. Além disso, a curva de tempo inverso utilizada foi a
curva inversa (I) e o T MS = 0, 1.

Tabela 6.1: Especificações dos parâmetros das unidades de sobrecorrente.

Parâmetro Especificação
Y50 5,0
Y51 2,0
Y50P 5,0
Y51P 2,0
Y50Q 1,0
Y51Q 0,3
Y50N 1,0
Y51N 0,2

As constantes das unidades instantâneas são maiores que as constantes temporizadas


como é disposto na Tabela 6.1, pois a proteção só deve atuar instantaneamente caso a
corrente do sistema atinja níveis mais elevados, aqui considerado elevado quando a cor-
rente do sistema alcançar uma ordem de cinco vezes a corrente de carga nominal. Em um
sistema equilibrado, as corrente de fase e de sequência positiva estão a nível da corrente
de carga do sistema. Por esse motivo, os limiares de sobrecorrente relacionados a essas
unidades são maiores que um. Ainda para o sistema equilibrado, as unidades de sequência
negativa e zero são nulas. Portanto, os limiares de sobrecorrente foram considerados me-
nores para essas unidades, se comparado com as unidades de fase e de sequência positiva.
As unidades de sobrecorrente clássicas foram parametrizadas para que haja um bom
desempenho da proteção. No entanto, não se tem garantia que esses são os limiares
ótimos, estando fora do escopo deste trabalho a avaliação de quais valores melhor se ade-
quam para quais unidades, sendo os valores utilizados baseado em (MAMED; MAMED,
2013).
As unidades direcionais clássicas utilizam, como ativadores, as unidades de sobrecor-
rente temporizadas, ativando os módulos direcionais quando a temporização é iniciada.
Para esses módulos, utiliza-se todos os limiares de erro nulos, ou seja, ε1+ = ε1− = ε2+ =
ε2− = ε0+ = ε0− = 0.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 51

6.3 Parametrização do Método Proposto


Todas as simulações no sistema de 230 kV para o método proposto utilizaram, no pré-
processamento, filtros passa-baixa do tipo butterworth de segunda ordem com frequência
de corte fc = 0, 9 fs /2, em que a frequência de amostragem utilizada foi de fs = 15, 36
kHz.
Com relação às unidades de sobrecorrente, seus limiares são definidos em função das
constantes de sobrecorrente clássica, sumarizadas na Tabela 6.1 e uso da curvas inversa (I)
com T MS = 0, 1 para as unidades temporizadas. As energias dos coeficientes escala das
fases em regime permanente são tomadas como as energias de referência. De maneira si-
milar, a média da energia dos coeficientes wavelet, em um período do regime permanente,
foi adotada como a energia de referência para o detector de transitórios de faltas.
As unidades direcionais são ativadas pelo detector de transitórios de faltas, dispondo
também das unidades de sobrecorrente wavelet temporizada como backup. As unidades
de fase fornecem diagnóstico utilizando informação da primeira amostra após sua habili-
tação. Para as demais unidades direcionais foram adotados os atrasos definidos na Tabela
6.2.

Tabela 6.2: Atrasos das unidades direcionais.

Parâmetro Especificação
∆k1 1/3∆k
∆k2 1/3∆k
∆k0 1/3∆k

6.4 Avaliação do Método Proposto no Sistema de 230 kV


A finalidade de testar o método proposto no sistema de transmissão é avaliar a cober-
tura e a robustez do método. Portanto, este sistema foi utilizado para definir os melhores
parâmetros do método proposto, como a wavelet mãe a ser utilizada, o atraso necessário
para validar o trip e as unidades que melhor se adequam para cada tipo de falta. Além
disso, a influência do ângulo de incidência da falta (θ f ), a influência da distância de
ocorrência da falta (d f ), e a influência da resistência de falta (r f ) foram avaliadas nesse
sistema.

6.4.1 Escolha da Wavelet Mãe


Para avaliar o impacto da wavelet mãe no desempenho do método proposto, 1170
faltas monofásicas do tipo AT foram geradas, divididas em faltas à frente e faltas reversas.
Para esta base de dados foi variado, de forma aleatória, o ângulo de incidência da falta
θ f , a distância da falta d f e resistência de falta r f , conforme a Tabela 6.3. O ângulo de
incidência da falta é definido com referência à tensão da fase A no local da falta.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 52

Tabela 6.3: Composição da base de dados para avaliação da wavelet mãe.


Parâmetro Variação
Distância da falta 20 ≤ d f ≤ 180 km
Ângulo de incidência 0◦ ≤ θ f ≤ 180◦ (∆θ f = 1◦ )
Resistência da falta 0, 001 ≤ r f ≤ 10Ω
Posição da falta À frente, reversa
Tipo de falta AT

Cinco tipos de wavelet mãe foram avaliadas, sendo elas da família Daubechies com
2 (db2 ou Haar), 4 (db4), 8 (db8), 12 (db12) e 50 (db50) coeficientes. Na Tabela 6.4
sumariza-se o desempenho, em percentagem, de acertos do método proposto para faltas
à frente e reversas, enquanto que na Tabela 6.5 são ilustrados os tempos de atuação, em
milissegundos, dos casos de faltas à frente para as diferentes wavelets mãe.

Tabela 6.4: Desempenho do método proposto para diferentes wavelets mãe.


Faltas à Frente Faltas Reversas
Wavelet mãe
67WA 67WPA 67WQA 67WA 67PWA 67QWA
Haar 100% 100% 100% 100% 100% 100%
db4 100% 100% 100% 100% 100% 100%
db8 100% 100% 100% 100% 100% 100%
db12 100% 100% 100% 100% 100% 100%
db50 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Apenas as unidades 67WA, 67WPA e 67WQA foram escolhidas para compor a Tabela
6.4 por questões de simplificação, uma vez que elas são as mais representativas para a falta
AT. Além disso, a unidade de sequência zero foi suprimida por não apresentar um bom
desempenho, que será melhor explicado posteriormente.
De acordo com a Tabela 6.4, o desempenho do método não foi afetado pela wave-
let mãe. No entanto, wavelets mãe mais longas implicam geralmente em maiores atra-
sos, conforme os tempos de operação da proteção apresentados na Tabela 6.5. Portanto,
sugere-se a utilização da wavelet Haar ou a db4, comumente utilizadas em sistemas de
potência (COSTA; DRIESEN, 2013). Além do mais, a Haar apresenta o menor esforço
computacional, seguida pela db4.

Tabela 6.5: Tempo médio de atuação do método proposto para as diferentes wavelets mãe.
Wavelet Tempo Médio de Atuação (ms)
Mãe 67WA 67PWA 67QWA
Haar 3,6 10,7 7,4
db4 3,7 10,8 7,5
db8 3,9 11,2 7,7
db12 4,2 11,6 7,9
db50 6,4 29,6 16,6
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 53

6.4.2 Influência do Ângulo de Incidência de Falta


Faltas são inesperadas, podendo surgir sob qualquer ângulo de incidência, de modo
que é necessário validar se o método proposto é robusto o suficiente para cobrir todos os
ângulos de incidência de falta, que por consequência implica em avaliar, indiretamente,
se o método é afetado pela componente DC. Para essa finalidade, 3600 faltas foram simu-
ladas envolvendo vários ângulos de incidência e mantendo fixa a distância e a resistência
de falta, segundo a Tabela 6.6.

Tabela 6.6: Composição da base de dados para avaliação do ângulo de incidência de falta.
Parâmetro Variação
Distância da falta d f = 75 km
Ângulo de incidência 0◦ ≤ θ f ≤ 180◦ (∆θ f = 1◦ )
Resistência da falta rf = 3 Ω
Posição da falta À frente e reversa
AT, BT, CT, ABT, BCT,
Tipo de falta
CAT, AB, BC, CA, ABC

Com a base de dados da Tabela 6.6, todas as unidades direcionais do método proposto
e do método clássico foram avaliadas, cujos desempenhos são sumarizados nas Tabelas
6.7 e 6.8 para os métodos proposto e clássico, respectivamente. Em ambas as tabelas, para
cada unidade direcional, são dispostas duas linhas, a linha superior refere-se ao desem-
penho da unidade para faltas à frente, enquanto que a linha inferior para faltas reversas.
As células coloridas indicam as unidades mais indicadas para cada tipo de falta, ou seja,
quais unidades forneceram 100% de acerto tanto para faltas à frente quanto para faltas
reversas, considerando o atraso adotado para as funções direcionais. Nas Tabelas 6.9 e
6.10 são ilustrados os tempos de atuação, em milissegundos, dos casos de faltas à frente
para todas as unidades propostas e clássica, respectivamente.
Para as unidades clássicas, determinadas unidades podem ser mais indicadas para al-
guns tipos de faltas que outros (ROBERTS; GUZMAN, 1994). O mesmo foi comprovado
pela avaliação do método proposto, de acordo com a Tabela 5.1. Por exemplo, as uni-
dades de fase e de sequência positiva identificam bem qualquer tipo de falta que envolva
suas correntes de operação; as unidades de sequência negativa não conseguem definir a
direcionalidade de faltas trifásicas.
A unidade de sequência zero não mostrou um desempenho estável utilizando um ∆k0
de apenas um terço de ciclo, necessitando de um atraso maior para garantir uma taxa
de acerto de 100% para as faltas que envolvam a terra. Como exemplo, a Figura 6.2
ilustra um caso de erro da unidade direcional para uma falta monofásica do tipo AT com
ângulo de incidência de falta de 75◦ . Em regime permanente, o ângulo da unidade de
sequência zero não é confiável, pois a soma das amostras das três correntes deve ser nula,
logo qualquer ruído pode implicar em um ângulo não realístico, como o que é visto na
figura. Porém, isso não implica em erro, pois durante o regime permanente a unidade
direcional não está habilitada pelas unidades de sobrecorrente e mesmo que o detector
de transitórios ative essas unidades, sem a definição de sobrecorrente no sistema não há
envio de trip. Além disso, a unidade direcional de sequência zero apresenta, no transitório
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 54

Tabela 6.7: Desempenho do método proposto para a influência do ângulo de incidência


de falta.
Unidades Desempenho do Método Proposto
de Proteção AT BT CT ABT BCT CAT AB BC CA ABC
100% 64% 0% 100% 52% 100% 100% 0% 100% 100%
67WA
100% 100% 100% 100% 0% 100% 100% 100% 100% 100%
0% 100% 64% 100% 100% 52% 100% 100% 0% 100%
67WB
100% 100% 100% 100% 100% 0% 100% 100% 100% 100%
65% 0% 100% 52% 100% 100% 0% 100% 100 % 100%
67WC
100% 100% 100% 0% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67PWA
100% 100% 67% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67PWB
67% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67PWC
100% 68% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67QWA
100% 0% 42% 100% 91% 100% 100% 77% 100% 62%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67QWB
42% 100% 0% 100% 100% 92% 100% 100% 77% 59%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67QWC
0% 42% 100% 79% 100% 100% 77% 100% 100% 58%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 0%
67NW
90% 83% 85% 71% 94% 83% 62% 92% 64% 0%
Desempenho 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Global 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

da falta um comportamento ruidoso, porém, durante o regime da falta, o seu desempenho


é satisfatório, conseguindo definir adequadamente a direcionalidade quando a falta já está
estabelecida. Esse fato é generalizado para todos os casos de erro da unidade de sequência
zero para falta que envolvem aterramento.
Fator de potência

Diagnóstico de falta
0,5 à frente indevida
(67NW)

0
Falta reversa no
Início da
-0,5 regime da falta
falta
-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos

Figura 6.2: Exemplo de caso de falha da direcionalidade de sequência zero para uma falta
AT.

O número de erros, tanto para o método proposto, quanto para o método clássico, é
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 55

Tabela 6.8: Desempenho do método clássico para a influência do ângulo de incidência de


falta.
Unidades Desempenho do Método Clássico
de Proteção AT BT CT ABT BCT CAT AB BC CA ABC
100% 100% 0% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67A
100% 100% 100% 100% 95% 92% 100% 92% 66% 100%
0% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67B
100% 100% 100% 97% 100% 94% 71% 100% 92% 100%
100% 0% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67C
100% 100% 100% 93% 93% 100% 90% 73% 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67P
100% 100% 100% 89% 75% 69% 72% 73% 63% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
67Q
100% 100% 100% 57% 57% 52% 98 % 86% 97% 0%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 94%
67N
100% 100% 100% 74% 79% 79% 60% 64% 53% 0%
Desempenho 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Global 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

grande para algumas unidades devido a rápida ativação das unidades direcionais, mui-
tas vezes imprimindo o diagnóstico durante os transitórios das faltas, onde não se dispõe
ainda de uma definição precisa da direcionalidade da falta. Com base nos resultados ob-
tidos, quanto ao número de acertos, o método proposto é equivalente ao método clássico,
com exceção da unidade de sequência zero.
O ajuste de parâmetros como os limiares direcionais para o método clássico (ε1+ ,ε1− ,
ε2+, ε2− , ε0+ , ε0− ) e a quantidade de amostras para o atraso (∆k1 , ∆k2 , ∆k0 ) podem ser ajus-
tadas para garantir a correta classificação direcional com base nos parâmetros do sistema.
Os tempos de atuação das unidades direcionais de fase do método proposto são equi-
valentes ao método clássico, ou mais rápidas em alguns casos, devido a rápida detecção
dos transitórios pela energia dos coeficientes wavelet das correntes. Em contrapartida, as
demais unidades direcionais propostas apresentam tempos superiores aos ilustrados para
o método clássico, isso se deve ao atraso adicionado a essas unidades para garantir o diag-
nóstico com maior confiabilidade. Porém, com um estudo mais aprofundado será possível
ajustar os atrasos ∆k1 , ∆k2 , ∆k0 para acelerar o diagnóstico.
Na Figura 6.3 é ilustrado o desempenho da unidade de sequência positiva para uma
falta trifásica à frente e reversa. Neste exemplo, é ilustrado que um atraso de um terço de
ciclo é muito maior do que o tempo necessário para essa unidade ter uma boa definição
da direção da falta, logo um atraso menor forneceria um tempo mais curto de atuação da
unidade, garantindo ainda o correto diagnóstico da direção.
O método clássico e o método proposto, utilizando as unidades direcionais apropri-
adas, classificaram corretamente a direcionalidade de todas as faltas avaliadas quando a
falta já se encontra em regime. Portanto, a proteção de sobrecorrente direcional de ambos
os métodos apresentaram o mesmo desempenho, pois a unidade de sobrecorrente leva
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 56

Tabela 6.9: Tempo médio de atuação do método proposto para a influência do ângulo de
incidência de falta.
Unidades Tempo Médio de Atuação das Unidades Direcionais (ms)
de Proteção AT BT CT ABT BCT CAT AB BC CA ABC
67WA 3,9 13,0 - 2,9 - 3,3 3,9 - 3,9 3,9
67WB - 3,9 13,0 3,3 2,9 - 3,9 3,9 - 4,0
67WC 13,1 - 3,9 - 3,3 2,9 - 3,9 3,9 3,9
67PWA 9,6 17,8 19,4 9,4 14,7 12,1 8,0 14,3 12,7 8,8
67PWB 19,4 9,6 17,7 12,2 9,4 14,7 12,6 8,0 14,3 8,8
67PWC 17,7 19,4 9,6 14,7 12,1 9,4 14,3 12,7 8,0 8,8
67QWA 7,7 - 10,8 6,7 8,4 9,2 6,9 14,8 8,8 8,0
67QWB 10,8 7,7 - 9,2 6,7 8,4 8,7 7,0 14,8 7,9
67QWC - 10,9 7,7 8,4 9,2 6,7 14,8 8,7 6,9 7,9
67NW 10,9 7,4 7,2 8,8 5,9 8,8 11,0 8,4 12,2 -
Tempo Global 3,9 3,9 3,9 2,9 2,9 2,9 3,9 3,9 3,9 3,9

Tabela 6.10: Tempo médio de atuação do método clássico para a influência do ângulo de
incidência de falta.
Unidades Tempo Médio de Atuação da Unidades Direcionais (ms)
de Proteção AT BT CT ABT BCT CAT AB BC CA ABC
67A 5,7 13,0 - 3,9 13,5 5,4 3,7 14,4 6,2 4,1
67B - 5,7 13,0 5,1 3,7 13,7 6,1 3,8 13,7 4,0
67C 12,9 - 5,5 13,3 5,3 3,9 14,4 6,0 3,9 4,0
67P 5,7 5,9 5,6 4,4 4,2 4,1 4,7 4,8 4,8 2,5
67Q 5,1 5,1 5,1 4,3 4,2 4,2 3,9 3,9 3,8 -
67N 5,1 5,0 5,0 3,9 3,8 3,7 3,8 3,8 3,9 -
Tempo Global 5,1 5,0 5,0 3,9 3,7 3,7 3,9 3,8 3,8 2,5

mais tempo para atuar podendo garantir limiares mais elevados para as unidades direcio-
nais clássicas e um maior número de amostras para os contadores do método proposto.
Para as faltas trifásicas, a média de tempo de atuação dentre as fases da unidade de
sequência positiva, por exemplo, são muito semelhantes, podendo ser considerado uma
redundância manter as três fases para diagnosticar a falta. No entanto, é possível minimi-
zar o tempo de atuação se a proteção detiver as três fases, trabalhando em paralelo, pois
para cada ângulo de incidência de falta uma das unidades atuará antes das demais, como
está ilustrado na Figura 6.4. Similarmente, ocorre para as unidades de fase.
Os resultados que seguem serão ilustrados apenas por meio das unidades apropriadas,
por exemplo, ao indicar que será analisado uma falta bifásica do tipo BC, não serão con-
sideradas as unidades de sequência zero, por exemplo, e as demais unidades direcionais
avaliadas serão as que envolvem a fase B e/ou C.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS
Fator de potência Fator de potência 57

0.8
67PWA
(67PW)

67PWB
0.4 67PWC
Início da falta Falta à frente definida
0
(a)
0 67PWA
Falta reversa definida 67PWB
(67PW)

Início da falta 67PWC


-0.4
-0.8
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.3: Direcionalidade de sequência positiva para uma falta trifásica: (a) falta à
frente; (b) falta reversa.
67PWA
15 67PWB
67PWC
Tempo (ms)

10

5
0
o
20 o
40 o
60 o
80 o
100
o
120 o
140 o
160
o
180o

Ângulo de Incidência da Falta ( ) o

Figura 6.4: Tempo de atuação das unidades direcionais de sequência positiva das fases A,
B e C em função do ângulo de incidência para faltas trifásicas.

6.4.3 Influência das Unidades de Sobrecorrente Instantâneas e Tem-


porizadas
Os resultados apresentados são definidos para o pior dos casos, que é a sobrecorrente
atuar instantaneamente, necessitando do diagnóstico direcional para enviar ou não o trip.
Entretanto, se a unidade de sobrecorrente ativada for a temporizada, a unidade direcional
pode usufruir de mais amostras do regime da falta para garantir a correta classificação da
falta, se à frente ou reversa. Portanto, todas as unidades adequadas para cada tipo de falta,
tanto do método proposto quanto do clássico, no regime da falta garantem uma correta
classificação direcional para todos os tipos de faltas. Na Figura 6.5 ilustra-se alguns casos
classificados como errados durante o tempo de análise, porém em regime sua classificação
é assertiva.
Os atrasos adotados pelo método proposto, ∆k1 , ∆k2 , ∆k0 , são necessários para mi-
nimizar erros como os ilustrados na Figura 6.5, pois no transitório da falta pode haver
instantes que a proteção cause uma má operação direcional, necessitando de um atraso
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 58
Fator de potência Fator de potência Fator de potência

1 Falta à frente para


Detecção da
o trip 50W
(67WA)

falta pelo relé


0 Falta reversa para
o trip 51W

-1
(a)
1
(67NW)

0 Falta à frente para


o trip 50NW Falta reversa para
Detecção da
o trip 51NW
falta pelo relé
-1
(b)
1
Detecção da
(67QWA)

falta pelo relé


0 Falta à frente para
o trip 50QW Falta reversa para
o trip 51QW
-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(c)

Figura 6.5: Direcionalidade normalizada para falhas na classificação direcional de falta


reversa: (a) unidades direcionais de fase para faltas CA; (b) unidades de sequência zero
para faltas BT; (c) unidades de sequência negativa para faltas ABT.

suficiente para que, quando verificado a direcionalidade, esta já disponha de informação


mais coerente da falta.

6.4.4 Influência da Distância da Falta


A distância entre o ponto de ocorrência da falta e o ponto de medição pode ser grande
o suficiente que a corrente de falta seja drasticamente amortecida, pela alta impedância
encontrada no percurso (falta-medição), que não consiga sensibilizar a proteção. Dessa
maneira, uma nova base com 3220 faltas foi gerada utilizando o sistema de 230 kV do
IEEE para avaliar o efeito da distância da falta no método proposto, sendo mantido cons-
tante tanto o ângulo de incidência das faltas como a resistência da falta e variando-se
apenas a distância, conforme sumarizado na Tabela 6.11.
As distâncias consideradas não chegaram a influenciar o desempenho de nenhuma das
unidades direcionais (unidades adequadas) tanto do método proposto, quanto do método
clássico para os casos de faltas à frente, obtendo 100% de acerto para todos os tipos
de faltas, como pode ser visto na Tabela 6.12, onde são ilustrados os desempenhos das
unidades clássicas e propostas .
Algumas unidades direcionais podem ter seu diagnóstico prejudicado devido a distân-
cia da falta, mas em todos os casos há sempre uma segunda unidade, que pode garantir que
a falta seja corretamente diagnosticada, ou seja, ambos os métodos apresentaram 100%
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 59

Tabela 6.11: Composição da base de dados com variação da distância de falta.


Parâmetro Variação
Distância de falta 20 ≤ d f ≤ 180 km (∆d f = 1 km)
Ângulo de incidência θ f = 45◦
Resistência da falta rf = 3 Ω
Posição da falta À frente e reversa
AT, BT, CT, ABT, BCT
Tipo de falta
CAT, AB, BC, CA, ABT

Tabela 6.12: Influência da distância para ambos os métodos.


Tipo de Método Proposto Método Clássico
Falta 67W 67PW 67QW 67NW 67 67P 67Q 67N
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Monofásica
100% 100% 100% 100% 89% 100% 99% 100%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Bifásica-Terra
100% 100% 100% 94% 100% - 41% 67%
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Bifásica
85 % 100% 100% - 100% - 77% -
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Trifásica
100% 100% - - 100% 100% - -

de acertos em todos os tipos de faltas. Além da distância influenciar no diagnóstico dire-


cional, ela pode causar aumento do tempo de atuação da proteção. Para exemplificar esse
efeito, na Figura 6.6 é ilustrado a atuação das unidades direcionais, do método proposto e
do clássico, para alguns tipos de faltas.
O método proposto apresenta comportamento semelhante ao método tradicional, ou
seja, apresenta um aumento no tempo de atuação da proteção à medida que a distância
aumenta, com exceção da unidade de sequência zero. No entanto, segundo os resultados
ilustrados na Figura 6.6, a distância implica em mudanças mais bruscas no tempo de
atuação da proteção tradicional se comparado com o método proposto.
Com o aumento da distância eleva-se a impedância entre a falta e o ponto de me-
dição, o que implica numa corrente de falta medida com menor amplitude. Dessa ma-
neira, aumenta-se o tempo necessário para a sobrecorrente ser ativada, o que impacta no
tempo de operação no caso da proteção direcional tradicional. No caso do método pro-
posto, como o detector de transitórios de faltas é facilmente sensibilizado, não há gran-
des mudanças no tempo de atuação, mesmo com distâncias maiores. Porém, se grandes
distâncias forem combinadas com outros fatores, a exemplo da resistência e ângulo de
incidência de falta, a tendência é que a detecção dos transitórios apresente problemas, o
que levaria as unidades serem ativadas pela unidades de sobrecorrente wavelet. No en-
tanto, Costa (2014b) e Costa (2014a) demonstraram a TWDR com efeito de borda, que
apresenta a possibilidade de detectar os instantes iniciais de faltas com melhor precisão,
mesmo nestes casos nos quais não tem transitório de faltas e que será investigado nessa
aplicação em trabalhos futuros. A unidade de sequência zero proposta não obteve um
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 60

desempenho estável, estando ainda em análise o porquê desse desempenho.

30
Tempo (ms)

67WC
67C
20
10
0
(a)
67NW
Tempo (ms)

67N
14
10
6
2
(b)
67QWB
5
Tempo (ms)

67Q

2
(c)
67PWA 67PWC
14 67PWB 67P
Tempo (ms)

10
6
2
20 40 60 80 100 120 140 160 180
Distância (km)
(d)

Figura 6.6: Tempo de atuação das unidades direcionais em função do aumento da distân-
cia para faltas à frente: (a) unidades direcionais de fase para faltas CT; (b) unidades de
sequência zero para faltas CAT; (c) unidades de sequência negativa para faltas CA; (d)
unidades de sequência positiva para faltas trifásicas.

6.4.5 Influência da Resistência de Falta


Similar a distância, quanto maior a resistência de falta mais amortizada será a ampli-
tude da corrente de falta que chegará para medição nos TCs e, consequentemente, para
o relé. Portanto, é necessário avaliar se o método obtém um bom desempenho para es-
sas circunstâncias. Na Tabela 6.13, sumarizam-se as 2200 faltas simuladas com ângulo e
distância da falta fixos e com variação da resistência de falta.
A Tabela 6.14 sumariza o desempenho das unidades direcionais para os casos de fal-
tas que envolvem a terra (monofásicas e bifásicas-terra), sendo, em cada célula, a linha
superior referente a faltas à frente e a linha inferior referente a faltas reversas.
De acordo com a Tabela 6.14, o método direcional proposto é pouco influenciado
pela resistência de falta, porém se combinado com outros fatores que impliquem na não
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 61

Tabela 6.13: Composição da base de dados com variação da resistência de falta.


Parâmetro Variação
Distância de falta d f = 100 km
Ângulo de incidência θ f = 45◦
Resistência de falta 0, 001 ≤ r f ≤ 100 Ω (∆r f = 1 Ω)
Posição da falta À frente e reversa
AT, BT, CT,
Tipo de falta
ABT, BCT, CAT

Tabela 6.14: Influência da resistência de falta para ambos os métodos.


Tipo de Método Proposto Método Clássico
Falta 67W 67PW 67QW 67NW 67 67P 67Q 67N
100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Monofásica
100% 100% 100% 30% 100% - 100% 100%
100% 100% 100% 100% 100% - 100% 100%
Bifásica-Terra
100% 100% 100% 100% 100% - 63% 67%

ativação do detector de transitórios o seu funcionamento segue o clássico. Os casos de


erros da unidade clássica é devido a rápida ativação da unidade direcional, ao fim de mais
alguns milissegundos, as faltas seriam corretamente classificadas.
Em termos de tempo de atuação, a resistência de falta seguirá o mesmo comporta-
mento da influência da distância, ou seja, cresce ligeiramente com o aumento da resistên-
cia. Na Figura 6.7, apresenta-se a influência da resistência de terra para os casos analisa-
dos de faltas monofásicas e bifásicas-terra. O tempo de atuação das unidades direcionais
praticamente não se modificam com o aumento da resistência de falta para as unidades
de fase e sequência negativa. Para as unidades de sequência zero ocorre um crescimento
gradual à medida que a resistência aumenta.
Mais uma vez, o comportamento do método proposto apresenta semelhança com o
método tradicional, confirmando a reconstrução da proteção direcional clássica. A uni-
dade de sequência zero apresenta um comportamento semelhante a unidade tradicional,
mas necessita-se avaliar melhor o desempenho dessa unidade.

6.4.6 Influência do Afundamento Total de Tensão


O sistema elétrico pode sofrer faltas que implicam em vários níveis de afundamentos
da tensão. Um afundamento total, ou seja, quando a tensão cai a zero, ou muito próximo
disso, dificulta a detecção da direcionalidade da falta, pois tais níveis não sugerem um
ângulo realístico, não obtendo um sinal de referência confiável.
Assim como na proteção clássica, o método proposto pode sofrer com situações de
afundamento total, não fornecendo um diagnóstico confiável. Neste sentido, foi realizada
uma avaliação simples com apenas um exemplo de cada tipo de falta, mantendo o ângulo
de incidência fixo, resistência de falta nula e a falta é provocada sobre o relé, ou seja,
distância nula, como sumarizado na Tabela 6.15.
Na Tabela 6.16 é ilustrado o desempenho dos casos analisados para cada unidade
CAPÍTULO 6. RESULTADOS
Tempo (ms) 62

67WA 67A
9 67WB 67B

3
(a)
67NW
Tempo (ms)

14 67N

10

6
(b)
20 67QWB
Tempo (ms)

67QWC
67Q
15
10
5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Resistência de Falta (oms)
(c)

Figura 6.7: Tempo de atuação das unidades direcionais em função do aumento da resis-
tência de falta: (a) unidades direcionais de fase para faltas ABT; (b) unidades de sequência
zero para faltas CT; (c) unidades de sequência negativa para faltas BT.

Tabela 6.15: Composição da base de dados para avaliação do afundamento total.


Parâmetro Variação
Distância da Falta d f = 0 km
Ângulo de incidência θ f = 45◦
Resistência de falta r f = 0Ω
Posição da falta À frente e reversa
AT, BT, CT, ABT, BCT
Tipo de falta
CAT, AB, BC, CA, ABC

direcional clássica e proposta, sendo a linha superior de cada unidade as faltas à frente e
na linha inferior, as faltas reversas.
Os casos analisados demonstraram que, em caso de afundamento total de todas as três
fases, nenhuma unidade direcional do método proposto ou do clássico consegue definir a
direcionalidade para faltas trifásicas reversas, enquanto que para os demais tipos de faltas
as unidades direcionais continuam funcionando devidamente.
Nos casos de afundamento total para faltas trifásicas, a direcionalidade clássica solu-
ciona a má funcionalidade da direcionalidade por meio um detector de afundamento e uso
de dados de tensão do regime permanente armazenados em uma memória como referên-
cia de tensão (SCHWEITZER, 1992). Imagina-se que o método proposto possa utilizar
metodologia semelhante, utilizando como detector de afundamento da falta as energias
dos coeficientes escala das tensões e uso de um buffer maior com amostras das tensões
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 63

Tabela 6.16: Influência do afundamento total da tensão para ambos os métodos.


Tipo de Método Proposto Método Clássico
Falta 67W 67PW 67QW 67NW 67 67P 67Q 67N
√ √ √ √ √ √ √ √
Monofásica √ √ √ √ √ √ √ √
√ √ √ √ √ √ √ √
Bifásica-Terra √ √ √ √ √ √
- -
√ √ √ √ √ √ √ √
Bifásica √ √ √ √ √
- - -
√ √ √ √ √ √
-
Trifásica
- - - - - - - -

- Funcionamento adequado das unidades.

de regime que garanta amostras de referência por um tempo suficiente para o diagnóstico
direcional ser assertivo, que será tratado em trabalhos futuros.
Na Figura 6.8 é mostrado o desempenho da unidade direcional de sequência positiva
do método proposto, enfatizando que no regime da falta o diagnóstico é confiável, pois
antes há um transitório que ocasionalmente implica em um diagnóstico da direcionalidade
inadequado. As energias dos coeficientes escala da tensão são ilustradas, evidenciando a
possibilidade de uso dessas informações para definir quando o afundamento de tensão é
total. Identificando esse estágio, o diagnóstico direcional utilizando amostras de tensão
atual seria substituído pelo uso de amostras de tensão em regime previamente armazena-
das em um buffer.
Energia dos coef. Fator de potência

0.4
67PWA
(67PW)

0 Falta à frente 67PWB


no regime 67PWC
da falta
-0.4
(a)
x1012
escala da tensão

Evc
4 Limiar seguro
Evc
Evc
de operação
2

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.8: Caso de falta trifásica com afundamento da tensão total: (a) direcionalidade
da unidade de sequência positiva; (b) energia dos coeficientes escala da tensão.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 64

6.5 Descrição do Sistema Teste de 30 Barras do IEEE


O sistema de 30 barras do IEEE é oriundo de uma porção do sistema de potência
real dos Estados Unidos no ano de 1961. Esse sistema é composto por um subsistema
de distribuição funcionando à 33 kV e um subsistema de sub-transmissão funcionando
à 132 kV e contém 30 barras, 41 linhas, 2 geradores, 3 transformadores de potência, 3
bancos de capacitores e 21 cargas conectadas (CHRISTIE; DABBAGCHI, 1993). Além
disso, é possível adicionar geração distribuída. Portanto, trata-se de um sistema ideal para
avaliação da proteção de sobrecorrente direcional.
Para análise mais realística, esse sistema foi modelado a parâmetros distribuídos.
Além disso, para gerar os resultados sob influência das gerações distribuídas, foram adi-
cionados três geradores distribuídos ideais com potência de 10 MVA nas barras 14, 22 e
25, como mostrado na Figura 6.9. Essa modificação é devida a intenção de estudo sobre o
dinamismo no sistema com a injeção de geração distribuída, avaliando o comportamento
do relé de sobrecorrente direcional proposto.

R Relé 30 29
Carga 27 28

GD Gerador Sistema elétrico R7


distribuído
G Gerador de distribuição 26
Gd3 R6
Barra
Capacitor 23 25
24
Gd1 15 Gd2
R1 18
14 R5
19 22
21
16
20
G1
17 R4 11 8
1 3 12 10
13 R3
R2
9
4 6

2 5
G2

Figura 6.9: Sistema teste de 30 barras do IEEE.

As análises realizadas nesse sistema utilizaram os mesmos parâmetros definidos para


o sistema de 230 kV para ambos os métodos, clássico e proposto.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 65

6.6 Avaliação do Método Proposto para o Sistema de 30


Barras com Geração Distribuída
O sistema de 30 barras é utilizado para avaliar os módulos direcionais em presença
de geração distribuída. Dado a complexidade do sistema, apenas alguns estudos de ca-
sos serão ilustrados, uma avaliação pontual com aplicação de falta em um barramento e
análise em outro barramento próximo as gerações distribuídas, pois é mais sugestivo a
direcinalidade do fluxo de potência definindo entre os barramentos para uma falta do tipo
AT, utilizando a unidade de fase para demonstrar o comportamento da falta monofásica;
um segundo estudo é avaliação da direcionalidade e uma das subestações quando uma
falta monofásica do tipo AT ocorre no lado de alta (subtransmissão à 132 kV) testando as
unidades de fase e de sequência negativa; e o terceiro estudo é uma avaliação em uma se-
gunda substação para uma falta do tipo trifásica para mostrar o desempenho das unidades
de fase e de sequência positiva para ambos os métodos.

6.6.1 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 21 com Análise na


Barra 24
Uma falta foi provocada na barra 21 do sistema de 30 barras e uma avaliação é feita na
barra 24, por meio dos relés com a lógica proposta neste trabalho e com a lógica clássica.
Nesse caso, o sentido do fluxo de potência na barra 24, em regime permanente, é partindo
da barra 25 para as barras 24 e 23. Essa análise considerando o relé em barras internas
ao sistema de distribuição visa a melhor visualização do dinamismo do fluxo de potência,
mesmo que não seja comum o alocamento físico dos relés nas barras mencionadas.
Quando ocorre uma falta na barra 21, o gerador distribuído da barra 25 (GD3) alimenta
a falta juntamente com o gerador da barra 22 (GD2) e uma pequena contribuição do
gerador distribuído da barra 14 (GD1). A falta é praticamente suprida pelos geradores
distribuídos, o que causa uma diminuição de corrente em algumas cargas, causa a elevação
de corrente no ponto de falta e causa a inversão do fluxo de potência em algumas barras.
Na Figura 6.10 ilustra-se os resultados da ocorrência de falta na barra 21, tendo como
ponto de análise a barra 24. Portanto, a corrente que flui na barra de análise se eleva
devido a ocorrência da falta numa barra à frente e, ao mesmo tempo, ocorre uma inversão
do fluxo de potência dessa barra.
Na Figura 6.10 (a) tem-se a corrente na fase A medida na barra 24 com detalhe para os
ativadores de sobrecorrente temporizados que habilitam as unidades direcionais de fase
clássica
% e proposta. A energia dos coeficientes escala de corrente foi normalizada, ENs =
2 /∆k, para fins ilustrativos. Assim, quando a energia normalizada E s ultrapassa o
EiA N
limiar estabelecido habilita-se a unidade direcional wavelet. De maneira similar, quando
o módulo do fasor da corrente |IA | ultrapassar o limiar estabelecido, a unidade direcional
clássica será habilitada.
A falta ocorrendo na fase A, a grandeza de polarização, para a unidade direcional de
fase, será a tensão vBC . Como é ilustrado na Figura 6.10 (b), a tensão vBC não é afetada
pela falta, o que forncece uma boa referência para esse tipo de falta. O ativador wavelet é
ilustrado na Figura 6.10 (c), detalhando a rápida detecção da falta.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 66

2
Trigger 51WA
Corrente (kA)

%
s
1 I pickup ≈ E pickup /∆k

0
% iA
-1 Instante inicial EisA /∆k
Trigger
da falta
51A |IA |
-2
(a)
polarização (kV)

50
Tensão de

25
0
-25 vBC
-50
(b)
3
0,6 ×10
Coef. Wavelet
Energia dos

w
EiA
Rápida detecção do
0,4 ativador wavelet
w
E pickup
0,2
0
(c)
0,8
Potência

Trigger direcional
Fator de

0,4 com ativador escala


0 FPAw
Trigger direcional FPA
0,4 com ativador clássico

(d)
Trip Direcional Clássico
Trigger Wavelet
Trigger 51WA
Trip Direcional Wavelet
0 1 2 k f / fs 3 4 5
Número de Ciclos
(e)

Figura 6.10: Falta na barra 21 com análise na barra 24: (a) iA , ENs e |IA |; (b) vBC ; (c) FPAw
w ; (e) instantes de atuação.
e FPA ; (d) EiA

O método proposto utiliza a Equação (5.36) ou (5.37), no entanto, para fins de com-
paração é apresentado o fator de potência proposto na Equação (5.35). A Figura 6.10 (d)
exibe os fatores de potência clássico e wavelet se tornando maior que zero (falta à frente),
ao mesmo instante. No entanto, essa unidade espera o trigger dos ativadores para atuar.
Os tempos de ativação são ilustrados na Figura 6.10 (e) detalhando o rápido diagnós-
tico direcional da unidade de fase wavelet proposta devido o ativador wavelet utilizado.
Além disso, o comportamento da unidade direcional proposta é muito semelhante à pro-
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 67

teção clássica, reafirmando a reconstrução das unidades direcionais por meio da TWDR.
Para esse caso a sobrecorrente não superou os limiares instantâneos, sendo a unidade tem-
porizada quem fornecerá o trip após vários ciclos, devido a isso, o instante de atuação da
unidade de sobrecorrente direcional de fase não foi ilustrado na figura.
As unidades direcionais de sequência zero, de sequência positiva da fase A e de
sequência negativa da fase A funcionaram bem para esse sistema e de forma equivalente
a proteção clássica. Os tempos de atuação são mais demorados se comparado a unidade
de fase.

6.6.2 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 27 com Análise na


Barra 24
A ocorrência de uma falta na barra 27 no sistema de 30 barras (Figura 6.9) implica
numa alimentação desta, principalmente, pelos geradores distribuídos GD2 e GD3. Por-
tanto, o fluxo de potência que flui pela barra 24 não se inverte, ou seja, o sentido fluxo é
mentido como no sistema em equilíbrio, partindo da barra 22 para a barra 25. Conside-
rando esse estudo de caso tem-se os resultados na Figura 6.11.
A corrente na fase A como medida no relé da barra 24, assim como |IA | e EiA s são

detalhados na Figura 6.11 (a) que rapidamente habilitam a unidade direcional. vBC não
sofre com a falta e Eiw detalha a rápida detecção da falta na Figura 6.11 (b) e (c).
O fator de potência de ambos os métodos não ultrapassa zero, ou seja, a falta é reversa.
Por consequência, a unidade direcional de fase não é ativada. Os detalhes dos tempos
de ativação são mostrados na Figura 6.11 (e) afirmando a não atuação das proteções.
A sobrecorrente presente no sistema, ativa a unidade de sobrecorrente temporizada, que
mesmo ao final de sua temporização não enviará o trip, pois a unidade direcional informou
uma falta reversa.
As unidades direcionais clássicas e propostas de sequência zero, de sequência posi-
tiva da fase A e de sequência negativa da fase A não atuam para esse estudo de caso,
confirmando que a falta é reversa.

6.6.3 Estudo de Caso: Falta Monofásica na Barra 6 com Análise na


Barra 10
Para este estudo de caso, o relé em análise foi alocados no lado de baixa tensão (dis-
tribuição) na substação que liga a barra 6 da subtransmissão à barra 10 da distribuição.
A configuração dos transformadores utilizados é ∆-Y aterrado, o que implica que, na
ocorrência de um tipo de falta em um dos lados do tranforador, o afundamento de tensão
provocado no lado oposto pode não definir o mesmo tipo de falta, segundo o disposto na
literatura (LEBORGNE, 2005). Por exemplo, no caso em estudo, uma falta monofásica
foi aplicada ao lado ∆ do transformador, o que implicou na característica de uma falta
bifásica no lado Y aterrado do transformador.
Na Figura 6.12 é ilustrado o fator de potência das unidades de fase medidas na barra 10
(distribuição) para o método proposto (Figura 6.12 (a)) e para o método clássico (Figura
6.12 (b)). A falta é caracterizado como falta bifásica do tipo AB, logo é verificado que
o fator de potência se torna positivo para as fases A e B, o que caracteriza a inversão do
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 68

3
Corrente (kA)

2 %
s Trigger 51WA
I pickup ≈ E pickup /∆k
1
0
% iA
-1 Instante inicial Trigger EisA /∆k
-2 da falta 51A
|IA |
-3
(a)
polarização (kV)

50
Tensão de

25
0
-25 vBC
-50
(b)
×103
Coef. Wavelet

1,2
Energia dos

Rápida detecção do w
ativador wavelet EiA
0,8
w
E pickup
0,4
0
(c)
0
Potência
Fator de

-0,3
FPAw
-0,6 FPA
-0,9
(d)
Trip Direcional Clássico
Trigger Wavelet
Trigger 51WA
Trip Direcional de fase Wavelet
0 1 2 k f / fs 3 4 5
Número de Ciclos
(e)

Figura 6.11: Falta na barra 27 com análise na barra 24: (a) iA , ENs e IA ; (b) vBC ; (c) FPAw e
FPA ; (d) Eiw ; (e) instantes de atuação.

fluxo de potência no ponto de análise para essas fases. Enquanto que, para a fase C o
fator de potência se mantém negativo, mesmo que no momento da ocorrência da falta o
fator de potência se eleve, este não chega a se tornar positivo, informando que não houve
inversão do fluxo de potência na barra de medição para essa fase. As curvas do fator
de potência para o método proposto e clássico são parecidas e garantiram um tempo de
atuação similares quando a unidade de sobrecorrente temporizada finalizar seu tempo de
espera.
Na Figura 6.13 tem-se o fator de potência para as unidades de sequência negativa
CAPÍTULO 6. RESULTADOS 69

0,8
Fator de Potência Fator de Potência
Proposto

0,4 Instante inicial


da falta 67WA
0 67W B
67WC
-0,4
(a)
1,0
Instante inicial
0,5 da falta
Clássico

67A
0
67B
-0,5 67C
-1,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.12: Falta monofásica na barra 6 com comportamento bifásico na barra de análise
10: (a) fator de potência das unidades de fase 67WA, 67WB e 67WC; (b) fator de potência
das unidades de fase 67A, 67B e 67C.

67QWA, 67QWB e 67QWC do método proposto (Figura 6.13 (a)) e para a unidade de
sequência negativa 67Q do método clássico (Figura 6.13 (b)). Ambos os métodos in-
formam corretamente a inversão do fluxo de potência, pois definem o fator de potência
maior que zero e terão o mesmo tempo de atuação quando a unidade de sobrecorrente
temporizada atuar após o seu atraso proposital.

6.6.4 Estudo de Caso: Falta Trifásica na Barra 5 com Análise na


Barra 12
O sistema de substransmissão sendo submetido a uma falta trifásica na barra 5 e avali-
ando o impacto dessa falta na barra 12 da distribuição (substação), tem-se que as gerações
distribuídas na distribuição tentam fornecer potência para a subtransmissão, pois há in-
versão do fluxo de potência como inslustrado nas Figuras 6.14 e 6.15.
Como a falta apresenta o comportamento de uma falta trifásica no ponto de medição,
apenas as unidades de fase e de sequência positiva foram avaliadas. Na Figura 6.14 (a)
apresenta-se o fator de potência para as unidades de fase do método proposto que possuem
curvas muito semelhantes com as unidades de fase do método proposto mostrado ilustrado
na Figura 6.14 (b).
As unidades de sequência positiva também identificam rapidamente a inversão do
fluxo de potência para uma falta trifásica, dentre as três unidades de sequência positiva
do método proposto a unidade mais rápida neste caso foi a unidade 67PWB (Figura 6.15
(a)), no entanto, assim como a unidade de sequência positiva clássica (Figura 6.15 (b)),
esse diagnóstico só é necessário ao fim da temporização da unidade de sobrecorrente que
verificará a direcionalidade e, então, enviará o trip ao disjuntor.
CAPÍTULO 6. RESULTADOS
Fator de Potência Fator de Potência 70

0,8
Proposto

0,4 67QWA
Instante inicial 67QW B
0 da falta 67QWC
-0,4
(a)
1,0
0,5
Clássico

0
Instante inicial
-0,5 da falta 67Q
-1,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.13: Falta monofásica na barra 6 com comportamento bifásico na barra de análise
10: (a) fator de potência das unidades de sequência negativa 67QWA, 67QWB e 67QWC;
(b) fator de potência da unidade de sequência negativa 67Q.
Fator de Potência Fator de Potência

1,0
Proposto

0,5 67WA
Instante inicial 67W B
0 da falta
67WC
-0,5
(a)
1,0
0,5 Instante inicial
Clássico

da falta 67A
0
67B
-0,5 67C
-1,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.14: Falta trifásica na barra 5 com análise na barra 12: (a) fator de potência das
unidades de fase 67WA, 67WB e 67WC; (b) fator de potência das unidades de fase 67A,
67B e 67C.

6.7 Síntese do Capítulo


Apresentou-se neste capítulo os resultados obtidos utilizando o método proposto e o
método clássico. A influência da wavelet mãe foi investigada para o método proposto e
foram realizadas avaliações sobre a influência do ângulo de incidência da falta, resistência
da falta, distância de ocorrência da falta e afundamentos de tensão total para ambos os
CAPÍTULO 6. RESULTADOS
Fator de Potência Fator de Potência 71

0,8
Proposto

0,4 Instante inicial 67PWA


da falta 67PW B
0
67PWC
-0,4
(a)
0,8
Clássico

0,4
Instante inicial
0 da falta 67P
-0,2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Ciclos
(b)

Figura 6.15: Falta trifásica na barra 5 com análise na barra 12: (a) fator de potência
das unidades de sequência positiva 67PWA, 67PWB e 67PWC; (b) fator de potência da
unidade de sequência positiva 67P.

métodos utilizando o sistema de 230 kV. Além disso, o sistema de 30 barras com geração
distribuída foi utilizado para testar o método proposto e o método clássico por meio de
estudos de casos.
Capítulo 7

Conclusões

7.1 Conclusões Gerais


Nesta dissertação de mestrado foi apresentada uma nova proteção de sobrecorrente
direcional desenvolvida com base na transformada wavelet discreta redundante, com a
qual se obtém os coeficientes escala de tensão e corrente que são utilizados para recons-
truir a lógica direcional clássica das unidades de fase, sequência positiva, negativa e zero.
Para as unidades de sobrecorrente, as energias dos coeficientes escala de corrente que são
utilizados para reconstruir a lógica de sobrecorrente clássica das unidade de sequência
positiva e negativa, sendo as demais unidade já propostas na literatura. Informações adi-
cionais de alta frequência fornecidas pela transformada wavelet são úteis na detecção dos
transitórios de faltas e utilizadas como ativadores das unidades direcionais propostas.
O método proposto foi testado, no sistema de 230 kV do IEEE, para várias situações
de faltas distintas entre faltas monofásica, bifásica, bifásicas-terra e trifásicas à frente
e reversas com diferentes ângulos de incidência, distância e resistência. Para todas as
avaliações, o método proposto foi comparado com o método clássico, validando os resul-
tados e ilustrando a equivalência em termos de eficiência dos dois métodos, com exceção
da unidade de sequência zero direcional wavelet que necessita de maiores investigações.
Quanto ao tempo de atuação, a metodologia proposta consegue melhores tempos para as
unidades de fase, tendo que as demais unidades possuem atrasos comparado ao método
clássico.
A wavelet mãe mais adequada para o método proposto foi avaliada, mostrando que
o método apresenta bom desempenho para todas as wavelets mãe envolvidas na análise.
Porém quanto mais longa for a wavelet mãe utilizada, mais atrasos são adicionados a
detecção. Portanto, sugere-se a wavelet Haar, seguida pela Daubechies como quatro coe-
ficientes.
O ângulo de incidência da falta influência a proteção proposta e clássica para algu-
mas unidades quando ativadas de forma instantânea, mas o diagnóstico direcional geral,
obtido com a combinação das unidades direcionais adequadas garantem 100% de acerto
para todas os ângulos de incidência de falta. Além disso, sendo a unidade de sobrecor-
rente temporizada que forneça o trip, as unidades direcionais adequadas garantem 100%
de acerto para todas as faltas, com exceção para os casos de faltas trifásicas com afun-
damentos de tensão total, que não é possível ser identificado pelo método proposto ou
clássico.
A distância de falta e resistência de falta não prejudicam o desempenho das unidades
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES 73

direcionais propostas e, em alguns casos, podem aumentar o tempo de atuação das uni-
dades direcionais, mas de forma mais branda quando comparado as unidades direcionais
clássicas. Além disso, o aumento da distância ou da resistência de falta retarda a ativação
das unidades de sobrecorrente.
Estudos de casos no sistema de 30 barras do IEEE com geração distribuída mostram
a viabilidade da proteção proposta à nível de distribuição. Portanto, o método se mostra
equivalente ao modelo clássico, em termos de eficiência, certificando a possibilidade do
uso da transformada wavelet discreta redundante em primeira escala para recriar proteção
de sobrecorrente direcional clássica. No entanto, o método ainda requer maiores avalia-
ções para alcançar a equivalência, de todas as unidades, em termos de tempo de atuação
com o método clássico.

7.2 Trabalhos Futuros


Como continuação dos estudos realizados nesta dissertação, os seguintes trabalhos são
sugeridos:

• avaliar o desempenho do esquema de proteção proposto, de maneira mais robusta,


em um sistema de distribuição com geração distribuída;
• investigar solução para os casos de faltas trifásicas com afundamento de tensão
total;
• identificar a parametrização ótima para as unidades que garantam desempenho e
tempo de atuação ótimos;
• verificar o esforço computacional requerido pela proteção de sobrecorrente direci-
onal proposta com implementação em hardware;
• avaliar a coordenação de relés que contenham as unidades de proteção de sobrecor-
rente direcional propostas;
• estudar a influência do tipo de aterramento do sistema no método proposto.
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