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  • GOLDSTEIN, Ilana. A Invenção Do Mito Da Democracia Racial

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    GOLDSTEIN, Ilana. A Invenção do Mito da Democracia Racial

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    a cical\s ae 4 ESTADO NOVO ie pier eens Fee eee ees ee ore Pesan ee is 2) ANos 30 g R EntreLivis Retratos do Basi GILBERTO FREYRE Ainvengao do mito da democracia racial Considerado um dos trés pilares do pensamento social brasileiro, ao lado de Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr, Gilberto Freyre construlu uma obra original, mas também polémica, em defesa da mesticagem, num estilo que se aproxima do lterério e permeado de cores, chelros e sensacdes POR ILANA SELTZER GOLDSTEIN ilberto Freyre, permite milti- plas leituras. E um dos autores ‘mais conhecidos (¢ atacados) das ciéncias sociais brasleras. Do pon to de vista tedrico, efetuon uma ruptura, passando do paradigma racial para o cul- tural, ou sea, descartando as explicagdes biologizantes que vigoravam até os anos 20, para assumir explicagées contextuais € histérias, aprendidas no contato com intelectuais do porte de Franz Boas ¢ Ruth Benedict, com quem convivex not anos de formagio no exterior. Do ponto de vista metodolégico, também dew um passo adiante 20 intro duzie a pesquisa de earmpo e a descrigio cetmografica em seus estudos. Numa €po- ‘caem que se valorizavam principalmente 1 grandes acontecimentos, 0 socislogo petnambucano inovou a0 utilizar fontes variadas e “banais’, como ditos, brin- quedos, antincios de jomal, receitas, él ‘buns de familia, questionérios e plantas arquitetonicas, para narrar e compreen- der 0 dia-a-dia do Brasil colonial, impe- rial ou republicano. E como se Gilberto Freyre tivesse sido um precursor da his tria da vida privada © autor valorizava os aspectos sen- soriais em sua narrativa: cores, stbores, formas, sensagSes. Casangrande ¢ seal (0933), por exemplo, contém descrigses dos habitos sexuais dos senhores de enge- iho, muitas vezes adeptos do sadomaso- quismo. Detathes picantes estio presen- tes nas paginas de Freyre, como ilustra tum trecho de Sobradesemucambas (1936). “Nos banhos momos ou quentes em que 3 iaids mais languidas deixavam orien talmente que as mos das mucemas ndo 6 as despissem evestisser, descalgassera fe calgassem, despenteassem e penteas- sem, como thes esfegassern 0 corpo, 0 censaboassem, 0 untassem de esséncias de jasmim, © enxagassem com toalhas finase thes lavassem e secassem 0 cabelo solto, € que (.) talver juntassem, menos Jnconscientemente do que os peazeres do cafuné, aproximagées de luxiria lesb’, Como nio seria possivel esgotar ta- manha complexidade em um artigo, coptou-se por oferecer, aqui, informagoes biogréficas relevantes para se compreen- dderem as especificidades do autor, segui- das da anilise de um dos elementos-cha- vvede acesso a sua obra: a interpretagio da questio racial brasileira, ‘MENINO DE ENGENHO Gilberto de Mello Freyre (1900-1987) nascen em Recife, filho do juiz de direito ¢ professor eatedritico Alfredo Freyre e da catélica fervorosa Francisca de Mello Freyre. Na infincia, passou temporadas no engenho da familia, de onde vierarn suas primeiras impressbes do mundo ni ral. Custou a aprender aler ea escreve,a pponto de trem suspeitado de que softia. + de retardamento mental. Assim que foi alfberizado — em inglés -, comegaram. as aulas de francés ¢ latim, Gilberto Freyre estudou em uma escola america ra, na qual se tornou redator-chefe do Jjornalzinho O Labaro, descobrindo uma vocagio jomalistica que perduraria 20 longo da vida Logo apés completar 18 anos, vigjou para os Estados Unidos, onde se graduou TRE EnuteLivras Rewatos d Engento, em tla de Fans Post, século XV a-2-a no Bas colonial serv de base para as pesausas de Fyre Bem ciéncias poitcase socais na Univer- sade de Baylor. JA naquela epoca, era

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