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9/4/2018 Revista Adolescência e Saúde

Relato de Caso
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Grupo educativo com adolescentes diabéticos: um relato de experiência

Educational group with diabetic adolescents: an experience report

Grupo educativo con adolescentes diabéticos: un relato de experiencia

Autores: Marcela Guimarães Caires1; Alisson Araújo2

Descritores: diabetes mellitus, adolescente, educação em saúde.

Keywords: diabetes mellitus, adolescent, health education.

Palabra Clave: Diabetes mellitus, adolescente, educación en salud.

Resumo:
OBJETIVO: Este artigo relata a experiência acadêmica nas três primeiras reuniões do projeto de extensão "Grupo
Educativo de adolescentes que convivem com o diabetes". O projeto tem como objetivo realizar atividades educativas
através da estratégia de grupo psico-educativo com adolescentes diabéticos atendidos na Policlínica Regional Dr.
Lomelino Ramos Couto de Diamantina/MG. DESCRIÇÃO DO CASO: Os adolescentes foram identificados através do
cadastro deste serviço e convidados a participar das atividades. As três primeiras reuniões do grupo ocorreram na
policlínica durante o segundo semestre de 2006, sendo coordenadas por uma acadêmica de enfermagem sob
supervisão docente. COMENTÁRIOS: Nestas reuniões do grupo percebeu-se a importância deste espaço por levar
informações sobre o diabetes e a adolescência, favorecendo a partilha de situações do cotidiano pela semelhança de
vivência dos participantes ficando clara e evidente a necessidade de continuação do projeto. Além disso, oferece ao
acadêmico uma atividade que o aproxima da realidade do dia-a-dia do adolescente diabético, colaborando em sua
formação profissional.

Abstract:
OBJECTIVE: This paper reports on the academic experience of the first three meetings of an extension project:
Educational Group of Adolescents Living with Diabetes. The purpose of this project is to offer educational activities
through the psycho-educational group strategy to diabetic adolescents assisted at the Policlinica Regional Dr. Ramos
Couto regional polyclinic in Diamantina, Minas Gerais State. CASE DESCRIPTION: Once identified through the clinic
records, the adolescents were invited to take part in the activities. The first three group meetings were held at the
clinic during the second half of 2006, coordinated by a nursing student under teacher supervision. COMMENTS: The
importance of these group meetings soon became apparent, providing information on diabetics and adolescence while
fostering exchanges of information and sharing common experiences in daily life, underscoring the need for the
continuation of this project. Furthermore, it offers students insights into the daily lives of diabetic teenagers, resulting
in more effective professional training.

Resumen:
OBJETIVO: Este artículo relata a experiencia académica en las tres primeras reuniones del proyecto de extensión
"Grupo Educativo de adolescentes que conviven con la diabetes". El proyecto tiene como objetivo realizar actividades
educativas a través de la estrategia de grupo psicoeducativo con adolescentes diabéticos atendidos en la Policlínica
Regional Dr. Lomelino Ramos Couto de Diamantina/MG. DESCRIPCIÓN DEL CASO: Los adolescentes fueron
identificados a través del registro de este servicio y invitados a participar de las actividades. Las tres primeras
reuniones del grupo ocurrieron en la policlínica durante el segundo semestre de 2006, siendo coordenadas por una
académica de enfermería bajo supervisión docente. COMENTARIOS: En estas reuniones del grupo se percibió la
importancia de este espacio por llevar informaciones sobre la diabetes y la adolescencia, favoreciendo la repartición de
situaciones del cotidiano por la semejanza de vivencia de los participantes quedando clara y evidente la necesidad de

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continuación del proyecto. Además de eso, ofrece al académico una actividad que lo aproxima de la realidad del día a
día del adolescente diabético, colaborando en su formación profesional.

INTRODUÇÃO

O relato apresentado é produto da experiência dos autores no projeto de extensão intitulado "Grupo Educativo de
Adolescentes que Convivem com o Diabetes". O projeto do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal dos
Vales do Jequitinhonha e Mucuri foi realizado na Policlínica Regional Dr. Lomelino Ramos Couto, em Diamantina/MG, e
contou com a participação discente sob coordenação e orientação docente. A Policlínica é um serviço de saúde
municipal, nível secundário de atenção, responsável pelo atendimento ambulatorial de especialidades como cardiologia,
nefrologia, ortopedia, nutrição, psicologia, dentre outros.

A demanda por este projeto pautou-se na observação ao longo do tempo dos cenários de prática (unidades de saúde
da família, postos de saúde, hospitais, escolas) da disciplina Enfermagem na Saúde da Criança e do Adolescente da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Observou-se certa dificuldade por parte dos
adolescentes diabéticos em vivenciar o processo de adolescer e ter o diabetes, condição clínica que inspira inúmeros
cuidados.

Diante do exposto, implantou-se o referido projeto de extensão, que tem como objetivo realizar grupo educativo com
adolescentes diabéticos, facilitando o aprendizado e valorizando a vivência dos integrantes através da discussão de
temáticas como puberdade, adolescência e diabetes.

O diabetes mellitus é uma condição crônica, que se caracteriza por um distúrbio do metabolismo. Esse distúrbio tem
como principal causa a deficiência insulínica, que se manifesta por uma insuficiente função secretora de insulina pelo
pâncreas e/ou por uma ação deficiente da insulina nos tecidos-alvo1.

No Brasil, existem aproximadamente 5 milhões de diabéticos, dos quais cerca de 300 mil são menores de 15 anos2. É
a segunda doença crônica mais comum na infância e na adolescência e, para a Organização Mundial de Saúde, uma
das mais importantes doenças crônicas nestas fases em esfera mundial3, 4.

O tratamento desta doença se dá pelo uso constante de medicamentos (insulina ou hipoglicemiantes orais), dietas
apropriadas e prática de exercícios físicos. Além disso, requer um monitoramento frequente dos níveis glicêmicos.
Estas condições somadas ao fato da cronicidade da doença fazem com que o diabetes seja de difícil aceitação para
crianças, adolescentes e familiares, exigindo extrema adaptação nos âmbitos psicológico, social e físico, tanto por parte
do portador como da família2.

No entanto, sabe-se que o controle adequado da doença pode evitar as interferências no curso dos desenvolvimentos
físico e, até mesmo, psicoemocional. Assim, deve-se manter o jovem atento à importância da adesão ao tratamento3.
Para essa adesão fazem-se necessárias, principalmente, a conscientização sobre a doença e a aceitação da nova
condição.

Neste sentido, a relevância deste relato, que tem por objetivo descrever a experiência dos autores no referido projeto
de extensão, é então justificada:

Pelo impacto do diabetes na vida de um sujeito que vivencia uma fase da vida que por si só já o torna
mais vulnerável;
Pela criação de um espaço coletivo de orientação e educação em saúde para o adolescente diabético, o
que pode facilitar a aprendizagem por identificação entre os pares (tendência grupal) e pela estratégia
grupal;
Pelos avanços das pesquisas científicas e tecnológicas em psicologia social, evidenciando o espaço
singular que os grupos ocupam no contexto sócio-histórico da sociedade moderna5.

MÉTODOS

Levando-se em conta a tendência grupal na adolescência, onde há um senso de identificação entre os pares,
vislumbrou-se o grupo como possível estratégia educativa. Dentre as várias modalidades educativas grupais, elegeu-se
a do grupo psicoeducativo. O grupo psicoeducativo consiste numa técnica de trabalho com grupos de pessoas, cujo
objetivo é conhecer as crenças, ideias e sentimentos de seus participantes, visando a sua reflexão, adaptação e/ou
mudança, e estimulando novas aprendizagens, para o enfrentamento de uma dada problemática6. No cotidiano desses
adolescentes, a problemática configura-se no ser adolescente convivendo com o diabetes, ou seja, o foco de trabalho.

O projeto de extensão teve como participantes-alvo adolescentes diabéticos de 11 a 19 anos, de ambos os sexos,
sendo estes identificados pelo seu cadastramento na Secretaria Municipal de Saúde de Diamantina, Minas Gerais. Este
levantamento permitiu identificar os adolescentes que seriam os participantes, sendo estabelecido um número máximo
de adolescentes a serem convocados, objetivando o bom funcionamento do grupo educativo. Assim, selecionaram-se
quinze adolescentes por serem residentes na zona urbana do município, facilitando o acesso ao local onde seriam
realizadas as reuniões do grupo. Dos quinze adolescentes convidados, todos aceitaram participar das reuniões. Devido
à incompatibilidade de horários do grupo e compromissos assumidos anteriormente pelos adolescentes, obteve-se a

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participação de sete adolescentes: quatro do sexo feminino e três do sexo masculino. O tempo de diagnóstico destes
sete variou de 4 a 10 anos e os mesmos só receberam orientação prévia sobre a doença de forma individualizada em
consultas com profissionais de saúde.

O convite aos adolescentes para a participação no trabalho se deu por uma carta-convite enviada para a residência de
cada adolescente. O conteúdo da carta explicava em que se constituía o trabalho, o tema a ser discutido na
determinada reunião, local e horário, além de uma autorização de participação para ser preenchida pelo responsável
do adolescente.

As reuniões ocorreram na Policlínica Regional nos meses de setembro, outubro e novembro de 2006. As reuniões
tinham duração de, no máximo, uma hora, acontecendo mensalmente, totalizando assim três encontros. Em cada
reunião, coordenada por uma acadêmica de enfermagem com supervisão docente, trabalhou-se uma temática
específica relacionada à adolescência e ao diabetes. Para isso, ora utilizou-se de métodos expositivos, ora de debates e
discussões. Após cada reunião, registravam-se por escrito as observações do campo grupal, o que muito contribui para
a confecção deste relato.

AS REUNIÕES

Como mencionado anteriormente, são relatadas as três primeiras reuniões que abordaram os respectivos temas:
"Conversando sobre Adolescer e o Diabetes", "Diabetes. E agora?" e "Convivendo com a Doença". Cabe ressaltar que,
para a escolha de tais temas, levou-se em consideração o objetivo de conhecer inicialmente os adolescentes e também
conhecer sua aceitação frente ao diabetes. É válido também colocar que foi priorizado o processo de adolescer em
relação à doença, buscando, assim, não rotular o adolescente como "diabético", visto que ter uma doença crônica não
o faz deixar de ser, primeiramente, adolescente.

Conversando sobre Adolescer e o Diabetes

A primeira reunião do grupo enfocou o processo de adolescer e o diabetes inserido neste processo. Também se
objetivou apresentar o trabalho que se iniciava e entrosar os participantes e coordenadores. Neste primeiro momento
também participaram alguns responsáveis pelos adolescentes.

Após a apresentação em linhas gerais do que tratava a atividade, os participantes foram questionados sobre o
cotidiano do adolescente diabético e as dificuldades que enfrentam. Os pontos mais destacados pelos jovens foram a
aplicação de insulina, a rigidez de horários tanto para se alimentarem quanto para aplicarem insulina e as crises de
hipoglicemia. Solicitou-se aos participantes que conceituassem verbalmente o que representava para eles a
adolescência. Questões como rebeldia e posições contrárias a regras e limites foram colocadas pelos responsáveis,
enquanto os adolescentes mencionaram excesso de proibições e as mudanças corporais como aspectos mais
vivenciados no momento.

Discutiu-se também sobre a prática de exercícios físicos, cobrança dos pais em relação ao uso de medicamentos e a
facilidade de expor a condição de ter o diabetes às pessoas com as quais convivem.

No que tange à prática de exercícios, os adolescentes se mostraram pouco ativos em relação a tal prática. Quanto à
tomada de medicamentos, apenas um dos adolescentes ainda depende dos pais para a aplicação de insulina, enquanto
os demais já se mostram independentes e responsáveis quanto aos horários de aplicação, não necessitando de um
acompanhamento mais rígido pelos pais. Ao serem indagados sobre a facilidade de expor o fato de terem a doença, os
adolescentes afirmaram sentir-se constrangidos em expor a patologia, sendo que alguns relataram já terem se
recusado a aplicar insulina e verificar a glicemia na escola, mesmo que em local reservado, pois para eles isto
despertaria o interesse e a curiosidade dos colegas. Este constrangimento não se limita aos adolescentes, pois os pais
também se constrangem frente à doença dos filhos. Tal constrangimento foi atribuído ao preconceito, para eles
existente, sendo este proveniente do desconhecimento sobre a doença.

Diabetes. E agora?

No segundo encontro, teve-se como proposta a discussão sobre o conceito de diabetes, sinais e sintomas, causas e
complicações da doença. Primeiramente argumentou-se aos adolescentes sobre o conceito de diabetes. A resposta
obtida foi "muito açúcar no sangue". Neste caso percebeu-se certa dificuldade dos participantes para definir a doença.
Porém, quando questionados sobre tratamento medicamentoso, demonstraram um amplo conhecimento sobre a
diversidade de medicamentos. Assim, ficou evidenciado que os adolescentes sabem a respeito dos medicamentos, mas
desconhecem a fisiopatologia da doença, o que faz com que apresentem dúvidas sobre o que acontece em seu
organismo. Visando sanar esta dúvida, explicou-se aos adolescentes a fisiopatologia da doença, além dos sinais e
sintomas. A polidipsia, a poliúria e a perda de peso foram os sinais/sintomas mais comumente vivenciados pelos
participantes.

Em relação às dúvidas, incertezas e medos frente à doença, mostraram-se ansiosos para as possibilidades de cura e a
eficácia do transplante de pâncreas.

Quanto à necessidade de adaptação frente à descoberta da doença, os participantes relataram casos de adaptação
pessoal e familiar, revelando que esta foi mais difícil de acontecer, justificada pelo excesso de zelo com o adolescente.

Convivendo com a doença

Na terceira reunião, foi abordada a temática do tratamento do diabetes. Os adolescentes expuseram que o ponto de
mais fácil adesão foi o uso de medicamentos (aplicação de insulina).
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Foi observado que existe uma boa aceitação quanto à mudança de hábito que a patologia exige; no entanto, a difícil
aceitação dos pais foi algo bastante relatado pelos participantes. Observou-se também que esta aceitação existe no
grupo de amigos, embora estes tenham receio de presenciar uma crise de hiper ou hipoglicemia e não saber como agir.

Neste momento ainda realizou-se uma dinâmica, em que se buscou a valorização pessoal, mostrando aos participantes
que ser portador do diabetes não os faz menos importantes, seja para a família, para os amigos ou para si mesmos.

DISCUSSÃO

As reuniões iniciais do grupo nos proporcionaram levantar uma série de observações no que se refere à convivência e
aceitação do adolescente portador de uma doença crônica.

O adolescente, na natureza própria de sua fase, possui uma atitude social reivindicatória, um caráter confrontador.
Estas características em presença de uma patologia crônica podem tornar o adolescente diabético um paciente de difícil
tratamento, haja vista as limitações que a doença impõe. Levar uma vida regrada é algo que se opõe à luta pela
independência do adolescente, o que pode fazer com que os pais deste o percebam como excessivamente rebelde.
Esta visão, no contexto do diabetes, pode levar a dois opostos: a superproteção ou a transferência de inteira
responsabilidade para o adolescente. Pais de filhos diabéticos podem sentir-se afetados com o fato de não terem filhos
sadios, o que por um lado pode gerar uma superproteção, impedindo a independência do filho, e, por outro lado, pode
surgir uma negligência silenciosa ou explícita7.

Pais superprotetores e pais que levam crianças e adolescentes a assumirem toda a responsabilidade pelo autocuidado
acabam por dificultar a manutenção dos níveis glicêmicos compatíveis com o controle metabólico. A relação entre
autocuidado e controle metabólico em crianças e adolescentes diabéticos exige certo envolvimento dos pais no
cuidado. Este envolvimento deve ser o bastante para ajudar o filho a manter o bom nível glicêmico e o bastante para
responsabilizá-lo para o seu próprio cuidado, tão importante em virtude de viagens com amigos ou em atividades na
escola e em outras situações em que os pais não estejam presentes4.

Além desses cuidados, ora excessivos, ora insuficientes, o adolescente tem que enfrentar o próprio tratamento, que se
baseia na tríade insulina-dieta-exercício físico. A aplicação de insulina, na descoberta da doença, é algo de difícil
aceitação. O paciente precisa enfrentar a cada dia o medo da agulha ou de aplicar de forma errada. Com o passar dos
anos, o adolescente se adapta a esta situação, o que foi perceptível no grupo educativo realizado2.

Assim como a aplicação de insulina, a dieta no início do tratamento não é bem aceita. Dentre as dificuldades dietéticas
destacam-se: o não poder comer doce, algo que antes adorava, bem como os anseios, medos e as percepções que
permeiam essa experiência, como, por exemplo, o sentimento de culpa por não ter conseguido controlar o desejo de
comer. Porém, a convivência com as restrições alimentares faz com que, em alguns anos, a dieta seja bem aceita e
não vista como dificuldade na convivência com o diabetes2. As taxas de não aderência à dieta em crianças em idade
escolar que chegam de 40% a 80%4 são confrontadas pelos relatos dos adolescentes participantes deste grupo, que
afirmam aderência e aceitação à dieta. É válido também dizer que estes adolescentes são diagnosticados diabéticos há
alguns anos. Isto acaba por confirmar o fato de que conviver com o diabetes desde criança permite uma adaptação
que nem sempre é encontrada em crianças ou adolescentes recém-diagnosticados3.

Entretanto, no que se refere à prática de exercícios físicos, os adolescentes não demons-tram boa adaptação e não os
executam com frequência. Esta questão mostra um aspecto negativo no tratamento, já que o exercício físico é um dos
pilares para o tratamento do diabetes, sendo referenciado pela literatura como uma forma de melhorar o grau de
controle glicêmico e a autoestima das pessoas diabéticas4. Levando-se em consideração tal fato, a prática de exercício
deve ser bastante estimulada e enfatizada, lembrando que esta prática deverá ser racional e não capaz de prejudicar a
saúde do diabético, causando-lhe crises de hipoglicemia. Deve-se encorajar o paciente à adesão de atividade física tão
logo quanto possível, pois só assim haverá uma possibilidade concreta da criança e do adolescente virem a assumir o
autocuidado no futuro em relação ao diabetes, mantendo os níveis glicêmicos compatíveis com o controle metabólico4.

Com tudo isto, é possível observar que, por mais difícil que seja, os adolescentes podem se adaptar a esta nova
situação. A existência do diabetes é algo assustador e causador de tristeza, justificado pelo fato de que uma doença
crônica causa grande impacto na vida de uma pessoa. No entanto, a convivência com a doença possibilita aos
adolescentes o aprendizado de como lidar com os tratamentos exigidos e com as dificuldades provenientes da
doença3. Muitas vezes a não aceitação se dá por parte da família, que acaba repassando isto aos filhos. Sentimentos
de culpa e impotência fazem com que os pais tenham dificuldade em assimilar esta nova condição. Frente à doença, há
familiares que ficam dominados pela dor, pelo desespero e pela situação vivida como traumática. Outros buscam a
reestruturação, mobilizando defesas positivas para se adaptar e aceitar a doença7. Esta aceitação pode levar até
mesmo a problemas conjugais e outras dificuldades familiares, o que compromete o controle do diabetes no paciente8.
Assim, a pessoa com o diabetes deve ser tratada no grupo familiar, com um membro apoiando outro, pois através do
apoio emocional os familiares tornam-se significativos no monitoramento do diabetes e na implementação das
intervenções9, 10.

Considerando todos estes aspectos, é fundamental mencionar a importância da educação em diabetes para o
adolescente, para a família e até mesmo para a sociedade, que ainda demonstra certo preconceito, sendo este
resultado da falta de informação. O entendimento de todo o processo da doença, pelo indivíduo, favorece o
desenvolvimento de atitudes pessoais que se associam ao conceito do estilo de vida7. Entretanto, a educação em
diabetes continua sendo uma tarefa difícil, pois esta educação deve ser vista sob vários aspectos4.

Uma maneira de ajudar o paciente diabético é através de sua integração num grupo de iguais, compartilhando
sentimentos, dúvidas e, assim, aprendendo a conviver melhor com a doença. Além disso, possibilita intervenções
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psicoeducacionais com os pacientes e suas famílias resolvendo problemas e aumentando o apoio dos pais11.

Com todo este amparo e por meio das observações feitas durante a experiência com o grupo psicoeducativo, percebe-
se que a convivência com o diabetes pode afetar prejudicialmente a vida do adolescente. A partir do momento em que
o jovem sente-se seguro em sua condição, passa a lidar com sua doença de maneira saudável. Por não implicar na
incapacitação do paciente, o diabetes não impede que o adolescente continue uma vida normal3.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da experiência de elaboração, participação e observação das reuniões iniciais do "Grupo Educativo com
Adolescentes que Convivem com o Diabetes", fica a conclusão de que é possível que os adolescentes convivam bem
com a patologia, desde que existam ações que promovam esta boa convivência.

Assim, é importante dizer que as reuniões do grupo educativo colaboraram para levar ao conhecimento dos
adolescentes diabéticos a fisiopatologia, causas, sinais e sintomas, tratamento, complicações do diabetes mellitus,
assuntos que nem sempre eram dominados pelos pacientes, mesmo estes tendo a doença há muitos anos. Isto
evidenciou que não é constante nos tratamentos se preocupar com o conhecimento do paciente acerca de sua própria
doença. O grupo, então, pôde sanar algumas dúvidas, facilitando a compreensão sobre o que acontece em seus
organismos.

A estratégia educativa grupal mostrou-se adequada, pois mesmo sem se conhecerem uns aos outros, os adolescentes
expuseram seus problemas e dificuldades sem temer ressalvas ou posições contrárias, porque quase sempre
encontravam em outros adolescentes um certo "apoio", pois tinham vivido situações semelhantes. Fica também clara e
evidente a necessidade de continuação do projeto haja vista que as primeiras reuniões elucidaram a complexa
convivência do adolescente com o diabetes, mostrando, assim, as inúmeras demandas desses pacientes.

Deste modo, fica a experiência de que visar a aceitação e convivência de um paciente frente a sua doença é
imprescindível para a eficácia de um tratamento, principalmente estando este paciente em uma fase mais delicada de
sua vida como a adolescência. Tal experiência mostra também que atividades de extensão são muito importantes para
a formação do profissional, pois colocar o acadêmico em contato direto com as situações lhe permite identificar
problemas e soluções, o que contribui de maneira significativa na formação acadêmica, além de colaborar para o bem-
estar da população a ser cuidada.

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