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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas:
Decide a Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, à
unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento, nos termos voto do Relator,
constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.
Rio de Janeiro, 19 de abril de 2016.
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Agravo de Instrumento - Turma Espec. I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial
Nº CNJ : 0013623-17.2015.4.02.0000 (2015.00.00.013623-8)
RELATOR : Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO
AGRAVANTE : INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL
AGRAVADO : JULIANA PIRES DA SILVA PEREIRA
ADVOGADO : DENISE FERNANDES ROCHA E OUTRO
ORIGEM : 31ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01431712120154025101)
RELATÓRIO
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo INSS, com pedido de efeito suspensivo,
contra decisão (e-fls. 75/78) que concedeu a antecipação dos efeitos da tutela e determinou ao
INSS que, no prazo de dez dias, implante o benefício de salário-maternidade em favor de
Juliana Pires da Silva Ferreira, por cento e vinte dias a contar da implantação, cabendo ao
empregador conceder a licença-maternidade pelo mesmo prazo.
Em suas razões, e-fls. 01/10, afirma o agravante que não pode se conformar com a decisão
recorrida, na medida em que a tutela satisfativa concedida gerará um prejuízo irreversível para
os cofres do INSS. Questiona o seguinte: "em que difere um casal de duas mulheres, sendo
que uma gestou uma criança, e um casal formado por um homem e uma mulher, sendo que
essa gestou uma criança?". Sustenta que "as regras do Salário-Maternidade, concedido a uma
gestante em um casal homossexual devem ser iguais as aplicáveis a uma gestante em um casal
heterossexual, sob pena de se gerar um privilégio odioso para o primeiro, o que contrariaria o
art. 3º, IV, CF." Assevera que "essa visão equivocada do Juízo a quo gerou um privilégio
odioso em favor de casais homo afetivos, em detrimento de casais hetero afetivos, pois naquele
caso, ambos tem 120 dias direito ao benefício de Salário-Maternidade, enquanto que nesse
apenas um tem o direito e fruí-lo" (sic). Requer seja conferido efeito suspensivo ao recurso,
para suspender o pagamento do benefício de salário-maternidade. Requer, ao final, a reforma
da respeitável decisão recorrida, para cancelar o benefício de salário-maternidade.
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Agravo de Instrumento - Turma Espec. I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial
Nº CNJ : 0013623-17.2015.4.02.0000 (2015.00.00.013623-8)
RELATOR : Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO
AGRAVANTE : INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL
AGRAVADO : JULIANA PIRES DA SILVA PEREIRA
ADVOGADO : DENISE FERNANDES ROCHA E OUTRO
ORIGEM : 31ª Vara Federal do Rio de Janeiro (01431712120154025101)
VOTO
Na petição inicial, a autora consigna que somente ela pretende receber o salário-maternidade.
Confira-se:
1
"Embora ambas as mães sejam seguradas do INSS, as duas, de comum
acordo, decidiram que a mãe JULIANA PIRES (ora autora), gozaria da licença
maternidade, com intuito de não onerar excessivamente o INSS.
Apenas a título de comprovação, a esposa da autora, DANIELE PEDRINE
ANTUNES DE ALMEIDA, inscrita no CPF sob o n° 051.646.397-77, NIT
1.258.936.158-2, não solicitou o benefício de licença maternidade."
(e-fl. 3)
"De igual forma, não há como impedir a autora de gozar do seu direito à
licença maternidade, sobretudo quando o pedido é feito por apenas uma das
mães, mesmo sendo as duas seguradas pelo INSS." (e-fl. 27)
Como bem posto no parecer ministerial, não restaram demonstrados elementos que traduzam
a criação de privilégio ao percebimento de salário maternidade por um dos cônjuges de casal
homossexual. É de se notar que o requerimento é de apenas um benefício, tendo sido
escolhido voluntariamente pelas mães qual delas seria beneficiária direta.
Tendo a dupla maternidade sido reconhecida judicialmente (e-fl. 51) não se podem negar as
consequências naturais deste estado. Sendo ambas as mães seguradas do INSS, qualquer
delas tem direito a gozar da licença maternidade, desde que não onere a previdência para além
do que seria devido caso se tratasse de uma família constituída de pai e mãe. Não havendo
dupla percepção, não há privilégio. Há, apenas, exercício da esfera privada de liberdade do
casal de mães.
É importante notar que o referido benefício não está ligado ao evento biológico ou à parturiente,
mas sim ao melhor benefício à criança, conforme assegurado pela Constituição da República.
Não restando demonstrada a ilegalidade ou ausência de fundamentação da decisão atacada,
esta deve ser mantida por seus próprios fundamentos.
Pelo exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.
É como voto.