Вы находитесь на странице: 1из 2

O AMOR DE UM ESCRITOR: A MUDANÇA DO MERCADO.

Resumo do texto: o mercado editorial teme a Amazon até o último fio de cabelo.

Por anos a fio os escritores foram desvalorizados e tiveram uma recompensa desproporcional ao
esforço exercido para que transformassem seus sonhos em realidade. Além de passarem anos e se
lapidando para, no final, receberem somente 10% por cópia vendida, ainda foram alvos da
exigência de se tornarem não só escritores, mas multiprofissionais conhecedores de marketing,
propaganda, divulgação, dentre outros ofícios embutidos a fim de que conseguissem uma mísera
fatia do mar de e-books, livrarias e editoras, que pouco os acolheram, independente de qualquer
possível qualidade literária. Conforme isto se propagou, cada vez mais o efeito do autor-clone
(cópias iguais e com as mesmas estratégias) ganhou força, forçando-os a ultrapassar todos os limites
em nome de um sonho em que a probabilidade de sucesso é tímida e improvável. Não bastasse isso,
desde os primórdios, movidos pela essência da não fé do ser humano, os editores renegaram a
existência de centenas de escritores em prol do mercado, por mais que uma minoria, como J.K.
Rowling e R.R. Martin, provasse a eles de que suas capacidades analíticas da literatura comercial
não estavam tão corretas aquando perderam microscópicas pepitas de ouro que passaram
despercebidas pela peneira. Diante deste buraco negro que suga até mesmo a ínfima centelha de
esperança por um espaço, os e-books, as gráficas e empresas como a Amazon abriram as portas
àqueles que iniciavam o desafio de ser escritor, criando a independência destes e remodelando as
necessidades do meio editorial, que, percebendo que perderia espaço, foi obrigado a abrir mão de
algumas oportunidades para os civis de seu próprio país até então desprezados, que ficavam à
sombra das obras internacionais, aguardando no pós-morte alguém que vasculhasse suas gavetas
por engano e dissesse: “Nossa, ele escrevia bem”.

Quando toda esta transformação se estabeleceu, eles perderam o poder de decisão e continuam
perdendo. Sabendo que a Amazon representa um perigo em potencial, não conseguem mais ignorar
o fato de que há pessoas escrevendo, estudando e dando tudo de si para que coloquem as ideias
dentro de uma narrativa. O buraco negro do esquecimento retrocedeu e vomitou todos os escritores
e escritoras de volta ao vasto universo editorial, culminando em um caos e guerra declarada, mesmo
sob a pacificidade e coleguismo dissimulado de editoras contra editoras, escritores vs. escritores,
profissionais do meio contra eles mesmos, à procura de um equilíbrio criado após a desestabilização
do poder centralizado daqueles que possuíam a decisão.

Em meio à revolução, ser escritor e inserir um livro no meio virtual, contratar capista, diagramador,
revisor e gráfica, e produzir o próprio livro, tornou-se fácil, em oposição ao fato de que esta
facilidade também deu à luz um exército de escritores das mais variadas qualidades e gêneros que
devem provar a si e às centenas de leitores de que possui algum valor, e que merece ser lido. Por
estes motivos, minha previsão é de que a guerra continuará e que somente poucos conseguirão
algum espaço, haja vista de que a vida é assim, peneirando o ser humano muito antes de qualquer
editor que possa ler livros independentes e dizer que não passam de lixos virtuais, mecanizados e
frutos de uma ressignificação do que há na literatura estrangeira.

Nosso país carece de leitores. Os independentes são valorizados somente até a segunda instância
quando veem pessoas se recusando a pagar R$ 1,99 por trabalhos que, às vezes, levaram horas para
serem concebidos. Somos loucos por continuarmos a escrever, sabendo que a recompensa é tão
pouca e que o desgaste é arrebatador. O amor, porém, ignora tudo o que foi escrito daqui para cima,
porque uma vez cego, ignora tudo ao redor e continua impelindo o escritor a continuar escrevendo,
tão perdido em seus pensamentos, ainda mais em suas esperanças, intensamente em seus desejos,
dominado por suas emoções. Sinceramente, eu não sei por que continuo. Talvez seja este amor, ou a
voz que grita em meu ouvido, ordenando para que eu não pare.
http://www.publishnews.com.br/materias/2018/01/24/previsoes-da-industria-editorial-para-2018-os-
autores-independentes-estao-perdendo-sua-independencia

Вам также может понравиться