Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar os efeitos da adição de cal, cimento e fresado em um solo para uso
em camada de base, sub-base e reforço de subleito, em proporções pré-determinadas por meio do delineamento
de um experimento com misturas, baseado na teoria estatística de experimentos com misturas (Cornell, 2002), de
natureza empírica. Tal método fornece estimativas seguras – neste caso para a resistência - mesmo para corpos
de prova não moldados, trazendo ganho em tempo e material. Foram realizados os ensaios de compactação
Proctor para obtenção das umidades ótimas do material. Testes de compressão simples e compressão diametral
foram realizados para avaliar se as resistências mínimas são conseguidas já em 7 dias para a liberação do tráfego.
Embora o material fresado sem a extração do betume seja de difícil manipulação por não seguir um padrão em
sua granulometria, foi realizado o peneiramento do fresado e da mistura de solo com fresado a fim de se ter uma
ideia da quantidade de material graúdo de cada peneira e estabilizá-lo futuramente caso necessário.
ABSTRACT
This article aims to analyze the effects of the addition of lime, cement and RAP (Reclaimed Asphalt Pavement)
in a soil for use in a base layer, sub base and subgrade strengthening in ratios pre-determined by an experiment
with mixtures proportions, based on an statistical theory of experiments with mixtures, of empirical nature
(Cornell, 2002). This method provides reliable estimates - in this case for resistance - even for unmolded
specimens, saving time and material. Proctor compaction tests were performed in order to obtain the optimum
moisture of the mixtures. Simple compression tests and diametral compression tests were carried out to assess
whether the minimum resistance could be achieved in seven days for traffic release. Although the RAP material
without bitumen extraction is difficult to handle because it doesn't follow a pattern in its particle size, the sieving
of the mixture of ground and milled material and the sieving of milled material was conducted in order to
determine the amount of granular material in each sieve and to stabilize it eventually if necessary.
1. INTRODUÇÃO
O principal meio de transporte do país para mercadorias e pessoas, é o rodoviário que conta
com 212.000 km de rodovias pavimentadas, segundo o Boletim Estatístico de junho de 2016
da CNT (Confederação Nacional de Transportes), e uma estrada de qualidade traz benefícios
não só de conforto, como de manutenção dos veículos. Porém, sabe-se dos altos custos de se
construir uma rodovia de qualidade. Para tanto, técnicas alternativas de construção que
reduzem os custos sem perder a qualidade estão cada vez mais sendo procuradas.
Ainda dentro do campo econômico, é possível incluir soluções sustentáveis, como utilização
de resíduos sólidos da construção civil, em que a resolução do CONAMA (Conselho Nacional
do Meio Ambiente) nº 307 de 2002 classifica, dentre tais resíduos, os pavimentos asfálticos,
ou material fresado. A granulometria de tal material pode ser uma alternativa à inviabilidade
econômica quando a escassez de material pétreo resulta em grandes distâncias de transporte,
além da redução dos impactos ambientais que esses resíduos causariam como bota-fora.
De posse do solo disponível para a obra, com a escolha da quantidade de cal e cimento por
métodos físico-químicos e da quantidade ideal de material fresado, é possível realizar ensaios
para se determinar qual mistura seria a mais indicada para as necessidades de um determinado
projeto, com base nos resultados de resistência à compressão simples não-confinada e de
tração por compressão diametral.
Porém, a observação apenas dos ensaios laboratoriais, limita os resultados e suas conclusões.
Segundo Faxina (2008), as duas ferramentas mais empregadas na modelagem de fenômenos
relativos ao comportamento de materiais de pavimentação são a regressão estatística e as
redes neurais artificiais. Uma forma de se analisar ensaios não realizados seria por meio da
regressão estatística, a fim de se ajustar modelos aos dados, pois descrevem matematicamente
um fenômeno e estimam novas medidas sem a necessidade de novos ensaios.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Pavimento
O pavimento é formado basicamente por quatro camadas: revestimento, base, sub-base e
reforço do subleito, além do subleito que faz o papel de fundação.
Além disso, a fadiga e a deformação permanente são os principais problemas enfrentados pelo
pavimento. Portanto, deve-se fazer um dimensionamento adequado e, para tanto, conhecer
bem as propriedades dos materiais que a compõem, sua resistência à ruptura, permeabilidade
e deformabilidade, frente à repetição de carga e ao efeito do clima (LIEDI et al., 2008).
Levando em conta esses fatores, um solo com grandes quantidades de finos pode reduzir a
permeabilidade e a rigidez das camadas estruturais, aumentando as deformações e a expansão
volumétrica em presença de água diminuindo a resistência mecânica do pavimento.
2.4. Dosagem
Klinsky et al. (2014) relata que, segundo Little (1999), para considerar os benefícios da
contribuição estrutural das camadas de solo cal, o ponto de partida é garantir que o material
seja suficientemente modificado para alterar as propriedades de resistência, de rigidez, de
deformação permanente e de durabilidade.
O teor ideal de cimento pode ser obtido de forma experimental de acordo com a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 12253 (Solo-cimento – Dosagem para
emprego como camada de pavimento) tendo-se a classificação HRB (Highway Research
Board) do solo. O teor mínimo de cimento recomendado pela norma é de 5% em massa,
abrindo-se o precedente para uso até de 3,5%, em massa, para solos do tipo A1-a, A1-b ou A-
2-4, contanto que seja atingida a resistência de 2,1 MPa e que a mistura seja processada em
usina (MACEDO, 2004).
Já para a cal, há diversos ensaios de dosagem, segundo Lovato (2004), tais como Método do
Lime Fixation Point (Hilt e Davidson, 1960), Método de Thompson (1966) Método do pH
(Eades e Grim, 1966) e Método ICL, proposto por Rogers et al. (1997).
3. METODOLOGIA
Os materiais foram ensaiados de acordo com as ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) para cada ensaio, juntamente com normas do DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes) e DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) no
LATRAN (Laboratório de de Transportes) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul) no campus de Campo Grande - MS. Às misturas de 25% de fresado com 75% de solo,
50% de fresado com 50% de solo e 75% de fresado com 25% de solo foram incorporadas
porcentagens de cal e cimento em diversos teores.
3.1. Dosagem
De posse de diversas literaturas, foi concluído que porcentagens ideais de cal e cimento
variam de 0% a 6%, dependendo de alguns fatores. Segundo Enamorado (1990), os fatores
mais importantes que afetam a resistência no solo-cimento são o tipo de solo, teor de cimento,
densidade seca máxima e teor ótimo de umidade, tempo e temperatura de cura e demora na
compactação.
Com valores mínimos e máximos de solo, cimento e cal, foi utilizado o delineamento
experimental, que consiste na teoria de experimentos com misturas (Cornell, 2002) e estará
descrito no item 3.2.7.
3.2. Materiais
3.2.1. Solo
O solo utilizado para a mistura foi retirado da jazida da BR-163 próximo da cidade de São
Gabriel do Oeste nas coordenadas 19˚34'32.6"S 54˚25'59.8"W representada na Figura 1 da
vista aérea, próximo de onde foi coletado o material fresado e armazenado em barris
tampados para posterior uso. Como o índice de plasticidade resultou em 0,83%, trata-se de um
solo não plástico, conforme a Tabela 1. Sua granulométrica está na Figura 1:
3.2.3. Cal
A adição de cal hidratada altera as características de compactação dos solos, principalmente
pela mudança de distribuição granulométrica dos materiais (KLINSKY, 2014). Quanto ao tipo
de cal, Lovato (2004) observou que a cal cálcica tem melhores resistências à compressão que
a dolomítica e diz que o comportamento está de acordo com o observado por Ormsby e Kinter
(1973), que constataram que em solos ricos em caulinita a mistura com cal cálcica apresenta
maiores valores de resistência. A cal dolomítica, que é uma mistura de óxido de cálcio e óxido
de magnésio (CaO + MgO), é obtida a partir da calcinação do calcário dolomítico.
Para este estudo, foi utilizada a cal hidratada dolomítica Itaú CH- III, produzida pela empresa
Votorantim Cimentos, para se estudar o comportamento desse tipo de cal, à princípio, com
menores resistências e, futuramente, utilizar a cal cálcica com base nesses resultados.
3.2.4. Cimento
Segundo Macedo (2004), a diferença entre solo-cimento e solo melhorado com cimento está
relacionada ao percentual de cimento, em massa, existente na mistura, no qual o primeiro tem
porcentagens acima de 5%, e o segundo varia de 2% a 4% o teor. Foi escolhido o cimento Itaú
CP II-E-32 produzido pela empresa Votorantim Cimentos
3.2.5. Água
Foi utilizada água destilada do LATRAN (Laboratório de Transportes) para os experimentos.
3.2.6. Solo+fresado
As combinações de misturas podem ser observadas na Tabela 3, e foram combinadas
dosagens de 0%, 3% e 6% de cal e cimento em relação a massa total, nos três tipos de
proporção de solo mais fresado. Foram consideradas também três umidades ótimas, uma para
cada mistura 25F/75S, 50F/50S e 75F/25S de solo mais fresado. A granulometria da mistura
encontra-se na Figura 2.
A granulometria que mais se encaixou na faixa ‘C’ do DNIT foi a mistura 75F/25S.
Nota-se na Figura 3 que o modelo cúbico completo possui dez termos, significando que seria
necessário ao menos a realização de dez ensaios diferentes a fim de se determinar os valores
de todos os seus coeficientes. Introduzindo um único termo cúbico, toda região experimental
pode ser descrita de forma satisfatória. Este modelo, chamado de cúbico especial, possui um
termo a mais que o modelo quadrático (mais simples), sendo necessário, portanto, apenas um
ensaio adicional.
O modelo cúbico especial foi o utilizado, com 9 misturas, suficiente para esse modelo, com
prova e contraprova, totalizando 18.
Figura 4: Expressão do modelo cúbico especial para uma mistura de três componentes
Percebe-se, observando a Figura 5, que há um ponto central no Simplex. Tal ponto se deve ao
ajuste do modelo cúbico completo para o cúbico especial, e representa a mistura ternária em
partes iguais. Este planejamento experimental pode ser chamado também de centroide
simplex.
4. RESULTADOS
Embora tenha sido gerado os gráficos de todas as misturas, será discutido apenas as misturas
75F/25S, cujos resultados foram satisfatórios para o estudo em questão.
Para 7 dias de cura na Figura 7 (a), o gráfico de superfície de resposta indica que o cimento,
somente em seu teor máximo, traz resistência satisfatória, tendo a cal apenas contribuído
como um acréscimo nessa resistência. Já nos 28 dias o gráfico apresenta baixas resistências no
meio, conforme a Figura 7 (b), indicando que os componentes não trabalharam de forma tão
coesa quanto nas outras misturas. O cimento atinge boas resistências a partir de 3%, mas não
quando se adicionam teores iguais de cal e cimento.
Figura 7: Rcs 75F/25S 7 (a) e 28 (b) dias.
O gráfico de superfície de resposta aos 7 dias indicado na Figura 9 (a) mostra que a cal por si
só provoca irrisórias resistências, abaixo de 300 kPa, mas já demonstra aumento ao se
adicionar cimento à mistura, sendo que a partir de 3% de cimento com 6% de cal atinge a
resistência de 600 kPa. Na Figura 9 (b), nos 28 dias, o gráfico de superfície de resposta indica
que 600 kPa se dão para valores entre 4,5% e 6% de cimento, independentemente da
quantidade de cal adicionada.
Figura 9: Rtcd 75F/25S 7 (a) e 28 (b) dias.
Sugere-se, portanto, dar mais ênfase aos estudos da cal, principalmente com a calcítica, que
apresenta melhores resultados de resistência com base em outros estudos como por exemplo
obter os efeitos na expansibilidade e trabalhabilidade a fim de se averiguar se traria vantagens
construtivas e substituir alguma proporção do cimento, inclusive para pavimentos de baixo
tráfego, principalmente pelo fato de altos teores de cimento ocasionarem trincas por retração.
Com as estimativas obtidas pelo delineamento experimental, pode-se utilizar qualquer
proporção dentro da região experimental estudada e aplicar de acordo com a necessidade de
projeto
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, aos alunos e técnicos do Laboratório de Transportes envolvidos nessa pesquisa, ao
Eduardo Rodolpho Alcantú, por ter caminhado lado a lado nesse projeto e ao professor e orientador David Alex
Arancíbia Suarez.
REFERÊNCIAS
ABNT (1986) NBR 7182 - Solo – Ensaio de Compactação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de
Janeiro.
ABNT (1992) NBR 12024 - Solo cimento – Moldagem e Cura de Corpos-de-Prova Cilíndricos. Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
ABNT (1992) NBR-12253. Solo cimento – Dosagem para Emprego como Camada de Pavimento. Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
Bernucci, L. B.; Motta, L. M. G.; Ceratti, J.A.P.; Soares, J.B. (2008). “Pavimentação Asfáltica: Formação básica
para engenheiros”. 2008. PETROBRAS, Rio de Janeiro
Barros Neto, B. de (2001) Como Fazer Experimentos. Editora Unicamp. São Paulo.
Bonfim, V. (2007) Fresagem de Pavimentos Asfálticos. Editora Fazendo Arte. São Paulo.
Ceratti, J. A. P. Estudo de Comportamento a Fadiga de Solos Estabilizados com Cimento para utilização em
pavimentos. 1991. 314 p. Tese (Doutorado em Engenharia) – COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.
Cornell J. A. (2002) Experiments with Mixtures: Design, Models, and the Analysis of Mixture Data (3rd. ed.).
John Wiley & Sons, New York.
DNER (1994) Misturas Betuminosas – Determinação da Resistência à Tração por Compressão Diametral - ME
- 138. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, Rio de Janeiro.
DNIT (2006). Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos. 2ª ed. Departamento Nacional de Infra-Estrutra
de Transportes Rio de Janeiro.
DNIT (2010) Base de solo melhorado com cimento – Especificação de Serviço 142. Departamento Nacional de
Infra-Estrutra de Transportes Rio de Janeiro.
Enamorado, M. A. (1990). “Estudo Comparativo entre o Método Mecânico e o Método Físico-Químico para
Dosagem do Solo-Cimento”. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro.
Faxina, A. L. (2008) Procedimento para a formulação de asfaltos-borracha com vistas a atender os requisitos da
dosagem Marshall. Revista Transportes, v. XVI, n. 2, p. 13-23, Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos.
Klinsky, L.M.G.; Faria, V. C. de; Leal, A. D. (2014). “Estudo do Comportamento Mecânico de Solos
Estabilizados com Cal Hidratada”. Relatório para o Centro de Pesquisas Rodoviárias (CPR) da
Concessionária Nova Dutra.
Lovato, R. S. Estudo do Comportamento Mecânico de um Solo Laterítico Estabilizado com Cal, Aplicado à
Pavimentação. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.
Macêdo, M.M.; Motta, L.M.G. Comportamento de Solo Melhorado com Cimento para Uso em Pavimentação
Sob Carga Repetida. In Congresso Luso-Brasileiro de Geotecnia de Infra- Estrutura de Transportes, 2006,
Curitiba. III CLBG. São Paulo: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Portelinha, F. H. M. (2008) Efeitos da Cal e do Cimento na Modificação do Solo para Fins Rodoviários:
Mecanismos de Reação, Parâmetros de Caracterização Geotécnica e Resistência Mecânica. Dissertação
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
Senço, W. de (2007) Manual de Técnicas de Pavimentação (2ª ed.). Editora Pini, São Paulo, v.1.
Suarez, D. A. A. “Estudo do Comportamento Mecânico de Dois Solos Lateríticos do Estado de São Paulo com
Adição de Emulsão Asfáltica”. Dissertação de Mestrado, UFSCar. São Carlos, 2008.