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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO
04ª VARA DO TRABALHO DE LONDRINA
RTOrd 0001524-16.2017.5.09.0663
AUTOR: LUIZ AUGUSTO SIMOES
RÉU: ASSOCIACAO DOS PERMISSIONARIOS DO MERCADO SHANGRI-LA

TERMO DE AUDIÊNCIA

Autos 0001524-16.2017.5.09.0663

Aos 16 dias do mês de março do ano de 2018, às 12h17, na sala de audiências


desta Unidade Judiciária, presente a MM.ª Juíza do Trabalho, Dra. Ziula Cristina
da Silveira Sbroglio, foram apregoados os litigantes LUIZ AUGUSTO SIMOES,
reclamante, e ASSOCIACAO DOS PERMISSIONARIOS DO MERCADO
SHANGRI-LA, reclamada. Submetido o processo a julgamento foi proferida a
seguinte:

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

LUIZ AUGUSTO SIMOES, já identificado como reclamante nos autos do processo


em tela, ajuizou reclamação trabalhista em face de ASSOCIACAO DOS
PERMISSIONARIOS DO MERCADO SHANGRI-LA, reclamada, também
identificada, alegando os fatos e formulando os pedidos que constam da petição
inicial. Deu à causa o valor de R$ 40.000,00.

A reclamada compareceu à audiência e apresentou defesa, com documentos, sobre


os quais se manifestou a parte reclamante.

Tomado o depoimento do reclamante e ouvidas três testemunhas e uma informante.

Sem outras provas foi encerrada a instrução processual. Razões finais prejudicadas
pelo reclamante e remissivas pela reclamada. Propostas conciliatórias infrutíferas

II - FUNDAMENTAÇÃO

VIGÊNCIA DA NORMA PROCESSUAL NO TEMPO

A Lei 13.467/2017, que trouxe alterações à legislação material e processual


trabalhistas, teve sua vigência iniciada em 11.11.2017, produzindo efeitos imediatos
("tempus regit actum"), aplicando-se aos processos em andamento, observada a
teoria do isolamento dos atos processuais. No entanto, em relação aos honorários
advocatícios, parâmetros de dano moral, etc., tendo em vista que os limites da lide
são estabelecidos, em definitivo, pelos termos da petição inicial e da contestação,
não se aplica a legislação nova. Ora, quando da propositura da demanda, não se
cogitava da alteração legislativa com a estipulação dos honorários advocatícios, por

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exemplo, razão pela qual não se aplica às reclamações ajuizadas anteriormente à


sua vigência.

PRESCRIÇÃO

A parte reclamada requer a aplicação da prescrição quinquenal, assim declaro


prescritas as parcelas vencidas e exigíveis em período anterior a 31.10.2012, sendo
devido integralmente o mês de 10/2012, eis que somente vencido e exigível em
11/2012.

Ressalte-se que a prescrição não atinge pretensões declaratórias.

Quanto à prescrição do FGTS, aplica-se o entendimento consubstanciado na


Súmula 362, II, do C. TST ("Para os casos em que o prazo prescricional já estava
em curso em 13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar primeiro:
trinta anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014"),
ressaltando-se que essa forma de contagem de prazo prescricional, decorrente da
modulação de efeitos determinada pelo STF, aplica-se apenas aos depósitos
incidentes sobre verbas pagas ao longo do contrato de trabalho, não cabendo a
aplicação do prazo prescricional diferenciado ao FGTS como parcela acessória de
parcelas principais já atingidas pela prescrição.

VÍNCULO EMPREGATÍCIO - REMUNERAÇÃO - VERBAS RESCISÓRIAS -


SEGURO-DESEMPREGO

Incontroverso que o reclamante trabalhou para a reclamada como vigilante, no


período narrado na petição inicial. Admitida a prestação dos serviços, cabia à
reclamada comprovar a existência de relação jurídica diversa da empregatícia, ônus
do qual não se desvencilhou.

Ressalte-se que o C. TST tem sólida jurisprudência, cristalizada na Súmula 386, no


sentido de que não há óbice ao reconhecimento do vínculo de emprego do policial
militar: "Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de
relação de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do
eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial
Militar".

A pessoalidade se evidencia porque as características pessoais do reclamante se


destacavam como componente da prestação dos serviços, não tendo sido
contratada pela reclamada uma obra ou atividade, mas a prestação de serviços por
uma pessoa determinada- o reclamante, policial militar. A pessoalidade indubitável
considerando que o próprio reclamante prestou diretamente os serviços por 24 anos
e, pelas alegações e declarações colhidas nos autos, o reclamante era de
confiança da reclamada e dos seus associados, encarregado da segurança do
local.

Sim, o próprio reclamante admite na petição inicial que se fazia substituir por
terceiros em ocasiões de folgas ou necessidade de afastamento. Contudo, essa
substituição eventual não desconfigura a essência do contrato com a comprovada

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pessoalidade, até porque as testemunhas ouvidas revelaram que viam a parte


autora efetivamente trabalhando como vigilante, e isso era o ordinário, sendo
extraordinárias as substituições.

Assim, não há evidência de que o reclamante trabalhasse como mero intermediador


de mão de obra de vigilantes, terceirizando o serviço de vigilância. Como dito, as
declarações testemunhas, notadamente as afirmações da testemunha HELENO,
que trabalhou no Mercado de 1988 a 2018 dão conta de que era o reclamante quem
efetivamente prestava os serviços e que só às vezestinha folga, ficando outras
pessoas em seu lugar.

A habitualidade é inequívoca, pois o trabalho prestado pelo reclamante era de


necessidade permanente para a reclamada, tanto que o obreiro trabalhou por 24
anos.

A onerosidade é manifesta, sendo inclusive incontroversa a importância que a


reclamada pagava ao reclamante.

A reclamada não comprovou autonomia do reclamante na prestação dos serviços.


Exsurge a subordinação, tendo as testemunhas mencionado que o reclamante
recebia ordens dos associados.

Assim, reconheço o vínculo de emprego entre as partes de 24.04.1993 a


24.04.2017, como vigilante, com remuneração por dia de Cr$ 1.052.016,36.
Observe-se que não é possível fixar que o reclamante recebia R$ 180,00 por dia
desde o início do contrato, pois quando da contratação sequer estava vigente o
Plano Real. Assim, entendo como razoável a fixação correspondente à correção
pelo IPCA-E, com divisão do valor de R$ 180,00 em 24.04.2017 pelo fator
0,0001711 referente ao índice de atualização a partir de 24.04.1993, conforme
tabela do SAT PJE, anexa a esta sentença, tendo sido desconsiderados os
centavos.

Os dias e horários trabalhados, para fins de evolução salarial, serão fixados em item
próprio referente às jornadas.

São devidas como verbas rescisórias o saldo salarial, o aviso prévio indenizado e
sua projeção legal (03.07.2017), a gratificação natalina proporcional, as férias
simples de 2016/2017 e as férias proporcionais de 2017/2017, com o terço
constitucional.

Transitada em julgado esta decisão, intime-se a parte reclamante para, no prazo de


cinco dias, apresentar sua CTPS para a Secretaria da Vara anotar os dados
contratuais, conforme acima reconhecido, sem efetuar qualquer observação quanto
à existência de ação trabalhista ou determinação judicial para essa anotação.
Observe-se a projeção legal do aviso prévio.

Por medida de celeridade e economia processuais, após o trânsito em julgado,


expeça-se alvará para requerimento do seguro-desemprego, cabendo ao órgão
administrativo à aferição dos requisitos para a concessão do benefício.

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REPOUSOS REMUNERADOS

Acolho, considerando que o reclamante recebia salário por dia, sendo devida a
remuneração dos repousos, inclusive feriados, contemplando em sua base de
cálculo o adicional de periculosidade, bem como reflexos em aviso prévio
indenizado, gratificação natalina e férias com o terço constitucional.

FÉRIAS E GRATIFICAÇÃO NATALINA

Acolho, pois não comprovado pela reclamada que o reclamante tivesse desfrutado
férias ou recebido trezenos, sendo devida a indenização em dobro das férias com o
terço constitucional e a gratificação natalina do contrato, observado o marco
prescricional.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Acolho, desde a vigência da Lei 12.740/2012, que acrescentou o inciso II ao art.


193 da CLT, estendendo o adicional de periculosidade aos empregados sujeitos a
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial. Apure-se sobre o salário básico diário, com
reflexos em aviso prévio indenizado, gratificação natalina e férias com o terço
constitucional. Note-se que quando da contratação e durante a maior parte do
contrato o reclamante também atuava como policial militar, possuindo porte de arma
de fogo, não sendo razoável presumir que fosse mero vigia, não tendo a reclamada,
empregadora, produzido prova a respeito.

JORNADA DE TRABALHO - ADICIONAL NOTURNO - HORA REDUZIDA -


HORAS EXTRAORDINÁRIAS - INTERVALO INTRAJORNADA

Não há nos autos controles das jornadas realizadas pelo reclamante, de modo que
os horários de trabalho devem ser fixados pela prova oral.

As testemunhas do reclamante confirmaram que ele trabalhava das 19h às 7h de


segunda a segunda; mencionaram, porém, a ocorrência de substituições em folgas.
A prova produzida não foi consistente quanto à quantidade de folgas do reclamante.
Arbitro que o reclamante tinha, em uma semana, folga na terça-feira e, na outra
semana, folga na terça e também na quinta-feira, e assim sucessivamente (uma
folga na primeira semana, duas folgas na segunda semana, uma folga na terceira
semana, etc.), trabalhando em feriados, salvo os coincidentes com os dias
arbitrados.

Note-se que o período em que o reclamante cursou a faculdade, em que houve


substituição parcial das 7h às 23h, bem como o período trabalhado como policial
militar estão situados no período prescrito.

Acolho as horas extras laboradas após a 8ª diária e 44ª semanal (jornada


constitucional), sem cumulação. Aplicar-se-á o adicional de 50%. Para apuração do
salário-hora, multiplique-se o valor do salário diário por 30 e utilize-se o divisor 220.
Base de cálculo conforme a Súmula 264 do C. TST, observando-se que o adicional

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noturno integra a base de cálculo das horas extras noturnas, conforme a OJ 97 da


SBDI-I do C. TST. O adicional de periculosidade integra a base de cálculo das
horas extras e do adicional noturno.

Acolho também o adicional noturno. Observem-se o adicional de 20%, ou


convencional mais benéfico, a redução da hora noturna e eventual trabalho em
prorrogação do horário noturno.

Acolho o pagamento em dobro quando houver labor nos dias destinados ao


repouso semanal e feriados (Súmula 146 do C. TST), sendo rejeitada a dobra
quando houver folga compensatória na mesma semana (art. 9º, Lei 605/49).

Conforme o entendimento da Súmula 437 do C. TST, acolho o pagamento do


período total do intervalo intrajornada quando da não-concessão ou da concessão
parcial, com acréscimo do adicional por trabalho extraordinário, sem prejuízo do
cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração, possuindo a
parcela natureza salarial repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas
salariais.

Por sua vez, acolho as horas extras por violação dos intervalos interjornadas,
previstos no arts. 66 e 67 da CLT.

Acolho ainda os reflexos das horas extras e adicional noturno em repousos


semanais remunerados (domingos e feriados) e com estes (repousos, conforme
entendimento atual do TST em recurso repetitivo, tema número 9, processo
paradigma RR - 10169-57.2013.5.05.0024) em aviso prévio indenizado,
gratificações natalinas e férias acrescidas do terço constitucional.

Não há valores pagos aos mesmos títulos

FGTS

Ante o reconhecimento do vínculo de emprego, acolho o FGTS (8%+40%), sobre


as verbas remuneratórias pagas na vigência contratual e sobre as parcelas
deferidas nesta demanda, exceto em férias com o terço constitucional indenizadas.
Incabível a multa de 10% postulada porque tem natureza administrativa.

MULTA DO ART. 467 DA CLT

Incabível, pois houve controvérsia inclusive sobre o próprio vínculo de emprego.

MULTA DO ART. 477 DA CLT

Acolho, pois o reconhecimento do vínculo de emprego em Juízo não afasta a


incidência da penalidade, conforme a Súmula 462 do C. TST.

MULTAS CONVENCIONAIS

Rejeito, já que não são aplicáveis as normas coletivas apresentadas pela parte
reclamante, uma vez que não foram firmadas pela categoria representativa da

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empregadora, mas pelo sindicato das empresas de segurança privada, aplicando-se


ao caso a Súmula 374 do C. TST.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

O dano moral é todo aquele que atinge os direitos personalíssimos do trabalhador,


diretamente vinculados à sua honra, dignidade, privacidade, intimidade, imagem,
autoestima, nome etc.

Para o acolhimento do pedido de indenização por dano moral é necessário


demonstrar a presença dos requisitos indispensáveis fixados na CF/88, artigo 5º,
incisos V e X, c/c artigo 927, do CCB.

Para a configuração da ilegalidade é necessária a existência do constrangimento ou


do abuso, bem como da exposição do empregado à situação humilhante por parte
da reclamada.

Já o dano existencial exsurge da conduta patronal que impede o trabalhador de se


relacionar e conviver em sociedade, tolhendo-lhe o bem-estar físico e psíquico
oriundo de atividades recreativas, afetivas, espirituais, culturais, esportivas, sociais
e de descanso, ou dificultando-lhe a realização dos projetos de vida. Impede,
portanto, a felicidade plena do ofendido.

É dano que não se confunde com o dano moral em sentido restrito, pois a
indenização neste caso visa a compensar o desapreço psíquico do ofendido, ao
passo que naquele advém do óbice à realização pessoal da vítima, com efeitos
negativos na personalidade do trabalhador.

Não verifico dano existencial, já que, apesar de constadas horas extras, havia
folgas. Ademais, o trabalho na reclamada não impediu que o reclamante
desenvolvesse paralelamente sua carreira como policial militar, tendo o reclamante
também se graduado em Direito e obtido "várias especializações na área de
segurança pública", como afirmou em audiência. Não demonstrou o reclamante,
portanto, de forma concreta, que o trabalho na reclamada tivesse sido um obstáculo
à sua realização pessoal e a seus projetos de vida.

Por outro lado, não é difícil de perceber a situação do trabalhador perante si mesmo
e perante seus familiares sem o recebimento das verbas rescisórias que lhe são
devidas porque realmente emprestou sua força de trabalho.

Trata-se de conduta reprovável do empregador e punível legalmente, que ofende


não a dignidade do trabalhador, na medida em que os valores inadimplidos
possuem natureza alimentar e, não os recebendo corretamente, o trabalhador
acaba privado de meios de prover sua subsistência e de sua família de forma
satisfatória.

Quem causou o dano, no caso a empregadora, deve indenizar a parte ofendida -


reclamante - devendo o valor ser arbitrado pelo Juízo.

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Desta forma, considerando a gravidade da lesão, as condições da parte autora, a


capacidade econômica da parte reclamada, a natureza disciplinar que deve ter o
valor a fim de evitar que o fato se repita com outros empregados, devendo haver
cuidado para não inviabilizar o empreendimento e também para que seja valor
possível de ser quitado, acolho a indenização por dano moral de R$ 5.000,00 (três
mil reais), com correção monetária a partir desta data e juros desde o ajuizamento
da ação.

TUTELA ANTECIPADA

Mantenho as decisões que indeferiram a tutela de urgência, na medida em que a


matéria envolve controvertida análise fática relacionada ao vínculo de emprego,
sendo de bom alvitre aguardar eventuais decisões de outras instâncias, não tendo o
reclamante comprovado robustamente o perigo de dano.

GRATUIDADE DA JUSTIÇA - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerando que há nos autos declaração de miserabilidade fica a parte autora


dispensada do recolhimento de custas e emolumentos, nos termos do art. 790, §3o,
da CLT.

Rejeito o pleito de honorários advocatícios porque a parte autora não está assistida
pelo sindicato representativo da categoria, consequentemente, não estão
preenchidos os requisitos legais estampados na Lei 5.584/70, aplicando-se
entendimento das Súmulas 219 e 329 do C. TST, requisitos simultâneos, como
dispõe a OJ nº 305 da SBDI-1.

Incabíveis as indenizações dos artigos 389 e 404 do CCB porque são incompatíveis
com a reclamatória trabalhista típica (IN 27/2005 do C.TST).

CORREÇÃO MONETÁRIA

As parcelas reconhecidas nesta decisão devem ser atualizadas pelos índices de


correção monetária relativos ao mês seguinte ao trabalhado, pertinente ao mês em
que ocorreu o vencimento da obrigação, à exceção daquelas que possuam época
própria diversa estabelecida em lei, nos moldes dos artigos 459 e 477, § 8º da CLT,
com observância da Súmula 381 do TST.

A Lei 13.467/2017 acrescentou o parágrafo sétimo ao artigo 879 da CLT,


estabelecendo a atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial pela
Taxa Referencial (TR). No entanto, já reconhecida pelo STF nas ADIs 4357, 4372,
440 e 4425 a inconstitucionalidade da expressão "índice oficial da remuneração
básica da caderneta de poupança". A posição dessa E. Corte considera que "a taxa
referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do
custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que
reflita a variação do poder aquisitivo da moeda" (ADI 493-0/DF, Rel. Min. Moreira
Alves, Plenário, DJ 04/09/1992).

O Pleno do C. TST, na decisão do ArgInc - 479-60.2011.5.04.0231, de 14.08.2015,

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com base na "ratio decidendi" dos julgamentos do STF, entendeu haver violação ao
direito constitucional de propriedade (art. 5º, XXII), isonomia (art. 5º, "caput"), ao
princípio da separação dos Poderes e ao postulado da proporcionalidade, e ofensa
à efetividade do título judicial e à vedação do enriquecimento ilícito do devedor com
a atualização pela TR/TRD. Assim, considerando que a mera mudança topográfica
da previsão legal da correção pela TR/TRD (do art. 39 da Lei 8.177/91 para o corpo
da CLT) não altera os fundamentos utilizados pelo STF e pelo TST para afastar sua
utilização, em controle difuso, declaro a inconstitucionalidade das normas que
preveem a utilização da TR/TRD como fator de correção monetária, garantindo-se a
correção monetária pelo IPCA-E, índice definido pelo STF, aplicável às ações e
execuções em curso, com exceção das situações jurídicas consolidadas resultantes
de pagamentos já efetuados, ressaltando-se que o STF, em sessão de
05.12.20174, julgou improcedente a reclamação 22012, proposta pela FENABAN,
fez cessar imediatamente os efeitos da liminar contrária à decisão do TST no ArgInc
- 479-60.2011.5.04.0231.

JUROS

Os juros de mora devem ser aplicados de acordo com os critérios estabelecidos nos
artigos 883 da CLT e 39 da Lei 8.177/91, em consonância com a Súmula nº 200 do
C. TST (1% ao mês, de forma simples, desde o ajuizamento da ação).

Os juros moratórios não integram o salário da contribuição previdenciária (art. 28,


da Lei n.º 8.212/91), da mesma forma não se pode conceber que os juros sejam
calculados sobre o valor bruto da condenação, pois aí está inclusa a cota parte que
cabe ao empregado, a título de contribuição previdenciária

Observe-se que não há limitação da incidência de correção monetária e juros


moratórios após a realização de depósito judicial, uma vez que nesse momento os
valores ainda não estão disponíveis ao trabalhador, devendo incidir até o efetivo
pagamento ao credor, não se aplicando à hipótese a Lei 6.830/80. Inteligência da
Súmula 05 deste E. Regional.

IMPOSTO DE RENDA

Para os recolhimentos fiscais, determina-se seja o imposto retido e calculado sobre


o montante dos rendimentos pagos e tributáveis, mediante utilização de tabela
progressiva, resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram
os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal
correspondente ao mês do recebimento ou crédito, observadas as demais
disposições do art. 12-A da Lei 7713/88, com a redação conferida pela Lei
12350/2010.

Os juros de mora não integrarão a base de cálculo do imposto de renda, aplicada a


Orientação Jurisprudencial nº 400, da SBDI-1, do C. TST. No que se refere à
responsabilidade de cada parte, tem-se que o fato gerador da disponibilidade de
rendimentos é o trabalho assalariado, razão pela qual não se exime a parte autora
do pagamento do tributo (art. 8º, da Lei 8.383/91).

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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Deve ser apurada a contribuição previdenciária, tanto a parcela do empregador


como a do empregado, sobre as verbas salariais reconhecidas em sentença, com
a respectiva dedução da cota do empregado.

Para cálculo da parcela devida pelo empregado haverá recomposição da base de


cálculo para apuração das contribuições, mês a mês, e observando-se o teto
máximo de contribuição, evitando-se novo cômputo sobre contribuições já
recolhidas.

Deverá ainda a parte reclamada comprovar nos autos o recolhimento da quota


patronal relativa à contribuição previdenciária decorrente da presente condenação.
Nos termos da Recomendação Conjunta da Presidência e Corregedoria n. 01/2014,
os recolhimentos previdenciários serão realizados mediante a emissão das
respectivas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social
(GFIPs) e Guias de Previdência Social (GPS) para cada GFIP, a fim de que os
recolhimentos figurem nas respectivas competências, com a consequente inclusão
das contribuições para o trabalhador no Cadastro Nacional de Informações Sociais
(CNIS).

Revendo posicionamento anterior, não serão apuradas as contribuições sociais de


"Terceiros", tendo em vista o teor da OJ EX SE - 24 do TRT da 9a Região, no
sentido de que: A Justiça do Trabalho é incompetente para executar as
contribuições do empregador destinadas a terceiros integrantes do Sistema "S", nos
termos dos artigos 114, VIII, 195, I, "a", II e 240 da Constituição Federal.

Ressalta-se ainda que, conforme a Súmula Vinculante 53 do STF, a competência da


Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a
execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados,
não abrangendo contribuições incidentes sobre parcelas já pagas durante a
prestação dos serviços.

III - DISPOSITIVO

Pelo exposto, resolvo PRONUNCIAR a prescrição quinquenal e ACOLHER EM


PARTE os pedidos formulados por LUIZ AUGUSTO SIMOES, em reclamação
trabalhista movida em face de ASSOCIACAO DOS PERMISSIONARIOS DO
MERCADO SHANGRI-LA, condenando a parte reclamada a pagar à parte
reclamante as parcelas e reflexos que constam da fundamentação acima, que fica
fazendo parte deste "decisum" para todos os efeitos.

Custas pela(s) reclamada(s) no importe de R$ 19.000,00, calculadas sobre o valor


provisório da condenação, de R$ 950.000,00, sujeitas a complementação.

Liquidação por cálculos.

INTIMEM-SE AS PARTES.

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Após o trânsito em julgado, intime-se a parte reclamante para apresentar sua CTPS
para anotação pela Secretaria da Vara, na forma da fundamentação. Expeça-se
também alvará para requerimento do seguro-desemprego.

Prestação jurisdicional apresentada. Nada mais.

LONDRINA, 16 de Março de 2018

ZIULA CRISTINA DA SILVEIRA SBROGLIO


Juiz Titular de Vara do Trabalho

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a:


[ZIULA CRISTINA DA SILVEIRA SBROGLIO] 18012214292134400000030445751

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/ConsultaDocumento/listView.seam

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