Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Musicologia
A partir do século XIX, o surgimento de novas ciências, entre as quais a psicologia e
a etnologia, e o desenvolvimento dos aparelhos de gravação e outros recursos
tecnológicos, modificaram inteiramente a compreensão do fenômeno musical.
Musicologia é o estudo científico da música, inclusive do ponto de vista histórico e
antropológico. Distingue-se da crítica musical, que se propõe a emitir juízos de valor
e dispensa critérios científicos. Um de seus ramos é a etnomusicologia, inicialmente
designada como musicologia comparada, que estuda a música das culturas de
tradição oral.
O campo de estudo da musicologia abrange forma e notação, instrumentos e teoria
musical, biografias dos compositores e intérpretes, métodos didáticos, estética,
acústica e fisiologia aplicada à técnica de instrumentos (sobretudo da voz, ouvido e
mão). Tal heterogeneidade exige uma metodologia mista. O aspecto fisiológico e
acústico pode ser observado do ponto de vista da medicina e da física. Já as regras
harmônicas, melódicas e rítmicas que governam as relações entre os sons musicais
não são leis naturais, mas normas inseridas em contextos culturais específicos e,
como eles, variáveis. E, finalmente, a composição e interpretação musicais são
criações humanas e estão sujeitas às condições históricas, culturais e psicológicas
em que foram produzidas.
O amplo estudo teórico da música já era desenvolvido pelos antigos gregos. No
final do século V, Boécio afirmava que a música não estava relacionada apenas ao
conhecimento, mas também à moralidade. A maioria dos tratados medievais se
baseia em sua obra, e também em Cassiodoro e Isidoro de Sevilha.
História da música. Os primeiros escritos sobre a história da música surgiram
somente no século XVIII, entre os quais a famosa Storia della musica (1757-1781),
de Giovanni Battista Martini. O espanhol Antonio Eximeno escreveu Dell' origine e
delle regole della musica, colla storia del suo progresso, decadenza e rinnovazione
(1774; Da origem e das regras musicais, com a história de seu progresso,
decadência e renovação), em que discorda da associação feita desde os gregos
entre a música e a matemática e a considera uma verdadeira linguagem. Afirma
que, para se compor bem, basta "abandonar-se nos braços da Natureza e deixar-se
conduzir pelas sensações que se quer musicar".
No final do século XVIII, iniciou-se um detalhado levantamento histórico que ainda
prossegue. Os trabalhos pioneiros -- embora sem grande rigor, como General
History of Music (1776; História geral da música), de Charles Burney -- são valiosas
fontes de informação. A análise musical foi sistematizada no início do século XIX
pelo grande escritor romântico E. T. A. Hoffmann. O espírito científico evidenciou-se
em Geschichte der Musik (1862-1878; História da música), do tcheco August
Wilhelm Ambros. Friedrich Chrysander, Philipp Spitta (o maior biógrafo de Bach) e
outros, sob a liderança de Johannes Brahms, editaram os Dekmäler deutscher
Tonkunst (1882; Monumentos da música alemã).
É considerado o fundador da musicologia moderna o austríaco Guido Adler,
primeiro professor catedrático da disciplina na Universidade de Viena, dedicado à
reedição de obras do passado. Hugo Riemann escreveu, além de inúmeras outras