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Além do pedido para que sejam adotadas as medidas necessárias para a garantia
do efetivo respeito dos poderes públicos aos direitos à vida e à integridade dos usuários da
rodovia, pretende-se, com o ajuizamento da presente ação, proteger o patrimônio público e social
e os interesses difusos dos usuários daquela via.
Assim tratando-se de ação civil pública que visa a defesa de direitos difusos,
indiscutível a legitimidade do Ministério Público para a propositura da presente demanda.
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Com efeito, sem o repasse de recursos da União, qualquer decisão contra o DNIT
seria inócua, pois sem disposição de verbas, não poderia a autarquia executar as intervenções
emergenciais requeridas.
Assim, considerando que eventual decisão a ser proferida nesta ação afetará esfera
de interesse da União, impondo-lhe obrigações, é necessária sua participação da presente
demanda, a fim de se garantir a eficácia subjetiva da coisa julgada.
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A União possui interesse manifesto, uma vez que a rodovia em tela, sendo federal,
integra seu patrimônio.
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Nesse ponto, ressalte-se que, embora o artigo 16 da Lei n° 7.347/85 dispor que a
sentença na ação civil pública tem eficácia erga omnes nos limites do órgão prolator, há muito
que a doutrina e a jurisprudência fixaram que tal dispositivo precisa ser inteligentemente
interpretado, especialmente quando se tratar de interesse difuso que, por essência, é indivisível.
1 GRINOVER, Ada Pellegrini, BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos, FINK, Daniel Roberto,
FILOMENO, José Geraldo Brito, WATANABE, Kazuo, Júnior, Nelson Nery, DENARI, Zelmo, Código
Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto. Rio de Janeiro: Editora Forense
Universitária, 7ª Edição, 2001, p. 808.
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“Os efeitos e a eficácia da sentença prolatada em ação civil coletiva não estão
circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que
foi decidido” (STJ, AgRg no Resp 1326477/DF, rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, DJe 13.09.2012) 2
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PROCESSUAL CIVIL. ART. 16 DA LEI
DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA. LIMITAÇÃO
APRIORÍSTICA DA EFICÁCIA DA DECISÃO À COMPETÊNCIA
TERRITORIAL DO ÓRGÃO JUDICANTE. DESCONFORMIDADE COM O
ENTENDIMENTO FIRMADO PELA CORTE ESPECIAL DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (RESP N.º 1.243.887/PR, REL.
MIN. LUÍS FELIPE SALOMÃO). DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
DEMONSTRADO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS. 1. No
julgamento do recurso especial repetitivo (representativo de controvérsia) n.º
1.243.887/PR, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, a Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça, ao analisar a regra prevista no art. 16 da Lei n.º 7.347/85,
primeira parte, consignou ser indevido limitar, aprioristicamente, a eficácia de
decisões proferidas em ações civis públicas coletivas ao território da
competência do órgão judicante. 2. Embargos de divergência acolhidos para
restabelecer o acórdão de fls. 2.418-2.425 (volume 11), no ponto em que
afastou a limitação territorial prevista no art. 16 da Lei n.º 7.347/85. (STJ, corte
Especial, EREsp n° 1.134.957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 30.11.2016).
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Por essa razão, em abril de 2015 do DNIT informou que apenas acompanharia a
evolução dos problemas através de inspeções rotineiras, para detectar, em tempo hábil, um
eventual agravamento da estrutura (fl. 101).
Cumpre ressaltar que essas notas são atribuídas de acordo com a Norma DNIT
010/2004 – PRO, que cuida do procedimento de inspeções em pontes e viadutos de concreto
armado e estabelece uma orde decrescente de qualidade estrutural, sendo a menor nota 1 (a
recuperação deve ser feita sem tardar) e máxima 5 (nada a fazer), conforme a tabela a seguir:
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A autarquia informou, porém, que, em relação aos problemas estruturais, nada foi
feito, afirmando que “infelizmente, para intervenções de caráter estrutural, que requerem projetos
específicos e mão-de-obra altamente qualificada, é imperativo a contratação de projetos de
reabilitação/reforço” (fl. 204-v), anunciando um projeto-piloto pelo PROARTE (Programa de
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4 De acordo com as conclusões periciais em relação à ponte sobre o ribeirão Conceição (BR-116, Km
667,75), as intervenções indicadas pelo DNIT foram de fato executadas e as contenções realizadas nos
aterros de encabeçamento solucionaram os problemas encontrados nas vigas de contraventamento de
pilar de concreto armado à época da vistoria empreendida no âmbito do Laudo Técnico n. 061/2015/5ª
CCR, fazendo cessar os riscos aos usuários que trafegam pela ponte, embora seja necessário mantê-la
em observação sistemática.
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As intervenções realizadas pelo DNIT nesta obra de arte especial, após a vistoria
realizada no âmbito do Laudo Técnico n. 061/2015/5ª CCR, foram:
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Com efeito, após a nova inspeção in loco, foi possível atualizar a ficha de danos
nos elementos da ponte sobre o córrego Nilo, resultando na tabela a seguir.
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As intervenções realizadas pelo DNIT nesta obra de arte especial, após a vistoria
realizada no âmbito do Laudo Técnico n. 061/2015/5ª CCR, foram:
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Figura: Transversina portante com desplacamento de concreto e concreto desagregado com armadura exposta e
oxidada.
Assim, verifica-se que a menor nota de avaliação atribuída para um elemento
estrutural continuou sendo 1, fazendo com que, de acordo com os critérios estabelecidos na
Norma DNIT 010/2004 – PRO, a condição de estabilidade considerada para a obra de arte
especial em questão permaneça como “precária”, o que indica, segundo a mesma norma,
que “a recuperação [...] deve ser feita sem tardar”.
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Às fls. 49-50, outra representação foi juntada aos autos, dessa vez oferecida por
um policial rodoviário federal, que relatou, em 16.01.2015, que, embora alguns trechos da
estrada tenham sido recapeados, grande parte deles estavam em situação de calamidade, visto que
o asfalto estaria soltando uma espécie de óleo na pista, causando vários acidentes, com vítimas
em estado grave ou fatais atendidos pela Polícia Rodoviária Federal. Anunciou também que a
rodovia estava sem sinalização horizontal, desde o fim da obra, meses antes.
A perícia de campo foi realizada somente nos dias 25, 26 e 27 de julho de 2017,
em todo o trecho compreendido entre os municípios de São João do Manhuaçu/MG e
Muriaé/MG, e suas conclusões foram lançadas no Laudo Técnico n° 18/2017 (fls. 136-161),
encaminhado a PRM-Manhuaçu em 18.10.2017.
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5 Ascensão de ligante betuminoso para a superfície do pavimento, que migra pelo corpo do seu revestimento,
segregando-se do respectivo agregado, ou seja, cria-se uma camada superficial de massa asfáltica, visualmente,
identificada por manchas ou faixas do pavimento escurecidas, causadas pelo excesso do ligante na massa do
asfalto permitindo, dentre outros problemas, o aparecimento do efeito de espelhamento da superfície do
pavimento e o surgimento de superfícies com menos atrito ou aderência, cujo efeito derrapante se maximiza
quando úmidas.
6 Trechos próximos aos quilômetros 664,60 e 669,60 com graves patologias, exigindo intervenção corretiva
urgente.
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Aqui, cabe destacar que as defensas, instaladas com postes de madeira podre,
amentam o risco de acidente grave em caso de colisão.
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Ressalte-se que o DNIT foi, por diversas vezes, alertado dos perigos da rodovia e,
ainda, assim, não cumpriu com o seu dever, sanando os problemas, os quais, frise-se, se
mostravam presentes ainda em julho do corrente ano. Os riscos aos usuários, longe de serem
supostos, têm sido comprovados pelos números de acidentes ocorridos no local.
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a
propriedade, aos seguintes termos.”
José Cretella Júnior, comentando o art. 5º da Constituição, ensina:
“Art. 1º [...]
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos
órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes
cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas
a assegurar esse direito”.
O que se vê do arcabouço normativo acima é que o direito à vida está intimamente
ligado ao direito à segurança, podendo-se afirmar ser este um dos corolários daquele. As medidas
7 Comentários à Constituição de 1988, Ed. Forense, 1ª edição, 1989, p. 182-183.
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10 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo, Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, Forense, p. 107
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“Se o Poder Judiciário acaba por influir nas diretrizes políticas do Estado, isto
se dá porque, antes, houve indevida omissão administrativa a legitimar a sua
intervenção, provocada pela sociedade que dele espera o cumprimento do papel
que lhe foi atribuído pela ordem constitucional”. 13
A possibilidade de exame desses pleitos pelo Poder Judiciário prestigia, em
verdade, o princípio da supremacia constitucional, pois ao impor limites aos Poderes Executivo e
Legislativo, a Constituição dispôs sobre o controle de seus atos pelo Poder Judiciário. Negar-se a
possibilidade de apreciação da matéria pelo Poder Judiciário equivale a afirmar que os poderes
políticos têm disponibilidade a respeito do conteúdo da Constituição, o que é rematado absurdo.
Devem eles simplesmente cumpri-la, e, em vista de sua rigidez, não podem alterá-la senão pelos
meios e nos limites traçados em seus próprios dispositivos.
11 Direito processual coletivo brasileiro : um novo ramo do direito processual. São Paulo : Saraiva, 2003. pp.
342/343.
12 Ação Civil Pública : em defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e dos consumidores. 8ª edição. São
Paulo: Ed. RT, 2002. p. 41.
13 O problema do controle judicial das omissões estatais lesivas ao meio ambiente. In Revista de Direito
Ambiental, n.15, jul.-set. 1999, pp. 77/80.
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ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não pode ser invocada pelo
Estado com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações
constitucionais, notadamente quando, desta conduta governamental negativa,
puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos
constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade” 14
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Ressalte-se, mais uma vez, não haver espaço para que a Administração exerça
qualquer juízo de conveniência, considerando seu dever de proteção em relação aos usuários da
rodovia, e tampouco de oportunidade, considerando a constatação de riscos iminentes.
a) Que realizem obras para reparação estrutural nas quatro pontes indicadas
no item 5.1, de modo que, no mínimo, sejam corrigidas as deficiências para as quais foram
atribuídas notas “1” e “2” pela perícia, mediante:
a.2) início da execução das obras em prazo não superior a 40 (quarenta) dias.
a.2) início da execução das obras em prazo não superior a 60 (sessenta) dias.
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urgente.
Por fim, requer, seja estabelecida multa mínima diária para o descumprimento de
quaisquer dos itens supra, no valor de R$ 10.000,00.
8. DOS PEDIDOS
b.1) realizarem as obras necessárias para afastar os riscos aos usuários das quatro
pontes indicadas no item 5.1, de modo que, no mínimo, sejam corrigidas as deficiências para as
quais foram atribuídas notas “1” e “2” pela perícia;
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