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Introdução.
Considero que a Educação Física, ao lado das outras áreas da saúde, hoje,
transdisciplinares, mas, por outro lado, pode também resultar em disputas acirradas por
restrinjo, nesta mesa, a mostrar alguns dos inúmeros caminhos através dos quais os
deste assunto.
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Comunicação apresentada na mesa redonda Cultura e Educação Física do Congresso Cultura
Corporal, realizado no SESC Vila Mariana e promovido pelo SESC e CBCE, no período de 18 e
19/11/2006.
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prende à própria particularidade deles, que estimula uma visão relativista de respeito e
Porém, antes, eu quero lembrar que o corpo é um assunto recente nas Ciências
cenário acadêmico, primeiramente, pela via da saúde e das conexões entre pobreza e
doença, já no século XIX. Eram estudos voltados para a saúde física e mental no âmbito
do processo de industrialização. Mas isso não contribuiu para tornar o corpo um objeto
de estudo a ser explorado pelas Ciências Sociais. Na verdade o corpo não chegou a ser
consagradas.
Havia como que uma divisão de tarefas na qual às Ciências Sociais estavam
Naturais.
Assim, é só com os movimentos sociais dos anos de 1960, que atingiram vários
Corporeidades.
Comecemos com o clássico ensaio de Marcel Mauss (1974 [1934]), que não só
dificuldades empíricas e conceituais de tratar este objeto apenas pelo ângulo de uma
mais natural objeto técnico, e ao mesmo tempo meio técnico do homem é seu corpo”
que a autoridade social desempenha papel importante em fazer adaptar o corpo ao seu
emprego. Porém, a educação do corpo, por seu lado, acarreta também profundas
como portas de entrada para estados alterados de consciência, próprios das experiências
lado destes, os nossos sentidos contribuem com a emissão e audição de sons, a inalação
Aliás, todas as religiões têm muito a dizer sobre o corpo. Vou lembrar apenas
algumas metáforas da carne no nosso catolicismo. Assistir a uma missa nos proporciona
ressurreição da carne, castidade, sangue e corpo partilhados, além dos muitos gestos
corporais que acompanham este ritual, como a bênção com as mãos, o ajoelhar-se, as
“homem total”, já que elas expressam as dimensões orgânicas dos sentimentos, das
idéias e dos símbolos. Lágrimas, gritos, risos, são, simultaneamente, tudo isto, explica
misturados. Assim, é menos nas separações e mais nos encontros entre o biológico e o
carne.
é dos povos africanos que desenvolveram uma concentração maior de melanina na pele
herança genética que os levaria a estocar gordura na região do abdome, como forma de
humanos. Cito como exemplo os índios Yurok da Califórnia que, devido à assimilação
1998).
como todos vocês sabem, dentro daquilo que Norbert Elias (1990) chamou de processo
desde a sua origem. Assim, é importante chamar a atenção para este aspecto pouco
outras culturas, não sem um alto custo. O relato do médico psiquiatra Fanon (1968) é
convivido com uma concepção que integra a ambos num cosmo englobante. Essas
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novas perspectivas têm favorecido a construção de novos mapas do corpo. São novas
espontaneidade natural que teria sido perdida com o projeto técno-científico moderno. O
universo das terapias é rico em exemplos. Nas margens dos saberes oficiais, os
As forças vitais que nos rodeiam - as quais não podem ser simplesmente
explicadas - são ricas, misteriosas e complexas. Muitos de nós somos
instintivamente receptivos a estas forças e estamos inclinados a rejeitar
os desenvolvimentos crescentemente alarmantes das ciências médicas.
Nós todos sabemos que nosso corpo tem a habilidade para curar-se e
que os procedimentos médicos complexos e crescentemente invasivos
podem fazer mais mal que bem”. (Shealy, 1999, p.8).
Estes novos atributos do corpo almejam valorizar aquilo que não foi
transformado pela cultura - o natural, talvez? - como fonte de saberes e poderes que
portanto, legitimadas por ele, sofrem influência desses novos mapas do corpo. Um
alguns resultados de um estudo que realizei acerca dos gestos curadores em duas
importantes. Em ambas as religiões, para curar os outros ou ser curado, pelas mãos, os
natural x antinatural. Esta naturalização dos cuidados do corpo tem como referência
uma recusa às transformações trazidas pelo processo de modernização. Com isso, esta
religião produz corpos com dimensões cósmicas, conferidas pelas energias dos
elementos naturais terra, água e fogo. A soma destes elementos produziria a energia
religioso, Meishu-Sama. Ele a outorga aos homens, pelo gesto curador – o johrei. Em
ações nesta e em outras vidas. Desse modo, os corpos são resultantes do que ocorre com
o espírito e o perispírito, entre vivos e mortos. Além disso, são carregados de fluidos e
seriam, então, resultantes das tensões entre livre arbítrio e carma. Assim, os corpos têm
uma dimensão moral, para os espíritas, fruto das escolhas e do destino, que atingem o
desde sempre, pois todos somos médiuns. A experiência mediúnica da cura confere aos
corpos atributos sagrados, através dos espíritos, fluidos e energias. Portanto, o dom de
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Pistas.
Levi-Strauss (1969, p. 37) nos ensinou que, “por ser um animal doméstico, o
social.
Quero lembrar que estamos vivendo uma circunstância histórica propícia para
ouvir outras vozes, ou no mínimo, não emudecê-las. Objetos de estudo como: a dança
sábio, o criativo, o empírico, o simples e tantos outros aspectos que guardam o sentido
Enfim, estas minhas reflexões procuraram enfatizar que, na sua articulação com
a história, os corpos são produzidos tanto natural como culturalmente. E se ao longo dos
atribuir valores à cultura e à natureza, quando se trata do corpo, nos deparamos com um
ninguém sabe que tipo de relação da cultura com a natureza ele pode nos apresentar.
Diante disso, resta-me sugerir cautela e dizer que não se pode fazer pouco caso dos
REFERÊNCIAS
________. The healing process in two religious worlds. Japanese Journal of Religious
Studies, Japan. (no prelo).