Вы находитесь на странице: 1из 5

Skinner — aula Hobbes and the Person of the State

https://www.youtube.com/watch?v=NKD7uYnCubg

O que Skinner tratará nesta exposição é a ideia de personalidade do Estado, que foi
completamente perdida no discurso contempoprâneo corrente.

Segundo Nietzsche (GM), alguns conceitos têm uma história, e se a têm é porque não há
consenso acerca de sua definição.

O esforço de formação filosófica do conceito de Estado foi empreendido pela primeira


vez no trabalho de Hobbes, em especial no Leviatã.

A acepção contemporânea de Estado, em seu sentido mais usual, deriva da definição


weberiana do Estado como monopólio legítimo da força em um território, e é, na prática,
confundida com o conceito de governo (Estado como sinônimo de governo).

História neoliberal do Estado: Estado / ruim; mercado / bom: hoje, falar do Estado é falar
do aparato de governo, e falar de um conjunto de aparatos que caminham para o seu ocaso.

Os Estados-nação continuam sendo, para Skinner, incomparavelmente os mais


importantes atores políticos: são atualmente muito agressivos, expandindo suas fronteiras
em um grau chocante de exclusividade, e mantêm um nível igualmente chocante de
controle sobre seus cidadãos sem sua permissão; são também muito intervencioninstas, e
no caso do colapso do sistema bancário assumiram a posição de credores de última
instância (“who elese was going to do that?”).

Graças a sua macro-infraestrutura, Estados facilitam mercados, que seriam em grande


medida impotentes sem as infraestruturas do Estado. Estados continuam a atuar de modo
como nenhum outro ator é capaz, como por meio da impressão de moeda, imposição de
tributos, legitimação de contratos, subsídio da vida cultural, promoção de saúde e
serviçoes de bem-estar, legislação comlexa. A “morte do Estado” é apenas ideologia
neoliberal.

Estados estão em extraodinariamente poderosa forma atualmente, o suficiente para


estarem ameaçando a União Europeia.
Estado e govenro como sinônimos são um evidente lugar-comum, e tal acepção é um
contraste extraodinariamente forte com o modo como o conceito de Estado era entendido
quando se tornou pela primeira vez o nome central do discurso político, em fins do século
XVII, sobretudo no trabalho de Hobbes, mas também em diversos trabalhos de filósofos
continentais, especialmente de Puffendorf, Christian Wolff e Thomasius, e também Emer
de Vattel e Rousseau, na França, e William Blackstone, na Inglaterra. Para todos estes,
o motivo básico por que tratam do Estado é a tentativa de marcar uma distinção
categórica entre Estados e governos. O Estado é tomado como o nome de uma pessoa
distinta, separada da pessoa do legislador, e das pessoas dos legislados.

O que Skinner tratará nesta exposição é a ideia de personalidade do Estado, que foi
completamente perdida no discurso contempoprâneo corrente.

Para Hobbes, (1) todos os soberanos legais, incluindo os monarcas absolutos, jamapis
podem ser pensados como tendo qualquer status mais elevado que o de representantes
autorizados. Ele não fala de soberanos, mas de soberanos representantes.

Para Hobbes, (2) os detentores do poder têm diversos deveres específicos inerentes ao seu
ofício, que têm a obrigação de cumprir, como produzir a paz e a segurança do povo,
conduzindo o governo de maneira consoante ao bem comum.

Se o soberano falha em promover o bem comum, ele é culpado perante a lei de


natureza, e isso é iniquidade. Se falha em proteger, ele não é mais soberano: os
súditos não são mais politicamente obrigados, a obrigação política termina nesse
momento.

Soberanos são, pois, para Hobbes, apenas representantes. Mas quem eles representam?
Uma multidão que se tornou um, unida por um acordo comum, por uma vontade única
comum determinante, que é a nossa vontade porque nós, atores, possuímos as ações do
representante que autorizamos a efetivamente agir. Suas ações contam como as ações de
todos nós.

Pelo ato de autorizar a representação, nós nos transformamos em uma pessoa. Duas
pessoas, que não existem no estado de absoluta liberdade, vêm à vida com o pacto: o
soberano e a pessoa fictícia, que nós trazemos à existência quando adquirimos uma só
vontade e uma só voz, por efeito de termos autorizado alguém a nós representar. O nome
dessa segunda pessoa, segundo Hobbes, é o Estado ou Commonwealth.
O nome de nós, enquanto uma pessoa, é Estado, ou Leviatã.

O verdadeiro possessor da soberania não é o soberano, que é apenas seu representante,


mas o Estado.

Nós herdamos da antiguidade duas metáforas diferentes para pensarmos a representação:

Uma advém das artes da pintura e escultura, e pensa a representação — o verbo latino é
representare — como a apresentação de algo ausente como se estivesse presente (cf
Plinio, o Grande, livros 34 e 35 do tratado História Natural): o mundo é enviado a se nos
apresentar, e na pintura e na escultura nós tentamos representá-lo. A essência da
representação nessa análise é prover o melhor possível a semelhança (likeness). Isso
foi aplicado no início do período moderno, e no período subsequente, à ideia de
representação política — a representação do corpo do povo — que permeava o
entendimento dos diversos escritores radicais ingleses a quem Hobbes respondia.

Hobbes replica insistindo que tal metáfora de representação está errada, e produz uma
metáfora diferente para a representação, fundada não na arte da pintura mas no teatro,
no sentido, de Cícero, de desempenhar o papel de outro, do ato de falar em nome de
um client.

Para Hobbes, a representação política não é nada mais que autorizar alguém a
desempenhar o seu papel, a falar e agir em seu nome. O representante não se assemelha
a quem representa, não é parecido com ele, a representação não tem nada a ver com a
produção de semelhança.

A autorização é condição suficiente da representação. Eis a teoria hobbesiana do Estado,


a primeira inequívoca teoria do Estado na Filosofia Política Ocidental.

Carl Schmitt declarou que Pufferndorf foi quem fez Hobbes vitorioso, relativamente à
teoria hobbesiana do Estado.

Puffendorf diverge de Hobbes, no entanto, quanto substitui o conceito de persona ficta


pelo de persona moralis.

Duas teorias rivais do Estado emergem no século XVII: uma é a teoria da pura
ficcionalidade, e a outra é que o Estado não é uma persona ficta, mas uma pessoa moral.
Foi esta última a que teve maior influência — em Tomasius, Wolff, Hegel, Vattel, etc.
Para Vattel, o Estado deriva de uma vontade mas também de um entendimento, portanto
o Estado é uma pessoa moral, que tem um entendimento, tanto quanto uma vontade,
peculiar. É isso, segundo Vattel, o que explica as relações entre os Estados: são relações
entre pessoas morais.

Para Puffendorf, o estado não é o nome de uma persona ficta, mas de uma persona
moralis.

William Blackstone, por seu turno, tinha ideias alinhadas ao pensamento de Hobbes.

No pensamento iluminista, a ideia da pessoa do Estado tornou-se amplamente aceita, e o


único debate era se se tratava de uma pessoa puramente fictícia ou de uma pessoa moral.

Ao final do século XVIII, a tradição anglófona descarrilhou, em uma direção


completamente diferente, quando a ideia de personalidade do Estado veio a ser vista como
completamente estrangeira à tradição da filosofia política anglófona.

1) Por que isso aconteceu? Uma das principais razões foi a forte influência do utilitarismo
de Jeremy Bentham, como filosofia política e moral, a partir do final do século XVIII,
que atacava as ideias de hobbesianas de Blackstone: “The season of fictions is over. The
time has come to ground (grand, grant?) legal arguments on facts about real individual,
and specially on the capacity of individuals for experiencing, in relation to political
power, of restraint and pleasure of liberty.” (The fragment of governmen, 1776). A lei
deve livrar-se das ficções, e deve tratar de prazer e dor: tal visão tornou-se fortemente
influente, e o Estado tornou-se sinônimo daquilo que é encarregado dos aparatos de
governo, ideia que ressona nos trabalhos de John Austin (The Povince of Jurisprudence
Determined, 1832): “My onwn understanding of the state is that the term simply denotes
the individual person, or the body of individual persons, who are given the supreme power
in any independent political society.”

2) Algo importante foi perdido com isso? Carl Schmitt apontava que essa foi a mais grave
perda na filosofia política moderna (The state person in Hobbes Leviathan). Para Schmitt,
é preciso haver uma união sob alguma vontade que não apenas aja como um poder
soberano, mas que tenha o poder de determinar a exceção, de determinar a emergência, é
há que se reconhever que esse é o poder do Estado, e que deve ser obedecido, à medida
que tal o protege.
Skinner afirma que o intento de Hobbes não era esse: a questão do débito do estado, para
Puffendorf, só ocorre se se considera uma pessoa com uma eternidade artificial, não um
governo.

Para Vattel verdadeiros tratados internacionais são relações entre pessoas morais,
projetados para durar tanto quanto essas pessoas. Os signatários não podem ser, assim,
governos.

Apensa quando é feita a distinção categórica entre Estados e governos é possível usar a
ideia de Estado para produzir o que realmente se deseja quando se pensa a teoria dos
limites da obrigação política: salus popoli, supreme lex.

Dizer que o nome do Estado é o nome de uma pessoa distinta é um modo de referir a nós
— um corpo de cidadãos que autorizou sua representação — os interesses do Estado, que
passam a ser entendidos como interesse público.

Вам также может понравиться