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BUREAU OF RECLAMATION

BRASIL

2
MANUAL DE
Classificação de terras
Para Irrigação
IRRIGAÇÃO
BRASÍLIA - DF
2002
Todos os Direitos Reservados
Copyright © 2002 Bureau of Reclamation
Os dados desse Manual estão sendo atualizados por técnicos do Bureau of Reclamation.
Estamos receptivos a sugestões técnicas e possíveis erros encontrados nessa versão. Favor
fazer a remessa de suas sugestões para o nosso endereço abaixo, ou se preferir por e-mail.
1ª Edição: Outubro de 1993
2ª Edição: Dezembro de 2002
Meio Eletrônico
Editor:
BUREAU OF RECLAMATION
SGA/Norte - Quadra 601 - Lote I - Sala 410
Edifício Sede da CODEVASF
Brasília - DF
CEP - 70830-901
Fone: (061) 226-8466
226-4536
Fax: 225-9564
E-mail: burec2001@aol.com

Autor
Val H. Carter – Engº Agrônomo – “Bureau of Reclamation”
Equipe Técnica do Bureau of Reclamation no Brasil
Catarino Esquivel - Chefe da Equipe
Ricardo Rodrigues Lage - Especialista Administrativo
Evani F. Souza - Assistente Administrativo
Tradutores
Amir Gomes de Souza - Pedólogo - DNOS
Mario Guilherme Garcia Nacinovic - Engº Agrônomo - DNOS
Revisão Técnica
CODEVASF / DNOCS / DNOS – Vários Especialistas
Composição e Diagramação:
Print Laser - Assessoria Editorial Ltda

Ficha Catalográfica:

Carter, Val H.
Classificação de terras para irrigação / Val H. Carter. —
Brasília: Bureau of Reclamation, 2002
143 p. : il. (Manual de Irrigação, v.2)
Trabalho elaborado pelo Bureau of Reclamation, do Depar-
tamento de Interior, dos Estados Unidos, por solicitação do Mi-
nistério da Integração Nacional do governo brasileiro.
1. Solo – classificação. 2. Irrigação – Solo. I. Título. II.
Série.

CDU 631.47:626.81/84
Classificação de Terras para Irrigação

APRESENTAÇÃO

Em maio de 1986, o Banco Mundial aprovou um Contrato de Empréstimo para a


elaboração de estudos e projetos de irrigação no Nordeste do Brasil. O Contrato inclui
recursos para assistência técnica à Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica e, para isto, foi
assinado - em novembro de 1986 - um acordo com o “Bureau of Reclamation”, do Depar-
tamento do Interior, dos Estados Unidos.

A assistência abrange a revisão de termos de referência, estudos básicos, setoriais


e de pré-viabilidade; projetos básicos e executivos; especificações técnicas para constru-
ção de projetos de irrigação; critérios, normas e procedimentos de operação e manuten-
ção de projetos de irrigação; apresentação de seminários técnicos; acompanhamento da
construção de projetos; formulação de recomendações de políticas relativas ao desen-
volvimento da agricultura irrigada.

O trabalho de assistência é realizado por uma equipe residente no Brasil, e por


pessoal temporário do Bureau, do Centro de Engenharia e Pesquisa de Denver, Colorado,
Estados Unidos. A equipe residente conta com especialistas em planejamento, projetos
de irrigação, barragens, hidrologia, sensoriamento remoto e operação e manutenção.

O Bureau vem prestando estes serviços há mais de dezesseis anos. Neste período,
obteve um conhecimento bastante amplo sobre a agricultura irrigada, no Brasil. Devido
a este conhecimento e à grande experiência do Bureau, em assuntos de irrigação, o
Ministério da Integração Nacional, solicitou que fossem elaborados manuais técnicos,
para utilização por órgãos governamentais (federais, estaduais e municipais), entidades
privadas ligadas ao desenvolvimento da agricultura irrigada, empresas de consultoria,
empreiteiras e técnicos da área de irrigação.

A coleção que ora é entregue a esse público é um dos resultados do Contrato


mencionado. Ela é composta dos seguintes Manuais:

„ Planejamento Geral de Projetos de Irrigação


„ Classificação de Terras para Irrigação
„ Avaliação Econômica e Financeira de Projetos de Irrigação
„ Operação e Manutenção de Projetos de Irrigação
„ Especificações Técnicas Padronizadas
„ Standard Technical Specifications
„ Avaliação de Pequenas Barragens
„ Elaboração de Projetos de Irrigação
„ Construção de Projetos de Irrigação

Para sua elaboração contou com o trabalho de uma equipe de engenheiros e espe-
cialistas do “Bureau of Reclamation”, por solicitação do governo brasileiro.

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Classificação de Terras para Irrigação

O objetivo dos Manuais é apresentar procedimentos simples e eficazes para serem


utilizados na elaboração, execução, operação e manutenção de projetos de irrigação.

Os anexos 10, 11 e 12 do “Manual de Operação e Manutenção de Projetos de Irri-


gação” foram redigidos por técnicos do Instituto Interamericano de Cooperação para a
Agricultura - IICA. O anexo do “Manual de Avaliação de Pequenas Barragens” foi elabo-
rado pelo Grupo de Hidrometeorologia da Superintendência de Desenvolvimento do Nor-
deste - SUDENE, em convênio com o “Institut Français de Recherche Scientifique pour le
Developement en Cooperation” - ORSTOM.

Foram publicadas, separadamente, pelo IBAMA / SENIR / PNUD / OMM (Instituto


Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, Secretaria Nacional de Irrigação,
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Organização Meteorológica Mun-
dial), as “Diretrizes Ambientais para o Setor de Irrigação”. Estas diretrizes devem ser
seguidas em todas as etapas de planejamento, implantação e operação de projetos de
irrigação.

O Bureau of Reclamation agradece a gentil colaboração da CODEVASF (Compa-


nhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) e do DNOCS (Departamento Nacio-
nal de Obras Contra as Secas) pela disponibilização de informações sobre Leis e Normas
Técnicas Brasileiras.

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Classificação de Terras para Irrigação

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
1.1 Objetivo do MANUAL ..................................................................................... 8
1.2 Finalidade e Teoria da Classificação de Terras .................................................... 8
1.3 Definições ................................................................................................... 10

2 PRINCÍPIOS ......................................................................................................... 14
2.1 Previsão ...................................................................................................... 14
2.2 Correlação Econômica ................................................................................... 15
2.3 Fatores Permanentes e Mutáveis .................................................................... 16
2.4 Clima e seus Efeitos na Irrigação .................................................................... 16

3 PROCEDIMENTOS ........................................................................................ 18
3.1 Correlação dos Fatores Econômicos e Físicos ................................................... 18
3.1.1 Determinação do Plano de Cultivo e do Método de Irrigação .................. 19
3.1.2 Relação entre os Níveis de Produtividade e o Planejamento
para o Desenvolvimento da Terra ....................................................... 21
3.1.3 Relação entre os Custos de Desenvolvimento da Terra e
Outros Custos de Produção .............................................................. 21
3.2 Formulação das Especificações ...................................................................... 22
3.2.1 Limites Críticos para Deficiências em Relação ao Retorno Econômico ..... 22
3.2.2 Limites Críticos para Fatores Relacionados à
Permanência da Agricultura Irrigada Produtiva ..................................... 27
3.3 Considerações no Desenvolvimento do Projeto ................................................. 27
3.3.1 Níveis de Detalhes Necessários aos Objetivos do Estudo ....................... 28

4 DESCRIÇÃO DAS CLASSES DE TERRAS ................................................................. 36


4.1 Classes Básicas ........................................................................................... 36
4.1.1 Classes Aráveis ............................................................................... 36
4.1.2 Classes de Uso Especial ................................................................... 38
4.1.3 Classes Irrigáveis ............................................................................. 39
4.1.4 Subclasses Básicas .......................................................................... 39
4.2 Representação Cartográfica (Símbolos) ........................................................... 39
Símbolos para Terras Aráveis ......................................................................... 40
Símbolos para Uso Especial ou de Arabilidade com Limitações ........................... 43
Símbolos Provisórios ..................................................................................... 43
Não Aráveis ................................................................................................ 43
4.3 Avaliações Informativas ................................................................................ 43
4.3.1 Uso da Terra ................................................................................... 43
4.3.2 Produtividade .................................................................................. 44
4.3.3 Requerimentos para Desenvolvimento da Terra .................................... 44
4.3.4 Exigências de Água do Lote .............................................................. 44

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Classificação de Terras para Irrigação

4.3.5 Permeabilidade do Substrato ............................................................. 44


4.3.6 Avaliações Adicionais ...................................................................... 45
Deficiências de Solo ........................................................................ 45
Deficiências de Topografia ................................................................ 47
Deficiências de Drenagem ................................................................ 48

5 FATORES DE SOLO A SEREM CONSIDERADOS NA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS ....... 49


5.1. Fatores do Solo ............................................................................................ 49
5.1.1 Profundidade Efetiva ........................................................................ 49
5.1.2 Estrutura ........................................................................................ 50
5.1.3 Textura (Proporção das Frações Granulométricas) ................................ 50
5.1.4 Coeficiente de Contração Linear - COLE ............................................. 50
5.1.5 Matéria Orgânica ............................................................................. 51
5.1.6 Permeabilidade ao Ar e à Água .......................................................... 51
5.1.7 Condição Física (Capacidade de Cultivo) ............................................. 51
5.1.8 Concentração de Íon Hidrogênio ........................................................ 51
5.1.9 Características da Permuta de Cátions ............................................... 52
5.1.10 Mineralogia ..................................................................................... 53
5.1.11 Substâncias Tóxicas ........................................................................ 55
5.1.12 Morfologia do Solo .......................................................................... 55
5.1.13 Erodibilidade ................................................................................... 56
5.1.14 Salinidade e Sodicidade .................................................................... 56
5.1.15 Necessidade de Lixiviação ................................................................ 57
5.1.16 Equação de Lixiviação ...................................................................... 58
5.2 Relações Solo - Água .................................................................................... 59
5.2.1 Taxa de Infiltração ........................................................................... 59
5.2.2 Condutividade Hidráulica (Permeabilidade) .......................................... 59
5.2.3 Disponibilidade da Água nos Solos ..................................................... 60

6 ATIVIDADES DE CAMPO ....................................................................................... 61


6.1 Introdução ................................................................................................... 61
6.2 Orientação dos Trabalhos de Campo ............................................................... 62
6.3 Trabalhos de Classificação de Campo ............................................................. 62
6.3.1 Avaliação dos Solos ......................................................................... 63
6.3.2 Avaliação Topográfica ...................................................................... 63
6.3.3 Avaliação da Drenagem .................................................................... 68
6.3.4 Avaliação da Qualidade da Água ....................................................... 70
6.3.5 Anotações de Campo e Mapeamento ................................................. 71
6.3.6 Designações das Classes de Terra ..................................................... 72
6.4 Revisão do Trabalho de Campo ...................................................................... 76

7 CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DOS CUSTOS DE DESENVOLVIMENTO DA TERRA ...... 79


7.1 Preparação da Terra ...................................................................................... 79
7.1.1 Desmatamento ................................................................................ 79
7.1.2 Remoção de Pedras ......................................................................... 79
7.1.3 Nivelamento ................................................................................... 80
7.1.4 Escarificação e Aplainamento ............................................................ 80
7.1.5 Terraceamento ................................................................................ 81
7.2 Sistema de Distribuição no Lote ..................................................................... 81
7.2.1 Canalização ou Canais Laterais do Lote .............................................. 81
7.2.2 Bueiros .......................................................................................... 81
7.2.3 Bombas .......................................................................................... 81
7.2.4 Tubulação ...................................................................................... 81
7.2.5 Revestimento de Canais ................................................................... 82
7.3 Drenagem do Lote ........................................................................................ 82
7.3.1 Drenos Abertos Superficiais .............................................................. 82

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Classificação de Terras para Irrigação

7.3.2 Drenos Abertos Profundos no Lote .................................................... 82


7.3.3 Dreno de Manilhas ........................................................................... 82
7.3.4 Proteção contra Inundação ............................................................... 82
7.3.5 Poços Artesianos ............................................................................. 83
7.3.6 Poços Invertidos .............................................................................. 83
7.4 Melhoramento do Solo .................................................................................. 83
7.4.1 Lixiviação ....................................................................................... 83
7.4.2 Corretivos ...................................................................................... 83
7.4.3 Subsolagem (Periódica) .................................................................... 83
7.4.4 Cultivo Especial ............................................................................... 84
7.4.5 Fertilizante ...................................................................................... 84

8 INVESTIGAÇÕES ESPECIAIS E DADOS DE LABORATÓRIO NECESSÁRIOS .................. 85


8.1 Introdução ................................................................................................... 85
8.1.1 Solos Representativos (Locais Principais de Estudos) ............................ 86
8.2 Tipos de Investigações Especiais .................................................................... 87
8.2.1 Solos Salinos e Sódicos .................................................................... 87
8.2.2 Horizontes Endurecidos .................................................................... 89
8.2.3 Lençol Freático ................................................................................ 89
8.2.4 Qualidade da Água .......................................................................... 89
8.2.5 Água Disponível .............................................................................. 90
8.2.6 Calcário ......................................................................................... 91
8.2.7 Gesso ............................................................................................ 91
8.2.8 Formação de Crostas ....................................................................... 91
8.2.9 Baixa Densidade .............................................................................. 91
8.2.10 Leiaute do Lote ............................................................................... 91
8.3 Apoio de Laboratório .................................................................................... 92

9 DETERMINAÇÃO E LEVANTAMENTO DA ÁREA IRRIGÁVEL ....................................... 95

10 COMPILAÇÃO DE DADOS E PREPARAÇÃO DO RELATÓRIO ...................................... 97


10.1 Compilação de Dados ................................................................................... 97
10.2 Preparação do Relatório ................................................................................ 97

11 NECESSIDADES DE CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS NOS PROJETOS EM OPERAÇÃO ..... 98


11.1 Introdução ................................................................................................... 98
11.2 Alterações na Produtividade .......................................................................... 98
11.3 Alterações no Plano Cultural ou Método de Irrigação ......................................... 99
11.4 Avanços Tecnológicos .................................................................................. 99

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 100

ANEXOS .................................................................................................................... 101


ANEXO 1 - ESBOÇO GERAL DO RELATÓRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS
LEVANTAMENTOS SEMIDETALHADOS E DETALHADOS ................................ 102
ANEXO 2 - COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO ....................................................... 114
ANEXO 3 - CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DE TERRAS ........................................... 117
ANEXO 4 - TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A LICITAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A
CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO ........................................... 129
ANEXO 5 - MAPA DE RECLASSIFICAÇÃO DETALHADA DAS TERRAS ...................... 142

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Classificação de Terras para Irrigação

INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo do MANUAL


Este MANUAL foi preparado para servir de guia prático de referências a pedólogos
na execução de estudos de classificação de terras, com o objetivo de subsidiar o desen-
volvimento da irrigação nos Estados Unidos e em outros países. A finalidade deste docu-
mento é auxiliar o estabelecimento de uma uniformização da classificação de terras para
irrigação e demonstrar a adaptabilidade do sistema de classificação de terras utilizado
pelo “Bureau of Reclamation”.

Embora este guia seja mais útil para pedólogos, poderá ser também uma boa refe-
rência para qualquer pessoa envolvida com os métodos e objetivos da classificação de
terras.

O documento intitulado “Reclamation Instructions, Series 510 - Land Classification


Techniques and Standards”, publicado em setembro de 1982, detalha as políticas e pa-
drões de classificação de terras utilizados pelo Bureau of Reclamation. Embora abranja
algumas das informações incluídas na série 510, este documento se concentra mais no
detalhamento de operações de campo e na adaptação de princípios e técnicas às situa-
ções específicas encontradas globalmente.

1.2 Finalidade e Teoria da Classificação de Terras


A classificação de terras é feita primordialmente para obter informações necessá-
rias à delimitação das terras em áreas de classes aptas para irrigação, eliminando as
áreas inaptas nas condições econômicas prevalecentes.

Existem outras importantes utilizações para os dados obtidos na classificação de


terras. A área total irrigável, identificada mediante a classificação, serve como base para
se determinar a capacidade dos canais principais e secundários, estruturas e outros as-
pectos da engenharia relacionados à atividade da irrigação. Os dados da classificação
das terras também são usados para estabelecer as necessidades de água para os dife-
rentes tipos de solos, as perdas através da percolação, a eficiência da irrigação e para
definir o método de irrigação e o padrão de cultivo mais adaptado à área específica. As
necessidades de drenagem são definidas também pela classificação de terras.

A classificação de terras exige análise e avaliação das suas características físicas e


químicas, incluindo as características do solo e os aspectos topográficos e de drenagem.

Um grande volume de dados adicionais relativos a agronomia, economia e enge-


nharia é obtido e correlacionado com as características físicas e químicas das terras nas
diferentes designações de classes de terra. Avaliações informativas referentes ao uso da
terra, ao nível da produtividade mais recente e às variações dos custos de desenvolvi-

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Classificação de Terras para Irrigação

mento das terras são realizadas em todos os levantamentos para suplementar e susten-
tar as designações das classes e subclasses de terras. Avaliações informativas adicionais
de aspectos físicos e químicos específicos e de considerações econômicas são proporcio-
nadas conforme as necessidades. Outros dados relativos a solos, topografia, drenagem,
uso atual da terra, cobertura vegetal e demais fatores são coletados e apresentados nas
observações dos perfis incluídos em cada ficha de campo de classificação de terras. Os
resultados da classificação são utilizados em estudos econômicos e na análise dos bene-
fícios do projeto, a fim de se determinar a justificativa econômica para a sua implanta-
ção. Portanto, uma classificação de terras é fundamental para o sucesso técnico e econô-
mico de qualquer projeto de irrigação.

Conforme definida neste documento, a classificação de terras é uma avaliação


econômica dos recursos das terras, relativa à sua aptidão para agricultura sob irrigação.
Uma classificação econômica precisa levar em conta os fatores relacionados a produtivi-
dade, custos do desenvolvimento da terra e produção. Desenvolvimento agrícola sob
irrigação significa que a área a ser irrigada precisa continuar produzindo satisfatoria-
mente em bases permanentes. Esta interpretação exige que as condições de drenagem
sejam adequadas para manter as terras agricultáveis, a estrutura do solo e o balanço de
sais num nível tal que mantenham a produtividade da área e assegurem o sucesso do
projeto.

Análises orçamentárias das atividades agrícolas, que demonstram as condições


com e sem projeto, proporcionam os dados básicos necessários à definição das
especificações adequadas para a realização da avaliação da classificação das terras. Pelo
menos nos Estados Unidos, as classes econômicas de terras representam um meio de se
indicar a capacidade relativa das terras irrigadas de reembolsarem os custos alocados
no projeto ou de produzirem benefícios. A capacidade de pagamento é definida como o
resíduo calculado pela dedução, na análise orçamentária da atividade agrícola, dos re-
cursos suficientes para o sustento adequado da família, pagamento dos custos de pro-
dução (excluindo as despesas com a água de irrigação) e dos juros sobre o investimento
e de uma remuneração adequada. Em outros países, a análise financeira poderá ser feita
baseada na renda líquida parcelar, ao invés de na capacidade de pagamento. Ao mesmo
tempo, o parâmetro NIIB (Benefício Adicional Líquido da Irrigação) já foi proposto, por
alguns órgãos internacionais, como instrumento para a determinação da aptidão das
terras para irrigação por meio de uma análise econômica que ilustra os benefícios gera-
dos pela irrigação da área específica, em comparação com os custos do projeto de irriga-
ção. O parâmetro NIIB tem caráter conceitual, especialmente quando o governo federal
ou estadual é o responsável pelo pagamento dos custos do desenvolvimento parcelar.
Entretanto, é necessário se certificar de que a análise financeira comprova a viabilidade
das operações agrícolas individuais, e se assegurar da precisão da classificação feita no
campo, mediante o conhecimento antecipado e definitivo de detalhes específicos dos
aspectos do projeto.

Cada área escolhida para suportar um projeto de irrigação precisa ser estudada
como uma entidade independente, e as especificações para a sua classificação devem
ser desenvolvidas de tal forma que reflitam os níveis esperados de produção, os efeitos
dos fatores químicos e físicos, a infra-estrutura de comercialização, o uso atual e futuro
das terras e os tipos de empreendimentos. As especificações para a classificação das
terras, estabelecidas com base nestes fatores, permitem a separação das terras em cate-
gorias relativamente apropriadas, independentemente das análises de capacidade de
pagamento ou da renda líquida do lote. Assim, é possível que diversos cenários econô-
micos de atividade agrícola numa mesma área geográfica apresentem capacidades eco-
nômicas e especificações para classificações diferentes. As diferenças entre as
especificações para classificação entre os Estados Unidos e outros países podem ser tão
grandes a ponto de terras semelhantes, consideradas adequadas para irrigação em uma
área, serem inadequadas numa outra.

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Classificação de Terras para Irrigação

Entre os fatores que contribuem para a aptidão ou inaptidão de uma área, incluem-
se a duração do ciclo da cultura, as lavouras que podem ser cultivadas e os métodos de
irrigação adotados. Este princípio aplica-se particularmente às diferenças de classifica-
ção relativas aos custos permissíveis para o desenvolvimento das terras. Diferenças si-
milares podem existir num mesmo cenário econômico de atividade agrícola, quando
houver grandes variações nos custos de OM&R (operação, manutenção e reposição)
dentro do projeto.

Os fatores básicos das terras que integram uma classe de terra, e que determinam
a sua capacidade para gerar rendimentos ou benefícios, são: capacidade produtiva (in-
cluindo os custos de produção), custos de desenvolvimento da terra e custos de drena-
gem. Com base nesses itens, as terras são separadas em categorias apropriadas que
indicam a sua aptidão para irrigação.

Nos procedimentos normais do “Bureau of Reclamation”, as terras classificadas


como aptas para irrigação são denominadas terras aráveis. Na classificação dessas ter-
ras, normalmente supõe-se que a água possa ser entregue a cada área arável de forma
viável. Entretanto, é mais fácil se distribuir água para algumas áreas do que para outras.
Os custos de distribuição de água às diversas parcelas na área do projeto só podem ser
determinados, com precisão, após a complementação do estudo do leiaute da rede de
canais do projeto e da determinação da viabilidade da entrega de água de irrigação para
cada principal incremento de área. Além disso, os custos de drenagem, quando esta é
considerada um custo de projeto, necessários para manter a produtividade da área, de-
vem ser considerados da mesma forma que os custos com a rede de distribuição de
água.

Os procedimentos para a formulação dos planos são normalmente utilizados após


a identificação das áreas aráveis, para que sejam determinadas as terras a serem irrigadas
(área irrigável). Na determinação da área irrigável, cada setor do projeto (incremento)
deve ser estudado e incluído somente quando for considerado um benefício para o pro-
jeto como um todo (maximização dos benefícios do projeto). Na formulação do plano do
projeto, é necessário que haja cooperação entre os engenheiros, hidrólogos e economis-
tas. Freqüentemente, os estudos mostram que algumas áreas de terras aráveis não po-
dem ser supridas de água pelo projeto, devido aos custos excessivos. Embora, na maio-
ria dos casos, uma alta percentagem de terras aráveis possa ser suprida de água, a área
irrigável é quase sempre menor do que a área arável, quando os procedimentos anterior-
mente descritos são utilizados. A aplicação do parâmetro NIIB, já citado, resulta numa
aproximação da área irrigável concomitantemente com a conclusão dos estudos iniciais
de campo. Entretanto, mudanças nos aspectos do projeto, durante o processo de plane-
jamento, ou estimativas mais precisas dos custos do projeto, na medida em que mais
dados são obtidos, podem produzir alterações nas especificações das classes de terras e
a conseqüente necessidade de sua reclassificação.

A concepção de área produtiva, embora menos importante para a classificação, é


fator relevante no arranjo do sistema de irrigação. Trata-se de terras que estão sendo
exploradas, porém em áreas menores do que as áreas irrigáveis, em conseqüência das
perdas de terreno com estradas, drenos, edificações diversas, etc. A área produtiva é a
base para a determinação da renda líquida do lote e para o dimensionamento do canal
principal e lateral.

1.3 Definições

Para se entender este sistema bastante especializado, é necessário definir alguns


termos. As definições a seguir são bastante especializadas, e algumas palavras ou frases
não têm os mesmos significados encontrados em dicionários, ou mesmo em outras áre-
as de estudo relacionadas com solos.

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Classificação de Terras para Irrigação

„ Solo - Definido como : (a) o material mineral inconsolidado na superfície da terra,


que serve de meio natural para o desenvolvimento das plantas; e (b) o material
mineral consolidado na superfície da terra que tem sido submetido e modificado
por fatores genéticos e ambientais da rocha matriz, do clima, de seres vivos e da
topografia, todos atuando ao longo do tempo, resultando num produto diferente
do material de origem, em relação a muitas propriedades e características físicas,
químicas, biológicas e morfológicas. Este é apenas um dos componentes da terra.
Nas regiões áridas, onde o solo não é bem desenvolvido, prefere-se a definição (a).
„ Levantamento do Solo - Compreende a análise, a descrição, a classificação e o
mapeamento sistemático dos solos, numa área específica. Em geral, a classifica-
ção genética e morfológica baseia-se no sistema proposto pela “Soil Taxonomy”
[1]1, e é realizada normalmente nos Estados Unidos por órgãos vinculados ao NCSS
(Cooperativa Nacional de Levantamento de Solos).
„ Classificação de Solos - É o agrupamento sistemático dos solos em classes, em
uma ou mais categorias, com um objetivo específico.
„ Terra - Todo o meio ambiente natural e cultural que sustenta a produção. É um
termo mais abrangente do que solo. Além do solo, abrange vários atributos do
meio físico, tais como: propriedades do substrato, drenabilidade, clima, abasteci-
mento de água, topografia, cobertura vegetal; localização em relação aos centros
de comercialização, povoados e outras terras ocupadas; tamanho dos lotes e da
área; e benfeitorias.
„ Classificação de Terras - Um termo generalizado que se refere à avaliação siste-
mática das terras e à sua designação por categorias, com base em características
similares para um objetivo específico. Este termo é usado, em geral, pelo “Bureau
of Reclamation” para se referir ao conceito definido mais especificamente como
“avaliação da aptidão das terras para agricultura sob irrigação ou classificação de
terras para irrigação”.
„ Classificação de Terras para Irrigação - É a avaliação sistemática das terras e
sua designação por categorias ou classes, com base em características físicas, quí-
micas e econômicas similares, em relação à sua aptidão para agricultura irrigada,
a nível de imóvel rural e do projeto de irrigação, de acordo com um plano de de-
senvolvimento dos recursos hídricos e da terra.

A aptidão agrícola das terras para irrigação implica na expectativa de obtenção de


uma produção razoável, permanente e lucrativa (sujeita a intempéries), sob irrigação. É
medida em termos da estimativa dos custos da mão-de-obra, gerenciamento e capital,
incluindo os custos do desenvolvimento das terras do imóvel rural. Representa uma
identificação econômica e física das terras em categorias, isto é, as classes de terras são
definidas em termos econômicos (normalmente referem-se à renda líquida do imóvel
rural ou a sua capacidade de pagamento).

„ Terra Arável - É a terra que, quando cultivada em unidades de tamanho adequa-


das às condições climáticas e ao cenário econômico prevalecente e suprida com
as benfeitorias essenciais a um imóvel rural, como desmatamento, nivelamento,
recuperação e melhoramento dos solos, drenagem e instalação do sistema de irri-
gação, produzirá renda suficiente, com a utilização da irrigação, para custear todas
as despesas de produção; proporcionará um retorno razoável para mão-de-obra,
gerenciamento e capital; e normalmente pagará os custos de operação, manuten-
ção e reposição dos equipamentos de irrigação e drenagem do projeto.
„ Área Arável - Engloba todas as áreas delineadas na classificação de terras, as
quais proporcionarão renda suficiente para se levar em consideração o desenvol-
vimento da irrigação.

1 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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Classificação de Terras para Irrigação

„ Terra Irrigável - É a área sob um plano específico, onde a água está ou poderá
tornar-se disponível, e que possua ou planeja-se prover com irrigação, drenagem,
proteção contra enchentes e outras instalações necessárias a um projeto de irriga-
ção. O plano, que visa a proporcionar serviços de irrigação à área, precisa ser viá-
vel em termos de engenharia e atender os requisitos estabelecidos pela autorida-
de responsável pelo desenvolvimento dos recursos hídricos e de terra da área em
estudo ou pela instituição financeira responsável pelo financiamento do projeto.
„ Área Irrigável - Compreende a porção da área arável, que possui ou possuirá um
manancial e um sistema de drenagem, quando necessário, pertinentes à fase final
de desenvolvimento do projeto em questão. Á delineada dentro de uma área ará-
vel, mediante a análise de quaisquer limitações impostas pelo abastecimento
d’água, pelos custos das instalações e do fornecimento dos serviços a áreas espe-
cíficas e das terras necessárias para faixas de domínio e outras finalidades não
produtivas.
„ Renda Líquida - É a renda obtida após a dedução, da receita bruta da venda de
produtos agropecuários, de todos os custos de produção, incluindo os juros sobre
o capital tomado como empréstimo e a depreciação. Representa o retorno recebi-
do pelo agricultor sobre o capital investido, o gerenciamento e a mão-de-obra,
bem como sobre a água de irrigação fornecida pelo projeto. Pode ser também
considerada como o retorno não diferenciado de todos os fatores de produção não
cotados, incluindo a água de irrigação e outros serviços fornecidos ao produtor,
pelo projeto, quando analisados de um ponto de vista da economia global.
„ Capacidade de Pagamento - Conforme utilizado nos Estados Unidos, este ter-
mo significa a renda remanescente disponível para o pagamento das tarifas de
água, após a dedução da renda líquida do agricultor, do seu capital de investimen-
to, gerenciamento, mão-de-obra e mão-de-obra familiar. É a renda líquida que ex-
cede o valor necessário para proporcionar um padrão de vida adequado à família
do agricultor.
„ Terra Produtiva - É a porção máxima da área irrigável sob cultivo irrigado, a qual
fornece os subsídios para a determinação das necessidades de água, das capaci-
dades dos canais e das capacidades de pagamento. Esta área será menor do que a
área irrigável do projeto ou unidade. A diferença entre elas depende dos sistemas
de irrigação individualizados, da intensidade de cultivo e das outras necessidades
específicas da atividade agrícola. Esta diferença precisa ser determinada para cada
projeto em questão.
„ Terras com Irrigação Completa - É a terra irrigável que recebe ou receberá um
fornecimento individualizado, e em geral adequado, de irrigação através de obras
ou instalações a serem construídas.
„ Terras com Irrigação Suplementar - É a terra irrigável que recebe ou receberá
um fornecimento adicional ou reorganizado de água de irrigação, através de obras
ou instalações a serem construídas.
„ Área Bruta Classificada - Abrange todas as terras mapeadas e classificadas
num dado levantamento.
„ Classe de Terra - É a designação de uma mancha de terra, num projeto específi-
co, que possui características de solo, topografia e drenagem tais que resultam
num nível econômico similar em sua aptidão para irrigação. As classes de terras
são mutuamente excluentes, isto é, os fatores pertinentes a cada classe são arran-
jados em grupos discretos, distintos e definidos na classificação, e representam
níveis de capacidade de pagamento e de renda líquida.
„ Subclasse - É uma subdivisão de uma classe de terra que identifica os tipos de
deficiências, quando ocorrem.
„ Avaliação Informativa - É uma avaliação de parâmetros selecionados e relacio-
nados com a terra, visando a fornecer informações adicionais para fins de planeja-
mento, desenvolvimento e operação de projetos de irrigação.

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Classificação de Terras para Irrigação

„ Precisão - Refere-se ao grau de erro permitido na identificação das classes e


subclasses de terras, e na localização dos limites destas em fotografias aéreas e/ou
mapas-base adequados. Não é necessariamente expressa em termos percentuais.
Considera-se que uma classificação de terras a nível detalhado tenha uma preci-
são de 100%, que é utilizada por todos os outros níveis de levantamento para clas-
sificação de terras como referência de precisão.

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Classificação de Terras para Irrigação

PRINCÍPIOS

Existem três princípios básicos que regem o caráter da classificação de terras, tor-
nando-a diferente do levantamento comum de solos ou de outros sistemas taxonômicos
(é importante recordar que a classificação de terras considera todos os princípios relaci-
onados com a “terra” e não apenas aqueles relacionados com os “solos”). Estes princí-
pios e suas inter-relações estão descritos a seguir. Embora não seja um dos três princípi-
os básicos, as influências climáticas têm efeito bastante significativo na aplicação destes
(especialmente pelas aplicações em outros países) e, por isso, serão discutidas separa-
damente neste capítulo.

2.1 Previsão

A classificação deve resultar em classes discriminadas que expressem as interações


terra-água-cultura, bem como as interações econômicas que existirão após o desenvol-
vimento do projeto, independentemente de o mesmo ser um empreendimento de irriga-
ção em larga escala, que inclua milhares de hectares, ou um projeto muito menor envol-
vendo uma pequena comunidade ou vila, servindo-se de um pequeno reservatório ou
poço. Isto envolve a identificação e a avaliação das mudanças que ocorrem num sistema
de irrigação, e que, normalmente, produzem alterações no equilíbrio ecológico entre
água, terra, vegetação, fauna e homem.

As terras selecionadas para irrigação devem ser permanentemente produtivas no


sistema de irrigação preestabelecido. As pressupostas mudanças físicas e químicas de-
vem ser identificadas e avaliadas, cuidadosamente, em relação à capacidade produtiva
das terras e às implicações econômicas relacionadas aos níveis de renda para os agricul-
tores e/ou para a comunidade.

A avaliação mencionada deve ser feita considerando-se as previsões relativas aos


seguintes itens:

„ Fatores químicos e físicos do solo e subsolo;


„ Características e condições do substrato;
„ Drenagem superficial e, especialmente, drenagem interna;
„ Qualidade da água de retorno;
„ Uso e manejo da terra;
„ Necessidades de água;
„ Produtividade do solo após o preparo com possíveis modificações do perfil;
„ Risco de enchentes;
„ Erosão;
„ Necessidade de adubação ou correção dos solos;
„ Produtividade do solo após a lixiviação.

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2.2 Correlação Econômica

A correlação econômica relaciona, num determinado cenário, fatores físicos e quí-


micos dos solos, topografia e drenagem aos fatores econômicos associados.

Os padrões de cultivo, os níveis de produtividade, os métodos ou práticas de


irrigação, as necessidades de água, os insumos necessários à produção e os custos de
desenvolvimento da terra, previamente estabelecidos, são fatores que podem ser ex-
pressos em termos econômicos e que influenciam a real aptidão das terras para irriga-
ção.

A classificação de terras deve basear-se em alguns parâmetros, especificados de


modo a medir a sua produtividade. O padrão de medida para a produtividade da terra é
a renda líquida do lote, composta da renda bruta menos todos os custos de produção.
Um aperfeiçoamento subseqüente utilizado nos estudos de classificação das terras nos
Estados Unidos é a utilização da capacidade de pagamento como medida de produtivi-
dade. Nos países em desenvolvimento, pode ser mais apropriado se enfatizar, de início,
a eliminação das terras que não contribuirão para justificar economicamente o projeto,
com uma demonstração posterior de que o cultivo das terras selecionadas será financei-
ramente viável (conceito NIIB já mencionado).

É necessário cuidado no emprego do conceito NIIB, visto que este engloba a de-
signação da maioria dos custos do “projeto”, como função da classe de terra, pois, basi-
camente, supera a fase de determinação da arabilidade, no procedimento normal do
“Bureau of Reclamation”, e no mapeamento das terras irrigáveis no campo, no início do
processo de classificação. Este processo será efetivo ou eficiente, somente quando hou-
ver um plano de projeto bem elaborado e detalhado, já formulado, porquanto quaisquer
mudanças significativas nos aspectos do projeto, e nos custos relacionados a esses as-
pectos, podem resultar em necessidades significativas de reclassificação. Esta
reclassificação poderá resultar na necessidade de reformulação do projeto. Em conseqü-
ência, o “Bureau of Reclamation” considera importante, pelo menos em termos
conceituais, se determinarem, primeiramente, a natureza e a extensão do recurso de
terras aráveis, o que exige uma determinação inicial do plano cultural e de irrigação, bem
como um nível mínimo de conhecimento geral antecipado dos aspectos do projeto. Este
é um passo distinto que permite aos projetistas operarem com maior flexibilidade e ve-
locidade na determinação do plano mais desejável. O plano do projeto determina a área
irrigável.

Portanto, a decisão mais importante para a classificação das terras é, em geral, a


demarcação das terras aráveis e não aráveis. Nos Estados Unidos, o nível mínimo de
produtividade necessário para classificar as terras como aráveis é aquele em que a pro-
dução proporciona recursos suficientes para pagar os custos médios anuais de manu-
tenção e operação do projeto. Porém, a escolha deste critério é meramente um reflexo
da política de participação nos custos para projetos federais nos Estados Unidos, que
necessitam do pagamento da água de irrigação do projeto, para cobrir os custos anuais
de operação e manutenção e, mais ainda, o máximo dos custos de construção possível.
A escolha de parâmetros para a produtividade da terra, e do nível mínimo aceitável de
produtividade para terras aráveis, varia de um país para outro, dependendo de que quantia
dos custos do projeto deverá ser repassada aos agricultores, e também do que é consi-
derado um nível mínimo adequado de retorno por hectare para os agricultores, pelo seu
trabalho, gerenciamento e investimento.

O termo “renda líquida parcelar” é usado neste MANUAL para expressar a medida
de produtividade da terra por ser, talvez, o de maior utilidade, internacionalmente.

A capacidade definitiva da terra, no contexto de um sistema de irrigação, de pro-


duzir renda, é uma medida da adequação relativa das terras para a irrigação. Uma vez

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Classificação de Terras para Irrigação

que as classes de terras estão definidas como entidades econômicas, desenvolve-se uma
série de especificações que correlacionam os fatores econômicos com as características
das terras da área. Os intervalos admitidos para estas características variam de acordo
com a natureza da área em estudo. Essas características são discutidas, com maior
detalhamento, nas seções seguintes deste MANUAL.

2.3 Fatores Permanentes e Mutáveis

Este princípio admite a existência, no âmbito de um projeto ou área de desenvolvi-


mento, de aspectos ou características sujeitos à modificação sob irrigação, bem como de
outros que não sofrerão tal influência. É necessário se identificarem o tipo e a abrangência
das alterações esperadas, e se determinar o impacto econômico dessas alterações, em
relação aos níveis de produtividade, custos de desenvolvimento, necessidades de mão-
de-obra, necessidades de adubações e melhoramentos de solos, etc. Os fatores essenci-
ais, normalmente considerados como permanentes, incluem: textura; profundidades até
a camada arenosa, cascalho, calhau ou rocha-matriz; profundidades até a camada de
carbonato de cálcio, argipã, duripan; e macrorrelevo.

Muitos fatores da terra são mutáveis a um custo específico, incluindo a profundi-


dade do solo, a salinidade, a sodicidade, a acidez titulável, o alumínio trocável, a profun-
didade do lençol freático e o microrrelevo. Entretanto, tais mudanças podem ser econo-
micamente inviáveis, quando seus custos são analisados em relação ao tipo e à escala
de produção esperada das culturas, e aos benefícios decorrentes e/ou ao nível de renda
líquida do lote. Portanto, é necessária uma comparação entre os resultados econômicos
obtidos e as medidas corretivas e a decisão de não se efetuarem as correções das defici-
ências e de se aceitar o conseqüente decréscimo nos níveis de produtividade e/ou au-
mentos nos custos de produção.

2.4 Clima e seus Efeitos na Irrigação

O clima exerce influência significativa na aptidão das terras para irrigação. As ca-
racterísticas do solo, as condições de drenagem, a distribuição da vegetação nativa e a
adaptação das culturas são fatores relacionados ao clima. Em menor vulto, o clima tam-
bém influencia o relevo da superfície da terra. Esses fatores afetam as necessidades da
área, o tipo de plano formulado, o desenho das instalações e os impactos econômicos
relativos à irrigação. Sendo assim, as terras consideradas irrigáveis poderão ter caracte-
rísticas e qualidades diferentes, em relação a cenários climáticos diversos.

Clima, terra, economia e fatores sociais interagem ao longo do tempo, expressan-


do-se em vários modelos de parcelas irrigadas. Enquanto o clima e a terra, numa propor-
ção menor, contribuem dando estabilidade a estes modelos, os fatores econômicos e
sociais provocam mudanças dinâmicas nos modelos, ao longo do tempo. Assim, os fa-
tores físicos ambientais, incluindo o clima, determinam as culturas aptas, enquanto os
fatores econômicos e sociais determinam o que é cultivado. Portanto, uma série de su-
posições, apropriadamente formuladas, relacionadas aos padrões de cultivo e sistemas
de manejo, são consideradas fundamentais no planejamento de um projeto de irrigação.

A escolha deve considerar: (a) qualidade das terras aptas para irrigação; (b) neces-
sidade de água e eficiência da irrigação; (c) desenho e capacidade do sistema de distri-
buição de água do projeto; (d) desenho e capacidade do sistema de irrigação do lote; (e)
necessidade de drenagem superficial e subsuperficial; (f) profundidade mínima de ma-
nutenção do lençol freático; (g) necessidade de lixiviação de sais e o seu ponto de equi-
líbrio; (h) insumos necessários e produção na parcela; e (i) viabilidade e justificativa do
projeto. É necessário se obterem muitos dados, se fazerem análises e se ter bom senso
para adequar o projeto ao clima e ao cenário econômico.

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Classificação de Terras para Irrigação

Onde ocorre uma ampla faixa de adaptação de culturas, deve-se ter bastante folga
no projeto do sistema de distribuição e drenagem, para permitir qualquer mudança no
plano cultural.

As condições climáticas também podem variar de uma estação para outra. Dessa
forma, a alteração do clima, de um ano para outro, é de suma importância na definição
do plano cultural e do projeto do sistema.

Os fatores climáticos não estão entre os itens das especificações para a classifica-
ção das terras, embora sejam uma consideração importante no valor das terras para
irrigação. Normalmente, as condições climáticas não apresentam diferenças significati-
vas dentro da área de um projeto, e podem ser perfeitamente definidas por um conjunto
de especificações. Entretanto, poderão ocorrer exceções, como no caso de projetos com
elevações extremas, tendo como conseqüência variações climáticas apreciáveis, que
poderão influenciar a aptidão das terras, tornando-se necessária a preparação de dois
grupos de especificações, ou um só grupo, que reflita as variações climáticas.

Existem casos isolados onde o microclima poderá ser significativo; nestas circuns-
tâncias, poderão ser incluídos itens referentes às situações microclimáticas nas
especificações. O exemplo mais comum, em que um fator microclimático é relevante,
está no efeito da drenagem do ar no fenômeno da geada em culturas sensíveis. Podem
existir situações de terras em altitudes elevadas ou em declive, onde o efeito da geada é
menos intenso, pelo fato de o ar mais frio permanecer nas terras mais baixas e planas.

Apesar de o clima ter efeitos definidos nas características das terras, a sua mais
importante influência na aptidão das terras para irrigação reside na variabilidade das
culturas permitidas pelos fatores climáticos num certo projeto, a qual, por sua vez, influ-
encia bastante o retorno econômico da terra sob um regime de irrigação. As classes das
terras e o limite mínimo permissível para ser arável dependem destes retornos econômi-
cos.

Alguns dos aspectos climáticos mais importantes que influenciam a aptidão das
terras para irrigação são: (a) duração da época de cultivo; (b) temperatura; (c) quantida-
de, intensidade e distribuição da precipitação; (d) velocidade dos ventos; (e) tempesta-
des de granizo e/ou de vento; (f) umidade; e (g) duração do dia.

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Classificação de Terras para Irrigação

PROCEDIMENTOS

Os princípios abordados no Capítulo 2 e suas adequadas aplicações resultarão


numa classificação de terras consistente e fundamentada, de acordo com sua aptidão
para irrigação; entretanto, é nesta aplicação “adequada” que a ocorrência de erros é
mais provável. É importante que os procedimentos usados na aplicação destes princípi-
os sejam amplamente examinados.

Este capítulo aborda como os princípios são aplicados nas situações de campo.

3.1 Correlação dos Fatores Econômicos e Físicos

Este processo, brevemente citado no Item 2.2, envolve a relação existente entre os
fatores físicos e químicos da terra e os retornos econômicos previstos em um projeto.

Existem várias características físicas (textura, estrutura, etc.) e químicas (salinidade,


sodicidade, etc.) do solo que influenciam a adaptabilidade e a produtividade das cultu-
ras, como também os custos de produção. Além destas, há outras características físicas
e químicas das terras, as quais não são exclusivamente relacionadas ao perfil do solo.
Estas características físicas (declive, permeabilidade do subsolo, etc.) e químicas (a
sodicidade afetando a drenagem interna, etc.) podem também influenciar a produtivida-
de, o custo de desenvolvimento da terra para irrigação e os custos de produção. Estas
propriedades e seus efeitos, quando forem identificados e suas dimensões avaliadas em
termos econômicos relacionados às mudanças que acarretam na renda líquida do lote,
tornar-se-ão a base da classificação das terras para irrigação.

Por conseguinte, será feito um prognóstico. As interações entre solo e água, de-
senvolvimento da terra e práticas culturais intensivas acarretarão, com o tempo, mudan-
ças que devem ser previstas e cuidadosamente avaliadas, para que a classificação final
tenha alguma validade e utilidade. A avaliação destas mudanças requer uma abordagem
razoavelmente precisa do tipo de desenvolvimento que irá ocorrer, como, por exemplo,
o plano de cultivo a ser adotado, o tipo do sistema de abastecimento de água do projeto,
o sistema de distribuição de água às parcelas e a dimensão do sistema de drenagem
necessário.

Como parte do processo de previsão das futuras condições de operação do proje-


to e para se realizar uma avaliação exata de sua viabilidade econômica, deve-se conside-
rar o modo pelo qual as deficiências das terras são tratadas, como foi discutido breve-
mente no Item 2.3 deste MANUAL. Algumas deficiências das terras podem ser corrigidas.
A decisão de corrigir ou não uma deficiência da terra é usualmente econômica, em pri-
meira instância. Cada deficiência, caso seja corrigida ou não, requererá uma abordagem
orçamentária um pouco diferente. Se as deficiências forem corrigíveis, as condições de
produtividade e a demanda geral de mão-de-obra por hectare para qualquer classe serão
similares às da Classe 1. A separação das classes de terras sob este prisma resulta das

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Classificação de Terras para Irrigação

variações no investimento para uma produção similar. A experiência nos Estados Uni-
dos indica que os agricultores se dispõem a investir considerável soma no desenvolvi-
mento de suas terras, para minimizar os custos de mão-de-obra com a irrigação, caso a
produtividade possa alcançar níveis semelhantes aos das terras de Classe 1; porém, este
não é o caso nos países em desenvolvimento. Estudos orçamentários do lote mostram
as limitações no investimento com a produtividade dos solos, em detrimento das condi-
ções econômicas do projeto. As deficiências sem possibilidades de correção, tais como
as dos solos rasos, reduzem a produtividade e a renda da parcela abaixo dos níveis
definidos para Classe 1 e, dessa forma, indica-se o enquadramento numa classe de ter-
ras inferior. Essencialmente, uma decisão econômica é tomada antes de se fazer um
investimento inicial alto, para corrigir ou não uma deficiência do solo. Existem duas
opções: a primeira seria corrigir a deficiência e, conseqüentemente, obter maior produti-
vidade e redução dos custos de produção; a segunda seria não corrigir a deficiência, e
assim obter ou menor produtividade e/ou maiores custos de produção. Se a deficiência
for muito severa, talvez não seja viável aceitar qualquer uma destas alternativas. Portan-
to, se nenhuma das alternativas for economicamente aceitável, a terra será considerada
inapta para irrigação.

A correlação dos fatores econômicos e físicos é um processo iterativo, que exige


ajustes e refinamentos quanto mais disponíveis se tornam os dados de campo. Inicial-
mente faz-se uma aproximação, na qual se utilizam dados secundários apropriados, com-
parações com áreas similares e estudos de campo de baixa intensidade, para determinar
os fatores físicos e químicos mais importantes da terra e relacionar os conseqüentes
impactos econômicos. Neste processo, certas proposições são feitas e testadas, enquan-
to se acumula experiência de campo.

Nesta correlação, deve-se considerar certas relações básicas em todos os níveis de


estudo. Um tratamento mais detalhado destas relações é apresentado a seguir.

3.1.1 Determinação do Plano de Cultivo e do Método de Irrigação

Esta determinação, ou a apresentação de uma proposta razoavelmente precisa,


deve ser feita logo no início do processo de classificação das terras. Este é um método
similar àquele descrito pela FAO (Food and Agriculture Organization) das Nações Uni-
das, para a seleção do LUT (Tipo de Uso da Terra); porém, o modo como é utilizado pelo
“Bureau of Reclamation” requer uma pré-seleção com, relativamente, poucas alternati-
vas.

A escolha do plano cultural e do método de irrigação é, às vezes, óbvia; porém, pode


tornar-se complexa, dependendo das características do projeto e do país em que o mesmo
será localizado. Certas condições físicas e biológicas, como clima, características dos so-
los, suprimento de água e topografia, selecionam as culturas com adaptabilidade às condi-
ções físicas na área do projeto. Se pudessem escolher, os agricultores plantariam as cultu-
ras mais rentáveis entre as pré-selecionadas. Porém, existem inúmeros fatores que afetam
a rentabilidade das culturas, ou até restringem sua escolha. Por exemplo, a restrição do
mercado para os produtos agrícolas provenientes dos projetos pode ser, em alguns casos,
consideração importante. A fruticultura e a olericultura freqüentemente possuem o maior
potencial lucrativo. Entretanto, estes produtos são cultivados, em geral, numa pequena
percentagem de área dos projetos, o suficiente para esgotar o mercado disponível. Isto se
deve à falta de transporte, à infra-estrutura de processamento ou à competição com outras
áreas produtoras.

Os agricultores podem diminuir a área destinada ao cultivo de produtos mais no-


bres devido aos maiores riscos destas culturas, relativos às flutuações severas de preço,
e à maior susceptibilidade às doenças e pragas do que as culturas básicas. Pode haver
limitações também pela falta de capital para investimento e capital de giro. Algumas

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Classificação de Terras para Irrigação

vezes, é necessário promover uma rotação de culturas de menor rendimento para redu-
zir a erosão do solo, recuperar sua fertilidade ou controlar doenças e pragas.

Embora todos os fatores citados possam ser importantes em alguma ocasião, a


seleção de culturas é geralmente simples. Em geral, a seleção se limitará a uma ou mais
culturas de cereais, ou talvez à forragem para a pecuária. O mercado e o risco do cultivo
podem não ser fatores preponderantes, e talvez o plano cultural seja apenas uma forma
de planejar adequadamente uma combinação de culturas de maior rentabilidade, consi-
derando-se a rotação de culturas no controle de doenças e pragas. Um país poderá ter
uma clara vantagem, comparado a outros, para plantar certa cultura para exportação, e é
óbvio que as terras do projeto serão utilizadas para aquele propósito.

Deve-se ter segurança na elaboração do plano cultural para se assegurar que não
se destinará uma percentagem das terras cultiváveis a culturas nobres, além do que a
realidade de mercado recomenda. Superestimar o potencial da produção agrícola para
reforçar a justificativa econômica do projeto e aumentar as chances de obter financia-
mento para o projeto pode ser desastroso para o sucesso dos agricultores e para a segu-
rança financeira do projeto. Com o objetivo de preparar especificações para classificação
de terras, os estudos econômicos devem, em geral, assumir o uso da terra e o tamanho
das propriedades ou parcelas como sendo idênticos, para evitar erros ou confusões que
estes itens podem causar, se forem adotados valores com grande flutuação.

Contudo, uma vez iniciada a classificação, estudos adicionais baseados em condi-


ções variáveis de empreendimentos, uso da terra e tamanho das propriedades podem
ser necessários para mostrar a expectativa de variação destes, e a sua importância rela-
tiva para os benefícios esperados.

Se as condições de projeto são tais que os solos da Classe 3 possuem textura


muito diferente da dos solos das Classes 1 e 2, e a experiência tem mostrado que diferen-
tes padrões de cultivo poderão se desenvolver nestas terras. O orçamento elaborado,
com objetivo de desenvolver as especificações para classificação de terras, deve repre-
sentar, adequadamente, estas variáveis. Se as condições do solo limitarem as produtivi-
dades das culturas e, conseqüentemente, os seus rendimentos, isto pode significar que
será indispensável uma parcela maior para produzir a renda líquida necessária para as
terras serem consideradas aráveis.

A escolha do método de irrigação é normalmente tarefa simples e direta. O plano


de cultivo, as características do solo, a topografia e a experiência local normalmente
indicam o método que deverá ser usado e os aspectos específicos do sistema, como o
comprimento dos sulcos e a vazão.

Caso não haja uma escolha evidente, fornecida pelos fatores já citados, deverá se
fazer uma análise dos custos anuais de métodos alternativos para se selecionar o méto-
do de custo menor. Os custos de investimento para desmatamento, sistematização, cons-
trução de valas e diques deverão ser incorporados aos seus juros anuais equivalentes e
aos custos de depreciação. Todos os custos anuais que variam entre os métodos de
irrigação devem ser estimados e adicionados ao custo anual de capital. Alguns exem-
plos de fatores de custos anuais que podem variar entre os sistemas de irrigação são:
manutenção, mão-de-obra e vida útil das máquinas. Os custos anuais, independente do
método de irrigação escolhido subseqüentemente, são usados nas análises econômicas
dos rendimentos e benefícios da parcela.

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Classificação de Terras para Irrigação

3.1.2 Relação entre os Níveis de Produtividade e o Planejamento para o


Desenvolvimento da Terra

Sempre haverá uma escolha entre melhorar a produtividade, ao custo de um in-


vestimento adicional no desenvolvimento da terra, e aceitar produtividades menores e
acumular capital para investir em tecnologias mais sofisticadas.

Uma situação muito comum é a de produtividades baixas em função de distribui-


ção deficitária de água, em conseqüência de superfícies desniveladas. A sistematização
do terreno incrementará a produtividade, mas tão-somente ela não é suficiente para que
tal fato ocorra. A maneira de avaliar se este tipo de investimento compensa ou não seria
comparar o custo anual do investimento do desenvolvimento da terra com o aumento na
renda líquida anual proveniente de um aumento na produção. O aumento na renda líqui-
da anual é verificado pela diferença entre o valor bruto do incremento de produção (pre-
ço x quantidade) e o aumento nos custos de produção acarretado pelo incremento desta.
A variação nos custos de produção usualmente inclui apenas os custos variáveis para
sementes, fertilizantes e colheita.

Supondo-se que se possa aumentar a produtividade do arroz em 10%, passando


de 5.670 kg/ha para 6.237 kg/ha, simplesmente através da sistematização do terreno,
pelo custo de US$ 500/ha. O preço do arroz é de US$ 0.22/kg e os custos variáveis de
produção são de US$ 0.088/kg. O aumento potencial do rendimento líquido, devido ao
nivelamento, é de US$ 75/ha (US$ 0.132 x 567 kg).

Os custos da sistematização são de US$ 500/ha e deverão ser pagos num prazo de
30 anos, com juros de 12 por cento. A amortização do débito será de US$ 62/ha/ano, o
que é inferior ao aumento do rendimento líquido do lote devido à sistematização. Portan-
to, neste exemplo hipotético, o investimento para os custos de desenvolvimento das
terras seria economicamente justificável. Neste exemplo, assumiu-se que o agricultor
financiou os custos de desenvolvimento da terra. Se o investimento para o desenvolvi-
mento da terra fosse considerado um custo de projeto, seriam utilizadas a vida útil do
nivelamento - supondo que seja 50 anos - e a taxa de juros avaliada para o projeto.
Contudo, o critério básico de avaliação é essencialmente o mesmo: o custo anual do
investimento no desenvolvimento da terra deve ser menor do que o aumento no rendi-
mento líquido do lote anual, proveniente da maior produtividade.

3.1.3 Relação entre os Custos de Desenvolvimento da Terra e Outros Custos de


Produção

Há casos em que investimentos adicionais no desenvolvimento da terra não terão,


como conseqüência, o aumento da produtividade, mas reduzirão outros custos de pro-
dução. Suponha-se, por exemplo, que exista a alternativa de revestir ou não os canais
principais com concreto. Os canais revestidos de concreto custarão US$ 200 a mais do
que os canais de terra. A amortização anual do débito será calculada nos mesmos ter-
mos do exemplo anterior e será de US$ 25/ha. A instalação de canais de concreto econo-
mizará 400m3 de água/ha anualmente, ao custo de US$ 12/ha, e reduzirá os custos do
controle de ervas daninhas e da mão-de-obra com a irrigação a US$ 10/ha. Neste exem-
plo, não compensa investir na construção de canais de concreto, pois o custo anual do
investimento (US$ 25/ha) é maior do que os US$ 22/ha economizados com os outros
custos de produção.

O investimento no desenvolvimento da terra, em alguns casos, poderá aumentar a


produtividade e reduzir os custos de produção. O processo analítico é o mesmo dos dois
exemplos anteriores. O investimento no desenvolvimento da terra deverá ser amortiza-
do e comparado ao conseqüente aumento na renda líquida do lote.

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Classificação de Terras para Irrigação

Tanto a economia nos custos de produção quanto a no aumento da produtividade


são contabilizadas pela diferença entre o rendimento líquido do lote total - sem os inves-
timentos de desenvolvimento da terra - e o rendimento líquido com os custos de investi-
mento, para se obterem as variações causadas pelo investimento.

3.2 Formulação das Especificações

Algum método deve ser elaborado para catalogar os fatores e avaliar seus efeitos,
para manter a consistência dos dados ao se abordar o grande número de fatores com-
plexos que influenciam a aptidão das terras para irrigação. O desenvolvimento e o regis-
tro das “especificações” para as classes de terras evoluiu deste modo. Estas
especificações, como utilizadas pelo “Bureau of Reclamation”, listam as características
mais importantes das terras, relativas a solo, topografia e drenagem, para um certo ce-
nário econômico agrícola, e mostram o nível máximo permitido de deficiência de cada
característica, onde todas as demais são ótimas.

As especificações são dinâmicas por definição, e sua finalização faz parte de um


processo iterativo e contínuo, com a acumulação de dados fornecidos pela experiência
de campo no período de pesquisa. O desenvolvimento das especificações requer a coo-
peração de pedólogos, economistas e engenheiros de drenagem, que atuarão como uma
equipe de avaliação das terras. Esta cooperação será particularmente relevante se as
especificações iniciais forem “compiladas” de áreas similares e ajustadas (como é co-
mum acontecer nos estudos a nível de reconhecimento).

A avaliação da pesquisa de campo deverá basear-se em características físicas das


terras cuidadosamente selecionadas e interpretadas. Isto requer o estabelecimento de
especificações físicas que mostrem o limite inferior do rendimento líquido do lote para
cada classe de terra. As especificações organizam as características físicas da terra em
conjuntos economicamente similares, segundo sua aptidão para irrigação. As caracterís-
ticas físicas das terras são as que podem ser facilmente observadas e avaliadas pelos
pedólogos através de observações de campo, análises de laboratório e estudos especi-
ais. Especificações para avaliações informativas também poderão ser necessárias. To-
dos os tipos de estudos para classificação das terras para irrigação requerem um grupo
de especificações, que deverão se basear na futura economia agrícola sob as condições
“com projeto”. As especificações deverão refletir as condições futuras a prevalecerem
quando a evolução das terras atingirem um equilíbrio sob irrigação. Particularmente no
caso das nações em desenvolvimento, há necessidade de se fazerem considerações es-
pecíficas cuidadosas dos sistemas sociais e dos critérios utilizados no desenvolvimento
de recursos.

Existem vários requisitos para o desenvolvimento das especificações, entre os quais


a identificação dos custos da parcela e do projeto, as limitações impostas pelo suprimen-
to e qualidade da água, os métodos de irrigação a serem aplicados, as futuras condições
da economia agrícola, as características das terras e suas deficiências, as limitações do
meio ambiente, e quaisquer outras limitações físicas ou econômicas no rendimento lí-
quido do lote peculiar à área, e a estimativa do OM&R. Um exemplo de especificações
usado para uma classificação detalhada de terra pode ser encontrado no Anexo 3 deste
MANUAL - “Classificação Econômica de Terras” (Tabela A.3-8).

3.2.1 Limites Críticos para Deficiências em Relação ao Retorno Econômico

O conceito básico de uma classificação econômica de terras é determinar a apti-


dão das terras baseada nos principais parâmetros físicos que influenciam a produtivida-
de da terra - a qual é normalmente avaliada pelo rendimento líquido do lote. Embora o
objetivo do levantamento seja o mesmo, o grau de precisão no qual os parâmetros físi-
cos do solo são relacionados às conseqüências econômicas na produtividade varia de

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Classificação de Terras para Irrigação

acordo com o volume de dados disponíveis e com o esforço dedicado à análise econômi-
ca. Os procedimentos aqui relatados, utilizados para relacionar os parâmetros físicos do
solo e a produtividade econômica, diferem somente na quantidade de dados empíricos
relativos às estimativas criteriosas usadas na elaboração das especificações para a clas-
sificação das terras.

O nível mínimo de análises econômicas para apoiar as especificações envolve os


seguintes passos:

„ Estimativa da futura utilização agrícola da terra (Plano Cultural). Este processo é


similar ao LUT - conceito da FAO de tipo de uso da terra-, mas requer um conjunto
menor de alternativas;
„ Estimativa dos efeitos nos índices de produtividade das principais deficiências da
terra;
„ Estimativa dos aumentos dos custos de produção ocasionados pelas principais
deficiências da terra;
„ Determinação do rendimento líquido mínimo do lote aceitável para que as terras
do projeto sejam consideradas aráveis (pode também envolver a definição do con-
ceito NIIB, no qual este procedimento é utilizado.);
„ Determinação do rendimento líquido do lote, ou do NIIB, da melhor e pior terra
arável do projeto;
„ Definição do conceito de limite entre as classes das terras.

Após a determinação do padrão de cultivo previsto, o próximo passo será estabe-


lecer um índice de produtividade para cada cultura, estimando o efeito na produção dos
diferentes graus de deficiências nos principais parâmetros físicos das terras. A condição
mais favorável de cada caraterística da terra encontrada no projeto será designada pelo
valor 100. Conseqüentemente, os valores inferiores a 100 são atribuídos às condições
menos favoráveis, para espelhar a redução estimada na produção causada por tal condi-
ção. Por exemplo, Maas e Hoffman estimam que o nível liminar de danos na produção de
arroz causados pela salinidade é de 3,0 mmhos CE (condutividade elétrica)[2]2. A produ-
ção ficará reduzida em 12% com o aumento de cada mmho de condutividade elétrica
acima do nível liminar. Esta informação poderá ser convertida para um índice de produ-
ção, onde os solos com condutividade elétrica igual ou menor a 3,0 mmhos serão avali-
ados em 100, 4 mmhos de CE em 88, e 5 mmhos em 76. Índices similares seriam estabe-
lecidos para quaisquer outras deficiências de solos encontradas na área do projeto que
causassem reduções na produção.

Quando a utilização agrícola da terra comporta mais de uma cultura, poderá ser
útil estabelecer um índice global de produtividade para cada cultura, relativo ao rendi-
mento líquido total. Conseqüentemente, um índice composto de produtividade para cada
classe de terra poderá ser calculado a partir do produto dos índices de produtividade
estimados para cada principal fator de deficiência de solo, a fim de se estabelecer o
índice global de produtividade para cada parâmetro de deficiência, baseado na relevân-
cia da produtividade de cada cultura e no rendimento líquido total. O índice composto
será normalmente representado por valores de 0 a 100.

A estimativa do índice composto de produtividade para uma classe de terras é


subjetiva. Muitas vezes não existirá uma base dutividade estimados para cada principal
fator de deficiência de solo, a fim de se estabelecer o índice global de produtividade para
cada parâmetro de deficiência, baseado na relevância da produtividade de cada cultura e
no rendimento líquido total. O índice composto será normalmente representado por va-
lores de 0 a 100.

2 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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Classificação de Terras para Irrigação

A estimativa do índice composto de produtividade para uma classe de terras é


subjetiva. Muitas vezes não existirá uma base usar, também, tantos dados quantos pos-
sam ser obtidos, no âmbito das restrições orçamentárias do estudo, para desenvolver e
verificar os índices.

O próximo passo será identificar as deficiências de solo que provocam aumentos


nos custos de produção e estimar o aumento nos custos provenientes do agravamento
da deficiência. Por exemplo, solos com alto teor de sódio trocável freqüentemente re-
querem um programa anual de tratamento para manter a sua permeabilidade. A aplica-
ção de ácido sulfúrico e matéria orgânica acrescenta aproximadamente US$ 185/ha ao
custo anual de produção nestes solos, em comparação com os de Classe 1. Este custo
adicional abaixaria a classificação das terras para Classe 2 ou 3, ou talvez até para Classe
6 (inapta), se a aptidão das terras fosse somente para culturas de baixo rendimento.

Um outro exemplo de deficiência de solo que acarreta maiores custos de produ-


ção é a redução na capacidade de retenção de água.

A necessidade de irrigação para a cultura da alfafa no oeste dos Estados Unidos é


de aproximadamente 154cm anuais. Pressuponha-se que as terras de Classe 1 tenham
15cm de capacidade de retenção de água na rizosfera, que o ponto de murchamento seja
de 5cm; e que o número de irrigações necessárias para um ano de cultivo seja 15. Numa
irrigação por sulco, o comprimento máximo permissível dos sulcos neste tipo de solo
pesado seria 610m, e o tempo necessário para colocar os tubos em sifão para uma irriga-
ção, aproximadamente 1,25h/ha, resultando numa demanda de mão-de-obra de 18,75h/
ha, a um custo de US$ 4,00/ha, totalizando US$ 75/ha.

No exemplo citado, as terras de Classe 3 situadas no mesmo projeto possuem


uma capacidade de retenção de água de somente 7,6cm na zona das raízes, dos quais
cerca de 5cm serão utilizáveis entre as irrigações. Portanto, serão necessárias aproxima-
damente 31 irrigações por ano de cultivo para produzir alfafa nestas terras. O compri-
mento máximo dos sulcos permitido nestes solos de texturas mais grosseiras seria 305m,
o que aumentaria a mão-de-obra para 2,5h/ha. A demanda total de mão-de-obra nestas
terras de Classe 3 seria 78h/ha, o que custaria US$ 312/ha anualmente. Após a avaliação
dos efeitos das deficiências das terras na produção e nos custos de produção, esta infor-
mação é usada para se desenvolverem os orçamentos do lote, que estimam os níveis
gerais de renda correspondentes a cada classe de terra.

Existindo terras irrigadas similares às terras do projeto em estudo, utilizam-se os


dados de produção destas áreas no estabelecimento das especificações para a classifica-
ção das terras similares em estudo. Estes dados podem mostrar que as tolerâncias para
a profundidade do solo, textura, e as conseqüências da zona de carbonato de cálcio ou
calcário devem ser mais maleáveis do que os critérios normalmente adotados. Porém,
deve-se tomar cuidado na avaliação dos dados dos projetos existentes, a fim de se ter
certeza de que a aparente produtividade alta ou baixa não resulta mais do manejo do que
das condições do solo. Se os dados de produção para cada condição de solo forem
obtidos em várias parcelas em vez de em um local específico, a influência do manejo
nestes dados será reduzida e estes serão mais confiáveis como critérios básicos de solos
no estabelecimento das especificações para a classificação das terras.

Na elaboração das especificações, deve ser definido o nível de rendimento mínimo


permitido (ou benefícios adicionais) para as terras do projeto serem classificadas como
aráveis. Este nível varia entre projetos e entre países, dependendo das regras do financi-
amento, da política de racionalização de custos e dos padrões de renda. Existe uma for-
ma de estabelecer este nível de rendimento mínimo mediante um processo orçamentá-
rio, que consiste na suposição de que a atividade agrícola, nas piores terras do projeto,
seja capaz de produzir, pelo menos, uma renda suficiente para pagar um determinado

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Classificação de Terras para Irrigação

salário específico à mão-de-obra, custear o cultivo e garantir uma taxa mínima de retor-
no do investimento do agricultor, e mais a sua tarifa mínima de água.

Deve-se preparar pelo menos dois orçamentos do lote segundo o conceito de uma
classificação econômica das terras. O orçamento mais importante é aquele que repre-
senta a produtividade e os custos de produção nas terras marginais, cuja arabilidade foi
questionada pela equipe de pedólogos. Se o estudo orçamentário indicar que estas ter-
ras estão praticamente no limite inferior da arabilidade, este orçamento servirá de base
para estabelecer os limites de tolerância permitidos para as deficiências, de modo que as
terras sejam consideradas aráveis nas especificações para a classificação de terras. En-
tretanto, o orçamento poderá mostrar que estas terras marginais produzem rendimentos
significativamente maiores ou menores do que o esperado pela equipe de classificação
de terras. Isto mostra que serão indispensáveis algumas mudanças nos limites dos
parâmetros físicos, e orçamentos adicionais serão necessários para definir melhor os
limites inferiores da arabilidade.

O segundo orçamento mais importante é aquele que retrata o rendimento espera-


do quando todas as deficiências potenciais dos solos se situam nas condições mais favo-
ráveis encontradas no projeto. Esse orçamento estabelece o limite máximo no cenário
potencial de rendimento das terras do projeto, e é usado, subseqüentemente, para deter-
minar os limites máximos dos custos de desenvolvimento para corrigir as deficiências
de solo.

Com estas duas estimativas limitando o rendimento esperado das terras do proje-
to, sob as melhores e piores condições pelas quais as terras seriam consideradas ará-
veis, para as deficiências principais, é possível selecionar intervalos de rendimento,
correlacionados a parâmetros físicos, para definir os limites das classes de terras.

O processo orçamentário descrito baseia-se numa breve análise econômica, asso-


ciada intrinsecamente a uma apreciação subjetiva, para definir os parâmetros para a
classificação de terras.

As bases econômicas para a classificação de terras ficarão mais fundamentadas


com a elaboração de orçamentos para o maior número e condições significativamente
diferentes de solos, topografia e drenagem encontradas na área do projeto. Por exem-
plo, se existe mais do que uma classe de terra arável, convém ter pelo menos um orça-
mento mostrando o rendimento sob as condições mais comuns ou típicas para aquela
classe de terra.

Em um caso bastante favorável, onde há dados e tempo suficientes para uma aná-
lise econômica detalhada, é útil preparar orçamentos para cada um dos principais
parâmetros físicos, que a equipe de pedólogos identificou como potencialmente
determinantes de classes de terras. Os resultados dos orçamentos deverão ser usados
para ordenar os parâmetros físicos em classes de terras, baseados nos seus respectivos
graus de influência no rendimento da atividade agrícola. Além disto, as especificações
que estabelecem as condições limites para cada parâmetro principal determinante da
classe podem ser mais facilmente desenvolvidas com informações orçamentárias adici-
onais. Esta abordagem elimina a necessidade de índices de produtividade e diminui a
quantidade de julgamentos na elaboração das especificações. Embora os custos desta
análise orçamentária sejam maiores, devido ao maior tempo e trabalho requeridos na
sua elaboração, ela fornecerá uma melhor base empírica para a classificação de terras. A
maioria dos estudos encaixa-se em algum lugar entre os dois extremos aqui apresenta-
dos, dependendo da complexidade do projeto, da significância dos prováveis erros nas
especificações para classificação das terras e dos recursos disponíveis para realizar os
estudos econômicos. O mais importante é que a classificação das terras deve refletir as

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Classificação de Terras para Irrigação

diferenças na produtividade das terras sob irrigação, a longo prazo, ao invés de se deter
nas diferenças físicas sem considerar as implicações econômicas.

As especificações para classificação de terras devem incluir alguma orientação


relativa ao máximo investimento permitido no desenvolvimento da terra para remover
ou melhorar as deficiências corrigíveis. O procedimento básico para determinar este
limite máximo de investimento consiste em contabilizar a diferença entre o rendimento
líquido da atividade agrícola com a deficiência corrigida, e o nível mínimo de rendimento
estabelecido para que a terra seja considerada arável. A taxa de juros usada nesta conta-
bilidade deverá basear-se no custo do capital para o agricultor, ou para quem irá financi-
ar o investimento.

Como ilustração deste método, admita-se que existam dois níveis orçamentários
de rendimento líquido para as terras do projeto. O melhor solo de Classe 1 requer um
custo de desenvolvimento de US$ 200/ha e produz um rendimento líquido anual de ativi-
dade agrícola de US$ 600/ha. O nível mínimo aceitável de rendimento líquido para as
terras aráveis de Classe 3 no projeto é de US$ 300/ha. O custo do capital para o fazendei-
ro tem juros de 12%, e os melhoramentos potenciais eliminarão, ao longo do tempo, as
deficiências corrigíveis. Portanto, se as terras deficientes forem tão produtivas quanto as
melhores de Classe 1 após a sua correção, o investimento máximo permitido no desen-
volvimento da terra será calculado assim: o rendimento líquido anual da atividade agrí-
cola das terras de Classe 1 após o melhoramento (US$ 600/ha) menos o rendimento
líquido mínimo das terras aráveis de Classe 3 (US$ 300/ha) mais o custo de desenvolvi-
mento das terras de Classe 1 (US$ 200/ha) dividido por uma taxa de juros de 12%. Neste
exemplo, o limite máximo do investimento para todas as deficiências corrigíveis é de
US$ 4.167/ha.

600 - 300 + 200


Cálculo: = US$ 4.167/ha
0,12

Esta quantia poderá ser usada para corrigir apenas uma deficiência ou diversas
deficiências; porém, é tudo que pode ser investido por hectare. Investindo-se mais do
que US$ 4.167/ha para corrigir deficiências, a renda líquida do lote cai para menos de
US$ 300/ha, que é estabelecido como nível mínimo para a terra ser classificada como
arável.

A aplicação do conceito de determinação dos limites dos custos de desenvolvi-


mento na realidade do campo é mais complexa e sujeita a crítica do que a teoria. Por
exemplo, se a produtividade da terra de Classe 1 após a correção das deficiências, for
inferior à esperada, o limite permitido para o investimento no desenvolvimento da terra
será também inferior. Sendo assim, é necessário estimar o rendimento líquido do lote,
após a correção, e substituir este valor pelo rendimento líquido da Classe 1, usado no
exemplo anterior. Outra medida será a não inclusão do custo de desenvolvimento para
as terras de Classe 1 na contabilidade dos rendimentos anuais, antes da capitalização.
Quando as correções das deficiências não prevalecerem até o tempo de uma vida útil
econômica permanente, o cálculo do limite máximo do investimento será mais compli-
cado. Quando isto acontece, devem ser usados procedimentos padrões para amortiza-
ção e abatimento de custo que ocorram em diferentes pontos no tempo, para determinar
os limites permitidos para as deficiências corrigíveis.

Dentre as diretrizes de classificação das terras, o pedólogo deverá ter senso crítico
para determinar os limites de danos para as combinações admissíveis de deficiências e
preestabelecer o nível de produtividade após a correção parcial ou total das deficiências.
O Apêndice 3, “Classificação Econômica de Terras” é um dos capítulos do Manual de
“Avaliação Econômica e Financeira dos Projetos de Irrigação”, e trata, em detalhes, das

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Classificação de Terras para Irrigação

considerações econômicas que devem ser incorporadas no estabelecimento das


especificações para determinar a aptidão das terras de um projeto de irrigação.

3.2.2 Limites Críticos para Fatores Relacionados à Permanência da Agricultura


Irrigada Produtiva

Há certos fatores críticos para a manutenção de uma agricultura irrigada estável e


produtiva sob qualquer plano de cultivo, o que resultará num declínio de produtividade,
mesmo sob um sistema de irrigação, se não estiverem em condições favoráveis ou não
forem corrigidos, ao invés de um nível de rendimento líquido do lote mais baixo, porém
estável. Isto significa que o nível de deficiência destes fatores deve estar abaixo do nível
crítico, ou que a correção destas deficiências deve ser técnica e economicamente possí-
vel, para que a agricultura irrigada produtiva possa ser mantida.

Os fatores mais freqüentes, principalmente em regiões áridas, são salinidade e


sodicidade e aqueles relacionados à drenabilidade do subsolo. Os níveis de salinidade e
sodicidade devem ser mantidos estáveis e abaixo dos níveis críticos de tolerância para
as culturas selecionadas, sendo também relacionados com a qualidade da água e o mé-
todo de irrigação a ser utilizado. Para isto ser viável economicamente, as características
do solo e subsolo devem ser tais que a água infiltre pelo perfil em quantidades suficien-
tes (dependendo da qualidade da água aplicada) para remover os sais e o sódio em
excesso e mantê-los nos limites admissíveis durante a vida útil do projeto. Se este equi-
líbrio não for mantido (por exemplo, se a drenabilidade do subsolo não for adequada
para remover o volume de água necessário), pode-se esperar um depauperamento gra-
dual e constante das condições físicas e químicas da terra, o que resultará numa grande
queda de produtividade, ou até numa produção nula.

Provavelmente, o fator mais importante relacionado à manutenção de uma produ-


tividade constante sob irrigação é a drenabilidade do subsolo. A condição de drenagem
inadequada no subsolo tem ocasionado a salinização e a elevação dos teores de sódio a
níveis críticos em vastas áreas de terras irrigadas do mundo. A constatação visual de
problemas de drenagem subsuperficiais ocorre, em geral, um tempo significativo após o
início da irrigação; portanto, é muito relevante considerar os fatores que influenciam a
drenagem e avaliá-los com precisão durante as etapas de elaboração do projeto. Os
níveis atuais de salinidade e sodicidade, textura, taxas de infiltração, taxas de permeabi-
lidade subsuperficiais, capacidade de água disponível das camadas significativas, e a
profundidade até a camada impermeável devem ser incluídos nas especificações. Embo-
ra os custos relativos a drenagem subsuperficial não sejam determinantes das classes
de terras, quando são considerados como custos de projeto devem integrar especificações
do mapeamento, uma vez que o seu efeito é profundo na determinação da irrigabilidade
de uma área específica, principalmente quando se utiliza a análise financeira como base
para determinar a arabilidade das terras. Caso não sejam incluídos, produzirão um incre-
mento na viabilidade do projeto.

Existem outros fatores que influenciam a estabilidade de uma agricultura irrigada


produtiva, e as interações podem variar muito em termos mundiais.

O não reconhecimento destes fatores poderá resultar num severo declínio de pro-
dutividade e/ou numa deterioração completa e permanente dos recursos da terra.

3.3 Considerações no Desenvolvimento do Projeto

Deve-se considerar o desenvolvimento do plano do projeto antes de se elabora-


rem as especificações, a fim de se fazer uma determinação preliminar dos fatores signi-
ficativos a serem incluídos nas especificações para classificação das terras. À medida
que o desenvolvimento do plano toma corpo e os dados preliminares relativos a nature-

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Classificação de Terras para Irrigação

za e propriedades dos recursos de solos e água na área do projeto são reunidos, devem
ser estabelecidas a intensidade dos estudos a serem realizados, as características físicas
e químicas referentes às diversas classes de terras e as informações a serem incluídas no
mapeamento. O tipo e a extensão dos estudos de terras a serem executados poderão ser
influenciados pelas seguintes condições: quantidade e qualidade da água, e a sua dispo-
nibilidade legal e institucional; extensão e tipo de irrigação e drenagem existentes; im-
pacto ambiental relativo aos recursos de água e solos (particularmente sobre a qualida-
de da água percolada); relação custo-benefício exigida; tipos de sistemas de irrigação no
lote; e práticas de manejo aplicadas na agricultura regional.

3.3.1 Níveis de Detalhes Necessários aos Objetivos do Estudo

Os tipos de levantamento de classificação das terras , usados na formulação do


plano do projeto, normalmente incluem estudos de reconhecimento, semidetalhe e de-
talhe. Cada modalidade de levantamento é apropriada a certo nível de estudo de planos
para desenvolvimento de recursos hídricos. Nem sempre as três modalidades de levan-
tamento serão necessárias para uma área em particular. É possível que a intensidade de
observações para um certo nível de estudos possa satisfazer as necessidades de um
nível de levantamento mais detalhado, ou seja, adequada com poucas modificações. Na
organização e execução de um levantamento, as necessidades dos levantamentos se-
guintes devem ser consideradas, a fim de que os dados coletados sejam compatíveis
com as necessidades dos estudos futuros. As necessidades mínimas para cada tipo de
levantamento variam com as características da terra, o número e os tipos de levanta-
mentos anteriores, a qualidade da água, o método de irrigação, o nível da agricultura e
os requerimentos mínimos para percolação, e ainda de acordo com outros fatores.

O tipo da classificação das terras executado, o grau de detalhe e a precisão


requerida devem ser coerentes com o propósito da investigação. Isto é subordinado à
relação entre as unidades de mapeamento (classes e subclasses das terras) e aos aspec-
tos significantes e úteis usados na formulação do plano do projeto. Somente normas
generalizadas podem ser apresentadas quanto às exigências mínimas de cada tipo de
levantamento. Enquanto o objetivo do levantamento é geralmente o mesmo para toda a
área do projeto, a intensidade do estudo poderá se alterar segundo a variação das carac-
terísticas das terras na área do projeto. Padrões muito complexos de solos, topografia ou
drenagem normalmente requerem uma gama substancialmente maior de informações
na separação de classes de terras, ou na solução de quaisquer outros problemas de
classificação; porém, o método de irrigação poderá render também algumas complexi-
dades, apesar de menos significantes (isto é, irrigação por aspersão em condições de
topografia movimentada).

O “Bureau of Reclamation” estabelece algumas exigências mínimas para se alcan-


çar o objetivo de precisão dos vários níveis de detalhe já citados (Tabela 3.1).

„ Reconhecimento - Este nível de estudo envolve uma demarcação generalizada


das terras com aptidão para irrigação sob um certo plano cultural, com designa-
ções das relativas qualidades das terras suficientes para separar, no mínimo, as
terras aptas das inaptas. Os fatores considerados num estudo de classificação das
terras a nível de reconhecimento são, geralmente, os mesmos considerados num
estudo semidetalhado, mas a quantidade de dados disponíveis é menor, as demar-
cações das classes são menos precisas e o grau de precisão admissível também é
menor. Um levantamento de reconhecimento deverá ter aproximadamente 75%
de precisão na separação das terras aptas das inaptas (em comparação com a
precisão de uma classificação detalhada). Deve ser feita, pelo menos, uma sonda-
gem a trado com 1,5m de profundidade para cada 2,6 km2, embora seja convenien-
te e muito recomendado fazer sondagens a trado adicionais, com 3m de profundi-
dade, e coletar amostras de solos para serem analisadas em laboratório. Levanta-

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Manual de Irrigação

Tabela 3.1. Requisitos Mínimos e Médios para os Parâmetros de Classificação de Terras para Irrigação

RECONHECIMENTO SEMIDETALHADO DETALHADO


PARÂMETROS
MÍNIMO MÉDIO MÍNIMO MÉDIO MÍNIMO MÉDIO
CLASSES DE TERRAS ESTABELECIDAS ARÁVEL/NÃO-ARÁVEL 1-2-6 1-2-6 1-2-3-6 1-2-6 1-2-3-6
ESCALA DOS MAPAS-BASE 1:50000 1:25000 1:25000 1:10000 1:50000 1:50000
DISTÂNCIA ENTRE SEÇÕES NO CAMPO (KM) 2 1 0,8 0,4 0,4 0,2
PRECISÃO RESULTANDO DOS ESTUDOS EM RELAÇÃO A ÁREA LEVANTADA 75% 90% 90% 95% 100% 100%
ÁREA MÍNIMA DE CLASSE 6 A SER DELIMITADA NAS ÁREAS NÃO-ARÁVEIS (ha) 16 8 2 1 0,2 0,1
ÁREA MÍNIMA DAS SUBCLASSES DA CLASSE 6 A SER DELIMITADA NAS ÁREAS
NENHUMA NENHUMA 130 32 16 16
NÃO-ARÁVEIS (ha)

Classificação de Terras para Irrigação


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ÁREA MÍNIMA PARA MUDANÇA DE CLASSE (ha) 32 16 10 4 4 2


MÍNIMO DE OBSERVAÇÕES DO SOLO E SUBSTRATO/Km2 (VISUAL OU
0,4 1 2 4 4 16
SONDAGENS)
SUFICIENTE
P/CARACTERIZAR
MÍNIMO DE SONDAGENS ATÉ 1,5 M DE PROFUNDIDADE POR Km2 1 4 16 16 20
CADA GRUPO OU
UNIDADE DE SOLO
1 OU A MESMA
QUANTIDADE
IDEM IDEM
SONDAGENS ATÉ 3m OU MAIS DE PROFUNDIDADE NENHUMA NENHUMA REQUERIDA PARA A IDEM MÍNIMO
SEMIDETALHADO SEMIDETALHADO
INVESTIGAÇÃO DE
DRENAGEM
DE PERFIS
IGUAL AO IDEM
PERFIS EM TRINCHEIRAS 0 0 0 REPRESENTATIVOS
NÚMERO SEMIDETALHADO
REQUERIDOS

* REFERE-SE APENAS A DETERMINAÇÃO ENTRE ARÁVEL E NÃO-ARÁVEL.


29
Classificação de Terras para Irrigação

mentos deste tipo são normalmente feitos na escala 1:25.000, com base em foto-
grafias aéreas. Qualquer ou todas as classes poderão ser delimitadas, se as condi-
ções locais específicas o permitirem. Geralmente não é aconselhável usar as Clas-
ses 4 e 5 devido à possibilidade de serem reveladas mais terras aráveis do que os
levantamentos posteriores mais detalhados possam registrar.

Às vezes, as especificações de áreas similares mapeadas recentemente poderão


ser aproveitadas, com modificações, para o levantamento para classificação das terras a
nível de reconhecimento. As especificações deverão ser correlacionadas com critérios
econômicos relativos a área específica a ser levantada.

Caso não haja dados disponíveis adequados ao estudo, o levantamento deverá


ocorrer na base de inventários, ou com especificações preliminares sujeitas a possíveis
ajustes após a correlação econômica. Porém, a menos que as modificações sejam signi-
ficativas, os ajustes dados pela correlação econômica deverão ser os mínimos possíveis.
O método de irrigação deverá ser claramente citado para cada grupo de especificações.
Quando um dos objetivos do estudo é determinar o método de irrigação mais conveni-
ente, uma classe de terras especial ou limitada poderá ser estabelecida para as terras
aptas apenas para métodos de irrigação específicos. A qualidade da água, concomitan-
temente à drenagem e aos fatores de percolação, deverão ser correlacionados com as
especificações.

Em geral, é necessário um mínimo de investigações de campo para um estudo de


reconhecimento, e um significativo grau de confiança é depositado nos dados secundá-
rios existentes, ou em fontes indiretas de informação. As atividades de campo são nor-
malmente limitadas à complementação dos dados disponíveis, à verificação dos dados,
ou à conversão dos dados para a forma convencional de classificação das terras. Um
objetivo importante do levantamento de reconhecimento é o fornecimento de dados
necessários para delimitar a área bruta para levantamentos mais detalhados.

Uma classificação taxonômica dos solos poderá ser uma fonte valiosa de dados
básicos das terras. Poderá haver outras fontes, como estudos geológicos, levantamen-
tos de uso da terra, levantamentos utilitários do meio físico, mapas topográficos e
fotointerpretação executada por outros órgãos. Os dados, não importando sua proce-
dência, deverão ser convertidos para uma forma adequada para a designação convenci-
onal dos símbolos de classificação das terras, adaptados a uma escala e cobertura uni-
formes.

Caso não haja perfis descritos ou análises químicas dos solos na área, provavel-
mente será necessário coletar dados adicionais no trabalho de campo. Os dados sobre
as terras devem ser adequados, para possibilitar a identificação dos principais tipos de
terra da área. A avaliação do substrato para os estudos de drenagem deve ser feita
coordenadamente com os engenheiros de drenagem, para assegurar que está sendo
dado um enfoque adequado às condições de drenagem. A coleta de informações suple-
mentares, incluindo dados do meio ambiente sem utilização direta pela equipe, deve ser
mínima. Porém, para garantir a máxima eficiência e precisão, o tipo e o nível de detalhe
dos dados suplementares coletados devem ser correlacionados com a potencialidade da
equipe de estudos.

Os estudos de reconhecimento são em geral baseados numa quantidade limitada


de informações, que devem ser analisadas e correlacionadas, com uma precisão razoá-
vel, às áreas sem informações específicas. Uma classificação a nível de reconhecimento
confiável é difícil de ser executada e requer um pedólogo de confiança, capacidade e
muita experiência, cujo trabalho não necessite de muita supervisão ou revisão.

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Classificação de Terras para Irrigação

A determinação da área irrigável a nível de reconhecimento deverá ser uma tarefa


multidisciplinar. É necessária, normalmente, a determinação geral das áreas a serem
servidas pela estrutura do projeto e da porção de terras aráveis que podem ser servidas
pelo sistema do lote, para definir a área líquida irrigável. As áreas em geral tidas como
potencialmente aptas para receberem o projeto são selecionadas através dos procedi-
mentos de planejamento. A área arável dentro da área bruta proposta para o projeto
poderá ser assim reduzida por um fator estimado para quantificar a área inapta para
irrigação. Os dados de uma classificação a nível de reconhecimento são úteis nos estu-
dos de grandes áreas e na obtenção de informações generalizadas para determinar quais
áreas se apresentam com melhores aptidões para aproveitar os recursos hídricos dispo-
níveis. Relatórios básicos preparados para mostrar dados generalizados dos recursos
das terras para vastas áreas freqüentemente utilizam informações do levantamento de
reconhecimento para classificação das terras.

„ Semidetalhado - Uma classificação das terras a nível de semidetalhe deverá for-


necer dados de recursos das terras com uma precisão e confiabilidade suficientes
para se fazerem os julgamentos relacionados às ações para prosseguir com o de-
senvolvimento do projeto. Uma classificação de terras a nível de semidetalhe é
normalmente o tipo de levantamento preliminar preferido para se determinar a
aptidão geral de uma área para irrigação. Ela deve fornecer uma resposta razoavel-
mente precisa para a área global do projeto ou para segmentos específicos de
projetos maiores, resultando em aproximadamente 90% de precisão global das
delineações das terras aptas e inaptas, em comparação com uma classificação
detalhada. Se houver utilidade prática, outros levantamentos mais detalhados de-
verão ser efetuados, logo após os estudos a nível de reconhecimento. O grau de
detalhe do levantamento dependerá dos problemas de aptidão para irrigação en-
contrados. Áreas uniformes sem maiores problemas, e em geral de alta qualidade,
poderão requerer uma quantidade limitada de dados; porém, áreas de terras com-
plexas, com deficiências severas, necessitarão de mais detalhe para satisfazer os
objetivos do levantamento. Como nos estudos a nível de reconhecimento, serão
necessários o bom senso e a experiência do pedólogo neste nível de estudos, pois
os dados disponíveis são escassos para separar classes pouco distintas. Devem
ser coletados todos os dados necessários para solucionar problemas específicos e
garantir a integridade do planejamento. Toda a informação disponível deverá ser
usada, porém dados adicionais normalmente serão necessários.

A classificação a nível semidetalhado é feita quando: (1) a complexidade de uma


determinada área é tal que os dados do levantamento de reconhecimento não são sufici-
entes para fornecer as informações desejadas; (2) as análises preliminares das fases de
engenharia do projeto estão numa base mais detalhada do que os estudos a nível de
reconhecimento; (3) um projeto é indicado como inviável, mas necessita-se de informa-
ções mais detalhadas do que aquelas encontradas no levantamento de reconhecimento,
para apoiar um relatório desfavorável; (4) as áreas aráveis fazem parte do plano definiti-
vo do projeto, mas não são contempladas com irrigação pelo planejamento inicial.

As especificações para classificação das terras a nível semidetalhado deverão ser


elaboradas, com possibilidade de serem aproveitadas em estudos posteriores mais de-
talhados na mesma área. A escala normalmente usada pelo “Bureau of Reclamation”
para a classificação das terras a nível de semidetalhe é 1:12.000 (1.000 pés por 1 polega-
da). A delimitação das subclasses é, em geral, razoavelmente precisa, e normalmente
todas as classes são demarcadas. Podem ser utilizadas, no máximo, quatro classes de
terras aráveis, mas apenas três são normalmente usadas. Em áreas onde a renda líquida
do lote ou os incrementos de benefícios são baixos, um número menor de classes pode-
rá ser usado. Embora a separação das terras aptas das inaptas seja o objetivo principal
do levantamento, a separação entre as classes aptas deverá ser suficientemente precisa
para a avaliação generalizada da renda líquida do lote, dos benefícios e das necessida-

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Classificação de Terras para Irrigação

des de água e drenagem. Neste estágio do planejamento, os métodos propostos de irri-


gação para o projeto deverão ser estabelecidos, e as especificações baseadas neste(s)
método(s).

As classes, subclasses e outras avaliações informativas são normalmente mapeadas


e simbolizadas para se adequarem aos objetivos do estudo. Uma classificação de terras
semidetalhada poderá ser muito precisa, se bem conduzida. Enquanto as normas esta-
belecem, no mínimo, 0,7 sondagem a trado a uma profundidade de 1,5m/km2, em geral
as condições da área levantada requerem mais sondagens para alcançar uma precisão
de 90%. As avaliações do substrato devem ser feitas pelos engenheiros de drenagem ou
verificadas por estes. Existindo a possibilidade de problemas de drenagem em profundi-
dade, será aconselhável fazer sondagens a trado até 3m de profundidade e coletar amos-
tras de solos para análises de laboratório suficientes para caracterizar adequadamente
as condições variáveis do solo e subsolo. Ocasionalmente, poderá ser necessário ter três
ou mais sondagens a trado para cada km2, de preferência a uma profundidade de 3m.
Estas sondagens profundas diminuem o ritmo dos trabalhos, mas a experiência tem
mostrado que a classificação mais detalhada subseqüente é reforçada, e que existirão
menos diferenças entre as classificações.

Manchas pequenas de terras inaptas, inclusas em áreas aráveis deverão ser deli-
mitadas apenas se isto se mostrar prático ou necessário para evitar sua irrigação e culti-
vo, em conjunto com o manejo agrícola irrigado de toda a área.

Normalmente são necessários dados de laboratório para sustentar as avaliações


de campo. Cada tipo de solo representativo na área estudada deverá ser amostrado e
analisado quanto à sua aptidão para irrigação. O preparo das amostras e o acompanha-
mento adequado das análises das amostras coletadas pelo pessoal do campo deverá
servir de apoio para uma classificação de terras semidetalhada.

Estudos especiais, no decorrer do levantamento semidetalhado, são necessários


apenas para separar as áreas aptas das inaptas; portanto, em geral, não serão feitos na
distinção entre classes aptas, ou na caracterização de tipos de terras neste nível de
detalhamento. Poderá haver necessidade de outros tipos de dados sobre as terras, além
daqueles para avaliação da aptidão das terras para agricultura irrigada. Estes requeri-
mentos podem incluir introdução de dados em programas de computador para prever a
qualidade da água percolada e as mudanças nos solos, como conseqüência da irrigação.
Os requerimentos variam de projeto para projeto. Os dados para alimentação de progra-
mas relacionados ao gerenciamento, tal como a programação da irrigação, quase sem-
pre não são necessários neste ponto do planejamento.

Haverá necessidade, talvez, de um levantamento da capacidade de uso da terra


para outros fins senão a irrigação, devido à atual corrente mundial de enfatizar planos
alternativos ou multiobjetivos. Esses estudos alternativos são apropriados neste nível
do processo de planejamento, mas deverão ser limitados àqueles usos e às áreas espe-
cíficas indicadas pela equipe de planejamento. As terras inaptas poderão receber aten-
ção especial quanto aos usos alternativos possíveis. Não se deve limitar as considera-
ções sobre usos alternativos à área do estudo de aptidão das terras para irrigação. As
considerações ambientais freqüentemente fazem parte do programa de classificação das
terras, sendo tais dados coletados pelos pedólogos durante o trabalho de campo.

Os dados do levantamento semidetalhado devem estar disponíveis para toda a


equipe de classificação, independente de sua especialização. Mapas do levantamento
para classificação das terras para irrigação devem ser elaborados em bases copiativas,
numa escala apropriada à utilização por outros tipos de estudos. A tabulação da área
deve ser feita logo após a finalização dos trabalhos de campo.

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Classificação de Terras para Irrigação

Durante o estabelecimento do roteiro para os estudos a nível de semidetalhe, há


uma grande oportunidade de minimizar a área bruta do levantamento. Devem-se excluir
da área a ser levantada as terras inaptas, com base nos dados fornecidos pelo estudo a
nível de reconhecimento e pelas informações dos engenheiros de irrigação, engenheiros
projetistas, economistas, hidrólogos e de outros membros da equipe de planejamento.
As razões para esta exclusão dos estudos seguintes são: (1) custo excessivamente alto
para prestar o serviço de irrigação; (2) drenagem inviável, ou área isolada do serviço
devido à distância e à elevação; (3) suprimento de água limitado. Os pedólogos e enge-
nheiros de irrigação deverão trabalhar juntos para identificar áreas onde a drenagem é
inviável e, assim, reduzir a um mínimo a área para o levantamento mais detalhado.

Uma aproximação da área irrigável para os estudos semidetalhados pode ser feita
freqüentemente pela aplicação de um percentual de redução, relativo à área arável en-
contrada nas áreas, em geral selecionadas para irrigação pelos procedimentos de formu-
lação do projeto. Esta redução deverá ser adequada para incluir as faixas de domínio do
projeto, as áreas isoladas dentro das parcelas e devidas à construção da infra-estrutura
antecipada do projeto, ou áreas economicamente ou fisicamente inviáveis para irriga-
ção, tanto do ponto de vista da parcela como do projeto. Deverá haver uma relação
estreita entre as áreas aráveis e irrigáveis se a determinação inicial da área bruta do
levantamento for bem correlacionada por toda a equipe.

A classificação semidetalhada é, em geral, adequada aos estudos de viabilidade


(pré-autorização do planejamento), mas sob circunstâncias anormais poderão servir a
estudos mais detalhados de pré-construção. As circunstâncias atípicas que permitem a
aceitação de uma classificação semidetalhada dentro dos propósitos incluem: (1) levan-
tamentos extraordinariamente completos e precisos numa área uniforme; (2) levanta-
mento semidetalhado completo e preciso abrangendo uma grande área, complementado
por uma classificação detalhada em subáreas amostradas; (3) classificação semidetalhada
precisa de numerosas sondagens profundas a trado e dados de laboratório para um
projeto de irrigação por aspersão, no qual as características gerais de solos, topografia e
drenagem são favoráveis ao desenvolvimento do projeto. Os estudos da classificação
semidetalhada, com alguns aperfeiçoamentos, são em geral suficientes para as exigên-
cias da etapa de pré-construção de projetos de serviços suplementares.

„ Detalhado - Uma classificação detalhada envolve uma verificação das caracterís-


ticas das terras num nível de detalhe suficiente para fornecer informação sobre a
extensão e o caráter dos vários tipos de terras em manchas individuais muito pe-
quenas (manchas de 16 ha são comuns nos Estados Unidos). As informações de-
vem ser precisas, e os mapas básicos, numa escala de publicação tal que permita
ilustrar as várias delimitações requeridas. As possibilidades de erros numa classi-
ficação detalhada são menores do que num levantamento semidetalhado, e meno-
res ainda do que num levantamento de reconhecimento, devido ao maior número
de sondagens e ao maior tempo dispensado no levantamento detalhado.

O levantamento detalhado da aptidão das terras para irrigação é requisitado du-


rante a etapa de pré-construção do projeto em terras pioneiras. É muito importante que
haja tempo e capital suficientes para permitir a finalização do levantamento detalhado
em tempo hábil, de modo que outros estudos de planejamento possam ser completados
antes da construção do projeto. A classificação das terras a nível de detalhe geralmente
possui os níveis de precisão e de detalhamento necessários para fornecer uma base
sólida para estabelecer as tarifas de água, os benefícios de irrigação, as eficiências de
irrigação, os requerimentos de água da parcela, a capacidade do sistema de derivação, o
tamanho das parcelas, e outras avaliações necessárias para apoiar o leiaute final e a
construção do projeto de aproveitamento de recursos hídricos. A quantidade de dados
coletados para determinar a aptidão das terras para irrigação a nível de detalhe depende-
rá das características das terras e dos objetivos do planejamento. A coleta de dados

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Classificação de Terras para Irrigação

desnecessários e o mapeamento de áreas de pequena extensão e pouco praticáveis de-


vem ser evitados. Somente devem ser obtidos os dados necessários e usados no plane-
jamento e na construção, para os propósitos de OM&R, ou pelos proprietários. O tipo e a
quantidade de informações necessárias devem ser discutidos e coordenados com os
outros membros da equipe de estudo, para evitar a repetição e a omissão de dados.
Outras informações a respeito das terras para objetivos além daqueles requeridos à ap-
tidão para irrigação poderão incluir a atual quantificação das características da terra, a
previsão da qualidade da água percolada, a drenagem e os requerimentos de água para
outros usos da terra.

As especificações dos estudos a nível de semidetalhe, aperfeiçoadas e atualizadas,


geralmente são utilizadas no levantamento detalhado. Somente devem ser feitos aper-
feiçoamentos adicionais se as mudanças forem significativas e puderem ser avaliadas
adequadamente no estudo.

Normalmente, o mapeamento deve ser lançado em mapas-base numa escala mí-


nima de 1:5.000. A escala do mapa deve ser apropriada a outros tipos de estudo da
equipe do projeto e compatível com a sua utilização. Os mapas-base devem ser selecio-
nados em relação ao seu valor para orientação no campo, adequabilidade à identificação
e delineação de áreas de terras distintas, custo, disponibilidade e precisão da escala. O
mapeamento é normalmente feito com o auxílio de ortofotografias, fotografias aéreas,
mapas planialtimétricos ou com uma combinação destes. Um “overlay” com curvas de
nível sobreposto a ortofotografias aéreas ou fotografias aéreas restituídas, serve como
um excelente mapa-base. O uso de mapas planialtimétricos é vantajoso, mas não é re-
quisito para o levantamento detalhado, exceto em áreas de terras complexas, que estão
sendo mapeadas para irrigação por gravidade.

Embora uma amostragem menos intensa possa ser suficiente quando as condi-
ções das terras forem uniformes e favoráveis, linhas de amostragem cortando a área a
cerca de 0,4km entre si são em geral consideradas mínimas. A locação das sondagens
não se apóia num sistema rígido de malhas, pois as delimitações das classes de terras
freqüentemente se baseiam nas mudanças nas propriedades físicas e químicas relacio-
nadas com a fisiografia. Seis observações pedológicas por km2 podem ser suficientes
em condições muito uniformes; porém, normalmente, tem-se uma média de 7,7 obser-
vações pedológicas por km2 áreas com solos complexos e duvidosos devem ter mais
observações e amostragens. Pequenas glebas de terras inclusas em áreas aráveis em
geral e que não satisfazem as exigências mínimas para arabilidade, devem ser delimita-
das somente se for necessário e prático manejá-las sob irrigação e condições de cultivo
prevalecentes.

Análises detalhadas suficientes devem ser obtidas para caraterizar adequadamen-


te cada diferença principal dos solos, confirmar a aptidão para irrigação e fornecer dados
para determinações especiais, como: a previsão das mudanças na qualidade do solo e
da água, a avaliação do meio ambiente, os procedimentos para a programação de irriga-
ção e outros procedimentos que exigem dados relativos à terra. Estudos especiais re-
queridos para determinarem classes de terras específicas e satisfazerem outros objeti-
vos de estudos são usualmente feitos durante os estudos detalhados. Os dados disponí-
veis de estudos anteriores, a nível de reconhecimento e/ou semidetalhado, devem ser
utilizados; porém, quantidade considerável de dados adicionais é usualmente requerida.

As classes, as subclasses, os fatores e as avaliações informativas estão compreen-


didos em todas as áreas delineadas. As separações nas áreas de Classe 6 são usualmen-
te mais genéricas do que nas áreas aráveis.

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Classificação de Terras para Irrigação

Como os levantamentos para classificação de terras são demorados e seus resul-


tados são requisitados por outras disciplinas, logo no início do processo de planejamen-
to, a programação dos trabalhos de campo e a indicação das áreas prioritárias devem
possibilitar um ganho de tempo suficiente para fornecer dados à equipe de planejamen-
to para outros estudos preliminares. Durante esta fase de planejamento, é necessário
conhecer, com exatidão, a área irrigável ou a ser servida com irrigação, para dimensionar
o sistema de distribuição e estabelecer as tarifas ou cotas de água individualizadas. A
área irrigável deve ser baseada no leiaute do sistema de irrigação. Após o estabeleci-
mento da localização das estruturas para entrega de água, a área a ser servida sob tais
estruturas deve ser revista para confirmar a viabilidade física e econômica de servir cada
trecho arável dentro dos limites de cada parcela do perímetro. Algumas áreas aráveis
poderão vir a ser designadas como não irrigáveis, caso haja custos extraordinários dos
serviços de irrigação para os agricultores.

A intensidade das observações e as análises dos fatores de solo, topografia e dre-


nagem, para cada um dos três tipos de levantamentos básicos, variam com a complexi-
dade das condições das terras. Esta intensidade poderá ser modificada pelos objetivos
do estudo geral, pelo método de irrigação e pelo tipo de agricultura pressuposta, condi-
ções atuais da terra e requerimentos de dados pelos outros membros da equipe de estu-
do. Embora o objetivo do estudo seja similar para todo o projeto, a intensidade do estu-
do para alcançar o objetivo poderá variar de uma área para outra, dependendo da varia-
ção das características das terras. As áreas complexas e as áreas de terras com proble-
mas normalmente requerem mais informações para separar as classes de terras, ou para
resolver problemas de classificação.

„ Investigações pós-construção - Os estudos de pós-construção usualmente en-


volvem melhoramentos na área a ser servida, devido às mudanças durante a cons-
trução. Estes melhoramentos podem advir das mudanças no sistema de distribui-
ção, dos limites jurídicos, do suprimento de água e do uso da terra, os quais impe-
diam a irrigação. Além disto, podem ocorrer mudanças após o projeto estar ope-
rando por um tempo considerável, em face das condições imprevistas durante o
planejamento. Por exemplo, problemas de drenagem subsuperficial podem resul-
tar em salinização, e numa conseqüente severa diminuição de produtividade; ou,
então, mudanças nas práticas agrícolas ou nos padrões culturais podem tornar
viáveis terras antes consideradas inaptas para irrigação. Quando isto acontece,
talvez seja necessário ou desejável modificar a classificação das terras, ou
reclassificar as terras para ajustá-las às condições atuais. O detalhe requerido para
a modificação ou a reclassificação varia com o problema ou com a mudança ocor-
rida. Geralmente estes estudos devem ser realizados a nível detalhado. Quando
houver suficientes dados de campo, e ocorrerem poucas mudanças físicas ou quí-
micas, estes estudos podem ser complementados com pouco trabalho adicional
de campo (talvez a única necessidade seja uma reinterpretação de dados conside-
rando as condições atuais).

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Classificação de Terras para Irrigação

DESCRIÇÃO DAS
CLASSES DE TERRAS

4.1 Classes Básicas

As classes de terras do “Bureau of Reclamation” em geral baseiam-se na econo-


mia de produção e nos custos de desenvolvimento da terra, supondo serem eles de
responsabilidade do agricultor ou empresário. Baseiam-se também no rendimento líqui-
do do lote relativo aos custos de construção de um projeto específico. Porém, este con-
ceito pode variar, a fim de representar qualquer nível de retorno econômico aos agricul-
tores (ou pode até significar níveis relativos de benefícios de projetos atribuídos a uma
específica mancha de terras), sem contudo alterar sua essência.

Classes de terras similares de projetos diferentes, podem ter níveis de retorno eco-
nômico diversos. Porém, terras da mesma classe, num projeto específico, devem estar
contidas aproximadamente na mesma faixa de retorno econômico, mesmo que as carac-
terísticas físicas das terras possam diferir. As classes de terras incluem aquelas que iden-
tificam: (1) terras aráveis em grupos relativos a sua aptidão para irrigação, (2) terras não
aráveis e (3) uma classe provisória.

No “Bureau of Reclamation”, quatro classes de terras (1 a 4) são utilizadas para


representar terras com aptidão para irrigação. A Classe 1 tem a maior capacidade de
pagamento, com retornos econômicos progressivamente menores à medida que os nú-
meros de designação das classes aumentam. Geralmente as terras identificadas como
aráveis devem ter uma renda líquida do lote adequada, para cobrir os custos de OM&R
do projeto. A Classe 5 (classe provisória) indica terras potencialmente aráveis, mas que
requerem estudos adicionais para uma classificação definitiva. A Classe 6 - para terras
não aráveis - representa terras que geram uma renda líquida do lote insuficiente para
cobrir os custos de OM&R.

4.1.1 Classes Aráveis

Seis classes de terras estão disponíveis para serem usadas na designação de


arabilidade. à exceção da 1, as demais classes são usualmente divididas em subclasses
para fornecer dados complementares relativos à aptidão das terras, ou para suprir apre-
ciações informativas. A quantidade de classes de terras aráveis mapeadas depende das
características das terras, do método de irrigação proposto, das culturas selecionadas,
do nível relativo da renda do lote e do tipo de classificação. A separação em duas ou três
classes aráveis é a mais comum. A designação apenas em classes aráveis e não aráveis,
sem importar-se com as classes de terras, poderá ser usada em terras que geram uma
faixa restrita de renda líquida do lote. Devido às limitações dos estudos a nível de reco-
nhecimento, em seus objetivos gerais, a designação em arável/não arável, ou apenas em
duas classes de terras aráveis, poderá atender as necessidades da classificação. Quatro
classes de terras aráveis podem ser usadas, ocasionalmente, em estudos mais detalha-

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Classificação de Terras para Irrigação

dos, em que as condições das terras são complexas, as variações de terras são vastas e/
ou culturas nobres são cultivadas.

Classe 1 - Arável

Estas terras são as mais aptas para irrigação na área específica em estudo. As
terras de Classe 1 são mapeadas, exceto quando somente uma designação de arável e
não arável é usada. Em geral, estas terras são bastante adequadas para a agricultura
irrigada, sendo capazes (numa área de cultivo diversificado) de fornecer e sustentar pro-
duções relativamente altas de ampla faixa de culturas climaticamente adaptadas, a um
custo razoável; ou, em áreas de cultivos específicos, manter as altas produções de uma
única cultura adaptada. Estas terras podem ser pronta e eficientemente irrigadas pelo
sistema previsto. O solo deve ser física e quimicamente bem adequado à produção das
culturas propostas para a área geográfica e climática considerada. A capacidade de re-
tenção de água do solo deve ser adequada ao sistema de irrigação estimado, para pro-
porcionar umidade para o ótimo desenvolvimento das plantas cultivadas. O solo deve
estar livre de acumulações nocivas de sais solúveis ou, havendo sais presentes, poderão
ser facilmente lixiviados. Os efeitos da erosão devem ser mínimos com a irrigação, e o
desenvolvimento da terra pode ser executado a um custo relativamente baixo. Estas
terras possuem alta renda líquida do lote.

Classe 2 - Arável

Compreende terras com aptidão moderada para irrigação, sendo inferiores às da


Classe 1 em capacidade produtiva e/ou exigindo custos mais altos para preparo, irriga-
ção e cultivo. Estas terras não são tão requisitadas ou valiosas quanto as de Classe 1,
devido a certas particularidades.

Em comparação ao da Classe 1, o solo pode ter menor capacidade de retenção de


umidade, ou permeabilidade menor a ar, água e raízes, podendo ser moderadamente
salino sob irrigação, o que pode limitar a produtividade ou envolver custos moderados
de lavagem. Limitações topográficas podem incluir superfície irregular, que exija custos
moderados para correção, elevações do terreno, resultando em parcelas menores e de-
clives, que requerem cuidados e custos maiores, para evitar fenômenos de erosão. Po-
dem ser necessários custos moderados de drenagem, remoção de vegetação arbórea ou
pequena pedregosidade. Qualquer limitação pode ser suficiente para rebaixar as terras
de Classe 1 para Classe 2; porém, às vezes uma combinação de dois ou mais fatores
contribuem para o rebaixamento. Esta classe apresenta capacidade de pagamento inter-
mediária, exceto quando há somente duas classes de terras aráveis mapeadas, e alguns
dos parâmetros das características destas terras forem considerados como de Classe 3.
Então a capacidade de pagamento variará de intermediária a baixa. As terras de Classe 2
devem ser mapeadas, exceto quando houver um mapeamento simplificado, baseado
numa classificação de terras designadas de aráveis ou não aráveis.

Classe 3 - Arável

Quando for mapeada, é considerada como a classe das terras aráveis de mais
baixa categoria. As terras desta classe são aptas para desenvolvimento sob irrigação,
porém possuem apenas os requerimentos mínimos para irrigação, pois apresentam de-
ficiências de solo, topografia ou drenagem, as quais são mais severas individualmente
ou combinadas (duas ou mais deficiências menos acentuadas). As terras desta classe
apresentam menor capacidade produtiva, maiores custos de produção e de desenvolvi-
mento, ou qualquer combinação destes três fatores, do que a anterior. Embora maiores
riscos envolvam a sua utilização em agricultura irrigada, quando comparadas às classes
de terras anteriores (1 e 2), prevê-se que estas terras possuam adequada capacidade de
pagamento para atender os custos de operação, manutenção e reposição do projeto, sob

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Classificação de Terras para Irrigação

manejo e em unidades de tamanho adequados. As interações entre as deficiências po-


dem ser importantes e devem receber atenção cuidadosa na avaliação desta classe de
terras.

Classe 4 - Arável

As terras incluídas nesta classe devem ser limitadas a situações raras ou específi-
cas e apenas a projetos que geralmente apresentem alto retorno econômico e renda
líquida do lote com uma ampla faixa de domínio. A Classe 4, se for mapeada, deve repre-
sentar a terra arável de mais baixa qualidade. As terras nesta classe podem ter certas
deficiências excessivas, que resultam numa utilização restrita; entretanto, possuem os
requisitos mínimos para uma terra arável, no âmbito do plano proposto. Podem ser simi-
lares às terras de outras classes aráveis, mas apresentam deficiências mais severas. Em
todo caso, apresentarão menor produtividade, custo de produção e de desenvolvimento
mais altos, ou combinações destes, mais restritivas que as das terras de Classe 3. A
Classe 4 deve ser usada somente em raras situações, em que uma quarta clas-
se arável for necessária para identificar e caracterizar adequadamente terras
com arabilidade marginal. Normalmente é aplicável apenas em estudos em que são
considerados cultivos especiais ou com alto retorno. Suas propriedades características
devem ser logo reconhecidas para permitir uma avaliação adequada no levantamento. A
Classe 4, em geral, não é usada no estudo a nível de reconhecimento.

Classe 5 - Não Arável

A arabilidade das terras incluídas nesta classe não pode ser determinada pelos
métodos de classificação de rotina; porém estas terras aparentam possuir valor potenci-
al suficiente para serem separadas para estudos especiais. A designação em Classe 5 é
provisória, e normalmente muda para uma classe arável apropriada ou para a 6, após
completada a classificação. Se algum problema relacionado com estas terras não for
resolvido, deve-se assumir que elas são não aráveis sob as formulações do projeto pro-
posto. Estas terras podem ter deficiências de solo específicas, como: excessiva salinidade,
topografia desfavorável, drenagem inadequada, excessiva cobertura arbórea ou de ro-
chas; ou outras deficiências severas que exijam estudos especiais de agronomia, econo-
mia ou engenharia para determinar a sua arabilidade. As terras da Classe 5 são separa-
das somente quando as condições existentes na área exigem considerações de tais ter-
ras para a competente avaliação das possibilidades do projeto; por exemplo, quando
existirem recursos hídricos em abundância ou déficit de terras melhores. Esta classe
também serve para delimitar áreas com problemas e encorajar a solução dos mesmos;
normalmente, não seria usada num estudo a nível de reconhecimento.

Classe 6 - Não Arável

Inclui as terras que não atingem os requisitos mínimos para pagar os custos de
operação, manutenção e reposição do projeto. Em geral, compreende terras com alto
declive, acidentadas, irregulares, ou gravemente erodidas; com solos de textura muito
grossa ou fina; com solos de pouca profundidade sobre cascalho, camada barreira, duripan
ou rocha; terras com drenagem inadequada e/ou alta concentração de sais solúveis ou
sódio. As terras classificadas como de Classe 6 em uma área podem ser aráveis sob
condições climáticas mais favoráveis.

4.1.2 Classes de Uso Especial

Na maioria das vezes, estas terras podem ser aptas apenas para um uso específico
sob irrigação. Em tais casos devem ser usadas classes e subclasses de terras normais,
mas as especificações devem ser desenvolvidas na base do uso especial indicado. Uso
especial implica na utilização de um certo método de irrigação ou culturas específicas,

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Classificação de Terras para Irrigação

como abacate, arroz ou pastagem. O que se exige para que as terras de mesma classe
tenham capacidade de pagamento relativamente igual aplica-se, também, às classes de
uso especial. Normalmente, cada classificação de uso especial iria requerer um mapa
distinto; porém, se a classificação de terras puder ser correlacionada, ambas podem ser
incluídas no mesmo mapa (entretanto, em geral aparecem dificuldades na correlação de
classes de terras indefinidas entre dois tipos de uso). O mapeamento no campo, para um
ou mais tipos de uso, pode ser feito ao mesmo tempo. Se mais de um tipo de uso for
incluído no mesmo mapa, o uso representado por um símbolo deve indicar sua limitação.

Por exemplo, “R1” para rizicultura ou ”F1" para fruticultura. No caso do mapeamento
com, apenas, um tipo de uso, nenhuma designação na representação cartográfica seria
necessária; no entanto, uma exposição da limitação de uso deve ser colocada no mapa.

4.1.3 Classes Irrigáveis

A classe de terras irrigáveis refere-se à área irrigável. Geralmente as mesmas


classes são extraídas das designações aráveis. Porém, há ocasiões em que devem ser
feitos ajustes na classe de terra arável, para adequá-la ao sistema de irrigação previsto,
aos limites legais das propriedades e às mudanças no uso da terra. Por ocasião da de-
marcação da área irrigável, dentro dos limites da área arável, haverá situações que influ-
enciam apreciavelmente a renda líquida do lote, e que poderão requerer uma mudança
na classe de terras. Alguns exemplos de condições que necessitam de ajustes na classe
de terras aráveis são: (1) redução do tamanho da parcela devido às faixas de domínio
para a infra-estrutura do projeto ou limites de propriedade; (2) custos adicionais do lote
para derivar a água para áreas elevadas; (3) maiores custos de desenvolvimento; (4)
custos adicionais de drenagem no lote, provenientes do padrão de desenvolvimento.

Mudanças no uso da terra, no período entre o levantamento das terras aráveis e a


determinação da área irrigável, que impedem o desenvolvimento da irrigação, podem
fazer com que certa área arável não seja considerada área irrigável. Devido ao método
usado na determinação da área irrigável e da menor necessidade de detalhamento nos
estudos preliminares de planejamento, em geral não são necessários grandes acertos
nas classes de terras entre as áreas aráveis e irrigáveis, senão um pouco antes da cons-
trução ou durante a revisão, com o projeto definido, da classificação de terras.

4.1.4 Subclasses Básicas

As designações das subclasses devem ser usadas para fornecer informações bási-
cas relativas às características das terras e à aptidão para irrigação. As informações
fornecidas pelas subclasses são usadas, principalmente, para estudos econômicos, es-
tudos sobre a qualidade da água percolada, pelos gerentes dos projetos e outros - os
quais necessitam de informações a respeito das terras - e para esboços de relatórios. As
subclasses são usadas para indicar deficiências nos três fatores básicos das terras: solo,
topografia e drenagem. As razões para se colocarem áreas em classes mais baixas que a
Classe 1 são indicadas, acrescentando-se as letras “s”, “t” e “d” ao número da classe, o
que esclarece se a deficiência é de “solo”, “topografia” ou “drenagem”.

4.2 Representação Cartográfica (Símbolos)

Um mapa com demarcações e símbolos de classificação de terras apresenta o


resultado do estudo de sua classificação e outros dados úteis acerca de seus aspectos. É
essencial que uma simbologia adequada seja desenvolvida para fornecer uma coletânea
de dados precisos e completos à aptidão para irrigação, a avaliações significativas e a
outros fatores. O símbolo, correlacionado às respectivas medidas de áreas, fornece um
meio de resumir a aptidão das terras do projeto e outros dados essenciais ao estudo.

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Classificação de Terras para Irrigação

Basicamente é utilizado um símbolo em que o numerador inclui a classe e a


subclasse de terras e as deficiências dominantes, associadas à aptidão para irrigação
(isto é, solo, topografia e drenagem).

O conteúdo do denominador pode variar entre os estudos, mas deve conter


caracteres para identificar e quantificar avaliações informativas retratadas no mapa. A
Figura 4.1 ilustra uma representação cartográfica típica de classificação de terras, e a
grande quantidade relativa de informações que podem estar contidas no símbolo. Os
caracteres do denominador adotados para a representação cartográfica da classificação
das terras e seus limites devem ser, quando possível, padronizados e consistentes. As
características mais importantes devem ser enfatizadas, e o número de deficiências apre-
sentadas deve ser mantido em limites razoáveis. Não são usados caracteres no denomi-
nador para a Classe 1, exceto para fins de avaliações informativas. Um ou dois símbolos
para deficiências podem ser usados nas terras de Classe 2. Normalmente, um máximo
de três símbolos são usados para representar as terras de Classes 3, 4, 5 e 6.

Produtividade e desenvolvimento das terras indicam níveis de classes de terra re-


ferentes a esses aspectos, como, por exemplo, o símbolo “22”, no denominador, signifi-
ca produtividade ao nível de Classe 2 e custo de desenvolvimento ao nível de Classe 2.
Elas são representadas no lado esquerdo do denominador, na ordem mostrada na Figura
4.1. Os caracteres que mostram as deficiências das terras e seus graus são representa-
dos no lado direito do símbolo, logo após a fração, como ilustrado na Figura 4.1. Pelo
menos um caráter de deficiência é necessário para identificar cada subclasse no numera-
dor. A informação relativa à água disponível pode ser interpretada pelas avaliações das
deficiências, mostradas após as avaliações informativas, no denominador.

Outros símbolos podem ser usados para designar características de solos e de


terras, peculiares à área geográfica específica do projeto.

Quando se mapeiam áreas de Classe 5, o símbolo padronizado para a designação


da terra arável proposta é usado, mas posto entre parênteses, precedido do número 5
com sua respectiva subclasse (s, t ou d) para representar o problema não resolvido mo-
mentaneamente. Após a determinação da classificação provisória, o número 5, com sua
respectiva subclasse (quando houver), e os parênteses são removidos. No caso da com-
provação da arabilidade, o símbolo entre parênteses permanece. Se forem definidas como
Classe 6, o símbolo que permaneceu deve ser revisto para espelhar as condições da
Classe 6. Se a inclusão das terras de Classe 5 no projeto não for necessária ou se o prazo
não permitir sua resolução, o símbolo pode permanecer, mas a terra deve ser considera-
da como não arável.

Outros símbolos cartográficos (símbolos exclusivos) podem ser usados para iden-
tificar certos fatores físicos das terras, que não são indicativos da classe de terras, mas
que representam aspectos fisiográficos que podem ter contribuído para definir a classe
de terras. Estes símbolos são opcionais e usados por conveniência, e não precisam se-
guir padrões rígidos; porém, muitos símbolos, mostrados na Figura 4.2, são convencio-
nais e mais facilmente interpretados pela maioria dos usuários. Uma legenda com o
significado dos símbolos deve ser incluída no mapa.

Os símbolos de mapeamento padronizados, que podem ser usados em combina-


ção semelhante àquela ilustrada na Figura 4.1, incluem os seguintes:

Símbolos para Terras Aráveis

Classe 1 - 1
Classe 2 - 2s, 2t, 2d, 2st, 2sd, 2td, 2std
Classe 3 - 3s, 3t, 3d, 3st, 3sd, 3td, 3std

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura 4.1 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Padronizados para


Classificação de Terras

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura 4.2 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Especiais e Convencionais nos


Mapas de Classificação das Terras

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Classificação de Terras para Irrigação

Símbolos para Uso Especial ou de Arabilidade com Limitações

Classe 4 - Pastagem - 4Ps, 4Pt, 4Ptd, 4Psd, 4Ptd, 4Pstd.

„ Subclasses similares para Fruticultura - 4F, Rizicultura - 4R,


Olericultura - 4V, Aspersão - 4S

Símbolos Provisórios

Classe 5 - Investigações pendentes - 5s, 5t, 5d, 5st, 5sd, 5td, 5std.

„ Recuperação pendente - 5(1), 5(2s), 5(2t), etc.


„ Projeto de drenagem - 5(d), 5d(2s), etc.
„ Subclasses similares para inundação - 5f(1).

Não Aráveis

Classe 6 - 6s, 6t, 6d, 6st, 6sd, 6td, 6std.

Posições isoladas - 6i(1), 6i(2s), 6i(2t), etc.


Subclasses similares para posições altas - 6H
Direito de água - 6W.

4.3 Avaliações Informativas

As avaliações informativas incluem uso da terra, produtividade, limites de custos


de desenvolvimento das terras, drenabilidade e exigência de água do imóvel rural, quan-
do necessários. Apreciações adicionais podem ser incluídas, quando requeridas especi-
ficamente para outras atividades nas investigações do projeto. As avaliações e delineações
devem ficar contidas a um mínimo possível, em termos de economia e eficiência. Os
limites das unidades de mapeamento devem coincidir com aqueles das classes e
subclasses de terras. As avaliações devem ser representadas por símbolos apropriados
no denominador do modelo de representação cartográfica para classificação de terras,
como mostrado na Figura 4.1.

Outras avaliações informativas podem ser desenvolvidas e usadas com a simbologia


de mapeamento, se forem requeridas pelas condições na área de investigação. As avali-
ações informativas mais comuns, necessárias aos estudos de irrigabilidade, estão des-
critas nos parágrafos que seguem.

4.3.1 Uso da Terra

Símbolos para uso da terra são auto-explicativos e correspondem a um meio de


determinar as condições atuais de cultivo, anteriores à construção do projeto. Geralmen-
te nenhuma tentativa deve ser feita para separar as diversas culturas, senão quando
solicitada especificamente pelo economista; neste caso, as segregações devem ficar num
mapa distinto do mapa de classificação de terras. Os seguintes símbolos são convencio-
nais no oeste dos Estados Unidos; porém, outros podem ser desenvolvidos para
corresponder às características da área estudada.

„ C - Cultivada sob irrigação;


„ P - Pastagens permanentes irrigadas;
„ L - Cultivada não irrigada;
„ G - Pastagens permanentes não irrigadas;
„ B - Caatinga, capoeira ou mata;
„ H - Urbano ou imóveis rurais;

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Classificação de Terras para Irrigação

„ W - Vazadouro;
„ Row - Faixa de domínio.

4.3.2 Produtividade

Produtividade é o efeito combinado da capacidade produtiva de uma parcela de


terra específica e dos custos de produção desta. Estimativas do nível de produtividade,
associadas às manchas de terras específicas, são feitas pelos pedólogos no campo, en-
quanto conduzem o estudo de classificação de terras. Medidas de produtividade 1, 2, 3, 4
ou 6 podem ser usadas na simbologia para o nível de classe de terras deste fator.

Produtividade e custos de desenvolvimento das terras são os critérios básicos


que regem a classificação de terras. O efeito combinado ou cumulativo destes fatores na
renda líquida do lote (não apenas o mais proeminente) é o que determina a classe de
terras, exceto se estiverem em limites opostos.

4.3.3 Requerimentos para Desenvolvimento da Terra

Desenvolvimento da terra é a preparação necessária da mesma à irrigação, na


forma de melhoramentos relativamente permanentes, financiados pelo proprietário ou
pela entidade de gerenciamento e especificamente relacionada aos imóveis rurais bene-
ficiados. Este desenvolvimento é representado por uma gama de custos ou investimen-
tos no melhoramento das terras, necessários à obtenção da produtividade estimada.
Custos periódicos e normais de produção (adubos, nivelamento periódico da terra, etc.)
são considerados custos operacionais e não custos de desenvolvimento da terra. Prova-
velmente os insumos também irão aumentar os níveis de produtividade; assim, a medi-
da de produtividade estabelecida deve estar relacionada ao grau de desenvolvimento da
terra previsto. Os padrões de cultivo previstos, o método de irrigação e as pertinentes
limitações físicas, relativas às características das terras, devem ser cuidadosamente con-
sideradas na estimativa dos custos de desenvolvimento das terras, pois os custos são
diretamente relacionados a estes (e possivelmente a outros) fatores. Os requerimentos
para desenvolvimento de terras, como a produtividade, recebem valores 1, 2, 3, 4 ou 6.

4.3.4 Exigências de Água do Lote

A necessidade de água do lote é representada cartograficamente pelo símbolo A


para baixa, B para média e C para alta necessidade. A capacidade de água disponível
deve ser estimada para avaliar essas necessidades. A utilidade desta avaliação depende
do padrão de cultivo previsto, do arranjo do sistema de suprimento de água e da unifor-
midade das terras.

4.3.5 Permeabilidade do Substrato

A permeabilidade do substrato é uma das mais importantes considerações na clas-


sificação de terras. Se um lençol freático se desenvolver e não puder ser economicamen-
te controlado, talvez seja impossível manter uma produção agrícola estável. Em quase
todos os projetos desenvolvidos pelo “Bureau of Reclamation”, a maior parte das insta-
lações da drenagem subsuperficial é construída com capital de fundo do projeto e não é
responsabilidade do proprietário do imóvel rural. Porém, às vezes o agricultor é respon-
sabilizado por problemas de drenagem subsuperficial, os quais poderiam ter sido causa-
dos por sua própria irrigação. Como resultado, a drenagem subsuperficial pode ser con-
siderada como um custo de desenvolvimento da terra em alguns projetos, de acordo
com as decisões tomadas quando as investigações detalhadas do projeto começarem.
Devido à importância do controle da drenagem, é necessária uma avaliação das condi-
ções do substrato por toda a área do projeto. Em complemento ao estudo dos dados
geológicos, tal avaliação pode requerer sondagens profundas (6 a 15m) para explorar as

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Classificação de Terras para Irrigação

condições do substrato e certamente necessitar de numerosas tradagens (3m) para ava-


liação do substrato a profundidades normais de construção de drenos.

Dados localizados de condutividade hidráulica de camadas de solos, numa faixa


de 1,5 a 3m ou mais, devem ser assegurados. Usualmente, testes de campo de
condutividade hidráulica devem ser feitos, para avaliar as várias camadas do substrato.
Todas as fases do trabalho que requerem uma determinação das necessidades de drena-
gem devem ser realizadas com a assistência de um engenheiro de drenagem.

4.3.6 Avaliações Adicionais

Outros símbolos para avaliações informativas podem ser necessários à medida


que surgem deficiências de solo, topografia ou drenagem. Estes símbolos devem ser
postos no lado direito do símbolo para classe de terras. O uso destes símbolos informa-
tivos facilita a análise econômica e a revisão do trabalho de campo e é útil aos estudos de
avaliação de escritório. Tais símbolos podem ser expandidos posteriormente pelo uso
de notações mostrando os graus de deficiência. Alguns dos símbolos usados freqüente-
mente são:

Deficiências de Solo

“ k ” Solos rasos sobre areia grossa, cascalho ou pedras. Este símbolo, usualmente,
pressupõe que o cascalho esteja livre de partículas finas. Se houver partículas fi-
nas em proporções substanciais, deve haver tolerância na determinação da classe
de terras apropriada. Dados referentes à capacidade de água disponível normal-
mente são necessários nestes solos.

“ b ” Pequena profundidade até o substrato relativamente impermeável. Em geral, a


ocorrência de um substrato impermeável está associada a custos altos de drena-
gem; e boa parte destas terras pode ser não arável. A salinidade ou alcalinidade da
camada impermeável são também considerações importantes, pois podem agra-
var a salinização dos solos.

“ z ” Pequena profundidade até a camada de concentração de calcário. A zona calcária


que oferece impedimentos à produção agrícola irrigada é normalmente associada
à ocorrência de caliche. Este pode ser fraturado e permeável, ou relativamente
compacto. Estudos consideráveis, relativos à penetração de raízes e água por esta
camada, devem ser feitos para verificar a arabilidade das terras com estes solos.
Ocorrências freqüentes de depósitos pouco densos de carbonato de cálcio, tam-
bém reduzem a produtividade e devem ser identificadas.

“ h ” Textura muito argilosa. A utilização do símbolo “h” significará que esta caracterís-
tica é considerada como uma deficiência. Dados acerca da estrutura e testes de
permeabilidade no campo devem ser feitos, quando ocorrerem solos argilosos. O
tipo de mineral da argila (isto é, atividade da argila) é importante na avaliação da
produtividade de um solo argiloso.

“ v ” Textura muito grosseira (areia e areia franca). Este símbolo deve ser usado quando
a textura grosseira acarretar o enquadramento do solo em uma classe inferior.
Estes tipos de solos possuem deficiência na capacidade de água disponível. O
tamanho das partículas de areia deve ser observado.

“ q ” Baixa capacidade de água disponível. Este símbolo deve ser usado quando a ca-
mada superior do solo for composta de material de textura leve ou média sobre
material de textura grosseira, e o perfil do solo tiver menos que 152mm de capaci-
dade de água disponível nos primeiros 120cm.

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Classificação de Terras para Irrigação

“ i ” Taxa de infiltração restrita. Este símbolo deve ser usado se a taxa de infiltração for
baixa o suficiente para influir na classe de terras, devido aos maiores custos de
produção resultantes do trabalho extra envolvido na irrigação, ou à menor produ-
tividade, conseqüência da escassez de água para o crescimento das culturas. Não
deve ser confundida com condutividade hidráulica restrita, na camada superior do
subsolo (símbolo “p”), que não afeta a infiltração normal das aplicações de irriga-
ção.

“ p ” Condutividade hidráulica restrita. Esta condição não deve ser confundida com in-
filtração; está relacionada com limitações na camada superior do subsolo, o que
poderá provocar o aparecimento de um lençol freático suspenso, temporário na
rizosfera, após a irrigação. Isto se aplica, principalmente, se a taxa de infiltração for
alta.

“ x ” Pedregosidade. Refere-se a calhaus e cascalho grosseiro (geralmente com diâme-


tro inferior a 13cm) disperso no solo, de onde se supõe que não venha a ser retira-
do, e que não é numeroso bastante para ser considerado como um substrato pe-
dregoso (composto por cascalho ou calhau). A ocorrência deste material não deve
impedir a aração e o cultivo normais, mas podem aumentar um pouco estes cus-
tos e diminuir a produtividade em face do efeito de descontinuidade do solo.

“ y ” Fertilidade do solo. Este símbolo não é usado com freqüência, porque é muito
difícil avaliá-lo com precisão. Solos muito arenosos são geralmente deficientes em
fertilidade, mas a designação de níveis baixos de produtividade e do símbolo “v”
servem para imputar ao solo a característica de baixa fertilidade, tornando desne-
cessário, assim, o símbolo “y”. Se existirem dados confiáveis demonstrando que
um certo solo tem necessidade de uma quantidade consideravelmente maior de
fertilizantes do que demais solos similares em outros projetos, e a análise orça-
mentária não refletir estes custos, então será apropriado considerar esta quantida-
de extra de fertilizante como um custo de desenvolvimento que poderá rebaixar a
classe de terras. Se um nivelamento brusco expuser os subsolos de fertilidade
natural baixa, uma adubação extra é usualmente requerida para aumentar a fertili-
dade a um nível compatível à terra sem sistematização. Tal gasto pode ser conside-
rado um custo de desenvolvimento e não precisará ser mostrado como uma defi-
ciência específica, pois a capacidade de pagamento reflete a necessidade deste
investimento. Porém, se uma produtividade menor for evidenciada, ou se a neces-
sidade de fertilizante for maior do que a normalmente esperada, o uso do símbolo
“y” pode ser apropriado.

“ s ” Salinidade. Amostragens e interpretação de dados adequadas são importantes nesta


avaliação. A quantidade de sais solúveis pode variar bastante nas camadas super-
ficiais, dependendo do microrrelevo. É melhor coletar amostras compostas de vá-
rios locais para obter uma amostra representativa para a análise da salinidade. A
salinidade da camada subsuperficial pode mostrar-se mais moderadamente uni-
forme na área de estudo do que na camada superficial. A deficiência deve indicar
as condições de equilíbrio previstas com o projeto e refletir qualquer custo de
lixiviação necessário.

“ a ” Sodicidade ou alcalinidade. O uso deste símbolo indica altos teores de sódio trocável
na rizosfera e mostra a necessidade de recuperação do perfil do solo, assim como
na lixiviação dos solos salinos tem-se como requisito uma drenagem adequada
para a recuperação destes; porém, inicialmente, a condutividade hidráulica do solo
deve ser adequada o suficiente para permitir a saturação da solução do solo com
uma fonte de íons de cálcio, para reagir e deslocar os íons de sódio.

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Classificação de Terras para Irrigação

“ t ” Elementos tóxicos. Este símbolo é usado para identificar a presença de elementos


tóxicos, como arsênio, boro, cádmio e chumbo. Uma análise precisa de laborató-
rio é necessária para detectar a presença destes elementos tóxicos e, conseqüen-
temente, para adotar este símbolo, pois pequenas porções destes elementos po-
dem causar reações tóxicas.

Deficiências de Topografia

“ g ” Deficiência por declividade. Os impactos de “g” variam com a localização, o siste-


ma de cultivo, as condições dos solos, o padrão de precipitação e o método de
irrigação. A quantificação do efeito desta deficiência deve ser determinada duran-
te o desenvolvimento das especificações para classificação de terras. A declividade
tem influência na produtividade e nos custos de desenvolvimento. Considerando
que a classe de terra é determinada pela produtividade (incluindo os custos de
produção) e pelos custos de desenvolvimento, é provável que a produtividade seja
mais influenciada pela declividade do que os custos de desenvolvimento, particu-
larmente no caso de irrigação por gravidade. Os fatores que influenciam a produ-
tividade incluem maiores requerimentos de mão-de-obra, menor necessidade de
água, maior erodibilidade e a necessidade de um uso especial para terras com
excessiva declividade. Os fatores que influenciam os custos de desenvolvimento
são a necessidade de mais estruturas e/ou equipamentos de irrigação. Com o in-
cremento da declividade, o efeito de estruturas adicionais pode tornar-se de extre-
ma importância.

Pode ser indispensável a consideração da posição quando as terras são isoladas,


altas ou baixas, resultando no aumento dos custos de operação. O grau de
adequabilidade de um trecho pode relacionar-se com sua acessibilidade com res-
peito à irrigação e à operação de máquinas agrícolas.

“ u ” Microrrelevo (ou necessidade de sistematização) é uma deficiência topográfica


comum em situações de irrigação por gravidade. Existem poucas áreas na terra
que não exigem algum nivelamento para a distribuição uniforme da água por sis-
temas de gravidade. O método de irrigação é importante na avaliação das necessi-
dades de nivelamento. Este fator talvez seja insignificante se forem usados méto-
dos de irrigação por aspersão; porém, os custos operacionais e do sistema podem
ser determinantes da classe de terra e não devem ser ignorados.

“ j ” O tamanho e a forma das áreas precisam ser considerados de maneira tal que a
configuração e a localização de uma área permitam o uso eficiente de implementos
agrícolas, a eficiência de irrigação e a obtenção de retornos compatíveis com a
classe de terras indicada. Além disso, o tamanho e a forma das áreas devem ser
considerados em relação ao tipo de irrigação usado.

Um padrão de campo desordenado ou irregular é difícil de ser cultivado de manei-


ra eficiente em áreas onde o sistema de agricultura se volta para relativamente
grandes operações. Nessas áreas, quanto menor o trecho irrigado, maiores os cus-
tos com a utilização de máquinas agrícolas pesadas e a obtenção de uma explora-
ção agrícola econômica. Onde esta deficiência for significativa, ela será essencial-
mente não corrigível e importante na classificação das terras (particularmente no
caso da irrigação por gravidade). Esta deficiência, como no caso da deficiência por
declividade, usualmente afeta a produtividade, os custos de produção e de desen-
volvimento. As considerações referentes a problemas com tamanho e forma de
áreas em relação à produtividade incluem: perda de área produtiva devido às áre-
as necessárias às manobras das máquinas agrícolas, limitação no uso da terra, em
face da dificuldade na utilização de máquinas de grande porte em áreas pequenas,

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Classificação de Terras para Irrigação

e mão-de-obra extra por unidade de área para irrigação, cultivo e colheita. Consi-
derações relativas aos custos de desenvolvimento incluem maior custo unitário
para sistematização, devido ao tamanho restritivo da área para uso de máquinas
que movimentam grandes quantidades de terra, maior número de canais secundá-
rios e de drenos por unidade de área.

“ c ” A cobertura vegetal superficial que precisa ser removida para possibilitar o cultivo
ou que, caso não seja removida, reduza a produtividade da terra ou aumente os
custos de produção, deve ser considerada na classificação. A remoção da cobertu-
ra requer um custo de desenvolvimento que variará da Classe 1 à Classe 6, depen-
dendo do custo do desmatamento, do valor do material removido e das diferenças
no valor da terra com mata e desmatada.

“ r ” Remoção de pedras. Algumas vezes pode ser difícil distinguir entre a necessidade
de remoção de pedras e a condição de solos com pedregosidade. Tais condições
ocorrem freqüentemente juntas e é possível ter ambas as deficiências (x e r) na
mesma terra.

“ i ” Drenagem do ar. Este símbolo é da maior importância quando da classificação de


terras aproveitadas com culturas sensíveis à geada. Várias frutas, como as cítricas,
o abacate e a pera, são particularmente sensíveis à geada, e o uso deste símbolo é
importante para o planejamento da sua produção.

Topografia e situação no relevo são os fatores principais a serem considerados ao se


fazer uma determinação relativa à drenagem do ar. Bacias fechadas e de relevo bai-
xo são, em geral, áreas mais aptas a apresentarem problemas de drenagem do ar.

Deficiências de Drenagem

“ f ” Inundação. Esta deficiência é considerada um fator de custo de desenvolvimento,


quando há necessidade de diques de proteção, canais escoadouros, ou outras es-
truturas que protejam as terras dos danos da inundação. Quando nenhuma prote-
ção for planejada, é apropriado usar o símbolo “f” como um fator de produtivida-
de, pois as demandas da cultura, erosão ou sedimentação de silte, afetam a capa-
cidade produtiva das terras. Sob certas circunstâncias, a inundação pode não cau-
sar nenhum prejuízo, e não é considerada uma deficiência. Cada situação deve ser
cuidadosamente estudada para assegurar a simbolização adequada.

“ w ” Lençol freático elevado. A profundidade em que o lençol freático é prejudicial va-


ria, dependendo da cultura, das condições do solo, da salinidade e de outros fato-
res. Quando as especificações para classificação de terra estão sendo preparadas,
devem-se tomar decisões em relação aos parâmetros para o rebaixamento de ter-
ras com lençol freático elevado. As profundidades do lençol freático a serem con-
sideradas são aquelas em que ocorre estabilização durante a operação do projeto.
Um dos fatores que influenciam na avaliação das condições do lençol freático é a
localização do sistema de drenagem do projeto. Se o lençol freático tem de ser
rebaixado pelo agricultor para fins agrícolas em geral (drenagem no lote), a opera-
ção será um custo de desenvolvimento. Se a futura estabilização do lençol freático
for prevista e não houver necessidade de rebaixamento pela instalação de drenos,
podem ser fixadas, então, as limitações de produção, que devem ser avaliadas
como um fator de produtividade. As anotações de campo devem indicar qual a
aproximação utilizada.

“ o ” Requerimentos de drenagem superficial e subsuperficial são, normalmente, fáceis


de avaliar, em especial nas classificações a nível detalhado, nas quais dados topo-
gráficos confiáveis estão disponíveis. Uma atuação conjunta com os engenheiros
de drenagem é necessária na avaliação dos problemas de drenagem do lote.

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Classificação de Terras para Irrigação

FATORES DE SOLO A
SEREM CONSIDERADOS
NA CLASSIFICAÇÃO DE
TERRAS

Este capítulo aborda os fatores relacionados aos solos, os quais devem ser consi-
derados na execução da classificação de terras para irrigação. Ele não trata, com deta-
lhes, de outros fatores principais (topografia e drenagem) igualmente relevantes, mas
abordados em outros capítulos deste MANUAL. Pretende-se, com ele, sumarizar as ca-
racterísticas físicas e químicas, tipicamente importantes, que devem ser consideradas na
formulação de especificações e do programa dos trabalhos de campo. Existem fatores
adicionais que não serão discutidos adiante e que podem ser significativos em algumas
situações. Embora algumas referências aqui discutidas não sejam aplicáveis mundial-
mente, a consideração destes fatores e suas influências na aptidão para irrigação é, de
modo usual, de importância crítica no processo de classificação de terras. Estes fatores
influenciam o processo de classificação de terras, pelos seus efeitos na aptidão física e
química das terras em questão e pelas conseqüentes implicações econômicas. Estes
fatores se relacionam, em geral (direta ou indiretamente), com o nível de produtividade,
os custos de produção, o custo de medidas corretivas e/ou uma produtividade estável; e
todos se relacionam com o retorno econômico.

A importância desses fatores, e de outros, pode variar segundo as condições pre-


valecentes na área de estudo; portanto, não é possível estimá-los precisamente, sem
conhecer o contexto em que ocorrem. Por isto, é fundamental que as especificações para
classificação de terras sejam estabelecidas para cada projeto ou área de estudo, ao invés
de numa base geral ou mundial.

5.1. Fatores do Solo


5.1.1 Profundidade Efetiva

A espessura do material de solo adequado sobre o material com baixa capacidade


de água disponível e excessivamente permeável, da camada barreira impermeável, ou
tóxico ou quimicamente inadequado, tem importante papel na aptidão das terras para
irrigação. O volume do solo em que as raízes das plantas se desenvolvem e absorvem
água e nutrientes, como também a relativa facilidade com que esta umidade pode ser
extraída, são significativos à adaptabilidade das culturas, produtividade, qualidade, efici-
ência de irrigação, escolha do método de irrigação e aos custos de produção.

A profundidade de 90 a 150cm, em geral, para solos de textura média é considera-


da desejável para terras de Classe 1, sob plano cultural diversificado. Porém, o arroz
pode ser cultivado com bons rendimentos em solos com 30cm ou menos de profundida-
de efetiva. Os fatores relativos são: plano cultural, clima, capacidade de água disponível
e método de irrigação previsto.

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Classificação de Terras para Irrigação

5.1.2 Estrutura

Refere-se à natureza e ao grau de agregação das partículas do solo. A porosidade


(o tamanho e a quantidade de poros ou lacunas do solo entre ou dentre as partículas) e
os fatores relacionados à aeração e à condutividade hidráulica são positivamente
correlacionados a estruturas fortes e estáveis - particularmente nos solos de textura média
a pesada. Tais fatores, sob irrigação, são cruciais ao estabelecimento de infiltrações sufi-
cientes, para suprir as necessidades hídricas das culturas, e à percolação de água neces-
sária, para manter níveis toleráveis de salinidade no perfil do solo.

A penetração e a proliferação das raízes dependem muito da aeração adequada da


rizosfera em quase todas as culturas, exceto o arroz, e é fortemente influenciada pelo
grau e pela estabilidade da estrutura do solo. Medidas da densidade aparente e porosidade
são bons indicadores de aeração e da estrutura correspondente.

O grau e a estabilidade da estrutura do solo, particularmente naqueles de textura


média a pesada, influenciam profundamente a escolha e a aceitabilidade das práticas
culturais e o custo das operações agrícolas, pelo efeito nas condições físicas ou capaci-
dade de cultivo.

O grau e a estabilidade da estrutura do solo são influenciados por fatores como


grau e tipo de desenvolvimento, mineralogia do material da rocha-matriz, composição
química da água de irrigação, assim como pela água do solo, e por práticas culturais. As
características estruturais “naturais” do solo não são, necessariamente, permanentes, e
podem ser radicalmente alteradas num período curto de tempo sob cultivo e irrigação.
Tais mudanças (quando previstas e esperadas) devem ser consideradas no processo de
classificação de terras.

5.1.3 Textura (Proporção das Frações Granulométricas)

A textura é importante à aptidão para irrigação devido à sua profunda influência na


infiltração, na retenção de umidade, na retenção e disponibilidade de nutrientes às plan-
tas, na condutividade hidráulica na zona das raízes e abaixo dela, na aplicabilidade das
práticas culturais, no método de irrigação e na susceptibilidade à erosão.

Dependendo do plano cultural previsto e do clima, uma grande variedade de textu-


ras de solo podem ser incluídas nas terras aptas para irrigação. Os avanços tecnológicos
nos sistemas de irrigação têm tornado isto verdadeiro, em particular nos anos recentes.
Mesmo assim, a textura permanece um dos critérios mais importantes de avaliação das
terras, e sua influência na aptidão para irrigação pelas implicações físicas, químicas e
econômicas deve ser avaliada completamente durante o estabelecimento e a atualização
das especificações para classificação de terras em cada área de estudo.

5.1.4 Coeficiente de Contração Linear - COLE

É a razão entre a diferença de um torrão de terra úmido e outro seco em relação ao


torrão de terra seca.

Lu - Ls
,
Ls

onde:

Lu = amostra úmida (a 1/3 de atmosfera);


Ls = amostra seca.

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Classificação de Terras para Irrigação

A medida correlaciona a mudança de volume de um solo após umedecimento e


secagem. Pode-se estimar o coeficiente de contração linear pela contração por secagem
de uma amostra de solo indeformada e umedecida até a sua capacidade de campo. Se o
coeficiente de contração linear exceder 0,03, isto indica que existe uma quantidade signi-
ficativa de mineral de argila tipo montmorilonita. Pode-se esperar que ocorra uma ex-
pressiva atividade de contração-expansão, se o coeficiente de contração linear for supe-
rior a 0,09.

5.1.5 Matéria Orgânica

Em geral, o conteúdo de matéria orgânica, pelo menos nos solos minerais, não é
fator válido para determinar classes de terras. É útil na determinação da gênese dos
solos e, conseqüentemente, no agrupamento de certos tipos de solos de propriedades
semelhantes; mas, na maioria das vezes, altera-se rapidamente sob um sistema de irri-
gação, como resultado do cultivo e das práticas culturais.

Entretanto, o conteúdo de matéria orgânica pode ser significativo na avaliação de


fatores correlacionados, como textura, capacidade de água disponível e capacidade de
troca catiôntica.

5.1.6 Permeabilidade ao Ar e à Água

Este fator relaciona-se aos itens 5.1.2 e 5.1.3 já citados, bem como às práticas cul-
turais e aos fatores químicos do solo e da água a ser aplicada.

O solo deve ter capacidade para receber água suficiente de modo a atender o uso
consuntivo da cultura e os requerimentos de lixiviação, bem como uma aeração suficien-
te que permita a penetração e o desenvolvimento de raízes (com exceção do arroz). Tam-
bém o substrato abaixo do solum precisa ser capaz de eliminar o excesso de umidade
proveniente de percolação profunda da água de irrigação e precipitação; ao contrário,
deve-se providenciar a drenagem artificial subsuperficial.

Os requerimentos reais de permeabilidade dependem do padrão cultural, do tipo


de cultura, das práticas culturais, do método de irrigação, da química do solo e da quali-
dade da água.

5.1.7 Condição Física (Capacidade de Cultivo)

Este fator está intimamente relacionado a estrutura, textura, COLE e fatores de


permeabilidade. Embora suas implicações possam ser, em último caso, prioritariamente
econômicas (facilidade de cultivo, necessidades de mão-de-obra e energéticas e escolha
do método de irrigação), são bastante influenciadas pelas condições físicas e químicas.
Porém, a capacidade de cultivo do solo é raramente usada como critério de separação de
classes de terras, visto que é de certa forma instável e imprecisamente avaliada. De pre-
ferência, são usados fatores que influenciam as condições físicas dos solos.

5.1.8 Concentração de Íon Hidrogênio

O pH do solo (logaritmo do inverso da concentração do íon hidrogênio) é uma


medida de acidez e alcalinidade do solo e serve, principalmente, como um indicador de
condições significativas para a aptidão para irrigação (i.e., sodicidade, hidrogênio ou
alumínio trocáveis). De modo usual, é medido por meio de uma pasta de solo e água
formando uma solução diluída em água, cloreto de potássio ou cloreto de cálcio; as duas
últimas são usadas, quase sempre, para minimizar o potencial de adsorção e, assim,
obter medidas mais precisas em solos ácidos.

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Classificação de Terras para Irrigação

O valor do pH é importante, mas é freqüentemente superenfatizado nas avaliações


dos solos. Valores muito altos ou baixos são, ou podem ser, bastante significativos, mas
valores médios são bem menos expressivos. Em certos casos, nos quais possa se estabeler
uma consistente correlação empírica entre o pH e outros fatores relevantes na área de
estudo, o pH pode ser útil no processo seletivo de identificação de amostras de solos que
requerem análise mais completa.

Pode-se fazer os seguintes comentários gerais em relação ao pH:

„ Valores de pH de solos inferiores a 4,8, medidos numa solução 0,01M CaCl2 indi-
cam atividade neutra de troca de bases. Porém a quantidade de acidez permutável
envolvida não pode ser determinada pelo valor do pH inferior a 4,8;
„ Solos carbonáticos e não sódicos possuem um pH em 0,01M CaCl2 de cerca de 7,5,
enquanto o pH dos solos sódicos é, normalmente, maior que 7,5;
„ Valores de pH em solução de solo acima de 7,6 indicam, em geral, a presença de
carbonatos provenientes de materiais alcalinos;
„ Solos não carbonáticos e não sódicos podem ter um pH com valores até 7,4;
„ Solos com valores de pH menores que 7,5 quase nunca possuem carbonatos de
materiais alcalinos, e aquele com valores inferiores a 7,0 possuem quantidades
significativas de hidrogênio ou alumínio trocáveis;
„ Valores de pH na solução do solo acima de 8,5 comumente indicam saturação com
sódio trocável superior a 15%, mas solos com valores abaixo de 8,5 não indicam,
necessariamente, valores inferiores a 15% de sódio trocável;
„ A relação entre a ESP (saturação com sódio trocável) e o pH é influenciada pela
salinidade. Em solos de textura fina, estimativas de ESP freqüentemente podem
ser obtidas correlacionando-se o pH e a condutividade elétrica com a ESP de uma
área específica de estudo;
„ As determinações em laboratório do pH usualmente não são relevantes para ava-
liar solos cultivados com arroz, pois é provável que o pH do solo se modifique sob
condições de inundação, devido a reações de redução. O pH pode ser instrumento
valioso nas estimativas gerais dos níveis aproximados das medidas corretivas de
certas deficiências (calcário para solos ácidos, gesso ou ácido sulfúrico para - so-
los sódicos), para fins de determinação dos impactos econômicos nas classes de
terras. Porém, o seu papel mais importante é como indicador de alerta ou “sinal
vermelho” (particularmente nos casos em que o pH chega aos limites extremos)
para os casos que demandam uma análise mais detalhada.

5.1.9 Características da Permuta de Cátions

CTC (capacidade de troca catiôntica) é a capacidade de absorção de cátions pelo


material do solo. A permuta de cátions é a reação química que ocorre entre a solução do
solo e o complexo de troca do solo. É uma reação do solo extremamente significativa,
que influencia a absorção de nutrientes pelas plantas, bem como as propriedades físicas
e químicas dos solos (contração e dilatação, lixiviação de sais, etc.). Os cátions permutáveis
mais comuns incluem {Ca++, Mg++, Na+, K+, NH4+} e, nos solos ácidos, incluem Al3+ e
H+. O Ca++, normalmente, é o íon dominante nos solos férteis e permeáveis, enquanto o
Na+ o é, em geral, nos solos salino-sódicos impermeáveis.

As variações do CTC em relação ao pH podem ser uma boa indicação da organiza-


ção mineralógica da argila, sendo que a variação dos valores do CTC de minerais argilo-
sos tipo 2:1 com o pH é bem menor que aquela com os valores de minerais argilosos tipo
1:1.

Os valores do CTC são relacionados também ao conteúdo de argila, tendo os solos


de textura mais pesada valores de CTC normalmente maiores do que os de textura mais
arenosa.

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Classificação de Terras para Irrigação

É difícil correlacionar os valores do CTC diretamente com classes de terras, pois


valores intrinsecamente baixos de CTC podem ser compensados (num certo grau) pelo
manejo e planejamento do sistema de irrigação. Na maioria das vezes, solos com CTC
menores que 4meq/100g (3meq/100g para arroz) são considerados muito pobres para
serem aptos para desenvolvimento de irrigação. Entretanto, alguns solos arenosos com
valores de CTC muito baixos são irrigados, com sucesso, por métodos que utilizam apli-
cações freqüentes e de baixa taxa de nutrientes na água de irrigação. Porém, nestes
casos, os valores dos cultivos precisam ser suficientes para compensar os custos altos e
ininterruptos de produção.

Solos altamente produtivos normalmente possuem uma dominância de cálcio e


magnésio no complexo de troca do solo. Onde houver níveis altos de hidrogênio e alu-
mínio trocáveis (em solos muito ácidos), os solos são, usualmente, improdutivos. Altos
níveis de sódio trocável estão associados a condições físicas pobres (instabilidade estru-
tural e baixa permeabilidade) e, às vezes, a toxidez às plantas.

Geralmente, um nível de pelo menos 6meq/100g de cálcio no complexo de permu-


tas do solo é considerado necessário a uma produção agrícola adequada, pois quase
todas as culturas requerem um nível mínimo de cálcio para manter o crescimento. Níveis
de alumínio acima de 2meq/100g geralmente são considerados tóxicos. Regra geral, so-
los com minerais argilosos expansivos, que contêm um excesso de 15% de sódio trocável,
ou com mais de 3meq/100g de sódio trocável, possuem propriedades físicas indesejá-
veis. Entretanto, devido às diferenças na resposta dos diversos solos ao teor de sódio
trocável, é aconselhável estabelecer níveis críticos para a área específica em estudo.

É importante lembrar que nos estudos de aptidão para irrigação, se deve conside-
rar o grau de permuta de cátions dos solos em equilíbrio sob condições de operação do
projeto, em vez do grau de permuta sob condições atuais. Adicionalmente, as quedas
dos níveis ótimos de produtividade, os custos para correções, ou os aumentos nos cus-
tos de produção, necessários à correção das deficiências de permuta de cátions, são
implicações econômicas que devem ser consideradas na etapa final do desenvolvimen-
to das classes de terras.

5.1.10 Mineralogia

Este termo geral refere-se à natureza física da porção mineral do material do solo,
bem como às suas relações com a química do solo e a presença de elementos tóxicos.

Os minerais presentes nas frações de areia e silte do solo são indicativos do mate-
rial originário e do grau de intemperismo, mas a mineralogia destas frações não é, em
geral, fator relevante na determinação da aptidão para irrigação. Porém, a organização
mineralógica da fração argila é elemento importante. A determinação precisa da minera-
logia da argila é, em geral, cara e demorada; mas na ausência de equipamentos sofistica-
dos de laboratório, podem-se obter pistas quanto ao tipo da argila pela percepção do
profissional, pela determinação da CTC e por testes do coeficiente de contração linear.
Geralmente, os solos com quantidades altas de minerais argilosos tipo 1:1, juntamente
com óxidos de ferro e alumínio, possuem melhores características físicas e são mais
aptos para irrigação do que solos com altas proporções de minerais argilosos tipo 2:1;
porém, esses solos tendem a possuir menor CTC e menor capacidade de água disponí-
vel, o que pode anular as vantagens apresentadas. As avaliações das implicações da
mineralogia da argila na aptidão para irrigação devem ser feitas baseadas na área de
estudo.

O carbonato de cálcio (calcário) ocorre, comumente, nos solos desenvolvidos sob


clima árido ou semiárido. Também é normal encontrá-lo nos solos desenvolvidos a par-
tir de rocha calcária em todas as zonas climáticas. Nas zonas áridas, os solos são, quase

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sempre, carbonáticos por todo o solum, mas possuem uma zona de concentração de
calcário na profundidade média de percolação da água de precipitação. Deficiências de
ferro, fósforo e manganês são associadas, de modo geral, a solos com calcário.

Altas concentrações de calcário implicam, usualmente, numa necessidade de mai-


ores quantidades de fertilizantes, e são fator de desequilíbrio para as raízes à procura de
nutrientes. Portanto, se todos os outros fatores se equivalerem, pode-se esperar que
solos com altas concentrações de calcário sejam menos produtivos do que os com pe-
quenas concentrações de calcário. Em geral, camadas com altas concentrações de calcário,
expostas por nivelamento ou erosão, demoram mais para recuperar sua plena produtivi-
dade, do que subsolos expostos com conteúdo de moderado a baixo calcário. Isto suge-
re que, em tais solos, os níveis de cálcio podem ser relacionados à produtividade. O
cálcio é elemento importante para o crescimento das plantas e para a manutenção de
uma estrutura do solo favorável. O carbonato de cálcio é uma fonte de cálcio, apesar de
ser pouco solúvel, e numa proporção moderada é condição favorável à irrigação e à
produção das culturas.

Solos com calcário normalmente têm um pH da solução saturada do solo em torno


de 7,6 a 8,4. Nos casos em que o carbonato de magnésio é um constituinte importante, o
pH poderá alcançar 9,0 ou mais. A zona de carbonato de magnésio situa-se, usualmente,
logo abaixo da camada de concentração de carbonato de cálcio, pois aquele é mais solú-
vel. De modo geral, excelentes cultivos são associados a solos com concentrações altas
de carbonato de magnésio, mesmo com níveis mais altos de pH.

Os efeitos dos carbonatos na diminuição da retenção de umidade, no aumento da


difusão da umidade, na restrição da penetração das raízes e na formação de horizontes
endurecidos, que podem gerar restrições à drenagem interna, precisam ser estabeleci-
dos, em termos de seus impactos na aptidão para irrigação, tendo em vista o tipo de
cultura previsto, os planos de desenvolvimento da terra e os insumos para produção.

O gesso (sulfato de cálcio) ocorre em muitos solos áridos, normalmente concen-


trado a profundidades abaixo da zona de máxima acumulação de calcário, mas quase
sempre disseminado por todo o solum. Embora a eficiência do gesso, como fonte de
cálcio para substituir o sódio trocável em níveis excessivos, seja usualmente entre 60 e
75%, este é importante constituinte em muitos solos irrigados ou irrigáveis. Apesar de os
efeitos do gesso serem, na maioria das vezes, favoráveis, podem também ser desfavorá-
veis, dependendo da profundidade em que esse material apareça e da quantidade envol-
vida.

O gesso é solúvel na proporção de cerca de 2.630ppm, mas a solubilidade varia de


acordo com o tipo de outros sais na solução do solo. Portanto, grandes quantidades de
gesso no solo podem diminuir a produtividade devido à pressão osmótica induzida. Isto
é particularmente verdadeiro em solos de textura grosseira com alguns sais solúveis
adicionados ao gesso. A pressão osmótica combinada irá exceder aquela induzida por
qualquer fonte em particular. Porém, o gesso raramente ocorre em grandes quantidades
na parte superior da zona das raízes e, a menos que a água de irrigação já esteja saturada
com gesso, quantidades normais podem ser removidas, prontamente, por lixiviação.

Em algumas áreas, o gesso pode ocorrer como o principal constituinte do solo,


sem interferir com o sucesso da agricultura irrigada; porém, isto depende bastante do
tipo da cultura, da profundidade da concentração de gesso e da qualidade da água de
irrigação.

Em solos sódicos, qualquer quantidade de gesso, dentro ou acima da camada de


concentração excessiva de sódio trocável, é importante para fins de recuperação. O ges-

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Classificação de Terras para Irrigação

so natural economiza o gasto com a aquisição de gesso ou de quaisquer outras substân-


cias corretivas, à base de cálcio, para tais solos. Uma pequena quantidade de gesso
ajuda na manutenção ou no desenvolvimento de uma estrutura de solo favorável e está-
vel. Os efeitos da salinidade, provenientes do gesso a níveis baixos, são pouco significa-
tivos para qualquer cultura, e um volume substancial de gesso pode ser tolerado, sem
uma apreciável redução de produtividade, para muitas culturas tolerantes à salinidade.
O gesso tende a reduzir o pH dos solos e, portanto, tem um efeito favorável, nas condi-
ções em que uma redução do pH é desejável. Entretanto, pressupõe-se que solos ácidos
ficariam mais ácidos com adição de gesso.

A subsidência resultante do conteúdo alto de gesso no solo poderá causar impac-


to na aptidão para irrigação, por seus efeitos nos custos para restabelecer o nível ou
pelos danos nas estruturas de irrigação danificadas.

Usualmente, os níveis de gesso não são critérios para o estabelecimento da apti-


dão para irrigação. Porém, às vezes, o nível de gesso pode ser determinante da classe de
terra. Isto irá envolver avaliações de solos sódicos com ou sem gesso, ou aonde houver
quantidades excessivas de gesso.

5.1.11 Substâncias Tóxicas

Complementarmente ao sódio e ao alumínio trocável, existem vários elementos


que podem ser tóxicos às plantas. Esses elementos incluem arsênio, boro, cromo, ní-
quel, manganês e selênio. O elemento arsênio não é tóxico às plantas, mas quando asso-
ciado a outros elementos é tóxico para algumas culturas. No caso do arroz irrigado,
sulfetos e ferro (sob certas circunstâncias) podem provocar sintomas de toxidez nas plan-
tas.

Níveis de toxicidade variam com o tipo da cultura, bem como com uma complexi-
dade de outros fatores; portanto, é muito difícil generalizar seus efeitos na aptidão para
irrigação. Conseqüentemente, a equipe de classificação de terras deve ficar alerta para
eventuais problemas potenciais de toxicidade na área específica em estudo e, se neces-
sário, iniciar estudos especiais para determinar os efeitos da toxicidade e suas implica-
ções econômicas.

5.1.12 Morfologia do Solo

A gênese dos solos, sua morfologia e a classificação taxonômica correspondente


não são, por si só, parte do processo de classificação da aptidão das terras para irriga-
ção. Contudo, os elementos da morfologia do solo podem ser críticos para a determina-
ção da aptidão para irrigação.

Muitos dos fatores críticos específicos na determinação da arabilidade, bem como


o grau de seus efeitos na capacidade de pagamento ou na renda líquida do lote, são
visualizados na morfologia dos solos. Portanto, o estudo da morfologia do solo na área
é “obrigatório” para a compreensão básica dos solos pesquisados e suas relações entre
si e com a paisagem. Isto é particularmente verdadeiro nos estágios iniciais das investi-
gações do projeto, e com os estudos a níveis menos detalhados, pois um número menor
de dados elaborados estão disponíveis para confirmar as avaliações de campo.

As características morfológicas relativas a estrutura, textura, nível de desenvolvi-


mento e tipo do material originário podem ter influência direta na aptidão para irrigação,
enquanto outros podem ser, apenas, indiretamente relacionados.

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Deve-se tomar cuidado ao se usarem levantamentos de solos baseados em siste-


mas de classificação taxonômica, pois é quase impossível converter diretamente unida-
des de mapeamento taxonômicas numa correta classificação de terras para irrigação.

5.1.13 Erodibilidade

Raramente a erodibilidade é considerada, por si só, fator determinante da classe


de terra. Porém, sua relação com textura, declividade, condição física, padrão de cultivo,
método de irrigação, clima e outros fatores, a torna um elemento significativo no proces-
so de classificação de terras, tanto do ponto de vista técnico como econômico.

Solos e/ou fisiografias altamente erodíveis podem constituir uma justificativa sufi-
ciente à determinação de inaptidão. Estas situações devem ser consideradas com base
num cenário específico, e os pedólogos devem estar sempre atentos às implicações da
erosão.

5.1.14 Salinidade e Sodicidade

A Salinidade e sodicidade associadas talvez sejam os problemas mais difundidos


mundialmente em projetos de irrigação, em especial nas regiões áridas.

Salinidade excessiva aumenta a concentração da solução do solo, com a conse-


qüente redução ou reversão do fluxo de água para a planta, tornando impossível, à plan-
ta, a assimilação da água suficiente, mesmo que o solo esteja úmido. Em conseqüência,
a planta morre ou há diminuição da produtividade. A tolerância aos níveis de salinidade
varia entre plantas; sendo assim, a escolha das lavouras que podem ser cultivadas é
importante na avaliação dos efeitos da salinidade.

Um teor sódio permutável excessivamente alto, no complexo de troca do solo, é


relevante devido ao seu efeito deletério na condição física do solo. Solos com alta per-
centagem de saturação com sódio trocável tendem a sofrer dispersão, e a percolação da
água pelo perfil do solo pode ser severamente reduzida ou impedida. Suplementarmen-
te, alguns íons, em particular sódio, cloretos e sulfatos, podem ser, por si só, tóxicos para
certas culturas.

O problema principal da salinidade e sodicidade na irrigação é que a quantidade


de sais acrescentados ao solo pela irrigação, bem como as quantidades adicionais ex-
cessivas de sais no material originário, ou aquelas introduzidas no solo pelo fluxo da
água subsuperficial, precisam ser simultaneamente removidas do perfil do solo. Se
isto não ocorrer, os níveis de salinidade (e sodicidade associada) se elevarão até um
ponto em que a produção das culturas se reduz. Em condições de cultivo de arroz
irrigado, às vezes é possível manter índices satisfatórios de salinidade a profundidades
no nível da rizosfera por meio de “flushing” (fluxo contínuo superficial), em lugar de
por percolação profunda.

É necessário que uma drenagem subsuperficial natural exista, ou seja estabelecida


por meios artificiais, para manter um padrão aceitável de equilíbrio da salinidade. Do
contrário, será inevitável a eventual deterioração ou até a destruição quase que irreversível
dos recursos das terras.

Regra geral, a manutenção de níveis toleráveis de salinidade deve ser feita pelo
processo de lixiviação, associado a uma drenagem subsuperficial adequada. Deve-se
tomar cuidado no processo de lixiviação, para evitar a dispersão do solo, que reduz o
movimento da água no solo. Isto é particularmente importante onde houver sódio em
excesso. A qualidade da água utilizada, bem como o possível uso de corretivos (gesso
ou ácido sulfúrico), para substituir os íons de sódio, devem ser cuidadosamente conside-

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rados. Os efeitos dos corretivos químicos têm implicações econômicas. A consideração


dos métodos de aplicação da irrigação é importante no que diz respeito à lixiviação ne-
cessária à estabilização da salinidade, assim como em relação à textura do solo, à infil-
tração e às taxas de percolação profunda. Os métodos de irrigação por gotejamento
podem evitar temporariamente a necessidade de lixiviação; porém, os sais devem ser
“lavados” da zona radicular.

5.1.15 Necessidade de Lixiviação

Toda água de irrigação possui alguns sais solúveis, e uma grande parte tem
uma quantidade apreciável de sais. Se as aplicações da água de irrigação pudessem ser
limitadas ao volume necessário para o uso consuntivo, haveria acúmulo de sais, a me-
nos que a água de chuva realizasse alguma lixiviação. Porém, a eficiência da irrigação
por métodos gravitários é, em geral, inferior a 50%, devido às perdas por percolação
profunda, e raramente ultrapassa 75% nas condições tecnológicas atuais. Perdas por
percolação profunda na irrigação por aspersão normalmente excedem 15 a 20%.

Portanto, a “subirrigação” usualmente não é usada, exceto em solos de baixa


permeabilidade com texturas finas, ou em locais em que a água de irrigação utilizada é
muito salina. Os níveis de salinidade podem ser controlados pelas perdas por percolação,
se as condições de drenagem forem adequadas. A quantidade mínima de perdas por
percolação, necessária para atingir um nível predeterminado e desejável de salinidade
no solo, é denominada necessidade de lixiviação. A equação é a seguinte:

ECiw
LR = x 100,
ECdw

onde:

LR = necessidade de lixiviação ou percentagem de água aplicada que


deve passar pela zona radicular;
ECiw = condutividade elétrica da água de irrigação;
ECdw = condutividade elétrica projetada ou tolerável na base da zona
radicular.

No cálculo das necessidades de lixiviação, a condutividade da água de irrigação


deve refletir a precipitação efetiva. Com o conhecimento do requerimento do uso
consuntivo, a lâmina da água de percolação profunda pode ser calculada assim:

Dcw
Dw = LR,
1 – LR

onde:

Dw = lâmina da água de drenagem;


Dcw = lâmina da água de uso consuntivo;
LR = necessidade de lixiviação.

A tolerância da cultura a ser cultivada à condutividade elétrica, normalmente é


usada como o valor da condutividade elétrica da água de drenagem, no cálculo da neces-
sidade de lixiviação.

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5.1.16 Equação de Lixiviação

O conceito de equação de lixiviação, LF, é definido como a fração da água infiltrada


que irá passar abaixo da zona radicular. Ela é definida pela seguinte equação:

Dd
LF = (1)
Di

ou como a relação entre a lâmina da água de drenagem, Dd, e a água de irrigação


infiltrada, Di, mas visto que

Dd = Di – De (2)
onde:

De = lâmina equivalente da água evapotranspirada, e desde que

Di = Iti (3)
e

De = ETc (4)
onde I e E são respectivamente as taxas médias de infiltração e evapotranspiração,
em milímetros, durante o tempo de infiltração, ti, e o ciclo de irrigação, tc, em dias de 24
horas. Portanto, substituindo-se Dd da equação 2 na equação 1, tem-se:
Di – De
LF = (5)
Di
ou

De
LF = 1 (6)
Iti

A equação (6) relaciona LF à taxa de evapotranspiração, à taxa de infiltração, ao


período de infiltração e ao ciclo de irrigação. Visto que E e I são expressos em mm/dia, e
tc e ti em dias, o termo Etc/Iti fica reduzido a uma proporção. Se a taxa de drenagem for
limitante, isto é, se Otc < (Iti-Etc)(7), onde O é a taxa média líquida da água de drena-
gem em mm/dia que ultrapassa o limite inferior da zona radicular durante o ciclo de
irrigação tc (isto é, Dd = Otc), a equação de lixiviação é determinada pela limitação de
drenagem, considerando que a água infiltrada possível, Iti, não pode ultrapassar Etc -
volume evapotranspirado - mais Otc - volume drenado -, exceto se existir um lençol
freático elevado. Para este caso limitante, a equação (1) fica assim:
Otc
LF = (7)
Etc + Otc
ou
O
LF = (8)
E+O
A equação (6) define a fração de lixiviação em que a taxa de drenagem não é
limitante, e a equação (8), em que a taxa de drenagem é limitante.

Uma vez que a equação de lixiviação é calculada pela equação (6) ou 8, a


adequabilidade de uma água de irrigação para um grupo de condições em particular é
estimada pela equação (9):

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Eciw = LF x ECdw (9)

onde:

ECiw = condutividade elétrica da água de irrigação;

ECdw = condutividade elétrica projetada ou tolerada no limite máximo


da zona radicular.

5.2 Relações Solo - Água

As relações entre o solo e a água, incluindo taxa de infiltração, condutividade hi-


dráulica e disponibilidade de água no solo, são importantes na determinação da adapta-
bilidade das culturas, do método de irrigação, da freqüência de irrigação, do arranjo dos
sistemas de irrigação, da avaliação das condições de drenagem subsuperficial, da
praticabilidade dos programas de lixiviação e, conseqüentemente, são críticas na deter-
minação das classes de terras de acordo com o sistema de classificação de terras para
irrigação. O item 2.5 do “FAO Soils Bulletin 42” aborda estas relações detalhadamente.

5.2.1 Taxa de Infiltração

A taxa de infiltração precisa ser adequada para permitir a suficiente entrada de


água na rizosfera, de modo a suprir os requisitos de uso consuntivo das culturas, como
também as perdas por percolação, necessárias à obtenção do balanço de sais.

Taxas de infiltração muito baixas ou muito altas requerem sistemas mais especia-
lizados de distribuição de irrigação do que taxas moderadas. Estes sistemas podem re-
presentar investimentos adicionais em equipamento, custos operacionais, necessidades
de mão-de-obra e, portanto, são uma importante consideração econômica para a deter-
minação da classificação das terras.

A taxa de infiltração é fator importante na determinação da quantidade de perdas


por percolação na estimativa das necessidades de drenagem subsuperficial.

A determinação precisa das taxas de infiltração pode ser realizada somente por
testes de campo, visto que as simulações em laboratório podem mostrar-se extrema-
mente imprecisas.

5.2.2 Condutividade Hidráulica (Permeabilidade)

A condutividade hidráulica é fator crítico na determinação das necessidades de


drenagem subsuperficial e na estimativa da probabilidade de desenvolvimento de lençol
freático suspenso no perfil do solo.

A condutividade hidráulica deve ser determinada abaixo da profundidade do perfil


do solo, para que se avaliem adequadamente as condições de drenagem subsuperficial.
A avaliação da drenagem interna não deve ser limitada ao solum, pois as condições de
condutividade hidráulica da superfície, passando pelo material do substrato até (e inclu-
indo) as camadas barreiras, são fundamentais para avaliações precisas da drenagem.

As anotações da classificação de campo devem conter todas as informações pos-


síveis relativas à condutividade hidráulica, tais como textura, estrutura e estabilidade
estrutural, natureza e extensão das camadas impeditivas. Os procedimentos na condu-
ção dos testes de campo podem ser encontrados no “U.S. Dept. of the Interior, Bureau of
Reclamation Drainage Manual” (Manual de Drenagem do “Bureau of Reclamation” do
Departamento de Interior dos Estados Unidos).

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Classificação de Terras para Irrigação

O pedólogo e o engenheiro de drenagem devem identificar os fatores que podem


ser economicamente corrigidos.

5.2.3 Disponibilidade da Água nos Solos

A capacidade do solo de reter água disponível para as plantas tem efeito profundo
na aptidão das terras para irrigação. Esta capacidade influencia a escolha das culturas, o
sistema de irrigação usado, a freqüência de irrigação e a lâmina de irrigação. Subse-
qüentemente, tais fatores são correlacionados economicamente com a classe de terras
pela sua influência na produtividade, no desenvolvimento da terra e nos custos do siste-
ma de irrigação e da mão-de-obra ou nos outros custos de produção.

A disponibilidade de água nos solos pode ser precisamente determinada por uma
combinação de testes de campo e laboratório.

A influência da retenção da água do solo na classificação das terras pode ser extre-
mamente variável em relação à localização do projeto; portanto, deve ser estimada local-
mente ou com base em toda a extensão do projeto.

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Classificação de Terras para Irrigação

ATIVIDADES DE
CAMPO

6.1 Introdução

Na elaboração dos estudos de classificação de terras, é importante que exista uma


estreita coordenação e cooperação entre pedólogos, equipes de laboratório de solos,
engenheiros de drenagem e economistas.

A coordenação dos estudos em laboratório deve começar antes do início dos tra-
balhos de campo. É importante identificar as necessidades de apoio de laboratório, tes-
tes específicos previstos, procedimentos de amostragem e análise, proporção de
amostragem, prazo permitido para as análises e canais de comunicação entre as equipes
de campo e de laboratório.

Como as pesquisas de classificação de terras e as de drenagem são inter-relacio-


nadas e às vezes se superpõem, especificações dos trabalhos de campo para a coorde-
nação da classificação de terras e das investigações de drenagem precisam ser
estabelecidas previamente, para assegurar maior precisão e eficiência em ambos os es-
tudos. Isto é aplicável mesmo que as duas investigações sejam conduzidas por uma
equipe de classificação de terras, ou que sejam divididas entre pedólogos e engenheiros
de drenagem. O desenvolvimento das diretrizes para a avaliação e o mapeamento das
permeabilidades do substrato, e a identificação de responsabilidades para a condução
dos trabalhos devem ser feitos antes do início dos trabalhos de campo. Normalmente, a
classificação de terras e os estudos de drenagem devem progredir de forma conjunta;
porém, em áreas com problemas sérios de drenagem, a área total a ser classificada pode
ser bem reduzida pela condução, em primeiro lugar, da investigação da drenagem e
identificação das terras sem possibilidade de drenagem. Quando os outros problemas
das terras forem mais severos, as investigações da drenagem podem ser reduzidas, fa-
zendo-se primeiramente a classificação das terras.

A coordenação necessária à classificação das terras e às investigações de drena-


gem podem incluir decisões a respeito da profundidade permitida do lençol freático, da
profundidade mínima da camada barreira, dos dados específicos a serem coletados por
cada disciplina, dos prazos para cada estudo, da definição das terras drenáveis, do esbo-
ço da área bruta levantada para cada estudo e dos métodos de condução do estudo.

Embora o papel das disciplinas envolvidas no estudo dos recursos de terra e de


drenagem seja usualmente bem definido, poderá ser útil revisá-lo, quando se referir a
algo em particular. As atividades de apoio, como as dos laboratórios de análise de água
e solos, devem ser coordenadas para cada campo de ação. Ambas as disciplinas devem
usar as classes texturais dos solos do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos). Apesar de ser responsabilidade de toda a equipe de estudo, é especialmente
importante que os pedólogos e engenheiros de drenagem cooperem na delimitação da
área bruta a ser estudada e que façam ajustes razoáveis à medida que os estudos avan-

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cem. Deve ser mantida uma intercomunicação durante os estudos. É também responsa-
bilidade do pedólogo e do engenheiro de drenagem a identificação dos problemas de
drenagem existentes e potenciais.

A participação de economistas é fundamental, não somente no desenvolvimento


das especificações para o estudo de classificação de terras mas também para a inevitá-
vel revisão e aperfeiçoamento das especificações com o acúmulo de conhecimento e
experiência de campo na área.

As atividades de campo geralmente recaem em cinco categorias: (1) inspeção ini-


cial para orientação; (2) classificação de campo e mapeamento; (3) condução dos estu-
dos especiais necessários; (4) correlação de dados de laboratório de estudos especiais
com os dados do mapeamento de campo, para se chegar à definitiva classificação das
terras; e (5) revisão por autoridades superiores. Estas atividades transcorrem,
freqüentemente, na ordem apresentada, mas pode e deve ocorrer superposição entre
elas.

6.2 Orientação dos Trabalhos de Campo

Em geral, a classificação das terras começa com uma inspeção no local da área
proposta para estudo, após compilação e revisão dos dados de recursos de terras dispo-
níveis. A adequação e a eficiência do estudo de classificação de terras dependem muito
da inspeção inicial de campo. Esta inspeção deve ser feita pelo chefe da equipe de estu-
dos e pelos responsáveis pelas atividades dos pedólogos, engenheiros de drenagem e
economistas agrícolas.

Os objetivos primários da orientação dos trabalhos de campo são: definir a área de


estudo; estabelecer prioridades para mapeamento de áreas específicas; familiarizar-se
com a tomada de decisões no campo relativas a necessidades de estudos suplementa-
res, de situação geral da área e locação das observações, etc.; avaliar as especificações
preliminares de análise do potencial econômico; determinar o tipo de equipamento a ser
utilizado; avaliar as necessidades de apoio de laboratório e definir se são necessários
levantamentos exploratórios para resolver problemas pertinentes ao estudo, antes do
mapeamento rotineiro de campo.

A primeira viagem para orientação dos trabalhos de campo consiste, primaria-


mente, numa travessia por terra, se houver acesso, das áreas principais. As observações
dos solos geralmente são limitadas. Amostras de solos, para análise em laboratório, são
coletadas, se tais dados não estiverem disponíveis para a área em estudo. Normalmente,
locais para estudos suplementares são indicados na área geral. Qualquer área que ne-
cessite de investigações de drenagem, antes dos estudos de classificação das terras,
deve ser também identificada, para que se delimitem mais precisamente as terras poten-
cialmente aráveis.

6.3 Trabalhos de Classificação de Campo

Em um mapeamento mais detalhado, após a primeira fase dos trabalhos no campo,


descrita no item anterior, a área em estudo é percorrida sistematicamente, tendo como
marco inicial o limite de mapeamento, o limite fisiográfico ou qualquer outro ponto de
referência facilmente identificado. Estas seções são feitas, em geral, perpendicularmente
ao padrão de drenagem natural, para enfrentar as mudanças decorrentes das formas de
relevo e as variações de posição. Percorrendo estas seções a pé, particularmente nos estu-
dos mais detalhados, tem-se melhor oportunidade para uma observação mais precisa das
condições das terras, o que facilita a identificação de problemas potenciais. O acesso pode
ser difícil, às vezes, tornando quase impossíveis as seções sistemáticas, resultando em
condições variadas dos meios de acesso, locais estudados e métodos de observação.

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As características de superfície que influenciam a aptidão para irrigação variam


com o local e o meio ambiente. O reconhecimento e a avaliação destas características
devem ser desenvolvidos pela experiência, e a confirmação pode ser obtida por estudos
ou observações relativas à própria área ou em áreas similares correlacionáveis. As con-
dições de solo, topografia e drenagem e suas interações, precisam ser observadas e
avaliadas durante a inspeção de campo. As seções no campo devem ser bastante
abrangentes, para possibilitarem o estabelecimento de limites entre classes e subclasses
de terra e quaisquer outros parâmetros necessários às avaliações informativas. A avalia-
ção dos fatores de superfície, as sondagens para estabelecer condições de solo
significantes, a seleção e a avaliação de locais para descrição dos perfis de solos e a
coleta de amostras para análise em laboratório, devem ser parte do percurso de campo
inicial. Os limites necessários, a localização e a identificação dos perfis de solos, a
simbolização completa da classificação das terras e qualquer outra simbologia de
mapeamento adotado no estudo devem ser lançados no mapa, antes de se deixar a área
de estudo. Normalmente, poucas correções significativas são feitas no mapeamento de
campo, a menos que estas correções sejam indicadas pelos resultados das análises de
laboratório, ou por estudos suplementares, que erros sejam descobertos, ou que o crité-
rio de mapeamento seja mudado. Observações completas e relevantes, correlacionadas
à aptidão para irrigação, devem ser feitas durante as atividades iniciais de campo.

6.3.1 Avaliação dos Solos

Embora as avaliações dos solos comecem pela revisão e interpretação da informa-


ção disponível, a avaliação real dos solos de uma certa área começa com a sua inspeção
de campo. A inspeção de campo, dos solos, deve consistir na observação das caracterís-
ticas de superfície, para se acharem evidências das suas propriedades, em sondagens
superficiais e profundas dos solos, para se identificarem áreas com características simi-
lares, na seleção de locais para perfis representativos, com base na observação do solo e
do substrato a profundidades adequadas e na delineação de manchas de terras similares
e sua identificação por símbolos apropriados. A seleção de locais representativos, para
descrição de perfis e coleta de amostras, para análise de laboratório, usualmente é pos-
terior à inspeção visual e à sondagem da área. A escolha dos locais representativos é
muito importante. As condições incomuns de solos devem ser observadas; porém, a
principal amostragem deve ser feita em áreas que melhor representem a área global.
Entretanto, quando há pouco conhecimento preliminar em relação aos solos da área,
pode ser necessária a seleção de locais específicos para observação pedológica e coleta
de amostras para análise em laboratório, redundando em abordagem mais demorada,
antes de se examinarem as seções no campo.

Como a avaliação da classificação das terras é um prognóstico, a avaliação dos


solos das áreas em estudo deve-se basear no seu comportamento previsto sob um dado
regime de irrigação. Portanto, as características de solos que provavelmente sofrerão
alterações - melhoramentos ou danos - pela aplicação da irrigação, constituem-se da
maior importância nestes estudos.

6.3.2 Avaliação Topográfica

A topografia de uma área influencia a escolha do método de irrigação, por seu


efeito na necessidade de mão-de-obra, na eficiência da irrigação, na necessidade de dre-
nagem, nos danos de erosão, na relação de culturas possíveis, no custo de desenvolvi-
mento da terra e nos prováveis tamanhos e formas das parcelas. Existem quatro aspec-
tos topográficos que possuem significância especial na aptidão para irrigação: (1)
declividade, (2) microrrelevo, (3) macrorrelevo e (4) cobertura. A posição relativa à dis-
tância e cota da área, em relação ao manancial, é outro aspecto relacionado ao estudo de
irrigabilidade e não deve receber uma consideração maior no estudo de arabilidade.

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A avaliação da topografia deve ser feita em conjunto com as observações das ou-
tras características das terras no decorrer dos trabalhos de campo. Exceto quando os
mapas topográficos estão disponíveis, a avaliação dos fatores topográficos baseia-se
quase inteiramente nas observações de campo. Os mapas topográficos, freqüentemente,
não fornecem detalhes necessários para avaliar plenamente os requerimentos de
nivelamento das terras para irrigação de superfície. É indispensável a habilidade para se
conseguir distinguir e avaliar as feições topográficas significativas à aptidão das terras
para irrigação. Uma considerável experiência é necessária, para se obter uma precisão
aceitável na estimativa dos custos de nivelamento e em outras práticas de desenvolvi-
mento pelas observações de campo. Orientação e treinamento podem ser fornecidos
por um engenheiro agrícola com experiência e envolvido com estudos de leiautes deta-
lhados. Leiautes detalhados das parcelas em áreas representativas, mostrando custos
de desmatamento, nivelamento, estruturas do lote e localização do sistema de drena-
gem superficial, limites das áreas e áreas residuais, fornecem excelentes subsídios e
exemplos na avaliação da topografia do projeto. Uma estimativa apenas razoável dos
custos reais pode ser esperada, pois o desenvolvimento final pode depender das deci-
sões de gerenciamento; além disso, a superfície da terra pode estar obliterada pela vege-
tação; ou não há informação disponível suficiente para determinar precisamente os limi-
tes preliminares da área, e os limites das propriedades podem mudar. A avaliação da
topografia, baseada na experiência, e estudos de leiaute de campo, usualmente são ade-
quados à maioria dos trabalhos de planejamento.

„ Declividade - O grau de declividade aceitável para o desenvolvimento da irriga-


ção depende de: (1) método de irrigação previsto, (2) intensidade e quantidade da
precipitação, (3) susceptibilidade do solo à erosão e (4) padrão cultural planejado.
Declives com 50% ou mais têm sido irrigados com êxito por sistemas de
gotejamento e microaspersão; porém, irrigação por gravidade, em declives superi-
ores a 12%, é raramente favorável. Com sistemas por gotejamento e aspersão, as
limitações por declividade são relacionadas aos possíveis danos por erosão, pro-
venientes da precipitação, operacionalidade das máquinas agrícolas e outras ope-
rações de cultivo e colheita. Declividades com cerca de 20% são consideradas, no
momento, como o valor máximo permitido aos cultivos irrigados por aspersão, no
oeste dos Estados Unidos. Em áreas sujeitas a fortes tempestades, a declividade
máxima utilizada pode ser menor. Certas frutas podem ser cultivadas em algumas
áreas com declividade de até 35%, com apropriada cobertura do solo.

Terras destinadas a pastagens ou a culturas de cobertura densa, podem permitir


irrigação em declives superiores àquelas destinadas a outras culturas, com menor co-
bertura. Declividades muito íngremes necessitam de uma cobertura do solo adensada e
permanente, para o controle da erosão, e a ocorrência de tempestades precisa ser pouco
freqüente. Devido ao alto investimento necessário e aos onerosos custos operacionais
dos sistemas por gotejamento ou microaspersão em declividades íngremes, somente
culturas nobres podem produzir o retorno necessário, para que estes sistemas sejam
economicamente viáveis.

Embora a declividade excessiva seja o problema mais freqüente, a ausência de


declividade pode também limitar o valor da terra para irrigação. Um relevo excessiva-
mente plano pode requerer custos altos de sistematização para aumentar a declividade e
conseguir uma superfície com um gradiente constante necessário à distribuição unifor-
me da água de irrigação. Gradientes extremamente suaves podem tornar difícil a irriga-
ção de solos com baixa permeabilidade, em virtude dos possíveis efeitos de queimadura
e encharcamento associados à água parada. A topografia extremamente plana pode
impedir a irrigação uniforme em solos muito permeáveis, sem que ocorra uma excessiva
perda por percolação. As terras muito planas, às vezes, proporcionam uma oportunida-
de ao uso de métodos de irrigação superficial muito eficientes, como bacias niveladas ou
“polders”. Considerando que declividades adequadas podem ser obtidas, em geral, den-

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tro dos limites impostos pelos custos de desenvolvimento permitidos, as terras não são,
normalmente, eliminadas, apenas com base numa declividade inadequada.

Existem poucos meios bastante difundidos, ou viáveis em geral, para modificar


declives íngremes, de modo a se obterem uma irrigação e um controle de erosão mais
eficientes. Os cordões de contorno têm sido usados com algum sucesso no controle da
erosão. Porém, com o incremento da declividade, os custos de construção aumentam, e
a área improdutiva usada na confecção do talude fica relativamente extensa em compa-
ração à área agricultável.

A declividade é mais bem estimada mediante a observação visual no campo. Com


a experiência resultante de observações de muitas áreas, e confirmando os resultados
com um clinômetro, o pedólogo poderá estimar declividades dentro de faixas adequa-
das à maioria dos estudos de planejamento.

„ Desenvolvimento da terra - O custo de desenvolvimento da terra, associado às


características topográficas, pode ser fator primordial no processo de determina-
ção das classes de terras. O microrrelevo (pequenas ondulações e irregularidades
na superfície da terra) influencia enormemente o volume de recursos para o de-
senvolvimento da irrigação superficial. Entretanto, possui efeito mínimo nos cus-
tos de sistemas por aspersão ou gotejamento, que requerem apenas um relevo
favorável à mobilidade destes ou às práticas de cultivo necessárias.

Algum tipo de nivelamento, para assegurar uma adequada distribuição de água, é


necessário em praticamente todas as terras desenvolvidas para irrigação superficial. O
máximo custo de desenvolvimento permitido deve ser estabelecido antes do início dos
trabalhos de campo. O custo do nivelamento é determinado, principalmente, pelo
microrrelevo. Na estimativa dos custos de nivelamento, deve-se estabelecer, em primei-
ro lugar, o limite da área, e é indispensável que se determinem as limitações impostas
pela profundidade do solo. Existe uma relação entre o tamanho da parcela irrigada e o
volume de sistematização da terra. Deve ser considerado o tamanho da parcela mais
próximo do ideal, dentro dos limites impostos para o nivelamento das terras pelos cus-
tos de desenvolvimento permitidos. Se uma intensidade de nivelamento reduz a quali-
dade ou a profundidade do solo abaixo de um nível aceitável, ou ocasiona mudanças
extremas das suas características, outras opções de desenvolvimento devem ser consi-
deradas.

A estimativa da sistematização das terras é parte essencial do estudo de classifica-


ção das terras. Não há métodos específicos ou abordagem que devam ser usados. A
intuição para estimar o movimento de terra necessário é conseguida, primariamente,
através da experiência. Mapas topográficos e leiautes parcelares detalhados de áreas
representativas são valiosos para correlacionar a estimativa do pedólogo para áreas si-
milares. A estimativa do nivelamento médio necessário em um campo, e sua conversão
para um volume estimado de material a ser movimentado, é um método. A estimativa
pode ser feita pela avaliação da diferença entre os altos e baixos do microrrelevo e pela
obtenção de uma média para o campo. Isto é quase sempre expressão em termos de
necessidade de corte e aterro. Este cálculo implica numa média de corte sobre metade
de uma área, sendo a porção restante usada como aterro. Podem-se desenvolver tabelas
que mostrem o volume representado pelas diversas diferenças de altura. Se houver dis-
ponibilidade de mapas topográficos com o registro das cotas, estes podem fornecer um
bom indicador para os altos e baixos do microrrelevo.

O grau de uniformidade que a superfície deve possuir, para uma irrigação efici-
ente, pode variar com o gradiente, o método de irrigação por gravidade pressuposto, a
qualidade da água, a profundidade prevista do lençol freático e a rotação das culturas.
Usualmente, uma sistematização menos rigorosa é utilizada, em face dos seguintes

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fatores: aumento da declividade, métodos de irrigação menos eficientes, boa qualida-


de da água, lençol freático bem abaixo da zona radicular e cultivos menos nobres.
Também o volume de terra a ser movimentado para construção dos canais laterais,
drenos e locação das estruturas do lote devem ser incluídos na estimativa dos custos
totais de sistematização da área. Apesar de os custos de sistematização da terra se
basearem, principalmente, no volume total de terra a ser movimentado, outros fatores
podem influenciar o custo total. Os custos unitários para nivelamento variam com a
profundidade dos cortes, a quantidade de terra movimentada, o grau de suavidade
esperado para o declive, a textura do solo (que influência a plasticidade e a faixa de
condição de umidade em que pode ser manejado) e o tamanho da parcela (onde esta
fica mais difícil para manobrar equipamentos pesados).

„ Tamanho e forma da parcela - O tamanho e a forma da parcela podem ser


importantes no processo de classificação das terras, dependendo da natureza do
sistema agrícola e das práticas de cultivo previstas para a área de estudo. O texto
a seguir refere-se, principalmente, às áreas em que a agricultura irrigada é extensi-
va, ao invés de intensiva, e nas quais as práticas de cultivo são altamente mecani-
zadas.

O tamanho e a forma do campo para irrigação por superfície são determinados,


primariamente, pelo macrorrelevo. Outros fatores que podem limitar o comprimento
dos sulcos de irrigação são solos com taxas de infiltração muito altas e terras íngremes,
nos quais os comprimentos dos sulcos devem ser reduzidos para evitar erosão. Esta
abordagem relaciona-se, em especial, aos métodos de irrigação por superfície, visto que
as características das terras, normalmente, não influenciam muito o custo e o projeto
dos sistemas por aspersão ou gotejamento. Em topografias complexas, nas quais o rele-
vo muda freqüentemente em ambas as direções, lateral e transversal, a irrigação por
superfície fica difícil e, muitas vezes, impraticável. À medida que o campo se torna me-
nor e os sulcos para irrigação se apresentam mais curtos, aumenta a necessidade de
mão-de-obra, é necessário um sistema de irrigação do lote mais complexo, elevam-se os
custos com a mecanização agrícola, cresce a proporção de terras improdutivas e diminui
a eficiência de irrigação. O tamanho e o comprimento mínimos da parcela, do ponto de
vista econômico, estabelecidos nas especificações, são baseados principalmente nestes
fatores.

Na avaliação da topografia no campo, a estimativa do tamanho do lote deve ante-


ceder a dos custos de sistematização das terras. Um fator principal na estimativa do
tamanho e da forma do lote é a presença de aspectos fisiográficos, como valas ou drenos,
que não podem ser removidos, pois são essenciais à remoção da água superficial ou dos
excessos da irrigação. Os limites dos lotes, normalmente, são condicionados pelos as-
pectos topográficos mais proeminentes, e o relevo menos proeminente contido nestes
limites topográficos pode ser nivelado, para permitir o fluxo de água por gravidade. Ou-
tros aspectos, como limites de propriedades, manchas de terras inaptas e limites de
terras, cujo uso atual impossibilita a irrigação, podem definir os limites do campo. Os
limites de propriedade não devem ser assumidos como limites das terras até que a deter-
minação da área irrigável seja feita.

Na avaliação de campo, os aspectos que determinam o tamanho dos lotes preci-


sam ser definidos por observação. Isto requer experiência e capacidade de julgamento
consideráveis. Nos estudos de classificação das terras mais generalizados, não é prático
delimitar cada lote. Em tais situações, a estimativa do tamanho do lote é conseguida pela
associação da fisiografia do terreno, com áreas similares em que leiautes detalhados do
lote estejam concluídos, ou com áreas irrigadas com topografia similar. No caso de defi-
ciências de solos e topografia, pode-se associar o tamanho de lote adequado para cada

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classe de solo ou faixa de declive. Devem-se tomar cuidados extras em situações em que
há uma inter-relação entre deficiências.

„ Cobertura - Uma cobertura que interfere com práticas de cultivo normais pode
ocorrer em terras propostas para irrigação. Essa categoria inclui cobertura vegetal
com árvores e arbustos altos e pedregosidade na superfície ou nas camadas su-
perficiais, que interferem com as práticas de cultivo ou limitam a área que pode ser
cultivada. É indispensável que o custo de desmatamento seja considerado na ava-
liação das terras para desenvolvimento sob irrigação, porque muitas culturas ne-
cessitam da limpeza do terreno.

„ Posição - A posição da mancha de terra em relação à diferença de nível, ao isola-


mento ou à distância do manancial não é, normalmente, um fator na determinação
de terras aráveis, apesar de ser bastante significativa na determinação da
irrigabilidade. Em geral, a cota exata e o local de distribuição de água são desco-
nhecidos, até que a área arável é mapeada. Portanto, dados suficientes para classi-
ficação das terras em relação a sua posição não estão freqüentemente disponíveis
durante o estudo de arabilidade. Áreas inaptas pela sua posição são excluídas,
muitas vezes, da área de estudo, antes do início dos trabalhos de campo.

„ Método de irrigação e topografia - A influência da topografia na aptidão das


terras para irrigação varia enormemente com o método proposto para irrigação. A
topografia influencia bastante a aptidão das terras para métodos de irrigação por
superfície. As pesquisas para irrigação por superfície requerem observação mais
detalhada da topografia, do que outros métodos de irrigação para determinar as
necessidades de nivelamento, o tamanho dos lotes e os custos do sistema de irri-
gação no lote.

A maioria das terras irrigadas pela primeira vez, com métodos por superfície, re-
quer alguma sistematização, para que haja uma distribuição satisfatória da água.
Freqüentemente, a topografia determina a formação de lotes menores que o de tamanho
ótimo, os quais apresentam forma irregular, ou com pequeno comprimento dos sulcos
para irrigação. A declividade da terra pode ser fator importante na aptidão para irrigação,
pois é inerente ao método por superfície um menor controle da aplicação de água. Ao
contrário, o relevo estabelece muito menos limitações ao uso de sistemas por aspersão
ou gotejamento. O requerimento primordial da irrigação por aspersão é que as práticas
de cultivo, necessárias ao tipo de agricultura preconizada, possam ser realizadas ou, no
caso de aspersão móvel, a topografia não impossibilite a mobilidade do sistema. Em
sistemas de irrigação que aplicam água com “runoff” muito pequeno, os limites de
declividade relacionados ao controle da erosão são determinados, principalmente, pelos
padrões climáticos e pelos fatores dos solos que influenciam a erosão.

O tamanho da parcela para sistemas por aspersão e gotejamento é, em geral, de-


terminado pelos limites de propriedade, pelas áreas inaptas e pelo suprimento de água,
e não pelos aspectos topográficos. A topografia, exceto para desmatamento, impõe res-
trições menores e menos severas aos métodos de irrigação por aspersão do que àqueles
por superfície. Usualmente, uma porção maior de terras estudadas para irrigação por
aspersão será considerada arável.

Os custos de desmatamento para uma certa área variam pouco com o método de
irrigação proposto. Contudo, como os custos de desenvolvimento permissíveis são, usu-
almente, menores para irrigação por aspersão, um menor desmatamento é viável em
terras desenvolvidas para este tipo de irrigação. Onde os custos de desmatamento fo-
rem fator primordial, uma parte maior da área levantada poderá ser mais adequada para
irrigação por superfície do que por aspersão.

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6.3.3 Avaliação da Drenagem

Drenagem é a remoção do excesso de água superficial e subsuperficial e de sais


solúveis que podem prejudicar a produtividade das terras ou a integridade e o desempe-
nho da infra-estrutura e instalações. Alguma drenagem é fornecida pelas condições na-
turais do terreno; porém, quando houver irrigação, precisam ser consideradas as neces-
sidades adicionais de canais abertos, manilhas subterrâneas ou poços artesianos. Uma
drenagem adequada é essencial, para assegurar a estabilidade da produtividade e para
permitir eficiência nas práticas agrícolas. Devido a sua influência na estabilidade da pro-
dutividade, nos custos de produção e das medidas de controle, a drenagem é fator im-
portante na classificação das terras. O excesso de água precisa ser removido da zona
radicular, para evitar acumulações de sais, que são tóxicos às culturas e que deterioram
as características físicas dos solos, pela dispersão e saturação, visto que diversas cultu-
ras necessitam de uma rizosfera com aeração. Drenagem natural ou artificial satisfatória
envolve a rápida remoção do excesso de água superficial do solo, para evitar a restrição
à qualidade, adaptabilidade e produtividade de culturas diversificadas; a manutenção do
lençol freático abaixo da zona radicular; e a lixiviação dos solos, para manter as concen-
trações de sais solúveis, em uma faixa favorável ao crescimento de diversas culturas.
Medidas para o controle do excesso de água, como proteção contra cheias e revestimen-
to de canais, devem ser também consideradas.

A previsão da necessidade de drenagem é elemento crítico na seleção de terras


para irrigação, particularmente se relacionado à produção de diversas culturas. A ade-
quação desta previsão e sua implementação estão entre os determinantes físicos primá-
rios do sucesso do empreendimento de irrigação.

Na seleção de terras para irrigação, variadas condições de drenagem, freqüen-


temente inseparáveis, devem ser consideradas. Entre elas estão a drenagem superficial
para canais escoadouros, a drenagem de depressões, as inundações provenientes de
riachos e terras altas circunvizinhas e a drenagem subsuperficial. Os fatores considera-
dos de responsabilidade do agricultor (do proprietário ou, em alguns países, do usuário
do lote) são, usualmente, determinantes da classe de terra e precisam estar consoantes
com os limites impostos pelas especificações. Sistemas de drenagem subsuperficiais ou
profundos são, na maioria das vezes, considerados “custos de projeto”, devido à dificul-
dade em definir a responsabilidade destas obras, aos custos geralmente altos e à neces-
sidade de coordenar os sistemas com a operação e construção do projeto.

É indispensável que a terra arável tenha condições de ser drenada. A seleção das
terras aráveis deve incluir os seguintes critérios para avaliar as necessidades existentes
e potenciais de drenagem: solo, subsolo e condutividade hidráulica do substrato; pro-
fundidade até a camada barreira; topografia, incluindo relevo e declividade da superfície
e das formações subsuperficiais; posição da área; profundidade, flutuação e direção do
movimento do lençol freático; qualidade da água; salinidade e alcalinidade; vegetação; e
tipo e localização das linhas de drenagem existentes. A condutividade hidráulica é a taxa
de percolação da água nos solos. Ela está relacionada, principalmente, à porosidade,
que é função da estrutura, textura e composição do solo, sendo que qualquer um destes
pode exercer domínio sobre os outros. A variação destes fatores, ao longo do perfil,
influencia significativamente a percolação da água, como por exemplo, qualquer
cimentação, duripan ou camada de permeabilidade lenta que dificulta a livre percolação
da água. Substratos com permeabilidade lenta ou impermeáveis têm de ser considera-
dos com relação a:

„ Profundidade;
„ Espessura, relevo e declividade;
„ Existência de diques ou escolhos que podem causar elevação do lençol freático,
mesmo em bancos ou declives;

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Classificação de Terras para Irrigação

„ Possibilidade de que esta camada tenha moldes para formar um lago subterrâneo
com a água percolada, resultando em um lençol freático elevado;
„ Características químicas.

A drenagem superficial e a interna são influenciadas pela declividade, pelo relevo


e pela posição. A taxa de “runoff” tende a aumentar com o incremento da declividade.
Uma superfície irregular interfere na drenagem uniforme e na eficiência do uso da água.
Terras localizadas em depressões ou fundo de vales podem não ter escoamento de dre-
nagem tanto para a água superficial como para a interna; aquelas situadas logo abaixo
do pé de uma elevação ou de um trecho em declive, com material menos permeável,
podem ficar encharcadas, devido a uma mudança significativa na taxa de permeabilidade;
e as terras imediatamente adjacentes aos canais podem ser influenciadas pela percolação
lenta, através do material poroso das seções sem revestimento. A fim de determinar as
variações de profundidade do lençol freático numa área irrigada, as observações devem
ser conduzidas, pelo menos, durante uma temporada completa com e sem irrigação.

Precipitação e “runoff”, perdas por percolação em reservatórios ou canais e per-


das por percolação e “runoff” pela irrigação contribuem para problemas de drenagem.
Várias práticas de manejo de terras são efetivas na redução ou no desvio de perdas por
“runoff” e percolação profunda. O revestimento de canais e a aplicação eficiente de água
em terras altas irrigadas podem reduzir as perdas por percolação e a necessidade de
drenagem das terras mais baixas. O transbordamento de rios ou canais de drenagem
natural constitui fonte importante de excesso de água. Portanto, as medidas de controle
de cheias para proteção contra inundação referem-se à drenagem. Como estes fatores
influenciam as necessidades de drenagem, conseqüentemente afetam a classificação
das terras e sua aptidão para irrigação. Melhoramentos previstos, como o revestimento
de canais, a proteção contra cheias e práticas conservacionistas do solo e da umidade,
precisam ser reconhecidos pelos pedólogos. Algumas terras podem ter uma drenagem
natural adequada para sustentar uma irrigação intensiva. Tal condição deve ser verificada
pelas investigações. Infelizmente, áreas naturalmente drenadas são raras; portanto, re-
des de drenagem artificial, para retirar o excesso de água e sais, são necessárias na
maioria das áreas irrigadas. É de responsabilidade do pedólogo e do engenheiro de dre-
nagem a determinação das necessidades de drenagem.

„ Custos de drenagem - Os custos de drenagem podem ser considerados custos


do lote, em que os custos são contabilizados no desenvolvimento e o agricultor ou
proprietário é o responsável, ou custos de projeto, quando o sistema de drenagem
é construído como parte dos trabalhos do projeto. No procedimento normal de
classificação das terras do “Bureau of Reclamation” (análise de áreas aráveis
irrigáveis), os custos do lote são determinantes de classes de terras, visto que tais
investimentos influem diretamente na renda líquida do lote. Embora os custos de
projeto não sejam determinantes de classes de terras, pode haver benefícios insu-
ficientes pelos incrementos do projeto, o que torna a drenagem ou os serviços de
irrigação de uma área inviáveis economicamente, resultando na sua inclusão em
Classe 6. Portanto, é importante saber quais os tipos de drenagem, se houver,
serão considerados responsabilidades do “projeto”, antes que se iniciem os estu-
dos de classificação das terras.

Quando todos ou a maioria dos custos de desenvolvimento do lote são pagos por
uma entidade que não seja o proprietário ou o agricultor (país, estado, etc.), o procedi-
mento para o manuseio destes custos torna-se mais complexo. Todos os custos podem
ser considerados custos de “projeto” e também determinantes de classes de terras com
base no benefício adicional líquido da irrigação, eliminando-se, na prática, a etapa de
avaliação pelos conceitos de arabilidade. De outro modo, os custos podem ser credita-
dos a uma prática agrícola existente ou prevista, ou como uma função do projeto, e o
procedimento de avaliação da arabilidade-irrigabilidade é mantido. Este último procedi-

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Classificação de Terras para Irrigação

mento é o recomendado, pois resulta em um cenário mais preciso e estável do recurso


potencial da terra. Neste caso, a atribuição dos custos de drenagem (exceto para instala-
ções de superfície no lote) para a categoria de custos de “projeto” é usualmente adequa-
da.

6.3.4 Avaliação da Qualidade da Água

A avaliação da adequabilidade da água é feita normalmente antes das atividades


de campo e devem ser consideradas no desenvolvimento das especificações para classi-
ficação das terras. Em geral, a avaliação da qualidade da água pode ser abordada pela
análise do cenário ambiental do projeto, considerando o uso futuro previsto da água.
Algumas considerações comuns e significativas a respeito da qualidade da água são
feitas a seguir:

„ Salinidade - Deve-se fazer uma determinação inicial relativa aos níveis em que,
supostamente, um solo em particular poderá manter sua salinidade em equilíbrio
com uma certa quantidade de água de irrigação aplicada. Tal avaliação requer apre-
ciações da tolerância aos sais das culturas a serem cultivadas; características de
permeabilidade e infiltração do solo; condições climáticas, particularmente aque-
las relacionadas à evapotranspiração; qualidade prevista da água do lençol freático;
profundidade de controle do nível do lençol freático; e propriedades fundamentais
dos solos, particularmente aquelas que influenciam a percolação da água sob con-
dições de saturação e insaturação.

A salinidade é importante na determinação da adequabilidade da água para irriga-


ção numa situação específica. Até mesmo com o uso de água da melhor qualidade, é
necessária alguma lixiviação de sais além da zona radicular, para manter a produtivida-
de. A condutividade elétrica é normalmente usada como meio de indicar o conteúdo de
sais ou salinidade da água. A salinidade total e os íons específicos na água de irrigação
podem influenciar a qualidade da água percolada, as culturas, o desenvolvimento das
terras, as práticas de irrigação, a permeabilidade do solo e a absorção de solutos pelo
solo. As condições climáticas, como precipitação, umidade e temperatura, influenciam
na definição dos limites de salinidade que podem ser tolerados na água para irrigação.
As características das terras, tais como drenagem superficial e subsuperficial, permea-
bilidade do solo, disponibilidade de água, infiltração, declividade, relevo e cobertura ve-
getal, também influenciam a avaliação da água em relação à salinidade.

„ Sodicidade - Os níveis em que o sódio trocável irá equilibrar-se com a água de


irrigação aplicada devem ser previstos. Isto envolve avaliar mudanças na qualida-
de da água com o tempo; características dos solos, particularmente a mineralogia
das argilas; possibilidade de precipitação do carbonato de cálcio no solo; ascensão
dos sais na solução do solo por capilaridade; e outros fatores essenciais, como
clima, sistemas de cultivo e práticas de manejo previstas.

O equilíbrio iônico na solução da água de irrigação é, também, importante à


adequabilidade do uso da água para irrigação numa área específica de terras. Outro fator
significativo é o equilíbrio entre os íons de sódio, cálcio e magnésio. A taxa de absorção
de sódio fornece uma indicação útil dos riscos de danos por sódio envolvidos no uso de
uma água de irrigação em particular. A influência primária do sódio na água de irrigação
é o seu possível efeito na permeabilidade do solo. Além disso, o sódio é tóxico para
algumas culturas.

„ Solutos fitotóxicos - Deve ser feita uma determinação das influências de íons
tóxicos nas culturas. Isto envolverá determinações destes elementos no solo e na
água. Esta avaliação irá requerer uma relação dos níveis tóxicos destes íons com
os níveis de tolerância das culturas a serem desenvolvidas na área do projeto.

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Classificação de Terras para Irrigação

„ Sólidos em suspensão - Os sólidos em suspensão podem influenciar o uso da


água para irrigação. A maior parte dos suprimentos de água para irrigação é rela-
tivamente baixa em sedimentos, visto que são usualmente captados de reservató-
rios onde os sedimentos ficam retidos. Porém, onde o suprimento for derivado ou
bombeado diretamente de riachos, ou contiver “runoff” natural, o excesso de se-
dimentos deve ser levado em consideração. Os efeitos dos sedimentos normal-
mente são prejudiciais, apesar de poderem ter efeito favorável. Os sedimentos na
água podem causar desgaste excessivo nas bombas e sistemas de aspersão, entu-
pimento no sistema de gotejamento, de canais e de laterais e formar depósitos na
superfície do solo. Em geral, a deposição de sedimentos na terra causa danos por
diminuição da infiltração, cobertura das plantas pequenas, aumento no conteúdo
de argila no solo e entupimento de canais e sulcos. Em áreas arenosas, a redução
da infiltração e o aumento de argila no solo poderia ser benéfico. A redução da
percolação nos canais pode provocar, também, efeito benéfico dos sedimentos na
água. Portanto, a determinação da adequabilidade da terra e da água para irriga-
ção envolve a integração dos fatores pertinentes a ambos.

Levantamentos para classificação de terras são utilizados para delimitar as classes


de terra que irão responder positivamente ao suprimento de uma água de certa qualida-
de. Esta seleção de terras, como parte potencial do desenvolvimento da irrigação, é en-
tão testada quanto à sua viabilidade, mediante a aplicação de critérios para formulação
de planos.

Padrões de qualidade da água não são aplicados usualmente por si, na avaliação
da adequabilidade da água para irrigação. Esta adequabilidade depende do que pode ser
feito com a água, se esta for aplicada em um certo solo sob uma série de circunstâncias
particulares. O uso bem sucedido, ao longo do tempo, de qualquer água de irrigação
depende profundamente da precipitação, da lixiviação, do manejo da água de irrigação,
da tolerância da cultura à salinidade e das práticas de manejo das terras.

6.3.5 Anotações de Campo e Mapeamento

Anotações claras e sucintas, compreendendo observações, sugestões para estu-


dos especiais, outras informações pertinentes e um mapa preliminar com símbolos para
classificação das terras e suas delimitações, devem ser obtidas antes que o pedólogo
deixe a área.

As descrições dos perfis dos solos são essenciais ao pedólogo na classificação de


terras e como fonte primária de informações sobre as terras, após a conclusão da classi-
ficação. Estas anotações podem ser usadas para relacionar uma área de qualidades co-
nhecidas com terras recém-examinadas; para correlacionar os dados de laboratório para
a designação final das classes, sem ter que voltar ao campo; para selecionar locais repre-
sentativos para estudos especiais; e para projetar os resultados para outras áreas e for-
necer informações adicionais que não podem ser prontamente incorporadas nos símbo-
los para classe de terras.

As anotações de campo não devem se limitar a uma lista específica de itens, mas
serem usadas para descrever quaisquer condições das terras, que possuam significado
especial à aptidão das terras para irrigação. As anotações podem referir-se às condições
ou atividades durante o planejamento, construção e operação do projeto; e podem ser
úteis no ajuste da classificação de terras durante os períodos de construção e pós-cons-
trução, na identificação das condições das terras anteriores à irrigação e para os geren-
tes agrícolas. Embora a maioria das anotações deva se referir às deficiências das terras,
as características proeminentes das mesmas devem ser também anotadas, o que ainda
deve ser feito em relação às características genéticas dos solos e fenômenos físicos liga-
dos à irrigação, tal como a relação solo/umidade. As anotações devem auxiliar a classifi-

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cação das terras e podem ser usadas para elucidar dados conflitantes. Exceto se os resul-
tados do laboratório ou estudos especiais forem significativamente diferentes das ob-
servações de campo, ou se os critérios de mapeamento forem mudados, não será neces-
sário fazer acréscimos ou revisões extensivas nas anotações de campo e mapas. Porém,
como o espaço para as anotações é limitado, devem-se usar abreviações. As anotações
originais devem ser preservadas no mapa ou na caderneta de campo. Deve-se tomar
cuidado para que as anotações não repitam informações que podem ser interpretadas
pelo símbolo para classificação das terras ou pelo diagrama do perfil. Fichas com uma
descrição geral do perfil e seus principais parâmetros podem ser reproduzidas para uso
no campo. Após as anotações terem sido esquematizadas em uma forma final, as cader-
netas de campo devem ser preenchidas com os dados adicionais de suporte. Podem ser
usados diagramas e comentários por escrito. “The Soil Survey Manual (Agriculture
Handbook nº 18)” ou “Soil Taxonomy (Agriculture Handbook nº 436)” fornecem uma
referência útil para os termos apropriados, abreviações e descrições de aspectos
fisiográficos. As Figuras 6.1, 6.2 e 6.3 mostram exemplos de abreviações e formatos que
podem ser usados para expor estas informações.

Os mapas de campo devem conter, no mínimo, delimitações separando terras que


possuem diferenças significativas em relação a aptidão para irrigação e avaliações infor-
mativas. Isto requer, usualmente, a separação de todas as subclasses e a subdivisão das
subclasses que possuem deficiências diferentes. As avaliações informativas podem re-
querer delineações adicionais; porém, estas podem ser mantidas em um mínimo. É in-
dispensável que um símbolo adequado, para caracterizar a área, esteja em cada delimi-
tação. As descrições nas fichas correspondentes e outras informações adicionais devem
ser incluídas. Esta informação adicional pode incluir aspectos fisiográficos especiais, o
nome do pedólogo, o tipo de levantamento, a data da classificação e o projeto. Delineações
temporárias e símbolos podem ser apropriados até quando a decisão final estiver de-
pendente de resultados do laboratório ou de estudos especiais, ou de outro tipo de con-
sulta. Exemplos do esboço final de mapas de classificação das terras são mostrados nas
Figuras 6.4 e 6.5 e na Figura A.3.1 (Anexo 3).

6.3.6 Designações das Classes de Terra

Após a conclusão dos trabalhos de campo, incluindo observações visuais dos fa-
tores pertinentes, localização, descrição e amostragem de locais de solos representati-
vos e separação das áreas com características diferenciadas, todos os fatores, para uma
área individualizada, devem ser avaliados, e as delineações feitas, de tal forma que sepa-
rem as terras em classes distintas.

As melhores terras devem ser colocadas na Classe 1. Estas terras não possuem
deficiências significativas quando relacionadas às especificações estabelecidas. Qual-
quer terra com uma única deficiência de magnitude maior do que a permitida para as
classes aráveis deve ser colocada na Classe 6. Terras com uma única deficiência, com-
preendida entre os limites permitidos para arabilidade, devem ser colocadas na classe
de terras indicada pela severidade da deficiência. Quando ocorrerem combinações de
deficiências relativamente menos intensas, o estabelecimento da classe de terra torna-
se mais complexo. Regra geral, quando três classes aráveis são mapeadas, as terras de
Classe 2 possuem ou uma única deficiência de Classe 2 ou duas deficiências menos
severas. É impossível haver uma terra de Classe 2 com três deficiências de Classe 2. As
terras de Classe 3 podem ter uma deficiência de severidade a nível de Classe 3, duas
deficiências de Classe 2, ou possivelmente uma combinação de três deficiências de Clas-
se 2, ou uma deficiência de Classe 3 com uma deficiência de Classe 2. Duas deficiências
a nível de Classe 3 normalmente resultam numa Classe 6 (classe não arável). Se estive-
rem na faixa de maior severidade dos seus limites, a combinação de duas deficiências de
Classe 2 e 3 provavelmente irão resultar numa designação de Classe 6. Porém, por ra-
zões práticas e para se ter uniformidade, é melhor limitar a terra de Classe 2 a um máxi-

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mo de duas deficiências, e a terra de Classe 3 a três limitações de severidade a nível de


Classe 2, ou uma combinação de duas, das quais uma é de Classe 3 e a outra é de seve-
ridade a nível de Classe 2. As terras podem ter um número considerável de pequenas
deficiências e ainda assim serem consideradas adequadas para uma classe arável. Por-
tanto, somente as deficiências mais significativas ou mais severas devem aparecer no
símbolo para classificação das terras, a fim de evitar confusão na interpretação.

Figura 6.1 Abreviaturas para Perfis de Solos

DESIGNAÇÕES DAS CLASSES E SUBCLASSES TEXTURAIS


st - matacões (stones and stony) sl - franco-arenosa
cb - calhaus (cobbles and cobbly) f sl - franco-arenosa fina
gr - cascalho vf sl - franco-arenosa muito fina
vcos - areia muito grossa l - franca
cos - areia grossa si - silte
s - areia sil - franco-siltosa
fa - areia fina scl - franco-argilo arenosa
s - areia cl - franco-argilosa
fs - areia fina sicl - franco-argilo siltosa
vf s - areia muito fina sc - argilo-arenosa
lcos - areia franca grosseira sic - argilo-siltosa
ls - areia franca c - argila
lfs - areia franca fina
cosl - franco-arenosa grosseira.

TIPO DE ESTRUTURA DE SOLOS


gr - granular cr - grãos simples pl - laminar
cpr - colunar pr - prismática abk - blocos angulares
sbr - blocos subangulares
CONSISTÊ NCIA
Seca
lo - solto sh - ligeiramente duro vh - muito duro
so - macio h - duro eh - extremamente dura
Úmida
lo - solto fr - friável vf i - muito firme
vir - muito friável fi - firme ef i - extremamente firme
Molhada
PEGAJOSIDADE PLASTICIDADE
so - não-pegajoso po - não-plástico
ss - ligeiramente pegajoso ps - ligeiramente plástico
s - pegajoso p - plástico
vs - muito pegajoso vp - muito plástico

CIMENTAÇÃO
cw - fracamente cimentado
cs - fortemente cimentado
ci - endurecido
REAÇÃO COM HCl DILUÍDO - EFERVESCÊ NCIA
+ - muito ligeira
++ - ligeira
+++ - forte
++++ - violenta
RETENÇÃO DE UMIDADE
a 15 atmosferas

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Figura 6.2 Exemplo de Representações Padronizadas de Perfis


Exemplo 1

LOCALIZAÇÃO: 100’N, 300’E da esquina Sul


VEGETAÇÃO: Arbórea
TOPOGRAFIA: Suave Ondulado, com Pendentes Médias
OBSERVAÇÕES: Superfície do solo sujeita a erosão; a vegetação indica
condições de déficit hídrico; o turno de rego será curto devido
à alta taxa de infiltração
– 1,6; 2,8; 2,6 correspondem à condutividade elétrica
(mmhos/cm) a 25oC;
– 7,6; 7,8; 8,0 são os valores de pH;
– 6,9; 8,6; 15 definem a condutividade hidráulica das amostras
deformadas em cm/h;
– 19; 18; 15 referem-se ao grau de floculação;
– (1) é o número do perfil no mapa;
– fsl, sl e lfs são as texturas de solo determinadas pelo tato ou
por análise física;
– +; ++ referem-se à reação com HCl diluído.

A Figura 6.2 representa um perfil com 150cm de profundidade, com demarcações


de 30 em 30cm, e linhas divisórias horizontais entre camadas de solos. (No caso de
representação de perfis com contato lítico ou paralítico a menos de 150cm, coloca-se um
“X” a partir da linha de contato).

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Nota: A diluição da amostra para análise da condutividade elétrica do extrato e do


pH deverá ser citada na legenda do mapa.

Os componentes essenciais da anotação incluem: localização do perfil; cultura ou


cobertura vegetal (condições gerais de desenvolvimento); condições do relevo e/ou ne-
cessidades de desenvolvimento da terra. Anotações mais detalhadas deverão incluir dados
relativos a cada camada significante do solo, subsolo e substrato referentes aos seguin-
tes parâmetros: condutividade elétrica, pH, condutividade hidráulica, grau de floculação,
retenção de umidade a 15 atm, acidez trocável, etc.

Figura 6.3 Exemplo de Representações Padronizadas de Perfis


Exemplo 2

2,45 e 3,3 = C.E. a 25.C (mmhos/cm)


5,3 e 5,0 = pH
4 = número do perfil
1/L = reação com HCI diluído - ligeira
Reação com HCI Diluído
1/L - ligeira 2/L - forte 3/L - violenta

Na determinação da classe de terras com combinação de deficiências, a interação


destas, o tamanho da área afetada, sua localização em relação a outras terras aráveis e
outras considerações precisam ser ponderadas em relação à severidade da deficiência.
Duas deficiências diferentes podem ter um efeito interativo que pode suavizar suas seve-
ridades. Por exemplo, solos muito permeáveis e um tamanho pequeno de lote (ambos
requerendo pequenos comprimentos de sulco) podem reduzir o retorno econômico numa
proporção menor quando ocorrem em conjunto do que quando ocorrem com outras
deficiências. Num outro exemplo, a ocorrência de um solo facilmente erodível em com-
binação com uma declividade acentuada tem o efeito oposto de enfatizar ambas as defi-
ciências.

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6.4 Revisão do Trabalho de Campo

O pedólogo-chefe deve estar atento ao estágio do trabalho de classificação das


terras em todas as fases de investigação. Nas etapas iniciais devem ser feitas conferên-
cias com outras disciplinas de tal forma que haja concordância nas especificações. Du-
rante o curso do levantamento, o pedólogo-chefe deve revisar os trabalhos no campo.
Quando o projeto for de grandes proporções ou tiver problemas incomuns ou difíceis, é
aconselhável uma revisão prévia, por pessoal competente, para assegurar a aceitação da
classificação.

O volume de revisões efetuadas depende da experiência da equipe participante.


Geralmente, cada ficha de descrição preenchida deve ser revisada pelo chefe da equipe.
Com pedólogos menos experientes, pode ser necessário revisar a classificação antes do
preenchimento de cada ficha.

Quando se faz uma revisão no campo, é aconselhável ter as fichas de descrição


prontamente acessíveis, as fotografias aéreas ou cartas planialtimétricas disponíveis para
referência e os dados dos estudos específicos compilados para uma interpretação ade-
quada dos resultados.

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura 6.4 Mapa Detalhado de Terras Aráveis

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura 6.5 Mapa de Terras Irrigáveis

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CRITÉRIOS PARA
AVALIAÇÃO DOS
CUSTOS DE
DESENVOLVIMENTO
DA TERRA

Os impactos dos custos de desenvolvimento da terra em uma classificação de


terras, variam largamente com a área geográfica, o padrão de cultivo e o método de
irrigação. Os itens a seguir referem-se à classificação das terras no oeste dos Estados
Unidos, e não seriam, necessariamente, adequados para estudos em outros países. Po-
rém, estas discussões apontam inter-relacionamentos que podem existir e mostram a
influência dos múltiplos fatores de desenvolvimento da terra na classificação das terras.

7.1 Preparação da Terra

7.1.1 Desmatamento

Os custos de desmatamento dependem do tipo das árvores, tamanho, sistema radicular e


número de árvores por hectare. A artemísia (Artemisia tridentata), o “greasewood”
(Sarcobatus sp.)3 ou arbustos de tamanhos similares são facilmente removidos com equi-
pamento moderno. Árvores grandes são difíceis de remover e, após o corte, precisam ser
queimadas ou retiradas.

7.1.2 Remoção de Pedras

É difícil determinar a quantidade de pedras a serem removidas e os custos envolvi-


dos, porque as pedras podem estar completa ou parcialmente dentro do solo. Quando se
examina o solo quanto a produtividade, fica evidente a influência da presença ou não de
pedras. Sondagens profundas indicarão a intensidade relativa das ocorrências de pedras
no substrato. Calhaus com 5 a 8cm de diâmetro podem ser tão numerosos que se torna
impraticável sua remoção, mas é possível cultivar terras com quantidades apreciáveis de
fragmentos grosseiros desse tamanho; porém, sua presença pode influenciar as neces-
sidades de água, o uso da terra e a produtividade. Os custos de remoção das pedras são
difíceis de avaliar. Estima-se que, em geral, pedras muito grandes não possam ser remo-
vidas e que sua ocorrência possa aumentar os custos de produção, influenciar o uso da
terra e diminuir a produtividade de acordo com o tipo, o tamanho e a distribuição de
matacões grandes. Cada situação deve ser avaliada segundo as condições atuais e o uso
da terra previsto.

3 O “greasewood” (Sarcobatus sp.) é um pequeno arbusto comum em solos alcalinos no oeste dos Estados Unidos.

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7.1.3 Nivelamento

O método de irrigação projetado para a área que está sendo classificada tem influ-
ência considerável na quantidade e no custo dos nivelamentos necessários. Na maioria
das vezes, o sistema por aspersão pode reduzir significativamente os requerimentos de
nivelamento. Os métodos comentados adiante, aplicam-se, principalmente, a áreas com
culturas diversificadas a serem irrigadas por métodos gravitários. Em geral, o nivelamento
é menos intenso em terras com um curto ciclo agrícola e um sistema de cultivo proposto
menos intenso. Também, geralmente, quanto maior a declividade, menos intensa a sis-
tematização. O desenvolvimento das terras para agricultura irrigada tem se tornado mais
sofisticado, para reduzir os custos com a mão-de-obra. Na avaliação do desenvolvimen-
to de terras com relevo relativamente plano, deve-se assumir que o nivelamento será
feito para condicionar as terras para a irrigação por inundação, com algum declive per-
missível. Declividades acima de 4% são avaliadas, quase sempre, para a sistematização
necessária ao uso de irrigação por corrugação e diques de contorno; porém, costumes
locais e condições de cultivo podem alterar estes critérios gerais.

As avaliações do custo de desenvolvimento da terra devem ser feitas por enge-


nheiros agrícolas experientes, antes de se iniciar a classificação. Neste tipo de avaliação,
áreas com topografias típicas, mas variadas, devem ser pesquisadas para que se deter-
minem os custos médios de desenvolvimento. É aconselhável obter dados pelo menos a
cada 16ha, para se conseguir a interação dos leiautes de campo sobre os custos de de-
senvolvimento. Dados relativos a uma única parcela podem ser enganadores devido aos
requerimentos do sistema integrado de distribuição e drenagem, que correspondem às
necessidades de várias parcelas. O pedólogo deve selecionar, com cuidado, as áreas
para avaliação dos custos de desenvolvimento e depois passar em cada parcela onde o
estudo mostrar que pode ser desenvolvido. Após avaliar a topografia, como ela é mos-
trada na carta topográfica normal, e estudar o leiaute das parcelas e os custos de desen-
volvimento, podem-se projetar os custos e o nivelamento geral para áreas onde somen-
te o levantamento topográfico está disponível.

Em complemento ao estudo da cartografia atualizada, pode-se conseguir identifi-


car as necessidades de nivelamento pela observação cuidadosa das ondulações no cam-
po. Isto é necessário porque as condições de campo são geralmente mais onduladas do
que é mostrado nos mapas topográficos. Este desvio, entre as condições reais e a topo-
grafia mapeada, aumenta com o incremento do intervalo entre as curvas de nível. Por-
tanto, é desejável usar curvas de nível com eqüidistância de 30cm em terras relativamen-
te planas, a fim de evitar erros grosseiros na estimativa dos custos de desenvolvimento.

Os custos associados à sistematização da terra variam de acordo com a extensão


do nivelamento, a quantidade de movimentação, o tipo de solo e o tamanho e as dimen-
sões do lote. Nivelamentos leves, trajetos extensos e lotes pequenos com dimensões
irregulares acarretam custos maiores por m3 do que sistematizações pesadas com traje-
tos curtos em lotes grandes.

7.1.4 Escarificação e Aplainamento

Muitos solos ficam compactados durante a sistematização, tornando-se necessá-


ria sua escarificação. Sob certas condições de solos, a sistematização poderá expor
duripans ou outro material que deva ser desagregado, antes de se efetuar a irrigação.
Após as operações de sistematização com maquinaria pesada, um aplainamento final é
feito para eliminar pequenas irregularidades.

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Classificação de Terras para Irrigação

7.1.5 Terraceamento

São usados terraços de base larga para irrigação em algumas áreas com solos
altamente erodíveis. Geralmente, o custo da preparação desses terraços é similar ao de
diques de bordas largas e amplamente espaçados. Os custos de desenvolvimento relati-
vos ao terraceamento não devem ser considerados, a menos que as condições dos solos
ou as práticas locais indiquem, claramente, que o desenvolvimento da irrigação deve
incluir o terraceamento. Se forem planejados terraços de base larga, a perda de áreas de
produção com a construção deve ser avaliada.

7.2 Sistema de Distribuição no Lote

7.2.1 Canalização ou Canais Laterais do Lote

Quando se considera a quantidade de canais laterais do lote, em princípio necessá-


rios para um leiaute final, assume-se que a água será levada através de uma tomada de
água localizada no ponto mais elevado, para a distribuição em toda a parcela. Usualmente,
o agricultor responsabiliza-se pelos custos adicionais de distribuição para mais de uma
tomada de água; contudo, duas derivações podem ser feitas, se ocorrerem impedimentos
topográficos significativos.

A dimensão do canal necessário à distribuição pode depender de vários fatores.


Em alguns projetos, a água é distribuída numa taxa uniforme durante todo o período de
irrigação necessário. Em outros projetos, o agricultor recebe seu turno de água em for-
ma rotativa. Quase sempre, maiores volumes são necessários para irrigação por inunda-
ção ou por cordões de contorno do que para irrigação por corrugação. O tipo de sistema
de distribuição planejado deve ser conhecido quando se faz a classificação das terras.

7.2.2 Bueiros

Necessita-se, com freqüência, de uma estrutura de drenagem apropriada quando


um canal lateral do lote corta a linha de drenagem, natural ou não. Este é, normalmente,
um custo do lote, e os custos desta estrutura devem ser estimados em relação à área
atingida.

Se a drenagem de uma área considerável for servida por um bueiro, sifão, estrutu-
ra de retorno ou similar, o custo por hectare para fins de desenvolvimento deve ser ava-
liado como um custo básico e estimado em relação à área arável envolvida.

7.2.3 Bombas

Podem ser necessárias bombas como um custo de desenvolvimento da terra para


terras posicionadas acima dos canais principais. Essas terras são normalmente conside-
radas como não irrigáveis, se não forem servidas pelas instalações do projeto. Se o agri-
cultor desejar bombear água para terras aráveis que não são servidas pelo sistema do
projeto, o custo do investimento com a bomba, mais a operação, manutenção e reposi-
ção desta, deve ser considerado na classe de terras. Cada situação deve ser avaliada
pelos seus próprios méritos já que os custos variam segundo a elevação, a área total, o
tipo da bomba e a força disponível.

7.2.4 Tubulação

A tubulação enterrada é freqüentemente usada no sistema de distribuição. Embo-


ra a tubulação enterrada apresente muitas vantagens, sua instalação pode ser cara. Em
topografias comuns, o custo de um canal aberto é muito menor do que o da tubulação
enterrada. Entretanto, na canalização em declives acentuados, a necessidade de

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dissipadores de energia aumenta significativamente os custos dos canais abertos em


declives maiores que 8%, quando poderá ser mais barato instalar tubulações enterradas.

7.2.5 Revestimento de Canais

Pode ser necessário o revestimento de canais, se a irrigação for proposta para


solos muito arenosos com altas taxas de infiltração. Se houver argila ou outros materiais
similares de baixa permeabilidade, o revestimento mais razoável pode ser conseguido
provavelmente usando-se esses materiais. Isto requer a escavação superficial da seção
do canal e a colocação do material de revestimento. Canais laterais construídos de mate-
riais que requerem revestimento são pelo menos três vezes mais caros do que o normal,
dependendo do tipo de revestimento necessário e dos materiais disponíveis.

7.3 Drenagem do Lote

7.3.1 Drenos Abertos Superficiais

São necessários drenos abertos superficiais, em geral, para conduzir a água resi-
dual para canais escoadouros adjacentes maiores. Tubos de descarga ou estruturas
dissipadoras de energiapara controlar a erosão são necessários nos locais de descarga
dos drenos superficiais nos drenos profundos. Os tubos de descarga possuem, normal-
mente, diâmetros de 45cm e podem ter 300cm de comprimento. Os canais de drenagem
devem ser gramados e podem requerer estruturas dissipadoras, se passarem por terras
com declividade acentuada. Os custos variam consideravelmente se estas estruturas
forem necessárias.

7.3.2 Drenos Abertos Profundos no Lote

Podem ser necessários drenos abertos profundos no lote se o nível do lençol freático
for alto e o sistema do projeto não for adequado. Nenhum dreno aberto profundo deve
ser projetado como um custo do lote até que o engenheiro de drenagem determine a sua
necessidade e que o plano do projeto tenha-se desenvolvido o suficiente para se saber
se a drenagem do projeto não pode controlar o nível do lençol freático.

7.3.3 Dreno de Manilhas

Pode ser requerida drenagem por manilhas sob circunstâncias similares às neces-
sidades por drenos abertos profundos. É necessária, em todo o trabalho de classificação
uma estreita colaboração com o engenheiro de drenagem, envolvendo a consideração
da drenagem profunda como um custo de desenvolvimento do lote. Os custos variarão
nestas instalações em relação à condutividade hidráulica do material do substrato, à
dimensão da manilha e à profundidade. Os dados de custo devem ser desenvolvidos
localmente.

7.3.4 Proteção contra Inundação

Pode ser necessária uma proteção contra inundação em depressões onde o rio
transborda periodicamente. O dimensionamento dos diques protetores necessários à
prevenção contra a inundação depende da previsão das cheias. O hidrólogo regional ou
do projeto normalmente possui dados a respeito dos riscos de inundação em todos os
rios. Estes dados são úteis no planejamento de proteção contra inundação e na determi-
nação dos custos envolvidos. Podem ser necessárias a retificação do rio ou a limpeza
das margens, para aumentar a capacidade do rio como uma medida de proteção contra
inundação. Os custos de construção dos diques por metro cúbico são similares a outros
trabalhos de movimentação de terra. Às vezes, a inundação e a produtividade podem ser
influenciadas pela sedimentação ou erosão, necessitando de nivelamentos periódicos.

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7.3.5 Poços Artesianos

Algumas vezes, podem ser usados poços artesianos com bombeamento para con-
trole profundo de drenagem, como uma alternativa para drenos abertos ou fechados.
Freqüentemente, as condições são desfavoráveis para um efetivo rebaixamento do len-
çol freático, por poços bombeados. Portanto, deve-se ter uma clara evidência de que um
poço artesiano com bombeamento é uma solução efetiva para um problema com o len-
çol freático, antes de ele ser usado. Os custos variam segundo as condições locais. Em
complemento ao investimento inicial com um poço artesiano com bombeamento, de-
vem-se considerar os custos anuais de OM&R na determinação das classes de terras.

7.3.6 Poços Invertidos

Poços invertidos são furos feitos para receber a água de drenagem em excesso.
Estes podem penetrar algum material de baixa permeabilidade e vazar a profundidade
com material cascalhento permeável. O seu uso é limitado a condições específicas, nem
sempre encontradas. Os custos relativos são baixos, mas variam segundo o diâmetro e
a profundidade. Poços deste tipo são, usualmente, custos de projeto, em lugar de custos
de desenvolvimento individuais ou particulares.

7.4 Melhoramento do Solo

7.4.1 Lixiviação

Pode ser necessária a lixiviação de sais em excesso antes que uma produção agrí-
cola bem sucedida seja possível. Se as condições são favoráveis à lixiviação, e se os
solos que têm atualmente salinidade suficiente para reduzir ou impossibilitar a produção
agrícola forem considerados aráveis, deve ser feita alguma compensação pelos custos
de lixiviação. O custo dessa lixiviação depende da taxa de infiltração, do tipo de drena-
gem subsuperficial, da declividade da terra, do grau de nivelamento e da quantidade de
água disponível para lixiviação. Uma boa drenagem subsuperficial é necessária para
uma lixiviação de sais bem sucedida. Uma sistematização complementar pode ser ne-
cessária após a lixiviação, para corrigir a sedimentação desuniforme.

7.4.2 Corretivos

A remoção do excesso de sódio trocável em solos aráveis pode ser difícil, exceto
se houver uma fonte natural de cálcio em forma de gesso no solo ou na água de irriga-
ção. Se uma quantidade apreciável de cálcio não estiver disponível nessas fontes, o ges-
so pode ser adicionado ao solo ou à água de irrigação. O enxofre também pode ser um
adequado corretivo de solo quando houver calcário, já que o enxofre reage com o calcário
e produz sulfato de cálcio (gesso).

Se os corretivos fizerem parte dos custos de desenvolvimento, convém usar o


menos dispendioso. Os custos variam em relação à distância da fonte produtora.

7.4.3 Subsolagem (Periódica)

Alguns solos possuem uma estrutura fraca, encharcam facilmente e desenvolvem


camadas endurecidas ou duripans, altamente restritivas à penetração de raízes. Em tais
solos, a subsolagem periódica ou escarificação desagrega o solo e, geralmente, aumen-
ta a produção agrícola. Se houver indicações de que o solo a ser irrigado irá requerer
este tratamento, deverão ser feitas compensações adequadas no orçamento do lote para
este custo. Este incremento nos custos de produção diminui a capacidade de pagamen-
to. A subsolagem periódica não é um custo de desenvolvimento, mas um custo recor-
rente de produção, similar ao uso periódico de fertilizantes.

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7.4.4 Cultivo Especial

Um cultivo especial pode ser necessário em alguns solos devido a uma adapta-
ção específica para certas culturas ou à necessidade de culturas especiais para incorpo-
ração de matéria orgânica, melhoramento da estrutura ou aumento da condutividade
hidráulica. A avaliação dos solos deveria considerar necessidades de tratamentos espe-
ciais ou não usuais, na medida em que estas influem na classe de terras. Do mesmo
modo que a subsolagem, isto deve ser tratado como um custo do lote e não como um
custo de desenvolvimento. O custo do cultivo especial deve ser identificado como um
custo do lote no seu orçamento, o que diminuirá a capacidade de pagamento.

7.4.5 Fertilizante

A aplicação de fertilizantes pode ser considerada um custo de desenvolvimento


se, por exemplo, uma expressiva sistematização for feita e uma quantidade substancial
de fertilizante for necessária para se conseguirem as projeções iniciais de produtividade
comparáveis aos solos de Classe 1. As aplicações subseqüentes de fertilizantes deverão
ser consideradas custos normais de produção e não custos de desenvolvimento.

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INVESTIGAÇÕES
ESPECIAIS E
DADOS DE
LABORATÓRIO
NECESSÁRIOS
8.1 Introdução

A opinião e a experiência do pedólogo na avaliação do significado agronômico e


econômico dos aspectos físicos observados são fatores críticos que determinam a vali-
dade e a precisão da classificação das terras. A experiência e o conhecimento em áreas
similares são a base principal usada no julgamento, no desenvolvimento e na
implementação das especificações de mapeamento. Porém, na classificação de terras, o
pedólogo irá provavelmente deparar-se com condições de solo, subsolo e substrato difí-
ceis de avaliar quanto à aptidão para a irrigação, utilizando-se apenas de técnicas de
campo. Quando isto ocorrer, devem ser feitas investigações especiais de campo e labo-
ratório para uma avaliação adequada. Estudos especiais podem fornecer dados e ajudar
nas avaliações em três áreas gerais: 1) registro e interpretação de condições de terras
específicas; 2) seleção, descrição, amostragem e análise detalhada de laboratório de so-
los representativos; e 3) problemas específicos que não podem ser resolvidos mediante
procedimentos rotineiros e observações de campo, e podem requerer procedimentos
especiais para sua resolução. Os problemas específicos podem incluir necessidades de
drenagem, envolvendo as seguintes características de solos: infiltração, permeabilidade,
presença de horizontes endurecidos, profundidade do lençol freático, qualidade da água
para irrigação, textura do solo e pedregosidade. Outras características relacionadas aos
solos que podem requisitar investigações especiais incluem: capacidade de água dispo-
nível, salinidade, sodicidade, potencial de endurecimento da superfície dos solos, pre-
sença de teores altos de calcário ou gesso, ou solos apresentando alta ou baixa densida-
de. Complementarmente, outros membros da equipe de estudo podem solicitar dados a
respeito das terras, obtidos somente por meio de estudos especiais, que podem ser re-
queridos para investigação da água percolada, da drenagem subsuperficial, do uso da
terra, da aptidão das terras para usos além da irrigação e de programas de manejo da
irrigação.

Os estudos especiais devem ser programados concomitantemente a outros estu-


dos de campo, de maneira que os dados estejam disponíveis para a equipe de campo
antes da conclusão da classificação final da área. Alguns dados referentes ao parâmetro
em questão precisam estar disponíveis antes que um planejamento razoável possa ser
formulado. Normalmente, existem dados disponíveis adequados para organizar um pro-
grama de estudo especial, com a possível exceção dos estudos a nível de reconhecimen-
to; porém, a seleção de locais específicos pode depender de um mapeamento de campo
adicional.

Se os dados são inadequados para a organização de um programa de estudo e


forem requeridos antes da execução do mapeamento, talvez seja necessário realizar tes-
tes em locais selecionados ao acaso ou com informações pouco seguras. Se isto ocorrer,
torna-se necessário um programa de estudo suplementar, a fim de que sejam preenchi-
das as falhas no programa original. A programação o tipo de procedimentos adotados e

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o número de estudos especiais, devem estar estreitamente coordenados com os estudos


rotineiros de campo e laboratório. Equipes distintas podem ser utilizadas para conduzir
os estudos, mas a equipe condutora das atividades de rotina deve participar da identifi-
cação dos problemas, da seleção dos locais dos testes e dos procedimentos e da proje-
ção dos resultados para outras áreas.

A escolha dos locais para os testes de campo dos estudos especiais é de importân-
cia fundamental. Os locais devem ser representativos com relação ao problema a ser
estudado e deve haver meios pelos quais possam ser correlacionados às áreas similares
não testadas. Normalmente, podem ser escolhidos locais aptos após o mapeamento da
área. Uma projeção razoável de dados, além dos locais dos testes, depende muito da
adequação da escolha destes locais.

Apesar de haver muitos procedimentos úteis para testes especiais na solução de


problemas de classificação de terras, em geral nenhum deles simula exatamente o pro-
cesso natural em estudo. Portanto, os resultados dos estudos devem ser considerados
como aproximações ou dados representativos de uma série de valores.

Existem procedimentos estabelecidos para muitos tipos de estudos especiais rela-


tivos a fatores que necessitam, com maior freqüência, de uma avaliação especial. São
exemplos de tais estudos, verificados pelo “Bureau of Reclamation” como muito úteis
na zona árida do oeste dos Estados Unidos: perfis representativos (locais principais),
taxa de infiltração, condutividade hidráulica, água disponível, recuperação de solos sali-
nos e sódicos e leiautes detalhados das parcelas. As instruções para procedimentos es-
pecíficos podem ser encontradas em várias referências, incluindo o “Methods of Soil
Analysis” (Métodos de Análise de Solos), Volume 2, “American Society of Agronomy”
(Sociedade Americana de Agronomia) e o “Drainage Manual” (Manual de Drenagem),
do “Bureau of Reclamation”. Embora possam ser aplicados em outras partes do mundo
para uma investigação especial, é necessário que se utilizem (ou se planejem) estudos
adicionais requeridos para problemas específicos e adequados para áreas específicas.

8.1.1 Solos Representativos (Locais Principais de Estudos)

São necessários, para uma investigação de classificação de terras a nível de


semidetalhe ou detalhe, o estudo e a identificação de cada solo ou tipo de terra que
possui diferenças significativas em relação à aptidão para irrigação. Tais dados são úteis
na caracterização dos solos no projeto, auxiliam na correlação dos resultados da classi-
ficação de terras com os levantamentos de solos e outros tipos de estudos de solos e são
representativos da qualidade atual dos solos. Devem ser descritos perfis de solos para
cada tipo de solo dominante, arável ou não arável. Em grandes áreas, pode ser preferível
dispor-se de mais de um perfil para cada tipo. Geralmente, deve ser analisada uma pro-
fundidade de, no mínimo, 3 metros. O perfil pode ser melhor descrito em uma trincheira
escavada a mão ou mecanicamente. Se uma trincheira abaixo de 1,5m não for possível
de ser obtida, pode-se usar um trado. Topografia, condições de drenagem, vegetação e
outras informações pertinentes à área circundante devem ser incluídas na descrição do
perfil. Em complemento à descrição do perfil, cada horizonte significativo deve ser
amostrado e analisado. Registros dos resultados das análises de laboratório devem es-
tar à mão, para uso na correlação com as observações de campo. A Figura 8.1 exemplifica
um tipo de ficha comumente usada pelo “Bureau of Reclamation” no oeste dos Estados
Unidos. Para adaptá-los à área de estudo, serão, logicamente, convenientes formatos
modificados.

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8.2 Tipos de Investigações Especiais

Existem muitos estudos especiais que auxiliam na determinação adequada do mé-


todo de irrigação, arranjo do sistema de irrigação, necessidade de água, produtividade,
erodibilidade e necessidade de drenagem sob irrigação.

8.2.1 Solos Salinos e Sódicos

Os solos nas regiões áridas e semiáridas geralmente contêm sais solúveis numa
concentração variada. As quantidades podem exceder os limites toleráveis pelas cultu-
ras e, portanto, restringir a sua produtividade e qualidade. A água de irrigação também
transporta sólidos solúveis que podem-se acumular nos solos como resultado da
evapotranspiração ou de condições de drenagem pobre. Portanto, a lixiviação é essenci-
al em muitas situações de irrigação. Em algumas áreas, a qualidade da água de irrigação,
a drenagem natural da terra, as práticas de irrigação previstas e a precipitação efetiva
mantêm o balanço dos sais sem práticas especiais. Entretanto, existem muitas áreas
cujos solos contêm uma concentração excessiva de sais solúveis, ou que são altamente
alcalinos antes da irrigação que necessitam de uma lixiviação especial. Concentrações
de sais podem ter sido desenvolvidas ou podem desenvolver-se por percolação, drena-
gem inadequada, ou uso de água de irrigação salina ou sódica. Quase sempre é fisica-
mente possível realizar a lixiviação, mas os custos podem exceder os benefícios. Portan-
to, é indispensável que a terra e a água de cada projeto sejam avaliadas com relação às
necessidades de recuperação, balanço de sais e influência na qualidade da água percolada.

Quando a análise dos dados e as observações de campo não indicarem claramen-


te se a recuperação das terras é possível e viável, a resposta dos solos à lixiviação e a
qualidade da água necessária à recuperação devem ser determinadas pelos testes de
campo e laboratório, com água de qualidade similar àquela prevista para suprimento da
irrigação. Os métodos de laboratório são provavelmente adequados quando a
permeabilidade e a drenagem são avaliadas como adequadas. Os resultados da lixiviação
podem ser obtidos em combinação com a condutividade hidráulica, infiltração e testes
de campo para disponibilidade de água.

Os estudos que irão auxiliar a classificação das terras relativa a salinidade e


sodicidade são: (1) lixiviação dos sais solúveis e (2) deslocamento de sódio trocável.

„ Solos Salinos

A salinidade pode estar presente com ou sem sodicidade. Se a sodicidade estiver


associada à salinidade, devem-se conseguir dados referentes a solos alcalinos. Os dados
necessários para a salinidade isolada são: (a) qualidade da água disponível para irriga-
ção, (b) testes de lixiviação no local e dados “in loco” da condutividade hidráulica, (c)
dados quanto ao tipo de sais presentes (cátions e anions), (d) mudanças nas relações
entre cátions após a lixiviação, (e) localização dos sais no perfil do solo, (f) custos de
lixiviação e sua influência na capacidade de pagamento.

A lixiviação de um solo salino requer uma permeabilidade adequada do solo, para


permitir o movimento da água pela zona radicular, e uma drenagem adequada, para
evitar a elevação do lençol freático até a mesma. Os estudos de lixiviação devem simular
o método de irrigação previsto.

„ Solos Sódicos

Solos sódicos são os que contêm sódio trocável o suficiente para interferir no
crescimento da maioria das culturas. A presença de conteúdos altos de sódio nos solos
pode ser marcada por manchas lustrosas (álcali negro), ou pode ser indicada por testes

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Figura 8.1 Ficha de Descrição do Perfil com Análise de Laboratório

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de laboratório ou de campo, que confirmam que os solos possuem pH alto ou altos


valores de sódio trocável. O objetivo dos estudos para recuperação de solos sódicos é
determinar a viabilidade de substituição do sódio trocável e de melhoramento da
permeabilidade do solo a um nível adequado para irrigação. As análises sugeridas e os
testes específicos que podem ser úteis no estudo desta condição são: análises mecâni-
cas, capacidade de troca catiôntica, saturação de bases, conteúdo de gesso, estabilidade
estrutural, condutividade hidráulica determinada no campo, permeabilidade ao ar em
relação à da água e tipo de mineral da argila. As questões básicas a serem respondidas
antes de se tomar uma decisão quanto à arabilidade são:

„ Em que ponto ocorre a deterioração estrutural?


„ Será que a água percolará pelo solo em volume suficiente para recuperá-lo, se a
estrutura estiver degradada?
„ Existe gesso no solo ou será necessário adicioná-lo para fins de recuperação?
„ Qual será a produtividade se as condições dos solos permanecerem iguais?
„ As chances para recuperação são boas?
„ Como os custos de recuperação afetarão a renda líquida do lote?

Do mesmo modo que na lixiviação de solos salinos, uma drenagem adequada é


requisito para recuperação. Porém, inicialmente, a permeabilidade do solo precisa ser
apenas adequada, para permitir a sua saturação com uma fonte de íons de cálcio para
deslocar os íons de sódio.

Amostragens e análises do solo são indispensáveis no início, em intervalos duran-


te o teste e no final do teste, para fornecer uma indicação da movimentação dos sais.
Resultados relativamente completos são necessários no início e no final do teste, para
identificar a relação dos íons na solução do solo e no complexo de troca.

8.2.2 Horizontes Endurecidos

Os horizontes endurecidos são quase sempre difíceis de avaliar, devido aos efeitos
imprevisíveis causados pela água com o passar do tempo. Os vários testes que podem
ser úteis são o teste Winger de condutividade hidráulica no campo; densidade aparente
do horizonte endurecido; dados referentes à causa do endurecimento, incluindo percen-
tagem de calcário; observação da penetração das raízes; dados relativos à continuidade
dos horizontes endurecidos; estabilidade dos agregados; análises de custo de escarificação
ou de desagregação do horizonte endurecido; e análises mecânicas.

8.2.3 Lençol Freático

As condições do lençol freático indicam que as condições de descarga são pobres,


ou que a permeabilidade do substrato é lenta, ou que a recarga é maior do que a capaci-
dade de descarga. Testes sugeridos para a avaliação das condições locais incluem per-
centagem de sódio trocável e salinidade da camada acima do lençol freático, qualidade
da água do solo, testes “pump-out” para determinar a condutividade hidráulica, pres-
sões piezométricas, flutuações e gradientes de declive geral do lençol freático e varia-
ções no conteúdo de água livre no solo.

8.2.4 Qualidade da Água

A qualidade da água pode ser um item importante na classificação das terras, e


antes de se iniciar o levantamento deve-se conhecer a qualidade da suposta fonte de
água. Se a qualidade da água é reconhecidamente pobre, devem-se fazer testes nos
solos para determinar a estabilidade estrutural, a salinidade presente, a condutividade
hidráulica no local, o equilíbrio de sódio trocável, a necessidade de lixiviação, as condi-
ções de drenagem e o tipo de mineral da argila. A qualidade da água deve ser avaliada

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quanto a sua aptidão, considerando-se as culturas a serem plantadas, as possibilidades


de assegurar as necessidades de lixiviação, a percentagem de sódio trocável prevista
para condições de equilíbrio e a presença de boro.

8.2.5 Água Disponível

Água disponível é a porção retida pelo solo após a irrigação e que está prontamen-
te disponível para ser utilizada pela cultura. A quantidade de água disponível influencia
as práticas de irrigação e determina as necessidades de água.

São feitas medições de retenção de umidade no campo para se obterem estimati-


vas da água disponível e correlações com outras propriedades dos solos. Estes testes
determinam o limite entre a capacidade de campo (percentagem de água que permane-
ce no solo 24 a 48 horas após ser umedecido e com a drenagem completa assegurada) e
o ponto de murchamento permanente, definido como o conteúdo de água em um solo
em que plantas indicadoras, nele cultivadas, murcham e não conseguem restabelecer a
turgidez quando colocadas numa câmara úmida. Normalmente, o ponto de murchamento
permanente ocorre em percentagens de umidade nas tensões de aproximadamente 15
atm. A determinação da umidade disponível pode ser feita pela amostragem direta e
pela medição do conteúdo de umidade a intervalos definidos, após a saturação e drena-
gem do perfil e a determinação da umidade do solo na tensão de 15 atm.

O conteúdo de umidade, na capacidade de campo é melhor determinado pelos pro-


cedimentos de campo. O local escolhido deve possuir um nível de lençol freático bem
abaixo daquele a ser testado. Deve-se saturar o perfil do solo, até uma profundidade bem
abaixo da zona a ser testada e depois permitir sua drenagem. O tempo para uma drena-
gem adequada varia de acordo com a permeabilidade; porém, uma amostragem pode ser
usualmente feita entre 24 a 72 horas após a saturação do solo. A hora para se coletarem
amostras em que a água do solo se aproxima da capacidade de campo pode ser estimada
com base na experiência e no conhecimento do solo, ou por sucessivas amostragens para
se determinar o tempo aproximado da estabilização do movimento da água.

As amostras de solos retiradas após a saturação e drenagem devem ser pesadas


imediatamente, para se determinar a percentagem de umidade, ou vedadas, para se
evitar a perda de água, e, em seguida, pesadas no laboratório. Após a pesagem, a per-
centagem de água do solo sob tensão de 15 atm, determinada por métodos de laborató-
rio, estabelece o conteúdo de umidade no ponto de murchamento permanente. A fórmu-
la para calcular a umidade disponível requer o conhecimento da densidade aparente do
solo, que pode ser estimada, normalmente, pelo seu inter-relacionamento com as textu-
ras dos solos; entretanto, é indispensável que se avalie a presença de cascalho ou ca-
lhaus na amostra. A água disponível deve ser determinada, em centímetros totais, para
cada horizonte significativo.

Se a umidade disponível for um fator crítico, os valores obtidos pelos estudos


especiais devem ser correlacionados a outras propriedades dos solos mais prontamente
observáveis ou a medidas (como a textura do solo), para extrapolar as constatações para
outras áreas.

O objetivo da irrigação é fornecer umidade ao solo até a capacidade de campo,


com uma freqüência suficiente para manter um nível de umidade prontamente disponí-
vel. Se o sistema proposto não puder satisfazer esta necessidade sob o tipo de agricultu-
ra previsto, é importante que se identifiquem alternativas práticas, ou as terras terão de
ser excluídas da área arável. Os dados dos testes podem ser usados para estimar a fre-
qüência de irrigação na avaliação da capacidade de um sistema para satisfazer as neces-
sidades de irrigação. Isto requer uma estimativa da umidade disponível na zona radicular
da cultura proposta e da taxa média das evapotranspirações máximas diárias. Na práti-

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ca, a depleção da umidade do solo não é uniforme ao longo do perfil e, freqüentemente,


as camadas superiores atingem o ponto de murchamento permanente com maior rapi-
dez. Em tais condições, a freqüência de irrigação é determinada pela taxa de depleção
nos horizontes superficiais, tempo de irrigação, quantidade de depleção e eficiência de
irrigação.

8.2.6 Calcário

O calcário é um constituinte comum nos solos irrigados nas áreas áridas. Em pe-
quenas quantidades, possui, em geral, efeito deletério pequeno e é útil na manutenção
de uma boa estrutura. Com o acréscimo da quantidade de calcário, o solo poderá requi-
sitar fósforo e ferro. Em concentrações altas, ocorre um efeito de diluição que afeta a
produtividade. Conteúdos de calcário que excedam 45 a 50% podem reduzir a produção,
dependendo do outro material do solo. Devem-se obter informações a respeito da per-
centagem de calcário e realizar algumas análises mecânicas do calcário removido, onde
ocorram grandes concentrações do mesmo. Se o calcário aparece na forma de caliche,
deve-se examinar a ocorrência de horizontes endurecidos.

8.2.7 Gesso

O gesso pode ocorrer em volume tão grande que se torna prejudicial à produção
das culturas, devido ao fator de dispersão do solo. O gesso pode estar presente no
substrato em quantidades suficientes para que a lixiviação cause subsidência no terre-
no, tornando a irrigação difícil. Geralmente, o gesso ocorre em pequenas quantidades e
é benéfico ao solo.

Se o gesso estiver presente em grandes quantidades, deve-se determinar o volu-


me atual e fazer uma avaliação dos efeitos provocados pela solubilização eventual deste
material no melhoramento dos solos. Dados relativos à condutividade hidráulica e infor-
mações gerais a respeito da drenabilidade do substrato são também pertinentes a esta
análise. A lixiviação ao longo do tempo pode fornecer dados úteis.

8.2.8 Formação de Crostas

A formação de crostas é uma situação raramente avaliada na classificação. Uma


severa formação de crostas que ocorra a cada precipitação ou irrigação é um sintoma
deste problema. Uma crosta superficial deste tipo deve-se à instabilidade estrutural e
pode impedir a plântula de germinar, diminuir a taxa de infiltração e, muitas vezes, redu-
zir a capacidade produtiva do solo. Em complemento à observação visual, testes sobre
módulos de ruptura, percentual de sódio trocável e distribuição do tamanho dos agrega-
dos podem ser usados para avaliar a severidade desta ocorrência.

8.2.9 Baixa Densidade

Se as amostras indeformadas tiverem densidade aparente específica menor que


1,30 para a profundidade de irrigação, há uma possibilidade de haver subsidência do
terreno com a irrigação, particularmente se a precipitação natural for a 254mm/ano e o
substrato tiver baixa densidade. Em casos duvidosos, deve-se reservar água para estas
áreas em teste, até que a questão seja resolvida.

8.2.10 Leiaute do Lote

É indispensável que se faça, com freqüência, a avaliação dos aspectos topográfi-


cos sem o uso de mapas topográficos ou de qualquer outro auxílio. A importância relati-
va da topografia varia enormemente com o método de irrigação previsto. A topografia
provoca maiores restrições aos sistemas de irrigação por superfície do que aos sistemas

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Classificação de Terras para Irrigação

por aspersão ou gotejamento, em relação ao tamanho do lote, aos custos de desenvolvi-


mento da terra e à declividade. Conseqüentemente, estudos detalhados de leiaute do
lote para os vários tipos de topografia e solos comuns à área em estudo auxiliam o
pedólogo na avaliação da topografia e na estimativa aproximada dos custos de desen-
volvimento relativos à irrigação.

Os leiautes detalhados devem fornecer uma estimativa razoavelmente precisa da


localização dos limites dos lotes, custo e volume de terra movimentado na sistematiza-
ção, declividade, volume e custo do desmatamento e remoção de pedras, localização e
custo da infra-estrutura do sistema de irrigação, custos e volume de terra movimentado
na construção de canais laterais e drenos, e outros fatores específicos à área em estudo.
O tamanho, o número e a localização dos leiautes dependem da natureza da topografia,
do tipo de levantamento e dos padrões operacionais do lote. O tamanho e o formato da
área de estudo devem ser representativos das parcelas previstas no projeto. A área de
estudo pode ser menor do que as unidades previstas, mas deve ser suficientemente
grande para que possam ser estabelecidos lotes de tamanhos ótimos e obtida economia
no nivelamento de grandes áreas. Deve ser dada ênfase às situações complexas, difíceis
de se avaliarem.

Como não existem duas áreas exatamente iguais, os resultados do leiaute detalha-
do do lote não devem ser projetados para outras áreas com aspectos similares. Pelo
contrário, devem ser usados pelos pedólogos para aperfeiçoar sua capacidade de avali-
ação dos fatores específicos que contribuem para os custos de desenvolvimento, produ-
tividade e custos de produção. Os leiautes de campo podem ser úteis na estimativa dos
limites da área pela identificação de altos e baixos do relevo, corte e aterro médio neces-
sários à sistematização em cada parcela para uma distribuição adequada da água, rela-
ção entre a infra-estrutura e o tamanho dos lotes, custo da drenagem superficial de áreas
abaciadas, custo e volume da remoção da pedregosidade superficial, custos de desmata-
mento relativos ao número e tamanho das árvores.

8.3 Apoio de Laboratório

Apesar de os estudos de campo poderem representar melhor os processos natu-


rais e serem preferidos na caracterização das terras, freqüentemente os estudos de labo-
ratório proporcionam respostas adequadas a um custo mais baixo. Os estudos de labo-
ratório fornecem dados precisos das características físicas e químicas críticas na previ-
são do futuro comportamento sob irrigação, e que não foram prontamente discernidos
no campo ou apenas grosseiramente estimados.

Os estudos de laboratório são indispensáveis à confirmação das análises de cam-


po e à solução de muitas dúvidas relativas à aptidão, surgidas durante os estudos de
classificação de terras. A nível de reconhecimento, estes estudos de laboratório prova-
velmente irão ficar restritos àqueles necessários à caracterização dos solos dominantes
na área ou tipos de terra. Porém, em um nível mais detalhado de investigação, são ne-
cessárias análises de laboratório de uma forma mais intensiva, para filtrar os dados, de
modo a detectar problemas químicos ou físicos que poderiam passar despercebidos, e
para permitir estudos detalhados especiais requisitados pela presença de condições ad-
versas e duvidosas.

Em geral, deve-se fazer um planejamento relativo ao fornecimento de serviços de


laboratório para solo e água bem antes do início dos estudos de classificação de terras. Os
serviços de laboratório devem estar disponíveis preferencialmente no local de estudo, pois
isto facilita a interação entre o pessoal de campo e o de laboratório. Isto é em especial
verdadeiro quando se espera que o estudo de terras a ser realizado se depare com áreas
problemáticas ou raras em relação às características físicas e químicas das terras.

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Classificação de Terras para Irrigação

A seguinte lista de dados comuns de laboratório para estudos de classificação das


terras é um exemplo de procedimentos normalmente vitais para um estudo de classifica-
ção das terras.

„ Reação do solo (pH);


„ Capacidade de troca catiôntica;
„ Natureza dos cátions trocáveis;
„ Salinidade (condutividade elétrica do extrato saturado);
„ Total de carbonatos;
„ Conteúdo de gesso;
„ Necessidade de gesso;
„ Percentagem de sódio trocável;
„ Substâncias tóxicas - arsênio, boro, níquel, cromo, sulfetos e ferro (arroz irrigado
por inundação), etc;
„ Composição granulométrica (análise física);
„ Densidade aparente;
„ Coeficiente de contração linear;
„ Conteúdo de matéria orgânica;
„ Estudos sobre a mineralogia da argila.

Os resultados de certas análises de laboratório não retratam, necessariamente, o


cenário real e global do que está ocorrendo ou do que irá ocorrer no campo; portanto, é
crítico que os resultados das análises individuais sejam comparados com outras análi-
ses inter-relacionadas, e que todas as análises sejam correlacionadas com as informa-
ções de campo. Esta coordenação com as observações de campo, ajuda, também, na
identificação de erros nos procedimentos e de falhas nos equipamentos, ou erros de
cálculo. Deve haver cooperação entre os pedólogos de campo e a equipe de laboratório.
Na verdade, é recomendado que um pedólogo com experiência de campo supervisione
as operações de laboratório.

As interpretações dos resultados de laboratório, em relação às suas implicações


na conseqüente aptidão das terras para irrigação, que estão sendo investigadas, deve
ser um processo contínuo e não apenas baseado em limites arbitrários. Todos os fatores
que influenciam a aptidão para irrigação, precisam ser considerados simultaneamente
no estabelecimento dos impactos nas características físicas e químicas dos solos. As
relações entre estes fatores e certas considerações, como a característica da água a ser
aplicada, a topografia, as características de drenagem subsuperficial, o regime climático
e o padrão de cultivo, devem ser cuidadosamente avaliadas, de modo que se preveja,
precisamente, a aptidão das terras em condições de projeto.

O processo de classificação de terras é uma pressuposição, e a interpretação dos


dados gerados pelo laboratório deve ser feita segundo este aspecto. Por exemplo: os
resultados do laboratório podem mostrar que os níveis atuais de salinidade e/ou sódio
trocável são muito altos para uma produção adequada das culturas previstas; porém,
quando examinados em face da textura do solo, estrutura e permeabilidade, podem indi-
car que, sob condições de operação do projeto, tais situações adversas estão a níveis
moderados para aceitáveis.

À medida que os resultados das análises rotineiras de laboratório se tornam dis-


poníveis, devem ser comparados com a classificação de campo preliminar. Se o pedólogo
estiver familiarizado com a área em estudo, deve haver poucas diferenças significativas
entre a classificação de campo inicial e as análises de laboratório. Onde houver diferenças
significativas, o pedólogo deve reexaminar os dados de campo para uma possível explica-
ção sobre as diferenças. Às vezes, pode ser necessário voltar ao campo para rever condi-
ções ou características que, possivelmente, passaram despercebidas durante os estudos
iniciais de campo e que podem estar consistentes com os resultados de laboratório.

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Classificação de Terras para Irrigação

Durante o processo de correlação entre os dados de laboratório e os de campo, e a


solução de divergências, é importante que se mantenha estreita comunicação entre o
pedólogo e a equipe de laboratório. Isto garante a realização de ajustes no mapeamento
de campo e nos procedimentos de laboratório, de modo a economizar tempo e assegu-
rar a precisão do estudo de classificação de terras.

Laboratórios de solos podem ser indispensáveis à realização de procedimentos de


testes específicos, para situações especiais, ou de análises rotineiras, que apóiam estu-
dos de campo especiais. Normalmente são necessários dados a respeito de elementos,
traços ou tóxicos, análise da mineralogia da argila, relações de troca catiôntica e qualida-
de da água. Além disto, precisa-se freqüentemente de apoio de laboratório nos estudos
das condições de drenagem subsuperficial, capacidade de água disponível, outras rela-
ções entre solo-água-planta, necessidade e métodos de lixiviação.

Deve-se ficar alerta em relação à projeção de dados ou às conclusões referentes a


estudos especiais na área de estudo para outras áreas. Embora este seja o propósito
básico da maioria dos estudos especiais, é imperativo que se reúnam dados de campo
suficientes para assegurar a precisão e a validade das projeções, e que haja similaridade
entre as terras submetidas aos estudos especiais e aquelas para as quais estas conclu-
sões serão projetadas.

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Classificação de Terras para Irrigação

DETERMINAÇÃO E
LEVANTAMENTO DA
ÁREA IRRIGÁVEL

A área irrigável de um projeto é geralmente determinada pelos engenheiros e eco-


nomistas, com base nos dados de classificação das terras, desenvolvidos pelo pedólogo.
São feitos os leiautes, e as terras aráveis que podem ser economicamente servidas pelas
instalações do projeto se convertem na área irrigável.

As faixas de domínio das estradas de ferro ou rodovias públicas, que não são
irrigáveis, devem ser excluídas da área arável. A área necessária para os canais princi-
pais e laterais, drenos ou canais escoadouros do projeto também é deduzida na determi-
nação da área irrigável.

Em geral, não se deduzem da área irrigável as superfícies com instalações rurais,


estábulos e estradas vicinais; entretanto, as áreas com estas finalidades devem ser consi-
deradas na determinação da área produtiva, que é normalmente deduzida pela redução de
uma porção considerável da área irrigável, de modo que se descontem aquelas terras sem
possibilidade de aproveitamento com irrigação. Esta porção, em geral, chega a aproxima-
damente 6%; contudo, a percentagem de área dependerá do projeto. A medida da área
produtiva é utilizada pelos hidrólogos e engenheiros, na determinação das necessidades
de água e da capacidade dos canais.

A quantidade de área irrigável em qualquer projeto varia segundo os objetivos de


desenvolvimento do projeto. O objetivo fundamental na formulação de um projeto nos
Estados Unidos, é maximizar os benefícios econômicos líquidos nacionais. Entretanto,
um país pode ter outros objetivos, como aumentar a oferta de emprego ou a renda líqui-
da na economia regional. O procedimento para determinar a área irrigável é semelhante,
independente dos objetivos, mas o tamanho e a composição final da área variam como
uma conseqüência das especificações para objetivos diferentes. Neste capítulo, admite-
se que o objetivo seja maximizar os benefícios econômicos líquidos nacionais através do
projeto, e a abordagem ficará limitada aos princípios de formulação do projeto aplicados
na determinação da área irrigável.

O benefício econômico de um projeto de irrigação é normalmente definido como o


aumento na renda líquida do lote, em virtude do projeto.

Uma boa regulamentação acerca dos princípios de formulação de planos para


maximizar os rendimentos líquidos pode ser encontrada no “U.S. Senate Document 97”
(Documento no. 97 do Senado dos EUA):

“Os rendimentos líquidos são maximizados quando a meta de desenvolvimento


chegar a um ponto tal que os rendimentos adicionados pelo último incremento de escala
(i.e., um aumento no tamanho de uma parcela, um propósito individual num plano de
múltiplos propósitos, ou uma unidade num planejamento global) sejam iguais ao seu

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Classificação de Terras para Irrigação

custo de adição. Os incrementos a serem assim considerados são aqueles mínimos que
podem ser, na prática, omitidos do plano.” [3]4*

Na prática, o procedimento para a escolha da área irrigável requer uma apreciação


para se selecionar inicialmente uma área prioritária em que os benefícios excedam os
custos, para cada segmento do projeto incluído na mesma. Densidades relativamente
altas de terras aráveis contíguas com produtividades razoáveis indicam uma área que
pode satisfazer este critério. A seleção desta área prioritária delimita um bloco de terras
do projeto, as quais seriam as mais eficientemente servidas (menores custos) e que iri-
am produzir benefícios razoavelmente altos.

Se o suprimento de água para o projeto não for fator limitante, podem-se adicio-
nar blocos de terras aráveis, separadamente, à área irrigável, desde que os custos de
adição de tais blocos de terras sejam inferiores aos benefícios conseguidos. Os custos
de adição são a variação nos custos totais, causada pelo acréscimo do bloco de terra,
normalmente expresso numa base anual. Os custos totais compreendem a amortização
do investimento com a construção das instalações do projeto, incluindo os sistemas de
drenagem e os custos anuais de OM&R.

Algumas características a serem observadas na identificação de áreas que devem


ser submetidas à análise de custos e benefícios da adição dos blocos, ao invés de serem
incluídas no plano prioritário, são:

„ Bombas elevatórias adicionais;


„ Isolamento pela distância;
„ Áreas de serviço irregulares e estreitas;
„ Áreas de serviço descontínuas, com manchas de terras inaptas intercaladas;
„ Custos altos de drenagem;
„ Áreas de produtividade baixa (blocos com terras de aptidão predominantemente
marginal);
„ Pequenos reservatórios ou outras obras de drenagem que não integram o sistema
principal;
„ Combinações destes fatores.

Se o suprimento de água for insuficiente para servir todas as terras aráveis poten-
cialmente irrigáveis, os blocos de terras devem ser ordenados de acordo com seus bene-
fícios líquidos por hectare. Após esta ordenação, os blocos com os maiores benefícios
líquidos por hectare são adicionados à área essencial até que o suprimento de água se
esgote. Isto assegurará que o máximo de benefícios será obtido dos recursos de água
limitados.

Na prática, o processo de definição da área irrigável é mais complicado do que


esta explanação simplificada. O arranjo e os custos do armazenamento de água, do sis-
tema de drenagem, dos sistemas de transporte e de distribuição variam, ao passo que as
parcelas de terras são adicionadas ou combinadas em diversas configurações. Os custos
de OM&R também mudam. O processo de seleção da área irrigável envolve extensos
estudos de leiaute do projeto e de estimativas de custos e análises econômicas, para se
fazerem as comparações dos custos e benefícios da adição.

4 Referência bibliográfica, relacionada ao final deste MANUAL.

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Classificação de Terras para Irrigação

COMPILAÇÃO DE
DADOS
E PREPARAÇÃO DO
RELATÓRIO

10.1 Compilação de Dados

Após as fichas de campo serem preenchidas, checadas pelo pedólogo e revisadas


por pessoal competente, estarão prontas para a compilação final. Este processo consti-
tui-se de:

„ Rever os limites das manchas de terras, para assegurar que não há mais de um
símbolo para cada delimitação;
„ Desenhar os mapas de forma definitiva, delimitar as classes de terras resultantes
em material recopiativo;
„ Medir a área para a classificação detalhada;
„ Relacionar no mapa, em hectare, as áreas de cada delimitação, de forma sumária e
adequada;
„ Apresentar tabelas com classes e subclasses de terra e subfatores;
„ Preparar mapa de classes de terras aráveis e irrigáveis;
„ Preparar quaisquer outros mapas ou resumos necessários.

10.2 Preparação do Relatório

Após a finalização da classificação e da compilação de resultados, é indispensável


que se prepare um relatório de classificação de terras, a fim de que os resultados sejam
apresentados de forma padronizada e sistemática. O pedólogo encarregado da classifi-
cação é responsável pela preparação do relatório; entretanto, a maior parte da redação
deve ser feita pelo pedólogo de campo. O esboço geral do relatório é apresentado no
Anexo 1 deste MANUAL. No programa do “Bureau of Reclamation” para os Estados
Unidos, este relatório de classificação de terras serve como relatório adicional (apêndi-
ce) e constitui-se no suporte técnico para quaisquer considerações acerca de classes de
terra. Uma versão resumida é preparada para ser incluída em relatórios de planejamento
de projeto, para autorização de estudos subseqüentes. Esta versão resumida deve estar
em consonância técnica com o relatório adicional.

Os formatos do relatório podem variar para os estudos de classificação de terras


realizados para programas internacionais. Entretanto, o esboço do relatório, no Anexo 1,
deve ser seguido o mais fielmente possível, para assegurar uma abordagem adequada
dos tópicos pertinentes.

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Classificação de Terras para Irrigação

NECESSIDADES DE
CLASSIFICAÇÃO DE
TERRAS NOS
PROJETOS EM
OPERAÇÃO
11.1 Introdução

Uma vez que a área irrigável esteja determinada, o arranjo final estabelecido e a
construção iniciada, pode-se concluir que a fase de planejamento do processo de classi-
ficação de terras está essencialmente finalizado. Contudo, as responsabilidades da equi-
pe de classificação de terras não terminam aí, visto que as condições de operação de
projeto são dinâmicas e que a avaliação das mudanças são, normalmente, necessárias.

As reclassificações de terras são feitas mediante procedimentos similares aos es-


tudos originais, descritos neste MANUAL. As especificações podem mudar, quando os
padrões culturais e os métodos de irrigação forem alterados. As reclassificações são
feitas, em geral, em um nível de detalhe relativamente alto, com uma precisão maior do
que os estudos de planejamento normais, pois as condições específicas sob o projeto
em operação são mais bem conhecidas, e os dados originais da classificação estão dis-
poníveis.

11.2 Alterações na Produtividade

Freqüentemente ocorrem alterações na produtividade das terras durante a opera-


ção do projeto, as quais não foram avaliadas, de modo adequado, durante as fases de
planejamento. Em geral, tais alterações incluem decréscimos de produtividade, devido à
salinidade ou sodicidade causadas por drenagem subsuperficial inadequada; ou mudan-
ças na qualidade da água de irrigação; ou aumentos de produtividade provenientes do
desenvolvimento e recuperação das terras; ou técnicas de manejo melhoradas. Altera-
ções na produtividade ocorrem, de modo geral, especificamente em áreas agrícolas re-
centes e/ou não desenvolvidas, porque uma determinação precisa do desempenho
operacional de um projeto é impossível.

Quando a produtividade das terras se altera, as terras afetadas por esta mudança
devem ser reclassificadas, para se avaliar sua capacidade de pagamento ou a renda líqui-
da do lote, sob as condições presentes.

A correlação de deficiências imprevistas pode ser um custo do lote ou um custo de


projeto, o que, de qualquer modo, afetará a irrigabilidade das terras.

O desenvolvimento do lote previsto na classificação original pode melhorar a pro-


dutividade ao longo do tempo; sendo assim, este melhoramento não irá necessitar de
reclassificação.

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Classificação de Terras para Irrigação

11.3 Alterações no Plano Cultural ou Método de Irrigação

O plano cultural ou método de irrigação altera-se, usualmente, durante a vida útil


do projeto. A experiência obtida pelos agricultores, bem como as mudanças nas condi-
ções econômicas e de mercado, podem conduzir a práticas mais modernas e eficientes
de irrigação e à introdução de culturas que não foram previstas durante o estudo original
de classificação de terras. Onde isto ocorrer, poderá haver aumento das produtividades e
rendimentos, acréscimo ou decréscimo dos custos de desenvolvimento, mudanças nos
requerimentos de quantidade e/ou qualidade, tanto da mão-de-obra quanto da água.
Nestes casos, é necessária uma reorganização da classificação das terras que possibilite
avaliar, precisamente, o valor presente ou recentemente previsto, das classes de terra da
área. Onde tais mudanças podem ser esperadas, uma classificação de terras, simples ou
duplicada, pode ser feita durante a fase de planejamento, baseada em condições dinâmi-
cas.

11.4 Avanços Tecnológicos

Nos últimos anos, a tecnologia relativa ao manejo de plantas e aos sistemas de


irrigação tem avançado de forma rápida, e provavelmente isto continuará ocorrendo no
futuro. Além disto, persiste a transferência de tecnologia existente, para os países em
desenvolvimento, e tal fato pode acelerar-se. Estes avanços são difíceis de serem previs-
tos, e podem não ser considerados durante a fase de planejamento dos estudos de clas-
sificação de terras.

Os impactos desses avanços tecnológicos podem ser similares àqueles abordados


nas seções anteriores deste capítulo. Conseqüentemente, os propósitos e necessidades
para uma reclassificação são similares. Contudo, a influência desses avanços é normal-
mente positiva, em termos de renda líquida do lote ou capacidade de pagamento, en-
quanto as mudanças na produtividade, no sistema de cultivo e no método de irrigação
podem ser positivas ou negativas. Portanto, uma reclassificação devida a avanços
tecnológicos iria, usualmente, aumentar a capacidade de repagamento do projeto ou
reavaliaria os seus benefícios, ao invés de servir como compensação legal para os em-
presários ou agricultores das parcelas do projeto, como seria o caso de reclassificações
motivadas por alterações que provocaram um decréscimo de produtividade.

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Classificação de Terras para Irrigação

BIBLIOGRAFIA

[1] U.S. Department of Agriculture, Soil Conservation Service, Agriculture Handbook nº 436,
dezembro de 1975.

[2] Maas, E.V., and G.J. Hoffman, “Crop Salt Tolerance - Current Assessment”, Journal of the
Irrigation and Drainage Division, pp.115-117, junho de 1977.

[3] “Policies, Standards and Procedures in the Formulation, Evaluation, and Review of Plans for
Use and Development of Water and Related Land Resources”, U.S. Senate Document 97, 29
de maio de 1962.

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Classificação de Terras para Irrigação

ANEXOS

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Classificação de Terras para Irrigação

ANEXO

ESBOÇO GERAL DO RELATÓRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS


LEVANTAMENTOS SEMIDETALHADOS E DETALHADOS

I. Introdução

A. Propósito, natureza, extensão e data das investigações dos recursos da terra.

B. Sumário dos dados e conclusões.

C. Recomendações.

D. Ficha de Resumo dos Dados (Figura A-1.1).

E. Nomes dos pedólogos participantes do levantamento.

II. Descrição Geral

A. Localização e Extensão da Área de Levantamento

1. Incluir região, bacia hidrográfica principal, estados, municípios e cidades.

2. Qualquer divisão da área do projeto em unidades.

3. Fisiografia da área.

B. Geologia e Geomorfologia da Área

1. Breve histórico geológico da área, apresentando, se possível, perfis de for-


mações geológicas importantes e suas distribuições na área.

2. Descrição da geologia superficial em relação às formas de terreno que ocor-


rem na área.
a. Formas de terrenos proeminentes que ocorrem na área e a natureza
do substrato imediatamente abaixo dos solos.

3. Origem do solo
a. Sedimentação: “Loess”, “Eólica”, “Lacustre”, “Residual”, etc.

C. Clima Relacionado à Agricultura Irrigada

1. Fonte de dados climatológicos (incluindo localização da estação, série de


dados registrados, anos usados no cálculo dos valores médios e relação
entre o clima na estação meteorológica e na área de estudo).

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura A.1.1 Ficha de Resumo dos Dados de Classificação das Terras

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Classificação de Terras para Irrigação

2. Características da Temperatura

a. Número médio de dias com temperatura acima de 0o C.


b. Danos causados por geada, influenciados pela drenagem do ar.
c. Número médio de dias com temperatura média anual igual ou superi-
or a 0o C.
d. Temperatura média anual.
e. Temperaturas médias mínimas e máximas históricas e normais.

3. Características da Precipitação

a. Precipitação média anual e flutuações registradas.


b. Precipitação média na época de cultivo.

4. Outras Características Climáticas

a. Velocidade do vento.
b. Umidade.
c. Freqüência de ocorrência de granizo.

4.1. Efeito do clima nos solos e na vegetação nativa.

5. Efeitos do clima nas práticas de irrigação, cultivos e outras práticas de manejo.

D. Desenvolvimento da Agricultura

1. Histórico.

2. Uso Atual da Terra.

3. Vegetação Nativa.

4. Agricultura de Sequeiro
a. Culturas.
b. Produtividade.

5. Desenvolvimento de Irrigação
a. Culturas.
b. Produtividade.
c. Práticas culturais.
d. Suprimento de água.
e. Adequabilidade da água.
f. Drenagem.
g. Problemas.
h. Extensão.

III. Principais Manchas de Terras Naturais (repetir os itens para cada mancha
principal)

A. Solos

1. Identificar a ordem, subordem, grande grupo, subgrupo, família e séries,


como descrito no “Agriculture Handbook nº 436, Soil Taxonomy” (Livro de
Agricultura no. 436, Taxonomia de Solos).

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Classificação de Terras para Irrigação

2. Material.

3. Gênese de Origem.

4. Fisiografia Associada.

5. Descrição de Perfis Típicos


a. Cor.
b. Textura.
c. Pedregosidade.
d. Cascalho.
e. Profundidade.
f. Estrutura.
g. Consistência.
h. Mosqueamento.
i. Densidade.
j. Duripans e fragipans.

6. Relações Solo-Umidade
a. Entrada de água.
b. Permeabilidade.
c. Retenção de água.

7. Características Químicas
a. Reação do solo (pH).
b. Salinidade.
c. Sodicidade.
d. Acidez.
e. Capacidade de troca catiôntica.
f. Mineralogia.
g. Constituintes tóxicos.
h. Fertilidade.

8. Localização e extensão

9. Variabilidade

10. Aptidão para irrigação.

11. Perfis representativos ou locais principais registrados em fichas do “Bureau


of Reclamation” no formato 7-2006A (3-82), ilustrado na Figura 6.3 deste
MANUAL.

B. Topografia

1. Descrição Geral dos Principais Aspectos Topográficos


a. Posição e extensão (relevo local em relação ao regional).
b. Declividade.
c. Superfície - macro e microrrelevo.
d. Elevações.
e. Tamanho e formas das parcelas.
f. Cobertura, i.e., árvores ou arbustos e necessidade de remoção de pe-
dras.

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Classificação de Terras para Irrigação

2. Aptidão da Topografia para Métodos de Irrigação por Gravidade, Aspersão e


Gotejamento
a. Declividade.
b. Configuração do campo.
c. Sistematização.
d. Cobertura.
e. Drenagem do ar.

3. Problemas específicos associados à topografia em relação ao(s) método(s)


de irrigação proposto(s).

C. Drenagem

1. Discussão Geral das Condições de Drenagem


a. Descrição da condição do lençol freático, do gradiente do lençol freático
e de condições do substrato, tidos como causadores dos problemas
de drenagem presentes ou mesmo futuros.
b. Localização de áreas onde a drenagem superficial e subsuperficial são
necessárias com maior urgência.
c. Natureza geral dos problemas de inundação, caso ocorra.
d. Necessidades de construção com desenvolvimento.
e. Discussão de responsabilidades para a construção da drenagem (pro-
jeto versus parcela).

2. Aptidão geral da área para irrigação relacionada à drenagem superficial e


subsuperficial.

3. Efeito dos métodos de irrigação nos problemas de drenagem previstos.

D. Salinidade e Sodicidade

1. Discussão Geral da Salinidade Presente.

2. Áreas Específicas Afetadas.


a. Extensão.
b. Tipo, distribuição e quantidade de sais.
c. Fonte de acúmulos de sais.
d. Possibilidade de melhoramento.

3. Aptidão geral da área para irrigação relativa a salinidade ou sodicidade.

4. Impacto do desenvolvimento da irrigação ou de outros usos das terras, e


necessidade de investigações especiais.

5. Descrição geral dos efeitos da salinidade das terras na qualidade da água de


retorno.

IV. Água

A. Fontes: Derivação, Reservatórios ou Água do Solo.

B. Características

1. Qualidade da água prevista - incluir totais de sólidos solúveis (mg/litro), pH,


condutividade elétrica, cátions (meq/l), ânions (meq/l), SAR e boro (meq/l).

2. Variações previstas na composição química.

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Classificação de Terras para Irrigação

C. Necessidades de Lixiviação

1. Necessidades de lixiviação prevista para culturas específicas.

2. Salinidade prevista em condições de equilíbrio.

3. Equação de lixiviação prevista para atender a necessidade de lixiviação.

4. Considerações sobre o manejo de água.

D. Aptidão para Irrigação

1. Resumo da adequabilidade da água para irrigação em relação a terras, culti-


vos e manejo.

2. Percentagem de saturação com sódio trocável prevista e níveis de salinidade


em condições de equilíbrio (citar as bases para estas previsões).

E. Qualidade da Água de Retorno

1. Características incluindo os aspectos físicos, químicos e biológicos ao longo


do tempo.

2. Impactos.

V. Classificação de Terras

A. Descrição Geral do Levantamento para Classificação de Terras

1. Objetivo.
2. Fatores Considerados.
3. Segregações Envolvidas.
4. Tipo de Levantamentos.
5. Levantamentos de Solos e Classificação de Terras Anteriores, Incluindo Da-
tas e Avaliação.
6. Cooperação com Outros Órgãos.

B. Especificações para Classificação das Terras

1. Método de Irrigação Previsto e Fatores que Influenciam a sua Seleção.


2. Correlação com Fatores Econômicos, de Drenagem e de Qualidade da Água.
3. Classes de Terra com Uso Especial.
4. Tabela de Especificações.

C. Métodos

1. Pessoal e Equipamentos.

2. Mapas-base.

3. Procedimentos de Campo para Estabelecimento e Identificação das


Delineações
a. Detalhe de recobrimento.
(1) Seções transversais da área.
(2) Tipo e intensidade de sondagens.

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Classificação de Terras para Irrigação

4. Fatores de Drenagem.

5. Fatores Econômicos.

6. Apoio de Laboratório
a. Procedimentos para determinar as análises a serem conduzidas.
b. Análises de perfis representativos.
c. Fonte dos procedimentos de laboratório (pode ser incluída no anexo).

7. Investigações Especiais
a. Desenvolvimento da terra.
b. Estudos de solo, tais como capacidade de água disponível, lixiviação,
infiltração, condutividade hidraúlica e outros.
c. Qualidade da água de retorno.
d. Seleção dos perfis representativos.

D. Resultados dos Estudos de Classificação de Terras

1. Descrições Detalhadas de Classes e Subclasses de Terra.

a. Terras aráveis - Classe 1, Classes 2 e 3, com subclasses


(1) Localização e extensão.
(2) Designações do levantamento pedológico.
(3) Formação do solo.
(4) Perfil típico com os seguintes parâmetros:
(a) Profundidade (solo, subsolo, material parental, lençol
freático).
(b) Cor.
(c) Textura.
(d) Estrutura.
(e) Permeabilidade.
(f) Capacidade de água disponível.
(g) Conteúdo da matéria orgânica.
(h) Grau de intemperismo do calcário.
(i) Fertilidade.
(j) Drenagem.
(k) Salinidade e alcalinidade.
(l) Pedregosidade.
(m) Variações principais.
(n) Sumário dos dados físicos e químicos de laboratório em
ficha adequada.
(o) Fichas de descrição de perfil padronizada.
(5) Topografia generalizada.
(6) Drenagem do lote.
(7) Cobertura vegetal.
(8) Práticas de irrigação.
(9) Aptidão para irrigação e capacidade de pagamento.
(10) Uso da terra e produtividade sob irrigação.

b. Classe 2s (Mesmas discriminações da Classe 1).


c. Classe 2st (idem).
d. Classe 3s (idem).
e. Classe 3st (idem).
f. Classes 4P, 4F, 5, quando necessárias.
g. Disposição das terras de Classe 5.
h. Classe 6w, quando houver aplicação.

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Classificação de Terras para Irrigação

i. Classe 6
(1) Localização e extensão.
(2) Designação do levantamento pedológico.
(3) Vegetação nativa.
(4) Aptidão para irrigação.

A Figura A-1.2 mostra quão descritivos devem ser apresentados os dados acerca
do uso atual das terras e do manejo, nas classes de terra e suas subclasses, e no relatório
de classificação de terras. Este exemplo deve conter várias páginas.

2. Resultados da Arabilidade
a. Exemplo de uma ficha típica de classificação de terras.
b. Mapa generalizado de terras aráveis.
c. Tabulação das classes e subclasses de terras aráveis e suas deficiências.

VI. Determinação da Área Irrigável

A. Bases para a Área Irrigável

B. Fatores que Afetam a Seleção de Áreas Gerais de Terras ou Subáreas


do Projeto

1. Viabilidade do serviço de água.


2. Adequabilidade do suprimento de água para servir terra arável.
3. Viabilidade do serviço de drenagem.
4. Efeitos da qualidade da água de retorno.
5. Limites do Distrito (perímetro).

C. Fatores que Afetam a Aptidão para Irrigação do Lote

1. Cota e localização.
2. Barreiras naturais ou topográficas.
3. Faixa de domínio.
4. Limites das propriedades.
5. Outros.

D. Tabulação da Área de Terras Irrigáveis

1. Unidade ou subdivisão do projeto.


2. Classes de terra.
3. Terras irrigadas e não irrigadas.
4. Método de irrigação a ser utilizado.

E. Mapa de Área Irrigável (caso seja significativamente diferente da


Área arável).

F. Área Produtiva e Derivação.

VII. Problemas Especiais

Discutir, resumidamente, problemas relacionados à classificação de terras, os quais


poderão afetar a aptidão final da área para o desenvolvimento da irrigação. Devem ser
dadas sugestões para as soluções destes problemas, juntamente com a determinação
do efeito destes problemas nas classes de terra e na área arável total. Os itens típicos,
incluídos nesta parte, são manchas lustrosas (álcali negro); baixa capacidade de troca
catiôntica; taxas de infiltração altas ou baixas; baixa capacidade de água disponível; ne-

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Classificação de Terras para Irrigação

Classe Características de solo, Área total Percentagem Adaptabilidade Fatores


Subclasses
Terras topografia e drenagem (ha) Arável das das culturas de manejo
SOLOS ALUVIAIS. Em terraços Possível o cultivo de todas as Adubação química e orgânica apenas para
paralelos ao rio; textura média; culturas climaticamente adaptadas hortaliças e frutas. Culturas anuais (feijão e
fertilidade natural alta a muito Recomendada para modelo A algodão) e pastagens devem aproveitar a
alta; infiltração leve plano; (algodão, feijão, hortaliças, adubação residual. Necessidade de
2td
meso relevo moderadamente maracujá e capim camerun), feijão, nivelamento para a maior parte dos
2 uf 305,50 4,17
ondulado; sujeito a enchentes hortaliças, maracujá e possibilidade sistemas de irrigação. Construção de dique
B12BY
excepcionais. de irrigação por gravidade, na dependência; freqüências de enchentes.
aspersão e irrigação localizada, Não se prevê necessidade de drenagem
bombeamento direto do rio subterrânea para os primeiros anos de
irrigação.
Plano, muito profundo, textura
arenosa/média, bem a
moderadamente drenado,
3s camadas de concreções a Aspersão é o sistema de Irrigação mais
Tomate,melancia,melão,feijão,milho,
3 y profundidades superiores a 1.586,62 33,48 indicado, são necessárias aplicações de
algodão, uva e manga.
B31BY 150 cm, capacidade de água adubos e corretivas.
disponível entre 1,5 e 4,1 0 –
30 cm, T entre 3,0 e 8,0
meq/100g de solo
SOLOS ALUVIAIS em faixas Possível o cultivo de todas as Adubação química e orgânica apenas para
estritas ao longo de riachos; culturas climaticamente adaptadas. hortaliças e frutas. Culturas anuais (feijão e
textura areia / argila / areia, Recomendada para modelo A, algodão) e pastagens devem aproveitar a
fertilidade natural média e alta possibilidade de irrigação para adubação residual. Necessidade de
3s infiltração 10mm/h; topografia gravidade, aspersão é focalizada. nivelamento apenas para irrigação por
3 pjf plana; sujeita a enchentes 65,50 0,83 Obtenção de água a partir do gravidade. Necessidade de retificação de
B31AY excepcionais. sistema geral (canais e redes) algumas partes do leito do riacho.
Necessidade de macro drenagem,
possivelmente alguns setores necessitam
de drenos complementares ou
subterrâneos.
VERTISSOLOS, textura argilosa Possível o cultivo com culturas que Adubação química especialmente
e muito argilosa, presença de preferem solos argilosos. nitrogenada. Adubação orgânica em doses
sais solúveis e alcalinidade em Recomendado para modelo C maciças para cultura do modelo A e
níveis toleráveis na parte Irrigação por gravidade irrigação por aspersão. Tempo de
inferior do perfil do salo especialmente a inundação, permanência dos aspersores por posição
R2 sd
Mesorelevo moderadamente admitindo-se aspersão quando a apenas o suficiente para repor a água dos
R2 pf 276,00 3,37%
ondulado. Sujeito a inundações área inserida no lote for < 20% da horizontes superficiais. Preparo do solo
L12AZ
por enchentes. área total do lote. Obtenção de (aração, dragagem e capinas mecânicas)
água a partir do sistema geral ou em condições de unidade do ponto ótimo.
bombeamento do rio. Nivelamento (sistematização) moderado.
Necessidade de macrodrenagem e
drenagem parcelar (superficial).

Figura A.1.2 Relação das Classes e Subclasses de Terras para a Adaptabilidade e


Manejo das Culturas Irrigadas

cessidades de insumos; necessidades altas de nivelamento; desmatamento; custos altos


de remoção de pedras; afloramento de rochas matrizes; posições isoladas numerosas;
falta de escoamento para a drenagem; ou condições de drenagem superficial pobres. Se
todos os fatores forem favoráveis, este capítulo poderá ser omitido. Sugere-se que esta
discussão seja estabelecida como mostrado a seguir.

(Anular os itens não pertinentes)

A. Problemas de Solo

1. Fertilidade.
2. Salinidade.
3. Sodicidade.
4. Acidez.
5. Toxicidade (por exemplo, boro e selênio).
6. Duripans e fragipans.
7. Retenção de água.

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Classificação de Terras para Irrigação

B. Topografia.

C. Drenagem.

D. Qualidade da Água.

E. Desenvolvimento da Terra.

VIII. Conclusões e Recomendações

A. Sumário da Aptidão da Área sob Condições de Irrigação com


Ênfase Específica a:

1. Solos.
2. Topografia.
3. Drenagem.
4. Outros aspectos.

B. Sumário dos Principais Problemas

C. Recomendações, tais como métodos de irrigação, nível de desenvolvi-


mento da terra, uso da terra, derivação da água, práticas de fertilização,
desenvolvimento da parcela, investigações adicionais, ou outras consi-
derações pertinentes, relativas a um projeto de irrigação com sucesso.

IX. Material Anexado e Dados de Apoio

A. Descrições de Locais dos Perfis Representativos e Método de Localiza-


ção

A Figura A-1.3 mostra os dados necessários para caracterização física e química de


um perfil de solo.

B. Descrições de Procedimentos Analíticos (podem ser preenchidos com os


Dados de Apoio)

1. Tamanho da partícula.
2. Classe textural (laboratório).
3. Condutividade hidráulica.
4. Estabilidade de estrutura.
5. Retenção da umidade.
6. Reação do solo.
7. Carbono orgânico.
8. Fósforo disponível.
9. Extrato de saturação com os constituintes.
10. Acidez trocável.
11. Acidez total.
12. Bases permutáveis.
13. Capacidade de troca catiôntica.
14. Gesso.
15. Necessidade de gesso.
16. Carbonatos insolúveis.
17. Outros.

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Classificação de Terras para Irrigação

C. Dados de Apoio (uma descrição dos dados usados é necessária em todos


os casos, mas os dados atuais necessitam ser preenchidos somente no
projeto, área ou escritório do Distrito)

1. Exemplos
a. Tabulações das áreas em hectare.
b. Relatório detalhado das análises físicas e químicas.
c. Descrição detalhada dos procedimentos e estudos especiais.
d. Diagrama das sondagens profundas.
e. Mapas de classificação de terras.
f. Nomenclatura vulgar e científica das culturas.
g. Glossário de termos.
h. Símbolos e abreviações.
i. Fatores e fórmulas de conversão.
j. Bibliografia.

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura A.1.3 Esquema gráfico de descrição de um perfil de solo

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Classificação de Terras para Irrigação

ANEXO

COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO

1. Introdução

Os estudos de laboratório devem ser precedidos e acompanhados por estudos de


campo. A interpretação de praticamente todos os dados de laboratório requerem uma
consideração plena dos dados obtidos no estudo de campo. Portanto, é necessário co-
nhecer morfologia dos solos, classificação de solos e classificação de terras, para coletar
amostras de solos adequadas para estudos de laboratório. A amostragem do solo e a
coleta de amostras, para análise, devem ser feitas de acordo com o propósito específico
da amostragem e dos tipos de análises envolvidas. As considerações essenciais incluem
escolha do local, obtenção de amostras representativas necessárias e manuseio das
amostras para análise. A confiabilidade dos dados analíticos de solos deve-se, principal-
mente, à precisão da amostragem. A diversidade do material do solo e dos tipos de
análises, impossibilita a obtenção de um método de amostragem completamente
satisfatório. Portanto, a amostragem a ser realizada depende do tipo de análise contem-
plado.

Um número suficiente de amostras deve ser coletado em qualquer trecho em que


se desejam realizar análises especiais, para assegurar resultados representativos. Usual-
mente, é necessária uma amostra para cada horizonte significativo no perfil. O número
de amostras a serem coletadas no campo, é estabelecido pela consideração física ou
química que requer a maior intensidade de amostragem.

Em geral, a precisão dos procedimentos de laboratório ultrapassa em muito aque-


la da amostragem; deve ser feito todo o esforço possível para que se obtenham amos-
tras representativas e para que se melhorem as técnicas de amostragem. Uma descrição
completa do local amostrado e do perfil será sempre necessária.

2. Escolha do Local de Amostragem

A escolha de locais de amostragem, representativos de um conjunto específico de


condições, é consideração importante na coleta de amostras de solos. A localização da
trincheira ou sondagem, para teste, depende da extensão e da natureza do trecho onde
se desejam identificar as características do solo. A locação arbitrária de sondagens, pró-
xima a marcos geográficos, é raramente adequada para uma amostragem representati-
va, exceto no estabelecimento de características para áreas grandes, com solos e classes
de terras uniformes. Locais muito próximos a limites de campo, diques, estradas e áreas
similares, onde possa haver dúvida quanto ao caráter representativo do solo, devem ser
evitados. Em áreas heterogêneas, em que as condições dos solos variam enormemente,
a pequenas distâncias, é necessária uma seleção muito cuidadosa de um local adequado
para amostragem.

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Classificação de Terras para Irrigação

Solos de baixadas, situados na margem de rios ou riachos, e em áreas heterogêne-


as similares, devem ser examinados a intervalos curtos e bem escolhidos, e devem ser
coletadas amostras com uma freqüência relativa à ocorrência de mudanças significati-
vas nas características do perfil. Áreas com salinidade freqüentemente apresentam um
aspecto de manchas descontínuas; desse modo, é aconselhável se fazer uma amostragem
dupla, coletando amostras dos trechos afetados e não afetados adjacentes. Estas amos-
tras irão representar as variações nas condições encontradas e fornecer dados relativos
à intensidade do respectivo problema. Não se devem coletar amostras em quintais, jar-
dins, passagens, próximo à faixa de domínio das estradas, ou em áreas similares, nas
quais é possível haver alteração ou contaminação do perfil do solo.

As amostras não devem ser coletadas a profundidades arbitrárias, sem uma consi-
deração das diferenças na morfologia dos solos ou na estratificação. Toda amostra de
solo, ou conjunto de amostras de solo, deve ser representativa, de modo que a informa-
ção proveniente deste estudo possa ser aplicada além da área amostrada.

Uma vez definido o local da amostragem, deve-se identificá-lo por um número na


fotografia aérea apropriada. Este número deve ser usado tanto para o local da amostra
quanto para o perfil do solo.

3. Procedimento para Amostra Deformada

Muitos testes de laboratório são feitos com amostras fragmentadas. Uma varieda-
de de equipamentos para coleta de amostras pode ser usada; contudo, ferramentas mais
comuns, como trado, pá quadrada ou reta e escavadeira, são geralmente utilizadas.

A quantidade mínima necessária de solo coletada varia com o tipo de análise a ser
realizada. Na maioria das vezes, uma amostra de um litro é suficiente para análises de
rotina de campo e laboratório. No local escolhido para a amostragem, devem-se remo-
ver toda a vegetação e o material vegetativo em decomposição. O perfil em trincheira ou
a sondagem é aberto até a profundidade desejada - geralmente 3m para amostragem de
rotina e mais profunda para amostragem do substrato, exceto se houver impedimentos
devidos a areia grossa, cascalho, calhau, rocha-matriz ou outros materiais similares. A
ocorrência de água do solo dentro do limite de 3m de profundidade não justifica a inter-
rupção da amostragem, e este perfil deve ser examinado por inteiro, quando possível.

A coleta de amostras para análise é feita na camada arável e no substrato do solo,


pela amostragem de cada horizonte significativo, evitando-se contaminação pelas cama-
das superficiais e superiores. Apesar de as amostragens em trincheiras serem preferí-
veis, podem-se obter amostras satisfatórias por meio de tradagens. Prefere-se o trado
caneco ao trado de rosca, devido ao menor risco de contaminação. Um número mínimo
de cinco amostras para uma profundidade uniforme de 3m é aconselhado; porém, de-
vem ser coletadas mais amostras, quando necessárias. Uma crosta superficial de sais
solúveis ou a camada superior de alguns centímetros, na qual ocorra acúmulo de sais,
devem ser amostradas para análise e consideração especial. Para evitar a contaminação
das amostras com esterco, sais superficiais ou quaisquer outros materiais, deve-se colo-
car cada amostra num pedaço de pano ou em outro material deixado ao lado do perfil.
As amostras coletadas são então postas em sacos apropriados, colocando-se uma eti-
queta preenchida em duas vias, com dados de identificação (número do perfil, solo,
horizonte, profundidade da camada amostrada, etc.), uma para acompanhar a amostra e
outra para servir de referência após o retorno dos dados de laboratório.

4. Procedimento para Amostra Indeformada

Para a determinação de propriedades físicas, como densidade aparente e


porosidade, podem ser obtidas amostras de solos ou blocos de solos, mantendo a sua

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Classificação de Terras para Irrigação

estrutura natural como no perfil, utilizando-se equipamentos de amostragem improvisa-


dos ou existentes no mercado. A escolha do procedimento de amostragem deve levar
em consideração: sua utilidade e durabilidade relativa a diferentes tipos de solos; a quan-
tidade e natureza das modificações estruturais geradas; e a adequação das amostras
indeformadas aos equipamentos e processos de laboratório.

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Classificação de Terras para Irrigação

ANEXO

CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DE TERRAS

A classificação econômica de terras é um sistema de classificação que foi desen-


volvido para a implementação e a operação de projetos de irrigação. Este método con-
siste em agrupar terras com características físicas distintas, em classes semelhantes de
capacidade de reembolso dos custos dos projetos ou classes econômicas. Ao contrário,
outros métodos de classificação de solos e terras concentram-se em agrupar terras ou
solos, com caraterísticas físicas similares, na mesma classe física. Esses dois tipos de
classificação são válidos, dependendo da utilização pretendida. A classificação econômi-
ca adapta-se melhor ao desenvolvimento de projetos de irrigação, porque relaciona o
potencial de produção das terras, não apenas às características físicas dos solos, como,
também, aos custos de melhoramento das terras e à capacidade de pagamento da água
de irrigação.

1 Objetivo da Classificação de Terras

O objetivo da classificação de terras, na fase de planejamento de projetos de irriga-


ção, é verificar se as terras selecionadas para os projetos são aptas à irrigação continuativa,
e testar sua capacidade de pagar os custos parcelares de operação, inclusive a água do
projeto, ainda fornecendo retornos razoáveis aos fatores de produção da família agríco-
la, tais como o gerenciamento, a mão-de-obra e o capital. As informações trabalhadas
durante os estudos de classificação de terras, também são utilizadas no dimensionamento
de canais, estações de bombeamento e outras estruturas de irrigação, assim como no
assentamento de irrigantes nos projetos e na operação das parcelas.

2 Especificações para Classificação de Terras

As especificações para classificação de terras são elaboradas para cada área a ser
classificada, com o intuito de auxiliar o classificador (pedólogo) a catalogar e estimar os
efeitos dos muitos fatores que afetam a classe de terra. Essas especificações devem
refletir as características da terra, peculiares à área em estudo.

As especificações são de natureza evolutiva, sendo sua finalização um processo


iterativo que acontece à medida que são acumulados experiência de campo e dados
adicionais, no decorrer do período de estudos. A elaboração das especificações requer a
cooperação de pedólogos, economistas e engenheiros especializados em drenagem,
funcionando como uma equipe de avaliação de terra. Esse processo é apresentado mais
detalhadamente no Item 3.2 deste MANUAL.

Uma lista detalhada das características de terras, que devem ser consideradas nas
especificações para classificação de terras, encontra-se indicada a seguir. Para cada ca-
racterística, há uma possibilidade de deficiência.

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Classificação de Terras para Irrigação

Solo

„ Profundidade
„ Textura
„ Estrutura
„ Pedregosidade
„ Capacidade de retenção de água
„ Taxa de infiltração
„ Fertilidade
„ Alcalinidade
„ Salinidade
„ Acidez
„ Elementos Tóxicos

Topografia

„ Declive
„ Ondulação da superfície (ou necessidade de nivelamento)
„ Tamanho e forma da parcela ou lote
„ Cobertura vegetal da superfície
„ Remoção de pedras
„ Ventos

Drenagem

„ Encharcamento da superfície
„ Lençol freático elevado
„ Necessidades de drenagem

As deficiências listadas, podem ser classificadas como corrigíveis ou não corrigíveis.


Cada deficiência deve ser examinada para se determinar se é ou não corrigível. As defici-
ências não corrigíveis são as que não podem ser economicamente corrigidas. Alguns
exemplos são:

„ Profundidade;
„ Textura do solo;
„ Declive.

As deficiências corrigíveis, que podem ser economicamente corrigidas, são princi-


palmente associadas aos custos de abertura e separação. Exemplos dessas deficiências:

„ Ondulação da superfície;
„ Desmatamento;
„ Fertilidade;
„ Salinidade.

Deve-se fazer uma análise econômica de cada projeto para se determinar o mon-
tante a ser investido, pelo agricultor, nos custos de desenvolvimento de terras. Essa
análise fornece dados para a parte econômica das especificações referentes à classifica-
ção econômica de terras.

3 Custos de Desenvolvimento de Terras

Os custos de desenvolvimento representam a quantia que pode ser economica-


mente despendida, por hectare, para correção das deficiências corrigíveis. Os itens con-
siderados nesses custos variam de projeto para projeto. Alguns deles são:

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Classificação de Terras para Irrigação

1. Sistematização decorrente de ondulações na superfície;


2. Desmatamento, inclusive remoção de pedras;
3. Estruturas parcelares de irrigação.

Em alguns casos, os custos de itens - como a aplicação de calcário em solos ácidos


e a aplicação inicial de fertilizantes em terras não férteis - também são incluídos nos
custos de desenvolvimento. Note-se que todos esses itens são custos parcelares, pelos
quais o próprio explorador da parcela deve ser responsável.

Os efeitos do custo de desenvolvimento de terras sobre a análise de renda parcelar


líquida, são estimados com orçamentos parcelares e os resultados são usados para de-
senvolver parâmetros para especificações de classificação de terras.

4 Procedimentos Orçamentários para Estabelecimento de Parâmetros


Econômicos Referentes às Deficiências Corrigíveis (Custos de
Desenvolvimento)

Um nível mínimo de análise econômica para apoiar as especificações requer as


seguintes etapas:

1. Estimativa do uso futuro da terra, tanto “com” como “sem” irrigação;


2. Estimativa dos índices de produtividade para as deficiências mais graves de terra;
3. Estimativa do aumento dos custos de produção causados pelas deficiências mais
graves de terra;
4. Definição da renda líquida parcelar mínima aceitável, para que a terra do projeto
possa ser classificada como arável;
5. Determinação da renda parcelar líquida da melhor e da pior terra do projeto;
6. Definição de limites entre as classes de terra.

Os itens listados devem ser usados na análise de orçamento parcelar, para deter-
minar os parâmetros econômicos referentes aos custos de desenvolvimento de terras, a
serem utilizados nas especificações para classificação de terras. É preferível orçar todas
as principais deficiências físicas, em estudos detalhados de classificação de terras. Se os
índices de produtividade agrícola tiverem sido estimados com precisão, podem-se obter
bons resultados, baseando-se os orçamentos nas deficiências de solos e aplicando-se os
resultados a outras deficiências físicas da mesma classe.

Parâmetros econômicos devem ser identificados em valores monetários disponí-


veis, por hectare para desenvolvimento de terras, ou, em outras palavras, a quantidade
de recursos financeiros disponíveis para corrigir deficiências corrigíveis. Estes parâmetros
devem ser estabelecidos em quatro níveis:

1. O ponto máximo das terras da Classe 1;


2. O limite entre as terras das Classes 1 e 2;
3. O limite entre as terras das Classes 2 e 3;
4. O ponto mínimo das terras da Classe 3.

A seguir, apresenta-se uma demonstração gráfica desses níveis:

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Classificação de Terras para Irrigação

O ponto máximo da Classe 1 representa as melhores terras do projeto. É de se


esperar que estas tenham apenas pequenas deficiências ou não possuam nenhuma, re-
querendo, assim, um custo mínimo para desenvolvimento.

O ponto mínimo da Classe 3 representa as piores terras que poderiam receber


irrigação no projeto. Esse ponto é identificado, através do processo de orçamento, como
a terra mais pobre que produziria, pelo menos, um rendimento parcelar suficiente para
fornecer um determinado retorno à família agrícola e pagar a mínima tarifa de água
cobrada do irrigante.

Devem ser feitos orçamentos parcelares pelo menos para esses dois pontos. Nos
estudos de reconhecimento e nos estágios iniciais dos estudos semidetalhados e deta-
lhados, estes serão freqüentemente os únicos pontos orçados. Os outros dois pontos (o
limite entre as Classes 1 e 2 e o limite entre as Classes 2 e 3) devem ser estabelecidos por
interpolação. Por exemplo, se o valor (montante de recursos disponíveis para corrigir
deficiências corrigíveis) do ponto máximo da Classe 1 for US$ 3.700,00 por hectare (vide
Tabelas A-3.1 a A-3.4) e o ponto mínimo da Classe 3 for zero (vide Tabela A.3-5), os outros
dois pontos podem ser calculados partindo-se da premissa de que o limite entre as Clas-
ses 1 e 2 equivale a 66,66% de US$ 3.700,00, e o limite entre as Classes 2 e 3, a 33,33%.
Este procedimento é graficamente ilustrado a seguir.

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Classificação de Terras para Irrigação

Tabela A3.1. Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 1:


Classe da Terra = Ponto Máximo da Classe 1 de 6,3 ha

VALOR (R$) VALOR (R$) DISPOSIÇÃO (R$)


CULTURA UNIDADE ha PROD ha PROD TOTAL
UNIDADE TOTAL LOTE (1) CASA (2) VENDA
ALGODÃO t 4,0 3,0 12,0 330,00 3.960,00 3.960,00
CENOURA t 2,3 35,0 80,0 180,00 14.400,00 14.400,00
FEIJÃO t 3,0 2,5 7,5 420,00 3.150,00 3.150,00
SUBTOTAL 21.510,00 21.510,00
ANIMAIS E PRODUTOS ANIMAIS
CARNE ARROBA
LEITE LITROS
OVOS DÚZIA
SUBTOTAL

DESPESAS INVESTIMENTO R$
ITEM R$ DESMATAMENTO E NIVELAMENTO 4.900,00
HORA/TRATOR 598,00 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 4.900,00
HOMEM-DIA 939,00 EQUIPAMENTO
SEMENTE ALGODÃO 98,00 CERCA
SEMENTE CENOURA 250,00 ENERGIA
SEMENTE FEIJÃO 76,00 MORADIA
NITROGENIO 300,00 GALPÃO 1.000,00
FÓSFORO 650,00 FERRAMENTAS 350,00
POTÁSSIO 100,00 TOTAL 11.150,00
DEFENSIVOS 600,00
RESUMO FINANCEIRO R$
MICRONUTRIENTES 170,00
RENDIMENTO 21.510,00
ESTERCO 500,00
AUTOCONSUMO
DEPRECIAÇÃO 705,00
RENDA BRUTA 21.510,00
JUROS DO INVESTIMENTO 780,00
DESPESAS 12.877,00
TARIFA DE ÁGUA 3.454,00
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO 17% 3.657,00 RENDA LÍQUIDA 8.633,00
TOTAL 12.877,00 MESADA FAMILIAR 5.740,00
SALDO PARA DESENVOLVIMENTO DA TERRA 2.893,00
per ha: 6,3 459,00
(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO
(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

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Classificação de Terras para Irrigação

Tabela A3.2. Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 2:


Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 1 e Ponto Máximo da
Classe 2 de 6,3 ha

VALOR (R$) VALOR (R$) DISPOSIÇÃO (R$)


CULTURA UNIDADE ha PROD ha PROD TOTAL
UNIDADE TOTAL LOTE (1) CASA (2) VENDA
ALGODÃO t 4,0 2,7 10,8 330,00 3.564,00 3.564,00
CENOURA t 2,3 33,0 75,9 180,00 13.662,00 13.662,00
FEIJÃO t 3,0 2,2 6,6 420,00 2.772,00 2.772,00
SUBTOTAL 19.998,00 19.998,00
ANIMAIS E PRODUTOS ANIMAIS
CARNE ARROBA
LEITE LITROS
OVOS DÚZIA
SUBTOTAL

DESPESAS INVESTIMENTO R$
ITEM R$ DESMATAMENTO E NIVELAMENTO 4.900,00
HORA/TRATOR 598,00 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 4.900,00
HOMEM-DIA 860,00 EQUIPAMENTO
SEMENTE ALGODÃO 98,00 CERCA
SEMENTE CENOURA 250,00 ENERGIA
SEMENTE FEIJÃO 76,00 MORADIA
NITROGENIO 250,00 GALPÃO 1.000,00
FÓSFORO 568,00 FERRAMENTAS 350,00
POTÁSSIO 83,00 TOTAL 11.150,00
DEFENSIVOS 600,00
MICRONUTRIENTES 130,00 RESUMO FINANCEIRO R$
ESTERCO 380,00 RENDIMENTO 19.998,00
DEPRECIAÇÃO 705,00 AUTOCONSUMO 0,00
JUROS DO INVESTIMENTO 780,00 RENDA BRUTA 19.998,00
TARIFA DE ÁGUA 3.454,00 DESPESAS 12.232,00
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO 17% 3.400,00 RENDA LÍQUIDA 7.766,00
TOTAL 12.232,00
MESADA FAMILIAR 5.740,00
SALDO PARA DESENVOLVIMENTO DA TERRA 2.026,00
per ha: 6,3 322,00
(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO
(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

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Classificação de Terras para Irrigação

Tabela A3.3 Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 3:


Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 2 e Ponto Máximo da
Classe 3 de 6,3 ha

VALOR (R$) VALOR (R$) DISPOSIÇÃO (R$)


CULTURA UNIDADE ha PROD ha PROD TOTAL
UNIDADE TOTAL LOTE (1) CASA (2) VENDA
ALGODÃO t 4,0 2,5 10,0 330,0 3.300,00 3.300,00
CENOURA t 2,3 30,0 69,0 180,0 12.420,00 12.420,00
FEIJÃO t 3,0 1,8 5,4 420,0 2.268,00 2.268,00
SUBTOTAL 17.988,00 17.988,00
ANIMAIS E PRODUTOS ANIMAIS
CARNE ARROBA
LEITE LITROS
OVOS DÚZIA
SUBTOTAL

DESPESAS INVESTIMENTO R$
ITEM R$ DESMATAMENTO E NIVELAMENTO 4.900,00
HORA/TRATOR 598,00 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 4.900,00
HOMEM-DIA 780,00 EQUIPAMENTO
SEMENTE ALGODÃO 98,00 CERCA
SEMENTE CENOURA 250,00 ENERGIA
SEMENTE FEIJÃO 76,00 MORADIA
NITROGENIO 200,00 GALPÃO 1.000,00
FÓSFORO 483,00 FERRAMENTAS 350,00
POTÁSSIO 66,00 TOTAL 11.150,00
DEFENSIVOS 600,00
MICRONUTRIENTES 90,00 RESUMO FINANCEIRO R$
ESTERCO 260,00 RENDIMENTO 17.988,00
DEPRECIAÇÃO 705,00 AUTOCONSUMO 0,00
JUROS DO INVESTIMENTO 780,00 RENDA BRUTA 17.988,00
TARIFA DE ÁGUA 3.454,00 DESPESAS
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO 17% 3.058,00 RENDA LÍQUIDA 11.498,00
TOTAL 11.498,00 MESADA FAMILIAR 6.490,00
SALDO PARA DESENVOLVIMENTO DA TERRA 750,00
per ha: 6,3 119,00
(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO
(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

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Classificação de Terras para Irrigação

Tabela A3.4 Exemplo - Resumo da Renda e das Despesas - Orçamento Nº 4:


Classe da Terra = Ponto Mínimo da Classe 3 de 6,3 ha

VALOR (R$) VALOR (R$) DISPOSIÇÃO (R$)


CULTURA UNIDADE ha PROD ha PROD TOTAL
UNIDADE TOTAL LOTE (1) CASA (2) VENDA
ALGODÃO t 4,0 2,2 8,8 330,00 2.904,00 2.904,00
CENOURA t 2,3 28,0 64,4 180,00 11.592,00 11.592,00
FEIJÃO t 3,0 1,5 4,5 420,00 1.890,00 1.890,00
SUBTOTAL 16.386,00 16.386,00
ANIMAIS E PRODUTOS ANIMAIS
CARNE ARROBA
LEITE LITROS
OVOS DÚZIA
SUBTOTAL

DESPESAS INVESTIMENTO R$
ITEM R$ DESMATAMENTO E NIVELAMENTO 4.900,00
HORA/TRATOR 598,00 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 4.900,00
HOMEM-DIA 700,00 EQUIPAMENTO
SEMENTE ALGODÃO 98,00 CERCA
SEMENTE CENOURA 250,00 ENERGIA
SEMENTE FEIJÃO 76,00 MORADIA
NITROGENIO 150,00 GALPÃO 1.000,00
FÓSFORO 400,00 FERRAMENTAS 350,00
POTÁSSIO 50,00 TOTAL 11.150,00
DEFENSIVOS 600,00
MICRONUTRIENTES 50,00 RESUMO FINANCEIRO R$
ESTERCO 140,00 RENDIMENTO 16.386,00
DEPRECIAÇÃO 705,00 AUTOCONSUMO 0,00
JUROS DO INVESTIMENTO 780,00 RENDA BRUTA 16.386,00
TARIFA DE ÁGUA 3.454,00 DESPESAS
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO 17% 2.786,00 RENDA LÍQUIDA 10.837,00
TOTAL 10.837,00
MESADA FAMILIAR 5.549,00
SALDO PARA DESENVOLVIMENTO DA TERRA 0,00
per ha: 6,3 0,00
(1) - UTILIZADO PARA OS ANIMAIS E COMO ADUBO
(2) - AO BENEFÍCIO DA FAMÍLIA

Tabela A3.5 Resultado do Orçamento Parcelar

RENDA PARCELAR LÍQUIDA REMANESCENTE


PONTOS DAS CLASSES O DESENVOLVIMENTO DA TERRA POR HECTARE
ANUAL CAPITALIZADO
PONTO MÁXIMO DA CLASSE 1 459 3700
PONTO MÍNIMO DA CLASSE 1 = PONTO MÁXIMO DA CLASSE 2 322 2500
PONTO MÍNIMO DA CLASSE 2 = PONTO MÁXIMO DA CLASSE 3 119 950
PONTO MÍNIMO DA CLASSE 3 0 0

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Classificação de Terras para Irrigação

As produtividades referentes a esses quatro níveis seriam calculadas por econo-


mistas e agrônomos, com a utilização de dados coletados no campo na área do projeto,
ou em áreas correlatas quando novas áreas estão em desenvolvimento e não há experi-
ência local em irrigação. Os rendimentos estimados devem ser cuidadosamente adapta-
dos às caraterísticas de solo descritas para cada um desses pontos (ponto máximo da
classe 1, limite entre as Classes 1 e 2, limite entre as Classes 2 e 3, e o ponto máximo da
Classe 3) nas especificações para classificação de terras.

Os orçamentos devem considerar todas as receitas, os custos anuais e os investi-


mentos associados à operação das parcelas.

Os custos e os investimentos devem incluir os seguintes itens:

„ Valor da terra nua;


„ Custos mínimos de desenvolvimento da terra;
„ Investimentos em construções;
„ Investimentos em maquinaria;
„ Depreciação e reparos nas construções e na maquinaria;
„ Sementes;
„ Fertilizantes;
„ Inseticidas;
„ Pesticidas;
„ Mão-de-obra;
„ Retorno à família agrícola pelo trabalho, gerenciamento e capital;
„ Tarifas de água estimadas para o projeto.

São incluídos custos mínimos de desenvolvimento da terra nos orçamentos, por-


que tais orçamentos se baseiam em terras com deficiências de solos, mas sem deficiên-
cias de desenvolvimento. Isso significa que os custos com desmatamento e nivelamento
serão mínimos e que a inclinação percentual é inferior a 2%. Esses custos mínimos são
incluídos nos orçamentos porque é necessário um certo grau de desenvolvimento em
todas as terras. Esses custos referem-se ao desmatamento de arbustos, além de um
nivelamento leve. Os orçamentos para classificação de terras identificarão o montante
de custos de desenvolvimento, que poderia ser gasto, além dos custos mínimos de de-
senvolvimento.

O valor restante após a dedução de todos os custos descritos acima é denominado


“Saldo para Desenvolvimento de Terras”. Este valor representa a quantia anual, disponí-
vel para desenvolvimento de terras que requerem mais do que o mínimo utilizado nos
orçamentos parcelares. Esse valor anual será capitalizado em 30 anos, à taxa de juros de
12%, para se chegar ao capital que poderia ser usado para desenvolvimento (vide Tabela
A-3.6).

Tabela A3.6 Especificações Econômicas da Terra


LIMITE PARA O DESENVOLVIMENTO DA TERRA ATINGIR O POTENCIAL DE
PRODUTIVIDADE
CLASSE FINAL DE TERRA POTENCIAL DE PRODUTIVIDADE *
CLASSE 1 US$ CLASSE 2 US$ CLASSE 3 US$
1 0 -1200 N/A N/A
2 1201 - 2750 0 - 1550 N/A
3 2751 - 3700 1551 - 2500 0 - 950
NÃO ARÁVEL ACIMA DE 3700 ACIMA DE 2500 ACIMA DE 950

O VALOR $1.200 É CALCULADO COMO $3.700 MENOS $2.500. O VALOR $2750 É CALCULADO COMO $3.700 MENOS
$950 E O VALOR $1.550 É CALCULADO COMO $2.500 MENOS $950. N/A = NÃO APLICÁVEL.

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Classificação de Terras para Irrigação

5 Exemplo de Estimativas de Parâmetros para Classificação Econômica de


Terras

Neste exemplo, os orçamentos parcelares para cada um dos pontos serão basea-
dos nas deficiências de solo, com todos os outros fatores permanecendo nos níveis óti-
mos. As Tabelas A-3.1 a A-3.4 apresentam exemplos deste processo de orçamento. Os
orçamentos são utilizados como meio de se calcular o valor restante, após a dedução
das despesas com a produção parcelar (inclusive as tarifas de água) e dos retornos à
família agrícola pela mão-de-obra, gerenciamento e capital. Neste exemplo, admitiu-se
um retorno à família agrícola de sete salários mínimos. Esses orçamentos são baseados
nos preços de janeiro de 1989, quando R$ 1,00 equivalia a US$ 1,00.

Os valores resultantes do processo de orçamento são denominados “Saldo para


Desenvolvimento da Terra”, sendo expressos em valores anuais por parcela, assim como
em um valor anual por hectare. Os valores anuais por hectare da Tabela A-3.5, são capi-
talizados em 30 anos, à taxa de 12% de juros. Esse valor capitalizado é a base para a
determinação dos parâmetros econômicos.

Utilizando-se esses valores capitalizados, são calculados os intervalos dos custos


de habilitação, por classe de terra (também demonstrados na Tabela A-3.6). Esses são os
valores a serem incluídos nas especificações para classificação de terras, como parâmetros
econômicos, em conjunto com os parâmetros físicos, para determinar a classe geral das
terras.

O pedólogo, no processo de classificação de terras para irrigação, utiliza esses


parâmetros para classificar e reclassificar a terra para um grau inferior quando os custos
de habilitação estimados excedem os intervalos determinados por classe de terra. Por
exemplo, as terras com um potencial de rendimento Classe 1 (terras sem deficiências
não corrigíveis ou com deficiências mínimas, isto é, textura do solo, profundidade, quí-
mica, etc.) permanecem como Classe 1 se os custos estimados para desenvolvimento
estiverem dentro do intervalo 0 - 1.200 dólares por hectare. Se os custos de desenvolvi-
mento de terras com um potencial de rendimento de Classe 1 encontrarem-se entre 1.201
e 2.750 dólares por hectare, estas devem ser classificadas como Classe 2 e, caso tais
custos estejam na faixa de 2.500 a 3.700 dólares por hectare, estas terras serão classifica-
das como Classe 3. As terras com um potencial de rendimento de Classe 1, para as quais
os custos de habilitação excedam 3.700 dólares, seriam classificadas como não aráveis.
Isso significa que, quando as deficiências corrigíveis tiverem sido corrigidas, estas terras
terão produtividade de Classe 1, mas quando os custos dessas correções excederem os
parâmetros estabelecidos para a Classe 1, tais terras devem ser rebaixadas a uma classe
inferior. Essa reclassificação descendente ocorre porque o custo para se atingir a produ-
tividade de Classe 1, resulta em retornos econômicos ao irrigante no mesmo nível das
terras com deficiências de solos de Classe 2 ou 3 e baixos custos de desenvolvimento.

Os mesmos princípios são aplicáveis às terras que possuem deficiências não


corrigíveis ou potencial para produtividade de Classe 2 e 3. Quando os custos de desen-
volvimento excedem o intervalo de Classe 2, de 0 - 1.550 dólares por hectare, estas terras
devem ser classificadas como Classe 3 ou então classificadas como não aráveis, quando
os custos de habilitação excederem o intervalo da Classe 3 de 1.551 a 2.500 dólares por
hectare. Quando os custos de desenvolvimento de terras, com potencial de rendimento
de Classe 3, excederem o intervalo da Classe 3, de 0 a 950 dólares por hectare, tais terras
devem ser classificadas como não aráveis.

Os parâmetros econômicos apresentados na Tabela A-3.5 devem ser incluídos nas


Especificações de Classificação de Terra, mostradas nas Tabelas A-3.7 e A-3.8. Essas
especificações devem ser usadas pelos pedólogos no campo.

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Tabela A3.7 Parâmetros Econômicos para a Classificação e Especificação de Terras para
Irrigação - Projeto Bom Sucesso

CLASSE

PARÂMETROS CLASSE S3s ARÁVEL


CLASSE F3 ARÁVEL
CLASSE 1 ARÁVEL CLASSE 21 ARÁVEL CLASSE 3 ARÁVEL IRRIGAÇÃO POR CLASSE 6 NÃO ARÁVEL
FRUTÍFEROS
ASPERSÃO

Manual de Irrigação
CUSTO MÁXIMO DE 0 - 1200 (1) 1550 - 2500 (2) 950 - 0 (3) (4) ( 4)
DESENVOLVIMENTO PERMITIDO
(US$/HA)

PARA TERRAS QUE TEM PARA TERRAS QUE TEM UM PARA TERRAS QUE TEM UM QUANDO SE PREPARAM OS QUANDO SE PREPARAM OS
UM POTENCIAL DE POTENCIAL DE PRODUÇÃO POTENCIAL DE PRODUÇÃO PARÂMETROS PARA PARÂMETROS PARA
PRODUÇÃO ENTRE OS ENTRE OS LIMITES ENTRE OS LIMITES IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO
LIMITES ESTABELECIDOS ESTABELECIDOS PARA A ESTABELECIDOS PARA A OU OUTROS SISTEMAS NÃO OU OUTROS SISTEMAS NÃO
PARA A CLASSE 1. OS CLASSE 2. OS CUSTOS DE CLASSE 3. OS CUSTOS DE CONVENCIONAIS, TODO O CONVENCIONAIS, TODO O
CUSTOS DE DESENVOLVIMENTO PODERIAM DESENVOLVIMENTO PODERIAM EQUIPAMENTO DEVE SER EQUIPAMENTO DEVE SER
DESENVOLVIMENTO VARIAR ENTRE US$ 0,00 E VARIAR ENTRE US$ 0,00 E INCLUÍDO NOS ORÇAMENTOS INCLUÍDO NOS ORÇAMENTOS
PODERIAM VARIAR ENTRE 1.550/HA 950/HA DA PARCELA COM CUSTO DA PARCELA COM CUSTO
US$ 0,00 E 1.200/HA PARCELAR PARA PARCELAR PARA DETERMINAR
DETERMINAR OS CUSTOS OS CUSTOS PERMISSÍVEIS
PERMISSÍVEIS PARA PARA DESENVOLVIMENTO DA
DESENVOLVIMENTO DA PARCELA
PARCELA

AS TERRAS COM UMA AS TERRAS COM UMA AS TERRAS COM UMA


PRODUTIVIDADE PRODUTIVIDADE POTENCIAL DE PRODUTIVIDADE POTENCIAL DE
POTENCIAL DE CLASSE 1 CLASSE 2 SÃO LIMITADAS CLASSE 3 SÃO LIMITADAS
SÃO LIMITADAS QUANDO: QUANDO: QUANDO:

OS CUSTOS DE OS CUSTOS DE OS CUSTOS DE


DESENVOLVIMENTO SÃO DESENVOLVIMENTO SÃO DESENVOLVIMENTO SÃO
MAIORES QUE US$ 1.200 MAIORES QUE US$ 1550 OU MAIORES QUE US$ 950 ESTÃO
OU MENORES QUE 2.750. MENORES QUE 2.500. COM CONSIDERADAS NÃO ARÁVEIS E
COM ESTAS CONDIÇÕES, A ESTAS CONDIÇÕES, A TERRA SÃO CLASSIFICADAS COMO

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Classificação de Terras para Irrigação

TERRA SERIA SERIA CLASSIFICADA COMO CLASSE 6;


CLASSIFICADA COMO CLASSE 3;
CLASSE 2;

SE OS CUSTOS FOREM TERRAS COM CUSTOS MAIORES


MAIORES QUE US$ 2.750 E QUE US$ 2.500 SÃO
MENORES QUE 3.700 A CONSIDERADAS NÃO ARÁVEIS E
CLASSE SERIA CLASSE 3; CLASSIFICADAS COMO CLASSE
6.
TERRAS COM CUSTOS
MAIORES QUE US$ 3.700
SÃO CONSIDERADAS NÃO
ARÁVEIS

127
Tabela A3.8. Especificações para Classificação de Terras para Irrigação - Projeto Bom Sucesso

CLASSE

PARÂMETROS CLASSE S3s ARÁVEL


CLASSE F3 ARÁVEL
CLASSE 1 ARÁVEL CLASSE 2 ARÁVEL CLASSE 3 ARÁVEL IRRIGAÇÃO POR CLASSE 6 NÃO ARÁVEL
FRUTÍFEROS
ASPERSÃO
SOLO

Manual de Irrigação
Textura Superficial (0-30 cm) média a argilosa permeável Areia Franca Areia 0-30 cm média a siltosa ou arenosa a média Areia 0-120 cm ou areia acima NÃO satisfaz os estabelecidos
média a muito argilosa permeável muito argilosa de texturas mais finas para as classes aráveis

Superficial (30-120 cm) média a muito argilosa média, siltosa ou muito argilosa Areia Franca, média a muito arenosa a média
pe r m e á v e l permeável argilosa

Profundidade até materiais permeáveis (areia, pedra ou > 100 cm > 90 cm > 60 cm > 80 c m > 45 c m < 45 c m
cascalho)

Até materiais semipermeáveis (fragipans, planita, rocha > 150 cm > 150 cm > 120 cm > 60 c m > 100 cm < 60 c m
penetrável)

Até materiais impermeáveis (duripans, material rochoso) > 300 cm > 240 cm > 240 cm > 150 cm < 120 cm < 120 cm

Capacidade de Água Disponível Milímetros de Água nos > 35 m m > 28 mm > 20 mm > 15 mm > 12 mm < 12
primeiros 30 cm

Centímetros de Água ate 120 cm (Água disponível) > 120 mm > 90 mm > 60 mm > 60 mm 60 mm < 60

Capacidade de Troca de Cátions


8.0 > 5.0 > 3.0 > 2.0 > 2.0 < 2.0
Cátions (0-30 cm em mEq/100 g)

Cátions Trocáveis Ca++ + Mg++ em mEq/100g (0-30cm) > 4.0 > 2.5 > 2.0 > 1.0 > 1.0 < 1,0

Alumínio trocável em mEq/100 g (0-30 cm) 0,0 < 1,0 < 2,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0

Reação (ph em Água) (0-30 cm) 5.0 a 7.5 5.0 a 7.5 4.5 a 8.0 4.5 a 8.0 4.5 a 8.0 < 4.0 > 8.0

Saturação com Sódio (100 Na/CTC) < 6.0 < 6.0 < 15.0 < 6.0 15.0 > 15.0

Condutividade Elétrica mmhos/cm a 25. C até 120 cm < 1.0 < 4.0 < 8.0 < 8.0 8.0 > 8.0

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Classificação de Terras para Irrigação

Infiltração Básica < 20 mm/h até 50 mm/h até 100 mm/h até 150 mm/h até 200 mm/h < 200 mm/h

Topografia Declividade (%) <3 <3 <8 <8 2,5 -

Movimento de Terra < 500 M3/ha até 1000 M3/ha até 2000 M3/ha até 2000 M3/ha até 3000 M3/ha > 3000 M3/ha

Cap. “gramcal” e Caatinga Cap. “gramcal” e Caatinga


Desmatamento Capoeira Capoeira e caatinga hipoxerofila Caatinga -
hipoxerofila hipoxerofila

Drenagem Superficial (inundações) Nenhuma Nenhuma Ocasionais por curto período Ocasionais por curto período Ocasionais por curto período Frequentes com permanência
> do que 6 meses

Interna Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Imperfeitamente a mal drenado Excessiva a muito drenado
drenado Lençol > 150cm drenado Lençol > 120cm drenado Lençol > 120cm drenado Lençol > 150cm

Condições de Solo e topografia, tais que influenciam a Exigências de drenagens Algumas exigências de drenagem Significantes exigências de Exigências de drenagens Significantes exigências de Exigências de drenagem não
drenagem especificas não são previstas são feitas, porém a razoáveis drenagem são feitas a altos específicas não são previstas drenagem são feitas a altos exeqüíveis
custos custos considerados exeqüíveis custos considerados exeqüíveis

128
Classificação de Terras para Irrigação

ANEXO

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A LICITAÇÃO DE PROPOSTAS PARA A


CLASSIFICAÇÃO DE TERRAS PARA IRRIGAÇÃO

Introdução

Este anexo é um modelo para ser usado na preparação dos termos de referência
para licitar propostas de consultores para classificar terras para irrigação. Cada projeto
tem suas particularidades que exigem algumas modificações.

É muito importante que o contratante defina bem o que é esperado do contratado


e atente para que os termos do contrato sejam cumpridos. A preparação de bons termos
de referência reduz o custo da classificação de terra e torna os resultados confiáveis.

SEÇÃO I PROJETO E PLANO

A. Objetivo do Contrato

O objetivo deste contrato é a realização de uma classificação (detalhada,


semidetalhada ou de reconhecimento) para determinar a aptidão das terras no Projeto
de (nome do projeto). O prazo de execução é de (número) meses, a partir da data da
assinatura do contrato.

B. Finalidade do Projeto

O projeto de (nome) tem como finalidade irrigar terras aptas para irrigação nos
municípios de (nomes dos municípios), no sudoeste do Estado de (nome do estado).
Este projeto proverá abastecimento de água para os municípios, as indústrias e a pisci-
cultura, criando oportunidades de lazer e mantendo a flora e a fauna. A água será bom-
beada do rio (nome do rio) e transportada às terras irrigáveis através de um sistema
apropriado de irrigação.

Antes da construção do projeto, os estudos de viabilidade deverão estar concluí-


dos. As informações obtidas da classificação de terras serão elementos essenciais para
tal fim.

C. Resultados Finais

Ao término do contrato, serão fornecidos um conjunto de mapas reproduzíveis


das classes de terra e um texto relativo à descrição das terras, para serem incorporados
ao relatório geral do estudo de viabilidade, dele constando, num capítulo à parte, refe-
rências às leis de irrigação vigentes.

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Classificação de Terras para Irrigação

SEÇÃO II DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área bruta do levantamento corresponde a (número) hectares. A área é constitu-


ída de parcelas não contíguas, cada uma com, aproximadamente, (número) hectares.

SEÇÃO III EXIGÊNCIAS DO TRABALHO

A. Introdução e Requisitos Gerais

O contratado deverá realizar a classificação (grau da classificação) da aptidão das


terras para irrigação de cada área do projeto, conforme especificado pelo contratante.

O contratado deverá ter um conhecimento satisfatório do sistema de classificação


de terras para irrigação usado pelo “Bureau of Reclamation” e adotá-lo nos estudos
realizados sob este contrato, com as adaptações necessárias à área.

Todas as investigações serão feitas de acordo com as instruções estabelecidas no


MANUAL de “Classificação das Terras para Irrigação”, disponível nos arquivos do con-
tratante.

B. Procedimentos Anteriores e Assinatura do Contrato

Antes de se iniciarem as investigações de campo, os seguintes itens devem ser


atendidos:

1. Apresentação de Planilha

(Número) dias após a assinatura do contrato, o contratado deve apresentar uma


planilha detalhada sobre as diversas fases a serem cumpridas. Essa planilha deve indicar
as etapas necessárias ao cumprimento de cada item, englobando pequena bibliografia,
investigações de campo, estudos de laboratório, preparação de mapas, determinação da
área irrigável e elaboração do relatório.

Essa planilha será avaliada pelo contratante, que irá aprová-la ou devolvê-la com
comentários no prazo de (número) dias. O contratado não poderá proceder às investiga-
ções de campo até a aprovação da planilha. Essa planilha será anexada ao contrato e
tornar-se-á parte integrante do mesmo, visando ao monitoramento e controle do traba-
lho durante o contrato.

2. Estabelecimento da Área Bruta do Levantamento

O contratante apresentará ao contratado as áreas que deverão ser classificadas, na


data de início da vigência do contrato.

3. Desenvolvimento das Especificações para Classificar as Terras

a. As especificações preliminares para o Projeto de (nome) encontram-se na Tabela 1


deste contrato.
b. Serão fornecidos, pelo contratante, todos os fatores econômicos relacionados às
especificações. Qualquer modificação, revisão ou adição sugerida pelo contratado
será considerada pelo contratante no prazo de 10 dias, após o recebimento da
solicitação de alteração.
c. O contratado deverá estar familiarizado com todos os aspectos destas
especificações, antes de iniciar as investigações de campo.

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Classificação de Terras para Irrigação

d. Estas especificações serão revisadas e poderão ser modificadas, quando necessá-


rio, pelo contratante (depois de entendimentos com o contratado), durante a in-
vestigação.

4. Reunião de Dados Disponíveis Sobre a Terra

a. Fontes de informações relativas a este projeto estão especificamente abordadas


na seção (número) deste contrato.
b. A classificação das terras para irrigação terá como base o levantamento pedológico
executado na área. A partir deste trabalho serão estabelecidos critérios que
nortearão a classificação de terras, com as adaptações necessárias, e será elabora-
da a tabela de especificações.

5. Mapas Básicos e Equipamento

a. O contratado deverá obter fotografias aéreas mais recentes, na escala de (a escala


desejada). Fotografias em preto e branco são aceitáveis. Em cada foto, o contrata-
do colocará as seguintes informações, no canto direito inferior: nome do projeto,
nome do município, nome do estado, local abrangido pela foto, nome do pedólogo
e data (dia/mês/ano).
b. O mapeamento no campo poderá ser realizado na própria foto ou no “overlay”
sobreposto às fotos aéreas. O uso de “overlay” é preferível, porque facilita a trans-
ferência dos dados de campo para as folhas permanentes de classificação de terra.
Caso seja usado “overlay”, as folhas deverão ser identificadas da mesma maneira
que as fotos . (vide item 5.a.).
c. Devem ser obtidos mapas topográficos, preferivelmente na escala de 1:25000, para
servirem como referência durante o levantamento.
d. Faixas de domínio existentes devem ser registradas nas fotos ou “overlays” usa-
das no campo e nas folhas finais da classificação de terra.
e. O progresso do mapeamento no campo pode variar muito, dependendo do tipo de
equipamento usado. É importante que esse equipamento esteja em boas condi-
ções e apto para o estudo específico. Normalmente, as seguintes ferramentas pa-
drões fazem parte do equipamento usado nos estudos do campo:
„ Uma pá reta para inspecionar os horizontes próximos à superfície;
„ Trados de caneco de 3 ou 4 polegadas para examinar os solos e colher amos-
tras em solos arenosos, texturas médias e argilosos;
„ Extensões suficientes para os trados que permitam a observação e coleta de
amostras do subsolo;
„ Um martelo de borracha;
„ Um pedaço de lona ou plástico, para a exposição das amostras de solo;
„ Materiais didáticos (papel, cadernos, lápis, pincéis atômicos, etc);
„ Sacos para as amostras de solos;
„ Um prancha para os mapas;
„ Uma fita métrica.

Existem trados e escavadores mecânicos que reduzem o tempo necessário para


colher amostras e explorar o substrato, mas esses equipamentos normalmente não pos-
sibilitam a coleta de amostras intactas. Entretanto, o uso de uma retroescavadeira é uma
boa maneira de abrir trincheiras rapidamente e permite examinar os perfis representati-
vos. Em muitos casos, há dependência de mão-de-obra para abrir estas trincheiras.

O contratado deverá fornecer todo o equipamento para as investigações de cam-


po.

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Classificação de Terras para Irrigação

6. Coordenação do Laboratório

a. O contratado será responsável pela indicação do laboratório antes do início e du-


rante as investigações de campo. Os laboratórios deverão ser aprovados pelo con-
tratante, desde que constem do Cadastro de Laboratórios de Análises de Solos,
aprovado pela EMBRAPA.

b. As análises específicas de laboratório são descritas na Seção III.C.7 (e e f).

C. Investigações de Campo

1. Objetivo das Investigações de Campo

O contratado deverá separar as terras aráveis das terras não aráveis, de acordo
com as especificações descritas na Seção III.B.3.a. Três classes aráveis, 1, 2 e 3, - e uma
não arável, Classe 6, serão delineadas, com base na interação das condições de solo,
topográficas e de drenagem, e numa investigação até a profundidade de 3 metros.

2. Orientação de Campo

O contratado deverá começar as investigações da classificação de terras com uma


visita à área, acompanhado por um representante da (nome do contratante). Durante a
visita, o contratado e o representante do contratante deverão familiarizar-se com a área,
verificar a aplicabilidade dos dados disponíveis dos recursos da terra que estão sendo
estudados, concordar com a aplicabilidade das especificações preliminares para classifi-
car as terras e aceitar o plano de mapeamento para a área do projeto.

3. Direito de Entrada na Área

O direito de entrada nas propriedades, para investigações de campo, será provi-


denciado pelo contratante do projeto, antes do início do estudo. O contratado deverá
notificar cada proprietário de sua presença, antes do início das investigações, para deter-
minar se há alguma condição restritiva.

4. Metodologia para o Levantamento de Campo

a. Após o período de orientação de campo, as investigações deverão começar siste-


maticamente de um limite do mapa, de um limite de uma propriedade, ou de um
outro ponto de referência facilmente identificável.
b. As transversais deverão ser feitas perpendicularmente aos drenos naturais, com o
objetivo de se verificarem as variações da posição e das formas geomórficas.
c. As transversais deverão ser feitas nos locais onde isto seja possível, para facilitar
as observações das condições da terra e para identificar problemas potenciais.
d. Deverão ser avaliadas as condições de solo, a topografia, a drenagem e suas
interações, e as sondagens adequadas para se estabelecerem os limites entre as
classes e subclasses.
e. Deverão ser colhidas amostras de áreas representativas .
f. Os limites entre classes e subclasses, a localização e a descrição dos perfis, a
simbolização completa das classes e subclasses de terra e quaisquer outras carac-
terísticas da área deverão ser registrados nos mapas, antes da conclusão do servi-
ço de campo.
g. Notas e observações concernentes à aptidão das terras para irrigação deverão ser
feitas durante as atividades de campo.

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Tabela 1 Modelo - Especificações para Classificação de Terras para Irrigação - Projeto Bom Sucesso

CLASSE

PARÂMETROS CLASSE S3s ARÁVEL


CLASSE F3 ARÁVEL
CLASSE 1 ARÁVEL CLASSE 2 ARÁVEL CLASSE 3 ARÁVEL IRRIGAÇÃO POR CLASSE 6 NÃO ARÁVEL
FRUTÍFEROS
ASPERSÃO
SOLO

Manual de Irrigação
Textura Superficial (0-30 cm) média a argilosa permeável Areia Franca Areia 0-30 cm média a siltosa ou arenosa a média Areia 0-120 cm ou areia acima NÃO satisfaz os estabelecidos
média a muito argilosa permeável muito argilosa de texturas mais finas para as classes aráveis

Superficial (30-120 cm) média a muito argilosa média, siltosa ou muito argilosa Areia Franca, média a muito arenosa a média
permeável permeável argilosa

Profundidade até materiais permeáveis (areia, pedra ou > 100 c m > 90 cm > 60 cm > 80 c m > 45 c m < 45 c m
cascalho)

Até materiais semipermeáveis (fragipans, planita, rocha > 150 c m > 150 cm > 120 cm > 60 c m > 100 cm < 60 c m
penetrável)

Até materiais impermeáveis (duripans, material rochoso) > 300 c m > 240 cm > 240 cm > 150 cm < 120 cm < 120 cm

Capacidade de Água Disponível Milímetros de Água nos > 35 m m > 28 mm > 20 mm > 15 m m > 12 m m < 12
primeiros 30 cm

Centímetros de Água ate 120 cm (Água disponível) > 120 mm > 90 mm > 60 mm > 60 m m 60 m m < 60

Capacidade de Troca de Cátions


8.0 > 5.0 > 3.0 > 2.0 > 2.0 < 2.0
Cátions (0-30 cm em mEq/100 g)

Cátions Trocáveis Ca++ + Mg++ em mEq/100g (0-30cm) > 4.0 > 2.5 > 2.0 > 1.0 > 1.0 < 1,0

Alumínio trocável em mEq/100 g (0-30 cm) 0,0 < 1,0 < 2,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0

Reação (ph em Água) (0-30 cm) 5.0 a 7.5 5.0 a 7.5 4.5 a 8.0 4.5 a 8.0 4.5 a 8.0 < 4.0 > 8.0

Saturação com Sódio (100 Na/CTC) < 6.0 < 6.0 < 15.0 < 6.0 15.0 > 15.0

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Condutividade Elétrica mmhos/cm a 25. C até 120 cm < 1.0 < 4.0 < 8.0 < 8.0 8.0 > 8.0

Infiltração Básica < 20 mm/h até 50 mm/h até 100 mm/h até 150 mm/h até 200 mm/h < 200 mm/h

Topografia Declividade (%) <3 <3 <8 <8 2,5 -

Movimento de Terra < 500 M3/ha até 1000 M3/ha até 2000 M3/ha até 2000 M3/ha até 3000 M3/ha > 3000 M3/ha

Cap. “gramcal” e Caatinga Cap. “gramcal” e Caatinga


Desmatamento Capoeira Capoeira e caatinga hipoxerofila Caatinga -
hipoxerofila hipoxerofila

Drenagem Superficial (inundações) Nenhuma Nenhuma Ocasionais por curto período Ocasionais por curto período Ocasionais por curto período Frequentes com permanência
> do que 6 meses

Interna Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Acentuado a moderadamente Imperfeitamente a mal drenado Excessiva a muito drenado
drenado Lençol > 150cm drenado Lençol > 120cm drenado Lençol > 120cm drenado Lençol > 150cm

Condições de Solo e topografia, tais que influenciam a Exigências de drenagens Algumas exigências de drenagem Significantes exigências de Exigências de drenagens Significantes exigências de Exigências de drenagem não
drenagem especificas não são previstas são feitas, porém a razoáveis drenagem são feitas a altos específicas não são previstas drenagem são feitas a altos exeqüíveis
custos custos considerados exeqüíveis custos considerados exeqüíveis

133
Classificação de Terras para Irrigação

5. Simbolização Uniforme

O modelo da simbolização que deverá ser usada durante os estudos é apresentado


na Figura1.

a. O numerador do símbolo deverá apresentar a Classe (1, 2, 3 ou 6); se o método de


irrigação for somente por aspersão, deverá ser utilizado S1, S2, S3 ou 6. Quando as
terras forem aptas a uma cultura específica, será usada uma simbologia especial
para indicá-la. Por exemplo: para Figura 1 rizicultura, será usado R1, R2 ou R3; para
fruticultura ou hortaliças, F1, F2, ou F3; e para pastagens, os símbolos serão P1, P2,
ou P3.

Se a classe for 2, 3 ou 6, usar-se-á uma ou mais subclasses “s” - solos; “t” - topo-
grafia; e/ou “d” - drenagem. Não se deve usar uma subclasse no numerador quan-
do a classe for “1”. Os símbolos usados no denominador são, em ordem, Produti-
vidade Relativa (1, 2, 3 ou 6); e Custo de Desenvolvimento (1, 2, 3 ou 6). As deficiên-
cias específicas que correspondem às subclasses encontram-se na Tabela 2.

b. Outros símbolos de deficiências poderão ser acrescentados durante a fase de es-


tudo, se forem encontrados fatores significantes de solo, topografia ou drenagem.

c. O símbolo “g”, que indica uma deficiência de topografia, está sempre associado
ao fator “t” no numerador e à “Produtividade Relativa”, no denominador do sím-
bolo de mapeamento.

d. Para manter uniformidade na simbolização, as combinações de “Produtividade


Relativa” e de “Custo de Desenvolvimento”, no denominador, aceitarão somente
as seguintes combinações: para classe 1, somente “11”; para classe 2, ”12" e “21”;
e para classe 3, ”22", “13” e ”31".

6. Avaliação dos Solos

a. Um mínimo de (número) tradagens até 150cm em cada (número) hectares


serão requeridas para apoiar as determinações finais das classes de terra.

b. As tradagens deverão ser feitas nos locais considerados “representativos”


para a mancha de terra (a classe) que está sendo delineada. Onde existirem
complexidades físicas, químicas ou topográficas, serão necessárias sonda-
gens adicionais, para delineação adequada das classes de terra. Deverão ser
evitados locais próximos de cercas, canais, estradas, cantos de parcelas e
áreas similares, cuja amostragem poderá ser mais onerosa.

c. As características principais dos perfis de 150cm e de 3m de solo e de topo-


grafia, deverão ser registradas em um livro ou ficha, aprovados no local da
observação. As seguintes informações são as mínimas necessárias ao regis-
tro: (1) textura do solo; (2) profundidade de cada mudança em textura; (3)
estrutura; (4) profundidade até uma acumulação de calcário, sais, fragipans,
lateritas, etc. (se estiver presente); (5) declividade; (6) relevo; (7) cobertura
vegetal ou pedras; (8) número de amostras coletadas; e (9) qualquer outra
informação importante como mosqueamento, lençol freático, condições de
má drenagem, sinais de deficiências na vegetação natural, etc. Cada sonda-
gem (perfil) será identificada por um número que corresponderá ao número
colocado no mapa (foto ou “overlay”) e na folha final que contém as classes
de terras.

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura 1 Exemplo de Símbolos de Mapeamento Padronizados para


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Tabela 2 Deficiências Específicas que Correspodem às Subclasses

FATORES DE SOLOS
v - textura grossa p - permeabilidade restrita y - fertilidade natural
q - baixa capacidade retenção de umidade k - pouca profundidade efetiva x - pedregosidade e/ou rochosidade
i - alta taxa de infiltração a - sodicidade e/ou salinidade
FATORES TOPOGRÁFICOS
u - ondulação g - gradiente c - vegetação ou pedras
FATORES DE DRENAGEM
w - lençol f - inundação 0 - bacia fechada

d. A seguir, apresenta-se um exemplo de como registrar e descrever a informa-


ção que se encontra no perfil do solo:

Projeto: ______________________________________________________
Número do Perfil: _____________________________________________
Localização: __________________________________________________
Classe de Terra Provisória: ____________________________________
Declividade: __________________________________________________
Relevo: ______________________________________________________
Litologia e Formação Geológica: _______________________________
Material Originário: ___________________________________________
Erosão: ______________________________________________________
Drenagem: ___________________________________________________
Pedregosidade: _______________________________________________
Vegetação: ___________________________________________________
Uso Atual: ___________________________________________________
Nome do Pedólogo: __________________________________________
Numeração das Amostras: ____________________________________

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d. Explicações:

„ (1) O número da sondagem (tradagem ou trincheira, etc.).


„ 0,20, 2,64 e 6,35 são a condutividade elétrica do extrato de saturação
(CE em mmhos/cm).
„ 5,3 e 8,0; 5,2 e 4,3; e 4,6 e 4,2 são os valores de pH em água e KCL (1:2,5
suspensão de solo e água).
„ 15, 20, e 35 são os valores em milímetros da capacidade de retenção
de água disponível, usando-se 1/3 e 15 atm em cada camada no perfil;
„ 1,1 e o teor de Ca + Mg (Me/100 g de solo) 0 - 30 cm.
„ 4,7 e a capacidade de troca de cátions (CTC) 0 - 30 cm.
„ sil, cl e c são as texturas determinadas no campo (Franco Siltoso, Fran-
co Argilosa, e Argila).
„ + e ++ são os graus de reação dos solos, quando se aplica HCL.

O perfil normalmente tem 150cm de profundidade, com divisões entre camadas de


texturas diferentes. Se o perfil estiver representando uma profundidade inferior a 300cm,
coloque na ficha um “X” entre o fim da escavação e o fundo do perfil.

e. Os fatores relacionados com os solos são determinantes, através de seus


efeitos na classe “Produtividade Relativa” (vide Seção III.C.5.)

7. Amostragem e Caracterização do Laboratório

a. As amostras deverão ser obtidas nos locais onde se encontrar uma diferen-
ça em textura, estrutura ou uma zona distinta, na qual exista uma diferença
aparente (física ou química), em intervalos de não menos de 15cm e normal-
mente não mais de 60cm.

b. Um mínimo de cinco amostras de cada perfil de 300cm deve ser colhido para
análises de laboratório. Um mínimo de três amostras de 150cm de profundi-
dade, por cada 60 ha, deve ser colhido. Uma amostragem de perfis até 150cm
será necessária em áreas complexas, a fim de apoiar adequadamente as
determinações finais das classes de terra.

c. As amostras deverão ser identificadas sistematicamente, para evitar confu-


são. Um método sugerido consiste em designar cada pedólogo com uma
letra, que somente ele/ela pode usar como prefixo dos números (A-1 para o
pedólogo Amaral; B-1 para o pedólogo Bueno; e C-1 para o pedólogo Cabral;
etc.). Cuidados especiais devem ser dispensados durante a coleta, transpor-
te e a preparação das amostras no laboratório, para evitar contaminação.

d. Amostras em duplicata deverão ser coletadas aleatoriamente e analisadas


em um laboratório de escolha do contratante, para fins comparativos e para
controle da qualidade. Dessa forma, garantir-se-á a consistência das infor-
mações do laboratório em toda área estudada.

e. Cada amostra colhida deverá ser analisada sob os seguintes aspectos:


condutividade elétrica (CE) do extrato de saturação (mmhos/cm); pH (1:2,5)
em água e KCl; complexo de permutas (me/100g. de solo); densidade real e
aparente; granulometria (%); porosidade; argila dispersa em água (%); grau
de floculação (%); relação silte/argila; umidade (%) usando-se 1/3 e 15 atm;
valor V (% saturação das bases); carbono orgânico (%); CaCo3 equivalente
(%); Fósforo assimilável (ppm); enxofre (%); S na T.F.S.A.; saturação com Al
(100 x Al/S + Al), saturação com Na (100 x Na/T) e outras análises necessárias

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para caraterizar os solos para irrigação. Onde houver suspeita de Na, deverá
ser determinada a Relação da Absorção de Sódio (SAR).

f. As seguintes referências deverão ser consultadas quando se efetuarem as


análises de solos:

1. Manual de Métodos de Análise de Solos; EMBRAPA (Empresa Brasilei-


ra de Pesquisa Agropecuária), Rio de Janeiro, 1979

2. “Reclamation Instructions Series 510” (Instruções do ”Bureau of


Reclamation”) - “Land Classification Techniques and Standards, Part
514 - Laboratory Procedures”.

g. Os resultados do laboratório deverão ser recebidos no escritório do contra-


tante, no prazo de (número) dias após a entrega das amostras ao laborató-
rio, para que os dados possam ser correlacionados com as observações de
campo, com objetivo de definir as classes de terra.

8. Avaliação Topográficas

A avaliação das seguintes caraterísticas topográficas deverão ser feitas durante o


estudos de campo: gradiente, relevo, tamanho e forma das parcelas, sistematização, co-
bertura (vegetação e pedras).

O gradiente e forma das parcelas influenciam a “Produtividade Relativa” da clas-


se, enquanto a sistematização, o desmatamento e a remoção de pedras influenciam o
custo de desenvolvimento (vide Seção III.C.5.).

As observações destas características topográficas devem ser registradas nas fi-


chas do campo e, depois, transferidas para os mapas ou folhas finais.

9. Avaliação da Drenagem

a. Para os propósitos deste contrato, a avaliação da drenagem deverá conside-


rar os seguintes fatores: (1) superfície (na parcela); requerimentos de drena-
gem (tipo e custo) e (2) caracterização do subsolo (textura, estrutura,
permeabilidade até 3m). Estes fatores podem influenciar a “Produtividade
Relativa” da classe e o custo de desenvolvimento (vide Seção III.C.5.) e as-
sim poderá ser um determinante de classe.

b. A avaliação da drenagem do subsolo será baseada nos dados e análises


feitos no campo e no laboratório. A permeabilidade será determinada com
ensaios de “pump-in” ou “pump-out” nas camadas restritas do perfil. A taxa
de infiltração será obtida com a utilização de anéis e feita através de ensaios
secos e ensaios úmidos. Assim, o ensaio feito no primeiro dia será conside-
rado o ensaio seco e dois dias depois, um outro ensaio será efetuado no
mesmo local: o ensaio úmido.

10. Coleta de Dados

a. A determinação final das classes de terra dependerá, entre outras coisas, da


correlação das observações no campo com os dados de laboratório. Se apa-
recerem diferenças significativas durante a correlação, será necessário pro-
gramar investigações adicionais no campo e/ou de laboratório para apoiar
adequadamente as determinações finais das classes de terra.

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b. A determinação final das classes de terra dependerá também da correlação


dos dados físicos e químicos com os impactos econômicos referentes ao
rendimento líquido da parcela ou à capacidade de pagamento. Esta correla-
ção será da responsabilidade do contratado, de comum acordo com o con-
tratante.

11. Revisões no Campo

a. O contratante (CODEVASF, DNOCS ou os Estados) fará visitas periódicas à


área de estudo para acompanhar o progresso e garantir a adequação técnica
do trabalho, e dar assistência técnica ao contratado. Essas visitas ou revi-
sões poderão incluir também a presença de assessores técnicos ou especia-
listas internacionais.
b. Após o término das investigações de campo, e antes de finalizar os mapas
de classificação de terra, o contratante e os demais interessados farão uma
revisão final de campo. Baseada nesta revisão, poderá surgir a necessidade
de o contratado efetuar estudos adicionais para determinar a classe final da
área em questão.

12. Relatórios e Reuniões de Acompanhamento

a. O contratado terá de informar o contratante, através de relatório, no final de


cada trimestre, acerca do andamento das investigações durante o tempo em
que o contrato estiver em vigor. Cada relatório deverá incluir: (1) um resumo
do trabalho desenvolvido durante o período (indicando as áreas específicas
classificadas); (2) uma lista de todas as áreas classificadas, desde o início do
trabalho até a data do relatório; (3) uma lista de qualquer problema necessi-
tando de solução; e (4) uma previsão e o programa de trabalho para o próxi-
mo período e o restante do contrato.
b. O contratante poderá marcar reuniões para inteirar-se do andamento das
investigações ou dos problemas encontrados no campo. As reuniões deve-
rão ser realizadas o mais próximo possível da área investigada. Se houver
conflitos que não possam ser resolvidos no campo, será necessário estabe-
lecer reuniões especiais na sede do contratante. Representantes de ambos
os interessados deverão participar das reuniões, a fim de decidirem como
solucionar da melhor forma, os problemas existentes.

SEÇÃO IV DADOS EXISTENTES

A. Investigações da Classificação de Terra Efetuada pelo Contratante

Dados de uma investigação anterior, que talvez só abranjam parte da área a ser
classificada, deverão ser colocados à disposição do contratado. Ainda que estes dados
apresentem informações anteriores, será necessário obter dados adicionais que satisfa-
çam as especificações que serão desenvolvidas para o levantamento.

B. Informações de um Levantamento Pedológico

Relatórios sobre levantamento pedológico estão disponíveis no Projeto RADAM e


na EMBRAPA, etc. (Citar os nomes dos levantamentos e onde é possível conseguir cópi-
as dos relatórios).

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SEÇÃO V APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E RELATÓRIOS

A.1 Depois que as revisões do campo forem completadas e aprovadas pelo contratan-
te, o contratado deverá transferir as classes de terra para folhas permanentes e
reproduzíveis. Todas as informações serão registradas nas folhas (indicar as di-
mensões das folhas) com tinta preta e permanente. Os seguintes itens deverão ser
registrados em cada folha: (1) delineação das classes de terra; (2) descrição dos
perfis, incluindo alguns dados de laboratório, (vide Seção III.C.6.d. - “Explicações”);
(3) hectares por classe; (4) resumo dos hectares por classe; (5) legenda e bloco
com o nome do projeto, data da classificação e nome do pedólogo que fez a clas-
sificação.

a. Os dados nos mapas usados no campo serão transferidos para folhas per-
manentes. Estas folhas deverão incluir todas as delineações, uma
simbolização completa de cada classe delineada, os hectares de cada área
segregada, os números das sondagens e todas as faixas de domínio. Os
mapas deverão ser similares ao que se encontra no Anexo 3 deste MANUAL.
b. As descrições dos perfis e os dados de laboratório serão transferidos das
notas de campo e da ficha de laboratório. (vide o exemplo, que se encontra
no Anexo 3 deste MANUAL).
c. Os hectares aráveis/irrigáveis serão calculados e arredondados até o mais
próximo de 0,1 de hectare, e serão registrados dentro de cada classe e
subclasse. Um resumo dos hectares, por classe e subclasse, poderia ser in-
cluído também no rodapé da folha (vide o exemplo do mapa, que se encon-
tra no Anexo 3 deste MANUAL, apresentando um exemplo de como esse
pode ser feito).
d. Uma legenda completa, com explicação, deverá ser incluída em cada folha,
(vide o exemplo do Anexo 3 deste MANUAL).
e. O bloco titular, similar ao mapa do Anexo 3 deste MANUAL, deverá aparecer
no canto inferior direito de cada folha.
f. Todas as folhas permanentes (ou reproduzíveis) serão entregues ao contra-
tante, junto com o apêndice final e com o capítulo “Recursos de Terra”, do
relatório final.

B. Índice dos Mapas/das Folhas das Classes de Terra

1. O contratado fornecerá um índice permanente que identificará sistematica-


mente a localização das folhas permanentes das classes de terra.
2. Os índices deverão ser preparados utilizando-se tinta permanente e materi-
ais reproduzíveis. A escala deve ser (indique a escala desejada).
3. Uma legenda deve descrever a maneira como o índice foi desenvolvido, acom-
panhada de um bloco titular em cada índice. (vide Seção V.A.1.e.)
4. Os índices permanentes devem ser enviados ao contratante junto com o
apêndice final e o capítulo “Recursos da Terra”.

C. Relatórios

1. O contratado preparará um capítulo sobre “Recursos de Terra”. O capítulo


será incorporado ao relatório geral do projeto de viabilidade ou executivo.
Deverá ser obedecido esboço similar àquele em anexo.
2. O apêndice e o capítulo deverão ser preparados em três fases: rascunho,
minuta e documento definitivo.

a. O rascunho será datilografado em espaços duplos e enviado ao con-


tratante pelo menos (número) dias antes do vencimento do contrato.

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O contratante fará uma revisão e o devolverá no prazo de (número)


dias, com uma lista de correções a serem feitas.

b. O contratado fará todas as mudanças solicitadas pelo contratante no


prazo de (número) dias e enviará o apêndice datilografado em espa-
ços simples, em forma de minuta, ao contratante. O contratante fará
outra revisão dentro de (número) dias e a devolverá ao contratado
com uma lista de correções, se necessárias.

c. No prazo de (número) dias, o contratado fará as últimas revisões e


enviará dez (número) cópias datilografadas em espaços simples do
apêndice e do capítulo, já em edição final.

3. O contratado será solicitado a se reunir com o contratante, em local escolhi-


do por ambos, e deverá participar das revisões.

4. Os materiais usados para desenvolver as folhas permanentes das classes de


terra, o apêndice e o capítulo tornar-se-ão propriedade do contratante. Estes
materiais, incluindo as fotos aéreas, os “overlays” das fotos (se foram usa-
dos), outros mapas básicos, as notas de campo, os dados de laboratório, as
minutas, as ilustrações e qualquer outro dado de apoio deverão ser envia-
dos ao contratante, juntamente com o apêndice e o capítulo final.

SEÇÃO VI SUBCONTRATOS E RESPONSABILIDADES LEGAIS

A. O contratado deve comunicar ao representante do contratante se os requisitos


deste contrato requererem subcontratos. O representante do contratante poderá
pedir informações de “background”, em detalhe, a respeito de cada subcontratado
antes de aprová-lo. A falta de aviso ao representante do contratante das necessi-
dades de subcontratação será considerada uma violação deste contrato.

B. O contratado e/ou o subcontratado deverão estar disponíveis para apresentar um


depoimento no tribunal, como um “testemunho técnico”, a qualquer tempo, du-
rante ou depois de uma classificação de terra para agricultura irrigada.

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Classificação de Terras para Irrigação

ANEXO

Mapa de
Reclassificação
Detalhada das Terras

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Classificação de Terras para Irrigação

Figura A.5.1

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