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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

Rosário do Catete

Nº Processo 201274200650 - Número Único: 0000641-41.2012.8.25.0019


Autor: MINISTERIO PUBLICO DE SERGIPE
Réu: MUNICIPIO DE ROSARIO DO CATETE E OUTROS

Movimento: Julgamento >> Com Resolução do Mérito >> Procedência em Parte

Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público Estadual contra o Município de Rosário
do Catete/SE e Etelvino Barreto Sobrinho, então prefeito daquela urbe, por atos em tese ímprobos
concernentes na contratação desnecessária de empresa para fornecimento de mão de obra de limpeza
quando havia 1157 candidatos aprovados em concurso público para a função e 133 servidores para o
cargo de serviços gerais já na ativa.

Afirma o autor que tal contrato implicava no custo anual de quase três milhões de reais, valores que
poderiam ser alocados em favor da população. Salienta que se os 127 funcionários terceirizados fossem
diretamente remunerados pelos cofres públicos, o custo cairiam aproximadamente para um terço daquele
valor. E que se nomeasse os 32 aprovados no concurso público, o custo mensal seria inferior a vinte mil
reais.

Frisa o autor que, ao contratar empresa para realização de limpeza urbana, a parte ré deixa clara a
necessidade de mão de obra para essa finalidade, logo, a preterição da convocação dos candidatos
aprovados no concurso para desempenho daquelas funções constitui ato ilegal lesivo ao erário.

Por outro lado, a parte autora salienta que os réus não abriram vagas no concurso público pertinente ao
Edital 01/2011 para vigilantes ao argumento de sua desnecessidade, porém o contrato questionado prevê a
locação de 31 pessoas para a referida função.

Acrescenta que o contrato é lacunoso por não especificar qual mão de obra está efetivamente locada e
respectivo números de funcionários, além de violar a ordem jurídica por prever a terceirização onde há
cargo público existente para o mesmo serviço.

Conclui que tais atos configuram improbidade administrativa conforme previsão no artigo 11 da Lei nº
8.429/92.

Requereu antecipação dos efeitos da tutela para imediata revogação do contrato nº 126/2010, bem como
proibida a prefeitura de realizar novas terceirizações para contratação de mão de obra em detrimento dos
cargos públicos já existentes.

No mérito, requerer a anulação do contrato em questão, condenação do segundo réu por improbidade com
consectários legais e ressarcimento do erário e a convocação dos aprovados no concurso.

Junta documentos de páginas 18/351.

Notificação à p. 353 e apresentada manifestação do Município às pp. 355/357 e documentos de pp.


359/360.

Manifestação da parte autora à p. 372.


Antecipação dos efeitos da tutela foi, em novembro de 2014, deferida parcialmente conforme decisão de
pp. 374/378, nos seguintes termos:

“DEFIRO PARCIALMENTE o pedido de Antecipação da Tutela formulado pelo requerente para


determinar ao Município de Rosário do Catete/SE que:

1. Se abstenha de efetuar a realização de contratos de terceirização visando o fornecimento de mão


de obra qualificada com profissionais para prestar serviços pertinentes à atividade fim do Ente
Público nos órgãos da administração direta do Município de Rosário do Catete/SE, salvo nas
possibilidades previstas em lei quando para atendimento de atividade de apoio ou imprescindível
ao atendimento do interesse público;

1. Em caso de descumprimento deste comando judicial, desde já fixo multa cominatória, em


periodicidade diária, no importe de 10 (dez) salários mínimos por cada contrato celebrado, a ser
suportado pelo Prefeito Municipal de Rosário do Catete/SE em exercício.

Outrossim, torna-se prejudicado o pedido vindicado na alínea “A” do item 05, uma vez que ausente uma
das condições da ação, qual seja, o interesse de agir na modalidade necessidade devido a perda do seu
objeto, já que o aludido contrato perdeu validade e não há notícias de que tenha sido renovado. Nestes
termos, EXTINTO O FEITO sem resolução de mérito, especificamente quanto a este pedido, o que faço
com baldrame no art. 267, inciso VI do Código de Processo Civil.”

Na mesma decisão, foi determinada a notificação do requerido Etelvino Barreto Sobrinho para oferecer
manifestação por escrito e citadoo Município de Rosário do Catete para apresentar resposta.

Embargos de declaração opostos pelo município às pp 380/383 seguida de respectiva manifestação da


parte autora às pp 388/389 e de decisão às pp. 392/393.

Contestação do Município onde afirma que as contratações terceirizadas eram legais por visarem à
realização de atividades-meio e não atividades-fim, essas sim pertinentes à Administração Pública e,
portanto, não passíveis de terceirização (pp. 401/409).

Determinada a citação de Etelvino Barreto Sobrinho à p. 411, esse apresentou-a às páginas 417/439,
afirmando, em suma: 1) a contratação era legal pois era pertinente à realização de atividade-meio; 2) não
havia contratados para exercício da função de auxiliar de serviços gerais; 3) o contrato já havia se
findado; 4) a atividade de vigilante era atividade-meio.

Esclareceu ainda que as pessoas contratadas mediante o referido contrato destinavam-se a desempenhar as
funções de auxiliar de limpeza; auxiliar de serviços operacionais; vigia; agente de organização escolar;
oficial de manutenção predial, atividades-meio segundo sua ótica.

Por fim, alega inexistência de dano ao erário bem como a há ausência de dolo ou culpa em sua conduta, o
que impede sua responsabilização.

Manifestação do Ministério Público às pp. 449/452.

Audiência de instrução realizada em 22/11/2016.

Alegações finais apresentadas em memoriais às pp. 509/523; 528/532 e 541/

Em síntese, é o relatório.
Inexistindo preliminares pendentes de análise, passo ao exame do mérito:

Pretende o Ministério Público, através desta Ação, que sejam os Réus condenados nas penas previstas no
artigo 37§4º, da Constituição Federal pela prática do tipo previsto no artigo 11 da Lei nº 8.429/92 (Lei de
Improbidade Administrativa) pela ofensa aos Princípios da Administração e penas previstas no artigo 12
dessa Lei.

Sabe-se que o Poder Público, por imposição da Constituição Federal, está submetido ao dever de realizar
concurso público a fim de contratar funcionários que realizem todas as funções necessárias ao seu
funcionamento.

Excepcionalmente, as contratações podem deixar de exigir a realização de concurso público, porém tais
situações estão previstas em “numerus clausus” pelo constituinte, estando entre as hipóteses contempladas
as contratações temporárias, desde que realizadas por prazo determinado e justificada a carência e a
excepcionalidade da situação de interesse público, nos termos do artigo 37, IX, da Constituição Federal.

No caso dos autos, a requerida buscou justificar a contratação de mão-de-obra ao argumento de que tal se
destinava à realização de atividade-meio e não atividade-fim da Administração.

Como se sabe, atividade-fim é aquela voltada para atender à finalidade precípua da Administração Pública
que são os serviços públicos. No caso do Município, são aquelas previstas basicamente no artigo 30 da
Constituição Federal e concernentes a interesse local, nisso compreendido, além da educação, saúde e
ordenamento territorial, a limpeza das vias urbanas e a vigilância dos equipamentos urbanos. Já a
atividade-meio é aquela voltada para atender a administração em si, que são os interesses secundários da
Administração Pública, como a limpeza interna do gabinete do prefeito e secretários.

Da análise do contrato 126/2010 firmado em 22/11/2010 (pp. 321/327) não explicita nem a natureza do
serviço prestado e possuía, para a prestação de serviços durante doze meses, o valor histórico de quase
três milhões de reais. Deduz-se o tipo de atividade exercida graças à lista que integra o contrato às páginas
328/332. Ressalte-se que esse contrato ainda teve, no mínimo, três aditivos prorrogando-lhe a vigência,
constando o terceiro às páginas 359/360 datado de novembro de 2012.

Já da análise do contrato 123/2011 (pp. 187/193), vê-se que na cláusula primeira que o objeto daquele é a
“limpeza urbana” e que, pela vigência de 12 (doze) meses, pagar-se-ia mais de dois milhões de reais em
valores históricos de 27/09/2011 e isso sem especificar o quantitativo de pessoas empregadas no referido
serviço.

Do depoimento das testemunhas arroladas pela própria defesa, reconhece-se a contratação de mão de obra
para atividades próprias da municipalidade, tais como limpeza urbana e vigilância dos prédios públicos,
prestada por empresa terceirizada.
Em seu depoimento, VICTOR SOUZA SANTOS afirmou que sempre prestou o serviço de gari fazendo
limpeza de rua assim como várias pessoas que realizam o mesmo serviço para o Município. Afirmou que
a Via Norte somente prestava os serviços públicos de limpeza de rua e vigilância, empresa para quem
trabalhou mediante assinatura de CTPS onde consta como função Agente de Limpeza e sua escala era de
6h às 12h e das 13h às 16h. Esclareceu que o serviço era setorizado e fiscalizado pelos fiscais da empresa.
Acrescentou que já trabalhou em diversas ocasiões durante a gestão do então Prefeito Etelvino mas
sempre como gari e contratado diretamente pelo Município, porém dessa vez o foi através da Via Norte,
esclarecendo que jamais enviou currículo ou se dirigiu à citada empresa, o contato foi feito com ele (o
Prefeito), depoimento confirmado pelo prestado por ARICLENES GOMES DE MATOS.

Dos depoimentos das testemunhas, restaram incontroversas que as contratações visavam às atividades-fim
do Poder Público, especialmente limpeza e vigilância urbanas e que, embora a Prefeitura tivesse
contratado firma terceirizada, as contratações se davam por indicação do então Prefeito.

E mais: tais contratações se deram na vigência de concurso público que visou preencher cargos destinados
às mesmas atividades, sendo os candidatos aprovados preteridos na lista de espera haja vista a contratação
da empresa Via Norte para realizar, via terceirização, os mesmos serviços.

Não se quer dizer que as terceirizações sejam ilegais. A execução indireta dos serviços públicos é legal e
permitida, porém dentro de determinados parâmetros para não implicar violação da forma precípua de
contratação de mão de obra, que é o concurso público.

Contratar sem concurso público é fato configurador de improbidade, ilícito civil tipificados no artigo 11º,
V, da Lei nº 8.429/92, adiante colocados:

Art. 1º - Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
Administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estado, do Distrito
Federal, dos Municípios, de Territórios, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade
para cuja criação ou custeio ou erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei.(...)

Art. 11º Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração
Pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e
lealdade as instituições, e notadamente:

(...) V – Frustrar a licitude de concurso público;

Confrontando as normas legais descritas com os fatos acima comprovados, tem-se como conclusão
inegável que a conduta do município e do réu no exercício do cargo de Prefeito Municipal faz enquadrá-lo
como tendo praticado a improbidade administrativa apontada nas citadas normas.

Por óbvio, é inerente ao exercício dos cargos públicos, especialmente àqueles que se propõem a comandar
a administração pública como gestor do dinheiro público, observância à moralidade, probidade,
impessoalidade e transparência, tudo em respeito à comunidade que os elegeu.

Outrossim, a inobservância das regras de legalidade e moralidade dos atos por parte do gestor da coisa
pública, independente do valor nominal do patrimônio agredido ou dilapidado, faz gerar prejuízo
incalculável, por criar e reforçar a presunção de que qualquer cidadão poderá, também, apropriar-se da
coisa comum, porque contribuinte e inspirado no modelo apresentado por um ocupante do cargo
executivo mais alto do Município. Por tal motivo desejou o legislador da lei n.º 8.429/92 alcançar o ato do
gestor do bem público, independentemente da existência de prejuízo causados ao erário, dada a visão
moralizadora dessa, como deixou claro no seu artigo 21, I.

Por fim, não se torna viável proibir o Município de contratar via terceirização uma vez que tal modalidade
é possível desde que obedecido o ordenamento jurídico e não se frustre a regra do concurso público.
Diante de tais fundamentos e das evidências trazidas aos autos pelos documentos acostados, observada a
gradação da ilicitude praticada, ainda a sua repercussão no patrimônio Público imaterial, haja vista a
violação de seus princípios norteadores, para prejuízo moral da comunidade; observado também, o caráter
doutrinador, testemunhal e moralizador que deve ser alcançado por decisões deste jaez, confirmo a
antecipação dos efeitos da tutela JULGO PROCEDENTE OS PARTE DOS PEDIDOS CONTIDOS
NA AÇÃO e reconheço a nulidade do contrato nº 126/2010 firmado entre o Município de Rosário do
Catete e a Empresa Via Norte Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda. e declaro, na forma do pedido,
que o então Prefeito praticou os atos de improbidade administrativa definidos como tal no artigo 11º,
V, da Lei 8.429/92, e condeno ETELVINO BARRETO SOBRINHO nas sanções previstas no art. 12, III
da referida lei a: 1) ter suspensos os seus direitos políticos pelo prazo de 03 (três) anos; 2) perda da
função pública que exerça atualmente; e 3) proibição de, por 03 (três) anos, de contratar com o Poder
Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por meio de pessoa jurídica da qual sejam sócios e 4) ressarcimento integral do dano pertinente a todo o
valor pago pelos cofres públicos, devidamente atualizado, por força do contrato nº 126/2010 firmado com
a empresa Via Norte.

Condeno o réu, ainda, ao pagamento das custas processuais no prazo de 10 (dez) dias. Não efetuado o
pagamento nesse prazo, oficie-se à Procuradoria do Estado para execução.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Remeta-se cópia da presente ao TRE-SE.

Notifique-se o Ministério Público.

Transitada em julgado, arquivem-se os autos.

Carmópolis, 22 de fevereiro de 2018.

Documento assinado eletronicamente por CLAUDIA DO ESPIRITO SANTO, Juiz(a)


de Rosário do Catete, em 22/02/2018, às 10:54, conforme art. 1º, III, "b", da Lei
11.419/2006.

A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos, mediante
preenchimento do número de consulta pública 2018000390443-43.

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