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AUTORA
DÉBORA PRAZERES BALBINO
Universidade Federal de Pernambuco
deboraprazeresb@hotmail.com
Resumo
Abstract
In an attempt to build competitive advantage and survive against the competition intensified
by the entry of large networks in the market, start small business strategic alliances in order
to share resources alone would not have access. These strategies are increasingly common in
many industries, especially in the supermarkets. Thus, this research aimed to analyze the
process of formation and evolution of a supermarket chain, under the perspective of the
Resource-Based View. It is a qualitative research exploratory and descriptive case study that
used as a method. The case was chosen Network CompreMAIS supermarket, the state of
Paraiba. For data collection interviews were held with the executive board network. For data
analysis, we identified information about the network formation; reasons for its creation,
benefits and disadvantages; obstacles and challenges, commitment and participation of
members; sustainability, degree of trust and opportunistic behavior, and
changes consequences that have occurred over the years, and future vision of the
network (Goals). As a result, it can be concluded that participation in that alliance led to an
increase of the capacities of partners, the continued knowledge transfer, resource sharing,
the sharing costs and risks, higher learning, among others, corroborating the RBV.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Estratégia e Vantagem Competitiva
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As alterações que ocorreram e continuam ocorrendo no mercado levam,
consequentemente, à alterações na forma de atuação das empresas. A competitividade no
âmbito organizacional vem modificando as posturas das organizações, e não apenas para a
obtenção de lucratividade acima da média, mas, principalmente, para se manterem no
mercado.
Nesse sentido, é fundamental que as empresas adotem um posicionamento estratégico
para que consigam alcançar o sucesso esperado. De acordo com Chandler (1998), estratégia
corresponde à definição dos objetivos básicos de longo prazo de uma empresa, e à adoção de
linhas de ação e alocação de recursos tendo em vista esses objetivos. Dessa forma, a estratégia
da organização deve ser formulada e aplicada considerando-se o ambiente externo, no sentido
de melhor adaptar-se as alterações deste; o ambiente interno, objetivando consistência junto às
políticas e práticas adotadas pela organização; as atividades operacionais, para que não se
restrinja à planejamentos, e seja aplicável em todas as áreas funcionais da organização; e o
desempenho, visto que o objetivo desejado é o alcance de resultados superiores aos da
concorrência (ANSOFF; MCDONNELL, 1993), a partir da geração de vantagem competitiva.
Na visão mercadológica, externa, também chamada de “Porteriana”, o termo vantagem
competitiva consiste na superioridade que uma empresa apresenta com relação aos
concorrentes, em função das estratégias que a mesma adota, e que sustenta seu sucesso
competitivo. Segundo essa perspectiva, a partir da atratividade da indústria, existem duas
fontes básicas de vantagem competitiva que definem o posicionamento da empresa: baixo
custo ou diferenciação, as quais, juntamente com o âmbito competitivo, definem os diferentes
tipos de estratégias genéricas (PORTER, 1985; 1986; 1991).
Em contrapartida, na visão dos recursos, interna, a vantagem competitiva está
intimamente relacionada com os fatores internos da empresa (recursos e capacidades).
Identificar como tais recursos e capacidades são aproveitados e combinados é o que torna a
vantagem competitiva sustentável. Esta, portanto, origina-se de uma competência central do
negócio, que deve apresentar alguns aspectos para ser realmente efetiva, como: ser de difícil
imitação, valiosa, única, sustentável, aplicável a várias situações, imóvel, e principalmente,
superior à concorrência (BARNEY, 1991; 2002; PETERAF, 1993).
A premissa principal da Resource-based View (RBV) é que a variedade de recursos
disponível entre as empresas garante desempenhos diferentes e, não podem ser transferidos
para outras organizações sem que haja a incidência de custos (BARNEY, 1991). Entretanto,
mesmo que esses recursos fossem semelhantes e pudessem ser passados de empresa para
empresa, a forma de tratá-los seria diferente, porque cada empresa tem uma maneira própria
de lidar com seus recursos, representada pela idiossincrasia dos mesmos. Portanto, as
organizações conseguem uma vantagem competitiva ao adquirirem ou desenvolverem
recursos e capacidades superiores ou uma combinação de recursos e capacidades superior.
Diante do exposto e considerando o foco do estudo, a RBV será abordada com maior
ênfase, uma vez que ela envolve os recursos da firma, justifica a diferença entre as empresas,
e trata do compartilhamento de recursos entre as mesmas.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Considerando que a presente pesquisa visa proporcionar maiores informações sobre
alianças estratégicas, a mesma é classificada como exploratória (LEÃO, 2006). Quanto à
abordagem, é qualitativa pelo fato de apresentar uma interpretação do pesquisador diante do
contexto em que se insere, e por não apresentar procedimentos que dependam de análise
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estatística (SILVA e MENEZES, 2001). Para tanto, o método utilizado foi o estudo de caso
(YIN, 2005).
O caso escolhido para a realização da pesquisa foi a Rede CompreMAIS de
supermercados, fundada em 2004, com sede na cidade de Campina Grande-PB. A escolha
desta rede foi feita de forma intencional, sob o critério de acessibilidade, e por esta ser
considerada uma “experiência bem sucedida do associativismo na Paraíba”
(NESUPERMERCADOS, 2010, p. 06).
Quanto aos procedimentos para obtenção de dados, foi realizada uma pesquisa de
campo, caracterizada pela visita à rede de supermercados estudada, na qual foram feitas
entrevistas (em dezembro de 2010) com a diretoria executiva da rede, composta pelo
presidente, vice-presidente, secretário e tesoureiro, que serão assim identificados para evitar
citar nomes e resguardar sua identidade, conforme solicitado pelos mesmos. As informações
fornecidas foram complementadas pelo estatuto da rede e por alguns documentos, folders e
revistas que registravam algumas informações sobre a rede e sua evolução ao longo dos anos,
o que auxiliou na análise dos dados.
Para as entrevistas, foi utilizado um roteiro estruturado (MARCONI e LAKATOS,
2009) que constava de questões sobre a formação da rede; as razões para sua criação; os
benefícios e desvantagens da rede; obstáculos e desafios; o comprometimento e participação
dos associados; sustentabilidade, grau de confiança e ações oportunistas; mudanças e
consequencias ocorridas ao longo dos anos; e a visão futura da rede (metas). As informações
são apresentadas no tópico a seguir.
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Com relação à estrutura da rede, esta é dirigida por uma Diretoria Executiva formada
por quatro membros: um presidente, um vice-presidente, um secretário, e um tesoureiro. Além
dessa diretoria, existe um conselho fiscal constituído por cinco membros, dos quais dois são
suplentes, que tem por objetivo fiscalizar as operações, atividades e serviços da associação.
Em casos de necessidade, ou para assuntos específicos, tratados ou não no estatuto da rede, é
constituída uma assembléia geral, órgão máximo da Rede. Assim, no cotidiano da rede, quem
representa os associados é a diretoria executiva, que assim como o conselho fiscal, é
substituído a cada dois anos. Além desses, a rede ainda tem uma secretária, uma pessoa
encarregada pela função financeira, um gerente geral, uma assessoria contábil, e uma
assessoria de marketing.
A partir dessa estrutura, a gestão da rede auxilia, segundo o presidente da diretoria
executiva, a gestão de cada supermercado. Assim, a gestão da rede possibilita, a partir de suas
ações, que os supermercadistas tenham acesso a recursos que eles não teriam sozinhos,
inclusive, auxílio na própria gestão dos mesmos.
Com relação ao processo decisório, mesmo que haja uma diretoria executiva, as
decisões são tomadas considerando as opiniões de todos os sócios, e sempre a opinião mais
votada é a que prevalece. Por esse motivo, existe uma cobrança e uma exigência considerável
para a presença dos associados em todos os encontros, realizados semanalmente. Em casos de
não comparecimento ou atrasos, uma multa é cobrada aos respectivos associados. Nesses
encontros, existe uma pauta de reunião na qual são definidos os assuntos a serem discutidos
no determinado dia, mas de forma geral, os associados compartilham informações, trocam
experiências, fazem compras conjuntas e tomam decisões.
Essas reuniões acontecem no escritório central da Rede, que segundo o presidente,
“(...) viabiliza o encontro dos lojistas com os fornecedores, padronizando as negociações”.
Ainda segundo ele, essas reuniões “proporcionam o crescimento profissional dos empresários,
pois cada um expõe seu ponto de vista e as experiências que cada um tem do mercado,
enriquecendo as discussões”.
Além das reuniões da própria rede, os supermercadistas participam de congressos,
estaduais e nacionais, como por exemplo, Convenção Paraibana de Supermercados -
CONSUPER, Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados da
Associação Paulista de Supermercado - APAS, Associação Brasileira de Atacadistas e
Distribuidores e Produtos Industrializados - ABAD, Feira das Indústrias, Atacadistas,
Distribuidores e Supermercadistas de Pernambuco - Super Mix, Encontros de Redes e
Centrais de Negócios, através dos quais os empresários adquirem as informações que tanto
precisam para a tomada de decisões, com também para o próprio planejamento da rede.
Com relação às atividades cobertas pela rede, destacam-se a compra conjunta de
produtos; o cartão de fidelização de clientes; o layout das lojas; os produtos de marca própria;
a publicidade e a propaganda; o jornal de ofertas; a pesquisa de preço; o treinamento de
funcionários; entre outras.
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esses hipermercados e outras redes se instalaram. Contudo, esse impacto foi sentido por todos,
porque a maioria das cidades em que a rede se encontra, é próxima de Campina Grande.
Um quarto ponto citado como desafio, é a fiscalização. Conforme a tesoureira da rede,
“O aumento de fiscalização é um desafio, uma vez que, como a marca já é muito forte, é
fiscalizada como as grandes empresas”. Ou seja, com o crescimento da rede, ela passa a ser
mais vista, e os supermercadistas, mais notados. Com isso, há o aumento da fiscalização dos
mesmos, o que é algo positivo, porque eles buscam melhorar suas atividades e gestão
continuamente, mas acaba gerando um certo desconforto, porque sempre existe algo a ser
feito.
Por fim, o último desafio abordado é a “mudança de deixar de ser um supermercado de
bairro e se tornar parte de uma grande grupo”, diz o vice-presidente. Segundo ele, a maioria
dos supermercadistas tem uma visão limitada de crescimento e acabam pensando pequeno.
Isso, por sua vez, resulta no baixo comprometimento de alguns associados. Ainda segundo o
vice-presidente, “... nós precisamos pensar como um grupo, porque fazemos parte de um
grupo. É a partir da soma de nossas forças que conseguimos alcançar nossos objetivos. Então,
devemos agir como um grande grupo, e acreditar nisso”.
No que diz respeito à sustentabilidade da aliança, percebe-se que a rede encontra-se
numa situação favorável, uma vez que a mesma está no mercado há seis anos, crescendo
continuamente e ganhando espaço no mercado supermercadista, a partir também da
intensificação das ações e parcerias firmadas, tanto com fornecedores, como também com
concorrentes. Além disso, a rede está possibilitando o aumento do retorno dos associados, o
aumento das forças das empresas (sinergia), a divisão de possíveis riscos, e a transferência de
tecnologia, uma vez que possibilitou, segundo os entrevistados, o acesso a inovações,
modernização tecnológica e automação comercial para os associados, que conseguiram
informatizar a maioria de suas atividades, a exemplo dos check outs das lojas, a gestão de
estoques, de compras, o financeiro.
Ainda no que concerne à sustentabilidade, apesar de terem existido algumas situações
oportunistas (nos primeiros anos da rede) e de ter sido verificada a falta de comprometimento
de alguns associados, resultando inclusive em exclusão da rede, segundo a diretoria executiva,
“o grau de confiança entre os associados é grande, principalmente porque ao longo do
tempo, as relações vão se fortalecendo”. Além disso, a maioria dos sócios, até mesmo pela
forma como a rede foi inicialmente criada, já se conheciam antes e mantinham relações de
amizade, que crescem continuamente com o passar do tempo.
É com esse tempo, que já se registram algumas mudanças, tanto em atividades da
rede, como nos supermercados de forma individual. Uma mudança que houve para os
associados em detrimento da entrada na rede, diz respeito às mudanças tecnológicas. No
início da rede, apenas duas lojas possuíam sistema de informação e software especializado.
Atualmente, 80% das lojas são informatizadas e trabalham com o mesmo software. Conforme
afirmado pelos entrevistados, foi a partir da troca de informação e de experiências entre os
associados, em especial, dos que já eram informatizados, que os demais, paulatinamente,
começaram a informatizar suas atividades. Assim, a rede possibilitou o acesso a inovações e a
tecnologias que até então os supermercadistas não tinham, nem pensavam em ter.
Uma outra mudança citada diz respeito à mudança de foco da rede. Antes a rede era
voltada meramente para vendas e marketing. Hoje, ela apresenta algumas atividades voltadas
para o social. Um exemplo, segundo o presidente da rede, é que:
Inicialmente a rede fazia campanhas distribuindo muitos prêmios para chamar
atenção e ficar mais visada - houve até uma campanha, em 2008, em que cada loja
sorteou uma moto e 10 outros prêmios, totalizando 25 motos e 250 prêmios. No
entanto, os associados foram percebendo que isso não era o suficiente, além do que,
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tal fato estava tornando-se banal. Ela precisava fazer algo diferente e mais
grandioso, fazendo campanhas diferenciadas, como por exemplo a campanha deste
final de ano que tem o objetivo de incentivar a leitura e fazer palestras nas escolas.
Para isso, as lojas estão distribuindo livrinhos com histórias clássicas infantis na
hora da venda.
Percebe-se que os associados já visualizam a necessidade de buscarem outras maneiras
de atingir os clientes e de ajudá-los de alguma outra forma, fidelizando-os mais ainda, através
de uma relação ganha-ganha.
A terceira e última mudança está relacionada ao incentivo à marca CompreMAIS, a
partir da redução da divulgação individual, pois, mesmo fazendo parte de uma rede, cada
supermercado sempre manteve (alguns ainda mantêm) sua individualidade e ações separadas,
com sua propaganda e imagem próprias. Portanto, a mudança está relacionada ao desafio
citado anteriormente de pensar como um grupo, e não mais como um pequeno supermercado.
É com base nessa idéia que eles começam a investir na marca da rede, para que esta cresça
cada vez mais, e consequentemente, os supermercadistas tenham mais retorno. A fixação de
imagem da marca faz-se importante, pois além de torná-la conhecida entre os consumidores,
dá credibilidade para a associação, funcionando como uma força motivadora do
comportamento do consumidor. Para tanto, os entrevistados citaram como ações
desenvolvidas, a operação com uma única bandeira – todos os supermercadistas atuam com o
nome de seus respectivos supermercados aliado ao nome da rede; a utilização comum de
uniformes, de material promocional como tablóides, panfletos, sacolas de compras; incentivo
ao cartão da rede etc.
A partir dessas mudanças e dos benefícios proporcionados pela rede, os entrevistados
citaram algumas consequências sentidas pelos supermercadistas por fazerem parte da rede.
De uma forma geral, a diretoria executiva afirmou que uma das principais e melhores
consequencias, foi o aumento do faturamento. Segundo a tesoureira, o faturamento médio da
rede triplicou, chegando hoje a aproximadamente R$ 8 milhões. Além disso, o espaço físico
dos estabelecimentos, também aumentou. Algumas lojas dobraram o espaço; outras, chegaram
a triplicar; algumas, estão em processo de expansão. Com isso, aumentou-se também o
número de funcionários, que antes somavam 300, e hoje resultam em 600. Ainda como
conseqüência, devido ao aumento do faturamento, as lojas atingiram o máximo permitido pelo
supersimples, e estão migrando para o lucro real.
O último ponto abordado na pesquisa trata-se das metas ou planos da rede. Conforme
mencionado pelo presidente, foi realizado um planejamento estratégico com todos os
associados, juntamente com o apoio do SEBRAE, e as demais decisões são tomadas com base
nesse planejamento inicial. Assim, é feito um controle para identificar as falhas e sucesso, um
acompanhamento para verificar o que foi realizado, bem como o que ficou faltando fazer, e a
partir disto, são traçadas as metas para cumprir esse planejamento.
Dentre as metas mais urgentes da rede, estão a padronização das fachadas – luminosos
e pinturas, da comunicação visual interna e do layout de todos os associados, porque isso
possibilitará o fortalecimento da marca da rede, bem como a redução da divulgação das
marcas individuais. Atualmente, embora haja um trabalho de expor e fortalecer a rede, as
empresas continuam com seus nomes de fantasia de origem. A meta, portanto, é que todos
passem a ser: Rede CompreMAIS, e tenham as mesmas características.
Uma segunda meta é ter 100% das lojas informatizadas e com o mesmo sistema fiscal
até 2012. No início, apenas duas lojas eram informatizadas. Hoje, 80% já são. A diretoria
espera que até 2012, todos estejam, porque isso possibilitará além da própria padronização, a
agilidade nas ações e na gestão dos supermercados, tornando a gestão financeira, de vendas,
de estoque, mais eficiente e eficaz. Além disso, a rede está adquirindo um novo software para
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gerenciar as informações entre os associados, uma espécie de “linha direta”, palavras do
secretário da rede. Esse software permitirá que o associado veja, em tempo real, informações
sobre prazo de uma determinada compra, qual é o produto e o prazo para a aquisição,
possibilitando que o lojista veja sua necessidade de compra e antecipe seus pedidos. Isso
agilizará a gestão, a troca de informação, e a tomada de decisão na rede. Com relação ao
sistema fiscal, boa parte já migrou para o lucro real, mas ainda existem alguns associados que
permanecem no supersimples. A meta envolve também que todos eles estejam, em 2012, com
o sistema de lucro real, facilitando as ações e melhorando a organização dos supermercados.
A última meta diz respeito à criação de um centro de distribuição. A rede ainda não
tem um estoque central, as compras são feitas em conjunto, mas a entrega é feita direto da
empresa fornecedora para cada uma das lojas. Entretanto, conforme afirmado pela diretoria
executiva, um projeto já está sendo avaliado e a rede vai criar seu centro de distribuição (CD)
como forma de ganhar incentivo fiscal (3% de imposto estadual), que só é dado a grandes
atacadistas. Com isso, a rede conseguirá mais benefícios para seus associados, e deixará de ser
uma associação civil sem fins lucrativos, para ser uma aliança sem participação acionária, na
qual as negociações com fornecedores ocorrerão através da central, sem vinculo jurídico entre
as empresas. A aquisição e entrega das mercadorias serão feitas pelo centro de distribuição da
associação, mas as notas fiscais de faturamento continuarão sendo obrigatoriamente emitidas
em nome de cada empresa associada.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação de alianças estratégicas surge como um substituto para as compras de
mercado, criando formas híbridas de relacionamento, tanto para a empresa, como para o
próprio mercado, evidenciando muitas vezes, relações de “coopetição”. Trata-se também de
uma estratégia comumente adotada no setor supermercadista.
No caso da rede CompreMAIS de supermercados, a compra conjunta foi a primeira
ação fruto desta aliança, porém, gradativamente outras ações foram sendo realizadas. Os
resultados incluem uma maior profissionalização da rede, que resulta na utilização de uma
marca única (mesma “bandeira”), padronização de layout interno, uso de fachadas uniformes,
treinamento de funcionários, ações de marketing, entre outros benefícios, que sozinhos, os
supermercadistas não teriam condições de fazer.
É, portanto, algo que se verifica em diferentes estágios de implementação, e que vai
evoluindo com o passar do tempo, com o qual amplia-se o comprometimento dos associados e
o grau de confiança entre os mesmos. Dessa forma, a rede CompreMAIS proporciona vários
benefícios para os associados, e vai se fortalecendo a medida em que o nível de
comprometimento dos sócios também cresce. Tais benefícios envolvem aumentar o retorno,
combinar forças individuais para criar sinergias, dividir riscos, transferir tecnologia, alavancar
e compartilhar recursos, como marca e serviços diferenciados.
Além disso, foi observado que existe em tal aliança, interesse mútuo no futuro do
outro; orientação estratégica de longo prazo; suporte da alta gerência; estilos de administração
baseados em coordenação, discussão dos assuntos, sem decisões unilaterais. Ou seja, todas as
decisões são tomadas em conjunto e considerando a opinião de todos os associados.
Dentre as vantagens de participar desta rede, destacam-se o fato de que ela gera um
aumento da lucratividade das empresas participantes, uma vez que aumenta o poder de
negociação com os fornecedores, permitindo redução dos custos e, conseqüentemente,
redução dos preços de venda para o consumidor final, criando valor.
Assim, apesar da existência de algumas desvantagens, e de certos desafios e
obstáculos para a associação, esta proporciona mudanças para os supermercadistas, seja de
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ação ou em operações; e várias consequências, como aumento de faturamento, de espaço
físico, de número de funcionários; e até de sistema fiscal.
Dessa forma, não há dúvidas que uma associação entre pequenas empresas é uma
solução viável para se concorrer num mercado extremamente competitivo e profissional como
o do setor de supermercados, possibilitando o acesso a recursos e capacidades que os mesmos
não teriam agindo individualmente. Pode-se concluir que a participação na referida aliança
permitiu o aumento das capacidades dos sócios; a contínua transferência de conhecimento; o
compartilhamento de recursos; o compartilhamento de custos e riscos; a uma maior
aprendizagem; entre outros, corroborando com a RBV. Deste modo, os sócios passaram a ter
acesso a recursos e capacidades estratégicos, que individualmente dificilmente conseguiriam,
os quais se constituem poderosas fontes de vantagem competitiva.
Por fim, o presente trabalho traz contribuições ao estudo das alianças entre empresas,
principalmente, ao estudar um tipo de aliança que cresce no contexto empresarial. Contudo,
cabe ressaltar que os resultados obtidos neste trabalho não podem ser generalizados, por se
tratar de um estudo de caso.
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