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O Ápice da Visão e a Realidade - Witness Lee

Sumário

1.O ápice da visão (1)


2. O ápice da visão (2)
3. A realidade do Corpo de Cristo (1)
4. A realidade do Corpo de Cristo (2)

PREFÁCIO

Este livro é a tradução do inglês de mensagens liberadas em chinês pelo irmão


Witness Lee em comunhão com os presbíteros de Taipé, de 17 a 20 de maio de
1994 em Anaheim, Califórnia.

CAPÍTULO UM O ÁPICE DA VISÃO (1)

Oração: Ó Senhor, como Te agradecemos por nos possibilitar esta reunião.


Senhor, quando olhamos para trás, do passado até o presente, realmente Te
adoramos, pois tudo depende de Tua misericórdia e tudo é feito por ela. Quanto a
nós, até este dia ainda somos inúteis, carentes e cheios de falhas diante de Ti. Ó
Senhor, o que nos tens mostrado é tanto e tão alto, porém temos de admitir diante
de Ti que aquilo em que penetramos de maneira prática é muito pouco. Ó Senhor,
vimos aqui por um lado para louvar-Te e agradecer-Te, e por outro para
confessar-Te nossas falhas e fracassos. Senhor, concede-nos novamente Tua
presença nestes poucos dias. Ainda esperamos em Ti, por Tua misericórdia com
temor e tremor. Quando olhamos para nós mesmos, somos inúteis. Ó Senhor,
realmente limpa-nos e unge-nos. Que nos abençoes e guies em nossa comunhão
para que não pronunciemos palavras vazias nem percamos tempo. Oramos para
que nos sustentes. Ó Senhor, toda vez que vimos à Tua presença, como nos
ensinaste em Tua oração, não podemos esquecer-nos de que Teu inimigo ainda
está aqui. Oramos, Senhor, para que nos livres de suas tentações. Ó Senhor, que
realmente nos habilites a vencer o inimigo pelo poder de Tua ressurreição. Ó
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Senhor, ainda mais, pedimos que nos cubras com Teu sangue precioso e
prevalecente, e resistas por nós a seus ataques e transtornos. Ainda pedimos que
o amarres por amor de Teu mover na terra. Ó Senhor, oramos para que também
Te lembres de nossas fraquezas. Somos vasos frágeis; sem Ti nada podemos
fazer, nada temos e nada somos. Só podemos louvar-Te, pois Tu és tudo. Amém.
Visto que todos vocês vieram de avião de tão longe, estou muito grato
interiormente e de certa forma animado. Infelizmente não vou às reuniões há três
meses. Esta é a primeira vez nesse tempo que me reúno com vocês, irmãos, para
ter comunhão. Sinto que por causa da necessidade que está diante de nós, não
posso dedicar-lhes muito tempo. Nestas quatro noites, além do período para
oração, limitaremos nosso tempo a uma hora. Nos últimos 3 meses guardei
muitíssimas coisas em mim que quero dizer para as igrejas da restauração do
Senhor e não acredito que consiga fala-Ias nem em trezentas ou quatrocentas
mensagens. Percebo que nestas poucas noites o Senhor quer que eu libere algo a
vocês. Esta noite teremos comunhão a respeito do ápice da visão que o Senhor
nos mostrou nestes mais de setenta anos. Amanhã à noite talvez tenhamos
comunhão sobre a realidade do Corpo de Cristo. Por fim poderemos dar uma
palavra de advertência e de alerta. A VISÃO E A REVELAÇÃO QUE O SENHOR
NOS MOSTROU PELO IRMÃO NEE Agradecemos ao Senhor, pois, de acordo
com o que sabemos, no que diz respeito à história da igreja e ao atual estado da
igreja, não houve nenhuma era em que a revelação do Senhor para com ela tenha
sido tão completa e elevada quanto o que nos foi revelado nos últimos setenta e
quatro anos, começando pelo irmão Nee. Por meio dele, o Senhor primeiro nos
mostrou a questão da salvação. Naqueles dias milhões de missionários ocidentais
foram à China. Muitos tinham boa medida de valor espiritual e eram bem
estudados, mas nenhum deles ensinou a respeito da salvação de modo tão
completo e perfeito. Essa era a situação até que o irmão Nee foi levantado pelo
Senhor. Ele não apenas pregou o evangelho, mas viu a salvação realizada pelo
Senhor de acordo com Sua redenção, de dentro para fora, do começo ao fim, de
modo completo e perfeito, e também passou tudo a nós. Todos vocês sabem
disso. Se quiserem saber os detalhes, leiam as publicações do irmão Nee. Por
essa razão compilamos todas elas e as imprimimos em três jogos. Embora todos
vocês sejam muito ocupados, ainda espero que leiam cada página delas. Além do
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mais, por meio do irmão Nee o Senhor nos mostrou a questão da igreja. A respeito
dela, o Senhor nos mostrou que, do lado negativo, o cristianismo e o catolicismo
estão de modo geral degradados e deformados. Nunca alguém havia falado sobre
a degradação da igreja católica e das igrejas protestantes de forma tão clara e
completa quanto o irmão Nee o fez. Do lado positivo, o Senhor também o
conduziu a ver a igreja local, ou seja, o aspecto prático da igreja numa cidade. Ele
despendeu muito esforço enfatizando esse ponto. Por fim o ponto que tanto
enfatizou ficou claro. Ele nos habilitou a ver claramente a base e a realidade da
igreja. Em terceiro lugar, foi também por meio do irmão Nee que Deus nos
mostrou a respeito de Cristo como nossa vida. Cristo deve ser para nós não
somente o Salvador, o Redentor, o Libertador, o que concede graça e outros itens
mais. Isso não é o centro. O centro é que Cristo deve ser nossa vida. A redenção,
a salvação e a graça do Senhor não são a meta, mas o procedimento para
alcançá-la. A meta de Deus é Cristo como nossa vida. Digo novamente: não
apenas os missionários ocidentais que foram à China não enfatizaram esse ponto;
mesmo em toda a história do cristianismo somente alguns prestaram atenção a
ele. Esses poucos começaram principalmente com Madame Guyon.
Posteriormente houve os místicos e depois os da vida interior. É claro que o irmão
Nee ficou sobre seus ombros, mas viu algo de forma mais completa e algo mais
elevado, profundo e rico do que o que eles tinham visto. Depois disso o Senhor
nos mostrou o Corpo de Cristo por meio do irmão Nee. O Senhor nos mostrou que
a igreja numa cidade é o procedimento, e não a meta. A meta da igreja numa
cidade é a edificação do Corpo de Cristo. Nesse ponto, lamentavelmente, entre
nós havia certo número de irmãos de peso, no entanto viram apenas a importância
da igreja numa cidade e não viram o Corpo de Cristo. Por isso levantavam-se para
discutir dizendo que o irmão Nee disse muito claramente que todas as igrejas são
autônomas, e uma não tem nada a ver com as outras. A igreja numa cidade,
qualquer que seja, não deve interferir na igreja em outra cidade. Isso desconsidera
totalmente o Corpo de Cristo. Assim, por meio do irmão Nee, o Senhor nos
mostrou mais longe, que o que Deus quer no final não é apenas a igreja numa
cidade. Apesar de no final da Bíblia haver os sete candelabros, todos eles se
tornam uma cidade, a Nova Jerusalém. No entanto esses irmãos que enfatizavam
o aspecto local da igreja insistiram muito que Apocalipse nos mostra no começo
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igrejas individuais. Além disso, foram influenciados pelos Irmãos Unidos e
consideravam que todas as sete igrejas eram diferentes. Porém a visão deles era
errônea, porque não queriam ver que os sete candelabros de ouro são
indistinguíveis em natureza, forma e função. Se os colocarmos diante de nós, a
menos que numeremos cada um, é impossível dizer qual é qual. Apesar de
Apocalipse 2 e 3 mostrar-nos sete igrejas, os irmãos tendenciosos não vêem que
as diferenças entre elas não são positivas, e sim do lado negativo. As sete igrejas
têm suas características distintas somente nas condições negativas, como
fraquezas, degradação, erros e faltas. Não apenas isso, Apocalipse não tem
apenas três capítulos. Se continuamos a leitura, primeiramente vemos os
vencedores. Embora sejam vencedores das igrejas, no capítulo doze vemos que
todos são apenas um filho varão, e não sete filhos varões. No capítulo catorze
vemos que são um só grupo de 144.000 vencedores, não dois ou muito menos
sete. Esses 144.000 vencedores não podem ter saído de apenas uma igreja. Em
todo o livro de Apocalipse apenas vemos um filho varão, um só grupo de
vencedores. Além do mais, Pedro era o apóstolo que estabeleceu as igrejas
judias, e Paulo o apóstolo, as igrejas gentias (Gl 2:8). Mas no final de Apocalipse
as igrejas estabelecidas pelos doze são um edifício apenas: a cidade santa, a
Nova Jerusalém, o Corpo de Cristo. Todos receberam a questão da salvação
liberada pelo irmão Nee. As pessoas também receberam o que ele ensinou sobre
a igreja local. Na questão de Cristo como nossa vida, aparentemente as pessoas
receberam o que ele disse, mas poucos entraram nessa realidade. Devemos viver
com Cristo dia após dia, recebê-Lo como nossa vida, tomá-Lo como nossa pessoa
no viver diário, ter uma vida em conjunto com Ele. Mas os que realmente praticam
isso, sem mencionar os que não se reúnem conosco, mesmo entre os irmãos da
restauração do Senhor, são tão poucos quanto a estrela da manhã. Todos vocês
são muito sinceros, e não pagaram pouco para viajar do outro lado do mundo para
estar aqui. Por terem vindo com sincero coração, vou ser sincero. Posso
perguntar-lhes, entre aproximadamente vinte de vocês, quantos podem dizer de
seu espírito, de sua consciência, com total confiança: "Eu sou uma pessoa que
vive por Cristo"? Quantos de vocês podem dizer: "Independente de com quem eu
lide, independente do que eu faça, mesmo no vestuário e na alimentação, mesmo
ao falar com minha esposa, em coisas pequenas e grandes, sempre vivo com
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Cristo, faço tudo no espírito e de acordo com o espírito, e em meu viver
diariamente experimento Cristo, que recebi, e permito que Ele seja glorificado em
mim"? Nestes três meses em que estive doente e em recuperação, não sei
quantas vezes me arrependi perante o Senhor sobre essa questão. Não posso
negar que obtive essa luz mais intensamente. Desde 1950 liberei várias
mensagens sobre essa questão e ensinei as pessoas sobre isso. Mas quando o
Senhor me colocou em silêncio, eu me examinei de acordo com essa luz e
descobri que não havia de fato entrado nisso profundamente. O que vi é muito
detalhado e o que preguei pode ser considerado bastante completo, mas é
realmente questionável quanta realidade de Cristo como vida tenho em mim.
Assim todos devem entrar nisso de modo prático. Apesar de o irmão Nee ver o
Corpo de Cristo a partir de 1939, sua pregação sobre isso era como "tocar piano
para o gado" Ninguém assimilou. Sendo assim, as igrejas em todas as cidades
apenas agiam de acordo com a própria vontade, a ponto de o irmão Nee ser
forçado a parar seu ministério. Ele parou de ministrar por seis anos. Nesse
período tivemos muitos entre nós capazes de pregar, porém não tiveram nenhuma
visão ou revelação. De 1942 a 1948, nenhum dentre nós escreveu um livro sequer
que tivesse algum valor ou pudesse ser contado. Nossa visão não cresceu nem
um pouco; tudo estacionou. Com respeito ao Corpo de Cristo, muitos
simplesmente discordavam ou ignoravam completamente essa questão. Quando
houve o tumulto em Xangai em 1942, quantos viram o Corpo de Cristo? Ninguém.
Como alguém que o havia visto poderia ter provocado aquele tumulto? Seria
impossível. Após seis anos o irmão Nee retomou seu ministério. Nós publicamos
um livro registrando apenas as mensagens dadas por ele na retomada de seu
ministério (ver Messages Given during the Resumptian af Watchman Nee's
Ministry [Mensagens dadas na retomada do ministério de Watchman Nee],
publicada por Living Stream Ministry). A retomada de seu ministério está
profundamente ligada a mim. Naquele livro algumas das mensagens eram dele e
algumas eram minhas, e por fim era difícil distingui-las. Qual era sua ênfase? As
mensagens do irmão Nee, uma após a outra, eram sobre o Corpo de Cristo.
Nosso problema é não ver o Corpo. Naquelas mensagens ele foi forçado a falar
até mesmo palavras desagradáveis. Disse que algumas igrejas eram igrejas
"nativas"; também disse que algumas eram pequenos reinos. Foi isso que ele
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disse na retomada de seu ministério em junho de 1948. Em março desse ano fui
especialmente para Foochow com vários cooperadores, incluindo o irmão K. H.
Weigh, para ter comunhão com o irmão Nee. Mais de quarenta cooperadores de
nossa região também desejavam participar da comunhão, mas ele os recusou.
Apenas dois irmãos, irmão Weigh e eu, e as irmãs Peace Wang e Rachel Lee,
tivemos a permissão de estar com ele. Todos os quarenta e tantos cooperadores
esperaram em Foochow, e me pediram: "Irmão Lee, não importa o que aconteça,
transmita-lhe uma palavra por nós. Queremos ouvir o irmão Nee falar. Queremos
ter parte nisto". O irmão Nee disse não. Era como se eu lhe pedisse misericórdia.
Eu disse: "Olhe para todos estes irmãos. Você não se importa com eles?".
Estávamos todos muito tristes nessa conversa. Pedi misericórdia de novo e de
novo. Finalmente ele disse: "Tudo bem, irmão Witness, diga-lhes que venham".
Sua casa era relativamente grande, com sala de estar de dois ambientes, um
cômodo interno e um externo. Naquela hora ele consentiu, não muito disposto,
dizendo: "Tudo bem, diga-lhes que venham. Somente vocês quatro terão
comunhão comigo no cômodo interno, o restante deve sentar-se e ouvir no
cômodo externo". O irmão Nee começou a ter comunhão conosco. Naquele
momento fui o único que falou; os outros não quiseram falar. Eu disse: "Irmão
Nee, olhe para essas dezenas de igrejas aqui na província de Fukien. Eles estão
confusos e dispersos. Que devemos fazer?". Assim ele começou a falar, e aquela
mensagem tocou cada um de nós. Então a irmã Wang, que estava no cômodo
externo, disse: "Por que não praticamos o que você nos disse?". Após considerar
nisto, ele falou: "Se vocês querem praticar isso, cada um deve render-se. Vocês
devem entregar tudo: entregar a si mesmos, entregar a família, entregar as
riquezas, entregar a igreja, entregar tudo". Foi nessa época que a prática de
entregar tudo começou. Isso aconteceu três meses antes de ele retomar seu
ministério e falar sobre as igrejas "nativas" e os pequenos reinos. Pouco tempo
depois, ele foi preso. Ele ficou na prisão por vinte anos, de 1952 a 1972, e
finalmente tornou-se um mártir. Depois de retomar seu ministério, ele ainda voltou
para assumir a liderança da restauração do Senhor. Então no fim de 1948 a
situação política mudou. Assim ele convocou uma reunião urgente em Xangai com
alguns cooperadores e disse: "Hoje pedi a vocês que viessem aqui. Todos vocês
sabem que a situação mundial está mudando. Ao olhar para a situação mundial,
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como podemos lidar com isso?". Antes de alguém dizer qualquer coisa, ele disse:
"Primeiramente eu gostaria de fazer uma declaração: mandaremos o irmão Lee
sair do país". Posteriormente, na conclusão da reunião, ele disse: "Nós
continuaremos aqui para buscar a condução do Senhor. Que o Senhor nos
conduza um a um". Eu não disse nada. Ele me encarregou de concluir
rapidamente a construção de um grande local de reuniões em Xangai. Naquele
tempo havíamos comprado um grande terreno para a construção do local, isso foi
em novembro. Três meses depois, o irmão Nee convocou mais uma reunião e
começou do mesmo modo, dizendo: "Vou dizer primeiramente isto: pediremos que
o irmão Lee vá ao exterior". Dessa vez ele não disse que precisávamos buscar
direção, mas que todos deveríamos ficar e sacrificar-nos pelo Senhor. Ele disse
que obviamente deveríamos esperar que o Senhor nos preservasse. Mas ele
temia que um dia, quando arriscássemos a vida, todos fôssemos "capturados
numa só rede", Ambas as reuniões com os cooperadores foram muito rápidas e
aconteceram ao anoitecer. Enquanto as irmãs nos preparavam o jantar, aproveitei
a oportunidade de caminhar um pouco com o irmão Nee fora de casa. Eu disse
triste: "Irmão Nee, por que você quer que somente eu vá ao exterior, já que todos
vocês vão ficar aqui e arriscar a vida pelo Senhor? É porque não sou digno?". Ele
se virou e olhou para mim, dizendo: "Irmão Witness, você tem de saber que nós
arriscaremos a vida pelo Senhor, mas temo que um dia Satanás irá capturar-nos
numa rede. Se você sair, e se um dia isso realmente acontecer, ainda teremos
algo que nos resta". Nunca poderei esquecer-me de tais palavras Depois de dois
meses ele pediu que eu entregasse tudo da igreja em Xangai aos irmãos
responsáveis e me disse que saísse do país. Então eu saí. Primeiramente fui a
Taiwan. Então ele ficou preso por vinte anos. Havia uma pessoa presa com ele,
muito mais nova que ele, que por meio dele recebeu a salvação na prisão. Ele
podia ser considerado um filho espiritual do irmão Nee, e também o tratava como
pai. Esse irmão, de sobrenome Wu, saiu primeiro da prisão. Não muito antes de
sua morte, o irmão Nee lhe disse: "Depois que sair, você deve tentar achar um
irmão chamado Witness Lee. Diga-lhe que eu não abandonei minha fé. Quando
você o vir, verá a mim. O que ele lhe disser será meu falar a você". Isso foi o que a
sobrinha do irmão Nee e seu marido, Dr. Kung, ouviram quando encontraram o
irmão Wu em Xangai. Nunca me esquecerei das palavras do irmão Nee para mim:
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"Se você for ainda teremos algo que nos resta". Desse modo, se você for hoje ao
meu quarto, você vai notar que não há outro quadro além da foto do irmão Nee.
Além disso, há também um escrito seu ao lado que diz: "Que eu saiba amar, sem
reconhecimento buscar". Sinto falta dele e sempre vou sentir. A GUINADA E A
VISÃO DA REVELAÇÃO DO SENHOR E A CHEGADA AO ÁPICE A revelação e a
visão do Senhor com o irmão Nee chegaram até o Corpo de Cristo. É uma
coincidência maravilhosa que mais ou menos na época em que ele foi para a
prisão em 1952, () Senhor começou a me usar em Taiwan. De 1950 até hoje,
foram quarenta e quatro anos. Não me culpe por falar palavras orgulhosas; não
sou orgulhoso. Vocês sabem onde comecei nesses quarenta e quatro anos.
Comecei com Cristo e a igreja. Muitas mensagens sobre esses dois temas foram
publicadas em livros, nos quais grande número de capítulos é sobre o Corpo de
Cristo. Então há pouco mais de dez anos, provavelmente em 1980, o Senhor me
mostrou que, para ter o Corpo de Cristo, Seu dispensar é crucial. Então comecei a
falar sobre o dispensar de Cristo. Se Ele não Se dispensar a nós, como podemos
tornar-nos Seu Corpo? Foi a partir daí que fui mais alto e vi a economia de Deus.
A seguir, a partir de 1984 dei muitas mensagens sobre esse assunto. Então na
primavera deste ano (na verdade vi isso no ano passado) continuei a avançar. Vi
que o Corpo de Cristo somente pode ser produzido por Deus ter-se tornado um
homem para fazer do homem Deus. Esse é o ápice da visão que nos foi dada por
Deus. Na verdade no começo do quarto século Atanásio! , que estava presente no
concílio de Nicéia, disse que "Ele foi feito homem para que pudéssemos ser feitos
Deus". Naquela época ele era um jovem teólogo a quem ninguém dava atenção.
Essas palavras se tornaram uma máxima' na história da igreja. Entretanto, mais
tarde, gradualmente o cristianismo não apenas não mais ensinaria isso, mas até
mesmo não ousou mais a ensiná-lo. Deus é Deus, e Ele mesmo nos gerou como
Seus filhos. O que é gerado sempre terá a natureza do que o gerou. Quando uma
ovelha gera outra, não podemos dizer que a mais velha é ovelha, mas a ovelhinha
não. Uma vez que Deus nos gerou, somos filhos de Deus. Além do mais, 1 João 3
diz que Deus irá trabalhar em nós a tal ponto que seremos completamente como
Ele (v. 2). Desde quando Deus criou o homem, esse é Seu propósito. Assim o que
Ele criou foi um homem, porém criou o homem com a imagem de Deus. Adão foi
criado com a imagem e semelhança de Deus. Então Deus o colocou diante da
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árvore da vida, e isso significa que queria que o homem, que tinha Sua imagem, O
recebesse como vida. Se um homem que recebeu Deus como vida não é Deus,
que é então? Mas o Senhor também nos mostra claramente que somos Deus em
vida e natureza. Um pai gera, e o filho é claramente o mesmo que o pai em vida e
natureza. Suponha que o pai seja imperador; não podemos dizer que todos os
seus filhos são imperadores. Os filhos têm apenas a vida e a natureza do pai, mas
não seu status; isso está claro. Deus fez isso para produzir um Corpo para Cristo,
ou seja, produzir um organismo para o Deus Triúno, cuja manifestação final é a
Nova Jerusalém. Na conferência de língua chinesa de fevereiro deste ano, os
irmãos queriam que eu falasse, e meu encargo era falar sobre essa questão. Por
vinte e sete anos eu não tinha escrito um hino; Vários dias antes da conferência
de língua chinesa escrevi um hino novo com quatro estrofes: 1 Milagre é! Mistério
é! Deus com o homem Se mesclou! Deus fez-se homem para que O homem, pois,
se torne Deus. De Seu desejo e bom prazer Tal alta meta vai obter. 2 Carne se
fez, um homem-Deus, E quer tornar-me Deus também: Em vida e natureza, iguais,
Na Divindade, não, porém! Seus atributos mostrarei, Gloriosa imagem, pois, terei.
3 Já não sou eu quem vive aqui, Mas Deus comigo hoje está. Edificado co'os
irmãos, Seremos Seu eterno lar, Seu Corpo vivo mui real E expressão universal. 4
Jerusalém suprema enfim Será a revelação total, O Deus Triúno e nós por fim
Casal eterno, universal - Qual homem-Deus em união, Eterna, mútua habitação;
No homem glória divinal Vai expressar-se afinal. Após cantá-lo, você percebe que
ele é especial. Nos dois mil anos da história do cristianismo não há um hino desse
tipo. É um hino único em sua categoria, que fala claramente do ápice da visão de
Deus. Hoje na restauração, não é que não vamos mais pregar o evangelho, mas a
pregação do evangelho é para gerar. E não é que não vamos mais suprir os
irmãos ou aperfeiçoá-los. Todo gerar, suprir e aperfeiçoar são para a edificação.
No entanto que estamos edificando? Apenas edificamos igrejas? Não. Edificamos
uma igreja em cada cidade para a edificação do Corpo de Cristo, que culminará na
Nova Jerusalém. Acaso isso significa que simplesmente esquecemos as igrejas?
Não. A igreja em cada cidade é apenas o procedimento para Deus realizar a
edificação do Corpo de Cristo. Deus ainda tem de usar grandemente as igrejas.
Graças ao Senhor, por meio desta comunhão espero que todos saibamos onde
estamos hoje, onde devemos estar e o que devemos fazer.
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CAPÍTULO DOIS O ÁPICE DA VISÃO (2)

Oração: Ó Senhor, somente Tu conheces nossa necessidade. Precisamos ver-Te.


Precisamos ver Tua economia, Tua meta, o desejo de Teu coração. Senhor, nós
Te adoramos. Do nosso lado tudo depende de Tua misericórdia. Tu tens
misericórdia de quem queres ter misericórdia. Ó Senhor, oramos para que
continues a ter misericórdia de nós e nisso avances. Ó Senhor, Tua igreja está na
terra por mais de mil e novecentos anos, no entanto a condição dela ainda é como
se vê hoje. Ó Senhor, oramos para que nos livres desta era religiosa a fim de que
possamos de fato entrar no estado que buscas em Tua economia. Ó Senhor,
limpa-nos e unge-nos novamente esta noite. Oramos também para que nos
cubras com Teu precioso sangue e removas de nós todo transtorno e confusão.
Dá-nos as palavras e purifica nossas palavras. Senhor, adoramos-Te porque
destruíste Teu inimigo. Amém. "DEUS SE TORNOU HOMEM PARA QUE O
HOMEM POSSA SE TORNAR DEUS" É A ESSÊNCIA DE TODA A BÍBLIA Sinto
que ainda preciso ter comunhão com vocês sobre a questão da visão. Hoje
queremos ver na economia de Deus o tema de que "Deus se tornou homem para
o homem tornar-se Deus". Essa frase soa muito simples, mas ver como Deus
pôde tornar-se homem requer que gastemos muito tempo de estudo. Ele veio
tornar-se homem para que o homem possa tornar-se Ele, mas como o homem
pode tornar-se Deus? Também precisamos examinar esse ponto cuidadosamente.
A rigor essas palavras são a essência de toda a Bíblia. A Bíblia toda é uma
explicação da economia eterna de Deus. Até agora já há três mil e quinhentos
anos desde de que os judeus começaram a ler o Antigo Testamento. Os cristãos
têm lido o Antigo e Novo Testamentos por cerca de dois mil anos. Milhões de
pessoas leram a Bíblia. No entanto, infelizmente, não foram muitas que de fato
viram sua verdadeira importância e real significado. Isso não significa que através
das gerações ninguém tenha tido as visões contidas na Bíblia, mas o que as
pessoas viram está fragmentado. Um viu um pouco sobre um aspecto, e outro viu
um pouco sobre outro aspecto. É por isso que dentre todos os setores da raça
humana em todo o mundo, o cristianismo é o que tem o maior número de livros. O
fato de não haver outro setor no mundo que tenha mais livros do que o
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cristianismo é prova de que muitas pessoas viram algo na Bíblia. O MINISTÉRIO
DO IRMÃO NEE E SEU ARRANJO COM RESPEITO À OBRA Quando nos
levantou na China, o Senhor nos mostrou, de modo breve e conciso, por meio do
irmão Nee, a visão completa na Bíblia, cujos pontos principais abordamos no
capítulo anterior: a salvação de Deus, a igreja, Cristo como vida e o Corpo de
Cristo. Esses são os tópicos que o irmão Nee viu claramente e nos falou em trinta
anos de seu ministério. Novamente digo que, infelizmente, desses grandes quatro
pontos que ele nos mostrou, os irmãos em geral entenderam apenas os três
primeiros e discordaram do último, que é o Corpo de Cristo. De qualquer forma, de
1922 a 1952, quando foi para a prisão, o irmão Nee cumpriu seu ministério por
exatamente trinta anos. Nos vinte anos seguintes, a partir de 1952, não mais pôde
escrever nenhum livro ou fazer nenhuma obra. Em 1950, antes de o irmão Nee ir
para a prisão, o Senhor o direcionou a fazer um arranjo entre os cooperadores, um
acordo sem precedentes. Ele raramente fez esse tipo de arranjo porque naquele
tempo a situação política estava mudando e não sabíamos como nos preparar
para a mudança. Nas duas reuniões urgentes de cooperadores ele disse
repetidamente: "Nós pedimos que o irmão Witness vá para o exterior". Mais tarde,
quando os comunistas ganharam vantagem, eu estava em Xangai correndo para
terminar a construção do local de reuniões e o único trabalho que restava era
instalar o assoalho feito de lascas de mármore sobre o cimento. No final de abril
de 1949, o irmão Nee me mandou um telegrama dizendo que deixasse as coisas
da igreja em Xangai com os irmãos responsáveis e partisse imediatamente.
Assim, fui enviado. A TRANSFERÊNCIA DO MINISTÉRIO NA RESTAURAÇÃO
DO SENHOR E O COMEÇO DA OBRA EM TAIWAN. Após chegar a Taiwan, eu
ouvia fora de casa um barulho de sapatos de madeira na estrada de cascalho, e
dentro da casa via um quarto com tatame japonês. Naquele tempo havia no
máximo cinqüenta pessoas reunindo-se em Taipé e não havia muito a fazer. Deitei
na cama olhando para o teto e dizendo: "Para que vim para Taiwan?". Isso foi em
abril. Mais tarde viajei para o centro e o sul da ilha. O Senhor me deu um
sentimento de que algo poderia ser feito em Taiwan e era um bom lugar em que
era fácil de estabelecer a igreja em várias cidades uma vez que num só dia pude ir
a três ou quatro lugares e o transporte era de muito fácil acesso. Assim, no dia 1
de agosto de 1949, comecei a obra em Taiwan oficialmente. No ano seguinte, o
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irmão Nee foi a Hong Kong. No começo do ano houve um avivamento, então ele
me pediu que eu fosse a Hong Kong para ajudá-lo a liderar toda a igreja ali nos
três aspectos do serviço: o serviço dos cooperadores, o dos presbíteros e o dos
diáconos. Por um ano e meio nós dois estávamos lá e quase todos os dias nos
encontrávamos com cada grupo. Por dois anos, a partir do final de 1949, a igreja
em Xangai gozou de liberdade completa. Nunca o irmão Nee teve tal oportunidade
de liberar o que ele recebeu do Senhor uma vez que naquele tempo todos os
missionários ocidentais haviam partido. Naquela ocasião noventa por cento do
cristianismo chinês estava nas mãos dos missionários ocidentais. Assim, depois
que saíram, as várias denominações em Xangai eram como rebanhos sem
pastores, e quem quer que tivesse certo desejo de buscar o Senhor recorria a nós.
O irmão Nee considerou isso uma oportunidade de ouro. Em 1962 ou 1963, o
cunhado do irmão Nee, Samuel Chang, me disse: "Irmão Lee, em 1950, antes de
partir para Hong Kong, o irmão Nee deu uma conferência. Os cooperadores em
Xangai falaram sobre transferir você de volta de Taiwan, uma vez que não havia
muito a fazer na ilha. Eles queriam que você retornasse para Xangai, onde havia
muito trabalho a ser feito. No que diz respeito ao cristianismo, toda Xangai estava
em nossas mãos". O irmão Nee era muito sábio; ele raramente fazia ou dizia
coisas com pressa ou por teimosia, mas sempre tentava ver como o Senhor
conduziria e organizaria tudo no ambiente. Assim, quando cheguei a Hong Kong,
ele não fez menção disso a mim. Enquanto sentamos para conversar,
espontaneamente eu lhe disse sobre a situação da obra em Taiwan nesse meio
ano ou mais. Disse-lhe que até o fim do ano anterior o número de irmãos na igreja
em Taipé tinha aumentado trinta vezes. Em minha conversa, também lhe mostrei
que eu tinha muito encargo, dizendo que a partir daí podíamos trabalhar no
sudeste da Ásia e então ir para o leste da Ásia, e gradualmente poderíamos
continuar até o oeste. Após me ouvir falar sobre a situação em Taiwan, ele não
apenas não falou sobre a decisão dos cooperadores da China continental de
transferir-me de volta para o continente, mas também me encorajou a fazer um
bom trabalho. Falamos sobre eu voltar à China. Eu disse: "Essa é uma questão
difícil; não ouso dizer que voltar ou não voltar é a vontade do Senhor". Ele disse:
"Que vamos fazer com algumas centenas de igrejas?". Passados alguns dias, sem
se despedir de ninguém, ele voltou para a China continental. Mais de dez dias
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depois, após ele partir de Hong Kong, eu retomei para Taiwan. Quando voltei a
Taiwan, eu tinha uma família de dez membros com dois ajudantes. Um total de
doze pessoas foram a Taiwan. Quando desci do avião, tinha trezentos dólares
americanos comigo. O irmão Nee percebeu totalmente nossa situação e sabia que
quando eu chegasse a Taiwan seria difícil receber ajuda. Naquele tempo havia
apenas alguns irmãos na ilha e a maioria deles foi lá para se refugiar, então não
tinha muito para sustentar outros. O irmão Nee amava verdadeiramente os
cooperadores ele disse: "Irmão Witness, aqui tenho uma amostra de remédio e
também a fórmula. Leve-os para Taiwan. Junte-se a alguns irmãos que estão
engajando-se nos negócios e peça que façam um pequeno investimento e um
pouco de propaganda. Deve ser o suficiente". Então voltei para Taiwan e tive
comunhão com os irmãos, mas todos sentiram que não era a hora, então não o
fizemos. No final de 1950 fui a Manila, capital das Filipinas. Trabalhei lá por cinco
meses e meio e bem antes de eu partir um irmão foi aos irmãos responsáveis e
pediu-lhes que marcasse um horário para me ver. Esse irmão era empresário e
relativamente rico, mas ofertava pouco antes daquela ocasião. Ele veio ver-me e
disse: "Irmão Lee, agora você irá voltar a Taiwan. Por favor, diga-me o valor das
despesas anuais da obra ali, incluindo a construção do local de reuniões e o
sustento dos cooperadores. Tenho o encargo diante do Senhor de ser responsável
por tudo". Isso realmente provinha do Senhor. Então eu disse: "Irmão Wang, você
sabe que o costume entre nós é não dizer aos outros nossas necessidades". Ele
disse: "Não é questão de você me dizer, mas de eu receber a comissão do
Senhor. Assim, se você não me disser, como saberei a quantia?". Então eu lhe
disse. Assim, ele supriu a obra todos os anos por onze anos, de 1950 a 1961.
Todos os anos havia uma soma de dinheiro como suprimento. Graças ao Senhor,
isso foi tudo feito por Ele. Voltei de Manila para Taiwan. Naquela época eu era o
único irmão de tempo integral ali, e havia a irmã Hou, que também servia em
tempo integral. Em toda a ilha de Taiwan éramos os únicos. Mesmo os irmãos
Chang Wu-chen e Sun Feng-lu não serviam ainda em tempo integral. Todos
sabiam que a menos que cada um arrumasse trabalho, não haveria sustento,
então todos arrumaram serviço. Após essa experiência no Sudeste da Ásia, tive
comunhão com os irmãos e comecei a dar treinamentos. Em 1952 foram
produzidos mais de oitenta irmãos de tempo integral. Eu disse claramente à igreja
14
que não significava que elas não tinham responsabilidade ou que os irmãos não
precisavam demonstrar amor. Mas minha experiência me dizia que havia a
possibilidade de que os que serviam não teriam o que pôr na mesa. Na Bíblia
vemos que essa também foi a experiência de Paulo. Assim, eu disse que, por
causa de minha experiência, o sustento que recebi na obra de meu ministério
seria usado para pagar as despesas a fim de prover alimentação adequada para
os cooperadores e sua família. Isso significa que mesmo se os irmãos não
ofertassem nada, os cooperadores ainda teriam comida na mesa. Esse apoio
continuou por todo o ano de 1961. A partir de 1961 as igrejas começaram a
participar de acordo com suas possibilidades para reduzir o encargo de minha
obra. Uma vez que muitas igrejas foram estabelecidas e o número de irmãos
cresceu, eles reduziram cerca de sessenta por cento a quantidade da minha ajuda
aos cooperadores. Assim, gradualmente, em 1964 descarreguei esse encargo.
Tudo isso foi registrado nas demonstrações contábeis de nossa casa publicadora
[Gospel Book Room] daqueles dias. O número de cooperadores com família
chegou a um pico de cento e setenta. Cada ano o ministério os supria das
necessidades diárias. Isso foi verdadeiramente feito pelo Senhor. Em 1950
contatei pela última vez o irmão Nee. Naquela época eu não tinha muita clareza,
mas agora quando olho para trás vejo que foi o Senhor que fez; ou seja, o Senhor
fazia os preparativos para transferir para mim o ministério da palavra em Sua
restauração. Quando eu estava na China continental, não publiquei livros sozinho.
Em vez disso, ajudava o irmão Nee a gerenciar a casa publicadora [Gospel Book
Room]. Apenas escrevi alguns artigos dos quais o irmão Nee gostou e publicou
como um livro chamado Respigas da Genealogia de Cristo [Gleanings from
Christ's Genealogy]. Também havia uns poucos livros sobre o reino dos céus. Em
1950, quando nós dois estávamos em Hong Kong, passamos muito tempo
conversando. Uma vez que percebi que mais tarde não seria possível contatá-lo,
mencionei a necessidade de publicar livros em Taiwan. Ele disse: "Irmão Witness,
você sabe que entre nós somente eu pessoalmente sou dono ela casa
publicadora. Ela não pertence às igrejas nem aos cooperadores pertence a mim
pessoalmente". Então ele fez acordos dizendo: "Agora as três regiões políticas - a
parte continental, Hong Kong e Taiwan - são diferentes. Então teremos de dividir a
casa publicadora em três: uma em Xangai, uma em Taiwan e uma em Hong Kong.
15
Elas não são três editoras, pelo contrário, são uma. Por causa da situação política,
os três lugares estarão separados financeiramente". Ele era responsável pela
editora em Xangai, confiou-me a responsabilidade pela de Taiwan e pediu ao
irmão K. H. Weigh que ficasse responsável pela de Hong Kong. Ele ainda me
encarregou dizendo: "O irmão Weigh também precisa de sua ajuda com os
artigos". Assim, inicialmente, a casa publicadora de Taiwan publicou livros em
coordenação com a de Hong Kong. As duas publicavam juntas, não
separadamente. Os custos dos livros publicados em Hong Kong e em Taiwan
eram calculados juntos. Foi devido ao arranjo feito pelo irmão Nee que temos a
situação atual. Graças ao Senhor, assim que começamos a trabalhar em Taipé,
um irmão chinês do exterior contribuiu com dez mil dólares americanos, e esse foi
o começo da editora. Sobre a editora, expliquei aos cooperadores claramente que
ela não pertence à igreja nem aos cooperadores ou à obra. Assim como era no
passado com o irmão Nee, ela seria minha editora para servir à publicação de
meu ministério. Assim comecei a publicar livros em Taiwan. Eu sabia que poderia
não mais haver o ministério que estava com o irmão Nee e nós poderíamos não
mais tê-lo. Então comecei a levar adiante a obra da literatura em Taiwan. A
comunhão em Hong Kong foi realmente o arranjo soberano do Senhor na qual o
irmão Nee me deu instruções sobre a obra. Após dois anos ele foi aprisionado. Em
1952, em Taiwan, mais de oitenta irmãos de tempo integral foram acrescentados
ao mesmo tempo. Posso testificar que nenhuma dessas coisas foi por minha obra,
mas tudo foi o arranjo soberano do Senhor. A partir de 1932, quando comecei a
falar pelo Senhor, até 1952 passaram-se vinte anos. Comecei a falar dez anos
depois do irmão Nee. Ele começou em 1922 e foi até o verão de 1952, quando foi
para a prisão, falou trinta anos. A partir de 1952, o Senhor transferiu o ministério
da palavra a mim. O AVANÇO E A ASCENSÃO DO MINISTÉRIO DA PAlAVRA
NA RESTAURAÇÃO DO SENHOR Na publicação mensal de O Ministério da
Palavra [The Ministry af the Ward] você pode notar que éramos ainda superficiais.
De 1951 a 1961, dez anos se passaram. Então tive um encargo. Sentia que nosso
hinário estava carente e não podíamos compará-lo à visão que tínhamos, então
compilei um hinário suplementar contendo oitenta e cinco hinos novos que escrevi
num período de dois meses. Em nosso hinário em português [publicado por esta
editoral, hinos como o 238, as primeiras linhas dizem: "Que vida plena! Oh! que
16
paz! / Pois Cristo agora vive em mim". E o hino 240: "Glorioso Jesus Salvador, /
És o divinal resplendor", foram escritos nesse período. Fico surpreso que mais de
trinta anos atrás pude escrever hinos como esses. Fico ainda mais surpreso que
pouco depois eu tenha escrito hino 129: "No princípio Tu estavas / Com o Pai, no
seio Seu; / E com Ele em glória eras / Unigênito de Deus. / Como o próprio Deus
Tu eras / Quando o Pai Te deu a nós / Proclamando no Espírito / Sua plenitude a
nós". A estrofe três diz que o Senhor era o único grão e estrofe quatro diz que
somos Sua reprodução, Corpo e noiva. É surpreendente que mais de trinta anos
atrás eu pude escrever um hino assim. O que eu vi do Senhor era baseado no que
o irmão Nee havia visto. O que vi então não era tanto assim. Naqueles oitenta e
cinco hinos minha ênfase era Cristo, o Corpo de Cristo, o Espírito e a vida. A partir
de então, depois de certo tempo, as reuniões da mesa do Senhor entre nós
passou dos velhos hinos para os novos. Antes, nos hinos mais antigos
relembrávamos principalmente o amor do Senhor, Sua morte, Sua redenção etc.,
mas agora em quase todas as reuniões da mesa do Senhor o que selecionamos
são esses novos hinos. Nosso louvor ao Senhor é assim elevado e enriquecido. O
ano de 1952 foi um ponto crucial para mim no ministério da palavra e 1962 foi
outro momento crucial. Depois disso vim aos Estados Unidos. Naquele tempo -
que o Senhor me cubra com Seu sangue precioso - tornei-me um tanto quanto
maduro no ministério da palavra. Dois meses atrás a igreja aqui estudava o
Estudo-Vida de Hebreus no The Holy Word for Morning Revival (A Palavra Santa
para Avivamento Matinal). O Estudo-Vida de Hebreus foi ministrado por mim em
1975, exatamente há dezenove anos. Expus o livro de Hebreus de modo tão
profundo e elevado, e nenhuma porção precisa ser revisada. Isso é para mostrar
que em 1961, quando vim para os Estados Unidos já estava um tanto quanto
maduro no ministério da palavra. Por cerca de quinze a vinte anos, tudo que
ministrei foi Cristo, o Espírito, a vida e a igreja. Naquele tempo também vi a
edificação do Corpo de Cristo. Um dos novos hinos que escrevi, o 384, é sobre a
edificação do Corpo de Cristo. Esse hino diz: "Livre de Adão, do ego, / Edifica-me
Senhor". Hoje, quando o canto, ainda sinto que ele é muito novo e cheio de luz.
Após aproximadamente vinte anos, o Senhor me conduziu a ver a dispensação do
Deus Triúno e a economia eterna de Deus. Nos últimos dez anos ou mais, o que
Ele tem me mostrado continuamente é sobre essa questão. Então foi neste ano,
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1994, na conferência do ano novo de língua chinesa que vi o ápice. Baseado no
que vi, escrevi um hino novo representando o ápice da visão que o Senhor nos
mostrou: "Milagre é! Mistério é! / Deus com o homem Se mesclou! / Deus fez-se
homem para que / O homem, pois, se torne Deus. / De Seu desejo e bom prazer /
Tal alta meta vai obter". Antigamente não tínhamos entre nós nem mesmo
palavras como essas, mas agora elas foram escritas num hino. DEUS TORNAR-
SE HOMEM E O HOMEM TORNAR-SE DEUS "Deus tornar-se homem e o
homem tornar-se Deus" é a economia divina; é além da compreensão dos anjos e
dos homens. Esse é o ponto que quero abordar esta noite. As escrituras nos
dizem claramente que Deus se tornou homem para ser nosso Salvador e depois
nos redimiu e regenerou. Os cristãos ortodoxos e mestres fundamentalistas viram
essas verdades. No entanto não vêem que há uma linha sobre a economia de
Deus registrada nas Escrituras que nos mostra como Ele se tornou homem para
fazer do homem Deus. A Bíblia nos mostra como o homem pode tornar-se Deus e
ter um viver de homem-Deus e assim se tornar um organismo divino, que é o
Corpo de Cristo. Isso é algo que eles não viram. DEUS TORNAR-SE HOMEM -
POR MEIO DA CRIAÇÃO DO HOMEM E DE SUA VINDA PARA TORNAR-SE
HOMEM Esta noite eu gostaria de despender algum tempo para falar sobre como
Deus se tornou homem. Para se tornar homem, primeiro Ele teve de criar o
homem. Deus o criou de acordo com Sua imagem e semelhança; essa é a casca.
Embora o que Deus criou foi o homem, o homem criado tinha a imagem divina.
Esse foi o primeiro passo. No próximo passo, Deus mesmo veio para ser um
homem. Como fez isso? Ele o fez entrando na humanidade. Fisicamente isso
significa que entrou em uma virgem humana para ser concebido nela. Mateus 1
fala que Deus foi gerado em Maria. De acordo com as leis da criação de Deus, Ele
foi concebido no útero de Maria e ficou lá por nove meses. Então após estar num
ser humano por nove meses, Ele nasceu da humanidade com divindade. Esse que
nasceu era Deus, porém homem, e era também homem, porém Deus. O
cristianismo tem o natal, a manjedoura, os anjos anunciando as boas novas. Mas
de acordo com o que tenho apresentado a vocês de modo simples, o cristianismo
não tem uma visão clara. Como esse homem-Deus, Ele passou por um viver
humano na terra e teve uma vida humana. Como Ele a viveu? Ele o fez
dependendo de Sua vida divina interior, e rejeitando a vida humana exterior; assim
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teve uma vida de homem-Deus. A realidade interior desse homem-Deus eram os
atributos divinos, e Seu viver exterior expresso eram as virtudes humanas. Por
assim viver a vida do homem-Deus, Ele se tornou um exemplo típico. No entanto
não é suficiente para Deus ter apenas um homem como exemplo típico, como
modelo. Ele precisa de manifestação coletiva. Portanto Ele finalmente foi à cruz.
Quando o fez, levou Consigo o homem que se tornara, ou seja, colocou na cruz
esse homem e assim o crucificou. Sua morte foi todo-inclusiva. Por um lado foi a
morte do homem caído, do homem pecaminoso. Quando se encarnou, Ele não se
tornou um homem criado por Deus ou um homem santo. Em vez disso, tornou-se
um homem criado por Deus, mas caído. Sua carne era a carne do pecado, porém
nela não havia o veneno do pecado, nenhuma substância do pecado. Era
meramente a semelhança da carne do pecado. Portanto Romanos 8:3 diz que Ele
veio na semelhança da carne do pecado. Ele era esse homem. Assim, o que Ele
levou à cruz para ser crucificado era esse homem. Pela crucificação Ele pôs fim
ao homem da velha criação, o qual envolve todas as coisas criadas. Portanto Sua
morte também pôs fim na cruz a tudo da velha criação. O homem da velha criação
também tinha pecado, então Sua morte na cruz também removeu o pecado. Além
do mais, Satanás estava escondido na carne do homem pecador. Dessa forma, a
morte de Cristo na cruz não apenas crucificou a carne, mas também destruiu
Satanás (Hb 2: 14). No entanto Sua crucificação não foi o fim; antes, Ele
ressuscitou da morte. Como isso ocorreu? Ele foi ressurreto pelo poder de Sua
vida divina com a humanidade de que Ele Se havia revestido, a parte criada por
Deus. Em Sua ressurreição, Ele introduziu a humanidade na divindade. Mediante
a encarnação, Deus introduziu a divindade na humanidade. Mediante a
ressurreição, Ele introduziu a humanidade na divindade. A encarnação é o passo
crucial que Ele tomou para introduzir a divindade na humanidade. Assim, mais
tarde, em ressurreição Ele introduziu na divindade a humanidade com que Se
revestira. Desse modo, a natureza do homem criado por Deus foi elevada.
Originalmente Deus não estava na natureza humana que criara. Mas agora Ele foi
ressurreto e todas as pessoas escolhidas por Deus foram ressurretas Nele. Sua
ressurreição foi para introduzir a humanidade criada por Deus na divindade para
ser ressurreta com Ele. É por isso que dizemos que a natureza humana foi
elevada. Andrew Murray disse algo a respeito disso, com exceção de que suas
19
palavras eram diferentes das nossas e não tão completas. Na ressurreição Ele
introduziu a humanidade de que Se revestira na divindade e assim tornou-se o
Primogênito de Deus. Tornar-se o Primogênito foi Seu nascimento em
ressurreição. É por isso que, com respeito à ressurreição de Cristo, Atos 13:33 diz:
"Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei". Ele já era o Filho de Deus, só que não tinha a
natureza humana Nele. Quando se tornou o Primogênito, não apenas tinha a
divindade como Sua vida, mas também a humanidade elevada adicionada a ela. É
no mesclar das duas naturezas que Ele se tornou o Primogênito de Deus. Assim,
Ele foi gerado para ser o Primogênito de Deus e ao mesmo tempo regenerou
todos os escolhidos de Deus (1 Pe 1:3). Usando linguagem mais simples,
podemos dizer que nós e o Senhor, como Primogênito de Deus, nascemos juntos.
Todos nascemos juntos na ressurreição de Cristo. Seu nascimento foi o primeiro
passo, como fundamento, para o homem tornar-se Deus. Agora em Sua
ressurreição, nós como escolhidos de Deus fomos trazidos à divindade. Assim,
por meio da regeneração recebemos outra vida. Não apenas isso, como o último
Adão que em ressurreição introduziu a humanidade na divindade, Ele se tornou o
Espírito que dá vida (1 Co 15:45) Quem é esse Espírito que dá vida? É a
consumação do Deus Triúno processado. É como preparar uma xícara de chá.
Quando a prepara, primeiro você precisa de água, depois adiciona chá e
finalmente põe limão ou quem sabe açúcar. É nesse ponto que o chá está
consumado. Cristo como Unigênito de Deus pode ser comparado à água pura. Em
dado momento, a natureza humana foi adicionada a Ele. Então, quando foi morto
na cruz, o elemento da eficácia de Sua morte também foi adicionado. Além do
mais, Ele entrou na ressurreição; então o elemento da ressurreição com seu poder
também foi adicionado. Agora, como Unigênito de Deus, tornou-se o Primogênito,
e os muitos filhos de Deus nasceram com Ele. Além do elemento de Sua
divindade, Cristo teve adicionados a Ele os elementos de Sua humanidade, a
experiência do viver humano, morte e ressurreição. Assim Ele se tornou o Espírito
que dá vida, que é a consumação do Deus Triúno. Esse Espírito é também o
Cristo pneumático, a corporificarão do Deus Triúno. Portanto é o próprio Cristo, o
próprio Deus Triúno. Finalmente, nosso Deus assim tornou-se esse Espírito. A
partir do dia de Sua ressurreição até a eternidade, assim Ele será por todo o
sempre. Quando cremos no Senhor, quem recebemos é esse Cristo, não um
20
Cristo superficial como geralmente se prega. O Cristo que conhecemos é profundo
e elevado. Esse é nosso Redentor e Salvador. Ele não é apenas Jesus Cristo,
mas também Aquele que se tornou o Espírito que dá vida, a consumação de
Deus. Ele é quem passou por todos esses processos para concluir a etapa para
se tornar homem e para fazer do homem Deus. O HOMEM TORNAR-SE DEUS -
POR MEIO DA REGENERAÇÃO, SANTIFICAÇÃO, RENOVAÇÃO,
TRANSFORMAÇÃO, CONFORMAÇÃO E GLORIFICAÇÃO Então como Deus faz
do homem Deus? Após nos regenerar com Ele mesmo como vida, Ele continua a
levar adiante a obra de santificação, renovação e transformação em nós por Seu
Espírito de vida. Deus se tornou homem pela encarnação; o homem se torna Deus
pela transformação. Certa vez, enquanto viveu como homem na terra, o Senhor
Jesus subiu ao monte e foi transfigurado. Essa transfiguração foi repentina. No
entanto nossa transformação em Deus não acontece inesperadamente. Pelo
contrário, leva a vida inteira até que sejamos conformados à Sua imagem.
Finalmente entraremos com Ele na glória, ou seja, seremos redimidos no corpo.
Esse será o último passo da redenção de todo o nosso ser que nos conduz à
glória. Portanto é pela regeneração, santificação, renovação, transformação,
conformação e glorificação que poderemos tornar-nos Deus. Quando alcançarmos
esse estágio, 1 João 3:2 diz que "quando ele se manifestar, seremos semelhantes
a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é". O resultado desse processo é um
organismo: é Deus ajuntando-Se e mesclando-Se com o homem para fazer de
Deus um homem e também do homem Deus. Entre a Trindade Divina, com
respeito ao Pai, esse organismo é Sua casa, a casa de Deus; no tocante ao Filho,
é o Corpo de Cristo. A casa é para o Pai ter morada e o Corpo é para Deus ter
expressão. O resultado final é a Nova Jerusalém. Isso nos mostra como Deus
tornou-se homem e como faz do homem Deus para que o homem viva a vida do
homem-Deus. A vida do homem-Deus que vivemos hoje é o modelo da vida que
Jesus Cristo viveu na terra ao passar pela morte e ressurreição. No Evangelho de
João, a vida humana de Jesus Cristo na terra foi antes da morte e ressurreição.
Nas epistolas, a vida cristã, a vida do homem-Deus que vivemos, é após a morte e
ressurreição. Em ressurreição somos diariamente transformados. Mesmo entre
nós, bem poucos entraram profundamente nesses mistérios da Trindade Divina
como vida. Que o Senhor tenha misericórdia de nós. Espero que mediante as
21
palavras desta comunhão todos obtenhamos a visão e procuremos entrar em sua
realidade.

CAPÍTULO TRÊS A REALIDADE DO CORPO DE CRISTO (1)

Oração: Ó Senhor, oramos para que abras nossos olhos e possamos realmente
conhecer-Te, como Tu, sendo somente Deus, te encarnaste, viveste uma vida
humana, foste crucificado e entraste em ressurreição para tornar-te o Deus
consumado com divindade, humanidade, experiências do viver humano, e com a
eficácia da morte e ressurreição. Senhor, Tu és tal Pessoa. Tu te tornaste o
Espírito e hoje vives em nós para cumprir uma obra especial de nos fazer Deus. Ó
Senhor, oramos para que nos faças ver. Queremos essa visão. Ó Senhor,
somente Tua luz pode matar-nos e somente ela pode eliminar todo o nosso fazer.
Senhor, precisamos de Tua misericórdia; realmente brilha em nós. Que Tu nos
fales hoje, mesmo com abundância de luz, para que não apenas apreendamos e
entendamos. O que precisamos é ver. Nós Te recebemos como luz. Perdoa-nos
novamente por nossas falhas e erros e porque não somos absolutos e fiéis.
Realmente precisamos de Teu perdão. Também fizemos muitas coisas sem Ti,
por isso tudo é que precisamos de Teu perdão e do limpar de Teu precioso
sangue. Não podemos depender de algum mérito, integridade ou perfeição nossa.
Ó Senhor, só podemos ser aceitos por Ti e viver em Tua comunhão por Teu
precioso sangue. Também é por Teu sangue precioso que podemos vencer o
inimigo que nos acusa. Ó Senhor, uma vez que Teu inimigo sempre nos persegue,
podemos somente declarar que o vencemos pelo sangue do Cordeiro. Senhor,
concede-nos uma boa comunhão. Amém. Irmãos, realmente tenho o encargo de
ter comunhão com vocês sobre algo, que é como Deus tomou-se homem e
também como Ele faz do homem Deus. O resultado de Deus tomar-se homem e o
homem tornar-se Deus é um organismo, que é a união e a mescla de Deus com o
homem, e é também o Corpo de Cristo. É sobre isso que queremos ter comunhão
esta noite. Posteriormente seguiremos vendo a realidade do Corpo de Cristo.
DEUS TORNOU E HOMEM PARA FAZER DO HOMEM DEUS Primeiramente
falaremos a respeito de Deus ter-se tornado homem para fazer do homem Deus.
De acordo com o que é claramente registrado nas Escrituras, hoje os cristãos em
22
geral sabem que, em primeiro lugar, Deus se encarnou e em segundo lugar, Ele
veio viver uma vida humana; em terceiro lugar, foi crucificado e quarto, entrou na
ressurreição. Esses são quatro pontos em comum no cristianismo; todos os
sabem. Todos sabem que Aquele que se encarnou é Jesus, com os quatro
evangelhos como Seu esboço biográfico. Esse Jesus viveu uma vida humana por
trinta e três anos e meio, foi morto na cruz e após três dias foi ressuscitado. Esses
quatro pontos são tão comuns que são conhecidos até mesmo por alguns que não
são cristãos. No entanto o que as pessoas geralmente sabem sobre esses quatro
pontos é totalmente superficial e de acordo com a letra. Quando lêem e relêem o
Novo Testamento, tudo que vêem é algo na letra, literal. Viram que o Novo
Testamento, especialmente os quatro evangelhos, fala sobre o nascimento de
Cristo, Seu viver e andar na terra, Sua morte e ressurreição. Portanto inventam o
natal e o anúncio das boas novas para declarar que Cristo nasceu numa
manjedoura em Belém para ser o Salvador do mundo. Sabem somente isso.
Quase ninguém sabe o significado real da encarnação de Deus. Hoje alguns
professores de seminário e evangelistas renomados ensinam histórias de Jesus:
como abriu os olhos do cego e fez o coxo andar, como amou as pessoas e
acolheu os pequeninos e como acalmou o vento e o mar e levantou o morto.
Falam muito sobre essas coisas, mas não vêem realmente o significado da vida
humana de Cristo. Os pregadores falam principalmente que Ele morreu por nós
para fazer propiciação por nossos pecados, que nos ama e até mesmo Se
entregou por nós. Além disso, não têm muito a dizer. Os místicos, as pessoas da
vida interior, começaram no século dezessete. Naquele tempo alguns deles
incluindo Madame Guyon ainda pertenciam à Igreja Católica Romana. Como
mística, ela falou de modo tão misterioso que era muito difícil entendê-la. Mais
tarde, no século seguinte, um irmão chamado William Law foi levantado na
Inglaterra. A princípio ele era um místico, e foi ele que melhorou os ensinamentos
do misticismo e tornou-os simples e fáceis de entender. Andrew Murray o seguiu.
Ao ler os livros de William Law que simplificaram os ensinamentos místicos,
Andrew Murray recebeu ajuda e avançou pregando essas verdades. Sua
pregação era muito boa, e ele produziu uma obra prima intitulada "O Espírito de
Cristo" [The Spirit of Christ]. Alguns no cristianismo já traduziram esse livro para o
chinês, mas a tradução não era muito clara. Quando eu estava em Taipé, instei
23
vários jovens a traduzí-Io novamente e revisei a tradução. Até hoje não é fácil lê-
lo. Após Andrew Murray, duas linhas surgiram. De um lado estava a Sra. Penn-
Lewis, que focou a morte de Cristo, ressaltando seu aspecto negativo. Ela nos
mostrou como a morte de Cristo lidou com nosso velho homem, crucificou nossa
carne e destruiu Satanás. Seu falar foi excelente. Ela pode ser considerada a
primeira que, desde o alvorecer da história, falou sobre a morte de Cristo de modo
tão profundo e ao mesmo tempo prático. Por outro lado, havia o irmão Austin-
Sparks, que sem dúvida viu o princípio da ressurreição. Com respeito à
ressurreição de Cristo, seu falar foi também excelente, porém um tanto misterioso
e não facilmente compreensível. Há mais de sessenta anos li um livro escrito por
ele intitulado "A Liberação do Senhor" [The Release of the Lord]. O que li foi um
panfleto em inglês, já que ainda não havia sido traduzido para o chinês. Esse livro
fala que a morte de Cristo não apenas resolveu nossos problemas do lado
negativo, mas também liberou a vida divina de dentro Dele no aspecto positivo. A
vida divina que liberou é Ele mesmo. Assim esse livro ressalta que Cristo era o
grão de trigo que morreu para liberar a vida de seu interior e produzir muitos
grãos. Fui muito ajudado por isso. Na verdade aquele livro enfoca a ressurreição
de Cristo. A morte ele Cristo é um término, que põe fim ao homem para que,
juntamente com ele, tenha fim tudo o que se relaciona com ele - a velha criação, o
pecado, Satanás e o mundo. O irmão Austin-Sparks nos mostrou que terminar
tudo da velha criação é apenas a primeira parte da morte de Cristo, que é o
aspecto negativo. A outra parte é positiva: foi para libertar Ele mesmo (que é
Deus), Sua divindade e Sua vida divina. Certa vez nos evangelhos, o Senhor
Jesus disse que estava contristado e ansiava morrer para ser libertado (Lc 12:50).
Cristo morreu e mediante a morte quebrou-se a casca de Sua carne, com que Se
revestiu quando se tornou homem. É como o grão de trigo que foi semeado na
terra e morreu, destruindo, desse modo, completamente sua casca. Fora do trigo,
a vida foi liberada e brotou; assim muitos grãos foram produzidos. Somos esses
grãos. Mais tarde, seguindo o que o irmão Austin-Sparks disse, avancei em dizer
que esses grãos são moídos até se tornar farinha para formar um só pão, que é o
Corpo de Cristo. AS VIRTUDES HUMANAS DE JESUS EXPRESSAM OS
ATRIBUTOS DIVINOS Precisamos ver que a morte de Cristo não tem somente o
aspecto negativo, mas também o positivo, que é liberá-Lo como Deus. Por trinta e
24
três anos e meio o fato de Ele ser Deus ficou oculto na carne do Senhor Jesus, na
Sua forma humana. Em Sua vida por todo esse tempo, grande parte de Seu viver
era a manifestação de Seus atributos divinos interiores. O que foi manifestado
tornaram-se Suas virtudes humanas. Hoje os leitores comuns das Escrituras vêem
somente que Jesus era muito bom e cheio de virtudes. Mas pouquíssimos vêem
qual é a essência das virtudes do Senhor. A essência de Suas virtudes são os
atributos divinos, que se referem ao que Deus é. Deus é luz e amor, e é também
paciência, santidade e mansidão. Tudo que Deus é são Seus atributos, que são
todos inerentes à natureza divina. Então que é Deus? Deus é luz, amor, justiça,
santidade e paciência. Quando juntamos esses atributos, o que temos é Deus.
Assim, a lei escrita por Ele também foi escrita de acordo com Seus atributos.
Quando o Senhor Jesus viveu na terra, viveu a vida humana, porém o que
expressou em Seu viver não era algo humano, mas divino. Isso significa que os
atributos divinos foram expressos a partir Dele para tornar-se as virtudes de
Jesus. Hoje, em geral, os pregadores falam somente das virtudes de Jesus e não
percebem que elas vieram dos atributos divinos intrínsecos Nele. Isso significa
que Ele viveu como homem, porém expressou Deus. Assim, quando estava na
terra, as pessoas ao redor, mesmo Seus seguidores como Pedro, Tiago e João,
sempre perguntavam: "Quem é este?" (Mt 8:27; 13:53-56; Mc 4:41). Eles não
sabiam quem Ele era porque não percebiam que era Deus que se tornou homem.
Sem falar que os cristãos de hoje não têm essa percepção, nem mesmo os
discípulos que seguiram o Senhor Jesus por três anos e meio a tiveram. Eles
diziam: "Quem é este? Obviamente é um homem, é alguém que todos
conhecemos, sua mãe é Maria e também conhecemos Seus irmãos". Além do
mais, de acordo com o que está registrado nas Escrituras, a forma exterior de
Jesus não era alta ou forte, e Sua aparência não era bela; em vez disso, Ele
parecia pobre e humilde (Is 53:2; 52: 14). Estes dias desfrutei cantando um hino
muito simples (número 1060, de Hymns em inglês). A primeira estrofe com o
refrão diz: "Deixaste o trono e a coroa real, / Ao vires à terra por mim; / Mas na
casa de Belém não se achou lugar / para Teu santo nascimento: / Oh! vem a meu
coração, Senhor Jesus! / Há nele lugar para Ti / Oh! vem a meu coração, Senhor
Jesus, vem, / Há nele lugar para Ti". Minha ênfase está na estrofe dois: "Os arcos
dos céus vibraram quando os anjos cantaram, / Proclamando Tua realeza; / Mas
25
vieste de modesto nascimento, Senhor, na terra, / E em grande humildade"
(tradução literal). O que quero ressaltar são as últimas duas linhas: "Mas vieste de
modesto nascimento, Senhor, na terra, / E em grande humildade". [Nota: Na
versão chinesa, a tradução dessas duas linhas diz: "Mas vieste à terra, nascido de
família pobre, sem forma atraente, / Cresceste em cidade humilde e não foste
estimado por ninguém]. Realmente gosto dessas duas linhas; são maravilhosas. O
Senhor Jesus era exatamente esse homem de tal forma que ninguém jamais
pensaria que havia algo como tesouro Nele ou que Deus estava Nele. Pedro,
João, Tiago, Maria e muitos outros viram as virtudes do Senhor Jesus. Ele
suportou o que os demais não poderiam. Independente de como os outros O
insultavam, Ele ainda era manso para com eles. Certa vez Ele e os discípulos
passaram por um vilarejo, mas as pessoas ali não os acolheram. Então Tiago e
João disseram ao Senhor: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu e
consumi-los?". Mas o Senhor Jesus disse: "Vós não sabeis de que espírito sois"
(Lc 9:54-55). Aquela era uma virtude. Em outra ocasião, pequeninos foram
levados a Ele para que lhes impusesse as mãos e orasse, mas os discípulos
repreendiam as pessoas. Jesus, porém, disse: "Deixai as crianças e não as
impeçais de vir a Mim" (Mt 19: 13-14). Essa também foi uma virtude. Apesar de ter
visto as virtudes do Senhor Jesus, ninguém percebeu que elas eram expressas
por Ele a partir de todos os atributos divinos Nele. Portanto, na conferência de
língua chinesa este ano, o novo hino que escrevi diz: "Carne se fez, um homem-
Deus, / E quer tornar-me Deus também: / Em vida e natureza, iguais, / Na
Divindade, não, porém! / Seus atributos mostrarei, / Gloriosa imagem, pois, terei".
Esse era o tipo de pessoa que o Senhor era na terra. Os atributos de Deus
tornaram-se virtudes Nele e a gloriosa imagem de Deus foi manifestada e
expressa Nele. CRISTO COMO O DESCENDENTE DE DAVI TORNOU-SE FILHO
DE DEUS Após Cristo passar pela morte e ressurreição, um de Seus discípulos
Lhe disse: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20:28). Antes da ressurreição de Jesus,
os discípulos dirigiam-se a Ele como Senhor. Esse tratamento era igual ao que as
pessoas do Antigo Testamento tinham para com Deus. Era um título geral de
tratamento entre os judeus. No entanto, uma vez que o Senhor Jesus era homem,
como podia ser chamado Deus? É porque encarnou-se para ser homem como
descendente de Davi. Esse descendente tornou-se o Primogênito de Deus em
26
ressurreição. Isso é o que Romanos 1: 1-4 nos fala. Na verdade esses versículos
se baseiam em 2 Samuel 7:12-14. Davi desejava construir uma casa para Deus,
mas Deus disse: "Não construa uma casa para mim; em vez disso, Eu farei uma
casa para você. E dela levantarei um descendente para você. Eu serei seu Pai e
ele será Meu filho". Isso corresponde ao que diz Romanos 1, que o descendente
de Davi tornou-se Filho de Deus. O PRIMOGÊNITO E OS MUITOS FILHOS DE
DEUS Quando os leitores da Bíblia, incluindo os rabinos judeus, chegam a 2
Samuel 7: 12, não tentam investigar esse versículo profundamente. Ele não era
descendente de Davi? Então como se tornou o Filho de Deus? A respeito disso,
Davi deu-nos uma palavra muito clara em Salmos 2:7: "Tu és meu filho, eu, hoje,
te gerei". Mais tarde em Atos 13:33 Paulo deu uma explicação disso dizendo que
se refere à ressurreição de Cristo. Eu, hoje, Te gerei significa que no dia da
ressurreição a humanidade de Cristo foi gerada por Deus para ser o Filho de
Deus. Foi a partir daí que o Filho de Deus teve a natureza humana em Seu
interior. Antes desse dia, antes da ressurreição, Ele era meramente o Unigênito de
Deus. Como tal, Ele tinha apenas Deus em Si e a essência divina; nada tinha a
ver com o homem. Mas por Sua morte e ressurreição, o homem que Ele se
tornara foi introduzido por Deus na divindade. Isso foi Ele se tornar o Primogênito
de Deus. Quando seres humanos dão à luz, geralmente nasce uma só criança.
Mas o nascimento de Cristo incluiu grande número, não apenas um, a saber, Ele
mesmo. Ele é o Primogênito e há milhões e milhões de filhos depois Dele. A Bíblia
diz claramente que nós, os salvos, fomos ressuscitados com Ele. Assim, 1 Pedro
1:3 diz: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua
muita misericórdia nos regenerou para uma viva esperança, mediante a
ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". Em Sua ressurreição, não apenas
Cristo com Sua humanidade foi gerado como o Primogênito de Deus, mas os
eleitos de Deus e redimidos pela morte de Cristo nasceram como os muitos filhos
de Deus. Portanto Deus tem o Primogênito e também os muitos filhos. Isso é dito
claramente no Antigo e no Novo Testamento. Em Romanos 8:29 Paulo diz que
Deus fez Seu Filho o Primogênito entre muitos irmãos. Hebreus 2: 10 diz que um
dia esse Primogênito, como nosso Capitão, irá conduzir-nos, os muitos filhos,
Seus muitos irmãos, à glória. Hebreus 2: 1112 diz que tanto o Primogênito como
os muitos filhos são todos de Um só e Ele não se envergonha de chamá-los
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irmãos, dizendo: "A meus irmãos declararei o teu [do Pai] nome". Essa é a
ressurreição de Cristo. Mas tal ressurreição não é simples. Nela primeiramente
Jesus com Sua humanidade foi gerado para ser o Primogênito de Deus. Em
segundo lugar, nós, os eleitos de Deus e redimidos de Cristo, fomos gerados para
ser os muitos filhos de Deus. Em terceiro lugar, o último Adão em Sua
humanidade, que é Jesus encarnado, tornou-se o Espírito que dá vida. Foi o
último Adão, o Jesus encarnado, que se tornou o Espírito que dá vida; logo, o
Espírito que dá vida é o próprio Jesus Cristo. A CONSUMACÃO DA
RESSURREICÃO DE CRISTO É O ESPíRITO QUE DÁ VIDA Portanto a
consumação da ressurreição de Cristo é que Ele se tornou o Espírito que dá vida.
O Espírito que dá vida é o Cristo encarnado, a corporificação do Deus Triúno.
Assim, por inferência, dizemos que o Espírito é o Cristo todo-inclusivo, o Deus
Triúno processado e consumado. Hoje Ele se tornou o Espírito que dá vida. Por
isso, esse Espírito é a consumação extrema do Deus Triúno. Desde a eternidade,
Ele era o Deus Triúno com estes três: o Pai, o Filho e o Espírito, mas sem passar
por esses processos. Quais são os processos pelos quais Ele passou? São os
processos de encarnação, viver humano, crucificação e ressurreição. Na
eternidade o Deus Triúno não tinha nenhum elemento humano, nenhuma
experiência do viver humano, nenhum elemento de morte e nenhum elemento de
ressurreição. Assim não poderia ser considerado consumado. Ele era eternamente
completo, mas não consumado. No entanto o Espírito é a consumação final do
Deus Triúno. Neste ponto Ele está totalmente consumado. É o homem-Deus com
a humanidade e o viver humano que passou pela morte e entrou na ressurreição.
Agora Ele tem estes quatro grandes elementos que não havia em Deus na
eternidade: humanidade, a experiência do viver humano, morte e ressurreição. O
HOMEM TORNA-SE DEUS POR TER SUA VIDA E NATUREZA Quem é Cristo?
Não é apenas o Criador, mas também a criatura. Os primeiros teólogos
acreditavam nisso, mas os últimos não ousavam ensiná-lo. "Deus tornou-se
homem para o homem tornar-se Deus" era algo predominante nos tempos antigos.
Por isso, no começo do século IV, Atanásio, que estava presente no concílio de
Nicéia, disse que "Ele se fez homem para que o homem seja feito Deus". Na
verdade essas palavras significam que Deus tornou-se homem para fazer Deus a
todos os que cremos. Isso já fora dito no século II, posteriormente, porém, as
28
pessoas não tiveram a ousadia de dizê-lo. O que Deus criou foi um homem, mas
este tinha a imagem de Deus. Por fim, Deus poderia entrar para gerar homens de
maneira que sejam Seus filhos, tendo Sua vida e natureza. Assim o homem é da
espécie de Deus, em vida e natureza. Que há de errado em dizer que o homem se
torna Deus? No entanto sou cauteloso em dizer isso. Antigamente isso era
ensinado não tão clara e cuidadosamente como fazemos hoje. Ressalto que o
homem torna-se Deus sem partilhar a Deidade, tendo apenas a vida e a natureza
de Deus. Nenhum mestre do cristianismo pode opor-se a isso. Uma vez que
cremos no Senhor, recebemos a vida de Deus e 2 Pedro 1:4 diz claramente que
podemos tornar-nos "co-participantes da natureza divina". Ninguém pode refutar
isso. Primeira João 3:2 diz: "Quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele, porque haveremos de vê-lo como ele é". Espero que possamos
definitivamente lançar bom fundamento entre nós sobre esse assunto. OS
PASSOS QUE DEUS DEU PARA FAZER DO HOMEM DEUS Deus tornou-se
homem pelo processo de encarnar-se, viver a vida humana, ser crucificado e
entrar na ressurreição. Como Deus faz do homem Deus? Primeiramente tornou-se
homem. O processo pelo qual Deus passou da encarnação até a ressurreição foi o
procedimento para se tornar homem. Por fim, em ressurreição, tornou-se o
Espírito que dá vida, no qual vem cumprir a obra de fazer do homem Deus. Em
primeiro lugar, Ele é o Espírito santificador, citado em 1 Pedro 1:2. Éramos
pessoas caídas em pecado, mas alguns foram movidos por Deus a vir e nos
pregar o evangelho. Por essa pregação, o Espírito santificado r nos separa,
separa os eleitos de Deus. A obra do Espírito santificador nos pecadores é como a
mulher que acendeu a candeia para procurar a dracma perdida, como registra
Lucas 15:8. Fomos santificados antes de ser salvos. Em segundo lugar, quando
ouvimos o evangelho, o Espírito pôs fé em nós. Em terceiro lugar, quando cremos,
a vida de Deus, que é Ele mesmo, o próprio Cristo, entrou em nós. Desse modo
fomos regenerados. A santificação que experimentamos após a regeneração não
é posicional, mas disposicional. Quando o Espírito nos separou dos pecadores,
essa foi a santificação posicional ocorrida antes de sermos salvos. Quando o
Espírito entra em nós para mudar nossa disposição temos a santificação
disposicional que acontece após a regeneração. Essa santificação não é realizada
num só dia, mas resulta na renovação, que é uma questão para a vida toda.
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Renovação resulta em transformação, que também é uma questão para a vida
toda. O resultado final da transformação é ser conformado à imagem do Senhor e
ser como Ele é. Do primeiro passo, a regeneração, até o último passo, a
conformação, tudo é realizado pelo Espírito. Por fim esse Espírito nos conduzirá à
glória de modo que Deus será totalmente expresso de nosso interior através de
nosso corpo corruptível. Naquele momento, nosso corpo corruptível também será
redimido e transformado. Isso é a glorificação dita em Romanos 8:30: "E aos que
justificou, a esses também glorificou". É por meio desses procedimentos que Deus
faz de nós Deus. A REALIDADE DO CORPO DE CRISTO Agora veremos a
realidade do Corpo de Cristo. Essa realidade é o Espírito, e o Espírito é a
ressurreição. O irmão Nee afirmou que "o Espírito Santo é a realidade da
ressurreição; sem o Espírito, não há ressurreição". Em João 11:25 o Senhor Jesus
disse: "Eu sou a ressurreição e a vida". Ele não é apenas a vida, mas também a
ressurreição. No entanto, embora a maioria de nós entenda que o Espírito é vida,
não podemos compreender que Ele é ressurreição. O Senhor Jesus disse que Ele
é a ressurreição. Que é essa ressurreição? É a consumação extrema do Deus
Triúno. A obra do Deus Triúno em nós é produzir o Corpo de Cristo, cuja realidade
é o Espírito, o Cristo pneumático. Esse Espírito, como o Deus Triúno consumado,
como a ressurreição, trabalha em nós. Quando temos o Cristo pneumático, o Deus
Triúno consumado, a ressurreição, somos o Corpo de Cristo na prática. Sem isso
a igreja, os irmãos responsáveis e os diáconos não são o Corpo de Cristo. A igreja
e os irmãos responsáveis e os diáconos são usados pelo Senhor para liderar os
filhos de Deus que ainda vivem na carne, no corpo físico. Estamos ainda na carne,
e nela precisamos viver e precisamos de lugar para viver. Além do mais, quando
nos reunimos não devemos agir impropriamente; antes, nosso proceder deve ser
ordenado. Assim, precisamos dos irmãos responsáveis e dos diáconos. Mas estes
não são o diamante; são meramente a embalagem. Além disso, o diamante
precisa de uma caixa para ser guardado. Portanto nas igrejas locais, os
presbíteros e diáconos e todas as práticas são apenas a embalagem exterior e a
caixa. Não entrarão na Nova Jerusalém. Não podemos discutir sobre coisas como
a autonomia das igrejas e o limite da cidade. Apesar de independentes umas das
outras no que se refere às questões administrativas e financeiras, as igrejas são
todas uma na questão do tesouro. Que é o tesouro? É o testemunho de Jesus.
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Como podemos produzir esse tesouro hoje? Pelo fato de Ele ter cumprido tudo e
ascendido aos céus. Hoje em ascensão, como o Ministro nos céus, Ele trabalha
em nós, pouco a pouco, tudo que realizou desde a encarnação até a ressurreição.
Hoje não precisamos continuar a pregar os ensinamentos antigos como a
embalagem. Não precisamos discutir sobre coisas superficiais. Contanto que o
tesouro esteja aqui, já é bom o suficiente. Quando você embala o tesouro, quer
seja de um jeito ou outro, não vale a pena discutir. Independente de embalar deste
ou daquele jeito, é a mesma pedra preciosa. Quer embrulhe em uma ou duas
camadas de embalagem, ainda é a mesma pedra. Mesmo sem embalagem, ainda
é a mesma pedra. Contanto que a pedra preciosa esteja aqui, já basta. Desde que
experimentemos Cristo, está tudo certo; não há o que discutir: imersão, aspersão,
água quente, água fria, água do mar ou água doce, nada importa. Assim,
precisamos ter visão cabal. Tudo o que vale a pena é o Espírito. Devemos permitir
que Ele entre em nós e a cruz de Cristo seja posta em prática em nós. Isso é o
que vale a pena. Esse é o tesouro. Onde estamos hoje? Não jogamos fora as
coisas exteriores ainda as guardamos. Mas não de acordo com o que gostamos.
Nós as guardamos de acordo com os exemplos mostrados na Bíblia. O exemplo
bíblico para o batismo é a imersão. Então batizamos as pessoas na água. Não as
batizamos necessariamente em batistério. Colocá-las na água, mesmo em
banheira, está certo. Não devemos ser legalistas. As coisas exteriores não
merecem atenção. Precisamos prestar atenção ao tesouro interior. Quando o
virmos, não seremos divididos. Uma vez que nos dividimos, já não vemos o
tesouro. Assim a realidade do Corpo de Cristo é o Deus Triúno consumado em
nós, o Cristo pneumático, a ressurreição. Que o Senhor tenha misericórdia de nós
para nos fazer voltar das coisas exteriores para a realidade.

CAPÍTULO QUATRO A REALIDADE DO CORPO DE CRISTO (2)

Oração: Senhor, nosso coração está cheio de gratidão por Tua restauração. Nesta
era Tu a tens revelado e também confiado a nós, incumbindo-nos de expandi-Ia
por todo o mundo. Senhor, por causa de Tua misericórdia e graça, Tu tens
realmente conduzido tudo isso até este âmbito. Senhor, percebemos, no entanto,
que até o dia de hoje somos muito pequenos e fracos de muitas maneiras. Não
31
temos vivido como homens-Deus suficientemente em nosso viver, andar e
trabalhar na terra. Ó Senhor, oramos para que nesta noite Tu abras nossos olhos
novamente, para que de nosso interior vejamos com clareza que a realidade do
Corpo de Cristo é o viver de Deus e o homem juntos. Oh! realmente buscamos a
Ti por Tua bênção e que Tua palavra seja clara a nós. Também oramos para que
nos livres de palavras supérfluas e nos dês as palavras puras e purificadas.
Amém. Com respeito à realidade do Corpo de Cristo, sinto que o encargo em mim
ainda não esgotou. Então esta noite ainda precisamos falar sobre esse tema.
Posteriormente falaremos uma palavra de advertência e alerta. A REALIDADE DO
CORPO DE CRISTO: O VIVER CONJUNTO DE DEUS E O HOMEM De modo
simples a realidade do Corpo de Cristo é o viver da vida do homem-Deus por um
grupo de pessoas redimidas por Deus juntamente com o homem-Deus, Cristo.
Antes da encarnação, crucificação e ressurreição de Cristo, no universo havia
Deus nos céus e o homem na terra, mas não havia um ser humano que era Deus
e homem. Além do mais, esse que devia ser Deus, porém homem, não se tornou
homem num piscar de olhos. Em vez disso, de acordo com a lei natural do
homem, Ele foi concebido no útero materno por nove meses e nasceu para ser um
homem. Viveu na terra por trinta e três anos e meio, começando como uma
criança. No passado eu tinha dúvida sobre isto: Por que o Senhor teve de viver na
terra por tanto tempo? Ele viveu aqui por trinta e três anos e meio, e parece que
foi nos últimos três anos e meio, quando saiu para pregar e conduzir os discípulos,
que Ele realmente fez a obra de Deus. Com respeito a Seus primeiros trinta anos
de vida, os evangelhos não dizem muito. No entanto podemos ver que Ele viveu
numa casa pobre de carpinteiro e era chamado carpinteiro (Mt 13:55; Mc 6:3). Eu
não entendia, no entanto, qual era o significado do viver do Senhor como
carpinteiro por trinta anos na terra. Agora, por causa da luz, vi que Ele usou esses
trinta e três anos e meio para viver o modelo da vida do homem-Deus. Após a
morte e ressurreição, Ele produziu muitos irmãos que, com Ele como o Irmão mais
velho, tornam-se um grande homem no universo. Que é esse grande homem
universal? É um homem-Deus, alguém que é Deus, contudo também homem, e
homem, contudo Deus. Primeiramente Ele viveu na terra para viver um modelo.
Como Ele viveu como homem-Deus? Tinha um viver de homem e era
definitivamente um homem na terra. Ele teve fome, teve sede, dormiu, até mesmo
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chorou e derramou lágrimas, ficou cansado e fatigou-se. Ele não apenas era
semelhante a homem, mas era homem. No entanto, como homem, Ele não viveu
pela vida humana, mas pela vida divina Nele. Ele viveu, mas não sozinho; não
apenas por Sua vida, mas pela vida divina. Ele nos disse claramente que falava e
fazia coisas não por Ele mesmo, mas por Aquele que O enviou 00 5: 19; 8:28). Em
João 6:57 Ele disse: "O Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo por causa do Pai".
Mas qual o propósito de o Pai que vive O enviar? Em geral, os cristãos
responderiam que o Pai O enviou para ser nosso Salvador e cumprir a redenção
por nós. Talvez ainda dissessem que Ele veio trazer a vida de Deus a nós. Não há
nada de errado em dizer isso, mas essas são afirmações superficiais. Qual foi o
propósito de Deus ao mandar o Senhor Jesus? Deus O enviou para ser um
homem e viver a vida de homem-Deus pela vida divina. Esse viver resulta num
grande homem universal que é exatamente o mesmo que Ele - um homem com o
viver do homem-Deus pela vida divina. De fato espero que você se lembre da
palavra do Senhor em João 6:57. Qual o propósito de Deus mandar o Senhor
Jesus? Se ler o Evangelho de João inteiro, saberá o significado desse versículo.
Deus O enviou para ser um homem e viver a vida do homem-Deus pela vida
divina. Ele viveu na terra por trinta e três anos e meio e produziu um modelo desse
viver. No final da vida, Ele foi à cruz, morreu e ressuscitou. Em ressurreição,
introduziu Sua natureza humana em Deus e Dele foi gerado como Seu
Primogênito. Não apenas isso, na ressurreição todos os escolhidos de Deus
nasceram com Ele em Seu nascimento. Efésios 2:5-6 diz que Deus "nos deu vida
juntamente com Cristo [ ... ] e, juntamente com ele nos ressuscitou". Dar vida e
ressuscitar é gerar. Sabemos disso porque Atos 13:33 diz que, quando Deus
ressuscitou a Jesus dentre os mortos, disse ao Senhor: "Tu és meu filho, eu, hoje,
te gerei". Em que dia o gerar aconteceu? No dia da ressurreição do Senhor. Por
isso, quando a ressurreição foi consumada, o Primogênito e os muitos filhos de
Deus foram gerados. Como tal, Ele se tornou o Espírito que dá vida (l Co 15:45b)
e produziu a Si mesmo e aos muitos filhos de Deus em ressurreição. O Senhor
Jesus ressuscitou, ascendeu aos céus e agora está lá como o Espírito que dá
vida. O Espírito que dá vida é Aquele que é Deus, contudo é homem; Ele se
encarnou, passou por um viver humano, morreu e ressuscitou. Após nos
regenerar, Ele habita em nós e Se mescla com nosso espírito para ter um viver de
33
homem-Deus conosco. Ele é Deus, contudo homem e morreu e ressuscitou para
tornar-se o Espírito que dá vida, o Cristo pneumático. Em ascensão Ele é o
Mediador da nova aliança (Hb 8:6), o fiador da nova aliança (7:22), o Sumo
Sacerdote (8: 1) e o Ministro celestial (v. 2). Agora, no céu, Ele faz algo: trabalha
em todos os Seus redimidos e regenerados para fazer deles Deus. Como Ele o
faz? Estando neles para santificá-los, renová-los e transformá-los continuamente.
Essa transformação é para deificá-los. O propósito da transformação é fazer do
homem Deus até que o homem seja conformado à imagem divina e seja
exatamente como Deus (2 Co 3: 18). A imagem de Deus é Aquele que é Deus,
contudo homem. É verdade que Ele viveu na terra como homem, mas não viveu
por Sua vida humana; em vez disso, vivia por Deus como Sua vida. Assim, Ele
rejeitava e negava a Si mesmo. Em Seus trinta e três anos e meio na terra, todos
os dias Ele vivia por Deus, uma vida em que rejeitava e negava a Si mesmo. Esse
é um tipo de vida sob a cruz, pela vida de ressurreição. Portanto, quando falamos
de Cristo antes de ir à cruz morrer e ser ressuscitado, Ele vivia todos os dias uma
vida de morte e ressurreição. Morrer é rejeitar a nós mesmos e nos colocar na
morte; ser ressuscitado é expressar Deus como nossa vida. Apesar de o que é
vivido é a vida humana, as virtudes que se manifestam são algo transformado dos
atributos divinos. O VIVER DE JESUS NA TERRA COMO MODELO DO VIVER
PARTILHADO ENTRE DEUS E O HOMEM Quando viveu na terra, o Senhor
Jesus era de fato homem, mas, em vez de viver pela vida humana, Ele viveu por
Deus como Sua vida. Desse modo, em Sua vida e viver, Ele viveu os atributos
divinos como Suas virtudes humanas manifestadas aos olhos dos homens.
Quando olhavam para Ele, por fora viam que era realmente um homem.
Entretanto, quanto mais O observavam e seguiam, mais tinham de admitir que Ele
realmente era Deus. Nos quatro evangelhos vemos os galileus que seguiram o
Senhor por trinta e três anos e meio. No início perceberam que Ele era o filho de
um carpinteiro, que era um homem. Gradualmente, quanto mais O observavam,
mais viam as virtudes manifestadas Nele. Essas virtudes nunca poderiam ser do
homem. De onde vinham? Naqueles dias os galileus não sabiam, mas hoje
sabemos que elas se expressavam do viver do homem-Deus Jesus, que como
homem viveu não por Si mesmo, mas por Deus, e expressava os atributos divinos
e os manifestava como virtudes Daquele que é Deus, contudo homem. Depois de
34
o Senhor Jesus ser ressuscitado dentre os mortos, Seus discípulos também
entenderam. Foi quando começaram a perceber que Cristo é Deus. Perceberam
isso não somente porque viram os milagres que Ele fez, como acalmar os ventos
e o mar e ressuscitar os mortos. Pelo contrário, perceberam que Ele é Deus
porque viram os atributos da própria natureza divina expressos por meio do viver
de um homem para tornar as genuínas virtudes desse homem. Sem dúvida, Deus
está nas virtudes de Cristo como homem. Portanto no final dos evangelhos vemos
que, diferentemente dos cristãos de hoje em sua situação geral, os discípulos
tinham uma percepção profunda e elevada Dele como Deus. Em Sua morte e
ressurreição, Cristo também nos produziu. Ele introduziu Deus em nós, não de
modo objetivo, mas subjetivo. Como Ele introduziu Deus em Maria, também agora
O introduziu em nós, Seus redimidos. Dessa forma, Ele começou a nos fazer
Deus; ou seja, gerou-nos como filhos de Deus. Uma vez que nascemos de Deus
Pai em Cristo e uma vez que nosso Deus Pai é Deus, como nós, filhos gerados
Dele, não podemos ser Deus? Uma vez que nosso Pai é Deus, nós que somos
nascidos Dele certamente somos Deus também. No entanto, apesar de nascidos
dessa forma, somos ainda a velha criação e estamos na carne. Ainda somos
naturais e temos o velho "eu". Ao mesmo tempo, temos de admitir que também
somos imundos e corruptos. Vivemos no mundo e somos sempre contaminados
por sua imundice. Que fazer? Em geral, os cristãos aprenderam que Jesus é o
Senhor onipotente e é o mesmo ontem, hoje e sempre será, e hoje está nos céus
a interceder por nós e é capaz de nos salvar de tudo. Mas o que Deus nos tem
mostrado é que, apesar de bons, esses ensinamentos são superficiais e não muito
exatos. Os cristãos sabem que Cristo intercede nos céus por nós e se compadece
de nós em nossos problemas socorrendo-nos na situação. Porém, em realidade,
não é assim. Esse homem-Deus ascendido é tanto Deus como homem. Ele é
homem, não o homem que foi criado e tornou-se caído, mas um homem que foi
criado e caiu, mas entrou na morte e ressurreição e foi exaltado. Ele é esse
homem em ressurreição. Ao mesmo tempo, também é Deus, mas não o Deus que
é puramente Deus, antes da encarnação. Agora Ele é o Deus consumado. Nele
estão Deus, o homem, a experiência humana, a eficácia da morte e o poder da
ressurreição. Todos esses elementos estão combinados para tornar-se um
Espírito composto. Há uma figura clara disso no Antigo Testamento, em Êxodo
35
30:23-29. Em um him de azeite foram combinados quatro tipos de especiarias -
mirra, cinamomo, cálamo e cássia - formando um total de cinco ingredientes. Isso
significa que o Espírito de Deus é composto da morte de Cristo e sua eficácia, e
também da ressurreição de Cristo e seu poder. Todos esses elementos são
combinados para tornar-se o óleo composto da unção. Não é apenas óleo, mas
um ungüento. O tabernáculo, os sacerdotes que serviam a Deus e tudo
relacionado com a adoração divina foram ungidos com esse óleo da unção. O
VIVER DO HOMEM PARA TORNAR-SE DEUS É UM VIVER DE MORTE E
RESSURREIÇÃO SOB A CRUZ Após ter tido um viver típico de homem-Deus de
modo prático, o Senhor realizou a redenção por meio da morte e ressurreição para
nos redimir e regenerar para que sejamos como Ele é. Somos da mesma vida e
natureza que Ele. Dessa forma, tornamo-nos Deus e tornamo-nos filhos de Deus.
Contudo ainda temos muitas coisas negativas em nós. Graças ao Senhor, Ele
eliminou essas coisas negativas em Sua morte. Ele foi à cruz com nossa carne e
nossa natureza humana pecaminosa. Ele incluiu todos nós na cruz. Nosso velho
homem foi crucificado com Ele, desse modo a velha criação, a carne, Satanás e o
mundo, ou seja, tudo que envolvia o velho homem foi condenado na cruz. Hoje,
uma vez regenerados, não devemos mais participar dessas coisas ou viver por
elas. Pelo contrário, devemos rejeitar-nos assim como o Senhor Jesus Se negou.
Nosso ser é corrupto, tão corrupto a ponto de ser incurável. Cristo não tem nada
de mal em Si e é absolutamente bom, porém teve de pôr de lado Seu "eu" bom.
Sendo assim, muito mais nós temos de pôr de lado nosso ser maligno. Portanto
hoje, se queremos ter a realidade do Corpo de Cristo, precisamos viver a vida do
homem-Deus. Para vivê-la, precisamos receber a cruz. A estrofe um do hino 321
diz: "Se ressurreição anelo, / Devo a cruz de Cristo amar; / Do morrer procede a
vida / E da perda, o ganhar". A estrofe dois, diz: "Para Cristo em mim formar-se /
Devo aniquilado ser; / Morre a vida da minh'alma, / Se eu em Sua cruz viver". Se
conhecermos o poder da ressurreição, certamente nos deleitaremos em estar no
molde da cruz e ser conformados a ela. Assim, Filipenses 3:10 diz que é pelo
poder da ressurreição de Cristo que somos conformados à Sua morte. Por nós
mesmos não podemos sê-Ia; por nós mesmos não podemos negar-nos. Somos
conformados à morte de Cristo pelo poder de Sua ressurreição, o que não é uma
coisa ou uma questão, mas uma pessoa: o Espírito que dá vida. O Espírito que dá
36
vida é o Espírito composto, o Cristo pneumático, a consumação do Deus Triúno
processado e consumado. Isso é ressurreição. O Senhor disse claramente que Ele
é a ressurreição (Jo 11:25). Assim, a ressurreição é a consumação do Deus
Triúno, do Cristo pneumático, que realizou a redenção por nós e é o Espírito que
dá vida que habita em nós. Hoje Ele vive em nós para nos dispensar a vida divina
diariamente. Essa é a vida Daquele que é Deus, contudo homem. A vida que foi
expressa por Aquele que era Deus encarnado para ser homem e tornou-se o
homem-Deus, não por Sua vida humana, mas por Sua vida divina. "JÁ NÃO SOU
EU QUEM VIVE AQUI, MAS DEUS COMIGO HOJE ESTÁ" O modo de ter o viver
de um homem-Deus é a morte e ressurreição. Morremos cada momento, todos os
dias, e vivemos cada momento de cada dia pelo Espírito que dá vida em nós. De
acordo com minha experiência cristã, no início, antes de receber ajuda do irmão
Nee, apesar de buscar, eu não sabia nada sobre o que é a experiência de vida.
Os Irmãos Unidos me ensinaram por sete anos e meio, mas esses ensinamentos
eram exteriores e superficiais. Quando entrei em contato com o irmão Nee, soube
que precisava morrer, permanecer na cruz e viver segundo o Espírito.
Gradualmente, na restauração, o Senhor me mostrou que isso não é tudo nem é
suficiente. Ainda precisamos ver que a vida cristã que o Senhor deseja é que o dia
todo, cada minuto e cada segundo estejamos sob morte, tendo uma vida e um
viver com o Deus Triúno que habita em nós, o Cristo pneumático, o Espírito que
dá vida. É por isso que a estrofe três do novo hino diz: "Já não sou eu quem vive
aqui, / Mas Deus comigo hoje está". Sobre essa questão, há um ensinamento
errôneo no cristianismo. Alguns dizem que nós, cristãos, vivemos uma vida
permutada. Dizem que nossa vida é muito má, então Cristo a pregou na cruz e,
em troca, Ele mesmo vem viver em nós. Portanto é questão de permuta de vida.
Esse tipo de ensinamento é errado. Fomos pregados na cruz, mas essa
crucificação não foi nosso fim; pelo contrário, nós ressurgimos. É verdade que
Gálatas 2: 19 diz que fomos crucificados com Cristo, no entanto não paramos ali,
mas ressuscitamos com Ele. Por um lado, fui aniquilado. Por outro, o "eu"
ressurreto vive. Não me entreguei em troca de outra vida. Em vez disso, o velho
"eu" foi erguido [na cruz] e Cristo vive no novo "eu". É por isso que, por um lado,
Paulo disse que estava crucificado com Cristo e aniquilado, mas, por outro, disse:
"Vivo". "Já não sou eu quem vive", mas isso não significa que não há mais "eu",
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porque "agora [ ... ] vivo". Como vivo? Exercitando a fé no Filho de Deus, ou seja,
vivo pelo próprio Cristo. "Já não sou eu" não significa que eu não sou mais;
significa que eu que vivo por mim mesmo já não sou mais. Quando dizemos que
fomos crucificados com Cristo, não significa que Ele vem para nos substituir e não
existe mais o eu. Esse tipo de interpretação é errônea. CRISTO VIVE, E NÓS
TAMBÉM VIVEMOS POR CAUSA DELE Em João 14:16-17 o Senhor Jesus disse
aos discípulos: "Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que
esteja para sempre convosco, o Espírito da realidade". Depois, no versículo 19 Ele
disse: "Porque Eu vivo, vós também vivereis". Foi no dia da ressurreição que os
discípulos souberam que o Senhor vivia e eles também viviam. Mas o modo como
viviam era diferente do modo como tinham vivido antes de ser crucificados com
Cristo. Anteriormente tinham vivido a própria vida, ao passo que agora, depois de
crucificados com Cristo, viviam pela vida do Deus Triúno, que os ressuscitou. Em
João 6:57 mesmo Cristo, que foi enviado por Deus, disse: "O Pai, que vive, Me
enviou, e Eu vivo por causa do Pai". Cristo vivia por causa do Pai. Isso significa
que não vivia por Si mesmo. É difícil determinar o significado da preposição grega.
Algumas versões a traduziram por "pelo". No entanto essa tradução é incorreta.
Na tradução de Darby tem uma nota de rodapé nessa palavra que diz que o termo
aqui não é simplesmente "por", "mediante" ou "a bem de". O Senhor foi enviado
pelo Pai com uma comissão, ou seja, viver o Pai. Assim sendo, uma vez que foi
enviado pelo Pai, Ele veio para expressar o Pai em Seu viver. Foi por essa razão
que o Pai enviou o Filho. Além do mais, Darby diz que aqui se refere ao que o Pai
é e Seu viver. O Pai tem o que Ele é e Sua vida. O Filho foi enviado com a
comissão de, em Seu viver, expressar o Ser e a vida do Pai. Em João 6:57 o
Senhor prossegue: "Quem Me come, também viverá por causa de Mim". Viver por
causa do Senhor é expressar em nosso viver o Ser e a vida do Pai. Cristo
ressuscitou e o Espírito entrou em nós. Desde então, visto que Ele vive, nós
também vivemos. Ele vive, e nós vivemos por causa Dele, porque Ele e nós, nós e
Ele, vivemos juntos. Portanto em ressurreição Ele e nós, nós e Ele estamos
totalmente unidos e mesclados como um só. Desse modo, Paulo disse: "Para
mim, o viver é Cristo" (FI 1:21). Além disso, disse: "Como sempre, também agora,
será Cristo engrandecido no meu corpo" (v. 20). Era Paulo que vivia, mas era
Cristo, e não Paulo, que Se manifestava. Quando Jesus vivia, quem Se
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manifestava não era Jesus nem um carpinteiro de Nazaré, mas Deus. Em Suas
virtudes humanas, os atributos divinos se manifestavam. Quem Se expressava em
Seu viver era o homem-Deus como resultado da união e da mescla de Deus com
o homem. Esse homem-Deus Se expandiu na ressurreição de Cristo. Antes Ele se
constituía de um só Filho; agora expandiu-Se para ser o Primogênito e os muitos
filhos. Essa expansão é um organismo que é o Corpo de Cristo. A REALIDADE
DO CORPO DE CRISTO É A UNIÃO E A MESCLA DE DEUS COM O HOMEM
PARA EXPRESSAR O HOMEM-DEUS CORPORATIVO EM SEU VIVER O Corpo
de Cristo não é mero termo, mas urna realidade. A realidade do Corpo de Cristo é
a união e a mescla de Deus com o homem para viver o homem-Deus corporativo.
Para isso, precisamos passar por morte e ressurreição, morrendo e sendo
ressuscitados diariamente. Também precisamos estar no Espírito e andar de
acordo com Ele todos os dias. Novamente, deixe-me contar algo de minha
experiência. Por muitos anos senti que estava tudo bem comigo, mas
recentemente o Senhor me mostrou algo diferente. Tenho dito aos irmãos que o
povo de Deus é Sua esposa e deve tomá-Lo como Marido, e tenho apresentado
isso de forma clara e razoável. No entanto, em realidade, em vez de tornar Deus
como Marido em meu viver, tenho tornado a mim mesmo como marido. É de
acordo com os padrões morais que não faço coisas más ou digo palavras ruins à
minha esposa. Mas não torno Deus como meu Marido nem falo por Ele. Eu
mesmo sou o marido, falo por mim mesmo e falo sobre a obra por mim mesmo.
Há pouco tempo, por causa da grande visão que tive, tenho praticado urna coisa,
ou seja, quando vou falar a outros, eu me pergunto: "É você que quer falar, ou é
seu Marido?". Em outras palavras: "É você que quer falar, ou é o Espírito que
habita em você? Seu falar é no Espírito e de acordo com Ele?". Se usarmos esse
padrão para nos pesar e medir, veremos que estamos muito aquém. Embora
tenhamos a visão do Corpo de Cristo e falemos claramente sobre ele, o que
ternos como realidade disso é muito pouco. A UNIDADE DO CORPO É O
ESPÍRITO O que fazemos e falamos nas reuniões, na maior parte das vezes, não
é a realidade do Corpo de Cristo. O que temos são meras práticas exteriores.
Ternos as igrejas e sabemos estabelecer igrejas, levantar presbíteros e designar
diáconos. Também sabemos ter boas reuniões por não haver um só orador, mas
todos praticando o profetizar como profetas. Todas essas coisas estão corretas e
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certas, mas acaso são feitas no Espírito e de acordo com Ele? Minha resposta é:
A maioria delas não. Desse modo, mesmo na restauração do Senhor ainda somos
muito carentes da realidade do Corpo de Cristo. A maneira de expressar a
realidade do Corpo de Cristo em nosso viver é passar por morte e ressurreição
pelo viver em conjunto de Deus com o homem. Por meio da morte, todas as
nossas coisas foram clarificadas; mediante a ressurreição nossa natureza humana
foi elevada e fornos gerados como os muitos filhos de Deus. Embora sejamos os
filhos de Deus hoje, ainda ternos muitas coisas negativas que persistem em nosso
ser. Desse modo, devemos tornar a cruz todos os dias. Devemos morrer cada dia,
momento após momento. Tudo precisa morrer. Quer você diga às pessoas que a
igreja em cada cidade não é autônoma, ou que, por um lado as igrejas são
autônomas e, por outro, são unidas como um Corpo, você deve dizê-lo na
realidade do Corpo de Cristo, ou seja, no Espírito. De fato, não é correto dizer que
as igrejas são absolutamente autônomas; por certo, é correto dizer que, por um
lado, elas são autônomas e, por outro, são unidas como o Corpo universal de
Cristo. Todavia, a principio, os que falam tais coisas, o falam em si mesmos, e não
no Espírito ou de acordo com Ele. Desse modo, o que falam é sem sentido. Se
você vir essa luz, não terá de dizer nada e mesmo assim manterá
espontaneamente a unidade do Corpo. Como mantemos a unidade do Corpo?
Que é essa unidade? É o Espírito. Assim, Efésios 4:4 diz: "Um corpo e um
Espírito". Essa é a unidade do Corpo. Quando você está no Espírito, mantém a
unidade. Quando não está no Espírito, mesmo se disser que não está dividido,
você está. ADVERTÊNCIA E PRECAUÇÃO Agora gostaria de fazer uma
advertência e uma precaução. Precisamos estar em alerta uma vez que todos
temos ambição. Não há ninguém sem ambição. O que é mais nocivo a nós, mais
obstrutivo a Deus, mais prejudicial à restauração do Senhor e mais destrutivo ao
Corpo de Cristo é nossa ambição. Por um lado, todos desejam ser presbíteros ou
apóstolos ou, pelo menos, diáconos, e se não diáconos, ser alguém que toma a
dianteira. Por outro lado, em nosso labor para o Senhor, aspiramos ter a melhor
pregação, pregar melhor que os outros. Também aspiramos ter uma obra mais
poderosa do que os outros, levar mais pessoas à salvação, ter uma igreja sob
nossa liderança que sobrepuje as demais. Todas essas sementes de divisão são
encontradas na ambição. Quando a ambição se for, toda divisão desaparecerá.
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Em meu labor junto ao irmão Nee, a primeira coisa que notei nele é que era sem
ambição. Ele sabia apenas trabalhar; não tinha ambição. Desse modo, fui muito
influenciado por ele. Em meus sessenta anos na restauração do Senhor, não tive
nenhuma ambição. Você pode observar minha história: quer em Chefoo, em
Xangai ou em Taiwan, não tive ambição. Apenas sabia trabalhar e labutar. Após
concluir a obra, quando o Senhor me conduzia a partir, eu apenas partia. Vamos
rever a história da restauração do Senhor entre nós. Todos os que eram
ambiciosos, e por isso dissidentes, rebeldes e divisivos, seja na China continental
ou em Taiwan - onde estão hoje? Naqueles dias os dissidentes de Taiwan
disseram que tiveram a visão de que os cooperadores que lideravam tinham
ficado velhos e estavam prontos para ser colocados num caixão. Mas hoje eu
gostaria de perguntar: que aconteceu com a visão deles? Eu os adverti: "Uma vez
que vocês saírem desta base, irão dividir-se várias vezes. Irão dividir-se
infinitamente". Minha palavra se cumpriu. Entre os quatro ou cinco deles, não há
nem dois juntos. Alguns voltaram ao mundo para arrumar emprego, e o paradeiro
dos outros é desconhecido. Enquanto escrevo o esboço de 1 e 2 Reis, vejo o juízo
de Deus sobre todos, e Seu juízo é severo. Quanto aos quatro líderes rebeldes
destes dias, que fazem hoje? Não têm mensagem para dar e nenhuma obra para
fazer. Tudo que fazem é ir a vários lugares, atacar-me e espalhar rumores, criando
divisões em toda parte. Gostaria que víssemos essas histórias e aprendêssemos
lições das falhas desses que nos precedem. A começar com o irmão Nee, todos
que foram fiéis e sinceros em permanecer na restauração do Senhor foram
abençoados. Mesmo se não tinham muitos dons, receberam a bênção do Senhor.
Essas são as coisas que quero apresentar como advertência. Com respeito à
precaução, nunca devemos permitir que nossa personalidade, ser natural, velho
"eu" e disposição ressuscitem. Na obra do Senhor, não temos ambição,
comparação, competição ou inveja. Além do mais, nunca olharemos para os erros
dos outros, mas sempre consideraremos os outros mais excelentes que nós. Não
se orgulhe do que você alcançou, não seja invejoso do que os outros fizeram nem
julgue os erros dos demais. Mesmo se você estiver totalmente ciente de que o que
os outros fazem é errado e há falhas, ainda assim não deve criticá-los, mas ajudá-
los. Não fomos enviados pelo Senhor para medir os outros com uma trena. Pelo
contrário, fomos enviados por Ele para ministrar Cristo às pessoas. Devemos
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aprender a ser humildes. Se há algo que outros têm e nós não temos, devemos
admiti-lo com coração humilde. Todos têm falhas, mas não fomos enviados pelo
Senhor para expor as falhas dos outros. Fomos enviados por Ele para ministrar
vida e ministrar Cristo a outros. Finalmente, ao fazer a obra do Senhor, somente
laboramos. Não devemos tentar exibir-nos e vangloriar-nos com respeito a nosso
trabalho. Não devemos ser relutantes em abrir mão de nossa obra nem levar o
mérito de nosso sucesso. Quando partimos, simplesmente partimos e transferimos
tudo aos outros. Dessa forma nós nos conduzimos - sem ambição, sem nos
vangloriar, sem fazer comparações e sem culpar os outros por seus erros - porque
já vimos o Corpo. Conseqüentemente o que fazemos hoje não é uma obra
pessoal, mas a economia de Deus através das gerações, ou seja, a edificação do
Corpo de Cristo. O Senhor pode levar-nos a expressar a vida de um homem-Deus
estando unidos com os outros. Assim, a terceira estrofe do hino novo diz: "Já não
sou eu quem vive aqui, / Mas Deus comigo hoje está. / Edificado co' os irmãos, /
Seremos Seu eterno lar, / Seu Corpo vivo mui real/ E expressão universal". Essa é
a realidade do Corpo de Cristo. Se virmos isso, não prestaremos atenção às
práticas exteriores. O que quer que você faça é da velha criação, a menos que
passe por morte e ressurreição. Se você fizer o certo, é da velha criação; se fizer o
errado, é da velha criação. Nenhum dos dois tem valor. Em nosso serviço a Deus,
primeiro precisamos ver que Dele não se zomba. Segundo, devemos ver que no
universo, Ele não tem apenas as leis físicas, mas as leis espirituais são mais
estritas do que as físicas. Dessa forma, uma vez que tocamos a obra espiritual de
Deus, precisamos ser restringidos por Suas leis. Se nos desviarmos um
pouquinho delas, estamos terminados. É como correr numa pista de corridas.
Quando você corre, deve ficar entre duas linhas. Uma vez que pise na linha
branca, está fora e, mesmo que se lamente, não há solução. Isso é verdade. No
passado eu disse essas coisas aos dissidentes advertindo-os que não criassem
de forma alguma qualquer divisão ou fossem rebeldes. Até hoje, raramente vi um
rebelde se arrepender. O que quer que você faça, independente de pregar o
evangelho ou ir às vilas ou vir aos Estados Unidos ou conduzir um treinamento,
nunca considere que faz algo mais excelente que os outros. Além do mais, não se
compare com os outros para não ser desencorajado por sentir que o que você faz
não é tão bom quanto o que eles fazem. Não devemos ter essas coisas. Sabemos
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apenas que devemos laborar, morrer diariamente e ressuscitar todos os dias, e dia
a dia devemos andar no Espírito, ou seja, de acordo com o Espírito. O restante,
posso testificar aqui, é da responsabilidade do Senhor.

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