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HERMENÊUTICA BÍBLICA
MAUREL GIACUMUZZI
ESTEIO - 2017
Instituto Teológico Gustavo Nordlund
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3
2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5
4. AS FIGURAS DE LINGUAGEM 20
7. A HERMENÊUTICA REFORMADA 52
8. A HERMENÊUTICA MODERNA 58
9. A HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA 62
11. BIBLIOGRAFIA 74
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1 INTRODUÇÃO
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do grego, que pode ser traduzida como interpretar, é ferramenta indispensável para
todo o leitor da bíblia, que deseja, assim como o salmista (Sl 119), conhecer
profundamente a palavra de Deus.
No presente estudo, adotaremos uma abordagem diacrônica da hermenêutica,
começando pelo próprio Jesus e apostólos, finalizando com as tendências e
perspectivas modernas da interpretação bíblica. Lembrando aos nossos nobres
alunos que a Linguística, fundamental para exegese de um texto, é uma ciência
ainda muito incipiente, com um pouco mais de cem anos; Ferdinand Saussure
considerado o pai da Linguística teve seu trabalho publicado em 1916, dando
origem aos estudos da linguagem e seus fenômenos. A hermenêutica moderna,
também recebeu uma importante contribuição da psicologia, outra jovem ciência,
iniciado com o alemão Wilhelm Wundt em 1879.
Então, iniciemos a nossa jornada, porém não sem antes citarmos o versículo
preferido de todos os intérpretes da bíblia: “Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir
em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para
toda a boa obra.” 2 Timóteo 3:16,17
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2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS
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Evidentemente, que reconhecimento se dá aos autógrafos originais, ou
seja, os escritos originais. Traduções, embora muito fidedignas, podem não exprimir
com extrema exatidão o significado original, por este motivo é recomendável que o
intérprete da bíblia tenha conhecimento das línguas originais da bíblia, ou no
mínimo recorra a várias versões para interpretar uma passagem corretamente.
Porém, não podemos esquecer de outra importante característica da
palavra de Deus, a perspicuidade, que podemos definir assim:_A bíblia é
suficientemente clara para que qualquer pessoa seja capaz de encontrar a salvação e
a regra de fé nas suas páginas. Embora existam passagens obscuras e de difícil
interpretação no livro sagrado, essas passagens em nada obscurecem a sua
mensagem principal, que pode ser perfeitamente entendida por qualquer pessoa que
deseje conhecer a revelação de Deus.
Entretanto, por sabermos que a bíblia é um livro escrito línguas muito
antigas, se faz necessário pontuarmos alguma questões para entendermos as
dificuldades que vamos encontrar como exegetas do texto bíblico. Para que
possamos dimensionar o quanto uma língua varia no decorrer do tempo, veja abaixo
um exemplo dos primeiros textos escritos em nossa língua, a Cantiga da Ribeirinha1:
1
Disponível em: http://linguaportuguesapb.blogspot.com.br/2011/03/cantiga-da-ribeirinha.html
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que vos enton non vi fea!
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O texto cantiga da ribeirinha foi escrito por volta do ano 1198, e
podemos notar o quanto a nossa língua evoluiu desde então. Portanto, qualquer
pessoa, mesmo não sendo um profissional da área da línguística, pode verificar que
uma interpretação que deseje aproximar-se o mais possível do significado original
dos seus autores enfrentará a barreira temporal que nos afasta dos autores da bíblia.
Em contrapartida, porém, nenhum texto antigo foi ou é tão estudado quanto a bíblia,
o que de certa forma ameniza a lacuna do tempo.
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Antes de avançarmos para o próximo capítulo, é importante
ressaltarmos ainda mais dois conceitos fundamentais para o presente estudo: a. A
bíblia interpreta a própria bíblia; b. Todo o texto bíblico contém apenas um
significado, embora possa ter diversas aplicações.
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Embora na visão de Osborn, seja impossível compreender o sentido
original, ainda acho que o melhor caminho é procurarmos o sentido gramático-
histórico do texto.
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3 UMA QUESTÃO DE GÊNERO
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Embora a critica e a teologia moderna queira mitologizar muitas
passagens bíblicas, especialmente os relatos sobrenaturais, como por exemplo os
milagres de Jesus, não há um único argumento plausível, fora a incredulidade do
intérprete, para não acreditarmos que todo o acontecimento que a bíblia relata,
realmente, aconteceu.
A primeira regra para interpretarmos uma narrativa com exatidão é
crermos que tudo o que foi relatado aconteceu. Temos que tratar um relato bíblico
como um fato. Afinal o próprio Jesus, assim como os apóstolos os reconheciam
como tal, exemplos nas páginas do NT são inúmeros (Mt 12.40; Lc 17.26; Hb
11.17; I Pe 3.20)
Uma narrativa contém vários elementos: um narrador, personagens,
enredo, espaço e tempo. Ao analisarmos uma narrativa é importante reconhecermos
estes elementos da história.
No texto sagrado as narrativas não são meramente para o nosso
entretenimento, não podemos olhar para a Bíblia como um relato apenas literário. A
própria preservação dos manuscritos da Escritura é por si só um verdadeiro milagre.
Como disse o profeta Isaías (Is 55.11) a palavra de Deus não volta vazia, ela tem
um propósito, uma aplicação prática em nossas vidas. Assim é importante, ao
meditarmos nas escrituras, que identifiquemos qual o tema abordado pelo escritor
bíblico, qual o contexto histórico da narrativa, para que possamos compreender a
aplicação, seja ela positiva ou negativa, para o nosso exercício da piedade.
Entretanto, temos que ter cuidado em não enxergar em cada detalhe um
ensinamento, pois “uma narrativa contém apenas uma verdade central, embora
possa ensinar muitas verdades de modo incidental”, segundo Gibbs.
As narrativas bíblicas tem um grande poder de nos persuadir acerca dos
mais diversos aspectos da nossa comunhão com Deus, contudo não podemos basear
uma doutrina a partir de apenas um relato histórico. Uma vez ouvi uma pregação
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em que o pastor ensinava o grande “mistério” que envolvia a oração ás cinco horas
da manhã, pois segundo ele esse era o horário que Jesus orava todos os dias. Em seu
sermão, depois de muita ginástica eisegética, pensava ele, ter demonstrado aos seus
ouvintes que orar ás cinco horas é ter a resposta garantida. Embora em Pv 8.17,
encontremos o sábio conselho de buscarmos Deus na madrugada, nenhuma alusão
há na bíblia que cinco horas é um horário “especial” para orarmos a Deus. A bíblia
ao nos relatar os momentos de oração de Jesus, ensina-nos a importância de termos
estes momentos de comunhão com o Pai, mas não especifica em lugar nenhum que
exista um horário especial para isso. Embora a pregação fosse eloquente, não havia
nela nehum fundamento bíblico.
As histórias da bíblia servem para nos ensinar e edificar as nossas
vidas, ao acompanharmos a história dos grandes homens e mulheres da bíblia,
somos exortados a seguir os seus bons exemplos e evitar os seus erros.
O segundo gênero mais comum na bíblia é a profecia. Segundo J.
Barton Payne, na Enciclopédia de Profecias Bíblicas, cerca de 8.352 versículos da
bíblia são proféticos, o que perfaz em torno de 27% do texto bíblico. Embora
quando falemos em profecia o que nos venha a mente é predições de acontecimentos
futuros, a mensagem profética não limita-se a predições futuras, o profeta é um
mensageiro de Deus. Sobre esta particularidade das profecias, Osborn escreve:
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No nível contextual, os mesmos critérios que se aplicam a narrativa,
aplicam-se na interpretação das profecias, contudo o texto profético é um dos mais
difícieis de interpretar. O profeta muitas vezes utiliza uma linguagem simbólica e
figurada que exige do seu intérprete um cuidado rigoroso na sua interpretação.
Adiante veremos algumas figuras de linguagem que nos auxiliarão no entendimento
dos textos proféticos.
Outro aspecto interessante das profecias é que algumas possuem um
duplo cumprimento. Segundo Gibbs (2006): “As profecias deste tipo são
caracterizadas por um cumprimento histórico perto dos tempos do profeta e
também um cumprimento futuro na era do NT.” Porém não se trata de um texto de
duplo sentido e sim de cumprimento parcial, quando um acontecimento é a tipologia
de outro ainda mais relevante. Um exemplo, dado por Gibbs (2006), é a promessa
de um herdeiro para um reinado eterno, historicamente seu herdeiro foi Salomão,
contudo o cumprimento final da profecia se deu com o Rei Jesus.
Uma mensagem profética também pode ter seu cumprimento em etapas
de forma progressiva. A respeito disso, o Dr. Virkler diz:
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Quando falamos em poesia, o primeiro livro que nos vem na mente é o
de Salmos, contudo há muito mais textos poéticos na bíblia do que se imagina.
Conforme Osborn (2009):
Há muitos cânticos em livros narrativos (Gn 49; Êx. 15.1-18; Dt 32; 33; Jz
5; ISm 2.1-10; 2Sm 1.19-27; 1 Rs 12.16; 2Rs 19.21 -34), e a poesia
compõe livros proféticos inteiros (Oseias, Joel, Amós, Obadias, Miqueias,
Naum, Habacuque, Sofonias), bem como extensas partes de outros (Isaías,
Jeremias, Jonas, Zacarias). Há muito mais poesia no AT como um todo do
que nos livros mais amplamente conhecidos como poéticos, no caso,
Salmos, Provérbios, Lamentações, Cântico dos Cânticos ou Jó. A poesia é,
portanto, um mecanismo que perpassa outros gêneros, distinguindo-se
como uma técnica retórica importante tanto na literatura sapiencial como
na literatura profética.
(OSBORN, 2009.p 284)
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Eclesiastes. Além desses, eu acrescentaria os livros apócrifos: Eclesiástico
e Sabedoria de Salomão. Poucas pessoas sabem de fato como lidar com
tais obras. Poucos sermões são apresentados com base nesse corpo da
literatura, e mesmo quando isso ocorre, a exposição é feita de forma
inadequada, com a finalidade de defender um estilo de vida quase secular.
A razão disso está em seu assunto. Os pregadores têm, com frequência,
definido a sabedoria como “o uso prático do conhecimento que Deus
concede”. Embora Georg Fohrer a defina como “uma ação prudente,
considerada, experimentada e competente para subjugar o mundo e
dominar os vários problemas da vida e a vida em si” (1971:476). Seu
objetivo é usar a criação de Deus de forma correta e desfrutar a vida no
presente sob seus cuidados. Uma vez que os textos sapienciais tratam de
forma tão constante do lado pragmático da vida, não é difícil fazer um mau
uso deles para se defender um estilo de vida concentrado na terra. Na
realidade, defino a sabedoria bíblica como um “viver a vida no mundo de
Deus pelas leis de Deus”. O tema central não é a vida secular, mas “o
temor a Deus” (Pv 1.7; 9.10; Jó 28.28; cf. SI 111.10; Ec I2.13) e suas
implicações para a vida diária. Philip Nel (1982:127) chama o temor do
Senhor de a “base” do pensamento da sabedoria israelita.
(OSBORN, 2009. p.309)
2
Contexto imediato são os versículos que estão imediatamente ligados a passagem em análise, geralmente, o contexto
imediato consiste dos poucos versículos anteriores ou posteriore da passagem em foco.
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seus autores desejavam ser inteiramente compreendidos pelos seus leitores originais.
Portanto se faz necessário conhecermos todas as circunstâncias que envolvem a
escrita de uma epístola, bem como, o autor, os destinatários e a motivação dos seus
autores. A epístola é um dos gêneros mais básicos da Bíblia, segundo Osborn
(2009):
As epístolas do NT, não são meras cartas pessoais, talvez com exceção,
das cartas pastorais, Filemom e a 3 carta de João, as outras são dirigidas a uma
comunidade em geral. As cartas pastorais, embora dirigidas a pessoas específicas,
contém princípios gerais para todos os bispos, presbíteros, diáconos e ministros em
todas as épocas, sendo assim, embora endereçadas a Timóteo e Tito, o seu caráter é
geral.
Na época de Jesus e seus os apóstolos era comum utilizar as cartas
como método retórico de difundir seus pensamentos, também os romanos,
especialmente Cícero, utilizavam-se desse meio para escrever seus tratados, por
isso, foi bastante natural que os escritores do primeiro século, utilizassem as como
meio de difusão da sua mensagem. Embora alguns estudiosos vejam as cartas do
apóstolo Paulo somente como cartas pessoais, escritas como respostas para
eventuais perguntas ou dificuldades das igrejas por ele assistidas.
De modo bastante sintetizado, as cartas dividiam-se em três partes
principais: a saudação de abertura, o corpo da carta e seu encerramento.
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Existe muita discussão entre os estudiosos sobre como podemos
classificar as cartas de Paulo, vejamos as considerações de Kaiser e Silva (2002)
sobre o assunto:
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pensemos que este gênero seja encontrado nos livros de Apocalipse e Daniel,
encontramos este tipo de texto em toda a Bíblia, vejamos o que Osborn (2009) nos
diz sobre este gênero textual:
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4 AS FIGURA DE LINGUAGEM
Metáfora
3
Fonte: Disponível em: https://www.significados.com.br/metafora/
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Sinédoque
Metonímia
Vale-se Jesus desta figura empregando a causa pelo efeito ao dizer: "Eles
têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os
escritos deMoisés e dos profetas, ou seja o Antigo Testamento. (Luc.
16:29.) Emprega também o sinal ou símbolo pela realidade que indica o
sinal quando disse a Pedro: "Se eu não te lavar, não tens parte comigo".
Aqui Jesus emprega o sinal de lavar os pés pela realidade de purificar a
alma, porque faz saber ele mesmo que o ter parte com ele não depende da
lavagem dos pés, mas da purificação da alma. (João 13:8). Do mesmo
modo João faz uso desta figura pondo o sinal pela realidade que indica o
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sinal, ao dizer: "O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo
pecado", pois é evidente que aqui a palavra sangue indica toda a paixão e
morte expiatória de Jesus, única coisa eficaz para satisfazer pelo pecado e
dele purificar o homem. (1 João 1:7.)
(Lund e Nelson, 1968. p.44)
Prosopopéia OU Personificação
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Ironia
Exemplos: Paulo emprega esta figura quando chama aos falsos mestres de
os tais apóstolos, dando a entender ao mesmo tempo que de nenhum
modo são apóstolos. (2 Cor. 11:5; 12:11; veja-se 11:13.) Vale-se da mesma
figura o profeta Elias quando no Carmelo disse aos sacerdotes do falso
deus Baal: "Clamai em altas vozes . . . e despertará", dando-lhes a
compreender, por sua vez, que era de todo inútil gritarem. (1 Reis 18:27.)
Também Jó faz uso desta figura ao dizer a seus amigos: "Vós sois o povo,
e convosco morrerá a sabedoria", fazendo-os saber que estavam muito
longe de serem tais sábios. (Jó 12:2.)
(Lund e Nelson, 1968.p45)
Hipérbole
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Símile
Alegoria
Exemplos: Tal exposição alegórica nos faz Jesus ao dizer: "Eu sou o pão
vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão
que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a minha
carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. Esta alegoria tem sua
interpretação na mesma passagem da Escritura. (João 6:51-65.)
Outra alegoria apresenta o Salmista (Salmo 80:8-13) representando os
israelitas, sua trasladação do Egito a Canaã e sua sucessiva história sob as
figuras metafóricas de uma videira com suas raízes, ramos, etc., a qual,
depois de trasladada, lança raízes e se estende, ficando porém mais tarde
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estropiada pelo javali da selva e comida pelas bestas do campo
(representando o javali e as bestas poderes gentílicos).
Ainda outra alegoria nos apresenta o povo israelita sob as figuras de uma
vinha em lugar fértil, a qual, apesar dos melhores cuidados, não dá mais
que uvas silvestres, etc. Também esta alegoria está acompanhada de sua
explicação correspondente – "Porque, a vinha do Senhor dos Exércitos é a
casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do Senhor", etc.
(Isa. 5:1-7).
(Lund e Nelson,1968.p.47)
Fábula
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Símbolo
Parábola
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intérprete não veja em cada detahe da parábola um ensinamento, como faziam os
alegoristas.
São inúmeros os exemplos de parábolas na bíblia, tais como, o
semeador, a dracma perdida, o filho pródigo, o bom samaritano e outras. Dr. Lund
assevera que é importante observar as seguintes regras para a correta interpretação
das parábolas da bíblia:
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5 A HERMENÊUTICA DO NOVO TESTAMENTO
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Embora o judaísmo rejeite a interpretação cristã sobre a vida e
ministério de Jesus, encontramos nas páginas do AT uma série de passagens e tipos
que cumpriram-se notavelmente na vida do Filho de Maria e José. Conforme
Dockery (2013):
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pentateucos, que, em sua forma codificada, não é anterior ao século XI ou
XII d.C., expande essa idéia (sic) e insiste, baseado no valor numérico de
dgl (padrão) em Ct 2.4, em que a Torá “pode ser comentada de 49
maneiras diferentes” (Num. R. 2.3) e, fundamentado no valor de yayin
(vinho), que “existem setenta modos de comentar a Torá” (Num. R.
13.15s)
(DOCKERY, 2013.p30)
4
Pesher (plural Pesharim) – Pesher é uma palavra hebraica que significa “explicação”, “significado”, “interpretação”,
no sentido de solução.
O método Pesher consiste em comentar o texto bíblico versículo por versículo, procurando aplicá-lo às circunstâncias
vividas pela comunidade, como se os textos bíblicos, especialmente os proféticos, estivessem falando diretamente a
realidade atual. Tornou-se conhecida a partir de um grupo de textos encontrados entre os pergaminhos do Mar Morto.
Disponível em: https://www.trabalhosgratuitos.com/Humanas/Religião/QUATRO-METODOS-JUDAICO-DE-
INTERPRETAÇÃO-BÍBLICA-164825.html .
5
Midrash pode ser chamado de expressão poética ou espiritual do pensamento judaico – o Midrash
Este último é uma compilação de exposições homiléticas ou espirituais da Bíblia, penetrando sob a superfície do
sentido singelo do texto bíblico. Enquanto o Talmud se dedica principalmente à explicação da letra, o Midrash revela
o espírito da palavra e da lei. Os primeiros vestígios da literatura midráshica podem ser encontrados em uma época
anterior a conclusão da bíblia, mas a sua atividade estendeu-se até o décimo ou undécimo século.
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diretamente de Êxodo 20.12: “Honra teu pai e tua mãe”, e de Êxodo 21.17:
“Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá de ser executado”. Com relação
a questões de casamento e divórcio, ele respondeu em Marcos 10.7 (Mt
19.5) com uma citação literal de Gênesis 2.24: “Por essa razão, o homem
deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”.
Uma vez que Deus falou de maneira bastante direta sobre essas questões
fundamentais, Jesus também as interpretou de maneira direta.
(DOCKERY, 2013.p32)
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não vemos claramente uma interpretação alegórica na explanação de Paulo, é mais
correto afirmar que a vida de Sara e Agar são tipos da lei e da graça e não uma mera
alegoria.
O Midrash era o método mais aplicado pelos rabinos na exegese dos
textos sagrados. Esta abordagem hermenêutica procurava contemporaneizar as
escrituras, ou seja, descortinar a aplicação prática do texto em análise. Alguns
estudiosos chegam a dizer que essa era a regral geral da exegese rabínica. Leiamos
uma citação sobre o Midrash:
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aspecto humano das escrituras. Na verdade, o midrash realmente dava uma certa
liberdade excessiva para o intérprete.
O quinto método utilizado pelos rabinos era o Pesher, abordagem que
ficou conhecida depois da descoberta dos manuscritos do Mar Morto. Leiamos o
que Kaiser e Silva (2014) escreve:
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alguns estudiosos. Walter Kaiser discorda dessa opinião, não vendo nenhum
exemplo de midrash ou pesher na leitura de Jesus do AT nos seus ensinamentos.
Contudo interpretar Mateus 5.28 como uma interpretação literal de Êx 20.14, exige
alguma liberalidade do exegeta. Um dos maiores exemplos hermenêuticos de Jesus
é o Sermão do Monte; a expressão de introdução de muitos dos pensamentos de
Jesus, “ouvistes o que foi dito” dá nos a clara compreensão de que Jesus, na sua
interpretação do AT, ía além da literalidade da passagem em questão, dando-nos
claros exemplos do era assim, agora é assim.
Há algum debate sobre o quanto o apóstolo Paulo utilizava da
hermenêutica rabínica na sua própria interpretação da Escritura. Debate infundado,
segundo a nossa opinião, visto que o cristianismo nasceu no seio do judaísmo, seus
primeiros adeptos judeus, os apóstolos judeus, o livro sagrado o AT, então é muito
lógico que os métodos hermenêuticos fossem os mesmos dos rabinos
contemporâneos ao escritores do NT. Paulo era discípulo de Gamaliel, o qual, crê-
se que era discípulo da escola de Hillel, senão seu filho. Hillel, rabino
contemporâneo de Jesus, elaborou as primeiras sete regras de interpretação de um
texto da Escritura. Kaiser e Silva descreve assim as sete regras:
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apresentassem natureza semelhante, mesmo que não fossem tratados de
forma direta dentro das escrituras citadas. Em outras palavras, um
princípio geral era construído sobre a base de um ensinamento contido
num versículo (cláusula). Assim, por exemplo, o caso do assassinato não
intencional de um companheiro lenhador que é citado em Deuteronômio
19 pode ser aplicado a qualquer tipo de morte acidental resultante de dois
homens trabalhando juntos em um lugar público.
4. Aplicação por analogia com duas cláusulas, Essa regra é semelhante à
anterior, porém aqui é fortalecida por meio de duas cláusulas, ou dois
versículos para o princípio geral. Êxodo 21.26-27 determinava que um
escravo que tivesse seu “olho” ou o seu “dente” destruído deveria ser
libertado. Por analogia, essa regra poderia ser aplicada a todas as outras
partes do corpo.
5.Inferência de um princípio geral para um caso ou exemplo específico.
Essa regra pode ser usada de duas maneiras – do geral para o específico,
ou vice-versa. Assim, Êxodo 22.9 diz que se um homem emprestar seu boi,
jumento, ovelha ou vestimenta ou “qualquer coisa” a outro, aquele que
recebeu o empréstimo deve pagar uma restituição dobrada caso caso venha
perder o que foi emprestado. Mas por causa do termo generalizado
“qualquer coisa”, o texto mostra que boi, jumento, ovelha e vestimentas
são apenas exemplos e, portanto, a lei se aplica a qualquer coisa – seja ela
animada ou inanimada – que tenha sido tomada emprestada e perdida e
que deve ser reembolsada em duas vezes o seu valor.
6. Explicação de outra passagem. Semelhante à primeira regra, esta
explica uma passagem apelando para outro trecho das Escrituras. O rabi
Hillel foi indagado com a seguinte questão:o cordeiro da Páscoa deveria
ser abatido na Páscoa se o décimo quarto dia de Nisan fosse um sábado?
Ele respondeu que, tendo em vista que Números 28.10 decreta que os
“sacrifícios diários” deveriam ser oferecidos também aos sábados, então
por analogia o cordeiro da Páscoa deveria ser abatido no décimo quarto dia
de Nisan, independente do dia da semana em que caísse.
7. Aplicação de uma inferência evidente por si só em um texto. Uma
passagem não deve ser tomada como uma declaração isolada, mas somente
à luz de seu contexto. Portanto, a aparente proibição de qualquer um saísse
de cada no sétimo dia em Êxodo 16.29 deve ser interpretada em seu
contexto para ser aplicada apenas na situação de se juntar o maná no
deserto, que havia sido oferecido em dobro no dia anterior.
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Embora todos os métodos e abordagens hermenêuticas referidos, o fator
mais importante na interpretação do AT realizada por Jesus, os apóstolos e cristãos
do primeiro século é a interpretação cristocêntrica adotada por eles. Exegese
iniciada pelo próprio Jesus; em Lc 4.16-21 temos um exemplo muito dessa nova
perspectiva, ao interpretar os textos bíblicos, outroras velados ao seus leitores.
O primeiro sermão pregado pelo apóstolo Pedro é outro grande
exemplo dessa leitura cristocêntrica das Escrituras ( ver Atos 2.16-21). Portanto os
escritores bíblicos utilizaram o AT para explicar que a nova aliança com Deus já
havia sido prenunciado pelos profetas e escritores da bíblia judaica. Segundo Kaiser
e Silva (2014), “há 224 citações diretas do Antigo Testamento dentro do Novo
Testamento, sendo que cada uma é introzida por uma expressão típica”. Sobre as
alusões do AT não há consenso entre os estudiosos, os números variam de 613 á
mais de quatro mil.
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Como era de se esperar, as regras de Hillel influenciaram o apóstolo nas
suas epístolas, especialmente, na abordagem tipológica do AT. Leiamos o que
Dockery escreve acerca desse fato:
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Para finalizar, embora a influência da hermenêutica rabínica consciente
ou inconscientemente, Jesus e os apóstolo adotaram uma nova perspectiva
interpretativa do AT, uma interpretação cristocêntrica e cristológica.
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6 OS PAIS DA IGREJA
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A hermenêutica exercerá um papel fundamental neste repelir das
heresias, afinal as respostas, necessariamente, deveriam vir da própria palavra de
Deus. Nesse contexto histórico-teológico segundo Dockery, os primeiros pais
apostólicos6 optaram por uma hermenêutica funcional, estavam mais preocupados
em defender as doutrinas fundamentais da fé, bem como sua aplicação ética e moral,
do que com significado literal ou primário das escrituras, ressignificando as
escrituras dentro do seu próprio contexto.
Desde muito cedo, os primeiro pais apostólicos passaram a utilizar as
cartas de Paulo, lembrando aos nossos alunos que a explanação das escrituras
exercia um papel preponderante no culto da Igreja, herança do judaísmo. Assim
como os apóstolos, os primeiros líderes da igreja também interpretavam as
escrituras cristologicamente, contudo alguns dos seus líderes, como até hoje, não
conseguiam compreender plenamente a revelação de Deus, surgindo assim os
primeiros movimentos heréticos da história eclesiástica.
Marcião e seus seguidores foram o primeiro grande teste para a igreja
primitiva. Ele rejeitando toda a influência do judaísmo no cristianismo, abandonou
todo o AT, os evangelhos, com a exceção de Lucas e as epístolas, exceto as
paulinas, por compreender que o Deus do AT não era o mesmo Deus revelado em
Cristo Jesus, selecionou partes das Escrituras para embasar a sua teologia. Embora a
maioria dos heréticos utilizassem a própria bíblia para fundamentar as suas
posições, Marcião preferiu abandonar os livros e passagens da Bíblia que não
apoiassem a sua doutrina. Esta ameaça foi o embrião do surgimento de um bispo
autorizado, uma regra de fé e um canôn aceito pela maioria das igrejas, mas também
de uma nova hermenêutica que suaviza o pseudo abismo entre AT e os escritos dos
apóstolos, a interpretação alegórica.
6
Grupo de líderes da igreja entre os anos de 90 e 150 dC, foram os discipulos dos apóstolos.
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Hermenêutica Alegórica
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possível ele obter alguns insights dessa verdade, embora somente em Jesus ele
encontre a verdade plena. Leiamos o que Dockery escreveu sobre Filon:
Robert M. Grant nota que Fílon procurou lidar com esse problema ao
tentar explicar a eleição de Israel e os aparentes antropomorfismos de
Deus usados na Escritura dando preferência ao Deus dos filósofos e ao
internacionalismo helenístico. Para a tradição filônica e platônica, a
hermenêutica alegórica da escola cristã de Alexanria, chamada
didaskaleion, desenvolveu-se e produziu alguns dos maiores eruditos da
igreja primitiva, em especial Clemente e Orígenes.
(GRANT apud DOCKERY, 2013.p76)
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e H, que representa oito. Tens aí: IH (sous) = Jesus. E como a cruz em
forma de T devia trazer a graça, ele menciona também trezentos (=T).
Portanto ele designa claramente Jesus pelas duas primeiras letras e a cruz
pela terceira. ( Barnabé 9.7-8)
Orígenes (185 -253 d.C.) é a mais importante figura nesse período. Era
um estudioso muito respeitado, muito capaz e provalvelmente o mais
erudito da sua época. [...] Orígenes tinha apenas 18 anos de idade quando
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assumiu a liderança da Escola Catequética de Alexandria. Ele acreditava
que a melhor maneira de se entender a Bílbia é por meio da perspectiva
platônica. Nesse sentido, ele é um verdadeiro discípulo de Filo de
Alexandria. A hermenêutica de Orígines é mais bem refletida no capítulo
IV de sua obra Primeiros Princípios, escrita quando ele tinha 23 anos de
idade. É considerada a primeira obra de teologia sistemática produzida no
âmbito da Igreja Cristã. Nessa obra, Orígines ataca os “literalistas” de seus
dias, acusando-os de negar que a Bíblia contém um sentido mais profundo
do que aquele permitido pelo texto em si. Para ele, a Bíblia contém
segredos que somente a mente espiritual pode compreender.
(LOPES, 2013.p.132)
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terceiro encontrarás o sentido dos mistérios, do qual se alimentam as almas
dos santos na vida presente e na futura” (Hom. Num. 9, 7).
Sobretudo por este caminho Orígenes consegue promover eficazmente a
“leitura cristã” do Antigo Testamento, contestando de maneira brilhante o
desafio daqueles hereges sobretudo gnósticos e marcionitas que opunham
entre si os dois Testamentos até rejeitar o Antigo. A este propósito, na
mesma Homilia sobre os Números o Alexandrino afirma: “Eu não chamo à
Lei “Antigo Testamento”, se a compreendo no Espírito. A Lei torna-se um
“Antigo Testamento” só para aqueles que a desejam compreender
carnalmente”, isto é, detendo-se no sentido literal. Mas “para nós, que a
compreendemos e aplicamos no Espírito e no sentido do Evangelho, a Lei
é sempre nova, e os dois Testamentos são para nós um novo Testamento,
não por causa da data temporal, mas pela novidade do sentido… Ao
contrário, para o pecador e para quantos não respeitam o pacto da caridade,
também os Evangelhos envelhecem” (Hom. Num. 9, 4).
Fonte: Disponível em http://www.veritatis.com.br/patristica/biografias/
origenes-de-alexandria/
[...] o texto de João 2.1 ( três dias depois, houve um casamento em Caná da
Galiléia) tem os seguintes valores alegóricos: os “dias” são Cristo; “três” é
a fé; “um casamento” é um chamado aos gentios e “ Caná” é a Igreja.
Provérbios 10.1 ( O filho sábio alegra seu pai, mas o filho insensato é a
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tristeza da sua mãe.) é alegorizado da seguinte maneira: “ o filho sábio” é
Paulo; “o pai” é o Salvador; “o filho insensato” é Judas; “ a mãe” é a
Igreja.
( Kaiser e Silva, 2002. p.212)
Escola de Antioquia
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Por exemplo, de acordo com os alegoristas, a partida de Abraão de Harã
significava a sua recusa em conhecer as coisas por meio dos seus sentidos;
para os antioquenses , representava um ato de fé e confiança ao seguir o
chamado de Deus para deixar a cidade histórica de Harã e dirigir-se à terra
de Canaã.
( VIRKLER, 1987.p.460)
8
Nestório defendia que em Jesus residia duas naturezas distintas, a humana e a divina, e que por esta razão Maria não
poderia receber o título de Theotokos (mãe de Deus) e sim Christotokos (mãe de Cristo. Nestório foi condenado no
concílio de Éfeso em 431 d.C. por seu posicionamento teológico.
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Dali para a frente a hermenêutica dos séculos subsequentes adotará uma
postura mais eclética, pendendo ás vezes para a hermenêutica alegórica e outras
vezes para a hermenêutica gramática-histórica. Os séculos IV e V foram pródigos
em grandes homens de Deus, Agostinho e Jerônimo seus principais expoentes. A
grande mudança em relação aos períodos posteriores foi a tradição na interpretação
das escrituras, o que, ainda hoje, a Igreja Católica Romana coloca em pé de
igualdade com a própria Escritura.
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Em sua obra, Against Jovinian [contra Joviniano], um antigo asceta que
havia desistido das práticas extremadas e que escrevera contra a vida
monástica, Jerônimo afirmou que “comer carne, beber vinho e ter um
estômago bem alimentado” formavam “ a sementeira da luxúria”. Em
outra passagem ele enalteceu a vida ascética respondendo à acusação de
que era contra o matrimônio, com a seguinte frase: “ Eu deveria gostar de
todos aqueles que arrajam uma esposa porque, por causa dos terrores da
noite, têm medo de dormir sozinhos.”
(DOCKERY, 2013.p.130)
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Agostinho utilizava-se tanto da hermenêutica literal como da
hermenêutica alegórica, pois reconhecia muitos significados espirituais nas
passagens bíblicas, porém diferentemente de Orígenes cria em todas as passagens do
AT. Vejamos alguns exemplos:
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Agostinho legou para a idade média o sentido quadrúplo das escrituras,
adotado amplamente pelos teólogos medievais. Conforme Dockery os quatro
sentidos eram: 1)o literal; 2) o alegórico; 3) o tropológico ou moral e 4) o
anagógico. Também foi Agostinho, que enfatizou a necessidade da interpretação ser
avalizada pela Igreja, a fim de combater as seitas heréticas que proliferavam.
Para resumirmos os princípios deste período da igreja, leiamos abaixo
as contribuições listadas por Anglada (2016):
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A figura central desse período foi Tomás de Aquino (1225 – 1274 d.C.)
que defendeu o sentido literal das escrituras, embora também entendesse que o
significado poderia ser expandido e que havia um significado espiritual nas
Escrituras. Outra figura proeminente foi Nicolau de Lira ( 1270 – 1340 d.C.) que
defendeu mais fortemente o sentido literal das escrituras, abandonando de vez a
hermenêutica alegórica da escola de Alexandria. A obra de Nicolau de Lira
influenciou Lutero e sua hermenêutica ecoou posteriormente na Reforma.
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7. A HERMENÊUTICA DA REFORMA
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era muita alta. Não restava nada àquelas pessoas a não ser buscar o abrigo sob as
asas da “Sacra Santa Igreja Católica Romana”. A busca pela salvação era algo que
atormentava o homem medieval. E, infelizmente, a “Santa Igreja”, ao invés de
aliviar as dores de seus fiéis, lhe impunha uma bem engendrada indústria de
penitências. O cristão era obrigado a atender todos os sacramentos em sua vida,
pagar penitências, bem como adorar as santas relíquias9, assistir as missas e se
tivesse algum dinheiro comprar as indulgências10. O Clero fazia o máximo possível
para se distanciar do povo e manter o seu status quo de sacerdotes. Não é difícil
descobrirmos o porquê do sucesso do movimento dos Franciscanos11, bem como dos
Valdenses, entre o povo. Esses foram movimentos que pregavam a volta a
simplicidade da Igreja primitiva.
Felizmente, houve homens sinceros na sua fé e no cumprimento da
palavra de Deus, que levantaram as suas vozes contra os desmandos da Igreja.
Homens que pagaram um preço de sangue pela sua consciência e pela sua crença.
Com certeza não podemos relacionar todos os nomes destes heróis da fé, pois só
temos conhecimentos daqueles que de alguma forma obtiveram proeminência na
história, mas quantos não foram os sacerdotes, clérigos, estudantes da bíblia , que
tiveram as suas vozes caladas e sua vidas ceifadas como hereges. O que temos que
ressaltar, porém, é que a reforma não surgiu por nenhum líder visionário, sonhador
ou dado a revelações, mas sim pelo estudo sistemático da palavra de Deus. É por
isso que a Reforma Protestante pode ser denominada o reavivamento da palavra,
pois o que foi reavivado na Reforma, foi a aplicação da Palavra de Deus. O Lema
dos Reformadores era “Somente as Escrituras”. E sem dúvida nenhuma, todo
9
Somente o Principe Frederico da Germânia , contemporâneo de Lutero, possuía 17.443 relíquias cuja adoração valia
aos fiéis 127.779 anos de indulgência. Entre as relíquias, podemos citar plumas das asas do Arcanjo, Miguel, feno da
manjedoura de Jesus, o polegar de Santa Ana mãe de Maria.
10
A igreja julgava , por a sua disposição os méritos de Cristo e de todos os Santos da Igreja, de forma que criou uma
doutrina para que estes méritos fossem vendidos àqueles que tinham tempo para pagar as suas penitências. Convém
salientar as indulgências somente aboliam as penas do purgatório e não do inferno.
11
São Francisco de Assis, pregava uma aproximação maior entre o sacerdote e o povo, assim com Pedro Valdo,
fundador do movimento dos Valdenses
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avivamento deve sempre começar pela estudo da palavra de Deus. Coube aos
reformadores tornarem a palavra de Deus acessível aos cristaõs. “E conhecereis a
verdade, e ela vos libertará”.
Enquanto a igreja debatia nos seus pecados, as descobertas marítimas, o
mercantilismo e o aparecimento da burguesia refletiam na intelectualidade da época,
iniciava-se o período histórico que denominamos de Renascença. Dentre as muitas
mudanças do período, a busca pelo conhecimento e a valorização do ser humano,
levou alguns eruditos ao estudo das línguas clássicas: o grego, o latim e mesmo o
hebraico. Leiamos o que Anglada escreve a acerca disso:
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Os pré-reformadores e reformadores foram grandes defensores da
interpretação literal das Escrituras. Lutero, no seu tradicional rompante, chegou
afirmar: “ que as alegorias de Orígenes não valem mais do que pó”, pois “ as
alegorias são especulações vazias [...] a escória das Escrituras Sagradas.”
Segundo Anglada (2016): “A redescoberta das doutrinas bíblicas pelos
reformadores e a reforma eclesiástica dela decorrente foram precedidas por um
evidente rompimento com os princípios hermenêuticos e com as práticas exegéticas
medievais predominantes.” É muito claro, que uma das causas da Reforma foi a
retomada dos estudos da Palavra de Deus, ignorando o prisma da Tradição da Igreja
e retomando o sentido literal das Escrituras. A Bíblia voltou a ter um papel
prepoderante nas Igrejas Reformadas.
Abaixo listaremos algumas características da Hermenêutica reformada,
extraída de LOPES (2013):
a) Ênfase do sentido literal, gramático-histórico do texto.
De acordo, os reformadores ensinavam que cada texto tem um só sentido,
que é o literal _ a não ser que o próprio contexto ou outro texto das
Escrituras requeiram claramente uma interpretação figurada ou metafórica.
b) A necessidade da iluminação do Espírito Santo
Os reformadores enfatizaram a natureza divina das Escrituras, isto é, que
elas foram dadas por inspiração divina. A natureza espiritual da mensagem
das Escrituras era a principal barreira à sua compreensão por parte de
pessoas que não tem o Espírito.
c) A necessidade de estudar as Escrituras
Igualmente, os reformadores reconheciam que a Bíblia é um livro humano.
Muito embora insistissem na clareza das Escrituras, já que eram divinas
quanto à origem, reconheciam por outro lado a necessidade de serem
estudadas e pesquisadas, visto que também eram humanas.
d) Escritura com Escritura
“Se são obscuras num lugar, são claras em outros”, disse Lutero com
referência às Escrituras. Esse princípio da Reforma estabeleceu que a
única regra infalível de interpretaçãi das Escrituras é a própria Escritura.
Ela se autointerpreta, elucidando, assim, suas passagens mais difícieis. O
ponto de Lutero e dos demais reformadores era que o sentido das
Escrituras não poderia mais ser determinado por tradição, nem por decisão
eclesiástica, nem por argumento filosófico, nem por intuição espiritual,
mas unicamente por outras partes das mesmas que explicam e esclarecem
o seu sentido.
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e) Intenção do autor humano
Em lugar do conceito da alegorese medieval de que um único texto da
Bíblia tinha quatro sentidos, os reformadores insistiram que havia apenas
um sentido em cada texto, que era pretendido pelo autor humano. Já que o
autor humano havia sido inspirado por Deus, havia a coincidência de
intenções.
f) Uso de outras obras
Os reformadores fizeram uso abundante da erudição antiga, citando
comentaristas medievais, as obras dos pais apostólicos e obras de
contemporâneos. Apesar de insistirem na necessidade da iluminação do
Espírito para a correta interpretação das Escrituras, não desprezaram o que
Espírito já havia revelado a outros antes deles.
(LOPES, 2013.p.164)
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8 HERMENÊUTICA MODERNA
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Sobre esta nova “reinterpretação” da Bíblia, Lopes diz:
Estudiosos racionalistas começaram a insistir que o “dogma” da inspiração
divina da Bíblia deveria ser deixado fora da exegese, para que a mesma
pudesse ser feita de forma “neutra”. Eram contra qualquer dogma em geral
como pressuposto de leitura da Bíblia, pois entendiam que todas as
convicções de caráter teológico tendem a viciar os resultados da pesquisa
bíblica. Eram especialmente contrários à doutrina da inspiração pois a
mesma impedia que a Bíblia recebesse tratamento crítico, como um livro
humano.
(LOPES, 2013.p186)
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para se referir a essa tarefa de “criticar” o relato bíblico e “limpá-lo” dos
acréscimos mitológicos.
(LOPES, 2013.p188)
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(LOPES, 2013.p191)
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9 HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA
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Como cremos na inspiração divina, é possível sim chegarmos ao
significado pretendido pelo autor, por vezes não o humano, mas com certeza o
divino. O apóstolo Pedro nos dá entender isso (2 Pe 1.19-21). Obviamente,
Schleiemacher introduziu um componente bastante subjetivo à interpretação da
Escritura. Anglada (2016) afirma que em Schleiemacher está a raiz do
existencialismo, escola filosófica que coloca a existência do ser como o cerne do
conhecimento humano.
A escola existencialista iniciada por Wilhelm Dilthey (1833-1911) e,
posteriormente, desenvolvida por Martin Heidegger (1889 – 1976) avança ainda
mais o movimento em direção ao leitor. Heidegger chega afirmar que o
conhecimento deve ser buscado no leitor, o autor não importa nesse processo.
Na esteira do Existencialismo e de Barth, com sua relevância focada no
leitor , entra em cena Rudolf Bultmam (1884 -1976), segundo Lopes, Talvez o
maior estudioso do Novo Testamento do século XX, Bultmam argumentava que era
impossível qualquer interpretação do texto bíblico sem pressupostos, ou seja, todo o
texto é lido através de bagagem cultural, social, dogmática do leitor. Bultmam
colocava de vez a pá de cal na hermenêutica racionalista. O foco interpretativo,
agora, deslocava-se totalmente para o leitor. Leiamos o que Kaiser e Silva (2013),
escrevem acerca de Barth e Bultmam:
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Embora, tanto Barth como Bultamann, rejeitassem o método histórico-
crítico é óbvio que os dois foram influenciados pela Alta Crítica. O criticismo, ainda
que quando falamos de século XX o mais correto seria nomearmos liberalismo,
embora tenha trazido contribuições importantes no aspecto textual e semântico dos
manuscritos bíblicos e suas traduções, deixou como maior legado o descrédito às
Sagradas Escrituras, pondo em xeque a sua inspiração divina e a sua inerrância,
rebaixando-a a um livro comum, assim como qualquer outro.
Bultmann não negava a possiblidade de Deus falar conosco por meio
das Escrituras, porém isso não indica que as histórias, personagens ou eventos da
Bíblia sejam genuínos ou verdadeiros, mas sim só que isto poderia se dar em um
encontro existencial entre o texto e o leitor.
Segundo Anglada (2016) para os proponentes dessa escola, “palavras
[...] têm uma função realizadora; a natureza delas não diz respeito ao conteúdo,
mas sim ao efeito”. Cabe aqui uma reflexão para nós pentecostais, com certeza, o
braço mais místico do cristianismo, desconsiderando aqui as seitas heréticas,
conquanto pareça absurdo a afirmação sobre a palavra, muitas vezes a nossa
exegese, especialmente, a que transforma-se em oratória, tem muito mais
compromisso com o efeito do que a verdade; torcemos intencionalmente a Palavra
de Deus para obtermos o efeito desejado em nossos ouvintes ou leitores. Àqueles
que semeiam a palavra de Deus devem ser muito cuidadosos nas suas homílias e,
especialmente, com a exegese que a precede.
Nesse ponto, quero dizer que entendo a hermenêutica existencialista,
apesar de que nos pareça absurda. Bultmann viveu no período da morte da razão, a
primeira grande guerra esfacelou os sonhos de uma sociedade ideal, sonho criado
pelo cientificismo e racionalismo; a ciência não dera conta de todas as quimeras
humanas; a hermenêutica racionalista desacreditava a Bíblia. Portanto Bultmann era
um filho do seu tempo que tencionava dar um passo em direção a uma fé que fizesse
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sentido ao seu mundo, contudo esqueceu do principal para uma vida cristã
equilibrada que a fé transcende a razão.
Não podendo acreditar nos aspectos sobrenaturais da bíblia, ele cria o
conceito da mitologização da bíblia, assim tudo aquilo que não fizesse sentido, ou
não pudesse ser comprovado pelo homem moderno era apenas um mito. Para
exemplificarmos o que a mitologização de Bultmam representava na prática,
leiamos Lopes escreve acerca:
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Para concluirmos vejamos o que Lopes (2013) escreve sobre a
hermenêutica de Bultmann:
Hermenéutica pós-moderna
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mundo, sua cultura, sua visão de mundo e o horizonte do leitor, com todos os
aspectos já mencionados. Para entendermos melhor, leiamos o que Lopes (2013)
escreve acerca:
Depois lhes disse: Estas são as palavras que eu vos disse, quando ainda
estava convosco, que importava se cumprisse tudo o que de mim estava
escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos. Então lhes abriu o
entendimento para que compreendessem as Escrituras; e disse-lhes:
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Assim está escrito que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos ao
terceiro dia, e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão
de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois
testemunhas destas coisas.
Lucas 24:44-48 [grifo nosso]
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Paul Ricoeur foi um defensor da autonomia do texto, ou seja, quando o
autor entrega o seu texto para seus leitores ou ouvintes, o mesmo torna-se
independente, com vida própria.
Talvez, se exista alguma contribuição na teoria de Ricoeur para nós,
segundo Lopes (2013), seja a necessidade de suspeição quando descobrimos novos
significados no texto bíblico, na verdade, vimos sim que é necessário passar as
nossas interpretações da Bíblia pelas regras amplamente aceitas pelo cristianismo
em geral.
Outro erudito que queremos abordar é Jacques Derrida (1930-2004),
filósofo franco-magrebino12, é um dos estudiosos mais lidos e traduzidos no mundo,
dentre as suas contribuições, a que mais no interessa são seus escritos sobre
linguística e sua contribuição para a teoria da literatura, o descontrucionismo. Para
compreendermos melhor o pensamento de Derrida, leiamos o que Lopes (2013)
escreve sobre o descontrucionismo:
12
Fonte disponível em : https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Derrida
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Um exemplo do trabalho da exegese descontrucionista é a análise que
John Dominic Crossan apud Lopes (2013) faz da história de Davi e Golias, para o
texto não nos permite saber se Davi enfrentou o gigante porque este desafiou a
Deus, ou se era ele apenas um jovem ambicioso, motivado pelas promessas do Rei
Saul, de recompensar quem enfrentasse Golias. Conquanto que uma leitura acurada
de I Sm 17 abra a possibilidade de considermos Davi um jovem ambicioso, visto
que, questiona alguns soldados sobre a recompensa a quem enfrentasse o gigante,
uma motivação não desqualifica a outra. É sim possível, compreendermos que havia
as duas motivações, contudo ressalta-se muito mais a sua motivação religiosa, além
do mais, o aspecto principal da história é a vitória que Deus concede a ele, as suas
motivações são secundárias.
Em resposta as teorias de Gadamer, Ricoeur e Derrida, que de certa
forma, norteiam a hermenêutica secular, alguns pensadores tem tentado retomar a
intenção do Autor, entre eles, o Doutor Eric Donald Hirsch (1928).
Hirsch em sua teoria faz distinção entre o significado (intenção
original do autor) e a significância ( aplicação alterável de um escrito a diferentes
contextos). Com sua teoria, ele retoma o valor original do texto, opondo-se a
autonomia do texto e proeminência do leitor na interpretação textual. Nas
considerações finais iremos retomar esse tema.
Conquanto pareça infrutífero para nós o estudo das teorias e filosofias
atinentes a hermenêutica, todas elas trazem alguma luz para a exegese dos textos
bíblicos. Embora algumas correntes importantes do cristianismo, como a reformada,
entenda que o metódo histórico-gramático, por si só, é capaz de dirimir quaisquer
óbices da interpretação bíblica, entendo que a exegese vai além do método
mencionado. Por esta razão, a definição de uma metodologia que leve em conta os
três vértices do triângulo da interpretaçãodo texto: o autor, o texto e o leitor; é
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necessária ser plenamente conhecida por todos aqueles que desejam conhecer
profundamente a vontade de Deus expressa através da sua Palavra.
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10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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abordada de forma obscura na Palavra de Deus, tudo que nos é necessário para o
exercício de uma piedade sadia está muito claro na Bíblia.
Segundo ponto, não destaque a passagem em análise dos seus
contextos, sim contextos no plural pois são diversos. Nunca dissocie a passagem do
seu contexto histórico, por exemplo: em que momento a passagem foi escrita? em
qual lugar? a quem se dirigia? Qual a motivação original?. Não ignore o contexto
gramatical; o contexto imediato, geralmente alguns versículos antes e depois da
passagem, e o contexto remoto, qual o tema do livro em análise, por exemplo, nos
evangelhos, o que o evangelista queria enfatizar? Portanto nunca interprete qualquer
passagem fora dos seus contextos.
Terceiro ponto, o que é inerrante e infalível são os autógrafos da Bíblia,
qualquer tradução, ainda que possamos confiar integralmente nas traduções que nos
chegam as mãos, é uma tradução e pode ter perdido um pouco da essencia original.
Portanto, leia diversas traduções, estude o máximo possível, leia comentários e bons
livros.
Quarto ponto, toda interpretação da Bíblia tem ao fim e ao cabo, a
aplicação de princípios divinos ao viver cristão contemporâneo. Uma exegese que
não leve ao crescimento intelectual e espiritual, não tem nenhum sentido, nenhum
valor. Aproximar-se da Bíblia apenas para adquirir conhecimento só serve para a
nossa própria condenação.
Quinto ponto, a Bíblia é um livro tanto humano como Divino, além de
todas as ferramentas linguísticas, procure auxílio do Espírito Santo nas suas
interpretações. Uma vida santa de oração e jejum é imprescindível para a perfeita
compreensão da Escritura.
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11 BIBLIOGRAFIA
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