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DOI: http://dx.doi.org/10.15601/2237-0587/fd.v7n2p25-36
Resumo
Este estudo tem por objetivo discutir, em breve revisão, a temática da avaliação na educação
física escolar ao longo do tempo no Brasil. Para se alcançar tal escopo, foi realizada uma
revisão de literatura por meio de pesquisa bibliográfica no campo da avaliação educacional
com ênfase na Educação Física escolar. Constataram-se limitações nos processos de avaliação
decorrentes do pouco conhecimento e compreensão de tais processos, ao longo do tempo, por
parte dos docentes envolvidos. A complexidade de se avaliar as práticas pedagógicas na
Educação Física passa por padrões associados a um determinado período histórico seguindo
os projetos político-pedagógicos vigentes em cada contexto, em cada local. Percebe-se que
analisar o que se ensina, o que se aprende, como se ensina/aprende, e por quê torna-se mais
relevante para a progressão pedagógica e o desenvolvimento da disciplina Educação Física.
Palavras-chave: Educação física. Avaliação. Práticas pedagógicas.
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Licenciado em Educação Física e Mestre em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Professor dos cursos de Música, Pedagogia e Educação Física do Centro Universitário Metodista Izabela
Hendrix (CEUNIH). E-mail: marcos.pinheiro@izabelahendrix.edu.br
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Introdução
Além da questão, muitas vezes complexa, construída sobre o que avaliar apontada por
Freire (1989), tem-se um aprofundamento dessa complexidade quando se considera as
tendências pedagógicas do campo da Educação Física. Darido (2003) discute e lista as
principais abordagens pedagógicas da Educação Física escolar, desenvolvidas principalmente
entre as décadas de 1970-1990, e seus autores e autoras, a saber: Abordagem
Desenvolvimentista (GoTani), Construtivista–Interacionista (João B. Freire), Crítico-
Superadora (Valter Bracht, Lino Castellani, Celi Taffarel, Carmem L. Soares), Sistêmica
(Mauro Betti), Psicomotricidade (Jean Le Bouch), Crítico-Emancipatória (Elenor Kunz),
Cultural (Jocimar Daolio), Jogos Cooperativos (Fábio Brotto), Saúde Renovada (Guedes
Nahas) e Abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Marcelo Jabu, Caio Costa). Tais
abordagens, entre outras, se apoiam em diferentes teorias com diferentes formas e concepções
de avaliação. Algumas serão comentadas mais à frente.
[...] os saberes tematizados pela Educação Física são, em sua maioria, saberes
que se projetam por meio do domínio de uma atividade, no caso as atividades
que demandam controle e uso do corpo e dos movimentos, em que não existe
referência a uma saber-objeto, pelo menos por parte dos alunos, mas à
capacidade de saber usar um objeto de forma pertinente. Então o caso não é
indicar o que os alunos não conseguiram definir como sua aprendizagem em
relação aos saberes compartilhados pela Educação Física, mas pedir que
demonstrem o que sabem fazer com os objetos, ou quais atividades sabem
realizar (SANTOS; SCHNEIDER, 2005, p. 16).
Portanto, não só “o que avaliar” pode ser amplo e complexo, mas também “como
avaliar” essa gama de possibilidades. Diante deste contexto, percebemos as limitações
envolvidas na avaliação na educação física escolar, paradigmas que muitas vezes impede uma
compreensão desse componente curricular em perspectivas mais abrangentes.
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A esportivização da Educação Física teve seu auge por volta de 1970, reforçando a
competitividade e o esporte de alto nível de rendimento, embasadas em influências
importantes nos aspectos políticos, provendo um espírito nacionalista no povo brasileiro. Com
a ênfase no rendimento, na técnica, na competição e na performance as relações entre
professores e estudantes vão deixando o caráter militar e passam a ser de professor /treinador
para aluno/atleta (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Logo refletida a ideia da busca pela aptidão física mediada pela iniciação e
desenvolvimento esportivo, nesse período a avaliação era tradicional baseando o objetivo e o
conteúdo em rendimento de caráter classificatório e somativo (SOARES, 1996).
Mesmo com o passar do tempo, como mostra Santos (2005), algumas práticas
pedagógicas e principalmente ações avaliativas ainda são realizadas pautadas em concepções
do século passado, mais precisamente entre as décadas de 1950 a 1970.
Com a ascensão das teorias da Psicomotricidade, no final dos anos 1970, a Educação
Física buscara uma nova identidade. Com isso, surgem alguns embates com as abordagens e
concepções humanistas (Construtivista–Interacionista, Crítico-Superadora, Crítico-
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Emancipatória, Cultural) cujo intuito era romper com o modelo tecnicista, contrariando a
mecanização e o rendimento motor tão preconizado na Psicomotricidade. Nesta abordagem:
Dessa maneira, a Educação Física buscou valorizar não mais somente o caráter
biológico, mas também novas concepções pedagógicas e sociais, ganhando especificidades
em seu currículo. Em contra partida, os processos avaliativos não conseguiram acompanhar as
transformações sofridas pela Educação Física no decorrer de sua apropriação do ambiente
escolar e de seus códigos. Desde então, percebe-se uma limitação decorrente das abordagens
pedagógicas da Educação Física no quesito avaliação.
[...] a Educação Física não é uma disciplina escolar ‘como as demais’. E acrescento:
felizmente. Não é igual às demais porque ela lida com uma forma do aprender que
não a apropriação de saberes-enunciado. Em vez de tentar anular ou esconder essa
diferença, dever-se-ia destacá-la e esclarecê-la. O fato de que é uma disciplina
diferente não significa que tem menos legitimidade do que as demais disciplinas.
Em vez de se esforçar para aparentar-se normal, conforme a norma dominante de
legitimidade escolar, a Educação Física deveria, a meu ver, legitimar-se por
referência a outra norma, a outra figura do aprender.
Assim, métodos tradicionais de avaliação escolar que não dão conta das dimensões da
Educação Física na escola podem acabar por empobrecer suas práticas pedagógicas. Diante
disso, percebe-se a complexidade de se avaliar o ensino aprendizagem na Educação Física
escolar, passando por limitações e padrões associados a um determinado período histórico
abordado anteriormente. Em cada um destes períodos, projetos político-pedagógicos das
diferentes escolas, públicas e particulares, de centros urbanos ou de periferias, rurais ou não
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E mesmo concordando com Wagner e Francine (2012), que afirmam que o processo
pedagógico demanda da prática de pesquisa e a avaliação é o momento essencial para sua
materialização, à indagação da Educação Física na atualidade é justamente como materializar
essa aprendizagem, no qual vale ressaltar que a escola ainda é lugar da palavra, do texto.
permanente para seu desenvolvimento como defende Luckesi (2002), trará práticas/teorias
pedagógicas e avaliativas voltadas a aspectos relevantes como, por exemplo, a qualidade de
vida e a geração de saúde. A Educação Física escolar sobre esses preceitos da avaliação
educacional se constitui com
Seguindo a lógica de que avaliar seja um ato de diagnóstico contínuo, na qual não
deva ser apenas classificatório, excludente ou seletivo e sim um instrumento a conduzir
processos mais humanos, mais específicos, heterogêneos, sensíveis, que realmente propiciem
a renovação/construção de saberes na Educação Física escolar. Um olhar mais acurado para
avaliação da aprendizagem não somente no que requer modalidades esportivas ainda sim
tratadas parcialmente ou no que se diz respeito a outros conhecimentos da cultura corporal,
influenciará diretamente no processo de ensino aprendizagem.
Considerações finais
Referências
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Ciências do Esporte: ciências para a vida. Porto Alegre: Colégio Brasileiro de Ciências do
Esporte, 2005. v. 1.
VAGO, Tarcísio Mauro. Pensar a educação física na escola: para uma formação cultural da
infância e da juventude. Cadernos de Formação RBCE, v. 1, n. 1, 2009.