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GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO COMPARADO

Cássio Mesquita Barros

I. INTRODUÇÃO.
Atualmente, naã o haá como negar a importaâ ncia para o Direito da noçaã o de empresa.
No Direito do Trabalho, por exemplo, o conceito de empresa eá imanente aà proá pria
disciplina.
Quatro perfis saã o atribuíádos aà empresa:
subjetivo, que conceitua empresa e empresaá rio como sinoâ nimos;
funcional, que a conceitua como a atividade econoâ mica organizada;
objetivo, que a equivale aà azienda;
4. institucional, porque a empresa nada mais eá que um conjunto de pessoas, uma
organizaçaã o formada pelo empresaá rio e seus colaboradores.

O conceito subjetivo eá representado pela teoria alemaã (Mommsen e Endemann),


segundo a qual a empresa eá sujeito de direito. No Brasil, naã o se pode esquecer o
grande defensor dessa teoria, o saudoso Prof. Cesarino Junior, que sempre
sustentou ser a empresa uma pessoa juríádica de Direito Social.
Para a concepçaã o funcional, a empresa eá um conjunto de atividades coordenadas,
que tem como uá nico objetivo produzir para o mercado. Nesse sentido, vale lembrar
Deá lio Maranhaã o. Segundo ele, a empresa eá uma atividade profissional do
empresaá rio, considerada no seu aspecto funcional mais do que no instrumental.
Para a teoria objetiva, empresa e estabelecimento saã o objeto do direito do
empresaá rio, pessoa fíásica ou juríádica. Saã o defensores dessa teoria, entre outros,
Evaristo de Moraes Filho, Elson Gottschalk e Orlando Gomes.
A empresa como instituiçaã o tem ardentes defensores em Hauriou e Rennard. Para
Hauriou, as instituiçoã es representam, nas aá reas do Direito e da Histoá ria, o que eá
duraá vel, contíánuo e real.
Segundo o mesmo doutrinador, 3 elementos integram a empresa:
1. a ideá ia de obra a realizar num determinado grupo social;
2. o poder organizado que eá colocado a serviço de tal ideá ia, assegurando sua
realizaçaã o;
3. as manifestaçoã es de uniaã o entre ideá ia e sua realizaçaã o.

Para Hauriou, a empresa seria, pois, um ente ideal, separado de seu criador, o
empresaá rio, que cumpre de forma autoâ noma os fins para os quais a empresa foi
criada.
Pode-se dizer, sem qualquer exagero, que as alteraçoã es estruturais que veâ m sendo
impostas aà empresa estaã o fazendo com que ela cada vez mais se aproxime do
modelo de uma instituiçaã o, onde o poder de direçaã o do empresaá rio se transforma,
aos poucos, em um direito-funçaã o, que eá exercido naã o em seu proá prio interesse,
mas de acordo com os objetivos perseguidos pela empresa. Atraveá s dos tempos,
houve mesmo uma dissociaçaã o entre a propriedade e o controle da empresa, que
passou, numa segunda fase, das maã os dos proprietaá rios da empresa para os
gerentes para, a seguir, transferir-se para os teá cnicos, os seus administradores. Esta
dissociaçaã o constitui um dos motivos da institucionalizaçaã o da empresa.
Naã o se deve esquecer tambeá m o crescente poder dos trabalhadores na vida da
empresa, atraveá s da participaçaã o nos lucros e na co-gestaã o. No Brasil, a co-gestaã o e
a participaçaã o nos lucros veâ m enunciadas no art. 7º, XI, da Constituiçaã o de 1988,
que estabelece ser direito dos trabalhadores urbanos e rurais, aleá m de outros que
visem a melhoria de sua condiçaã o social “participaçaã o nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneraçaã o, e, excepcionalmente, participaçaã o na gestaã o da
empresa, conforme definido em lei.”
A teoria da empresa como instituiçaã o parece ser a mais completa e adequada,
porque sua estrutura naã o se compoã e somente de atividade ou somente de
patrimoâ nio, como querem as demais teorias. Segundo Luiz Joseá de Mesquita, “a
empresa econoâ mica moderna eá uma instituiçaã o de direito privado, que
desempenha uma funçaã o econoâ mico-social que por isso mesmo, predomina sobre
o interesse particular de qualquer das partes individualmente tomadas; o interesse
social do grupo, devendo ser assegurado, acima de tudo, o bem comum dele,
subordinado, naturalmente, ao bem comum da coletividade em geral”.
II. GRUPO ECONÔMICO.
Conforme assinala Orlando Gomes, a figura do empresaá rio, que dirigia
pessoalmente seu estabelecimento assumindo todos os riscos do negoá cio, vai
ficando cada vez mais distante.
Atualmente, as relaçoã es se tornaram mais complexas. Por isso, pelo menos nas
economias desenvolvidas e em fase de desenvolvimento, a atividade econoâ mica
deixou de ser exercida por uma empresa isolada, sendo substituíáda pela figura da
reuniaã o de empresas, que se ligam para terem os mais diversificados tipos de
relacionamento. A mais complexa forma que as empresas que se unem adotam
para exercer a atividade econoâ mica eá a do grupo.
Vale assinalar que alguns grupos teâ m sustentaçaã o juríádica. Saã o os grupos de
sociedades denominados grupos de direito (carteá is, grupos de interesse
econoâ mico, Konzerns, consoá rcios, etc). Haá tambeá m grupos de empresas que naã o
possuem arcabouço juríádico. Saã o os denominados grupos de fato. Dentre esses,
estaã o os conglomerados, os pools, etc.
Vale assinalar que, no plano juríádico, uma empresa com vaá rios estabelecimentos
naã o eá a mesma coisa que um conjunto de empresas autoâ nomas.
Esta diferença eá mais clara quando se examina o grupo de sociedades, onde cada
uma das empresas tem personalidade juríádica, mas saã o economicamente unidas e
submetidas aà unidade diretiva.
A empresa eá uma sociedade com personalidade juríádica e com autonomia
patrimonial, enquanto que os vaá rios estabelecimentos de uma empresa possuem
apenas autonomia teá cnica.
Em vista disso, pode-se dizer que o grupo eá uma grande empresa?
A importaâ ncia de uma resposta a essa questaã o vai aparecer de forma contundente
nas reivindicaçoã es trabalhistas, quando se precisa localizar de onde emana o poder
do grupo.
Em um grupo, controle eá o víánculo que se estabelece entre as empresas desse
grupo. Esse controle eá feito ou atraveá s de participaçaã o acionaá ria majoritaá ria (a
mais eficaz), ou atraveá s de participaçaã o minoritaá ria (a mais econoâ mica), ou em
virtude de um expediente ou teá cnica societaá ria. Esse controle pode ser mais ou
menos intenso, dependendo da maior ou menor centralizaçaã o do grupo.
Cabe mencionar, por derradeiro, que o controle pode ser direto ou indireto. Seraá
direto quando o acionista controlador pertencer aos oá rgaã os da administraçaã o da
sociedade controlada. Seraá indireto quando a sociedade controladora exerce a
administraçaã o atraveá s de outra controlada ou de pessoa fíásica naã o pertencente ao
quadro de acionistas.
Ao tratar das unidades de um grupo, a tendeâ ncia das legislaçoã es eá de trataá -las,
geralmente, conforme modelo do Tratado de Roma, como empresas e naã o como
sociedades. A legislaçaã o brasileira tambeá m usa desse criteá rio. Assim o conceito de
empresa integra a estrutura do grupo. Para muitos, o proá prio grupo nada mais eá do
que uma grande empresa.
Feitas essas consideraçoã es, podemos apontar as seguintes caracteríásticas no grupo:
vaá rios participantes: sociedades ou empresas;
autonomia dos participantes e, portanto, pluralidade de sujeitos;
3. concentraçaã o na pluralidade, isto eá , estabelecimento de um conjunto de unidades
juridicamente independentes, submetidas aà unidade de direçaã o.
III. O GRUPO ECONÔMICO NO DIREITO COMPARADO.
Haá inuá meros modelos de grupos, cabendo destacar o modelo franceâ s, o argentino,
o alemaã o, o americano, o mexicano.
Aos grupos de empresas vem sendo aplicada a Disregard Doctrine. Discorrendo
sobre o criteá rio orientador para sua aplicaçaã o, ensina Suzy Elizabeth Cavalcante
Koury:
“A noçaã o de controle, aliada aà existeâ ncia de um interesse comum entre as empresas
agrupadas, eá o criteá rio orientador baá sico para a aplicaçaã o da Disregard Doctrine
aos grupos de empresas (...) a consisteâ ncia da anterior conclusaã o fundamenta-se
nos criteá rios mais comumente utilizados na determinaçaã o do interesse comum
entre as empresas agrupadas, que saã o: a existeâ ncia de uma políática de grupo, a
subcapitalizaçaã o, a confusaã o aparente de personalidades ou de esferas de
atividades e a confusaã o de patrimoâ nios”(A desconsideraçaã o e os grupos de
empresas em alguns ordenamentos juríádicos estrangeiros, p. 199-200).
Analisando as hipoá teses de aplicaçaã o da Disregard Doctrine, a mesma autora
assinala:
“A Disregard Doctrine decorre, na realidade de um desvio de funçaã o da pessoa
juríádica. A pessoa juríádica distinta dos seus membros foi ideá ia ditada pelo
legislador, para produzir determinados efeitos juríádicos, a respeitos dos casos por
ele previstos. Assim, naã o se deve aplicar tal norma sempre que, em um caso
singular, sejam produzidos efeitos divergentes das valoraçoã es que a inspiraram, ou
das que inspiram o ordenamento juríádico como um todo. Desconsidera-se, entaã o, a
personalidade juríádica.” (ob. cit., p. 198).
Porque irradiador de direitos e obrigaçoã es, naã o se deve esquecer que o modelo de
grupo e a forma como eá considerado, empregador uá nico ou naã o, encerra
desdobramentos diversos em relaçaã o aos trabalhadores.
Ateá porque saã o inuá meros os reflexos do grupo no Direito do Trabalho, como, por
exemplo, o coâ mputo do tempo de serviço, a questaã o da readmissaã o, da
reintegraçaã o, da transfereâ ncia, da equiparaçaã o salarial, da alteraçaã o contratual, da
suspensaã o e interrupçaã o do contrato, da determinaçaã o do empregador, da
convençaã o coletiva de trabalho, da jornada de trabalho, da igualdade das condiçoã es
de trabalho, feá rias.
Modelo franceâ s:
Naã o haá na lei francesa qualquer conceituaçaã o sobre grupo. Por isso, o criteá rio de
avaliaçaã o de existeâ ncia de um grupo eá o da participaçaã o acionaá ria. Naã o existem
tampouco no ordenamento juríádico franceâ s regras sistematizadas sobre grupos. A
alternativa eá recorrer aà Lei nº 66-537, de 24 de julho de 1966, sobre Sociedades
Comerciais e a outras leis esparsas.
Apoá s dispor no art. 1º da Ordenança nº 67-821, de 23 de setembro de 1967, que
criou os G.I.E. (groupements de inteá reâ t eá conomique), que eles saã o constituíádos
“entre duas ou mais pessoas fíásicas ou juríádicas, por tempo determinado, com o
objetivo de utilizar todos os meios proá prios para facilitar ou desenvolver a
atividade econoâ mica de seus membros, melhorar ou acrescer os resultados desta
atividade”, o art. 4º da mesma Ordenança estabelece a solidariedade dos membros
do grupo, respondendo com seus proá prios patrimoâ nios pelas díávidas do grupo. O
direito franceâ s, portanto, naã o acata o princíápio da responsabilidade limitada.
Outras medidas de proteçaã o aos credores estaã o consagrados na Lei nº 67.563, de
13 de julho de 1967, que disciplina as liquidaçoã es judiciais, e na Lei de Sociedades
Comerciais, de 1966.
Dispoã e o art. 99 da Lei nº 67.563 que, constatada a insuficieâ ncia do ativo na
liquidaçaã o de bens de pessoa juríádica, quaisquer dirigentes, de direito ou de fato,
poderaã o ser chamados a responder pelas díávidas sociais. Jaá o art. 101 possibilita a
execuçaã o dos bens da sociedade dominante que encobriu, sob o manto da
personalidade juríádica, sua intervençaã o na filiada para satisfazer interesses
proá prios.
O art. 358 da Lei de Sociedades Comerciais veda participaçoã es recíáprocas das
sociedades, quando uma possui mais de 10% do capital de outra.
O Direito do Trabalho franceâ s naã o dispoã e igualmente de normas sistematizadas
sobre grupos. As relaçoã es trabalhistas com empresas de um mesmo grupo estaã o
regulamentadas por leis esparsas, podendo-se citar, dentre elas:
Lei nº 66-537, de 24 de julho de 1966, art. 208-4, com a nova redaçaã o dada pela Lei
70-1.322, de 31 de dezembro de 1970: estende aos empregados das filiais o direito
de opçaã o que tem os trabalhadores da sociedade dominante para subscrever açoã es
emitidas por essa mesma sociedade;
Coá digo do Trabalho, artigo 122-14-8, com a nova redaçaã o dada pela Lei nº 73-860,
sobre despedida do trabalhador da sociedade-maã e colocado aà disposiçaã o de
sociedade estrangeira;
3. Ordenaçaã o 67-693, de 17 de agosto de 1967, sobre participaçaã o dos
trabalhadores nos resultados da expansaã o das empresas, que determina, no seu
art. 5º, que “nos acordos concluíádos no aâ mbito de um grupo de sociedades a
equivaleâ ncia das vantagens atribuíádas aos assalariados se avalia globalmente, no
níável do grupo, e naã o de empresa para empresa.”
A jurisprudeâ ncia e a doutrina francesas tambeá m veâ m contribuindo para a soluçaã o
de conflitos, sobretudo no tocante aà s relaçoã es individuais de trabalho. Assim eá que
havendo confusaã o aparente entre sociedades, todo o grupo seraá responsabilizado.
EÉ o caso, por exemplo, do empregado que, por trabalhar sucessivamente para
vaá rias sociedades do mesmo grupo, deve ter como uá nico seu contrato de trabalho.
EÉ comum a Corte de Cassaçaã o francesa decidir empregando determinadas
expressoã es para designar o interesse comum da unidade econoâ mica, caracteríástico
de um grupo de sociedades: ensemble eá conomique unique, uniteá de travail, uniteá
eá conomique et sociale, etc.
Constituem demonstraçoã es dessa unidade econoâ mica dos grupos para a
desconsideraçaã o da personalidade da pessoa juríádica a confusaã o de patrimoâ nios, a
identidade de objetos sociais, a identidade de direçaã o, etc.
A identidade social, criteá rio que algumas decisoã es consideram suficientes para
caracterizar a desconsideraçaã o, se manifesta, por exemplo, pela adoçaã o do mesmo
regulamento interno ou do mesmo criteá rio salarial para os empregados de todas as
sociedades do grupo.
Contudo, a maior parte das decisoã es requer a presença desse dois criteá rios, a
unidade econoâ mica e a identidade social, para o reconhecimento do grupo
econoâ mico como empresa uá nica, a saber, uma direçaã o comum e condiçoã es de
trabalho, pelo menos similares. A mera dominaçaã o econoâ mica naã o eá razaã o
suficiente para fixar a responsabilidade da empresa dominadora. Necessaá rio
provar a interfereâ ncia da empresa dominadora na direçaã o dos empregados da
empresa dominada.
A jurisprudeâ ncia vem avançando no sentido de aceitar uma unidade social, ainda
que naã o caracterizada a unidade econoâ mica.
Para os empregados de multinacionais, que iniciam, sempre em empresas do
mesmo grupo, a prestaçaã o de serviços em um paíás prosseguindo em outro, a
jurisprudeâ ncia francesa vem fundamentando suas decisoã es no art. L.122-14-8, do
Coá digo do Trabalho, com a redaçaã o dada pela Lei nº 73-680, de 13 de julho de
1973, art. 8º, que estabelece o coâ mputo do tempo de serviço prestado na filial
estrangeira para fins de aviso preá vio e indenizaçaã o.
Modelo argentino:
A lei argentina sobre sociedades comerciais restringiu-se ao exame do controle e
vinculaçaã o entre sociedades, estabelecendo limitaçoã es ao direito de participaçaã o de
uma em outra, como tambeá m impondo determinados deveres de informaçaã o.
A Lei nº 20.744, de 20 de setembro de 1974, sobre contrato de trabalho,
estabelecia, no seu art. 33, a responsabilidade solidaá ria das empresas integrantes
do grupo. Posteriormente alterado pela Lei nº 21.297, de 1976, o novo art. 31
guarda estreita identidade com o art. 2º, § 2º, da nossa Consolidaçaã o das Leis do
Trabalho ao dispor:
“art. 31 – Sempre que uma ou mais empresas, embora tenham cada uma delas
personalidade proá pria, estiverem sob a direçaã o, controle ou administraçaã o de
outras, ou de tal modo relacionadas que constituam um conjunto econoâ mico de
caraá ter permanente, seraã o para os fins das obrigaçoã es contraíádas por cada uma
delas com seus trabalhadores e com os organismos de seguridade social
solidariamente responsaá veis, quando tenham ocorrido manobras fraudulentas ou
direçaã o temeraá ria.”
Vale assinalar que o legislador ao utilizar, no art. 31, a expressaã o grupo econoâ mico
de caraá ter permanente, promoveu duas alteraçoã es significativas: a primeira,
quando excluiu os grupos naã o econoâ micos, anteriormente implíácitos, pelo art. 33
revogado, na expressaã o “industrial, comercial o de cualquier otro orden”; a
segunda, ao estabelecer o caraá ter de permaneâ ncia ao grupo econoâ mico,
significando, portanto, que o grupo trabalhista deve ser do tipo konzern.
Dessa forma, a solidariedade entre empresas componentes do mesmo grupo
somente ocorreraá quando os atos celebrados entre elas tenham sido fraudulentos
ou tenha havido direçaã o temeraá ria (abuso de direito). A lei reconheceu apenas a
solidariedade passiva ao utilizar, no mesmo art. 31, a expressaã o “obrigaçoã es
contraíádas por cada uma delas”.
Por manobras fraudulentas, Pedro F. Prado assim se manifestou:
“Por maniobras fraudulentas cabe entender aqui tanto la omisioá n dolosa
(retencioá n de aportes sobre salarios, con retencioá n y no depoá sito de los mismos),
como los actos tendientes a introducir sociedades subsidiarias como cesionarias de
otras (del mismo grupo o no) capaces de tender una cortina como foá rmula de
evasioá n hacia las personas y respecto de todas las obligaciones derivadas de las
leyes sociales y del contrato (...) Por conduccioá n temeraria, habraá de entenderse
entonces aquella forma de dirigir, o conducir la empresa o empresas, en forma
temeraria, inconsulta, peligrosa e imprudente”. (Magano, Os grupos de empresas
no direito do trabalho, p. 228).
Nesse sentido tambeá m a jurisprudeâ ncia argentina, quando desconsiderou a
personalidade juríádica das sociedades que compunham o grupo com a finalidade
de naã o prejudicar os trabalhadores.
Modelo alemaã o:
A legislaçaã o alemaã admite os grupos de subordinaçaã o e os de coordenaçaã o.
Os grupos de subordinaçaã o, representados pelo konzern, eá assim conceituado pelo
art. 18 da Aktiengesetz, de 6 de setembro de 1965:
“Se uma empresa dominante e uma ou algumas empresas dependentes acham-se
reunidas sob a direçaã o exclusiva da empresa dominante, elas constituem um
konzern. Cada uma delas eá empresa consorciada.”

Os grupos de coordenaçaã o estaã o igualmente definidos pelo mesmo art. 18, quando
dispoã e:
“As empresas juridicamente independentes, reunidas sem relaçaã o de dependeâ ncia,
constituem igualmente um grupo, desde que submetidas a uma direçaã o uá nica.”
Conforme se depreende da anaá lise do art. 18, nas duas modalidades de grupos haá
uma gestaã o unitaá ria; entretanto, somente nos grupos de subordinaçaã o ocorre uma
relaçaã o de dependeâ ncia, que geralmente ocorre pelo controle acionaá rio.
Vale lembrar que, para o Direito alemaã o, as sociedades dependentes saã o empresas
juridicamente independentes. A relaçaã o de dependeâ ncia se concretiza pela
influeâ ncia dominante, direta ou indireta, que uma empresa (empresa dominante)
exerce sobre as outras (empresas dependentes).
Digna de nota eá a composiçaã o do Conselho de Superintendeâ ncia do grupo, fixada
pela Lei de Sociedade por Açoã es, que estabelece, ao lado dos acionistas, a
participaçaã o dos trabalhadores.
A jurisprudeâ ncia alemaã manifestou-se sobre o Durchgriff, o equivalente alemaã o da
Disregard Doctrine, jaá no iníácio da deá cada de 1920.
Para o Direito alemaã o, a desconsideraçaã o da personalidade juríádica constitui
medida excepcional. Examinando-se caso a caso, pode ser aplicada somente em
caso de abuso de direito, fraude ou quando os princíápios baá sicos da ordem juríádica
tiverem sido violados. Lutter verificou que os tribunais alemaã es aplicavam a
desconsideraçaã o da personalidade juríádica em caso de confusaã o de patrimoâ nios, de
confusaã o de esferas de atividades, de subcapitalizaçaã o ou de abuso de
personalidade juríádica.
Modelo americano:
O direito norte-americano veda a participaçaã o de uma sociedade no capital da
outra por duas razoã es: se os objetos saã o diferentes, haveria mudança de objetos
com a participaçaã o; se similares, configurar-se-ia o monopoá lio. Por isso, quando
saã o autorizadas por algumas jurisdiçoã es, essas participaçoã es soá se concretizam por
meio de dummies.
O direito norte-americano segue o sistema da common law, que se fundamenta
basicamente na formaçaã o de um direito jurisprudencial.
EÉ significativa a importaâ ncia da equity no direito americano. Para o direito
americano eá mais importante proferir uma sentença justa no caso concreto do que
seguir rigidamente as regras da common law.
Tendo a equity e a disregard of legal entity (desconsideraçaã o da personalidade
juríádica) objetivos semelhantes, fica faá cil perceber porque esse uá ltimo instituto
teve amplo desenvolvimento no direito norte-americano.
Apesar disso, vale assinalar que a disregard doctrine eá medida de caraá ter
excepcional, mesmo nos Estados Unidos. Quando a personalidade da pessoa
juríádica servir para fins diversos ou contraá rios aà queles estabelecidos pelo
ordenamento juríádico, pode operar-se a sua desconsideraçaã o. Nesse sentido,
Serick, ao afirmar que
“... seria inconciliaá vel com o sentido do ordenamento juríádico que se tivesse que
respeitar a independeâ ncia da corporation quando atraveá s dela se perseguissem
fins diversos aos que precisamente motivaram que se admitisse a independeâ ncia
de sua personalidade.” (in Suzy Elizabeth Cavalcante Koury, ob. cit., p. 101).
Modelo mexicano:
A solidariedade entre empresas do mesmo grupo econoâ mico estaá justificada na
Exposiçaã o de Motivos da nova Lei do Trabalho mexicana, com o seguinte teor:
“A economia contemporaâ nea impoâ s como uma necessidade teá cnica a especializaçaã o
das empresas, mas eá tambeá m frequü ente que se organizem empresas subsidiaá rias
para que executem obras ou serviços de forma exclusiva ou principal para outra.
Como esta circunstaâ ncia tem redundado em prejuíázo para os trabalhadores, naã o soá
por terem condiçoã es de trabalho inferiores aà s da empresa principal, mas, tambeá m,
porque as empresas filiais nem sempre dispoã em de meios suficientes para cumprir
as obrigaçoã es que derivam das relaçoã es de trabalho, o art. 15 estabelece a
responsabilidade solidaá ria das empresas e dispoã e que as condiçoã es dos
trabalhadores que prestam serviços na filial devem ser iguais a das vigorantes na
empresa que se beneficia da atividade da filial.”

Vale lembrar que a lei mexicana se refere apenas ao grupo econoâ mico constituíádo
para a realizaçaã o de obras ou de trabalhos determinados.
Os doutrinadores Mario de La Cueva e Cavazos Flores, legíátimos representantes do
direito trabalhista mexicano, se manifestaram de forma contundente no tocante aà
mateá ria.
O primeiro, comentando a lei do trabalho mexicana e a respectiva exposiçaã o de
motivos, asseverou “urgente evitar que se continuara usando la figura de la
personalidad juríádica mercantil para burlar uno de los fines supremos del derecho
del trabajo y de la justicia social”. O segundo assim observou: “?El trabajador que
presta sus servicios em alguna sucursal de alguna empresa estaá em posibilidad de
demandar a la principal e solidariamente a todas las sucursales de la misma?
Estimamos que si puede hacerlo.” (Magano, ob. cit., p. 222-3).
Nesse mesmo sentido, Suzi Elizabeth Cavalcante Koury, quando examina a questaã o
da personalidade juríádica e a importaâ ncia da disregard doctrine em relaçaã o ao
grupo de empresas:
“quebrando o tabu da intocabilidade da personalidade juríádica sem, em nenhum
momento, negar a sua existeâ ncia e a sua relevaâ ncia, a teoria da desconsideraçaã o da
personalidade juríádica alcança grande destaque no aâ mbito do grupo de empresas
(...) a noçaã o de controle, aliada aà existeâ ncia de um interesse comum entre as
empresas agrupadas, eá o criteá rio orientador baá sico para a aplicaçaã o da Disregard
Doctrine aos grupos de empresas”(ob. cit., p. 197).
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