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MECÂNICA CLÁSSICA I ‐ EaD  1

CAPA 

   
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  2

CONTRACAPA 

   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  3

Apresentação  

Este  texto  é  destinado  aos  estudantes  que  participam  do  programa  de  Educação  à 
Distância  da  Universidade  Aberta  do  Piauí  (UAPI)  vinculada  ao  consórcio  formado  pela 
Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Centro Federal 
de Educação Tecnológica (CEFET – PI), com apoio do Governo do Estado do Piauí, através da 
Secretaria de Educação. 
  O  texto  é  composto  de  quatro  unidades,  contendo  itens  e  subitens,  que  discorrem 
sobre: Vetores e análise vetorial, Mecânica Newtoniana de uma partícula, Oscilações lineares, 
forças  centrais,  Dinâmica  de  um  sistema  de  partículas  e  Movimento  em  um  sistema  de 
referencia  não  inercial.  Enfatizamos  que  a  abordagem  destes  tópicos,  diferente  do  que  foi 
visto  nos  cursos  de  física  básica,  faz  uso  de  formalismos  matemáticos  mais  poderosos, 
direcionando  o  estudante  para  fazer  uso  de  raciocínios  mais  abstratos  na  resolução  de 
problemas.  
Na Unidade 1 faremos uma revisão dos conceitos de vetores e os teoremas decorrentes 
da análise vetorial. Também trataremos com a leis de Newton do movimento. 
Na  Unidade  2  trataremos  das  oscilações  lineares,  discutindo  os  vários  de  tipos  de 
oscilações, bem como fenômenos associados, como é o caso da freqüência de ressonância. 
  Na  Unidade  3  discutiremos  o  movimento  de  uma  partícula  sob  a  ação  de  uma  força 
central.  Este  tipo  de  interação  é  encontrada  nos  sistemas  planetários,  eletromagnéticos  e 
nucleares. Constitui assim um tema de grande importância para a física. 
  Na Unidade 4 estudaremos a dinâmica de um sistema de partícula e as equações de 
movimento  em  referenciais  não  inerciais.  No  primeiro  item  desta  unidade  estamos 
preocupados  com  a  validade  dos  teoremas  de  conservação  quando  tratamos  com  sistemas 
formados  por  mais  de  uma  partícula.  No  segundo  momento  nos  interessa  ver  as 
conseqüências da aplicação das leis de Newton quando utilizamos um referencial não inercial, 
caso quando  estudamos algum sistema  físico considerando um referencial  preso a superfície 
da Terra. 
  A  bibliografia  para  leitura  complementar  é  indicada  ao  final  de  cada  unidade,  bem 
como  exercícios  resolvidos  e  exercícios  visando  avaliar  o  entendimento  do  leitor  serão 
apresentados ao longo do texto de cada unidade. 
   

 
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Sumário  
 
 
 
 
UNIDADE I   

1 Revisão: Vetores e Cálculo Vetorial   
1.1. Introdução   
1.2. Ângulos de direção e cossenos diretores   
1.3. Álgebra vetorial   
1.4. Mudança do sistema de coordenadas   
1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar   
1.6. Operador gradiente   
1.7. Problemas   
   
2 Mecânica Newtoniana de Uma Partícula   
   
2.1. Introdução   
2.2. Leis de Newton   
2.3. Sistemas de referências   
2.4. Equação de movimento para uma partícula   
2.5. Teoremas de conservação   
2.6. Energia   
2.7. Problemas   
   
UNIDADE II   

3 Oscilações Lineares   
3.1. Introdução   
3.2. O Oscilador Harmônico Simples   
3.3. Oscilações Amortecidas   
3.4. Oscilações Amortecidas Forçadas   
3.5. Princípio da Superposição   
3.6. Considerações Finais   
3.7. Problemas   
   
UNIDADE III   

4 Movimento de Uma Partícula Sob a Ação de Uma Força Central   
4.1. Introdução   
4.2. Problema de dois corpos   
4.3. Equações de movimento   
4.4. Órbitas em um campo de força central   
4.5. Potenciais efetivos   
4.6. Forças inversamente proporcionais ao quadrado da distancia   
4.7. Movimento planetário – Leis de Kepler   

 
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4.8. Problemas   
   
   
UNIDADE IV   

5 Dinâmica de Um Sistema de Partículas   
5.1. Introdução   
5.2. Centro de massa. Conservação do momento linear   
5.3. Conservação do momento angular   
5.4. Conservação da energia   
5.5. Problemas sobre colisões   
5.6. Acoplamento de dois osciladores harmonicos   
5.7. Problemas   
   
6 Movimento em um sistema de referencia não inercial   
6.1. Introdução   
6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional   
6.3. Sistemas de coordenadas girantes   
6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis   
6.5. Movimento relativo próximo a superfície da Terra   
6.6. Problemas   
 
   

 
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UNIDADE I 

Vetores e Leis Newton 

RESUMO 

  Nesta  unidade  apresentaremos,  no  capítulo  1,  conceitos  de  vetores  e  técnicas  de 
cálculo vetorial necessários para a abordagem dos conteúdos de mecânica em um nível mais 
abstrato. No segundo capítulo apresentamos conceitos e princípios que viabilizam a solução de 
problemas  de  física  usando  diretamente  as  leis  de  Newton..  Os  conceitos,  são  os  de 
deslocamento,  tempo  e  massa  e  os  princípios  são  os  de  conservação  do  momento,  do 
momento angular e de energia, todos consequências das leis de Newton. 

 
   

 
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SUMÁRIO DE UNIDADE
 

 
UNIDADE I   

1 Revisão: Vetores e Cálculo Vetorial   
1.1. Introdução   
1.2. Ângulos de direção e cossenos diretores   
1.3. Álgebra vetorial   
1.4. Mudança do sistema de coordenadas   
1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar   
1.6. Operador gradiente   
1.7. Problemas   
   
2 Mecânica Newtoniana de Uma Partícula   
   
2.1. Introdução   
2.2. Leis de Newton   
2.3. Sistemas de referências   
2.4. Equação de movimento para uma partícula   
2.5. Teoremas de conservação   
2.6. Energia   
2.7. Problemas   
   

 
   

 
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Capítulo 1. Revisão – Vetores e Análise Vetorial 
 

1.1 Introdução 

Métodos  vetoriais  tornaram‐se  ferramentas  padrões  para  os  físicos,  uma  vez  que 
compõem uma linguagem e a linguagem é um ingrediente essencial do pensamento abstrato. 
Por  apresentar  símbolos  e  palavras  apropriadas  torna  fácil  e  claro  nosso  pensamento  sobre 
conceitos sofisticados e abstratos na física. 

Quantidades físicas que são completamente especificadas, em unidades apropriadas por 
um único número (chamado a sua magnitude), tais como o volume, a massa, e a temperatura 
são  chamadas  de  quantidades  escalares.  Tais  quantidades  escalares  são  tratadas  como 
números  reais  ordinários.  Elas  obedecem  todas  as  regras  regulares  de  adição,  subtração, 
multiplicação e divisão algébricas, e assim por diante. 

Existem também quantidades físicas que exigem uma magnitude e uma direção para sua 
completa  especificação.  Estas  são  chamadas  grandezas  vetoriais  se  sua  combinação  umas 
outras  é  comutativa  (isto  é,  a  ordem  de  adição  pode  ser  alterada  sem  afetar  o  resultado). 
Assim  nem  todas  as  quantidades  possuindo  magnitude  e  direção  são  vetores.  Deslocamento 
angular, por exemplo, pode ser caracterizado por magnitude e direção, mas não é um vetor, 
pois a adição de dois ou mais deslocamentos angulares não é, em geral, comutativa. 

Em  impressos,  denotamos  vetores  por  letras  em  negrito  (tal  como  )  e  usamos  letras 
itálicas  comuns  (tal  como  )  para  as  magnitudes;  em  manuscritos,  vetores  são  usualmente 

representados por uma letra com uma seta acima dela tal como  . Adotaremos aqui a segunda 

convenção. Um dado vetor   pode ser escrito como 

,                                                                                 1.1  

onde   é a magnitude do vetor   e assim possui unidade e dimensão, e   é um vetor unitário 

adimensional com uma magnitude unitária tendo a direção de  . Assim 

.                                                                                  1.2  

Uma  quantidade  vetorial  pode  ser  representada  graficamente  (representação 


geométrica)  por  um  segmento  de  reta  orientado.  O  comprimento  da  seta  representa  a 
magnitude  do  vetor,  e  a  direção  da  seta  é  aquela  do  vetor,  como  mostrado  na  Figura  1.1. 

 
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Figura 1.1. Representação gráfica (geométrica) do vetor  . 

Alternativamente, um vetor pode ser especificado por suas componentes (projeções ao longo 
de eixos coordenados) e os vetores unitários ao longo dos eixos coordenados (veja Figura 1.2): 

̂ ̂ ̂ ∑ ̂                                     1.3  

onde  ̂   1, 2, 3  são os vetores unitários ao longo dos eixos retangulares    ,
, . Eles são normalmente escritos como  ̂,  ̂ e   nos livros textos de física geral. O trio 
de  componentes  ( , , )  é  também  usado  como  uma  representação  alternativa 

(representação algébrica) para o vetor  : 

, ,                                              1.4  

Esta notação algébrica de um vetor pode ser estendida (ou generalizada) para espaços 
de  dimensões  maiores  que  três,  onde  uma  ‐upla  de  números  reais,  , , , , 
representa um vetor. Mesmo que não possamos construir vetores físicos para  3, podemos 
reter a linguagem geométrica para estas generalizações  ‐dimensionais.  

Figura 1.2. O vetor   em coordenadas cartesianas. 

 
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1.2 Ângulos de direção e cossenos diretores 

Podemos expressar o vetor unitário   em termos dos vetores coordenados unitários  ̂ . 
Da Equação (1.3),  

̂ ̂ ̂                                         1.5  

Agora  / cos ,  / cos  e  / cos  são os cossenos diretores do vetor 

 e  , , e   são os ângulos de direção (veja Figura 1.3). Assim podemos escrever 

cos ̂ cos ̂ cos ̂                                      1.6  

de onde segue que 

cos ̂ cos ̂ cos ̂ cos , cos , cos                         1.7  

Figura 1.3. Ângulos de direção do vetor   

1.3. Álgebra Vetorial 

Igualdade de vetores 

Dois vetores, digamos   e   são iguais se, e somente se, suas respectivas componentes 


são iguais: 

        ou        , , , ,                             1.8  

é equivalente a três equações 

,     ,                                      1.9  

 
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Geometricamente,  vetores  iguais  são  paralelos  e  possuem  o  mesmo  comprimento,  mas  não 
tem necessariamente a mesma posição. 

Adição de vetores 

A adição de dois vetores é definida pela equação 

, , , , , ,         1.10  

Isto é, a soma de dois vetores é um vetor cujas componentes são as somas das componentes 
dos dois vetores dados. 

 
Figura 1.4. Adição de dois vetores. 

Podemos adicionar dois vetores não paralelos pelo método gráfico mostrado na Figura 

1.4.  Para  adicionar  o  vetor    ao  vetor  ,  deslocamos    paralelo  a  ele  próprio  até  que  sua 

extremidade  inferior  (cauda)  esteja  na  extremidade  posterior  (cabeça)  de  .  O  vetor  soma 

 é o vetor   desenhado da cauda de   para a cabeça de  . A ordem na qual os vetores 


são adicionados não afeta o resultado. 

Multiplicação por um escalar 

Se   é um escalar 

, ,                                                    1.11  

Geometricamente, o vetor   é paralelo a   e é   vezes o comprimento de  . Quando  1, 

o  vetor    é  aquele  cujo  direção  é  o  reverso  daquela  de  ,  mas  ambas  tem  o  mesmo 

comprimento. Assim, a subtração do vetor   de   é equivalente a adicionar –  a  : 

 
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                                                         1.12  

Vemos que a adição vetorial tem as seguintes propriedades: 

(a)         (comutatividade) 

(b)      (associatividade) 

(c)  0 0  

(d)  0 

Vamos agora considerar a multiplicação de vetores. Observe que divisão por um vetor 

não está definido. Por exemplo, expressões como  /  ou  /  são sem significado. 

Existem varias modos de multiplicar dois vetores, cada um com um significado especial. 

O produto escalar 

O produto escalar (ponto ou interno) de dois vetores   ou   é um numero real definido 


como o produto das suas magnitudes e o cosseno do ângulo (o menor) entre eles (veja a Figura 
1.5): 

 
Figura 1.5. O produto escalar de dois vetores 

· 0 .                                 1.13  

Está claro da definição (1.13) que o produto escalar é comutativa, isto é, 

· · ,                                                         1.14  

 
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e o produto de um vetor por ele mesmo fornece o quadrado do produto interno do vetor, isto 
é, 

·                                                         1.15    

Se  · 0 e nenhum dos vetores,   ou  , é um vetor nulo (zero), então   é perpendicular a 

Da  Figura  1.5  podemos  conseguir  a  interpretação  geométrica  do  produto,  observando 

que   é a projeção de   sobre   multiplicado pelo modulo de   ou que   é 

a projeção de   na direção de   multiplicado pelo modulo de  . 

Se  apenas  as  componentes  de    e    são  conhecidas,  então  não  seria  pratico  calcular 

·   da  definição  (1.13).  Mas  neste  caso,  podemos  calcular  ·   em  termos  das 
componentes, da seguinte forma 

· ̂ ̂ ̂ · ̂ ̂ ̂  

̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂  

   ̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂  

   ̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂                                     1.16  

onde  obtemos  nove  termos,  todos  envolvendo  o  produto  interno  entre  vetores  unitários  da 
forma ̂ · ̂ . Os vetores unitários  ̂ ,  ̂  e  ̂  formam um conjunto de vetores ortogonais entre 
si, de forma que o produto interno entre vetores com índices diferentes é nulo enquanto entre 
vetores de mesmo índice é igual a unidade, isto é, 

̂ · ̂             , 1, 2, 3                                        1.17  

onde 

0,                   
                                           1.18  
1,                   

Assim, usando (1.17), a expressão em (1.16) torna‐se apenas 

·                                      1.19  

 
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Uma  aplicação  que  usa  a  definição  de  produto  interno  ou  produto  escalar  é  a  lei  dos 

cossenos para triângulos planos. Considere o vetor   resultante da soma dos vetores   e  , 


que são os lados do triangulo, 

                                                         1.20  

Tomando o produto de   por ele mesmo obtemos 

· ·                                                                     

2 · 2 .                       1.21  

A relação (1.21) é alei dos cossenos. 

 
Figura 1.6 Lei dos cossenos 

O produto vetorial (ou produto cruz ou externo) 

O produto vetorial de dois vetores   e   é um vetor  , escrito como 

,                                                                1.22  

perpendicular ao plano definido pelos vetores   e   e direção escolhida ao longo do polegar 

da mão direita quando os dedos giram de   para   (ângulos de rotação menor que 180 ). Veja 

a  Figura  1.7  para  entender  a  geometria  do  problema.  O  módulo  de    é  dado  pela  área  do 

paralelogramo formado pelos vetores   e  . Assim podemos escrever 

̂        0                                 1.23  

 
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Figura 1.7. Produto vetorial entre os vetores   e   e a regra da mão direita. 

Da definição do produto vetorial e da regra da mão direita segue imediatamente que 

,                                                              1.24  

ou  seja,  o  produto  vetorial  não  é  comutativo.  Se    e    são  paralelos,  então  segue  de  (1.23) 
que 

0.                                                              1.25  

Em termos de componentes, temos 

̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂                                   

̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂                                

   ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂                           

   ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂               1.26  

Considerando as definições (1.22), (1.23) e (1.24) e o fato dos vetores unitários formarem um 
conjunto de vetores mutuamente ortogonais, segue que 

̂ ̂ ̂ ,       ̂ ̂ ̂                                    1.27  

̂ ̂ ̂ ,       ̂ ̂ ̂                                     1.28  

̂ ̂ ̂ ,       ̂ ̂ ̂                                     1.29  

̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ 0                                    1.30  

 
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De (1.27) – (1.30) segue que 

0 ̂ ̂                                          

   ̂ 0 ̂                                         

   ̂ ̂ 0                           1.31  

ou ainda 

̂ ̂   ̂                  1.32  

O resultado (1.32) pode ser colocado na forma de determinante, para ser lembrado mais 
facilmente: 

̂ ̂ ̂
                                                   1.33  

As Equações (1.27) – (1.30) podem ser escrita de forma compacta em termos do símbolo 
de permutação  : 

̂ ̂   ̂                                                  1.34  

onde  é definido por 

1          , , é    çã       1,2,3      


1          , , é    çã  í     1,2,3                1.35  
0                       í   ã          

Usando o resultado (1.34) e a definição (1.35) seguem imediatamente os resultados (1‐
27) – (1.30). 

Assim,  com  o  uso  do  símbolo  de  permutações  podemos  escrever  o  produto  vetorial 
como 

̂ ̂ ̂ ̂                             
,

̂ ̂                                                           1.36  
, ,

 
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  17

De (1.36) segue que a  ‐ésima componente de   é 

                                                1.37   
,

Se  1, obtemos 

                                   
,

.                                                                    1.38  

Figura 1.8 O produto escalar triplo de três vetores  ,  ,  . 

O produto escalar triplo  ·  

O  produto  escalar  triplo  representa  o  volume  do  paralelepípedo  formado  pelos  lados 

coincidentes  ,   e  , uma vez que 

·                                   1.39  

Conforme  mostra  a  Figura  1.8,    é  área  do  paralelogramo  de  lados    e  ,  e    a  altura  do 
paralelepípedo. Usando (1.33) podemos escrever (1.39) como 

̂ ̂ ̂
· ̂ ̂ ̂ ·                          1.40  

Desenvolvendo o determinante, (1.40) toma a forma 

 
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  18

·                                           1.41  

Do  resultado  (1.41)  fica  fácil  mostrar  que  um  número  par  de  permutações  entre  os 
vetores não altera o resultado, enquanto um número impar de permutações introduz um sinal 
menos  no  resultado.  Isto  segue  das  propriedades  de  determinantes  que  diz  que  a  troca  de 
quaisquer duas colunas ou duas linhas entre si troca o sinal do determinante. No nosso caso a 
troca  de  linha  no  determinante  leva  a  uma  troca  na  ordem  em  que  os  vetores  aparecem  no 
produto escalar triplo. Assim temos 

· ·  

·                                                       1.42  

Não temos mudança de sinal quando efetuamos a troca do ponto com a cruz 

· ·                                                1.43  

O resultado (1.43) é idêntico ao resultado da ultima igualdade em (1.42). 

Também  a  permuta  dos  vetores  de  forma  que  apareçam  em  ordem  cíclica, 

 não altera o sinal do produto escalar triplo. 

O produto vetorial triplo 

O  produto  vetorial  triplo    é  um  vetor  porque  é  o  produto  vetorial  dos 

vetores   e  . Este vetor é perpendicular a   e assim está no plano que contem os 

vetores    e  .  Se    não  é  paralelo  a  ,  podemos  escrevê‐lo  como  uma  combinação  linear 

entre   e  , isto é, 

                                                1.44  

Como  · 0, segue  

· · 0                                                  1.45  

ou 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  19

                                             1.45  
· ·

com  sendo um escalar. Assim podemos escrever (1.44) como 

· ·                                                 1.44  

Exercício proposto 

Mostre que em (1.14), 

1.                                                                      1.45  

Assim, usando  1.45  em  1.44  ficamos com 

· ·                                             1.44  

que é uma identidade muito usada em várias situações de resolução de problemas em Física. 

Exercício proposto 

Demonstre as seguintes identidades vetoriais 

(a)  · · ·  

(b)  · ·  

· ·
(c)                                · · ·  
                                         · · · ·

· ·
(d)           
                

1.4. Mudança do sistema de coordenadas 

Equações vetoriais são independentes do sistema de coordenadas que escolhido, mas as 
componentes  de  uma  quantidade  vetorial  são  diferentes  em  sistemas  de  coordenadas 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  20

diferentes.  Considere  dois  sistemas  de  coordenadas    (vetores  unitários  ,  , 


)e  (vetores unitários  ,  ,  ) com as origens coincidentes e o primeiro girado em 
relação ao segundo de um ângulo   em torno de um eixo qualquer que passe pela origem.  

O  vetor    terá  as  seguintes  representações  em  termos  de  coordenadas  nos  dois 
sistemas de coordenadas: 

̂ ̂ ̂ ̂                                 1.45  

̂ ̂ ̂                                 1.46  

Como as coordenadas do sistema girado   estão relacionadas com as do sistema 

original  ? Observando que o produto interno  · ̂  é igual a  , a projeção de   com a 


direção de  ̂ . Assim podemos escrever 

̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂                                        1.47  

̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂                                        1.48  

̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂                                        1.49  

Os  produtos  internos  em  (1.47)  –  (1.49)  são  os  cossenos  diretores  dos  eixos  do  novo 
sistema de coordenadas relativo ao sistema antigo: 

· ,                                               1.50  

As Equações (1.47) – (1.49) podem ser colocadas na forma matricial e com a definição 
(1.50) podem ser escritas como 

                                     1.51  

A  matriz  dos  coeficientes    é  a  matriz  que  efetua  a  rotação  do  sistema  de 
coordenadas.  É  uma  matriz  ortogonal:  seu  determinante  é  igual  a  1.  Os  seus  elementos 
satisfazem a seguinte relação 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  21

            , 1, 2, 3                          1.52  

Assim  as  coordenadas  da  quantidade  vetorial    no  sistema  girado  estão  relacionadas 
com as coordenadas da mesma quantidade no sistema antigo através da relação 

                                                  1.53  

Qualquer quantidade que se transforme de acordo com a Equação (1.53) é dita ser uma 
quantidade vetorial. 

Quantidades tensoriais  que representam quantidades físicas tais como o tensor de 
inercia,  em  problemas  de  rotação  de  corpos  rígidos,  ou  o  tensor  das  tensões,  no  estudo  de 
deformações de sólidos, ou o tensor permissividade elétrica ou o tensor dielétrico, em cristais 
dielétricos, são quantidades que se transformam como 

                                                   1.54  
,

frente a transformação das coordenadas do sistema por uma rotação. 

1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar 

Um vetor pode ser função de um ou mais escalares e vetores. O conceito de campo é 
usado em física para representar uma quantidade física que é função da posição em uma dada 
região. A temperatura é um campo escalar, porque seu valor depende da localização: a cada 
ponto  , ,   está  associada  uma  temperatura  , , .  A  função  , ,   é  um  campo 
esclar,  cujo  valor  é  um  numero  real  dependendo  apenas  do  ponto  no  espaço  mas  não  da 
escolha  particular  do  sistema  de  coordenadas.  Um  campo  vetorial,  por  outro  lado,  associa  a 
cada ponto um vetor, tal como a velocidade do vento ou a intensidade do campo elétrico ou 
magnético.  Quando  descrito  em  um  sistema  girado,  por  exemplo,  as  três  componentes  do 
vetor associado com o ponto mudarão numericamente. Conceitos importantes fisicamente e 
geometricamente  relacionados  com  campos  escalares  e  vetoriais  são  o  gradiente,  a 
divergência, o rotacional, e os correspondentes teoremas integrais. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  22

Os  conceitos  de  cálculo  tais  como  a  continuidade  e  diferenciabilidade,  podem  ser 

naturalmente generalizados para o cálculo vetorial. Considere um vetor   cujas componentes 

são  funções  de  uma  única  variável  .  Se  o  vetor    representa  a  posição  ou  velocidade,  por 
exemplo,  então  o  parâmetro    é  usualmente  o  tempo  ,  mas  pode  ser  qualquer  quantidade 

que  determine  as  componentes  de  .  Em  um  sistema  de  coordenadas  cartesianas  a  função 

vetorial   pode ser escrita como 

̂ ̂ ̂ .                                    1.55  

A  função  vetorial   é  dita  contínua  se  em    se  ela  está  definida  em  alguma 
vizinhança de   e 

                                                 1.56  

A função vetorial   é dita diferenciável em um ponto   se o limite 


                               1.57  
∆ ∆

existe. O vetor 

̂ ̂ ̂ .                     1.58  

é  chamado  a  derivada  de  .  Estamos  supondo  que  os  vetores  são  fixos  no  espaço. 

Derivadas de ordens mais altas para   podem ser definidas de forma semelhante. 

Se um vetor   é função de mais de uma variável, por exemplo, das variáveis   e  , isto 

é,  , , então 

                                                1.59  

é o diferencial de   e  

∆ , ,
                               1.60  
∆ ∆

e de forma semelhante para  / . 

 
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  23

Derivadas  de  produtos  obedecem  a  regras  semelhantes  aquelas  para  as  funções 
escalares.  Contudo,  quando  produto  vetorial  está  envolvido  a  ordem  dos  fatores  deve  ser 
considerada. 

Como uma aplicação de diferenciação vetorial podemos considerar a variação no tempo 
do vetor posição   do ponto  , ,  como mostrado na Figura (1.9), então 

̂ ̂ ̂ .                                     1.61  

 
Figura 1.9. Vetor posição   e  ∆  em dois instantes de tempo diferentes, diferindo um do outro 
por uma quantidade finita ∆ . 

Quando o parâmetro   muda, o ponto P da extremidade de   descreve uma curva   no 


espaço. A Equação (1.55) é uma representação paramétrica da curva, e   é o parâmetro desta 
representação. Então 

∆ ∆
                                         1.62  
∆ ∆

é um vetor na direção de ∆  e que no limite de ∆ 0 (se existir o limite)  /  é um vetor 


na direção da tangente à curva em  , , .  

Se  em  mecânica,  o  parâmetro    é  o  tempo    então,    /     é  a  velovidade  da 


partícula  que  é  tangente  a  curva  no  ponto  especificado.  Similarmente,  /   é  a 
aceleração da partícula. 

                                                                1.63  

                                                   1.64  

 
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  24

Em coordenadas retangulares, as expressões para  ,  , e  são 

̂ ̂ ̂ ̂ Posição

̂ ̂ Velocidade                           1.65  

̂ ̂ Aceleração

Calcular  estas  quantidades  em  coordenadas  retangulares  é  direto  uma  vez  que  os  vetores 
unitários  ̂  são constantes no tempo. Em sistemas de coordenadas não retangulares, contudo, 
os  vetores  unitários  no  vetor  posição  da  partícula  quando  ela  se  move  no  espaço  não  são 
constantes no tempo, e as componentes das derivadas temporais de   não são mais relações 
simples. Por exemplo, em coordenadas polares planas ( , ) o vetor posição é dado por 

̂                                                           1.66  

onde  ̂ ̂  é o vetor unitário na direção de crescimento de  .  ̂  é o vetor unitário na 


direção de crescimento de   com  ̂ ̂ . 

A velocidade é a primeira derivada de   em relação ao tempo, isto é, 

̂  

̂ ̂                                                                  1.67  

Uma segunda diferenciação de   produz a aceleração: 

̂ 2 ̂                                           1.68  

Exercício proposto 

Deduza as expressões (1.67) e (1.68) 

Exercício resolvido 1.1 

Determine as componentes do vetor aceleração   em coordenadas cilíndricas. 

 
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  25

Solução. O vetor posição em coordenadas cilíndricas é dado por 

̂ . 

A velocidade é dada por 

̂  

A aceleração é determinada tomando a derivada temporal de  . 

̂ ̂ ̂  

    ̂ ̂ ̂ ̂ ̂  

 
FIGURA 1‐10 O sistema de coordenadas cilíndricas  , ,  são mostradas com respeito ao sistema 
de coordenadas Cartesianas  , , . 

Precisamos  determinar  a  derivada  temporal  dos  vetores  unitário  ̂ ,  ̂ ,  e  ̂ .  O 


sistema de coordenadas cilíndricas é mostrado na Figura 1‐10, e em termos das componentes 
, ,  os vetores unitários  ̂ ,  ̂ , e  ̂ são 

̂ cos , sen ,0  

̂ sen , cos ,0  

̂ 0, 0, 1  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  26

As  derivadas  temporais  dos  vetores  unitários  são  determinadas  tomando  as  derivadas  das 
componentes. 

̂ sen , cos ,0 ̂  

̂ cos , sin ,0 ̂  

̂ 0                                                         

Substituímos as derivadas temporais do vetor unitário na expressão acima para  , obtendo 

̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂                                

̂ 2 ̂ ̂                                             

1.6. Operador Gradiente  

Agora  voltamos  ao  membro  mais  importante  de  uma  classe  chamada  de  operadores 
vetoriais diferenciais – o operador gradiente. 

Considere um escalar   que é uma função explicita das coordenadas   e, além disso, 


é uma função contínua, unívoca destas coordenadas através de uma dada região do espaço. 
Sob  a  transformação  de  coordenadas  que  leva  os  ,  nos  ,  , , =  , , ,  e 
pela regra da cadeia da diferenciação, podemos escrever. 

                                                  1.69  

O caso é similar para  /   e  /  , assim em geral temos 

                                                  1.70  

A transformação de coordenada inversa é 

                                                            1.71  

Diferenciando, 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  27

                               1.72  

Mas o termo no ultimo parêntese é justamente  , assim 

                                               1.73  

Substituindo a Equação 1.73 na Equação 1.70, obtemos 

                                                        1.74  

Como  isto  segue  corretamente  a  equação  de  transformação  de  um  vetor  (Equação  1.44),  a 
função  /   é  a  é   componente  de  um  vetor  chamado  o  gradiente  da  função  . 
Observe  que  mesmo    sendo  um  escalar,  o  gradiente  de    é  um  vetor.  O  gradiente  de    é 

escrito ou como     ou como   (“Del”  ). 

Como  a  função    é  uma  função  escalar  arbitrária,  é  conveniente  definir  o  operador 


diferencial descrito anteriormente em termos do operador gradiente: 


grad                                                          1.75  

Podemos expressar o operador vetor gradiente completo como 

̂ Gradiente                        1.76  

O operador gradiente pode (a) operar  diretamente  sobre uma função escalar, como em  ; 

(b) ser usado em um produto escalar com uma função vetorial, como em  ·  (a divergência 

(div) de  ); ou (c) ser usado em produto vetorial com uma função vetorial, como em   (o 

rotacional de  ). Apresentamos o grad, divergência, e rotacional: 

  ̂                                                      1.77a  


  ·                                                       1.77b  

 
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  28


  ̂                                          1.77b  

, ,

Para ver a interpretação física do gradiente de uma função escalar, considere o mapa 
tridimensional  e  o  mapa  topográfico  da  Figura  1‐11.  As  curvas  fechadas  da  parte  b 
representam  linhas  de  altura  constante.  Denotemos  por    a  altura  em  algum  ponto 
, , . Então 

As componentes do vetor deslocamento   são os incrementos nos deslocamentos na direção 
dos três eixos ortogonais: 

, ,                                                        1.78  

Portanto 

·                                                              1.79  

Seja    tangencialmente  direcionado  ao  longo  das  linhas  de  isolatitude  (isto  é,  ao 
longo  da  linha  para  a  qual  ),  como  indicado  na  Figura  1‐11.  Como 

 é uma constante para este caso,  0. Mas, como nem   nem  , em geral, 

não  são  nulos,  eles  devem,  portanto  ser  mutuamente  perpendiculares  entre  si.  Assim    é 
normal à linha (ou em três dimensões, à superfície) para a qual  . 

O valor máximo de   resulta quando   e   estão na mesma direção; então, 

,          

ou 

                                                      1.80  

Portanto,   está na direção da maior variação em  . 

Podemos resumir estes resultados como segue: 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  29

 
FIGURA  1‐11  (a)  O  mapa  do  contorno  tridimensional  pode  ser  representado  por  (b)  um  mapa 
topográfico  de  linha    representando  a  altura  constante.  O  gradiente   
representa a direção perpendicular as linhas   constantes. 

1. O  vetor    e,  em  qualquer  ponto,  normal  às  linhas  ou  superfícies  para  as  quais 

2. O vetor   aponta na direção da máxima variação em  . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  30

3. Como  qualquer  direção  no  espaço  pode  ser  especificada  em  termos  do  vetor 
unitário   naquela direção, a taxa de mudança de   na direção de   (a derivada 

direcional de  ) pode ser determinada de  · / . 
A sucessiva operação do operador gradiente produz 
∂ ∂ ∂
·                                         1.81  
∂ ∂ ∂

Este importante produto de operadores, chamado o Laplaciano, é também escrito como 


1.82  

Quando o Laplaciano opera sobre um escalar, temos, por exemplo. 

∂ ψ
ψ                                                        1.83  

1.7 Integração de Vetores 

O vetor resultante da integração de volume de uma função vetorial   através 
do volume   é dado por 

, ,                             1.84  

Assim,  integramos  o  vetor    através  de    simplesmente  executando  três  integrações 


ordinárias, separadas. 

A  integral  sobre  a  superfície    da  projeção  da  função    sobre  a  normal  à 


superfície é definida como 

·  

onde    é  um  elemento  de  área  da  superfície  (Figura  1‐12).  Escrevemos  como  uma 
quantidade vetorial porque podemos atribuir a ela não apenas um módulo  , mas também 
uma direção correspondente a normal a superfície no ponto em questão. Se o vetor unitário 
normal é  , então 

                                                              1.85  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  31

 
FIGURA  1‐12  O  diferencial    é  um  elemento  de  área  da  superfície.  Sua  direção  é  normal  à 
superfície. 

Assim, as componentes de   são as projeções do elemento de área sobre três planos 
mutuamente perpendiculares definidos pelos três eixos retangulares: 

,    etc.                                                         1.86  

Portanto, teremos 

· ·                                                      1.87  

ou 

·                                                   1.88  

A  Equação  1.87  afirma  que  a  integral  de    sobre  a  superfície    é  a  integral  da  componente 
normal de   sobre a superfície. 

A  normal  a  superfície  pode  ser  considerada  como  estando  em  qualquer  de  duas 
direções possíveis (“para cima” ou “para baixo”); assim o sinal de   é ambíguo. Se a superfície 
é fechada, nós adotamos a convenção que a normal para fora é positiva. 

A integral de linha de uma função vetorial   ao longo de um dado caminho 

estendendo‐se do ponto   ao ponto   é dado pela integral da componente de   ao longo do 


caminho 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  32

· ∑                                                   1.89  

A quantidade   é um elemento de comprimento ao longo do caminho dado (Figura 1‐13). A 

 
FIGURA 1‐13 O elemento   é um elemento de comprimento ao longo do caminho dado de   para  . 
Sua direção está ao longo do caminho em um dado ponto. 

direção de   é tomada como positiva ao longo da direção em que o caminho é percorrido. Na 

Figura  1‐13  no  ponto  ,  o  ângulo  entre    e    é  menor  que  /2,  de  forma  que  ·   é 
positiva neste ponto. No ponto Q, o ângulo é maior que  /2, e a contribuição para a integral 
neste ponto é negativa. 

Frequentemente  é  útil  relacionar  certas  integrais  de  superfície  ou  com  integrais  de 
volume  (teorema  de  Gauss)  ou  com    integrais  de  linha  (teorema  de  Stokes).  Considere  a 

Figura 1‐14, que mostra um volume fechado   englobado pela superfície  . Seja o vetor   e 


suas primeiras derivadas contínuas através de todo o volume. O teorema de Gauss afirma que 

a  integral  de  superfície  de    sobre  a  superfície  fechada    é  igual  a  integral  de  volume  da 

divergência  de    ( · )  através  do  volume    englobado  pela  superfície  .  Escrevemos  isto 
matematicamente como 

· ·                                                   1.90  

O teorema de Gauss é algumas vezes também chamado de teorema da divergência. O 
teorema é particularmente útil para tratar com a mecânica de meios contínuos. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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FIGURA 1‐14 O diferencial   é um elemento de área sobre a superfície   que rodeia o volume 
fechado  . 

Veja a Figura 1‐15 para a descrição física necessária para o teorema de Stokes, que se 
aplica  a  uma  superfície  aberta    e  ao  contorno  de  caminho    que  define  a  superfície.  O 

rotacional  do  vetor    ( A)  deve  existir  e  ser  integrável  sobre  a  superfície  inteira  de  .  O 

teorema de Stokes afirma que a integral de linha do vetor   em torno do contorno do caminho 

  é  igual  à  integral  de  superfície  do  rotacional  de    sobre  a  superfície  definida  por  . 
Escrevemo‐lo matematicamente como 

·                                                   1.91  

onde a integral de linha é em torno do contorno do caminho fechado  . O teorema de Stokes 

 
FIGURA  1‐15  Um  contorno    define  uma  superfície  aberta  .  A  integral  de  linha  em  torno  do 
caminho   e a integral de superfície sobre a superfície   são exigidas para o teorema de 
Stokes. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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é  particularmente  útil  para  reduzir  certas  integrais  de  superfície  (bidimensionais)  a  uma 
integral de linha mais simples, espera‐se! Ambos, os teoremas de Gauss e de Stokes possuem 
ampla aplicação em calculo vetorial. Além da mecânica, eles são também úteis em aplicações 
eletromagnéticas e em teoria do potencial. 

1.8. Problemas 

1.1. Dado o vetor  2, 2, 1  e  6, 3, 2 . Determine (a) 6 3 , (b)  , (c) 

· , (d) O ângulo entre   e  , (e) Os cossenos diretores de  , (f) A componente de   na 


direção de A. 

1.2.Determine um vetor unitário perpendicular ao plano de  2, 6, 3  e 
4, 3, 1 . 

1.3. Dado dois vetores  2, 1, 1  e  1, 1, 2 . Determine (a)  , e (b) um vetor 

unitário perpendicular ao plano contendo os vetores   e  . 

1.4. (a) Prove que uma condição necessária e suficiente para os vetores  ,   e   serem co‐

planares é que  · 0  

(b) Determine a equação para o plano determinado pelos três pontos  2, 1, 1 , 
3, 2, 1  e  1, 3, 2 . 

1.5.(a) Determine a matriz de transformação para uma rotação de um novo sistema de 
coordenadas através de um ângulo   em torno do eixo   ( ). 

(b) Expresse o vetor  3 ̂ 2 ̂ ̂  em termos da tríade  ̂ ̂ ̂  onde os eixos   estão 


girados de 45  em torno do eixo   (os eixos   e   são coincidentes). 

1.6. Considere a transformação linear  

̂ · ̂ . 

Mostre, usando o fato que o modulo do vetor é o mesmo em ambos os sistemas, que 

             , 1,2,3 . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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1.7. Considere um cubo unitário com um canto na origem e três lados adjacentes estando ao 
longo dos três eixos de um sistema de coordenadas retangulares. Determine os vetores 
descrevendo as diagonais do cubo. Qual é o ângulo entre qualquer par de diagonais? 

1.8. Uma partícula move‐se em uma orbita elíptica plana descrita pelo vetor posição 

2 sen ̂ cos ̂ 
(a) Determine  ,   e o módulo da velocidade. 
(b) Qual é o ângulo entre   e   no tempo  /2 ? 

1.9. Deduza as seguintes expressões usando álgebra vetorial: 

(a) cos cos cos sen sen  

(b) sin sen cos cos sen  

1.10. Seja   um vetor arbitrário, e seja  ̂  um vetor unitário em alguma direção fixa. Mostre que 

̂ · ̂ ̂ ̂  
Qual é o significado geométrico de cada dos dois termos da expansão? 

1.11. Determine as componentes do vetor aceleração   em coordenadas esféricas. 

1.12.  Uma  partícula  move‐se  com  constante  ao  longo  da  curva  1 cos   (uma 

cardióide). Determine  · ̂ · ̂ , | |, e  . 

1.13. Se   e   são ambas funções explícitas do tempo, mostre que 

· ·  

1.14. Calcule a integral 

1.15. A altura de uma colina em metros é dada por  2 3 4 18 28 12, 
onde   é a distância leste e   é a distância norte da origem. (a) Onde está o topo da colina 
e quão alto ele é? (b) Quão íngreme é a colina em  1, isto é, qual é o ângulo entre 
um  vetor  perpendicular  à  colina  e  o  eixo  ?  (c)  Em  que  direção  da  bussola  está  a 
inclinação x=y=1 mais íngrime? 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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1.16.  Para  que  valores  de    são  os  vetores  2 ̂ 2̂ e  ̂ 2 ̂ 2  


perpendiculares. 

   

 
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CAPÍTULO 2 – MECÂNICA NEWTONIANA DE UMA PARTÍCULA 
 

2.1. Introdução 

As leis físicas devem ser baseadas sobre fatos experimentais. Não podemos esperar a 
priori que a atração gravitacional entre dois corpos deve variar exatamente como o inverso do 
quadrado  da  distancia  entre  eles.  Mas  experimentos  indicam  que  isto  é  assim.  Uma  vez  que 
um  conjunto  de  dados  experimentais  tenha  sido  correlacionado  e  um  postulado  tenha  sido 
formulado  considerando  o  fenômeno  para  o  qual  os  dados  se  referem,  então  várias 
implicações  podem  ser  trabalhadas.  Se  estas  implicações  são  todas  verificadas  pelo 
experimento, podemos acreditar que o postulado é geralmente verdadeiro. O postulado então 
assume  o  status  de  uma  lei  física.  Se  alguns  experimentos  discordam  das  previsões  da  lei,  a 
teoria deve ser modificada para tornar‐se consistente com os fatos. Isto foi o que aconteceu 
com as teorias clássicas (mecânica newtoniana e eletromagnetismo de Maxwell) na virada do 
século dezenove, surgindo novas teorias como a teoria da relatividade e a teoria quântica. 

Newton nos proporcionou as leis fundamentais da mecânica. Anunciaremos aqui estas 
leis em termos modernos, discutiremos seus significados, e então deduziremos as implicações 
das leis em várias situações.  

2.2. Leis de Newton 

Iniciamos simplesmente afirmando de forma convencional as leis de Newton da Mecanica: 

I. Um  corpo  permanece  em  repouso  ou  em  movimento  uniforme  a  menos  que  esteja  sob  a 
ação de uma força. 
II. Um  corpo  sob  a  ação  de  uma  força  move‐se  de  tal  maneira  que  a  taxa  de  variação 
temporal do momento é igual a esta força. 
III. Se  dois  corpos  exercem  forças  um  sobre  o  outro;  estas  forças  são  iguais  em  módulo  e 
opostas em direção. 

Observe  que  a  primeira  Lei  é  sem  significado  sem  o  conceito  de  “força”.  De  fato, 
sozinha, a Primeira Lei transmite significado preciso apenas para força nula; isto é, um corpo 
permanece em repouso ou em movimento uniforme (isto é, não acelerado, retilíneo) se não 

 
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está sujeito as forças nenhuma de forma. Um corpo movendo‐se desta maneira é chamado um 
corpo livre (ou partícula livre). 

A  Segunda  Lei  fornece  uma  declaração  explicita:  Força  está  relacionada  à  taxa  de 
mudança do momento com o tempo. Newton adequadamente definiu momento (embora ele 
tenha usado o termo quantidade de movimento) como o produto de massa e velocidade, tal 
que 

                                                                                    2.1  

Portanto, a Segunda Lei de Newton pode ser expressa como 

                                                                      2.2  

A definição de força torna‐se completa e precisa apenas quando “massa” é definida. Assim a 
Primeira  Lei  e  a  Segunda  Lei  não  são  “leis”  no  sentido  usual;  em  vez  disso,  elas  podem  ser 
consideradas  definições.  Como  comprimento,  tempo,  e  massa  são  conceitos  normalmente  já 
entendidos, usamos a Primeira Lei e a Segunda Lei de Newton como a definição operacional de 
força.  A  Terceira  Lei  de  Newton,  contudo,  é  de  fato  uma  lei.  É  uma  afirmativa  referente  ao 
mundo físico real e contém toda a física presente nas leis de movimento de Newton. 

A Terceira Lei não é uma lei geral da natureza. A lei se aplica quando a força exercida 
por um objeto (ponto) sobre outro objeto (ponto) está dirigida ao longo da linha conectando 
os objetos. Tais forças são chamadas forças centrais. Aplica‐se a Terceira Lei se a força central 
é atrativa ou repulsiva. Força gravitacional e força eletrostática são forças centrais, de modo 
que as leis de Newton podem ser usadas em problemas envolvendo estes tipos de forças. Dois 
objetos  pontuais  conectados  por  uma  mola  elástica  estão  sujeitos  a  forças  que  obedecem  a 
Terceira Lei de Newton.  

Qualquer força que depende das velocidades dos corpos interagindo é não central, e a 
Terceira Lei não se aplica. Forças dependentes da velocidade são características de interações 
que  se  propagam  com  velocidade  finita.  Assim  a  força  entre  cargas  elétricas  em  movimento 
não obedecem a Terceira Lei de Newton, porque a força propaga‐se com a velocidade da luz. 
Mesmo a força gravitacional entre corpos em movimento é dependente da velocidade, mas o 
efeito é pequeno e difícil de detectar.  

Para  demonstrar  o  significado  da  Terceira  Lei  de  Newton,  vamos  parafraseá‐lo  do 
seguinte modo, incorporando a definição apropriada de massa: 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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III’:  Se  dois  corpos  constituem  um  sistema  ideal,  isolado,  então  as  acelerações  destes  corpos 
estão  sempre  em  direções  opostas,  e  a  razão  dos  módulos  das  acelerações  é  constante. 
Esta razão constante é o inverso da razão entre as massas dos corpos. 

Com  esta  afirmativa,  podemos  dar  uma  definição  pratica  de  massa  e,  portanto 
fornecemos um significado preciso às equações resumindo a dinâmica Newtoniana. Para dois 
corpos isolados, 1 e 2, a Terceira Lei afirma que 

                                                                             2.3  

Usando a definição de força como dada pela Segunda Lei de Newton, temos 

                                                                       2.4  

ou, com massas constantes, 

                                                                  2.4  

e, porque a aceleração é a derivada temporal da velocidade, 

                                                                   2.4  

Daí, 

                                                                            2.5  

onde  o  sinal  negativo  indica  apenas  que  os  dois  vetores  aceleração  são  direcionados 
opostamente. Massa é considerada uma quantidade positiva. 

Podemos sempre selecionar, digamos   como a massa unitária. Então, comparando 
a  razão  entre  as  acelerações  quando    é  permitido  interagir  com  qualquer  outro  corpo, 
podemos determinara massa do outro corpo. Para medir as acelerações, devemos ter relógios 
e  bastões  de  medidas  apropriados;  também,  devemos  escolher  sistemas  de  coordenadas  ou 
referenciais adequados. A questão de um “sistema de referencia adequado” será discutida na 
próxima seção. 

Um  dos  métodos  mais  comuns  para  determinar  a  massa  de  um  objeto  é  através  da 
pesagem – por exemplo, comparando seu peso aquele de um padrão por meio de uma balança 
de braços. Este procedimento faz uso do fato que em um campo gravitacional o peso de um 

 
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corpo é justamente a força gravitacional agindo sobre o corpo; isto é, a equação de Newton 

 torna‐se  , onde   é a aceleração devido a gravidade. A validade de uso deste 


procedimento  apóia‐se  sobre  a  suposição  fundamental:  que  a  massa    que  aparece  na 
equação de Newton e definida de acordo com a definição III’ é igual à massa   que aparece na 
equação  da  força  gravitacional.  Estas  duas  massas  são  chamadas  massa  inercial  e  massa 
gravitacional, respectivamente. Massa Inercial é aquela massa determinando a aceleração de 
um corpo sob a ação de uma dada força e Massa Gravitacional é aquela massa determinando 
as forças gravitacionais entre um corpo e outros corpos. 

Galileu  foi  o  primeiro  a  testar  a  equivalência  da  massa  inercial  e  massa  gravitacional 
em  seu  experimento  (talvez  apócrifo)  com  pesos  caindo  da  Torre  de  Pisa.  Newton  também 
considerou  o  problema  e  mediu  os  períodos  de  pêndulos  de  comprimentos  iguais,  mas  com 
peso  de  pendulo  de  materiais  diferentes.  Nem  Newton  nem  Galileu  encontraram  qualquer 
diferença, mas os métodos eram completamente grosseiros. Em 1890 Eötvös desenvolveu um 
método  engenhoso  para  testar  a  equivalência  de  massa  inercial  e  massa  gravitacional. 
Experimentos  mais  recentes  melhoraram  a  precisão,  e  sabemos  agora  que  massa  inercial  e 
massa  gravitacional  são  idênticas  dentro  de  algumas  partes  em  10 .  Este  resultado  é 
consideravelmente  importante  na  teoria  da  relatividade.  A  asserção  da  igualdade  exata  de 
massa inercial e massa gravitacional é chamada o princípio de equivalência. 

A  Terceira  Lei  de  Newton  é  afirmada  em  termos  de  dois  corpos  que  constituem  um 
sistema isolado. É impossível atingir tal condição ideal, todo corpo no universo interage com 
algum outro corpo, embora a força de interação seja tão fraca para ser de alguma importância 
prática quando grandes distancias estão envolvidas.  

Outra  interpretação  da  Terceira  Lei  de  Newton  é  baseada  no  conceito  de  momento. 
Rearranjando a Equação 2.4a obtém‐se 

ou 

                                                           2.6  

A  afirmativa  que  momento  é  conservado  na  interação  isolada  de  duas  partículas  é  um  caso 
especial  daquele  mais  geral,  a  conservação  do  momento  linear.  Físicos  tratam  com  carinho 
leis gerais, e a conservação do momento linear é acreditada sempre ser obedecida.  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  41

2.3. Sistemas de Referência 

Newton  observou  que,  apara  as  leis  de  movimento  ter  significado,  o  movimento  dos 
corpos  deveriam  ser  medidos  relativos  a  algum  sistema  de  referencia.  Um  sistema  de 
referencia é chamado um referencial inercial se as leis de Newton são de fato válidas naquele 
sistema;  isto  é,  se  um  corpo  sujeito  a  nenhuma  força  externa  move‐se  em  linha  reta  com 
velocidade  constante  (ou  permanece  em  repouso),  então  o  sistema  de  coordenadas  que 
confirma este fato é um sistema de referência inercial. Esta é uma definição operacional nítida 
e que também segue da teoria geral da relatividade. 

Se  as  leis  de  Newton  são  válidas  em  um  sistema  de  referencia,  então  elas  são  válidas 
também em  qualquer sistema de referencia em  movimento uniforme (isto é, não acelerado) 
com  respeito  ao  primeiro  sistema.  Este  é  um  resultado  decorrente  do  fato  que  a  equação 

  envolve  a  segunda  derivada  temporal  de  :  Uma  mudança  de  coordenadas 


envolvendo uma velocidade constante não influencia a equação. Este resultado é chamado de 
invariância Galileana ou o princípio da relatividade de Newton. 

A  teoria  da  relatividade  tem  nos  mostrado  que  os  conceitos  de  repouso  absoluto  e 
sistema  de  referencia  inercial  absoluto  são  sem  significado.  Portanto,  mesmo  que 
convencionalmente  adotemos  um  sistema  de  referência  descrito  com  respeito  às  estrelas 
“fixas” –e, de fato, em tal referencial as equações newtonianas são válidas com alto grau de 
precisão  –  tais  referenciais  não  são,  de  fato,  um  referencial  inercial  absoluto.  Podemos, 
contudo, considerar as “estrelas fixas” para definir um sistema de referência que se aproxima 
do  referencial  inercial  “absoluto”  em  um  grau  completamente  suficiente  para  nossos 
propósitos presentes. 

Embora o sistema de referência das estrelas fixas seja um sistema convenientemente 
definível e adequável para muitos propósitos, devemos enfatizar que a definição fundamental 
de um referencial inercial  não faz menção às estrelas, fixas ou outras. Se um corpo sujeito a 
nenhuma  força  move‐se  com  velocidade  constante  em  um  sistema  de  coordenadas,  aquele 
sistema  é,  por  definição,  um  referencial  inercial.  Porque  precisamente  descrevendo  o 
movimento  de  um  objeto  físico  real  no  mundo  físico  real  é  normalmente  difícil,  usualmente 
recorremos  a  idealizações  e  aproximações  de  graus  variáveis;  isto  é,  ordinariamente 
desprezamos as forças menores sobre um corpo se estas forças não afetam significativamente 
o movimento do corpo. 

 
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Se  desejarmos  descrever  o  movimento  de,  digamos  uma  partícula  livre  e  se 
escolhermos  para  este  propósito  algum  sistema  de  coordenadas  em  um  referencial  inercial, 
então  exigiremos  que  a  equação  de  movimento  (vetorial)  da  partícula  será  independente  da 
posição da origem do sistema de coordenadas e independente de sua orientação no espaço. 
Exigimos,  além  disso,  que  o  tempo  seja  homogêneo;  isto  é,  uma  partícula  livre  movendo‐se 
com uma dada velocidade constante no sistema de coordenadas durante um dado intervalo de 
tempo  não  deve,  duranteum  intervalo  de  tempo  posterior,  ser  encontrado  em  movimento 
com uma velocidade diferente. 

 
FIGURA  2‐1  Nós  escolhemos  descrever  o  caminho  de  uma  partícula  livre  movendo‐se  ao  longo  do 
caminho AC em um sistema de coordenadas retangulares cuja origem sem move em um 
círculo. Tal sistema não é um sistema de referência inercial. 

Podemos  ilustrar  a  importância  destas  propriedades  seguindo  exemplos.  Considere, 


como na Figura 2‐1, uma partícula livre movendo‐se ao longo de um dado caminho  . Para 
descrever o movimento da partícula escolhemos um sistema de coordenadas retangular cuja 
origem move‐se em um círculo, como mostra a Figura 2‐1. Por simplicidade, seja a orientação 
dos  eixos  fixa  no  espaço.  A  partícula  move‐se  com  velocidade    relativo  a  um  sistema  de 
referencia inercial. Se o sistema de coordenadas move‐se com velocidade linear   quando no 
ponto B, e se  , então para um observador no sistema de coordenadas em movimento a 
partícula  (em  )  parecerá  está  em  repouso.  Em  algum  tempo  depois,  contudo,  quando  a 

 
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partícula está em   e o sistema de coordenadas está em  , a partícula parecerá acelerar com 


respeito  ao  observador.  Devemos,  portanto,  concluir  que  o  sistema  de  coordenadas  girante 
não se qualifica como um sistema de referencia inercial. 

Estas  observações  não  são  suficientes  para  decidir  se  o  tempo  é  homogêneo.  Para 
chegar a tal conclusão, repetidas medidas devem ser feitas em situações idênticas em vários 
tempos; resultados idênticos indicariam a homogeneidade do tempo. 

As  equações  de  Newton  não  descrevem  o  movimento  de  corpos  em  sistemas  não 
inerciais. Podemos imaginar um método para descrever o movimento de uma partícula por um 
sistema de coordenadas girante, mas, as equações resultantes contêm vários termos que não 

aparecem na equação de movimento simples  . Para o momento, então, restringiremos 
nossa atenção a sistema de referencia inercial para descrever a dinâmica das partículas. 

2.4. Equação de Movimento para uma Partícula 

A equação de Newton  /  pode ser expressa alternativamente como 

                                                         2.7  

se fizermos a suposição que a massa   não varia com o tempo. Esta é uma equação diferencial 

de  segunda  ordem  que  pode  ser  integrada  para  determinar    se  a  função    é 

conhecida.  Especificando  os  valores  iniciais  de    e    então  nos  permite  calcular  as  duas 
constantes arbitrárias de integração. Então determinamos o movimento de uma partícula em 

função da força   e dos valores iniciais da posição   e velocidade  . 

A  força    pode  ser  uma  função  de  qualquer  combinação  de  posição,  velocidade,  e 

tempo  e  é  geralmente  denotada  como  , , .  Para  um  dado  sistema  dinâmico, 


normalmente  desejamos  conhecer    e    como  função  do  tempo.  Resolver  a  Equação  2.7 

ajuda‐nos a fazer isto resolvendo para  . A aplicação da Equação 2.7 a situações físicas é uma 
parte importante da mecânica. 

Neste capítulo, examinaremos vários exemplos importantes nos quais a função força é 
conhecida. Iniciamos olhando em funções forças simples (ou constante ou dependente apenas 
de  ,  ,  e  t)  apenas  em  uma  dimensão  espacial  como  uma  revisão  de  cursos  de  física 
anteriores. É importante para formar bons hábitos em resolver problemas. Aqui estão algumas 
técnicas úteis para resolver problemas. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  44

1. Faça um esboço do problema, indicando forças, velocidades, e assim por diante. 
2. Escreva abaixo as quantidades dadas. 
3. Escreva abaixo as equações úteis e o que deve ser determinado. 
4. Que estratégias e princípios de física devem ser usados para manipular as equações 
para  determinar  as  quantidades  procuradas.  Manipulações  algébricas  bem  como  a 
diferenciações  ou  integrações  são  usualmente  exigidas.  Algumas  vezes  cálculos 
numéricos usando um computador são os métodos de solução mais fáceis, se não o 
único. 
5. Finalmente,  coloque  nos  valores  reais  para  os  nomes  de  variáveis  assumidas  para 
determinar a quantidade procurada. 

Primeiro consideremos o problema de um bloco deslizando sobre um plano inclinado. O 
ângulo do plano inclinado é   e a massa do bloco é 10  . O esboço do problema é mostrado 
na Figura 2‐2a. 

Exercício resolvido 2.1. 

Se um bloco desliza sem atrito para baixo de um plano inclinado fixo, fazendo 30  com a 
horizontal, que é a aceleração do bloco? 

Solução. 

As duas forças sobre o bloco (veja Figura 2‐2a): a força gravitacional   e a força normal 

ao plano   empurrando o bloco para cima (sem atrito neste exemplo). O bloco está vinculado 
a permanecer sobre o plano, e a única direção que o bloco pode se mover é na direção  , para 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  45

cima e para baixo no plano. Tomaremos a direção   apontando para baixo no plano. A força 

total   é constante; a Equação 2.7 torna‐se 

e porque   é a força resultante agindo sobre o bloco, 

ou 

                                                                          2.8  

Este  vetor  deve  ser  aplicado  em  duas  direções:    e    (perpendicular  a  ).  A 
componente de força na direção   é zero, porque nenhuma aceleração ocorre nesta direção. A 

força   está dividida vetorialmente em suas componentes   e   (linhas tracejadas na Figura 2‐


2a). A Equação 2‐8 torna‐se 

direção  

cos 0                                                                2.9  

direção  

sen                                                            2.10  

com o resultado exigido 

sen
sen sen  

sen 30 4,9                                                             2.11  


2

Portanto a aceleração do bloco é uma constante. 

Podemos  determinar  a  velocidade  do  bloco  após  ele  mover‐se  do  repouso  por  uma 
distancia   para baixo do plano multiplicando a Equação 2.11 por 2  e integrando 

2 2 sen  

2 sen  

 
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  46

2 sen  

Em  0, ambos  0, e, em  ,  , e a velocidade  . 

2 sen  

2 sen  

Exercício Resolvido 2.2. 

Se  o  coeficiente  de  atrito  estático  entre  o  bloco  e  o  plano  no  exemplo  anterior  é 
0,4, a partir de que ângulo   o bloco começa a deslizar se ele inicialmente encontra‐se 
em repouso? 

Solução. 

Necessitamos de um novo esboço para indicar a força de atrito adicional  (veja a Figura 
2‐2b). A força de atrito estático possui o valor máximo aproximado 

                                                                    2.12  

e a Equação 2‐7 torna‐se, em forma de componentes, 

direção  

cos 0                                                                2.13  

direção  

sen                                                              2.14  

A  força  de  atrito  estático    será  algum  valor    exigido  para  manter  0  –  isto  é, 
para  manter  o  bloco  em  repouso.  Contudo,  quando  o  ângulo    do  plano  aumenta, 
eventualmente a força de atrito estático será incapaz de manter o bloco em repouso. Quando 
atinge este ângulo  ,  , torna‐se 

cos  

 
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  47

sen

sen cos                                                    2.15  

sen cos

Exatamente antes que o bloco comece a deslizar a aceleração  0, forma que 

sen cos 0 

tan 0,4                 tan 0,4 22  

Exercício Resolvido 2.3. 

Após o bloco, do exemplo anterior, começar a deslizar, o coeficiente de atrito cinético 
(deslizamento) torna‐se  0,3. Determine a aceleração para o ângulo  30 . 

Solução. 

Similarmente ao Exemplo 2.2, o atrito cinético torna‐se (aproximadamente) 

cos                                                         2.16  

sen sen cos                                        2.17  

sen cos 0,24                                                         2.18  

Geralmente,  a  força  de  atrito  estático  ( )  é  maior  que  aquela  de  atrito 
cinético  ( ).  Isto  pode  ser  observado  em  um  experimento  simples.  Se  abaixarmos  o 
ângulo    além  de  16,7 ,  determinamos  que  0,  e  o  bloco  eventualmente  para.  Se 
levantarmos  o  bloco  de  volta  até  acima  de  16,7 ,  observaremos  que  o  bloco  não  começa  a 
deslizar  novamente  até  que  22   (Exercício  resolvido  2.2).  O  atrito  estático  determina 
quando ele inicia novamente o movimento. Não existe uma aceleração descontinua quando o 
bloco começa a se movimentar, devido a diferença entre   e  . Para baixas velocidades, o 
coeficiente de atrito muda mais ou menos rapidamente de   para  . 

O  tema  referente  a  atrito  é  ainda  uma  área  de  pesquisa  interessante  e  importante. 
Existem  ainda  surpresas.  Por  exemplo,  mesmo  que  se  calcule  o  valor  absoluto  da  força  de 
atrito  como  ,  pesquisas  têm  mostrado  que  a  força  de  atrito  é  diretamente 

 
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proporcional,  não  a  carga,  mas  à  área  microscópica  de  contato  entre  os  dois  objetos  (como 
oposto a área de contato aparente). Usaremos   como uma aproximação porque, quando   
aumenta, assim faz a área de contato real em nível microscópico. Por centenas de anos antes 
de  1940,  foi  aceito  que  a  carga  –  e  não  a  área  –  era  diretamente  responsável.  Também  se 
acreditava que a força de atrito estático é maior que aquela de atrito cinético porque a ligação 
entre  os  átomos  dos  dois  objetos  não  possuem  o  mesmo  tempo  para  desenvolver‐se  no 
movimento cinético. 

Efeito de Forças de Resistência 

Devemos enfatizar que a força   na Equação 2.7 não é necessariamente uma constante, 
e de fato, ela pode consistir de varias partes distintas, como visto nos exemplos anteriores. Por 
exemplo,  se  a  partícula  cai  em  um  campo  gravitacional  constante,  a  força  gravitacional  é 
,  onde    é  a  aceleração  da  gravidade.  Se,  além  disso,  uma  força  de  resistência  
existe e é alguma função da velocidade instantânea, então a força total é 

                                                               2.19  

Com  frequência  é  suficiente  considerar  que    é  simplesmente  proporcional  a  alguma 


potência  do  módulo  da  velocidade.  Em  geral,  forças  de  arraste  reais  são  mais  complicadas, 
mas  a  aproximação  de  lei  de  potência  é  útil  em  muitos  exemplos  em  que  o  módulo  da 
velocidade não varia muito. Para enfatizar ainda mais este ponto, se  , então a equação 
de  movimento  pode  usualmente  ser  integrada  diretamente,  enquanto,  se  a  dependência 
verdadeira  com  a  velocidade  fosse  usada,  provavelmente  seria  necessária  integração 
numérica. Com a aproximação de lei de potência, podemos então escrever 

                                                        2.20  

onde  é uma constante positiva que especifica a intensidade da força de arraste e onde  /  é 


um  vetor  unitário  na  direção  de  .  Experimentalmente,  determinamos  que,  para  um  objeto 
relativamente  pequeno  movendo‐se  no  ar,  1  para  velocidades  menores  que 
aproximadamente  24  /   (~80  / ).  Para  velocidades  mais  altas,  porém  abaixo  da 
velocidade  do  som  (~300  /   ou  1.100  / ),  a  força  de  arraste  é  aproximadamente 
proporcional  ao  quadrado  da  velocidade.  Por  simplicidade,  a  dependência    é  usualmente 
tomada para velocidades até a velocidade do som. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  49

FIGURA 2‐3 (a) Forças aerodinâmicas atuando sobre projétil.   é o arraste (força de resistência do 
ar)  e  é  oposto  a  velocidade do  projétil  .  Observe  que    pode  fazer um  ângulo    com o 
eixo  de  simetria  do  projétil.  A  componente  de  força  agindo  perpendicular  ao  arraste  é 
chamada a força de sustentação  . O ponto   é o centro de pressão. Finalmente, a força 
gravitacional    age  para  baixo.  Se  o  centro  de  pressão  não  está  no  centro  de  massa  do 
projétil,  existe  também  um  torque  em  torno  do  centro  de  massa.  (b)  O  coeficiente  de 
arraste  , da lei de resistência de Rheinmetall (Rh82), é representado em gráfico versus o 
número March  . Observe a grande variação próxima à velocidade do som, onde  1. 
(c) A força de resistência do ar   (arraste) é mostrada como função da velocidade para um 
projétil de diâmetro igual a 10  . Observe à inflexão próxima a velocidade do som. (d) O 
mesmo que em (c) para velocidades mais altas. 

O  efeito  da  resistência  do  ar  é  importante  para  uma  bola  de  ping‐pong  golpeada 
violentamente  para  um  oponente,  uma  bola  de  beisebol  voando  alto  quando  golpeada 
fortemente para fora do campo, o arremesso da bola de golfe, granadas de morteiro lançadas 
contra o inimigo. Tabulações extensivas foram feitas para balísticas militares de projeteis, de 
vários tipos, para a velocidade como função do tempo de voo. Existem várias forças sobre um 

projétil  real  em  voo.  A  força  de  resistência  do  ar  é  chamada  o  arraste    e  é  oposta  a 
velocidade do projétil como mostrado na Figura 2‐3a. A velocidade   normalmente não está ao 
longo do eixo de simetria da casca do projétil. A componente de força agindo perpendicular ao 

 
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  50

arraste é chamada a força de sustentação  . Pode existir também várias outras forças devido 
à  rotação  e  oscilação  do  projétil,  e  o  calculo  da  trajetória  balística  do  projétil  é  muito 
complexo. A expressão de Prandtl para a resistência do ar é 

1
                                                                 2.21  
2

onde  é o coeficiente de arraste adimensional,   é a densidade do ar,   é a velocidade, e   é 


a área da secção reta do objeto (projétil) medida perpendicular à velocidade. Na Figura 2‐3b, 
traçamos o gráfico de   para alguns valores típicos da velocidade, e nas Figuras 2‐3c e d são 
apresentados  os  gráficos  da  resistência  do  ar  ,  calculada  usando  a  Equação  2.21  para  um 
projétil de diâmetro igual a 10   e usando os valores de   mostrados. A resistência do ar 
aumenta  dramaticamente  próxima  a  velocidade  do  som  (numero  Mach  /
    ). Para velocidades menores que 400  / está evidente que é necessário 
uma equação, no mínimo, do segundo grau para descrever a força de resistência do ar. Para 
velocidades  mais  altas,  a  força  de  resistência  varia  aproximadamente  de  forma  linear  com  a 
velocidade. 

A seguir vamos discutir alguns exemplos envolvendo a presença de forças de resistência 
. Em algumas situações há a necessidade do desenvolvimento de cálculos numéricos. 

Exercício Resolvido 2.4. 

Como  o  exemplo  mais  simples  do  movimento  de  uma  partícula  com  resistência, 
encontramos  o  deslocamento  e  velocidade  do  movimento  horizontal  em  um  meio  no  qual  a 
força de oposição ao movimento é proporcional ao modulo da velocidade. 

Solução. 

Um esboço do problema é mostrado na Figura 2‐4. A equação Newtoniana   nos 
dá a equação de movimento: 

direção x 

                                                             2.22  

onde   é  o  modulo  da  força  de  resistência  ( ).  Não  estamos  inferindo  por 
esta forma que a forças de resistência depende da massa  ; esta forma simplesmente torna a 
matemática mais fácil. Então 

 
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  51

                                                                2.23  
ln

A constante de integração na Equação 2.23 pode ser calculada se atribuímos a condição inicial 
0 . Segue que  ln , e 

                                                                     2.24  

Podemos integrar esta equação para obter o deslocamento   como função do tempo: 

                                               2.25  

A condição inicial  0 0 implica que  / . Portanto 

1                                                                2.25  

Este resultado mostra que   aproxima‐se assintoticamente do valor  /  quando  ∞. 

FIGURA 2‐4 Exercício resolvido 2.4 

Podemos também obter a velocidade como função de deslocamento escrevendo 

1
·  

de forma que 

ou 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  52

de onde determinamos, usando as mesmas condições iniciais, 

                                                                 2.26  

Portanto, a velocidade diminui linearmente com o deslocamento. 

Exercício resolvido 2.5. 

Determine o deslocamento e velocidade de uma partícula sofrendo movimento vertical 
em um meio tendo forças de resistência proporcional à velocidade. 

 
FIGURA 2‐5 Exemplo 2‐5 

Solução. 

Consideremos  que  a  partícula  está  caindo  apontando  para  baixo  com  uma  velocidade 
inicial    de  uma  altura    em  um  campo  gravitacional  constante  (Figura  2‐5).  A  equação  de 
movimento é 

direção z 

                                                         2.27  

onde  –    representa  uma  força  positiva  apontando  para  cima  desde  que  tomamos    e 
 para ser positivo para cima, e o movimento é para baixo – isto é,  0, de modo que 
– 0. Da Equação 2.27, temos 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  53

                                                                   2.28  

Integrando a Equação 2.28 e fazendo  0 , teremos (observando que  0) 

1
ln              

                                           2.29  

Integrando uma vez mais e calculando a constante fazendo  0 , determinamos 

1                                                 2.30  

A Equação 2.29 mostra que quando o tempo se torna muito longo, a velocidade aproxima‐se 
do  valor  limite  – / ;  este  é  chamado  de  velocidade  terminal,  .  A  Equação  2.27  produz  o 
mesmo  resultado,  porque  a  força  anula‐se  –  e  daí  não  ocorrerá  acelerações  adicionais  – 
quando  / . Se a velocidade inicial excede a velocidade terminal em módulo, então o 
corpo imediatamente começa a desacelerar e   aproxima‐se da velocidade terminal na direção 
oposta. A Figura 2‐6 ilustra estes resultados para módulos de velocidades para baixo (valores 
positivos). 

 
FIGURA 2‐6 Resultados para o Exemplo 2.5 indicando o módulo das velocidades para baixo para 
vários valores iniciais do modulo da velocidade   quando eles se aproximam da 
velocidade terminal. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  54

Exercício resolvido 2.6. 

A  seguir,  vamos  tratar  o  movimento  do  projétil  em  duas  dimensões,  primeiro  sem 
considerar a resistência do ar. Seja   o módulo da velocidade com que o projétil deixa a boca 
do  cano  da  arma  e  seja    o  ângulo  de  elevação  (Figura  2‐7).  Calcule  o  deslocamento,  a 
velocidade, e o alcance do projétil. 

 
FIGURA 2‐7 Exemplo 2‐6 

Solução. 

Usando  , as componentes de força tornam‐se 

direção x 

0                                                                      2.31  

direção y 

                                                                    2.31  

Desprezamos a altura do projétil, e supomos que  0 em  0. Então 

0            

cos  

cos                                                                     2.32  

            

sen  

 
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  55

sen                                                      2.33  


2

A velocidade e deslocamento total como funções do tempo são determinadas por 

/
2 sen                                   2.34  

/
sen                             2.35  
4

Podemos  determinar  o  alcance  determinando  o  valor  de    quando  o  projétil  cai  de  volta  ao 
chão, isto é, quando  0. 

sen                                                      2.36  


2

O valor de  0 ocorre para  0 e o outro valor para  . 

sen 0 
2

2 sen
                                              2.37  

O alcance   é determinado de 

2
sen cos                                       2.38  

sen 2                                                 2.39  

Observe que o alcance máximo ocorre para  45 . 

Usaremos alguns valores da realidade nestes cálculos. Os alemães usaram um projétil 
de  longo  alcance  chamado  Big  Bertha  na  Primeira  Guerra  Mundial  para  bombardear  Paris. A 
velocidade da bala saída da boca do canhão era de 1450  / . Determine seu alcance previsto, 
altura máxima do projétil, e o tempo de vôo do projétil se  55 . Temos  1450  /  e 
55 , de modo que o alcance (da Equação 2.39) torna‐se 

1450  /
sin 110 202   
9,8  /

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  56

O  alcance  real  de  Big  Bertha  era  de  120  .  A  diferença  é  resultado  do  efeito  real  de 
resistência do ar. 

Para  determinar  a  altura  máxima  prevista,  precisamos  calcular    para  o  tempo  /2 
onde   é o tempo de vôo do projétil: 

2 1450  / sen 55
242   
9,8  /

sen  
2 8 2

9,8 / 242  1450  / 242  sen 55


                                                 72   
8 2

Exercício resolvido 2.7. 

A seguir, adicione o efeito da resistência do ar ao movimento do projétil no exemplo anterior. 
Calcule  o  decréscimo  em  alcance  sob  a  suposição  que  a  força  de  resistência  do  ar  é 
diretamente proporcional a velocidade do projétil. 

Solução. As condições iniciais são as mesmas que no exemplo anterior. 

0 0 0
0 cos                                                          2.40  
0 sen

Contudo, as equações de movimento, Equação 2.31, torna‐se 

                                                                   2.41  

                                                        2.42  

A Equação 2.41 é exatamente aquela usada no Exemplo 2.4. A solução é, portanto 

1                                                                2.43  

Similarmente, a Equação 2.42 tem a mesma forma que a equação de movimento do Exemplo 
2.5.  Podemos  usar  a  solução  encontrada  naquele  exemplo  fazendo  0.  (O  fato  que 
consideramos a partícula como projetada para baixo no Exercício resolvido 2.5 não apresenta 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  57

qualquer  conseqüência.  O  sinal  da  velocidade  inicial  automaticamente  leva  isto  em  conta) 
Portanto 

1                                                 2.44  

A  trajetória  é  mostrada  na  Figura  2‐8  para  vários  valores  da  constante  da  força  de 
impedimento   para um dado vôo do projétil. 

 
FIGURA 2‐8 As trajetórias calculadas de uma partícula sujeitas a resistência do ar ( ) para vários 
valores  de    (em  unidades  de  ).  Os  cálculos  foram  executados  para  valores  de  60   e 
600  / . Os valores de   (Equação 2.44) está disposto na forma de gráfico em função de 
 (Equação 2.43). 

O alcance  , que é o alcance incluindo resistência do ar, pode ser determinado como 
anteriormente calculando o tempo   exigido para a trajetória inteira e então substituindo este 
valor na Equação 2.43 para  . O tempo   é determinado como anteriormente determinando 
 quando  0. Da Equação 2.44, determinamos 

1                                                 2.45  

Esta é uma equação transcendental, e, portanto não podemos obter uma expressão analítica 
para T. Contudo, ainda temos métodos poderosos para usar a fim de resolver tais problemas. 
Apresentamos  dois  deles aqui:  (1)  um  método  de  perturbação  para  determinar  uma  solução 
aproximada,  e  (2)  um  método  numérico,  que  pode  normalmente  ser  tão  preciso  quanto 
desejado. Compararemos os resultados. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  58

Método de Perturbação. Para usar o método de perturbação, determinamos um parâmetro de 
expansão  ou  constante  de  acoplamento  que  normalmente  seja  pequeno.  No  presente  caso, 
este  parâmetro  é  a  constante  da  força  de  impedimento  ,  porque  já  resolvemos  o  presente 
problema com  0, e agora gostaríamos de ligar a força de impedimento, mas considerando 
  pequeno.  Portanto  expandimos  o  termo  exponencial  da  Equação  2.45    em  uma  série  de 
potência com a intenção de manter apenas os termos de ordens mais baixos em  , onde   é 
o nosso parâmetro de expansão. 

1 1
                                    2.46  
2 6

Se mantivermos apenas termos na expansão até  , esta equação pode ser rearranjada para 
produzir 

2 / 1
                                                     2.47  
1 / 3

Agora temos o parâmetro de expansão   no denominador do primeiro termo no lado direito 
desta equação. Necessitamos expandir este termo em uma série de potencias: 

1
1 / /                          2.48  
1 /

onde mantivemos apenas termos até  , porque apenas temos termos até   na Equação 2.47. 


Se  inserirmos  esta  expansão  da  Equação  2.48  no  primeiro  termo  do  lado  direito  da  Equação 
2.47 e mantivermos apenas os termos em   até primeira ordem, teremos 

2 2
                                   2.49  
3

onde escolhemos desprezar  , os termos de ordem   e superiores. No limite  0 (sem 


resistência do ar), a Equação 2.49 nos dar o mesmo resultado que no exemplo anterior: 

2 2 sen
0  

Portanto, se   é pequeno (mas não nulo), o tempo de vôo será aproximadamente igual a  . Se 


então usamos este valor aproximado para   no lado direito da Equação 2.49, teremos 

2
1                                                         2.50  
3

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  59

que é a expressão aproximada desejada para o tempo de vôo. 

A seguir, escrevemos a equação para   (Equação 2.43) na forma expandida: 

1 1
                                         2.51  
2 6

Como  , temos aproximadamente para o alcance 

1
                                                         2.52  
2

onde  novamente  mantemos  termos  apenas  até  a  primeira  ordem  de  .  Podemos  agora 
calcular  esta  expressão  usando  o  valor  de    da  Equação  2.50.  Se  retivermos  apenas  termos 
lineares em  , determinamos 

2 4
1                                                          2.53  
3

A quantidade 2 /  pode agora ser escrita (usando as Equações 2.40) como 

2 2
sen cos sen 2                               2.54  

que será reconhecido como o alcance   do projétil quando a resistência do ar é desprezada. 
Portanto 

4
1                                                   2.55  
3

Sobre  que  intervalo  de  valores  para    esperamos  que  nosso  método  de  perturbação  venha 
esteja correto? Se olharmos para a expansão na Equação 2.48, veremos que a expansão não 
converge  a  menos  que  / 1  ou  / ,  e  de  fato,  gostaríamos  que  /
/ sen . 

Método Numérico A Equação 2.45 pode ser resolvida numericamente usando um computador 
através de uma variedade de métodos. Estabelecemos uma estrutura de repetição (loop) para 
resolver a equação para   para muitos valores de   até 0.08  :  . Estes valores de   e 
 são inseridos na Equação 2.43 para determinar o alcance  , que é apresentado na Figura 2‐
9.  O  alcance  cai  rapidamente  com  o  aumento  da  resistência  do  ar,  exatamente  como  seria 
esperado,  mas  não  apresenta  a  dependência  linear  sugerida  pela  solução  obtida  através  do 
método de perturbação da Equação 2.55. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  60

 
FIGURA 2‐9 Os valores do alcance calculados aproximadamente e numericamente para o projétil dado 
na Figura 2‐8 são dispostos em forma de gráfico como função dos valores da constante de 
força de impedimento   

Para  o  movimento  do  projétil  descrito  nas  Figuras  2‐8  e  2‐9,  a  aproximação  linear  é 
inexata para valores de   tão baixos quanto 0.01   e incorretamente mostra que o alcance é 
zero para todos os valores de   maiores que 0.014  . Esta discordância com o método de 
perturbação não é surpreendente porque o resultado linear para o alcance   era dependente 
de  sin 0.02 ,  que  dificilmente  é  verdadeira  mesmo  para  0.001  .  A 
concordância  deveria  ser  adequada  para  0.005  ,  o  arraste  dificilmente  pode  ser 
considerado  como  uma  perturbação.  De  fato,  para  0.01    o  arraste  torna‐se  o  fator 
dominante no movimento do projétil. 

O exemplo anterior indica quão complicado pode ser o mundo real. Naquele exemplo, 
ainda tivemos que fazer suposições que eram não físicas – ao supor, por exemplo, que a força 
de  resistência  é  sempre  linearmente  proporcional  à  velocidade.  Mesmo  nosso  calculo 
numérico não é exato, uma vez que a Figura 2‐3 nos mostra que uma melhor suposição seria 
incluir um termo de resistência  também. 

A  adição  de  tal  termo  não  seria  difícil  com  o  cálculo  numérico.  Enfatizamos  que 
existem  muitos  modos  de  executar  cálculos  numéricos  com  computadores,  e  o  estudante 
provavelmente deseja se tornar proficiente em vários deles. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  61

Isto  conclui  nossa  subseção  sobre  os  efeitos  das  forças  de  resistência.  Muito  mais 
poderia  ser  feito  para  incluir  efeitos  realísticos,  mas  o  método  é  claro.  Normalmente,  um 
efeito é adicionado em um tempo, e os resultados são analisados antes que outro efeito seja 
adicionado. 

Outros Exemplos de Dinâmica 

Concluímos esta seção com dois exemplos padrões adicionais sobre o comportamento 
da dinâmica de sistemas tipo partícula. 

Exercício Resolvido 2.8 

A  máquina  de  Atwood  consiste  de  uma  polia  lisa  com  duas  massas  suspensas  nas 
extremidades de uma corda leve (Figura 2‐10). Determine a aceleração das massas e a tensão 
da corda (a) quando o centro da polia está em repouso e (b) quando a polia está descendo em 
um elevador com aceleração constante  . 

 
FIGURA 2‐10 Exemplo 2‐8. Máquina de Atwood 

Solução. 

Desprezamos a massa da corda e supomos que a polia é lisa – isto é, não existe atrito 
sobre a corda. A tensão   deve sera mesma em toda a corda. As equações de movimento, para 
cada massa, para o caso (a), 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  62

                                                              2.66  

                                                              2.67  

Observe novamente a vantagem do conceito de força: Precisamos apenas identificar as forças 
agindo  sobre  cada  massa.  A  tensão    é  a  mesma  em  ambas  as  equações.  Se  a  corda  é 
inextensível, então  , e as Equações 2.66 e 2.67 podem ser combinadas 

            

Rearranjando, 

                                                       2.68   

Se  , então  0, e  0. A tensão pode ser obtida das Equações 2.68 e 2.66: 

            

                             

2
                                                                     2.69  

Para o caso (b), em que a polia está em um elevador, o sistema de coordenadas com 
origem no centro da polia não é mais um sistema inercial. Necessitamos de um sistema inercial 
com  a  origem  no  topo  do  cabo  do  elevador  (Figura  2‐11b).  As  equações  de  movimento  no 
sistema inercial ( ,  ) são 

assim 

                                  2.70  

onde 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  63

                                                2.71  

2
                                                           2.72  

Observe que os resultados para a aceleração e a tensão são exatamente como se a aceleração 
da gravidade fosse reduzida pela quantidade da aceleração do elevador  . A mudança para um 
elevador subindo deveria ser óbvia. 

2.5Teoremas de Conservação 

Agora voltamos a uma discussão detalhada da mecânica Newtoniana de uma única partícula e 
deduziremos os teoremas importantes considerando quantidades que se conservam. Devemos 
enfatizar  que  não  estamos  provando  a  conservação  das  varias  quantidades.  Estamos 
meramente  deduzindo  as  conseqüências  da  dinâmica  das  leis  de  Newton.  Estas  implicações 
devem ser colocadas a disposição de experimentos, e suas verificações então fornecem  uma 
medida  de  confirmação  das  leis  originais  da  dinâmica.  O  fato  que  estes  teoremas  de 
conservação  têm  de  fato  sido  determinados  como  validos  em  muitas  circunstâncias  fornece 
uma  parte  importante  da  prova  para  a  correção  das  leis  de  Newton,  no  mínimo  em  física 
clássica. 

O  primeiro  dos  teoremas  de  conservação  se  refere  ao  momento  linear  de  uma 
partícula. Se a partícula é livre,isto é, se a partícula não encontra forças, então a Equação 2.2 

torna‐se  simplesmente  0.  Portanto,    é  um  vetor  constante  no  tempo,  e  o  primeiro 
teorema de conservação torna‐se 

I. O momento linear total   de uma partícula é conservado quando a força total 
sobre ela é zero. 

Observe que este resultado é deduzido de uma equação vetorial,  0, e portanto se 
aplica a cada componente do momento linear. Para afirmar o resultado em outros termos, seja 

 algum vetor constante tal que  · 0, independente do tempo. Então 

· · 0 

ou, integrando com relação ao tempo, 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  64

· constante                                                               2.80  

que afirma que a componente do momento linear, em uma direção na qual a força anula‐se, é 
constante no tempo. 

O  momento  angular   de  uma  partícula  com  relação  a  uma  origem  da  qual  o  vetor 
posição   é medido é definido como 

                                                                2.81  

O torque ou momento da força  com relação a mesma origem é definido como 

                                                               2.82  

onde  é o vetor posição da origem ao ponto onde a força   é aplicada. Como   para a 


partícula, o torque torna‐se 

Agora 

mas 

desta forma 

                                                         2.83  

Se  nenhum  torque  age  sobre  a  partícula  (isto  é,  se  0),  então 0  e    é  um  vetor 
constante no tempo. O segundo teorema de conservação importante é 

II. O momento angular de uma partícula sujeita a nenhum torque é conservado. 

Relembramos  ao  estudante  que  a  escolha  criteriosa  da  origem  de  um  sistema  de 
coordenadas frequentemente permite que um problema seja resolvido muito mais facilmente 
do  que  uma  escolha  sem  critérios.  Por  exemplo,  o  torque  será  zero  em  sistemas  de 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  65

coordenadas  centradas  ao  longo  da  linha  de  força  resultante.  O  momento  angular  será 
conservado neste caso. 

Se  o  trabalho  é  realizado  sobre  uma  partícula  por  uma  força    ao  transformar  a 
partícula da Condição 1 para a Condição 2, então este trabalho é definido como 

·                                                         2.84  

Se   é a força resultante total agindo sobre a partícula, 

· · ·  

1
·                                      2.85  
2 2 2

O integrando na Equação 2.84 é assim um diferencial exato, e o trabalho realizado pela força 

total   agindo sobre uma partícula é igual a sua variação na energia cinética: 

1 1
                                   2.86  
2 2

onde   é  a  energia  cinética  da  partícula.  Se    então  0,  e  a  partícula 

realizou trabalho resultando em decréscimo na energia cinética. É importante observar que a 

força   levando a Equação 2.85 é a força total (isto é, resultante) sobre a partícula. 

Agora  examinemos  a  integral  aparecendo  na  Equação  2.84  de  um  ponto  de  vista 

diferente.  Em  muitos  problemas  físicos,  a  força    tem  a  propriedade  que  o  trabalho  exigido 
para  mover  uma  partícula  de  uma  posição  para  outra  sem  qualquer  mudança  na  energia 
cinética  depende  apenas  das  posições  original  e  final  e  não  do  caminho  exato  tomado  pela 
partícula. Por exemplo, suponha que o trabalho realizado para mover a partícula do ponto 1 na 
Figura  2‐11  ao  ponto  2  é  independente  do  caminhos  reais  ,  ,  ou    tomados.  Esta 
propriedade é exibida, por exemplo, por um campo de força gravitacional constante. Assim, se 
uma partícula de massa   é elevada até uma altura   (através de algum caminho), então uma 
quantidade  de  trabalho   foi  realizada  sobre  a  partícula,  e  a  partícula  pode  realizar  uma 
quantidade  igual  de  trabalho  ao  retornar  a  sua  posição  original.  Esta  capacidade  em  realizar 
trabalho é chamada a energia potencial da partícula. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  66

 
FIGURA 2‐11 Para algumas forças (identificadas mais tarde como conservativas), o trabalho realizado 
pela força para mover uma partícula da posição 1 para outra posição 2 é independente 
do caminho ( ,  , ou  ) 

Podemos definir a energia potencial de uma partícula em termos do trabalho realizado 

(feito pela força  ) exigido para transportar a partícula do ponto 1 ao ponto 2 (com nenhuma 
variação liquida na energia cinética) como 

·                                                            2.87  

O  trabalho  realizado  ao  mover  a  partícula  é  assim  simplesmente  a  diferença  da  energia 
potencial  U  entre  os  dois  pontos.  Por  exemplo,  se  levantamos  uma  maleta  da  posição  1  no 
chão  para  a  posição  2  na  cabine  de  um  caminhão,  nós  como  o  agente  externo  estamos 

realizando  o  trabalho  contra  a  força  da  gravidade.  Seja  a  força    na  Equação  2.87  a  força 

gravitacional,  e  ao  levantar  a  mala,  ·   torna‐se  negativo.  O  resultado  da  integração  na 
Equação  2.87  é  que    é  negativa,  de  forma  que  a  energia  potencial  na  posição  2na 
cabine  do  caminhão  é  maior  que  na  posição  1  no  chão.  A  mudança  na  energia  potencial 
  é  o  negativo  do  trabalho  realizado  pela  força  gravitacional,  como  pode  ser  visto 
multiplicando ambos os lados da Equação 2.87 por  1. Como agente externo nós realizamos 
trabalho positivo (contra a gravidade) para elevar a energia potencial da mala. 

A  Equação  2.87  pode  ser  reproduzida  se  escrevemos    como  o  gradiente  da  função 
escalar  : 

                                                      2.88  

Então 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  67

· ·                                 2.89  

Na maioria dos sistemas de interesse, a energia potencial é uma função da posição e, 
possivelmente,  do  tempo:    ou  , .  Não  consideraremos  casos  em  que  a 
energia potencial é uma função da velocidade. 

É importante observar que a energia potencial é definida a menos de uma constante 

aditiva;  isto  é,  a  força  definida  por    não  é  diferente  daquela  definida  por 
constante . Energia potencial, portanto não possui um significado absoluto; apenas diferenças 
de energia potencial são fisicamente significativas (como na Equação 2.87). 

Se  escolhermos  um  dado  sistema  de  referencia  inercial  para  descrever  um  processo 
mecânico,  as  leis  de  movimento  serão  as  mesmas  como  em  qualquer  outro  sistema  de 
referencia  em  movimento  relativo  uniforme  em  relação  ao  sistema  original.  A  velocidade  de 
uma partícula é em geral diferente dependendo sobre qual sistema de referencia escolhemos 
como a base para a descrição do movimento. Portanto determinamos que é impossível atribuir 
uma  energia  cinética  absoluta  a  uma  partícula  do  mesmo  modo  que  é  impossível  atribuir 
qualquer significado absoluto a energia potencial. Ambas as limitações são o resultado do fato 
que  selecionar  uma  origem  do  sistema  de  coordenadas  usada  para  descrever  os  processos 
físicos é sempre arbitrário. O físico Escocês no século dezenove James Clerk Maxwell (1831 – 
1879) resumiu a situação como segue.1 

Devemos,  portanto,  considerar  a  energia  de  um  sistema  material  como  uma 
quantidade  a  qual  podemos  assegurar  o  aumento  ou  decréscimo  quando  o 
sistema  passa  de  uma  condição  definida  para  outra.  O  valor  absoluto  da 
energia na condição padrão é desconhecido para nós, e não seria de qualquer 
utilidade  se  a  conhecêssemos,  uma  vez  que  todos  os  valores  dependem  da 
variação de energia e não do seu valor absoluto. 

A seguir, definimos a energia total de uma partícula como a soma das energias cinética 
e potencial: 

                                                              2.90  

A derivada temporal total de   é 

                                                                 
1
 J. C. Maxwell, Matter and Motion (Cambridge, 1877), p. 91. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  68

                                                         2.91  

Para  calcular  as  derivadas  temporais  aparecendo  no  lado  direito  desta  equação,  primeiro 
observamos que a Equação 2.85 pode ser escrita como 

1
·                                                2.92  
2

Dividindo tudo por  , 

· ·                                                             2.93  

Temos também  

·                                                                2.94  

Substituindo as Equações 2.93 e 2.94 na 2.91, obtemos 

· ·  

·  

                                                                                           2.95  

porque o termo   se anula em vista da definição da energia potencial (Equação 2.88) se 

a força total é a força conservativa  . é a potência, taxa de transferência de energia 
por unidade de tempo. 

Se   não é uma função explicita  do tempo  (isto é,  se  / 0; relembre que não 

consideramos potenciais dependentes da velocidade), o campo de força representado por   é 
conservativo. Sob estas condições, temos o terceiro teorema de conservação importante: 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  69

III. A energia total   de uma partícula em um campo de força conservativo é uma 


constante no tempo. 

Deve  ser  reiterado  que  não  provamos  as  leis  de  conservação  do  momento  linear, 
momento angular, e energia. Apenas deduzimos varias conseqüências das leis de Newton; isto 
é, se estas leis são válidas em dada situação, então o momento e energia serão conservados. 
Mas nos tornamos tão enamorados com estes teoremas sobre conservação que as elevamos 
ao status de leis e chegamos a insistir que elas sejam válidas em qualquer teoria física, mesmo 
aquelas que se aplicam a situações nas quais a mecânica Newtoniana não é válida, como, por 
exemplo,  na  interação  de  cargas  em  movimento  ou  em  sistemas  da  mecânica  quântica. 
Realmente não temos leis de conservação em tais situações, mas em vez disso, postulados de 
conservação que impomos à teoria. Por exemplo, se temos duas cargas elétricas isoladas em 
movimento, as forças eletromagnéticas entre elas não são conservativas. Portanto dotamos o 
campo eletromagnético com uma dada quantidade de energia de modo que a conservação de 
energia  seja  válida.  Este  procedimento  é  satisfatório  apenas  se  as  conseqüências  não 
contradizem  qualquer  fato  experimental,  isto  é  de  fato  o  caso  para  cargas  em  movimento. 
Portanto  estendemos  o  conceito  usual  de  energia  para  incluir  a  “energia  eletromagnética” 
para satisfazer nossa noção preconcebida que energia deve ser conservada. Isto pode parecer 
um passo arbitrário e drástico a ser dado, mas nada, é dito, sucede como faz sucesso, e estas 
“leis” de conservação tem sido o conjunto de princípios da física de maior sucesso. A recusa 
em  abandonar  a  conservação  da  energia  e  momento  levou  Wolfgang  Pauli  (1900  –  1958)  a 
postular em 1930 a existência do neutrino para levar em consideração a energia e momento 
“ausente” no decaimento   radioativo. Este postulado permitiu a Enrico Fermi (1901 – 1954) a 
construir  uma  teoria  de  sucesso  para  o  decaimento    em  1934,  mas  observação  direta  do 
neutrino só foi feita em 1953 quando  Reines e Cowan executaram seu famoso experimento. 
Aderindo a convicção que energia e momento devem ser conservados, uma nova partícula foi 
conservada, o que é de grande importância em teorias modernas de física nuclear e física de 
partículas.  Esta  descoberta  é  apenas  uma  dos  muitos  avanços  no  entendimento  das 
propriedades da matéria que resultaram diretamente da aplicação das leis de conservação. 

Aplicaremos  estes  teoremas  de  conservação  a  varias  situações  físicas  no  restante 
deste livro, entre elas o espalhamento de Rutherford e o movimento planetário. Um exemplo 
simples aqui indica a utilização destes teoremas de conservação. 

Exercício resolvido 2.9. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  70

Um rato de massa   pula sobre a aresta externa de um ventilador de inércia rotacional 
 e raio  que gira livremente. Com que razão a velocidade angular varia? 

Solução. 

O  momento  angular  deve  ser  conservado  durante  o  processo.  Estamos  usando  o 


conceito  de  inércia  rotacional  aprendido  em  física  elementar  para  relacionar  o  momento 
angular   a velocidade angular  :  . O momento angular inicial   deve ser igual 
ao  momento  angular    (ventilador  mais  rato)  após  o  salto  do  rato  sobre  o  ventilador.  A 
velocidade da aresta mais externa é  . 

2.6 Energia 

O conceito de energia não era muito disseminado no tempo de Newton o quanto é hoje. 
Mais  tarde  estudaremos  duas  novas  formulações  de  dinâmica,  diferente  da  de  Newton, 
baseadas no conceito de energia – os métodos Lagrangiano e Hamiltoniano. 

No início do século dezenove, tornou‐se claro que calor era outra forma de energia e 
não  uma  forma  de  fluido  (chamado  “calórico”)  que  fluía  entre  corpos  quentes  e  frios.  Ao 
Conde  Rumford  é  geralmente  dado  o  credito  pela  observação  que  a  grande  quantidade  de 
calor gerada durante a perfuração de um canhão era causada pelo atrito e não pelo calórico. 
Se energia de atrito é justamente energia térmica, permutável com a energia mecânica, então 
a conservação total de energia pode ocorrer. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  71

Durante  todo  o  século  dezenove,  cientistas  executaram  experimentos  sobre  a 


conservação  da  energia,  resultando  na  importância  que  hoje  é  dada  à  energia.  Hermann 
vonHelmholtz  (1821  –  1894)  formulou  a  lei  geral  de  conservação  de  energia  em  1847.  Ele 
baseou  suas  conclusões  na  sua  maioria  sobre  os  experimentos  calorimétricos  de  James 
Prescott Joule (1818 – 1889) iniciado em 1840. 

Considere  uma  partícula  pontual  sob  à  influencia  de  uma  força  conservativa  com 
potencia  .  A  conservação  de  energia  (realmente,  energia  mecânica,  para  ser  preciso  nesse 
caso) é refletida na Equação 2.90. 

1
                                                     2.96  
2

onde consideramos apenas o caso unidimensional. Podemos reescrever a Equação 2.96 como 

2
                                                   2.97  

e por integração 

                                                  2.98  

onde  em  . Temos formalmente resolvido o caso unidimensional na Equação 2.98; 


isto  é,  determinamos  .  Tudo  o  que  resta  é  inserir  o  potencial    na  Equação  2.98  e 
integrar,  usando  técnicas  computacionais  se  necessário.  Estudaremos  mais  tarde  em  algum 

detalhe  o  potencial    para  oscilações  harmônicas  e  /   para  a  força 

gravitacional. 

Podemos  aprender  muito  sobre  o  movimento  de  uma  partícula  simplesmente 


examinando  o  gráfico  de  um  exemplo  de    como  mostrado  na  Figura  2‐12.  Primeiro, 

observe que, porque  0,   para qualquer movimento físico real. Vemos 

na Figura 2‐12 que o movimento está limitado para energias   e  . Para  , o movimento é 


periódico entre os pontos de retorno   e  . Similarmente, para   o movimento é periódico, 
mas existem duas regiões possíveis:   e  . A partícula não pode “pular” 
de  um  poço  para  outro;  uma  vez  em  um  poço,  ele  deve  permanecer  ai  eternamente  se  sua 
energia permanece em  . O movimento para uma partícula com energia   possui apenas um 
valor,  . A partícula está em repouso com  0 . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  72

 
FIGURA  2‐12  A  curva  da  energia  potencial    com  vários  valores  de  energia    indicados.  Para 
certas energias, por exemplo,   e  , o movimento é limitado. 

O  movimento  para  uma  partícula  com  energia    é  simples:  A  partícula  chega  do 
infinito, para e retorna em  , e retorna para o infinito – muito parecido como uma bola 
de tênis quicando contra uma parede rígida. Para a energia  , o movimento é ilimitado e a 
partícula  pode  está  em  qualquer  posição.  Sua  velocidade  mudará  porque  ele  depende  da 
diferença entre   e  . Se ela está movendo‐se para a direita, ela acelerará e desacelerará, 
mas continua para o infinito. 

O  movimento  de  uma  partícula  de  energia    é  similar  aquela  de  uma  massa  na 
extremidade  de  uma  mola.  O  potencial  na  região    pode  ser  aproximado  por 

. Uma partícula com energia ligeiramente acima de   oscilará em torno 

do  ponto  .  Nos  referimos  a  tal  ponto  como  um  ponto  de  equilíbrio,  porque  se  a 
partícula é colocada em   permanece ai. Equilíbrio pode ser estável, instável, ou neutro. 
O  equilíbrio  já  discutido  é  estável  porque  se  a  partícula  fosse  colocada  sobre  qualquer  dos 
lados  de    eventualmente  retornaria  para  lá.  Podemos  usar  uma  tigela  de  mistura 
hemisférica com uma bola de aço como um exemplo. Com o lado direito da bacia para cima, a 
bola pode rolar dentro da bacia; mas ela eventualmente acabará por se depositar no fundo – 
em  outras  palavras,  existe  um  equilíbrio  estável.  Se  virarmos  a  tigela  de  ponta  cabeça  e 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  73

colocarmos  a  bola  precisamente  em  ,  a  bola  permanecerá  ai  em  equilíbrio.  Se 
colocarmos  a  bola  sobre  qualquer  dos  lados  de  sobre  a  superfície  arredondada,  ela 
rolará  para  fora;  chamamos  este  de  equilíbrio  instável.  Equilíbrio  neutro  aplica‐se  quando  a 
bola rola sobre superfícies chatas, suaves, horizontais. 

Em geral, podemos expressar o potencial   em uma série de  Taylor em torno de 


um dado ponto de equilíbrio. Por simplicidade matemática, supomos que o ponto de equilíbrio 
está em  0 em vez de  (se não, podemos sempre redefinir o sistema de coordenadas 
para torná‐lo assim. Então temos 

                            2.99  
2! 3!

O sobrescrito zero indica que a quantidade é para ser calculada em  0. A energia potencial 
  em  0  é  simplesmente  uma  constante  que  podemos  definir  como  zero  sem  qualquer 
perda de generalidade. Se  0 é um ponto de equilíbrio, então 

0                Ponto de equilibrio                                       2.100  

e a Equação 2.99 torna‐se 

                                    2.101  
2! 3!

Próximo ao ponto de equilíbrio  0, o valor de   é pequeno, e cada termo na Equação 2.101 


é consideravelmente menor que o anterior. Portanto, mantemos apenas o primeiro termo na 
Equação 2.101: 

                                                       2.101  
2!

Podemos determinar se o equilíbrio em  0 é estável ou instável examinando  / . 
Se  0 é um ponto de equilíbrio estável,   deve ser maior (mais positivo) em qualquer 
dos lados de  0. Porque   é sempre positivo, as condições para o equilíbrio são 

0           Equilíbrio estável 

                                     2.103  

0           Equilíbrio instável

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  74

Se  /  é zero, termos de ordens mais altas devem ser examinados. 

Exercício resolvido 2.10. 

Considere o sistema de polias, massas, e cordas mostrado na Figura 2‐13. Uma corda leve de 
comprimento    é  ligada  ao  ponto  ,  passa  sobre  uma  polia  no  ponto    localizado  a  uma 
distância 2 , e finalmente ligada à massa  . Outra polia com massa   ligada passa sobre a 
corda, empurrando‐a para baixo entre   e  . Calcule a distancia   quando sistema está em 
equilíbrio, e determine se o equilíbrio é estável ou instável. As polias são sem massas. 

 
FIGURA 2‐13 Exemplo 2.10 

Solução. 

Podemos  resolver  este  exemplo  ou  usando  forças  (isto  é,  quando  0 )  ou  energia. 
Escolhemos  o  método  de  energia,  uma  vez  que  em  equilíbrio  a  energia  cinética  é  zero  e 
precisamos tratar apenas com a energia potencial quando a Equação 2.100 se aplica. 

Seja  0 ao longo da linha AB. 

                                              2.104  

Supomos  que  a  polia  mantendo  a  massa    é  pequena,  de  modo  que  podemos 
desprezar o raio da polia. A distância   na Figura 2‐13 é constante. 

/4  

/4  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  75

Fazendo  / 0, podemos determinar a posição de equilíbrio  : 

                  
4 /4

4 /4  

4 16  

4
                                          2.105  
4

Observe que a solução real existe apenas quando 4 . 

Sob que circunstâncias a massa   empurrar a massa   para cima para polia   (isto 


é,  0)?  Podemos  usar  a  Equação  2.103  para  determinar  se  o  equilíbrio  é  estável  ou 
instável: 

/ /
 
4 /4 16 /4

Agora inserimos  . 

/
4
 
4

A  condição  para  o  equilíbrio  (movimento  real)  anteriormente  era  4 ,  de  forma  que, 
quando ele existe, será estável, uma vez que  / 0. 

2.7. PROBLEMAS 

2.1. Uma partícula de massa   está restrita a mover‐se sobre a superfície de uma esfera de 

raio   pela força aplicada  , . Escreva a equação de movimento. 

2.2. Se um projétil é lançado da origem do sistema de coordenadas com velocidade inicial   e 
na direção fazendo um ângulo   com a horizontal, calcule o tempo exigido para o projétil 
cruzar a linha passando através da origem e fazendo um ângulo   com a horizontal. 

2.3. Um palhaço está lançando simultaneamente quatro bolas. Estudantes usam um gravador 
de  vídeos  para  determinar  que  o  palhaço  gasta  0,9    para  cada  bola  circular  através  das 
suas mãos (incluindo apanhar, transferir, e lançar) e estar pronto para apanhar a próxima 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  76

bola. Qual é a velocidade vertical mínima com que o palhaço deve lançar para cima cada 
bola? 

2.4.  O  piloto  de  um  avião  de  caça  sabe  que  ele  é  capaz  de  suportar  uma  aceleração  de  9  
antes de desmaiar. O piloto aponta seu avião verticalmente para baixo enquanto desloca‐
se com velocidade 3 March e pretende puxar para cima em uma manobra circular antes de 
quebrar  no  solo.  (a)  Onde  ocorre  a  aceleração  máxima  na  manobra?  (b)  Qual  é  o  raio 
mínimo que o piloto pode tomar? 

2.5.  Na  nevasca  de  88,  uma  fazendeira  foi  forçada  a  lançar  fardos  de  feno  de  um  aeroplano 
para alimentar seu rebanho. O avião voou horizontalmente a 160  /  e abandonou os 
fardos de uma altura de 80 m acima de um intervalo plano. (a) Ela desejava que os fardos 
caíssem  a  30  m  atrás  do  rebanho  de  modo  a  não  atingi‐lo.  Onde  deveria  empurrar  os 
fardos para fora do aeroplano? (b) Para não atingir o rebanho,  qual é o erro máximo de 
tempo  que  ela  poderia  cometer  enquanto  empurrava  os  fardos  para  fora  do  aeroplano? 
Despreze a resistência do ar. 

2.6.  Inclua  resistência  do  ar  para  os  fardos  de  feno  no  problema  anterior.  Um  fardo  de  feno 
possui massa de aproximadamente 30  e área media de aproximadamente 0,2  . Seja 
a resistência do ar proporcional ao quadrado da velocidade e  0,8. Faça o gráfico das 
trajetórias com um  computador se os fardos de feno caem a 30  m atrás do rebanho em 
ambos os casos em que inclui resistência do ar e não inclui. Se os fardos de feno fossem 
liberados ao mesmo tempo nos dois casos, qual é a distancia entre as posições em que os 
fardos permanecerão? 

2.7. Um projétil é disparado com uma velocidade   tal que ele passa através de dois pontos 
ambos  a  uma  distancia    acima  da  horizontal.  Mostre  que  se  a  arma  é  ajustada  para 
alcance Maximo, a separação entre os pontos é 

4  

2.8.  Considere  um  projétil  disparado  verticalmente  em  um  campo  gravitacional  constante. 
Para a mesma velocidade inicial, compare os tempos exigidos para o projétil alcançar sua 
altura máxima (a) para força de resistência zero, (b) para força de resistência proporcional 
a velocidade instantânea do projétil. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  77

2.9.  Repita  o  Exercício  resolvido  2‐4  executando  o  calculo  usando  um  computador  para 
resolver  a  Equação  2.22.  Use  os  seguintes  valores  1  ,  10  / ,  0,  e 
0,1  .  Faça  gráficos  de    versus  ,    versus  ,    versus  .  Compare  com  os 
resultados do Exercício resolvido 2.4 para ver se seus resultados são razoáveis. 

2.10. Considere uma partícula e massa   cujo movimento é iniciado do repouso em um campo 
gravitacional  constante.  Se  uma  força  de  resistência  proporcional  ao  quadrado  da 
velocidade  (isto  é,  )  é  encontrada,  mostre  que  a  distância    que  a  partícula  cai 
acelerando de   a   é dada por 

1
ln  
2

2.11.  Uma  partícula  é  projetada  verticalmente  para  cima  em  um  campo  gravitacional 
constante com velocidade inicial  . Mostre que se existe força de resistência proporcional 
ao quadrado do modulo da velocidade instantânea, o modulo da velocidade da partícula 
quando ela retorna a posição inicial é 

onde  é o modulo da velocidade terminal. 

2.12. Uma partícula move‐se em um meio sob a influência de uma força de resistência igual a 
, onde   e   são constantes. Mostre que para qualquer valor do modulo da 
velocidade inicial a partícula nunca se moverá por uma distancia maior que  /2  e que a 
partícula chega ao repouso apenas para  ∞. 

2.13. Um projétil é disparado com velocidade inicial   em um ângulo de elevação   acima da 


inclinação de uma colina de inclinação   ( ). 

(a) Quão longe acima da colina o projétil estará? 
(b) Em que ângulo   o alcance será máximo? 
(c) Qual é o alcance máximo? 

2.14. Uma partícula é projetada com velocidade inicial   de uma encosta que faz um ângulo   
com a horizontal. Suponha o movimento sem atrito e determine o tempo exigido para a 
partícula  retornar  a  sua  posição  de  partida.  Determine  o  tempo  para  2,4  /   e 
26 . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  78

2.15. Mostre diretamente que a taxa de variação temporal do momento angular em torno da 
origem para um projétil disparado da origem (  constante) é igual ao momento da força 
(ou torque) em torno da origem. 

2.16.  O  movimento  de  uma  partícula  carregada  em  um  campo  eletromagnético  pode  ser 
obtido da equação de Lorentz para a força sobre uma partícula em tal campo. Se o vetor 

campo elétrico é   e o veto r campo magnético é  , a força sobre a partícula de massa   


que porta a carga   e possui velocidade   é dada por 

onde supomos que   (velocidade da luz). 

(a) Se  não  existe  campo  elétrico  e  se  a  partícula  entra  no  campo  magnético  em  uma 
direção  perpendicular  às  linhas  de  fluxo  magnético,  mostre  que  a  trajetória  é  um 
circulo com raio 

onde /  é a freqüência de cíclotron. 

(b) Escolha o eixo   para estar na direção de   e seja o plano  o plano que contem   e 

. Assim  
,        ̂  
Mostre que a componente   do movimento é dada por  

 
2
onde 
0 e  
(c) Continue  o  calculo  e  obtenha  expressões  para    e  .  Mostre  que  as  médias 
temporais destas componentes de velocidade são  

,                  0 

(Mostre  que  o  movimento  é  periódico  e  então  faça  a  media  sobre  um  período 
completo.) 
(d) Integre  as  equações  de  velocidade  para  encontradas  em  (c)  e  mostre  que  (com 
condições iniciais  0 / ,  0 / ,  0 0,  0 ) que 

cos ,               sen  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  79

Estes  são  as  equações  paramétricas  de  um  trochoide.  Esquematize  a  projeção  da 
trajetória  sobre  o  plano    para  os  casos  (i)  / ,  (ii)  / ,  e  (iii) 
/ . (o ultimo caso produz um ciclóide.) 

2.17.  Uma  partícula  de  massa  1   está  sujeito  a  uma  força  unidimensional 
,  onde  1 /   e  0,5  .  Se  a  partícula  esta  inicialmente  em  repouso, 
calcular  e  fazer  o  gráfico,  com  a  ajuda  de  um  computador,  da  posição,  da  velocidade,  e 
aceleração da partícula como função do tempo. 

2.18.  Um  bloco  de  massa  1,62    deslizando  para  baixo  de  uma  inclinação  sem  atrito 
(Figura 2‐A). O bloco é abandonado de uma altura  3,91   acima da base do laço. 

(a) Qual é a força do trilho inclinado sobre o bloco na base (ponto  )? 

 
FIGURA 2‐A Problema 2‐25. 

(b) Qual é a força do trilho sobre o bloco no ponto B? 
(c) Com que velocidade o bloco deixa o trilho? 
(d) Quão distante do ponto A o bloco permanecerá ao nível do solo? 
(e) Esboce o gráfico da energia potencial   do bloco. Indique a energia total sobre o 
esboço. 

2.19.  Uma  criança  desliza  um  bloco  de  massa  2    ao  longo  de  um  piso  escorregadio  da 
cozinha. Se a velocidade inicial é 4  /  e o bloco atinge uma mola com constante de mola 
de  6  / ,  qual  é  a  compressão  máxima  da  mola?  Qual  é  o  resultado  se  o  bloco  desliza 
através de 2  de um assoalho rugoso que possui  0,2? 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  80

2.20. Uma corda tendo uma massa total de 0,4   e comprimento total de 4 tem 0,6 m de 


corda  pendurada  verticalmente  para  baixo,  fora  de  um  banco  de  trabalho.  Quanto 
trabalho deve ser feito para colocar toda a corda sobre o banco? 

2.21. Um estudante abandona um balão cheio de água a partir do telhado do prédio mais alto 
da  cidade  tentando  atingir  seu  companheiro  de  quarto  no  solo  (que  é  muito  rápido).  O 
primeiro  estudante  vira  rapidamente  a  cabeça  e  ouve  o  estalo  da  água  4.021    após 
abandonar  o  balão.  Se  a  velocidade  do  som  é  331  / ,  determine  a  altura  do  edifício, 
desprezando a resistência do ar. 

2.22. Dois blocos de massas diferentes estão conectados por uma corda sobre uma polia lisa 
(Figura 2‐B). Se o coeficiente de atrito cinético é  , qual é o ângulo   da inclinação que 
permite às massas se mover com velocidade constante? 

 
FIGURA 2‐B Problema 2‐32 

2.23.  Execute  cálculos  no  computador  para  objetos  movendo‐se  verticalmente  no  ar  sob  a 
ação da gravidade e experimentando uma força de resistência proporcional ao quadrado 
da velocidade do objeto (veja Equação 2.21). Use as variáveis   para a massa e   para o 
raio do objeto: Todos os objetos são abandonados do repouso do topo de um edifício em 
construção de 100 m. Use um valor de  0,5 e faça o gráfico no computador da altura 
,  velocidade  ,  e  aceleração    versus    para  as  seguintes  condições  e  responda  as 
questões: 

(a) Uma bola beisebol de  0,145   e  0,0366  . 


(b) Uma bola de ping‐pong de com  0,0024   e raio  0,019  . 
(c) Uma gota de chuva de  0,003  . 
(d) Todos  os  objetos  alcançam  suas  velocidades  terminais?  Discuta  os  valores  das 
velocidades terminais e explique suas diferenças. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  81

(e) Porque  uma  bola  de  beisebol  pode  ser arremessada mais  longe do que uma bola de 


ping‐pong mesmo que a bola de beisebol tenha muito mais massa? 
(f) Discuta as velocidades terminais de gotas de chuva grandes e pequenas. Quais são as 
velocidades terminais de gotas tendo raios de 0.002   e 0.004  . 

2.24.  Uma  partícula  de  massa    possui  velocidade  / ,  onde    é  seu  deslocamento. 
Determine a força   responsavel. 

2.25.  O  modulo  da  velocidade  de  uma  partícula  de  massa    varia  com  a  distância    como 
. Suponha  0 0 em  0. (a) Determine a força   responsável. 
(b) Determine   e (c)  . 

2.26. Um barco com velocidade inicial   é lançado em um lago. O barco é desacelerado pela 
água com uma força  . (a) Determine a expressão para o modulo da velocidade 
. (b) Determine o tempo e (c) a distancia para o barco parar. 

2.27.  Um  trem  se  move  ao  longo  dos  trilhos  com  uma  velocidade  constante  .  Uma  mulher 
dentro  do  trem  arremessa  uma  bola  de  massa  a  frente  com  uma  velocidade    com 
respeito a si mesmo. (a) Qual é a energia cinética ganha da bola quando medida por uma 
pessoa no trem? (b) por uma pessoa parada com relação aos trilhos? (c) Quanto trabalho é 
feito pela mulher lançando a bola e (d) pelo trem? 

2.28.  Uma  partícula  está  sob  a  influência  de  uma  força  / ,  onde    e    são 
constantes e   é positivo. Determine   e discuta o movimento. O que acontece quando 
/4? 

2.29. Descreva como determinar se um equilíbrio é estável ou instável quando  /
0. 

2.30. Escreva o critério para determinar se um equilíbrio é instável ou estável quando todas as 
derivadas até ordem  ,  / 0. 

2.31. Considere a partícula movendo‐se na região  0 sob a influência do potencial 

onde 1   e  2  . Faça o gráfico do potencial, determine os pontos de equilíbrio, e 


determine se eles são máximos ou mínimos. 

 
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  82

2.32.  Faça  a  suposição  (não  realística)  que  um  barco  de  massa    desliza  suavemente  com 
velocidade  inicial    na  água  é  desacelerado  por  uma  força  de  resistência  viscosa  de 
modulo  , onde   é uma constante. (a) Determine e esboce  . Quanto tempo toma o 
barco para atingir uma velocidade de  /1000? (b) Determine  . Por quanto o barco se 
desloca neste tempo? Seja  200  ,  2 / , e  0,2  . 

2.33.  Uma  partícula  de  massa    movendo‐se  em  uma  dimensão  possui  energia  potencial 
/ / , onde   e   são constantes positivas. (a) Determine a força 
, que age sobre a partícula. (b) Esboce o gráfico de  . Determine as posições de 
equilíbrio estável e instável. (c) Qual é a freqüência angular   de oscilações em torno do 
ponto  de  equilíbrio  estável?  (d)  Qual  é  a  velocidade  mínima  que  a  partícula  deve  ter  na 
origem  para  escapar  para  o  infinito?  (e)  Em  0  a  partícula  está  na  origem  e  sua 
velocidade é positiva e igual em modulo a velocidade de escape da parte (d). Determine 
 e esboce o gráfico para o resultado. 

2.34.  Quais  das  seguintes  forças  são  conservativas?  Se  conservativa,  determine  a  energia 
potencial  .  (a)  ,  ,  .  (b) 

/ ,  ln ,  / . (c)  ̂ /  ( ,  , e   são constantes). 

2.35. Uma batata de massa 0,5   move‐se sob a gravidade da Terra com força de resistência 
do ar de – . (a) Determine a velocidade terminal se a batata é abandonada do repouso 
e  0,01 .(b) Determine a altura máxima da batata se ele tem o mesmo valor de  , 
mas ela é inicialmente lançada diretamente para cima com uma arma feita de batata pelo 
estudante com velocidade inicial de 120  / . 

2.36.  Uma  abóbora  de  massa  5  kg  disparado  de  um  canhão  feito  pelo  estudante  com  ar 
comprimido  faz  uma  elevação  de  45   alcança  uma  distancia  de  42  m  do  canhão.  Os 
estudantes  usando  feixes  luminosos  e  fotocélulas  para  medir  a  velocidade  inicial  de 
54 / . Se a força de resistência do ar era  , qual era o valor de  ? 

   

 
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UNIDADE II
Oscilações lineares

RESUMO

Nesta  unidade  apresentaremos  conceitos  e  definições  que  viabilizam  a  discussão  de 


problemas  de  física  envolvendo  os  fenômenos  oscilatórios.  O  conceito  de  movimento 
oscilatório permeia grande parte da física. Estão presentes tanto no estudo do movimento do 
pêndulo  simples,  como  nos  fenômenos  de  propagação  de  excitações  em  meios  (ondas 
eletromagnéticas,  ondas  mecânicas),  movimento  planetários,  etc.  Existem  as  oscilações 
lineares  e  as  não  lineares.  A  primeira  refere‐se  a  movimentos  de  pequenas  amplitudes, 
enquanto  no  segundo  caso,  o  mais  rico,  as  amplitudes  de  oscilação  podem  ser  grandes. 
Abordaremos nesta apostilha apenas o primeiro caso. 

 
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SUMÁRIO DE UNIDADE

UNIDADE II   

3 Oscilações Lineares   
3.1. Introdução   
3.2. O Oscilador Harmônico Simples   
3.3. Oscilações Amortecidas   
3.4. Oscilações Amortecidas Forçadas   
3.5. Princípio da Superposição   
3.6. Considerações Finais   
3.7. Problemas   

 
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Capítulo 3. Oscilações Lineares 
 

3.1. Introdução 

Uma  partícula  tem  um  movimento  oscilatório  (vibratório)  quando  se  move 
periodicamente  em  torno  de  uma  posição  de  equilíbrio.  O  movimento  de  um  pêndulo  é 
oscilatório. Um peso, unido a uma mola esticada, começa a oscilar quando se solta a mola. Os 
átomos  de  um  sólido,  ou  de  uma  molécula,  vibram  uns  em  relação  aos  outros.  Os  elétrons 
numa  antena  emissora,  ou  receptora,  oscilam  rapidamente.  Compreender  o  movimento 
vibratório é também essencial para o estudo dos fenômenos oscilatórios relacionados com o 
som e a luz. 

3.2. O oscilador harmônico simples 

De  todos  os  movimentos  oscilatórios,  o  mais  importante  é  o  movimento  harmônico 


simples  (MHS).  Além  de  ser  o  mais  simples  de  descrever  e  analisar,  constitui  uma  descrição 
bastante  precisa  de  muitas  oscilações  que  se  observam  na  natureza.  Nem  todos  os 
movimentos oscilatórios são harmônicos. 

Figura 3.1. Sistema formado pela massa   ligada a uma mola de constante elástica  . 

O  exemplo  mais  simples  é  aquele  de  uma  massa    ligada  a  uma  mola  de  constante 
elástica  , como ilustrado na Figura 3.1. No sistema de unidade MKS, a unidade de   é o kg e a 
unidade  de    é  o  N/m.  Se  medirmos    a  partir  da  posição  de  equilíbrio  da  mola  (mola 
relaxada), então a mola exerce uma força restauradora 

.                                                             3.1  

 
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  86

A energia potencial associada com esta força é 

1
                                                        3.2  
2

A  equação  de  movimento,  supondo  que  nenhuma  outra  força  atue  sobre  o  sistema  massa‐
mola, é 

                                                               3.3  

A equação (3.3) descreve o movimento harmônico livre.  

A solução para (3.3) pode ser obtida considerando o fato de ser uma equação diferencial 
ordinária de segunda ordem com coeficientes constantes. Assim propomos soluções do tipo 

                                                                3.4  

onde   é  um  parâmetro  a  ser  determinado,  impondo  que  a  solução  proposta  (3.4)  deve 
obedecer a (3.3). Segue deste fato que   obedece a seguinte equação indicial 

0                                                                  3.5  

Definindo 

                                                                3.6  

as soluções para (3.5) são 

,                                                             3.7  

onde   é a freqüência angular natural do sistema.  

Subistituindo (3.7) em (3.4) obtemos duas soluções particulares 

                                                                3.8  

De acordo com a teoria de soluções de equações diferenciais, a solução geral para (3.3) será a 
combinação linear das soluções particulares   e  , isto é, 

,                                        3.9  

 
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  87

Os  coeficientes    e    da  combinação  são  determinados  das  condições  iniciais  do  problema, 
isto é, 

0 ,      0                                     3.10  

Como    é  a  posição  da  partícula  em  relação  a  posição  de  equilíbrio,  uma  medida  de  tal 
quantidade deve resultar em um valor real. 

Supomos que   e   são quantidades complexas e que   é  complexo  conjugado  de  , 


isto é,  . As quantidades A e B podem ser escrita na forma polar 

                                                      3.11  

e  são quantidades reais, representando o módulo e a fase, respectivamente, do número 
complexo    no  plano  complexo.  Para  detalhes  sobre  a  teoria  de  números  complexos  veja 
Brown e Churchil (2006). 

Substituindo  o  resultado  (3.11)  na  equação  (3.9),  e  usando  a  identidade  de  Euler, 
cos sen  

cos .                                        3.12  

Exercício proposto 

Mostre o resultado (3.12) 

O  resultado  (3.12)  mostra  que  o  sistema  massa‐mola  apresenta  um  movimento 

oscilatório no tempo  com amplitude   e frequência angular  / , dada por (3.6). A 


descrição  do  movimento pode ser visualizada na Figura 3.2.  É  um movimento periódico  com 
período  2 / . 

 
Figura 3.2. Gráfico (a) da posição e (b) da velocidade de um movimento harmônico simples. 

 
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  88

Exercício Resolvido 3.1 

Escreva as equações de  movimento  para os sistemas massa‐mola mostrados na Figura 


3.3. Dos resultados obtidos, discutir a possibilidade de construção de um dispositivo com duas 

 
Figura 3.3. Associação de molas em (a) paralelo e (b) em serie 

molas de constantes elásticas   e   que oscile elasticamente com uma freqüência natural de 


oscilação  menor  do  que  a  dos  componentes.  Supor  em  todas  as  vezes  que  o  comprimento 
natural de ambas as molas coincidem. 

Solução 

No primeiro caso, o das molas em paralelo, a força total que atua sobre a massa será a 
soma das forças produzidas pelas duas molas, isto é, se o seu deslocamento  com relação  ao 
equilíbrio é   a força restauradora é 

A equação de movimento é 

ou 

e então a constante elástica equivalente é 

No segundo caso, as molas em série, a deformação estará relacionada com a força total 
, sendo   a constante elástica equivalente ao conjunto de molas. Como a força que 
age  em  cada  mola  é  a  mesma  que  a  tensão  de  uma  corda,  ou  seja  é  a  mesma  em  todos  os 
pontos, o deslocamento de cada uma das molas deve satisfazer a 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  89

então 

,                      

e como  

segue que 

1 1
 

portanto a constante elástica equivalente é 

1 1 1
 

e a equação de movimento é 

1

Suponha que a mola de maior constante elástica seja a mola de constante elástica igual 
a  , então 

Assim  a  constante  elástica  do  conjunto  é  menor  do  que  cada  uma  das  molas 
individualmente.  Como  a  freqüência  está  diretamente  relacionada  com  a  constante  elástica, 
temos um conjunto com duas molas com uma constante elástica efetiva que é menor do que 
cada uma das constantes elásticas individuais. 

Exercício Resolvido 3.2 

Determine a velocidade angular e período de oscilação de uma esfera sólida de massa   e raio 
 em torno de um ponto sobre sua superfície. Veja Figura 3‐4. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  90

 
FIGURA 3‐4 Exemplo 3.2. O pêndulo físico (esfera). 

Solução. 

Seja    a  inércia  rotacional  da  esfera  em  torno  do  ponto  de  pivô.  Em  física  elementar 
aprendemos que o valor da inércia rotacional em torno do eixo através do centro da esfera é 
2/5 . Se usarmos o teorema dos eixos paralelos, a inércia rotacional em torno do ponto de 
pivô  sobre  a  superfície  da  esfera  é  2/5 7/5 .  A  posição  de  equilíbrio  da 
esfera  ocorre  quando  o  centro  de  massa  (centro  da  esfera)  está  pendurado  diretamente 
abaixo  do  ponto  de  pivô.  A  força  gravitacional    puxa  a  esfera  de  volta  a  posição  de 
equilíbrio quando a esfera oscila para frente e para trás com ângulo  . O torque sobre a esfera 

é  ,  onde    é  a  aceleração  angular.  O  torque  é  também  ,  com 


sen sen .  Para  pequenas  oscilações,  temos  .  Temos  que 
 para a equação de movimento neste caso, porque quando   aumenta,   é negativo. 
Necessitamos resolver a equação de movimento para  . 

Esta equação é similar a Equação 3.5 e possui soluções para a freqüência angular e período das 
Equações 3.14 e 3.15, 

5
 
7 /5 7

7 /5 7
2 2 2  
5

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  91

Observe  que  a  massa    não  entra  na  expressão  do  calculo  da  freqüência  e  período. 
Apenas a distancia   ao centro de massa determina a freqüência de oscilação. 

A partir de (3.12) podemos calcular a velocidade  

sen                                           3.13  

e então a energia cinética 

1 1
sen                             3.14  
2 2

de onde segue, usando (3.6), 

1
sen                                                 3.15  
2

Assim a energia mecânica do sistema, que no caso é a energia total, pode ser calculada 
de (3.2), (3.12) e (3.15) 

1 1
             
2 2

1 1
sen     cos                      
2 2

1
cos sen                                 
2

1
                                                                                3.16  
2

O  resultado  (3.16)  mostra  que  a  energia  mecânica  ou  energia  total  do  sistema  massa‐
mola é conservada.  

O  resultado  (3.12)  pode  também  ser  obtido  usando  o  princípio  da  conservação  da 
energia, discutido acima. Usando (3.16) temos que 

1 1
                                          3.17  
2 2

Resolvendo (3.17) para   obtemos 

 
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  92

2 / /                            3.18  

Realizando  a  separação  de  variáveis  na  Equação  (3.18)  e  integrando  desde  0 até    , 
correspondendo às posições   e  , respectivamente, obtemos 

                             3.19  
2 / /

ou ainda  

                                        3.20  

O  sinal    ou  –  é  escolhido  das  condições  iniciais  do  problema.  Dependendo  do  momento 
escolhido, teremos o sinal + se a partícula estiver movendo‐se para a direita e – caso contrário. 

Fazendo a substituição trigonométrica em (3.19) 

/
2
cos                                                   3.21  

obtemos 

                                                          3.22  

/
Observe  que  2 / ,  pela  (3.16),  é  a  amplitude  do  movimento.  Assim  de  (3.21)  e 
(3.22) segue o resultado (3.12). 

Exercício proposto 

Desenvolva os detalhes que levam ao resultado (3.22). 

Exercício Resolvido 3.3 

Um  oscilador  harmônico  simples  consiste  de  uma  massa  de  100  g  presa  a  um  fio  cuja 
constante  de  força  é  10   dinas/cm.  A  massa  é  deslocada  em  3  cm  e  liberada  do  repouso. 
Calcule (a) a frequência natural   e o período  . (b) a energia total e (c) a velocidade máxima. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  93

Solução. 

(a) A freqüência de oscilação do oscilador harmônico é dada por  / 2 . Da Equação 3.6 
determinamos   e segue portanto que  

1 1 10 / 10
  1,6   
2 2 10 2

O período é, portanto 

1
0,63   

(b) A energia total do sistema é constante, uma vez que o sistema não possui forças de atrito. 
Assim 

1 1 1 1
10 3   4,5 10  
2 2 2 2

(c)  A  velocidade  máxima  é  atingida  quando  a  energia  total  do  oscilador  é  igual  a  energia 
cinética. Portanto, 

1
4,5 10    
2

Segue que 

2 4,5 10
30  /  
100

A  análise  de  movimentos  oscilatórios  pode  ser  facilitada  usando  o  diagrama  de  fases. 
Este pode é construído fazendo o gráfico da velocidade   em função do deslocamento  . 
A relação entre a posição   e   para o oscilador harmônico simples é dada pela Equação 
(3.16)  

                                                                3.23  

ou ainda 

                                                        3.24  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  94

A  equação  (3.24)  é  a  equação  de  uma  elipse  de  semi‐eixos   e  .A  Figura  3.5  mostra 
diagramas  de  fases  para  movimentos  harmônicos  simples  com  valores  distintos  da  energia 
total. Cada orbita elíptica na figura representa uma trajetória do sistema para um dado valor 
de energia. Orbitas com raios menores correspondem a valores de energia menores. 

 
Figura  3.5.  Diagrama  de  fase  de  um  oscilador  harmônico  simples  para  diversos  valores  de  energia 
totais  . 

3.3.Oscilações amortecidas 

Se  a  massa  da  Figura  3.1  é  colocada  em  um  meio  que  ofereça  resistência  ao  seu 
movimento e essa força de resistência é proporcional à velocidade, a equação de movimento, 
descrevendo o movimento do sistema, é dada por 

,                                                              3.25  

ou ainda, 

2 0,                                                         3.26  

onde  /   é  o  coeficiente  de  amortecimento  e  /   é  o  quadrado  da  frequência 


angular  para  o  movimento.  Novamente,  estamos  lidando  com  uma  equação  diferencial 
ordinária de coeficientes constantes e procuramos soluções do tipo 

                                                                3.27  

que substituído em (3.26) resulta na equação indicial 

2 0,                                                         3.28  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  95

cuja solução tem a forma 

                                                      3.29  

Obtemos assim soluções particulares 

                                                         3.30  

e dai a solução geral 

                                                3.31  

Observamos  que  a  solução  (3.31)  é  uma  função  que  representa  um  movimento  cuja 
amplitude  é  decrescente  com  o  tempo.  Devemos  destacar,  no  entanto,  a  existência  de  três 
regimes de movimento bem definidos: 

(i)   

(ii)   

(iii)   

No  caso  (i)  em  que    temos  o  regime  de  um  movimento  superamortecido.  A 
solução  tende  a  zero,  dependendo  das  condições  iniciais,  podendo  ser  negativo  para  um 
determinado intervalo de tempo.  

Definindo  

                                                                  

a (3.31) fica 

                                                3.32  

Veja na Figura 3.6 a ilustração do movimento com o tempo para o caso de um oscilador 
harmônico superamortecido. 

No caso (ii),  . Neste caso em que as raízes da equação indicial (3.28) são iguais 
(degeneradas), a solução geral será da forma 

                                                3.33  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  96

Neste  caso,  conhecido  como  movimento  amortecido  crítico,  a  solução  vai  à  zero  de  forma 
monotônica. Na Figura 3.6 é mostrado este comportamento, que pode ser comparado com o 
caso anterior. Observamos que no regime de amortecimento crítico o sistema se aproxima da 
origem de forma mais rápida, não apresentando a possibilidade de ultrapassar a origem e com 
isso ocorrer mudança de sinal em  . 

 
Figura  3.6.  Oscilador  amortecido  nos  casos  com  subamortecido  ( ),  amortecimento  crítico 
( )e superamortecido ( ). 

No caso (iii) em que  , definindo a quantidade  

,                                                        3.34  

a solução (3.31) toma a forma 

                                                3.35  

Tratando   e   como complexos conjugados um do outro, segue que 

cos ,                                                3.36  

A  Equação  (3.36)  representa  um  movimento  oscilatório  amortecido  com  amplitude 


inicial    e  “freqüência  de  oscilação”  .  Esta  freqüência  de  oscilação  não  significa  que  o 
movimento  seja  periódico.  Apenas  após  um  tempo  /   de  ter  passado  pela  origem,  o 
sistema novamente retorna a origem. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  97

O diagrama de fases é uma construção geométrica que consiste de pontos representado 
o estado de movimento ( , )do sistema. Nos fornece informações sobre os diversos tipos de 
movimento que um sistema pode desenvolver. 

A figura 3.7 mostra o diagrama de fases para o oscilador superamortecido para diversas 
condições  iniciais.  Observamos  que  para  a  condição  inicial  I  ( 0,  )  o 
sistema se afasta da origem, não direção de   crescente, ao mesmo tempo em que diminui a 
velocidade, atingindo o repouso e então retornando para a origem. Observações semelhantes  
são feitas para o movimento com as condições iniciais III ( 0,  ). O sistema 
se  aproxima  da  origem  e  se  afasta  da origem  na  direção  de    negativo,  atingindo  o  repouso 
retornando para a origem. Neste dois casos o sistema se aproxima da origem de maneira não 
monotônica. Já para as condições iniciais II em que  0, , o 
sistema aproxima‐se da origem de forma monotônica. 

 
Figura 3.7. Diagrama de fases para o oscilador harmônico superamortecido. 

Exercício Proposto 

Quais  as  condições  iniciais  tal  que  a  curva  traçada  pelo  oscilador  no  espaço  de  fase 
apresente uma oscilação 

Exercício Resolvido 3.4 

Considere  o  oscilador  do  Exercício  resolvido  3.3  movendo‐se,  agora,  em  um  meio 
resistente.  Após  oscilar  por  10  segundos,  a  amplitude  máxima  decresce  para  metade  do  seu 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  98

valor inicial. Calcule (a) o parâmetro de amortecimento  , (b) a freqüência   (compare com a 


freqüência do movimento sem amortecimento  ), (e) o decrescimento do movimento. 

Solução 

(a)  A  afirmação  de  que  em  um  determinado  tempo    a  amplitude  máxima 
decresceu para metade do valor inicial significa que 

1
 
2

ou 

1 ln 2
              
2

assim em  10   

0,69
  6,9 10    
10

(b) De acordo com a Equação (3.30), a frequência angular é 

onde, do Exercício resolvido 2.2,  10  / . Portanto 

1
10 6,9 10 10 1 6,9 10  
2

de modo que 

10
1 2,40 10    

que pode ser escrito como 

1  

onde 

2,40 10  

Ou seja,   é apenas ligeiramente diferente de  . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  99

A Figura 3.8 mostra o diagrama de fases para o oscilador criticamente amortecido: um 
pendulo colocado em um meio fluido cuja constante de amortecimento  . 

 
Figura 3.8 Diagrama de fase do oscilado harmônico criticamente amortecido. 

A  Figura  3.9  mostra  o  diagrama  de  fase  para  o  oscilador  harmônico  sub‐amortecido. 
Vemos  que  o  sistema  aproxima  de  zero  de  forma  oscilatório,  com  a  amplitude  máxima 
descrevendo uma envoltória com forma decrescente. 

 
Figura 3.9 (a) e (b) Diagramas de fases para diferentes regimes de amortecimento; (c) Variação 
temporal da posição   e velocidade   do oscilador subamortecido. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  100

Podemos  calcular  a  expressão  para  a  energia  total  do  sistema  em  cada  instante  de 
tempo, e então, calcular a taxa com que esta energia é dissipada nestes sistemas massa‐mola 
amortecidos. 

Vamos  considerar  o  caso  em  ,  onde  o  deslocamento  é  dado  por  (3.36)  e  a 


velocidade é 

cos sen ,                       3.37  

Assim a energia mecânica 

1 1
                                                               
2 2

1
cos sen                                   
2

1
cos                                                                       3.38  
2

ou ainda, usando o fato que  

                                                   3.39  

segue 

1
1 cos 2 2 sin 2 2               3.40  
2

O coeficiente no último termo em (3.40), considerando o fato que  , pode ser escrito 
como 

1               4.41  
2

e para  , a Equação (3.40) torna‐se 

1
1 sin 2 2                                   3.42  
2

Assim a taxa de variação da energia com o tempo é aproximadamente 

                                                          3.43  

O  gráfico  de  ,  dado  por  (3.38)  é  mostrado  na  Figura  3.10,  onde  vemos  um 
decrescimento oscilatório com o tempo. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  101

 
Figura 3.10. Gráfico da energia total   e de sua derivada temporal  /  em função do tempo. 

3.4. Oscilações amortecidas forçadas 

O  caso  mais  simples  de  oscilação  forçada  é  aquele  no  qual  uma  força  de  impulsão 
externa que varia de forma senoidal com o tempo é aplicada ao oscilador da Figura 3.1, em um 
meio que amortecimento o movimento. Assim a equação de movimento do sistema torna‐se 

2 cos ,                                                         3.44  

onde /  e   é a frequência de oscilação da força externa ou força de impulsão. 

A  frequência    é  chamada  de  frequência  natural  do  sistema,  dependendo  de 


propriedades  específicas  destes.  No  nosso  exemplo,  o  sistema  massa‐mola  mostrado  na 
Figuras 2.1, estas propriedades são a massa da partícula e a constante elástica da mola. 

A  Equação  (3.44)  é  uma  equação  diferencial  ordinária  de  segunda  ordem  não 
homogênea.  A  teoria  de  solução  de  equações  diferenciais  diz  que  a  solução  geral  para  este 
tipo  de  equação  é  composta  de  uma  componente  que  é  solução  da  equação  homogênea  e 
outra componente que é uma solução particular da equação não homogênea. Ou seja 

                                                  3.45  

O  método  de  determinação  da  componente  da  solução  homogênea  já  foi  discutida 
anteriormente. Agora nos preocupa como determinar a solução particular. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  102

Observando a física do problema concluímos que a resposta do sistema a ação da força 
impulsora  deve  ter  a  mesma  forma  da  força  impulsora,  isto  é,  deve  ser  oscilatória  com 
frequência  , apenas com uma diferença de fase   decorrente do tempo que o sistema leva 
para responder a ação da força, isto é, 

cos ,                                                        3.46   

  e    são  dois  parâmetros  a  serem  determinados  impondo  que    deve  satisfazer  à 


equação 3.44.  

Substituindo (3.46) em (3.44) obtém‐se 

cos 2 sen cos cos ,             3.47  

que usando as relações trigonométricas para a diferença entre ângulos 

cos cos cos sen sen                                      3.48  

sen cos sen sen cos                                      3.49  

resulta em 

cos 2 sen cos                                  

sen 2 cos sen 0                 3.50  

Agora considerando que cos  e sen  são funções linearmente independentes, (3.32) só 


pode ser satisfeita se os coeficientes forem nulos, isto é, 

cos 2 sen 0                               3.51  

sen 2 cos 0                                3.52  

Segue de (3.34) e (3.35) que 

2
tan                                                      3.53  

                                      3.54  
4

Exercício 

Deduza os resultados (3.53) e (3.54) partindo de (3.51) e (3.52). 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  103

A solução particular então toma a forma 

cos ,                        3.55  


4

com   dada por (3.53). 

A solução geral envolve um termo transiente  , que após um determinado intervalo 
de  tempo  suficientemente  longo,  torna‐se  desprezivelmente  pequeno.  Assim  o 
comportamento do movimento final do sistema é determinado pelo termo  . 

Observamos  que  amplitude  ,  em  (3.55),  depende  da  frequência  de  oscilação    da 
força impulsora, apresentando um máximo para algum valor de  , chamado de frequência de 
ressonância  da  amplitude    e  determinado  a  partir  da  derivada  de    como  mostrado  a 
seguir: 

0                                              3.56  

Efetuando a diferenciação obtemos 

2                                              3.57  

Vemos de (3.57) que a frequência de ressonância diminui à medida que o coeficiente de 
amortecimento  aumenta  e  que  não  corre  ressonância  se  /√2,  para  o  qual    é 
imaginário e   decresce monotonicamente com o aumento de  . 

O grau de amortecimento do sistema oscilatório pode ser descrito em termos do fator 
de qualidade  do sistema, definido como 

                                                3.58  
2

Para amortecimentos muito pequenos   será muito grande, diminuindo com o aumento 
de  .  A  Figura  3.11  mostra  as  curvas  de  ressonância  para  diversos  valores  do  fator  de 
qualidade. 

Os  resultados  obtidos  do  estudo  do  sistema  massa‐mola,  que  é  tratado  como  um 
sistema linear, pode ser facilmente estendido a outros sistemas como os sistemas mecânicos 
(pendulo de torção, pêndulo simples, corda ou membranas vibratórias e vibrações elásticas de 
barras ou placas), sistemas acústicos, sistemas atômicos e sistemas elétricos.  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  104

Como ilustração do que falamos acima, vamos estabelecer um paralelo entre o sistema 
massa‐mola da Figura 3.1, inserido em um meio com amortecimento e submetido a uma força 
impulsora, e o circuito elétrico RLC, mostrado na Figura 3.12. 

Aplicando a leis de Kirchoff aplicadas ao circuito RLC na Figura 3.12 resulta  

,                                                     3.59  

onde  é a corrente. 

 
Figura 3.11 Curvas de ressonância para vários valores do parâmetro de amortecimento  . No gráfico 
da esquerda temos o gráfico da amplitude de ressonância e a direita o gráfico da diferença de fase. 

Comparando  as  Equações  (2.26)  e  (2.41)  vemos  que  o  deslocamento    corresponde  a 


carga, o inverso da constante elástica corresponde a capacitância  , a massa   corresponde a 
indutância  , a força indutora   corresponde a fem e a velocidade da partícula corresponde 
a corrente elétrica   no circuito. 

Problema resolvido 3.4 

Um  oscilador  harmônico  amortecido  está  submetido  a  ação  de  uma  força  transiente 
 de forma que sua equação de movimento é 

2                                                3.60  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  105

Analisar o movimento supondo que  . 

Figura 3.12. Circuito RLC submetida a uma força eletromotriz alternada. 

Solução 

A solução homogênea da equação diferencial ( ) é dada pela Equação (3.29) 

                                                3.61  

onde 

                                                       3.62  

Como estamos tratando com um oscilador superamortecido então   é real e  

0.                                                          3.63  

A solução particular da Equação (2.43) deve ser da forma 

                                                    3.64  

Substituindo (3.64) em (3.44) obtemos 

2                                          3.65  

Segue de (3.65) que 

                                             3.66  
2

A solução geral para a Equação (3.44), quando  2 0 é 

.                      3.67  
2

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  106

Assim  quando  2 0  o  movimento  apresenta  mais  uma  componente  de 


amortecimento que será um transiente mais ou menos rápido dependendo de como seja   em 
relação a  . 

Problema resolvido 3.5 

Uma mola ideal de massa desprezível, constante de elástica   e comprimento natural   unida 


em  suas  extremidades  a  duas  massas  pontuais    e    se  encontram  suspensas  no  teto  pelo 
extremo de massa  . Em  0 se solta a mola, analise o movimento resultante. 

Solução 

 
Figura 3.13 

Na configuração inicial o alongamento da mola é dado, considerando a situação de equilíbrio, 
por 

                                                           3.68  

Denotando  por    e    as  distancias  ao  ponto  de  suspensão  inicial  ,  situado  no  teto,  das 
massas    e  ,  respectivamente.  Aplicando  a  segunda  lei  de  Newton  obtemos  de  maneira 
imediata que 

                            3.69  

                            3.70  

Somando (2.52) e (2.53) obtemos 

                               3.71  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  107

que ainda pode ser escrito como 

                                   3.72  

Vemos de (3.54) que o centro de massa 

                                                 3.73  

se  move  em  queda  livre.  Como  inicialmente  0 0 0  e  0 0,  0 ,  então 


0 /  e  0 0. 

Integrando duas vezes a equação de movimento para o centro de massa obtemos 

                                          3.74  
2

De  forma  análoga  podemos  determinar    e    tomando  a  diferença  entre  as  equações 
(3.52) e (3.53): 

                     3.75  

Definindo 

                                                   3.76  

a Equação (3.58) torna‐se 

                         3.77    

Definindo  

                                               3.78  

obtemos 

                                               3.79    

que é a equação de um movimento harmônico simples. Das condições iniciais  0 0 e 
0  determinamos que  0  e  0 0 0 0. Da Equação (3.51) 
segue‐se que 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  108

0                                             3.80  

A solução da Equação (3.62), com as condições iniciais (3.63) e  0 0 é da forma 

cos                                          3.81  

Usando o resultado para o movimento do centro de massa (3.57)e a oscilação em torno do 
mesmo (3.63) podemos calcular as posições extremas 

                 3.82  
2

cos                        3.83  

Segue destas equações que as massas   e   se movimentam de acordo com a equação 


horária, tomando como referencia a origem   no teto 

1 cos                         3.84  


2

1 cos                         3.85  


2

A massa   apresenta um deslocamento que é sempre maior ou igual que seu deslocamento 
livre, enquanto que para a massa   ocorre o oposto. 

3.5. Princípio da Superposição 

Uma  propriedade  importante  do  oscilador  harmônico  é  que  seu  movimento  , 


quando sujeito a uma força aplicada   que pode ser considerada como a soma de duas ou 
mais  outras  forças  ,  , ,  é  a  soma  dos  movimentos  ,  ,  ,  que  teria  se 
cada das forças agissem separadamente. Este princípio, chamado o princípio da superposição, 
aplica‐se  a  pequenas  vibrações  mecânicas,  vibrações  elétricas,  ondas  sonoras,  ondas 
eletromagnéticas, e todos os fenômenos físicos governados por equações diferenciais lineares.  

Assim considere um conjunto de funções  

              1, 2, 3,                                                  3.86  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  109

que são soluções das equações 

,                                         3.87  

                                                        3.88  

Podemos mostrar que  

                                                        3.89  

satisfaz a equação 

                                                   3.90  

De fato 

                     

                             

                                                                           3.91  

Este  resultado  nos  permite  determinar  a  solução  da  Equação  (3.72)  desde  que  a  força 
  possa  ser  expressa  como  uma  soma  de  forças  t   para  a  qual  as  soluções 
correspondentes das equações (3.69) podem ser determinadas. 

Exercício resolvido 3.6 

Considere a situação em que a força na Equação (3.70) pode ser escrita como uma soma de 
termos com oscilações senoidais da forma 

cos .                                          3.92  

Determine uma solução para a Equação (3.72) nestas condições. 

Solução 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  110

Da Equação (3.71) e (3.37) segue que uma solução particular para (3.72) é 

1
/
sen                     3.93  
4

onde 

tan                                                3.94  


2

A solução geral é então, considerando a situação em  , 

1
cos /
sen          3.95  
4

onde   e   são determinados das condições iniciais. 

Uma aplicação importante deste problema é aquele de uma força periódica  , isto é, 
uma força tal que 

                                                         3.96  

onde    é  o  período  da  força.  A  Força  em  (3.95)  pode  ser  representada  por  uma  série  de 
Fourier. 

3.6. Considerações finais 

Considerações  adicionais  podem  ser  feitas  considerando  o  regime  não  linear.  Neste 
domínio  novos  fenômenos  podem  aparecer,  como  é  o  caso  dos  regimes  caóticos.  A  análise 
utilizada neste capítulo, visualização de series temporais e diagramas de fases podem ainda ser 
usada.  Entretanto  outros  instrumentos  de  analise  precisam  ser  construídos.  O  mapa  de 
Poincaré,  o  calculo  do  expoente  de  Lyapunov  e  o  calculo  da  dimensão  fractal  são  os 
instrumentos  que  precisam  ser  construídos  a  fim  de  caracterizar  adequadamente  tais 
sistemas.  

Uma  novidade  que  surge  quando  tratamos  com  sistemas  lineares  é  o  manuseio  de 
equações diferenciais não lineares. Para estas equações os métodos analíticos simples usados 
neste  capitulo  não  se  aplicam.  Na  maioria  dos  casos  o  tratamento  usado  é  a  resolução 
numérica de tais equações. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  111

3.7. Problemas 

3.1. Duas massas  100   e  200  deslizam livremente em um trilho horizontal sem 


atrito  e  estão  conectadas  por  uma  mola  cuja  constante  de  força  é  0,5  / . 
Determine a freqüência do movimento oscilatório para este sistema. 

3.2.  Um  corpo  de  área  seccional  reta  uniforme  1    e  densidade  de  massa 
0,2  / flutua em um liquido de densidade  1  /  e em equilíbrio desloca um 
volume  0,8  . Mostre que o período de pequenas oscilações em torno da posição 
de equilíbrio é dado por 

2 /  

onde  é a intensidade do campo gravitacional. Determine o valor de  . 

3‐3. Uma partícula de massa   está em repouso na extremidade de uma mola (constante de 
força  ) pendendo de um suporte fixo. Em  0, uma força constante dirigida para baixo 
 é aplicada à massa e age por um tempo  . Mostre que, após a força ser removida, o 
deslocamento da massa da posição de equilíbrio ( , onde   é positivo para baixo) é 

cos cos  

onde / . 

3‐4.  Se  a  amplitude  de  um  oscilador  amortecido  decresce  a  1/   de  seu  valor  inicial  após   
períodos,  mostre  que  a  freqüência  do  oscilador  deve  ser  aproximadamente  1
8  vezes a freqüência do correspondente oscilador não amortecido. 

3‐5.  Sejam    e    a  posição  inicial  e  velocidade  inicial,  respectivamente,  de  um  oscilador 
superamortecido, não forçado. 

(a) Mostre que os valores das amplitudes   e   a Equação 3.44 possui os valores 

           

onde  
 
 

(b) Mostre que quando  0, os caminhos de fase da Figura 3‐11 devem estar ao longo 
das curvas tracejadas dadas por  , caso contrario os caminhos assintóticos estão 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  112

ao longo da outra curva tracejada dada por  . Sugestão: Observe que   e 


determine os caminhos assintóticos quando  ∞. 

3.6.  Para  melhor  entender  o  movimento  subamortecido,  use  um  computador  para  traçar  o 
gráfico de  da Equação 3.40 (com  1  ) e suas duas componentes  e cos  
e compare (com  0) no mesmo gráfico como na Figura 3‐6. Faça  1  /  e faça 
gráficos  separados  para  / 0,1, 0,5,  0,9  e  para    em radianos 0, /2, e  . 
Coloque  apenas  um  valor  de    e    em  cada  gráfico  (isto  é,  nove  gráficos).  Discuta  os 
resultados. 

3.7. Para  0,2  , produza gráficos no computador como aqueles mostrados na Figura 3‐


15  para  um  oscilador  forçado,  amortecido  onde  ,  ,  e  a  soma    são 
mostrados. Faça  1  /  e  1  . Faça isto para valores de  /  de 1/9, 1/3, 
1.1,  3,  e  6.  Para  a  solução    (Equação  3.40),  o  ângulo  de  fase  0  e  a  amplitude 
1  .  Para  a  solução    (Equação  3.60),  seja  1 /   mas  calcule  .  O  que 
você observa a respeito das amplitudes relativas das duas soluções quando   aumenta? 
Porque  isto  ocorre?  Para  / 6,  seja  20 /   para    e  produza  o  gráfico 
novamente. 

3.8. Para os valores de  1 ,  1  / , e  1  , produza os gráficos como aqueles 


mostrados na Figura 3‐15 para o oscilador amortecido forçado senoidalmente onde  , 
,  e  a  soma    são  mostrados.  Faça  isto  para  valores  de  /   iguais  a  1/9,  1/3, 
1.1, 3, e 6. Para a solução criticamente amortecida a solução  da Equação 3.43, faça 
1  e  1 / . Para a solução   da Equação 3.60, faça  1 /  e calcule 
.  O  que  você  observa  a  respeito  das  amplitudes  relativas  das  duas  soluções  quando   
aumenta? Porque isto ocorre? Para  / 6, seja  20 /  para   e produza o 
gráfico novamente. 

   

 
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  113

UNIDADE III 
 

Forças Centrais 
 

RESUMO 
 

Nesta  unidade  apresentaremos  o  importante  conceito  de  força  central.  Este  tipo  de 
força está presente nos movimentos dos planetas, de partículas carregadas. Discutiremos que 
este  tipo  de  força,  aliado ao  fato  desta  força  ser  inversamente  proporcional  ao  quadrado  da 
distancia,  leva  diretamente  às  leis  de  Kepler  para  o  movimento  planetário.  As  questões 
relacionadas a interações eletrostáticas, importantes para uma compreensão dos constituintes 
microscópicos da matéria, não são tratadas nesta apostilha. 

 
   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  114

SUMÁRIO DE UNIDADE
 

 
UNIDADE III   

4 Movimento de Uma Partícula Sob a Ação de Uma Força Central   
4.1. Introdução   
4.2. Problema de dois corpos   
4.3. Equações de movimento   
4.4. Órbitas em um campo de força central   
4.5. Potenciais efetivos   
4.6. Forças inversamente proporcional ao quadrado da distância   
4.7. Movimento planetário – Leis de Kepler   
4.8. Problemas   
   
   

 
   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  115

Capítulo 4. Movimento de uma partícula sob a ação de uma força 
central 
 

4.1. Introdução 

O movimento de um sistema formado por dois corpos sob a ação de uma força dirigida 
ao longo da linha passando pelos centros dos dois corpos constitui um problema que pode ser 
resolvido  exatamente.  Por  essa  razão  o  movimento  deste  tipo  de  sistema,  conhecido  como 
movimento sob a ação de uma força central é muito importante em Física. Exemplos de tais 
sistemas  que  são  regidos  por  este  tipo  de  força  são  os  sistemas  planetários  e  as  interações 
nucleares. 

Em  um  sistema  de  coordenadas  esféricas,  com    como  a  origem,  uma  força  central 
pode ser escrita como 

̂                                                                      4.1  

Fisicamente  tal  força  representa  em  relação  à  origem  ,  uma  força  de  atração  se 
0 ou uma força de repulsão se  0. Na maioria dos casos em que duas partículas 
interagem uma com a outra, a força entre elas é uma força central. Exemplo de forças centrais 
atrativas  são  a  força  sobre  um  planeta  devido  ao  sol  ou  a  atração  elétrica  agindo  sobre  os 
elétrons devido ao núcleo de um átomo. A força entre uma partícula alfa e um próton e outro 
núcleo é exemplo de uma força central repulsiva. 

As  forças  centrais  estudadas  neste  capítulo  são  forças  que  variam  com  o  inverso  do 
quadrado da distância, que nos sistemas planetários (atrativos) levam a orbitas elípticas e em 
alguns sistemas atômicos 

4.2. Problema de dois corpos 

A descrição de um sistema formado  por duas partículas requer a especificação de seis 
quantidades,  por  exemplo,  as  três  componentes  de  cada  um  dos  dois  vetores    e    das 
partículas.  Podemos  também  descrever  o  sistema  escolhendo  as  três  componentes  do  vetor 
que localiza o centro de massa, definido como 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  116

                                                  4.2  

e as três componentes do vetor 

                                                   4.3  

que  são  as  coordenadas  relativas.  Na  Figura  4.1  são  mostradas  as  coordenadas  de  cada 
partícula, bem como as coordenadas relativas e do centro de massa. 

 
Figura  4.1.  Descrição  da  posição  das  duas  partículas  (a)  em  relação  a  origem  de  um  sistema  de 
coordenadas arbitrário e (b) em relação ao centro de massa (CM). Os vetores posição  , 
, o vetor centro de massa é  , e o vetor relativo  . 

Das Equações (4.2) e (4.3), podemos escrever as coordenadas das partículas individuais 
 e   em termos das coordenadas relativas e do centro de massa. Assim 

                                                     4.4  

                                                     4.5  

onde  , é a massa total do sistema. 

Vamos  considerar  sistemas  conservativos  e  para  os  quais  a  energia  potencial  é  função 
apenas de  | |, o modulo da distancia entre as partículas. Assim a energia total   do 
sistema tem a forma 

| |                                                           

1
| |                  4.6  
2

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  117

Substituindo as derivadas de (4.4) e (4.5) em (4.6) obtemos 

1 1
                              
2 2

1 1
                                                                 4.7  
2 2

onde 

                                                              4.8  

é a massa reduzida do sistema. 

Comparando  as  Equações  (4.6)  e  (4.7)  observamos  que  a  mudança  das  coordenadas 

individuais  das  partículas,    e  ,  para  as  coordenadas  relativas    e  do  centro  de  massa  , 
transformou o problema de dois corpos em dois problemas de um corpo, para o qual sabemos 
que é possível uma solução exata.  

Observamos que a Equação (4.7) pode ser interpretada como formada por dois termos 
independentes. O primeiro sendo a energia cinética de uma partícula de massa M que se move 

livremente com velocidade   e o segundo a energia de uma partícula de massa   que se move 

com velocidade   na presença de um potencial U(r). 

Na ausência de forças externas o movimento do sistema será um movimento uniforme. 
Assim  sem  perda  de  generalidade  podemos  tomar  o  centro  de  massa  como  a  origem  do 
sistema de coordenadas e neste caso a Equação (3.7) torna‐se 

1
                                                      4.9  
2

O teorema do momento angular momento no diz que para uma força central o torque é 
nulo, isto é, 

̂ 0.                                 4.10  

Este  resultado  nos  informa  que  o  momento  angular  é  conservado  e,  portanto,  a 
trajetória descrita pela partícula está contida totalmente num plano determinado. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  118

Assim  a  descrição  do  movimento  pode  ser  feita  totalmente  fornecendo  apenas  duas 
coordenadas.  Devido  à  simetria  radial  do  problema  (veja  a  Equação  (4.1)),  escolheremos  as 
coordenadas polares planas  ,  . 

Problema  proposto  Considerando  condições  iniciais  especiais,  mostre  que  o  movimento  de 
uma partícula sob a ação de uma força central se dá em um plano. 

Problema Resolvido 4.1 

Mostre  que  o  problema  de  dois  corpos  movendo‐se  em  um  campo  gravitacional  uniforme 
pode ser reduzido a dois problemas de um corpo, a exemplo do que foi feito acima. 

Solução 

Em um campo gravitacional uniforme,  a aceleração  gravitacional  é constante  em toda parte. 


Suponha  que  o  vetor  campo  gravitacional  está  na  direção  ;  então  as  massas    e   
possuem energias potencial  

onde  , ,   e  onde    é  a  aceleração  gravitacional  constante.  Portanto, 

introduzindo a coordenada relativa   e o centro de massa   de acordo com (4.2) e (4.3) 

podemos expressar   e   em termos de   e  , como em (4.4) e (4.5) 

                                                     4.11  

                                                     4.12  

A energia cinética no sistema de coordenadas arbitrário é dada, como na Equação (4.6), por 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  119

1
 
2

1 1
 
2 2

como já foi mostrado acima. A energia potencial, agora, é dada por 

| |  

onde 

Das relações (4.4) e (4.5) tornam‐se 

Assim a energia total pode ser escrita como 

1 1
 
2 2

que  rearranjado  separa‐se  em  um  termo  envolvendo  apenas  parâmetros  associados  ao 
movimento  do  centro  de  massa  e  um  termo  envolvendo  variáveis  associadas  ao  movimento 
relativo: 

1 1
 
2 2

A equação acima mostra que o problema de dois em um campo de força constante pode ser 
resolvido  em  dois  problemas  de  um  corpo:  uma  partícula  de  massa    tem  seu  movimento 
descrito por uma equação de movimento que é independente da equação de movimento da 
partícula de massa  . 

4.3. Equações de movimento 

Considerando  a  partícula  de  massa    que  descreve  uma  trajetória  num  plano  está 
localizada pelo vetor  

̂                                                            4.13  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  120

em relação a origem  , como ilustrado na Figura 4.2.  

A velocidade da partícula é obtida derivando (4.10) com relação ao tempo, 

̂
̂                                                                          

  ̂                                                             4.14  

A aceleração associado ao movimento da partícula é obtida derivando (4.11) com relação ao 
tempo, 

̂
̂                                              

̂ ̂                                         

̂ 2                                           4.15  

Aplicando  a  segunda  lei  de  Newton,  com  a  resultante  das  forças  sendo  da  forma  (4.1), 
chegamos as seguintes equações de movimento 

                                                   4.16  

2 0                                                          4.17  

Figura  4.2.  Trajetória  da  partícula  no  plano  ,  mostrando  a  representação  do  ponto  em 
coordenadas  polares  , ,  bem  como  os  vetores  unitários  no  sistema  de 
coordenadas cartesianas   e em coordenadas polares  ̂ ,  ̂ . 

Multiplicando a (4.14) por   novamente obtemos o resultado expresso em (4.9), ou seja, 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  121

2 0                               4.18  

onde 

                                          4.19  

A constante   é calculada das condições iniciais. 

Como a força é conservativa, a energia total do sistema é constante, isto é, 

1 1
                        4.20  
2 2

Usando a Equação (4.16) para eliminar   na Equação (4.17) ficamos com 

1
                                         4.21  
2 2

Podemos resolver (4.18) para   

/
2
                                   4.22  
2

Fazendo separação de variáveis e integrando desde  0 (correspondendo a  ) até   


(correspondendo a  ) tem‐se 

2
/
                                    4.23  

O  cálculo  da  integral  em  (4.20)  fornece  ,  que  substituído  em  (4.16)  e  integrada 
desde instante  0 até o instante   fornece  : 

                                                 4.24  

Obtemos  assim  a  solução  das  equações  de  movimento  (4.13)e  4.14  em  termos  das  quatro 
constantes  ,  ,   e  , que podem calculadas quando posição e velocidade iniciais no plano 
são dadas. 

Apesar de termos reduzido o problema ao cálculo formal de uma integral, a solução real 
somente  poderá  ser  obtida  para  algumas  formas  específicas  da  lei  de  força.  Se  a  força  é 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  122

proporcional a alguma potencia da distancia radial,  , a solução poderá ser expressa 
em termos de integrais elípticas para alguns valores inteiros e fracionários de  . Somente para 
1, 2  e  3,  as  soluções  podem  ser  expressas  em  termos  de  funções  circulares  (senos  e 
co‐senos). O caso  1 é o caso do oscilador harmônico e o caso  2 é a lei de força do 
inverso do quadrado da distancia, presente nas interações gravitacionais e eletromagnéticas. 

4.4. Órbitas em um campo de força central 

A integral em (4.15) às vezes é difícil de ser executada a fim de obter  . Às vezes é 
mais fácil determinar a trajetória da partícula no espaço em vez de determinar seu movimento 
em função do tempo. A trajetória da partícula no espaço é descrita por  . Consideremos a 
seguinte mudança de variável na Equação de movimento (4.13)  

1 1
,                                                                  4.25  

De (4.25) temos, usando regra da cadeia e o resultado (4.16) 

1
 

,                                                                                                4.26  

                                                       

                                                                            

Finalmente 

                                                                               4.27    

Substituindo (4.27) em (4.13) obtemos 

1 1
                                          

ou ainda 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  123

1
                                                  4.28  

A Equação (4.28) é uma equação diferencial para o caminho ou orbita em termos de  . Esta 
Equação é particularmente útil se desejarmos encontrar a lei de força que fornece uma orbita 
particular conhecida  . 

Problema resolvido 4.2 

Considere  o  movimento  de  uma  partícula  em  um  campo  de  força  central  descrevendo  uma 
órbita espiral logarítmica da forma  , onde   e   são constantes. (a) Determine a lei 
de força associada a este movimento. (b) Determine   e  . (c) Determine a energia total 
da órbita. 

Solução 

(a) Utilizamos a Equação (4.28) para determinar a lei da força  .  

1
                                         4.29  

1
                                                           4.30  

Substituindo (4.25) e (4.30) em (4.28) ficamos com 

1
                                                   4.31  

ou seja, 

1                                                   4.32  

Esta é uma lei de força que varia com o inverso do cubo da distancia. 

(b) Agora determinando   e  . Da Equação (4.16) temos que 

                                             4.33  

Procedendo com a separação de variáveis na Equação (4.33) ficamos com 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  124

                                                    4.34  

Integrando (4.34) obtém‐se 

2
                                                  4.35  

é uma constante de integração. Tomando o logaritmo da Equação (4.35) e resolvendo para   
obtém‐se 

1 2
ln                                        4.36  
2

De (4.36) e (4.33) tiramos que 

2
                                   4.37  

Portanto 

/
2
                                   4.38  

As constantes de integração   e   são determinadas das condições iniciais. 

(c) A energia é determinada da Equação (4.18) 

1
                                         4.39  
2 2

Da lei de força determinamos   

1 1
                                         

1 1
                                                             4.40  
 

De (4.16) tiramos que  

1 1
                                                      3.41  

E usando regra da cadeia para   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  125

                                                4.42  

Substituindo (4.40) e (4.42) em (4.39) obtemos 

1 1 1
                                         4.43  
2 2  

ou ainda 

1 1
0                                         4.44  
2 2  

A energia total da orbita é zero. 

4.5. Potenciais efetivos 

Mesmo para os casos em soluções para as Equações (4.20), (4.21) e (4.28) são difíceis de 
obter, ainda podemos obter informações qualitativas a respeito do movimento em   através 
da  quantidade  chamada  o  potencial  efetivo,  determinado  a  partir  da  componente  radial  da 
equação de movimento. 

Resolvendo (4.16) para   e substituindo em (4.13) obtemos 

                                                      4.45  

ou ainda, 

                                                     4.46  

Esta  equação  tem  exatamente  a  forma  de  uma  equação  de  movimento  em  uma  dimensão 
para uma partícula sujeita a uma força real   mais uma força centrífuga  / . Integrando 
o lado direito de (3.46) em   obtemos  

                                     

                                              4.47  
2

Podemos resolver a Equação (4.18) para   obtendo a Equação (4.19) 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  126

/
2
                                   4.48  
2

Observe de (4.48) que a partícula só pode ser encontrada para valores de   tais que  

0.                                           4.49  
2

Isto é, os valores de   são tais que 

                                           4.50  
2

A igualdade em (4.49) ou (4.50) equivale àqueles valores de   nos quais a partícula está 
em repouso, isto é,para os quais  0, enquanto a desigualdade vale para aqueles valores de 
0.  Assim,  conhecido  o  potencial    podemos  traçar  o  gráfico  do  potencial  efetivo 
  e  então  determinar  a  região  do  espaço,  com  as  raízes  da  igualdade  em  (4.49) 
determinando  os  pontos  de  retorno  (locais  onde  a  partícula  encontra‐se  em  repouso)  do 
movimento da partícula. 

Para ilustrar o que foi dito acima consideremos o potencial efetivo para a lei de força do 
inverso  do  quadrado  da  distancia  para  a  qual  temos  o  potencial  / .  O  gráfico  do 
potencial efetivo   é mostrado na Figura 4.3. 

 
Figura 4.3. Potencial efetivo para o potencial associado a força atrativa que varia com o inverso do 
quadrado da distancia. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  127

Assim para uma partícula com energia   a partícula uma órbita circular de raio  , 
único  valor  permitido  para    pela  Equação  (4.49)  ou  (4.50).  Já  para  uma  partícula  cujo 
movimento  possui  energia  total  ,  esta  pode  ser  encontrada  para  valores  de    tal  que 
. Estes são casos em que as orbitas são limitadas, em que as partículas descrevem 
movimentos oscilatórios. 

Finalmente  o  caso  em  que  0,  em  que  a  partícula  pode  ser  encontrada  em 
qualquer região tal que  . Uma partícula se deslocando em direção da origem, vinda  ∞, 
se aproxima da origem até  , onde atinge o repouso e depois retorna ao ponto de onde 
partiu. Este é o caso de uma orbita ilimitada. 

Vemos,  portanto  que  as  orbitas  ou  caminhos  descritos  pelas  partículas  no  plano  são 
curvas  limitadas  em  distancia  da  origem,  como  ilustrado  na  Figura  4.4,  com  um  movimento 
oscilatório  entre  um  raio  máximo  e  um  raio  mínimo.  Estas  orbitas  podem  ser  fechadas  ou 
abertas, dependendo da forma da lei de força. Mais detalhes sobre estes aspectos podem ser 
encontrados nos livros de Thornton e Marion (2004) ou Goldstein e Safko (2000). 

Figura 4.4. Movimento orbital para mais de um ciclo, ilustrando a existência de um raio mínimo   
e um raio máximo  , bem como a precessão da orbita. 

4.6. Forças inversamente proporcional ao quadrado da distancia 

Um dos problemas mais importantes é aquele de uma massa movendo‐se sob a ação de 
uma força central inversamente proporcional ao quadrado da distancia do centro: 

̂                                                              4.51  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  128

para a qual a energia potencial é 

                                                             4.52  

Para problemas envolvendo interação gravitacional entre duas massas   e   a constante   


é dada por 

                        6,67 10                          4.53  

Em problemas envolvendo força eletrostática entre duas cargas   e   a constante   é dada 


por 

6,67 10                   4.54  

A força eletrostática é repulsiva quando   e   possuem o mesmo sinal e atrativa quando   e 


 possuem sinais contrários. 

Assim  vamos  considerar  a  solução  do  problema  do  movimento  de  uma  partícula 
submetida a uma força central que varia com o inverso do quadrado da distancia, conforme a 
Equação (4.51). Adotaremos a abordagem da determinação da orbita usando a Equação (4.28) 

                                                  4.55  

ou seja, 

                                                    4.56  

A Equação (4.56) é uma equação diferencial linear de segunda ordem não homogênea 
com coeficientes constantes. A solução da equação homogênea associada é da forma 

cos                                                    4.57  

e   são  constantes  arbitrárias  determinadas  das  condições  iniciais.  Uma  solução  particular 
da equação não homogênea é 

                                                           4.58  

A solução geral da Equação (3.56) é 

1
cos                                        4.59  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  129

Esta é a equação de uma seção cônica (elipse, parábola ou hipérbole) com foco em  0. A 
constante   determina a orientação da orbita no plano. A constante  , determina os pontos 
de retorno do movimento em  , que são dados por 

1
,                                                 4.60  

1
.                                                  4.61  

Para um dado valor da energia total  , os pontos de retorno são soluções da equação 

                                        4.62  
2

As soluções são 

/
1 2
                         4.63  

/
1 2
                         4.64  

Estabelecendo  comparação  entre  os  conjuntos  de  Equações  (4.60)  e  (4.61)  e  (4.63)  e  (4.64) 
podemos determinar o valor de A em termos da energia e momento angular,  

2
.                                         4.65  

A órbita agora pode ser determinada das condições iniciais. 

Vamos  fazer  uma  breve  revisão  da  geometria  das  cônicas,  enfatizando  as  principais 
relações e definições associadas a estas figuras geométricas. 

A elipse é definida como a curva traçada por uma partícula movendo‐se de modo que a 
soma  de  suas  distancias  de  dois  pontos  fixos    e    é  constante.  Os  pontos      e    são 
chamados os focos da elipse. Usando a notação indicada na Figura (4.5), temos 

2 ,                                                           4.66  

onde  é metade da maior distancia (eixo maior) da elipse. Em termos de coordenadas polares 
com o centro no foco  , a lei de cossenos fornece 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  130

4 4 cos                                       4.67  

é chamada a excentricidade da elipse. 

 
Figura 4.5. Geometria da elipse. 

Das Equações (4.66) e (4.67) determinamos que 

1
.                                                    4.68  
1 cos

O semi‐eixo menor   da elipse é dado por 

/
1                                                      4.69  

A área da elipse é dada por 

                                                                4.70  

A hipérbole é definida como a curva traçada por um partícula movendo‐se de modo que 
a  diferença  de  suas  distancias  aos  pontos  fixos    e    é  constante.  Veja  a  Figura  4.6  para 
detalhamento da geometria da hipérbole. A hipérbole possui dois ramos definidos por 

2                                                  4.71  

2                   .                           4.72  

A equação da hipérbole em coordenadas polares é da forma 

1
.                                                    4.73  
1 cos

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  131

 
 

Figura 4.6. A geometria da hipérbole. 

O sinal   refere‐se ao ramo   e o sinal – ao ramo  .As assíntotas (linhas tracejadas na Figura 


4.6),  fazem  um  ângulo    com  os  eixos  que  passam  pelos  focos.  é  o  valor  que  o  ângulo   
assume fazendo  ∞: 

1
cos                                                         4.74  

A parábola é a curva traçada por uma partícula movendo‐se de modo que sua distância 
de um ponto fixo   (a diretriz) é igual à distância de um foco fixo  . Da Figura 4.7 deduzimos 
que 

                                                       4.75  
1 cos

onde  é a distância do foco   a diretriz  . 

 
Figura 4.7. Geometria da parábola 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  132

Todas as três seções cônicas, discutidas acima, tem equações da forma 

1
cos                                                      4.76  

onde  é o ângulo entre o eixo   e a linha da origem ao periélio (ponto de maior aproximação 


da curva da origem). O parametro  é positivo, e   e   são dados como segue: 

, elipse, 

1
,                 ;                              4.77  
1 1

, parábola, 

1 1
,                  ;                                                 4.78  

0 , hipérbole, ramo  , 

1
,                 ;                              4.79  
1 1

0, hipérbole, ramo  , 

1
,                 ;                            4.80  
1 1

Em todos os três casos (elipse, hipérbole e parábola) 

.                                                                  4.81  
| |

Para uma elipse ou hipérbole 

.                                                 4.82  

Comparando (4.59) e (4.76) determinamos que 

                                                              4.83  

/
2
                                            4.84  

Segue das equações (4.81) (4.83) e (4.84) que a excentricidade da orbita é dada por 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  133

/
2
1                                               4.85  

De onde segue que para uma força atrativa ( 0), a órbita pode ser uma elipse, parábola ou 
hipérbole, dependendo se  0,  0 ou  0. Para uma força repulsiva ( 0), a energia 
total   deve ser positiva e a orbita é uma hipérbole. 

Para órbitas elípticas ou hiperbólicas 

                                                   4.86  
2

Da  Equação  (4.63)  podemos  determinar  os  pontos  de  retorno    e    como  os  zeros  desta 
equação: 

/
                              4.87  
2 2 2

/
                              4.88  
2 2 2

Para uma elipse os raios máximo e mínimo são dados por 

1                                                  4.89  

1                                                  4.90  

e para uma hipérbole os raios mínimos são 

1                                     4.91  

1                                     4.92  

Vemos  que  podemos  determinar  os  parâmetros  relevantes  para  a  caracterização  de 
uma  orbita,  conhecida  como  elipse  ou  hipérbole,  diretamente  da  equação  que  segue  da 
conservação da energia, sem a necessidade de resolver a equação de orbita. 

A Figura 4.8 mostra um comparativo entre as geometrias das cônicas. 

Problema Resolvido 4.3 

Uma  partícula  move‐se  em  uma  orbita  circular  em  um  campo  de  força  dado  por 
   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  134

 
 

Figura 4.8 comparativo entre as diversas cônicas 

Mostre que, se   for subitamente reduzido para a metade de seu valor original, a orbita 
da partícula torna‐se parabólica. 

Solução 

Quando  /2, a energia potencial decresce para a metade do seu valor original, mas 
a energia cinética permanecerá a mesma. Uma vez que a orbita original é circular, os valores 
instantâneos de   e   serão iguais aos valores médios,   e  . Para uma força do tipo 1/
,o teorema do virial afirma que 

1
 
2

Dai, 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  135

1 1
 
2 2

Agora,  considere  o  diagrama  de  energia,  Figura  4.3,  onde    é  a  energia  total  original, 
  é  a  energia  potencial 
original  e    é  a  energia 
centrifuga original.  

O  ponto  B  é  obtido  de 


.  De  acordo  com  o 
teorema  do  virial,  /2  ou 
/2. Portanto,  

   
Exercício Resolvido 4.3 
Dai,  se    é  subitamente 
reduzido  a  metade,  a  energia  total 
é elevada de   por uma quantidade igual a  /2 ou por  . Assim, a energia total é elevada 
do  ponto    para    no  diagrama,  isto  é,  0  e  a  orbita  é  parabólica,  porque  de 
acordo com a Equação (4.85) neste caso  1. 

4.7 Movimento planetário – Leis de Kepler 

A  partir  de  dados  compilados  de  observações  astronômicas  por  TychoBrahe,  Kepler 
anunciou as três leis seguintes: 

1. Os planetas movem‐se em elipses com o sol em um dos focos. 

2.  O  vetor  que  localiza  o  planeta  em  relação  a  origem  varre  áreas  iguais  em  tempos 
iguais. 

3. O quadrado do período de revolução é proporcional ao cubo do semi‐eixo maior. 

A segunda destas afirmações é uma consequência da conservação do momento angular (4.16). 
De  fato,  para  um  movimento  acontecendo  num  plano,  caso  de  movimentos  sob  a  ação  de 
forças centrais, como ilustrado na Figura 4.8, vemos que a área varrida pelo segmento de reta 
ligando  a  origem  à  partícula  para  um  angulo  infinitesimal  ,  no  intervalo  de    é 
aproximadamente 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  136

1
                                                           4.93  
2

Portanto a área varrida no intervalo de tempo é 

1 1
                                          4.94  
2 2 2

O resultado (4.94) é o mesmo para qualquer partícula movendo‐se sob a ação de uma força 
central. 

 
Figura 4.9. Elemento de área descrito por um corpo em sua orbita. 

Integrando (4.94) para um período completo   do movimento 

                                                                  4.95  
2

Para uma orbita elíptica, de (4.95), segue que o período de revolução é 

/
2 2 2 /
1                   4.96  
2| |

Usando a Equação (4.86), o resultado (4.96) torna‐se 

4                                                     4.97  

A equação (4.97) é a expressão matemática da terceira lei de Kepler. 

A primeira lei de Kepler segue do fato da força de interação entre os planetas ser uma 
força central. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  137

Nesta  seção  foi  mostrado  que  as  leis  de  Kepler  seguem  das  leis  de  movimento  de 
Newton e da lei de gravitação universal. 

Órbitas hiperbólicas, que não discutiremos neste curso, encontram‐se quando tratamos 
de problemas de espalhamento de partículas carregadas, caso do problema de Rutherford. 

Problema Resolvido 4.4 

A nave espacial em uma órbita circular de raio r em torno da Terra foi inserido em uma 
órbita elíptica ao disparar um foguete (Veja Figura 4.10). Se a velocidade da nave espacial foi 
aumentado 10 por cento pela explosão súbita do motor do foguete, qual é a equação da nova 
órbita? Também calcular a distância apogeu. 

 
Figura 4.10 

Solução 

Primeiro  vamos  determinar  os  parâmetros  orbitais  de  um  satélite  das  condições  de 
máxima aproximação. Da Figura 4.5, tiramos que a distancia do ponto de máxima aproximação 
é 

1                                                        4.98  

Da Equação (4.16) tiramos que 

                                                    4.99  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  138

com  . 

A Equação (4.68) fornece a equação orbital para uma elipse 

1
                                                         4.100  
1 cos

Da Equação (4.85) tiramos que 

2
1                                                     4.101  

Da Equação 4.86 temos que 

                                                             4.102  
2

Combinando (4.100), (4.101) e (4.102) obtemos 

/
                                                         4.103  
1 cos

Se   é a velocidade do satélite em   então da Equação de Conservação de momento 


angular (4.99) segue  

                                            4.104  

Na Equação (4.103) fazendo  0, quando acontece a aproximação máxima, obtemos 
que 

/
                                                         4.105  
1

De (4.105) tiramos que 

1                                                   4.106  

Usando (4.104) em (4.106) ficamos com 

1                                                   4.107  

Para uma orbita circular  0 e  . Então de (4.106) segue que  

 
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  139

                                                   4.108  

De forma que depois do resultado (4.107), a 4.106 fica 

1                                                   4.109  

A equação da nova orbita é dada pela Equação (4.100) pode ser escrita como 

/
                             4.110  
1 / 1 cos

Se   é a velocidade orbital circular, a velocidade correta após o súbito acionamento dos 
motores do foguetes é 

0,1 1,1                                                   4.111  

A equação da nova orbita é dada pela Equação (4.107), com   trocado por  : 

1,1
                                                    
1 1,1 1 cos

ou 

1,21
                                              4.112  
1 0,21 cos

no apogeu,  , de forma que cos 1 e  . Assim a distancia de apogeu   


é 

1,21
1,53                                     4.113  
1 0,21

Problema Resolvido 4.5 

Um  satélite  é  lançado  em  órbita  nas  seguintes  condições:  Quando  todo  o  combustível 
foi  consumido,  o  satélite  estará  a  643    da  superfície  terrestre  e  terá  uma  velocidade  de 
9144  /  perpendicular para a distância perigeu (Veja a Figura 4.11). Qual é a excentricidade 
da órbita? Também calcular a distância apogeu. 

Solução 

A órbita seguida pelo satélite satisfaz a equação geral da orbita (4.103) 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  140

 
Figura 4.11 

/
                                                         4.114  

onde  ,  / ;   é massa do satélite e   é a massa da Terra. 

Podemos reescrever a equação geral da orbita da seguinte forma 

/ /
                                                         4.115  
1 cos 1 cos

onde  6,668 10   ,  5,977 10 . 

As  condições  iniciais  são  mostradas  na  Figura  4.11.  Uma  vez  que  0  no  perigeu, 
cos 1 e  , e 

6373 643 1000 9144 64,154 10 /  

Substituindo estes valores na Equação (4.111), determinamos 

0,476 

A  distancia  de  apogeu  pode  ser  calculada  da  Equação  (4.111),  onde  fizemos  ,  e 
cos 1, de modo que 

/
19.746                                                4.116  
1

 
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  141

4.8. PROBLEMAS 

4.1. Considere uma partícula movendo‐se em um campo de força cujo potencial é  . 
Mostre  através  de  método  gráfico  que  para  baixos  valores  de  energia  o  movimento  é 
oscilatório, e para valores mais altos de energia o movimento é não periódico e estende‐
se para o infinito. Determine a energia que forma a linha divisória entre as duas curvas. 
Também calcule a freqüência limite quando a amplitude do movimento oscilatório torna‐
se menor ou maior. 

4.2. Determine o movimento de um oscilador linear bidimensional cuja energia potencial é 

1
 
2

4.3. Uma partícula de massa  , sob a ação de uma força central, descreve uma orbita que é 
um circulo de raio   passando através do centro de força. Determine a lei de força. 

4.4.Uma partícula em um campo central move‐se na orbita 

Determine  (a)  a  função  força  e  a  função  energia  potencial;  e  (b)  como  o  ângulo    varia 
com o tempo. 

4.5.  Duas  partículas  movendo‐se  sob  a  influência  de  suas  forças  gravitacionais  mútuas 
descrevem  órbitas  circulares  em  torno  uma  da  outra  com  um  período  .  Se  elas  são 
subitamente  paradas  em  suas  órbitas  e  permitidas  gravitar  em  direção  uma  a  outra, 
mostre que elas colidirão após um tempo  /4√2. 

4.6.. Investigar o movimento de uma partícula repelida por uma força central de acordo com a 
lei  . Mostre que a órbita pode apenas ser hiperbólica. 

4.7.  Suponha  que  a  órbita  da  Terra  seja  circular,  e  que  a  massa  do  Sol  subitamente  diminua 
para a metade. Que órbita a Terra teria então? A Terra escapará do sistema solar? 

4.8. Determine a lei de força para um campo central que permite uma partícula mover‐se em 
uma órbita tipo espiral dada por  , onde   é uma constante. 

4.9. Use os resultados de Kepler (isto é, sua primeira lei e sua segunda lei) para mostrar que a 
força  gravitacional  deve  ser  central  e  que  a  dependência  radial  deve  ser  1/ .  Assim, 
execute uma dedução indutiva da lei de força gravitacional. 

 
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  142

4.10.  8‐34.  Considere  o  problema  da  partícula  movendo‐se  sobre  a  superfície  de  um  cone. 
Mostre que o potencial efetivo é 

cot  
2

(Observe  que    é  a  distancia  radial  em  coordenadas  cilíndricas,  não  coordenadas 


esféricas.)  Mostre  que  os  pontos  de  retorno  do  movimento  podem  ser  encontrados  da 
solução de uma equação cúbica em  . Mostre, além disso, que apenas duas das raízes são 
fisicamente  significativas,  de  modo  que  o  movimento  está  restrito  a  permanecer  entre 
dois planos horizontais que cortam o cone. 

   

 
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  143

UNIDADE IV
Sistemas de partículas e referenciais não
inerciais

RESUMO

Nesta unidade trataremos com o movimento de sistemas de partículas de partículas, 
no  capítulo  5.  Nesta  oportunidade  discutiremos  como  os  princípios  de  conservação  da  física 
(conservação  do  momento  linear,  conservação  do  momento  angular  e  conservação  da 
energia). No capítulo 6 discutiremos como as leis de Newton, em especial a segunda lei, são 
alteradas  quando  consideramos  movimentos  que  envolvem  sistemas  de  referencia  ditos  não 
inerciais. A importância deste último capítulo se deve ao fato da Terra ser um referencial não 
inercial (movimentos de traslação e rotação em relação ao sol, etc.) e as medidas de um dado 
sistema são feitas em relação a um referencial ligado à Terra.  

 
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  144

SUMÁRIO DE UNIDADE

5 Dinâmica de um sistema de partículas   
5.1. Introdução     
5.2. Centro de massa. Conservação do momento linear   
5.3. Conservação do momento angular   
5.4. Conservação da energia   
5.5. Problemas sobre colisões   
5.6. Acoplamento de dois osciladores harmonicos   
5.7. Problemas   
   
6 Movimento em um sistema de referencia não inercial   
6.1. Introdução   
6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional   
6.3. Sistemas de coordenadas girantes   
6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis   
6.5. Movimento relativo próximo a superfície da Terra   
 
6.6. Problemas   

 
   

 
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  145

Capítulo 5. Dinâmica de um sistema de partículas 
 

5.1. Introdução 

A ideia neste capítulo é revisitar conceitos e princípios de física aplicados a sistemas de 
partículas. Já foram discutidos os princípios de conservação do momento linear, do momento 
angular  e  da  conservação  da  energia  no  contexto  de  uma  partícula.  Como  ficam  estes 
princípios quando consideramos um sistema de tais partículas, onde são permitidas interações 
entre elas além da presença de forças externas? 

Este  é  o  cenário  que  podemos  observar  em  sistemas  reais  como  líquidos,  gases  ou 
corpos rígidos. Nos dois primeiros exemplos as partículas estão interagindo frouxamente, sem 
restrições mais fortes quanto à localização. Já no terceiro, o do corpo rígido, o movimento das 
partículas está restrito a acontecerem em torno de um ponto ou região limitada. 

Neste estudo veremos que a terceira lei de Newton desempenha um papel importante 
sobre  a  dinâmica  de  um  sistema  de  partículas  em  decorrência  das  forças  internas  entre  as 
partículas  no  sistema.  As  forças  exercidas  por  duas  partículas    e    entre  si  são  iguais  em 

magnitude e em sentido opostos e representamos por   a força sobre a  ‐ésima partícula 


devido à  ‐ésima partícula. A terceira lei de Newton na forma fraca é 

.                                                           5.1  

Se   e   além de serem iguais em modulo e opostas em sentido, estiverem ao longo da 


reta que une os centros das duas partículas (veja Figura 5.1) então dizemos que as forças de 

interação   obedecem a terceira lei de Newton na forma forte. 

 
Figura 5.1. A força que a partícula   exerce sobre a partícula  ,   é igual e oposta a força que   exerce 
sobre  . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  146

5.2. Centro de Massa. Conservação do Momento Linear.  

Considere  um  sistema  formado  por    partículas  de  massas  , , , .  A 


partícula de massa   é localizada pelo vetor posição  . Cada partícula é localizada no espaço 
tridimensional especificando três coordenadas. Assim para um sistema de   partículas serão 
necessárias 3  coordenadas e 6  condições iniciais para especificar completamente o estado 
de  movimento  do  sistema.  Assim  para  facilitar  a  descrição  deste  sistema  de    partículas 
vamos introduzir alguns conceitos.  

O primeiro refere‐se à massa total do sistema que é dada por  

                                                       5.2  

O segundo refere‐se a uma localização geométrica denominada o centro de massa do sistema 
e localizado pelo vetor 

1
                                         5.3  

Veja  a  Figura  5.2  para  uma  representação  das  coordenadas  das  partículas  individuais, 
bem como a representação do centro de massa para este sistema. 

Figura 5.2 os vetores de posição das partículas   e o vetor de localização do centro de massa (CM)  . 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  147

No  caso  de  estarmos  tratando  com  um  sistema  cuja  distribuição  de  massa  é  contínua,  com 
uma  densidade  de  massa  local  .  A  massa  total    e  o  vetor  centro  de  massa  são  dados, 
agora, como 

                                                     5.4  

1
                                                     5.5  

onde   é um elemento de volume infinitesimal que num sistema de coordenadas 
retangulares terá a forma  . 

Exercício Resolvido 4.1 

Determine  o  centro  de  massa  de  um  sistema  de  partículas  com  massas  1  e  2 
localizadas nos cantos de um cubo de aresta  , conforme mostra a Figura 5.3. 

 
Figura  5.3.  Distribuição  de  massas  localizadas  nos  vértices  de  um  cubo  de  arestas  igual  a  ,  com 
massas  1 e  2. 

Solução 

Por  tratar‐se  de  uma  distribuição  discreta  de  massas,  faremos  uso  da  Equação  (5.3).  Dessa 
forma temos 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  148

1 1
1·0 1· 1· 1·0 2.0 2· 2· 2·0 6 /  

1 1
1·0 1·0 1·0 1·0 2. 2· 2· 2· 8 /  

1 1
1·0 1·0 2·0 2·0 1.0 2· 2· 1·0 6 /  

onde  12 

Assim o centro de massa é localizado pelas coordenadas 

/2 

   2 /3 

/2 

Exercício Resolvido 5.2 

Determine o centro de massa de um hemisfério solido de densidade constante. 

Solução 

Vamos  

Consideremos que o hemisfério de densidade constante   possui massa   e raio  , tal 


que 

/ 2 /3  

Analisando a simetria do problema, a fim de obter a máxima simplificação nos cálculos, 
escolhemos um sistema de coordenadas com a origem conforme indicado na Figura 5.4. 

Da Equação (4.4) segue que as coordenadas do centro de massa são dadas por 

1
                                                       5.6  

1
                                                       5.7  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  149

 
Figura  5.4  Exercício  Resolvido  4.2.  (a)  Escolhemos  uma  fatia  circular  de  espessura    do 
hemisfério  de  densidade  constante.  (b)  A  área  da  fatia  circular  é    e  seu 
volume   

                                                       5.8  

Da simetria do problema segue que  0, enquanto 

1 1 1
 

3
 
4 8

Assim a posição do centro de massa do hemisfério é (0,3 /8,0). 

Para um sistema de   partículas, a força resultante que atua sobre a  ‐ésima partícula é 

composta, em princípio, por uma componente interna  , que resulta da soma das forças de 
interação  da  ‐ésima  com  todas  as  1   partículas  restantes  do  sistema,  e  por  uma 

componente externa, que é a resultante das forças externas   ao sistemas e que atuam sob 
a  ‐ésima partícula, isto 

                                                         5.9  

onde 

                                                             5.10  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  150

com  satisfazendo a terceira lei de Newton (Equação (5.1)). 

A equação de movimento para a  ‐ésima, pela segunda lei de Newton, é dada por 

                                                5.11  

ou ainda 

                                            5.12  

A  resultante  das  forças  sobre  o  sistema  de  partículas  é  obtida  somando  a  resultante 
sobre cada uma das partículas. Assim 

                                 5.13  

Da definição que localiza o centro de massa 

                                                    5.14  

Agora  

                            5.15  
,

Exercício proposto 

Mostre a última igualdade em (5.15) 

Como as forças   satisfazem a terceira lei de Newton (4.1), segue que 

0                                 5.16  

Assim, depois de (5.14) e (5.15), (5.13) pode ser escrita como 

                                                    5.17  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  151

ou  seja,  o  centro  de  massa  de  um  sistema  de  partículas  se  move  como  se  fosse  uma  única 
partícula de massa igual à massa total do sistema, sujeita a força externa total, independente 
das forças internas. 

Se a resultante das forças externas é nula 

0                                                            5.18  

então o momento linear total do sistema é conservado, isto é, 

                                     5.19  

5.3. Conservação do Momento Angular 

Vamos  agora  calcular  a  taxa  de  variação  temporal  do  momento  de  um  sistema  de   
partículas relativo a um ponto  . Veja a Figura 5.3 para detalhes da geometria do sistema. O 
vetor posição da partícula   em relação ao ponto   é 

                                                        5.20  

O momento angular da partícula   em torno do ponto   é 

                                                      5.21  

 
Figura 5.5   e   são os vetores posição da partícula   em relação ao ponto   e ao centro de massa 
CM.  é o vetor que localiza o centro de massa CM em relação a   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  152

O  momento  angular  do  sistema  de  partículas  é  obtido  somando  sobre  todas  as 
partículas, isto é, executando uma soma em   

                                                                      

               5.22  

Os termos, usando (4.3), se anulam. De fato, 

Assim o momento angular total em relação ao ponto   tem a forma 

                          5.23  

O momento angular total em torno do ponto   é a soma do momento angular do centro 
de  massa  em  torno  daquele  ponto  e  o  momento  angular  do  sistema  em  torno  do  centro  de 
massa. 

A derivada temporal do momento angular da  ‐ésima partícula é  

                                                    

                                                           5.24  

De (5.11), (5.12) e (5.24) segue que 

                            5.25  

E de (5.25), somando sobre todas as partículas obtemos o momento angular total 

                                      

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  153

                                   5.26  
,

O ultimo termo na Equação (5.26) pode ser escrito como 

                                       
,  

                                                     
 

                                               5.27  
 

Na ultima igualdade definimos 

                                                            5.28  

como o vetor que conecta a  ‐ésima e  ‐ésima partículas.  

Impondo que   é uma força central e que obedece a terceira lei de Newton na forma 

forte,   e   encontram ao longo da mesma direção e dessa 

0                                                            5.29  

Após (5.29) ficamos com 

                                                   5.30  

A  variação  do  momento  angular  em  relação  ao  ponto    é  igual  a  soma  de  todos  os 
torques externos em relação a este ponto. 

                                               5.31  

De  (5.31)  segue  o  teorema  do  momento  angular  para  um  sistema  de  partículas:  Se  os 
torques externos totais resultantes em torno de um determinado ponto se anulam, o momento 
angular total do sistemapermanece constante no tempo. 

Foi  visto  dos  resultados  acima  que  o  total  dos  torques  internos,  no  caso  de  forças 
centrais obedecendo a forma forte da terceira lei de Newton se anula. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  154

5.4. Conservação da Energia 

Agora  vamos  discutir  o  teorema  da  conservação  da  energia  para  um  sistema  de 
partículas,  considerando  o  trabalho  efetuado  sobre  o  sistema  para  movê‐lo  de  uma 
Configuração  1,  na  qual  todas  as  coordenadas  ,  para  a  Configuração  2,  na  qual  as 
coordenadas   tem alguma especificação diferente. Assim 

·                                                  5.32  

onde  é a força resultante sobre a partícula  . Agora escrevendo 

· · ·                                         

1
                                                               5.33  
2

Com isso temos 

1
                                 5.34  
2

onde 

1
                                           5.35  
2

é a energia cinética do sistema de partículas. Utilizando a relação 

                                                        5.36  

podemos calcular 

· ·                                       

· 2 · ·                                    

2 ·                                          5.37  

onde  e   é a velocidade do centro de massa. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  155

Assim (5.35) torna‐se 

1
2 ·                              5.38  
2

Vamos analisar o termo 

· · ·                   5.39  

Agora, pela (5.20)  

Das Equações (5.2) e (5.3) resulta que 

0                                  5.40  

Após o resultado (5.40), a expressão da energia cinética torna‐se 

1 1
                                  5.41  
2 2

A  energia  cinética  total  do  sistema  de  partículas  é  igual  a  soma  da  energia  cinética  de  uma 
partícula de massa   movendo‐se com velocidade  , a velocidade do centro de massa, e da 
energia cinética do movimento das partículas individuais em relação ao centro de massa. 

Retornando a Equação (5.32) 

·                                                  5.42  

e lembrando que 

                                                         5.43  

onde 

                                                             5.44  

A Equação (5.34) pode ser escrita como 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  156

·                                                             

· ·                    5.45  
,

Se  ambas  as  forças    e    são  conservativas,  elas  são  então  deriváveis  de  funções 
potenciais 

                     5.46  

onde a notação   significa que a operação gradiente é executada em relação às coordenadas 

da  ‐ésima partícula. A fim de satisfazer a terceira lei de Newton,   (Equação 4.1), a 


função    deve  ser  funão  apenas  do  modulo  da  distancia  entre  as  partículas, 

. Isto é demonstrado como segue, calculando a componente de força: 

                                 

                                                              5.47  

                                 

                                              5.48  

Agora com a Equação (5.36) podemos escrever 

· ·                    5.49  
,

Mas 

·                                                                

                                 5.50  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  157

· · ·  
,

· ·                   

Mas 

· ·                                           

· ·                                        

·                                                          

·                                                                        

De forma que temos 

·                                                                   

                             5.51  

Substituindo (5.50) e (5.51) em (5.49) ficamos com 

                    5.52  

Definindo 

                                                        5.53  

a (5.52) torna‐se 

                                                      5.54  

Segue de (5.30) e (5.54) que 

                                                               

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  158

ou seja 

constante                              5.55  

A energia total de um sistema conservativo é constante. 

As  leis  de  conservação  da  energia,  do  momento  linear,  e  momento  angular  são  os 
pilares  da  física  atual,  sendo  geralmente  valida  em  todas  as  teorias  físicas.  As  leis  de 
conservação de certo modo não são leis, mas postulados que insistimos em mente‐los válidos 
para todas teorias físicas. 

Exercício Resolvido 4.3 

Uma  bala  de  canhão  de  massa    move‐se  ao  longo  de  uma  trajetória  parabólica.  Uma 
explosão interna, gerando uma quantidade de energia  , divide a bala de em duas partes. A 
parte  de  massa  ,  com  1,  continua  na  direção  original,  e  a  outra  fica  em  repouso. 
Determine a velocidade da massa   imediatamente após a explosão. 

Solução 

É importante observar que a energia   é agora disponível apenas para o movimento relativo 
do centro de massa (CM). Imediatamente após a explosão o CM das d uas partes continuam ao 
longo  da  trajetória  com  a  mesma  velocidade  que  tinham  originalmente.  Agora  se    é  a 
velocidade  da  casca  imediatamente  antes  da  explosão,  e    é  a  velocidade  de   
imediatamente após a explosão, então temos 

1 1
                                                 5.56  
2 2

A  Equação  (5.56)  é  o  resultado  da  aplicação  da  conservação  da  energia.  A  aplicação  da 
conservação do momento linear resulta em 

                                                       5.57  

Eliminando   entre estas equações, obtemos 

2 / 1                                                5.58  

Exercício Resolvido 5.4 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  159

Duas massas   e   estão conectadas por uma mola linear de constante  , e inicialmente o 


sistema está em repouso sobre uma superfície sem atrito (Figura 5.6). A mola é comprimida 
por uma quantidade   e então abandonada. Determine a velocidade de cada massa quando a 
mola retorna a seu comprimento não deformado  . 

 
Figura 5.6 

Solução. 

A Figura 5.6b mostra o sistema de partículas após a mola ser liberada. As forças internas (as 

forças devido a mola  ) cancelam‐se ao pares, e a soma das forças externas (pesos e reações 
normais)  é  zero.  Dai  o  impulso  é  zero  e  o  momento  é  conservado.  Em  qualquer  instante  de 
tempo, a soma do momento deve ser igual a uma constante, que neste caso é zero (porque o 
sistema está inicialmente em repouso): 

0                                                         5.59 

Quando não existe atrito, a energia é conservada. Assim, temos 

1 1 1
                                           5.60  
2 2 2

onde   e    representam  as  velocidades  do  estado  relaxado  (não  deformado)  da  mola. 
Resolvendo as Equações (5.64) e (5.65) para   e   determina‐se que 

                                                   5.61  

/                                                5.62  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  160

5.5. Problemas sobre colisões 

Muitas questões referentes a colisões de partículas podem ser respondidas aplicando as leis de 
conservação. Uma vez que as leis de conservação são validas também em mecânica quântica, 
resultados  obtidos  com  seus  usos  são  validos  para  partículas  de  tamanhos  atômicos  e 
subatômicos,  bem  como  para  partículas  macroscópicas.  Em  muitos  problemas  de  colisão,  as 
partículas colidindo estão se movendo com velocidade constante, livres de qualquer força, por 
algum tempo antes e depois da colisão, enquanto durante a colisão elas estão sob a ação das 
forças que elas exercem uma sobre as outras. Se as forças mutuas durante a colisão satisfazem 
a terceira de Newton, então o momento linear total das partículas é o mesmo antes e depois 
da  colisão.  Se  a  terceira  lei  de  Newton  vale  na  forma  forte,  o  momento  angular  total  é 
conservado.  Em  qualquer  caso,  as  leis  de  conservação  são  sempre  validas  se  levarmos  em 
consideração toda a energia, momento, e momento angular, incluindo aqueles associados com 
qualquer  radiação  que  possa  ser  emitida  e  incluindo  qualquer  energia  que  possa  ser 
convertida de energia cinética em outras formas, ou vice‐versa. 

Consideremos  colisões  entre  duas  partículas  para  as  quais  sabemos  que  o  momento 
linear e energia são conservados. Estas colisões são chamadas de colisões elásticas. 

Designaremos pelos rótulos 1 e 2 as partículas envolvidas na colisão e pelos rótulos   e 
, os valores  da energia cinética e  momento antes  e após a colisão, respectivamente. Dessa 
forma as leis de conservação exigem que 

                                                        5.63  

                                                           5.64  

A  última  equação,  (5.64),  pode  ser  escrita  em  termos  dos  momentos  e  massas  das 
partículas: 

                                                           5.65  
2 2 2 2

Considere uma colisão de uma partícula de massa  , momento  , com uma partícula 


de  massa    em  repouso.  A  partícula  de  massa    sofrerá  espalhamento  numa  direção 
fazendo ângulo   com a direção de movimento antes da colisão, como ilustrado na Figura 5.7. 
O  momento    deve  estar  no  mesmo  plano  que    e    uma  vez  que  não  existe 
componente  de  momento  perpendicular  a  este  plano  antes  da  colisão,  e  não  deve  existir 
depois. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  161

 
Figura  5.7.  Colisão  elástica.  A  partícula  de  massa    desloca‐se  com  velocidade    em  direção  a 
partícula de massa   que se encontra em repouso. 

0  momento    faz  um  ângulo    com  a  direção  .  As  componentes  (paralela  e 


perpendicular a  ) da Equação (4.53) são então 

cos cos                                             5.66  

0 sen sen                                            5.67  

Das condições iniciais afirmadas para a Figura 5.7, (5.65) toma a forma 

                                                           5.68  

Se duas das quantidades 

/ , / , , , /                                           5.69  

São  conhecidas,  as  três  restantes  podem  ser  determinadas.  Se  as  massas    e  ,  o 
momento inicial  , e o ângulo   são conhecidos, por exemplo, pode resolver para  ,  , 
  como  segue.  Transpondo  o  primeiro  termo  nas  Equações  (5.66)  E  (5.67),  quadrando,  e 
somando, eliminamos  : 

2 cos                                             5.70  

Substituindo (5.68) em (5.70) e resolvendo para  /  obtemos 

/
cos cos                       5.71  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  162

Se  , a quantidade dentro do radical em (4.61) será zero para  , onde   


é dado por 

cos 1 ,                     0                              5.72  


2

Se   ( ), então  /  é ou imaginário ou negativo, valores que não são 


fisicamente  permitidos,  de  modo  que    representa  o  ângulo  máximo  através  do  qual   
pode ser espalhada. 

Se  , este ângulo é muito pequeno, como sabemos da nossa experiência. Para 
  existem  dois  valores  de  / ,  o  maior  correspondendo  a  uma  colisão  lateral,  o 
menor a uma colisão quase frontal. 

O  caso  0  pode  representar  ou  ausência  de  colisão    ou  uma  colisão 
frontal. No ultimo caso, 

2
,          0,                             5.73  

Se  , de (4.61) segue que 

cos ,            sen ,                             5.74  


2

Se  , todos os valores de   de 0 a   são possíveis, e dão um valor positivo para 


 se o sinal mais é escolhido. O sinal menos não pode ser escolhido, uma vez que leva a um 

valor  negativo  para  / .  Se  0,  então  ;  este  é  o  caso  quando  não  existe 
colisão. O caso   corresponde a colisão frontal, para o qual 

,                                 5.75  

2
0,                                 5.76  

Se   é desconhecido, mas ou   ou   pode ser medido ou calculado, a observação 


do momento final da partícula 2 (cuja massa é suposta conhecida) é suficiente para determinar 
. Por exemplo, se   é conhecido, e   é medido para uma colisão frontal,   é dada pela 
Equação (5.73) ou (5.75)‐(5.76): 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  163

/
2 2
1 1 1                                  5.77  

Assim determinamos   de um dos valores possíveis. 

Átomos,  moléculas,  e  núcleos  possuem  energia  potencial  e  energia  cinética  internas, 


associadas  com  o  movimento  de  suas  partes,  e  podem  absorver  ou  liberar  energia  quando 
ocorrem  colisões.  Tais  colisões  inelásticas  entre  partículas  atômicas  são  ditas  serem  do 
primeiro tipo ou endoérgicas, se a energia cinética do movimento translacional é absorvida, e 
do segundo tipo ou exoérgica, se energia cinética é liberada no processo. Pode acontecer que 
uma  colisão  atômica  ou  nuclear,  as  partículas  finais  após  a  colisão  não  sejam  a  mesmas 
partículas iniciais antes da colisão. Por exemplo, um próton pode colidir com um núcleo e ser 
absorvido  enquanto  um  nêutroné  liberado  e  se  afasta.  Duas  partículas  podem  colidir  e 
permanecer  unidas  formando  uma  única  partícula  ou,  inversamente,  uma  partícula  pode 
subitamente se partir em duas partículas que se separam. Ou três ou mais partículas podem 
ser  formadas  no  processo  e  se  separarem  após  a  colisão.  Em  todos  estes  casos  a  lei  de 
conservação  do  momento  permanece  valida,  e  a  lei  de  conservação  de  energia  também  se 
levar em conta a energia interna dos átomos e moléculas. 

 
Figura 5.8. Colisão inelástica. A partícula de massa   desloca‐se com velocidade   em direção a 
partícula  de  massa    que  se  encontra  em  repouso.  Após  a  colisão  emergem  as 
partículas de massas   e  . 

Considere o caso de uma partícula de massa   que colide com uma partícula de massa 
 em repouso. Partículas de massas   e   deixam o local da colisão em ângulos   e   
com relação a direção original de movimento de  . Veja ilustração da situação na Figura 5.8. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  164

Energia  cinética    será  produzida  no  processo.  Então  as  leis  de  conservação  para 
energia e momento, escrevemos: 

cos cos                                              5.78  

0 sen sen                                             5.79  

.                                                                     5.80   

Como  a  energia  cinética  pode  ser  expressa  em  termos  do  momento,  se  as massas são 
conhecidas,  podemos  determinar  quaisquer  três  das  quantidades  ,  ,  ,  ,  ,    em 
termos  das  outras  três.  Em  muitos  casos    é  conhecido,    e    são  medidos,  e  deseja‐se 
calcular  . 

Eliminando   das Equações (4.76) e (4.77), como feito anteriormente, obtemos 

2 cos .                                          5.81  

Esta  pode  agora  ser  substituída  na  Equação  (4.70)  para  fornecer    em  termos  de 
quantidades conhecidas: 

2 cos
,                     5.82  
2 2 2

1 1 2 cos                       5.83  

A  Equação  (5.83)  pode  ser  usada  para  obter    para  uma  reação  nuclear  na  qual  a  partícula 
incidente   de energia  conhecida colide com um  núcleo  , com o resultado que a massa 
 é emitida cuja energia e direção de movimento pode ser observado. 

Colisões  de  corpos  macroscópicos  inertes  são  sempre  inelásticas,  com  energia  cinética 
sendo  convertida  para  calor  por  forças  de  atrito  durante  o  impacto.  Energia  cinética  de 
translação  pode  também  ser  convertida  em  energia  cinética  de  rotação  e  vice‐versa.  Tais 
colisões vão de aproximadamente elásticas, quando bolas de aço duras para as quais a analise 
acima  de  colisões  elásticas  se  aplica  e  quando  rotações  não  estão  envolvidas,  a 
completamente inelásticas nas quais os corpos permanecem unidos após a colisão. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  165

Exercício Resolvido 4.5 

Considere  uma  colisão  completamente  inelástica  na  qual  um  projetil  de  massa  , 
velocidade    atinge  e  cola  em  um  objeto  de  massa    em  repouso.  A  velocidade  dos  dois 
corpos  após  a  colisão  será  .  Determine  a  quantidade  de  energia  que  será  convertida  em 
calor. 

Solução 

A conservação de momento implica que   deverá está na mesma direção que  , assim 


teremos 

.                                        5.84  

Assim após a colisão a velocidade é 

                                             5.85  

A  energia  cinética  não  é  conservada  em  tal  colisão.  A  quantidade  de  energia  que  é 
convertida em calor é dada pela Equação (5.82) 

1 1
 
2 2

1
                                                            5.86  
2

O coeficiente de restituição   mede o grau de inelasticidade da colisão, sendo definido 
experimentalmente como a razão entre as velocidades relativas das partículas antes e depois 
da colisão para um processo de colisão frontal, isto é, 

                                                      5.87  

O valor do coeficiente de restituição varia entre 0 e 1.  0corresponde a uma colisão 
puramente inelástica. 

5.6. Acoplamento de dois osciladores harmônicos 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  166

Um  sistema  de  partículas  comumente  encontrado  é  aquele  em  que  vários  osciladores 
harmônicos  interagem  uns  com  os  outros.  Este  modelo  simples  é  muito  usado  em  física  do 
estado solido para descrever propriedades de sólidos em determinadas condições. 

Um exemplo típico de tal sistema é mostrado na Figura 5.9, consistindo de duas massas 
 e   fixadas a suportes fixos por molas de constantes elásticas   e   e conectadas por 
uma  terceira  mola  de  constante  elástica  .  Estamos  supondo  que  as  massas  se  movem 
apenas na direção horizontal do eixo‐ . 

Se  a  mola    estivesse  ausente,  as  duas  massas  vibrariam  independentemente  em 
movimento harmônico simples com frequências angulares 

/                                                          5.88  

/                                                          5.89  

 
Figura 5.9 Um modelo simples de dois osciladores harmônicos acoplados.  e  representam os 
deslocamentos das massas em relação a configuração de equilíbrio. 

O  que  acontece  quando  existe  o  acoplamento  entre  estes  dois  osciladores,  isto  é, 
quando a mola de constante elástica   conecta   e  ? 

As equações de movimento para o sistema de partículas são da forma 

                                    5.90  

                                    5.91  

ou ainda 

0                                       5.92  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  167

0                                       5.93  

onde  e   estão definidas nas Equações (5.88) e (5.89). Vamos simplificar as contas para 


o  problema  acima  considerando  que  todas  as  massas  são  iguais  ( )  e  as 
constantes de mola  . Com isso  . 

Como esperamos que o movimento seja oscilatório, tentamos uma solução da forma 

                                                     5.94  

                                                      5.94  

Substituindo (5.94) em (5.92) e (5.93) obtemos 

0                                       5.95  

0                                       5.95  

O  sistema  (5.95)  apresenta  solução  diferente  da  trivial  apenas  se  o  determinante  dos 
coeficientes for nulo, isto é, 

0.                       5.96  

Desenvolvendo (5.96) obtemos 

0                                5.97  

Cujas raízes são dadas por 

                                    5.98  

ou 

,                                 5.99     

Estas são as frequências de oscilação do sistema. Substituindo os valores   e   dados por 


(4.98) em (4.95) obtemos 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  168

Para  2 /  

                                                                  5.100  

Para   

                                                                  5.101  

Que são os modos antissimétricos e simétricos respectivamente. Estes modos nos dizem que 
para   as massas oscilam em oposição e para   oscilam em fase. 

Este  problema  pode  ser  estendido  para  um  sistema  de  N  osciladores  acoplados  com 
todas  as  massas  e  molas  com  constantes  iguais,  ou  todas  as  massas  iguais  e  molas  com 
constantes diferentes, ou vice‐versa ou todas as constantes de mola e massas diferentes. Este 
é um problema complexo e que vem sendo estudado desde o inicio do século 20. 

Problema Resolvido 5.6 

Mostre que quando o acoplamento é fraco, isto é, quando   as soluções para os 
deslocamentos das massas são do tipo 

cos cos                           5.102  


2

sen sen                           5.103  


2

As Equações (5.102) e (5.103) representam o fenômeno conhecido como batimentos. 

Solução 

A solução geral para este caso é a combinação das Equações (5.94a), (5.94b) e (5.99)  

                            5.104  

onde escrevemos explicitamente ambas as freqüências positivas e negativas. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  169

Na  Equação  5.104,  as  amplitudes  não  são  todas  independentes,  como  podemos 
verificar pela substituição de   e   na Equação (5.95a) e (5.95b). Determinamos 

para  ω :       

para  ω :       

O  único  sobrescrito  necessário  sobre  os    são  aqueles  indicando  a  autofreqüência  (isto  é,  o 
segundo sobrescrito). Podemos, portanto escrever a solução geral como 

                            5.105  

Assim,  temos  quatro  constantes  arbitrarias  na  solução  geral  –  justamente  como 
esperávamos – porque temos duas equações de movimento que são de segunda ordem. 

De acordo com a Equação 5.99, as freqüências   e   são 

2
,                      ω                                               5.106  

Se o acoplamento é fraco, podemos expandir a expressão para  : 

2
1 √1 4  

onde 

1                                                                 5.107  
2

A freqüência   agora reduz‐se a 

1 2                                                           5.108  

A freqüência natural de qualquer um dos osciladores, quando o outro é mantido fixo, é 

1                                                5.109  

1                                                                        5.110  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  170

Portanto, as duas freqüências características são dadas aproximadamente por 

1 2 ,                         

                         5.111  
       1 1 2           1

1                                              

Podemos agora examinar o modo que um sistema fracamente acoplado se comporta. 
Se  deslocamos  o  Oscilador  1  por  uma  distancia    e  abandona  ele  do  repouso,  as  condições 
inicial para o sistema são 

0 ,            0 0,              0 0,              0 0               5.112  

Se substituirmos estas condições iniciais na Equação (5.105) para   e  , determinamos 


que as amplitudes serão 

                                             5.113  
2

Então   torna‐se 

 
4

cos cos                         


2

cos cos                                        5.114  


2 2

Mas, de acordo com a Equação 12.21, 

;                                                               5.115  


2 2

Portanto, 

cos cos                                                5.116  

Similarmente, 

sen sen                                                5.117  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  171

Como   é pequeno, as quantidades  cos  e  sen  variam lentamente com o 


tempo.  Portanto,    e    são  essencialmente  funções  senoidais  com  amplitudes 
variando lentamente. Embora apenas   seja inicialmente diferente de zero, quando o tempo 
aumenta a amplitude de   decresce lentamente com o tempo, e a amplitude de   aumenta 
lentamente de zero. Daí, energia é transferida do primeiro oscilador para o segundo. Quando 
/2 , então  cos =0, e toda a energia foi transferida. Quando o tempo aumenta 
ainda  mais,  energia  é  transferida  de  volta  ao  primeiro  oscilador.  Este  é  o  fenômeno  familiar 
dos batimentos e está ilustrado na Figura 5.10. (No caso ilustrado  0,08.) 

 
FIGURA 5.10. As soluções para   e   possuem uma componente de alta freqüência ( ) que oscila 
dentro  de  uma  componente  variando  lentamente  .  Energia  é  transferida  para  frente  e 
para trás entre os dois osciladores. 

5.7. Problemas 

5.1.  Determine  o  centro  de  massa  de  uma  casca  hemisférica  de  densidade  constante  e  raio 
interno   e raio externo  . 

5.2. Determine o centro de massa de um cone uniformemente sólido de base com diâmetro 
2  e altura  . 

5.3. Considere duas partículas de massas iguais  . As forças sobre as partículas são  0 e 

.  Se  as  partículas  estão  inicialmente  em  repouso  na  origem,  qual  é  a  posição, 
velocidade, e aceleração do centro de massa? 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  172

5.4. Um projétil é disparado em um ângulo de 45  com energia cinética inicial  . No topo de 


sua  trajetória,  o  projétil  explode  com  energia  adicional    em  dois  fragmentos.  Um 
fragmento  de  massa    desloca‐se  reto  para  baixo.  Qual  é  a  velocidade  (modulo  e 
direção) do segundo fragmento de massa   e a velocidade do primeiro? Qual é a razão 
de  /  quando   é um máximo? 

5.5. Uma corda uniforme de comprimento total 2  pende em equilíbrio de um prego liso. Um 
impulso  muito  pequeno  leva  a  corda  a  lentamente  deslizar  no  prego.  Determine  a 
velocidade da corda quando exatamente deixa o prego. Suponha que a corda é impedida 
de arrancar o prego e está em queda livre. 

5.6. Uma partícula de massa   e velocidade 
 atinge frontalmente uma partícula de 
massa    em  repouso.  O  coeficiente  de 
restituição  é  .  A  partícula    é 
amarrada a um ponto a uma distancia   
como  mostrado  na  Figura  5.11.   
Determine  a  velocidade  (modulo  e  FIGURA 5.11. Problema 5.6 
direção) de   e   após a colisão. 

5.7. Uma bola de borracha é deixada cair do repouso sobre um assoalho de linóleo, separados 
de uma distancia  . A bola de borracha retorna até uma altura  . Qual é o coeficiente 
de restituição? Qual é a fração da energia cinética original que é perdida em termos de  ? 

5.8.  Uma  bola  de  aço  de  velocidade  5  /   atinge  uma  placa  de  metal  pesada,  polida  em 
ângulo  de  30   com  a  normal.  Se  o  coeficiente  de  restituição  é  0,8,  em  que  ângulo  e 
velocidade a bola de aço ricocheteia na placa? 

5.9. Um próton (massa  ) de energia cinética   colide com um núcleo de hélio (massa 4 ) 


em  repouso.  Determine  o  ângulo  de  recuo  do  hélio  se  15   e  a  colisão  inelástica 
possui  /6. 

5.10. Uma corda uniformemente densa de comprimento   e densidade de massa   é enrolada 


sobre uma mesa lisa. Uma extremidade é levantada a mão com uma velocidade constante 
.  Determine  a  força  sobre  da  corda  mantida  pela  mão  quando  a  corda  está  a  uma 
distancia   acima da mesa ( ). 

   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  173

Capítulo 6. Movimento em um sistema de referência não inercial 
 

6.1. Introdução 

As  leis  de  Newton  para  o  movimento  aplicam‐se  apenas  a  sistemas  de  referencias 
inerciais.  Em  um  sistema  não  inercial  a  equação  de  movimento  (segunda  lei  de  Newton)  é 
modificada  por  termos  adicionais  que  aparecem  do  efeito  não  inercial  do  sistema.  O 
movimento do sistema não inercial pode ser acelerado translacionalmente, rotacionalmente, 
ou por uma combinação de ambos. 

As  vezes  é  muito  conveniente  ou  algumas  vezes  necessário  estudar  o  comportamento 
de um sistema dinâmico em um sistema de coordenadas acelerado. Por exemplo, um sistema 
de  coordenadas  fixo  a  Terra,  que  está  girando  no  espaço,  é  mais  conveniente  para  uso  na 
descrição  do  movimento  de  uma  partícula  próximo  a  superfície  da  Terra.  A  análise  do 
movimento de corpos rígidos é facilitada utilizando sistemas de referencia não inerciais. 

6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional. 

Considere dois sistemas de coordenadas   e  ’: suas orientações no espaço são fixas e 


seus  respectivos  eixos  coordenados  são  paralelos  aos  pares.  Veja  a  Figura  5.1  para  uma 
representação. O sistema   é um sistema inercial no qual as leis de movimento de Newton são 

validas. Os respectivos vetores posição  ,   e   estão relacionados por 

                                                                 6.1  

Se a origem   está se movendo relativo a origem  , que tomamos como fixa, a relação entre 


as velocidades relativas aos dois sistemas é obtida diferenciando (6.1) 

’                                                                         6.2  

Diferenciando (6.2) obtém‐se a relação entre as acelerações relativas aos dois sistemas 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  174

’                                                                         6.3  

 
Figura 6.1. O vetor   localiza a partícula em   em relação À origem fixa  , enquanto   localiza a 
mesma  partícula  em  relação  a  origem  ,  que  pode  está  em  rotação  bem  como  em 
translação. O vetor   localiza a origem   em relação a   

As leis de movimento de Newton são válidas no sistema sem linha  . Para uma partícula 

de massa   sujeita a uma força   

                                                              6.4  

Substituindo (6.4) em (6.3) obtemos 

                                                                  

ou 

                                                    6.5  

Vemos que, no sistema  , a segunda lei de Newton é modificada pelo termo adicional 

 ( / ), que é devido a aceleração de   relativo a  . Este termo adicional   é 


chamado  de  força  fictícia.  Esta  força  fictícia  pode  ser  alterada  ou  tornada  nula  meramente 
alterando  o  estado  do  observador  –  isto  é,  pela  escolha  do  sistema  de  coordenadas.  Ao 
contrário  disto,  uma  força  real  não  pode  ser  eliminada  pela  escolha  do  sistema  de 
coordenadas. As forças reais são devidas às interações do sistema com outros objetos, e elas 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  175

são independentes do estado do observador ou sistema de coordenadas no qual o movimento 
pode ser descrito. 

Exercício Resolvido 6.1 

Considere  o  movimento  da  massa  de  um  pendulo  simples  que  possui  um  suporte  em 
movimento  como  descrito  na  Figura  6.2.  O  suporte  está  acelerado  translacionalmente  com 

uma aceleração  . Mostre que a equação de movimento para o movimento angular da massa 
do pendulo pode ser escrita como 

sen cos
                                  6.6  

Solução 

 
Figura 6.2 

Como  ilustrado  na  Figura  6.2,    é  o  sistema  fixo  sem  linha,  com  o  eixo    positivo 
apontando para baixo; e o ponto de suspensão do pendulo simples está no plano  . A origem 
 do sistema com linha está colocada na localização instantânea do ponto de suspensão e o 
movimento angular da massa do pendulo está restrito ao plano  . A equação de movimento 
da massa do pendulo no sistema com linha é 

̂                                        6.7  

onde  é a tensão e   a aceleração 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  176

̂ ̂                                             6.8  

Como  o  movimento  da  massa  do  pendulo  está  confinado  ao  plano  ,  é  conveniente 
escrever  a  equação  de  movimento  (6.7)  em  coordenadas  polares  ( , ),  onde    é  definido 
como mostrado na Figura 5.2 e   aponta do ponto de suspensão para a massa. O vetor posição 
em coordenadas polares é 

̂                                                                    6.9  

é uma constante. A velocidade da massa é 

̂ ̂ ̂
                               6.10   

Agora de (1.xx) segue 

̂
                                                                 6.11  

                                                         6.12   

A aceleração é dada por 

                                                    6.13   

Agora de (5.11) e de 

̂                                                       6.14  

segue que, a aceleração é da forma 

̂                                                6.15  

Da geometria do problema temos que 

̂ cos ̂ sen ̂                                                         6.16  

sen ̂ cos ̂                                                     6.17  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  177

De (6.16) e (6.17) segue que 

̂ cos ̂ sin                                                             6.18  

̂ sen ̂ cos                                                            6.19  

Ainda 

̂                                                                   6.20  

Substituindo (6.8), (6.15), (6.18), (6.19) e (6.20) em (6.7) ficamos com 

̂ ̂ cos ̂ sin                                          

cos ̂ sin                                                  

sen ̂ cos                                    6.21   

Fatorando os termos em  ̂  e  em (5.21) obtemos  

cos sin                                  6.22   

sin cos                                          6.23  

O movimento angular da massa do pendulo é determinado pela Equação (6.23), que ainda 
pode ser escrita como 

sin cos .                                6.24  

O ponto de suspensão   movendo‐se horizontalmente com uma aceleração  . Agora 


temos  0 e  . A Equação (6.24) reduz‐se a 

sin cos .                                6.25  

No limite de pequenas oscilações ( 1), sin  e cos 1, e para  sen  

sen .                                6.26  

Este resultado é matematicamente idêntico em forma aquele do oscilador harmônico forçado 
não amortecido. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  178

6.3. Sistemas de coordenadas girantes 

Considere agora um sistema linha   que está girando em torno de uma direção 
 relativo ao sistema sem linha  , conforme esquematizado na Figura 6.3. A velocidade 

angular é  . O vetor posição de   relativo a  é  , e  ,   e   são vetores unitários 


associados com os eixos  ,   e  , respectivamente. Eles não sofrem variação de magnitude 
mas mudam de direção quando   gira. Agora a relação entre   e   é dada por 

                                                           6.27  

Figura  6.3.  Sistema  de  coordenadas    gira  com  velocidade    em  torno  do  eixo    passando 
pela origem  . 

Diferenciando (6.27), obtemos 

               

              6.28  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  179

onde a designação   é explicitamente incluída para indicar que a quantidade nos parênteses é 
medida no sistema inercial  . O segundo termo do lado direito de (6.28) é a velocidade 
da partícula   em relação ao sistema girante   quando observado por alguém ligado e 
girando com estes eixos: 

                                   6.29  

Daqui para frente será reservado a notação " / " para o sistema girante. 

O terceiro termo do lado direito da Equação (6.28) é a velocidade aparente de   devido 
a rotação dos eixos   e ela pode ser colocada em uma forma mais familiar:  . A 
fim de demonstrar isto, primeiro separamos a velocidade angular em suas componentes: 

̂                                       6.30  

onde  é a velocidade angularcom a qual os eixos   e   estão girando em torno de um eixo 

fixo  na  direção  .  Observações  semelhantes  são  validas  para    e  .  O  termo    não 

 
Figura 6.4 

altera  a  direção  de  ̂ ;    produz,  no  intervalo  de  tempo  infinitesimal  ,  uma  variação 

̂   em  ̂   na  direção    negativo  como  ilustrado  na  Figura  6.4.  De  forma  similar  a 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  180

mudança em  ̂  no intervalo de tempo   devido a  é  ̂ . Assim a variação total em  ̂  

no tempo   é 

̂ ̂ ̂  

ou 

̂
̂ ̂ ̂                                            6.31  

De forma semelhante para os outros vetores unitários: 

̂
̂ ̂ ̂                                            6.32  

̂
̂ ̂ ̂                                            6.33  

Substituindo (6.31), (6.32) e (6.33) no terceiro termo de (6.28), obtemos 

                              6.34  

Assim de (6.29) e (6.34), segue que a Equação (6.28) pode ser escrita como 

                                           6.35  

Alguns livros textos apresentam a equação acima usando a seguinte notação 

                    6.36  

Da (6.35) para (6.36) os termos com rotulo   trocaram o rotulo para fixo e o termo  /  foi 


trocado por  / . Vamos adotar a notação em (6.36) por ser mais explicativa. 

Considerando  a  situação  em  que  as  duas  origens  são  sempre  coincidentes,  a  Equação 
(6.36) toma a forma mais simples 

                                              6.37  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  181

Apesar  de  termos  escolhido  o  vetor  de  deslocamento    para  a  dedução  da  Equação 
(6.37), a validade desta expressão não limita ao vetor  . Na realidade, para um vetor arbitrário 

, temos 

                                          6.38  

Do  resultado  acima  observamos  que  a  aceleração  angular    é  a  mesma  nos  sistemas 
fixo e girante: 

                                    6.39  

Se definirmos 

                                          6.40  

                                         6.41  

                                   6.42  

podemos escrever (5.36) como 

                                                    6.43  

é a velocidade relativa aos eixos fixos,   é a velocidade linear da origem em movimento,   
é a velocidade relativa aos eixos em rotação,   é a velocidade angular dos eixos em rotação e 
 é a velocidade devida à rotação dos eixos em movimento. 

6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis 

Já  enfatizamos  que  a  segunda  lei  de  Newton  é  valida  apenas  em  um  sistema  de 
referencia inercial. A expressão da força sobre uma partícula pode, portanto, ser obtida de 

                                            6.44  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  182

Agora 

              6.45  

Definimos 

                                             6.46  

Calculamos  o  segundo  termo  usando  o  resultado  (6.38),  onde  tratamos    como  um  vetor 
qualquer 

                                           

                                                    6.47  

onde  é a aceleração no sistema de coordenadas em rotação. O cálculo do último termo da 
Equação (6.44) resulta em 

                                       

                                               6.48  

Assim  de  (6.43)  a  (6.47)  segue  que  a  aceleração  para  a  partícula,  medida  por  um 
observador no sistema de referencia inercial, é dada por 

2                6.49  

Para  um  observador  no  sistema  de  coordenadas  em  rotação,  a  força  efetiva  sobre  a 
partícula é dada por 

2                  6.50  

O primeiro termo ( ) do lado direito em (6.49) é a resultante das forças atuando sobre a 

partícula,  medidas  no  sistema  fixo  inercial.  O  segundo  ( )  e  o  terceiro  ( ) 


resultam  da  aceleração  translacional  e  aceleração  angular,  respectivamente,  do  sistema  de 
coordenadas móvel em relação ao sistema fixo. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  183

A  quantidade    é  o  termo  da  força  centrifuga  normal  e  o  termo 


2   é  a  força  de  Coriolis,  que  resulta  do  movimento  da  partícula  em  relação  ao 
sistema de coordenadas em rotação. 

Exercício Resolvido 6.2. Pendulo cônico. 

Um  bastão  vertical  AB,  como  mostrado  na  Figura  6.4,  está  girando  com  velocidade 
angular  constante  .  Um  fio  inextensível  e  sem  massa  de  comprimento    está  amarrado  ao 
bastão  no  ponto  A  e  sua  outra  extremidade  está  ligada  a  uma  massa  .  Determine  (a  )  a 
tensão   na corda, e (b) o ângulo   que a corda faz com o bastão quando a partícula está em 
equilíbrio. 

 
Figura 6.5 

Solução 

Vamos escolher os vetores unitários  ̂  e   como mostrados na Figura 6.4, girando com o 
bastão. O vetor posição   da massa   aponta de A para  : 

sen ̂ cos                                                   6.51  

As três forças agindo sobre a partícula são: o peso da partícula  

a tensão na corda  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  184

sen ̂ cos  

e a força centrifuga  

sen ̂ cos  

sen ̂.  

Quando a partícula está em equilíbrio, a força resultante agindo sobre ela é zero: 

sen ̂ sen ̂ cos 0 

ou 

sen sen ̂ cos 0                       

de onde segue que 

sen sen 0 

cos 0 

Resolvendo estas equações determinamos que 

cos  

Exercício Resolvido 6.3. Superfície de um liquido em rotação. 

Um balde de liquido gira com velocidade angular . Determine a forma da superfície do 
liquido. 

Solução 

Em um sistema de coordenadas em rotação com o balde, o liquido está em repouso e 
0. Veja na Figura 6.5 a diagramação do sistema. Usando a Equação (6.49), a equação de 
movimento de uma pequena massa   do liquido sobre a superfície é 

                                     6.52  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  185

onde o termo de Coriolis e os termos transversais foram eliminados pelo fato de  0. 

A força  , sendo o gradiente  de  pressão, é normal  à superfície.  Em equilíbrio  0, e a 


Equação (6.51) reduz‐se a 

0                                     6.53  

 
Figura 6.6 

A quantidade entre colchetes pode ser considerada a gravidade efetiva   

                                         6.54  

Em termos de  , a distancia ao centro do balde,   é dada por 

̂ ̂                                         6.55  

onde ̂  é um vetor unitário ao longo de  . Uma vez que   é normal a superfície do liquido, 


pela (6.51)   é também normal à superfície. 

Da geometria esboçada na Figura 6.5 temos 

tan                                                    6.56  

A integração de (6.54) fornece 

                                                     
2

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  186

constante                    6.57  
2

Esta é uma paraboloide de revolução em torno do eixo  . 

Exercício Resolvido 6.4.Física sobre uma mesa girante 

Um mesa horizontal gira uniformemente no sentido anti‐horário, com uma velocidade angular 
 com relação a um referencial inercial. Um objeto de massa   move‐se sobre a mesa com 
velocidade  .  Supondo  nenhum  atrito  entre  a  mesa  e  o  objeto,  qual  é  o  caminho  do  objeto 
quando visto no sistema girante? 

Solução 

As  origens  dos  sistemas  inercial  e  girante  estão  fixas  de  forma  0.  A  velocidade  angular 
possui o valor constante 

̂                                                         6.58  

implicando que a aceleração  0, assim a Equação (5.49)reduz‐se a 

2                               6.59  

Para  o  objeto  movendo‐se  sobre  a  mesa,  ambos    e    estão  no  plano  da  mesa, 
perpendiculares a  , e a força de Coriolis 

2                                                               6.60  

sempre  gera  uma  aceleração  perpendicular  a  .  A  aceleração,  neste  exemplo,  é  “para  a 


direita”  se  olharmos  ao  longo  da  trajetória  do  objeto,  seguindo  o  movimento.  O  termo  de 
aceleração centrípeta do lado direito pode ser expandido como 

· ω                             6.61  

Quando   é perpendicular a  , como neste exemplo. Este termo gera uma aceleração dirigida 


radialmente  para  fora.  Alguns  caminhos  são  mostrados  na  Figura  6.6.  Quando  visto  do 
referencial inercial, qualquer um destes caminhos é uma linha reta. 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  187

 
Figura 6.7. Trajetórias da partícula em relação a um sistema girante 

6.5. Movimento Relativo Próximo à Superfície da Terra 

A aplicação mais importante da Equação (6.49) é a uma partícula movendo‐se próximo a 
superfície da Terra. Se desprezarmos a aceleração do centro da Terra, um conjunto de eixo não 
girante com sua origem fixa no centro da Terra pode ser considerado aproximadamente como 
um  sistema  inercial,  enquanto  um  sistema  de  coordenadas  fixado  na  superfície  da  Terra  e 
girando com a Terra não é um referencial inercial. Veja a Figura 6.7 para uma descrição gráfica 
da situação. Neste sistema girante, a equação de movimento para uma partícula de massa   

movendo‐se sob a ação da gravidade e outras forças físicas   é dada pela Equação (6.49), com 
um termo extra   do lado direito: 

2                    6.62  

com 

                                            6.63  

                                 6.64  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  188

Substituindo (6.62) em (6.60) obtemos 

 
Figura 6.8 Um sistema girante fixado a superfície da Terra e girando solidário à Terra. 

                                                                                             

2                         

  2                             6.65  

Quando  fazemos  uma  medida  da  aceleração  da  gravidade  em  P,  o  que  realmente  medimos 
não é   mas a quantidade entre colchetes exibida na Equação (6.63). Assim podemos definir a 
aceleração gravitacional efetiva   no ponto P por 

                                         6.66  

A linha do primo não aponta diretamente para o centro da Terra, mas está desviado através de 
um pequeno ângulo   pela força centrifuga e aponta na direção de  , como mostrado 
na Figura 6.9. Se o movimento é próximo a superfície da Terra, então  

                                                      6.67  

e  torna‐se 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  189

                                         6.68  

A equação de movimento então toma a forma 

 
Figura 6.9 

  2                        6.69  

A magnitude do termo de correção para   devido a força centrifuga é, para   

sen  

onde é a co‐latitude 

 
2

entre  e  . 

Agora 

2 2 10
0,73                           6.70  
24 3600

6.371.000                                                               6.71  

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  190

Assim o termo de correção é muito pequeno: 

sen 0,03 sen   /                          6.72  

O ângulo entre   e   é dado por 

tan                                             6.73  

onde   e   são as componentes horizontal e vertical de  , e são dadas por 

sen sin sen sen  


2

sen cos                                  

sen cos                            


2

sen                                 

Assim 

sen cos
tan   
sen

sen cos
                                  

O valor máximo ocorre em  45 . 

6.6. Problemas 

6.1. Calcule a aceleração centrífuga, devido à rotação da Terra, de uma partícula na superfície 
da  Terra  no  equador.  Compare  este  resultado  com  a  aceleração  gravitacional.  Calcule 
também  a  aceleração  centrífuga  devido  ao  movimento  da  Terra  em  torno  do  Sol  e 
justifique  a  observação  feita  no  texto  que  esta  aceleração  pode  ser  desprezada 
comparada com a aceleração provocada por rotação axial. 

6.2. Um piloto de carros de corrida dirige um carro com aceleração   e velocidade instantanea 
. Os pneus (de raio  ) não estão deslizando. Determine que ponto sobre o pneu possui a 
maior aceleração relativo ao chão. Qual é esta aceleração? 

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
  191

6.3. No Exercício resolvido 6.4, suponha que o coeficiente de atrito estático entre o disco de 
hockey e a superfície rugosa horizontal (sobre o carrossel) é  . Quão longe do centro do 
carrossel pode o disco de hockey ser colocado sem deslizar? 

6.4. No Exercício resolvido 6.4, para que velocidade inicial e direção no sistema girante o disco 
de hockey parecerá ser subsequentemente sem movimento no sistema fixo? Qual será o 
movimento no sistema girante? Seja a posição inicial a mesma que no Exercício resolvido 
6.4. Voce pode escolher realizar um calculo numerico. 

6.5. Determine o quanto a intensidade do campo gravitacional   nos polos é maior do que no 
equador.  Suponha  que  a  Terra  é  esférica.  Se  a  diferença  de  medida  real  é  ∆
52  / , explique a diferença. Como podemos calcular esta diferença entre o resultado 
medido e seus calculos? 

6.6. Se uma partícula é projetada verticalmente para cima até uma altura   acima de um ponto 
sobre a superfície da Terra na latitude norte  , mostre que ela atinge o chão em um ponto 

4/3 cos · 8 /   para  o  oeste.  (Despreze  a  resistencia  do  ar,  e  considere  apenas 
pequenas alturas verticais.) 

6.7. Se um projétil é disparado diretamente para leste de um ponto sobre a superfície da Terra 
em uma latitude norte   com uma velocidade de modulo   e em um ângulo de inclinação 
com a horizontal de  , mostre que a deflexão lateral quando o projétil atinge a Terra é 

4
· sen · sen cos  

Onde   é a frequencia de rotação da Terra. 

   

 
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI 
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Bibliografia 
1. Brown J W, Churchill R V, Complex Variables and Applications, 6ª ed., McGraw‐Hill, New 
York, 1996. 

2. Chow, T L, Classical Mechanics, John Wiley, New York, 1995. 

3. Chow T L, Mathematical Methods For Physicists ‐ A Concise Introduction, CUP, Cambridge, 
2000. 

4. Goldstein H, Poole C, Safko J, Classical Mechanics, 3ª ed., Assison Wesley, San Francisco, 
2011. 

5. Symon, K R, Mecânica, Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1980. 

6. Thornton S T, Marion J B, Dinâmica Clássica de Partículas e Sistemas, 5ª Ed., Cencage, São 
Paulo, 2011. 

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