Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
CAPA
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
2
CONTRACAPA
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
3
Apresentação
Este texto é destinado aos estudantes que participam do programa de Educação à
Distância da Universidade Aberta do Piauí (UAPI) vinculada ao consórcio formado pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Centro Federal
de Educação Tecnológica (CEFET – PI), com apoio do Governo do Estado do Piauí, através da
Secretaria de Educação.
O texto é composto de quatro unidades, contendo itens e subitens, que discorrem
sobre: Vetores e análise vetorial, Mecânica Newtoniana de uma partícula, Oscilações lineares,
forças centrais, Dinâmica de um sistema de partículas e Movimento em um sistema de
referencia não inercial. Enfatizamos que a abordagem destes tópicos, diferente do que foi
visto nos cursos de física básica, faz uso de formalismos matemáticos mais poderosos,
direcionando o estudante para fazer uso de raciocínios mais abstratos na resolução de
problemas.
Na Unidade 1 faremos uma revisão dos conceitos de vetores e os teoremas decorrentes
da análise vetorial. Também trataremos com a leis de Newton do movimento.
Na Unidade 2 trataremos das oscilações lineares, discutindo os vários de tipos de
oscilações, bem como fenômenos associados, como é o caso da freqüência de ressonância.
Na Unidade 3 discutiremos o movimento de uma partícula sob a ação de uma força
central. Este tipo de interação é encontrada nos sistemas planetários, eletromagnéticos e
nucleares. Constitui assim um tema de grande importância para a física.
Na Unidade 4 estudaremos a dinâmica de um sistema de partícula e as equações de
movimento em referenciais não inerciais. No primeiro item desta unidade estamos
preocupados com a validade dos teoremas de conservação quando tratamos com sistemas
formados por mais de uma partícula. No segundo momento nos interessa ver as
conseqüências da aplicação das leis de Newton quando utilizamos um referencial não inercial,
caso quando estudamos algum sistema físico considerando um referencial preso a superfície
da Terra.
A bibliografia para leitura complementar é indicada ao final de cada unidade, bem
como exercícios resolvidos e exercícios visando avaliar o entendimento do leitor serão
apresentados ao longo do texto de cada unidade.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
4
Sumário
UNIDADE I
1 Revisão: Vetores e Cálculo Vetorial
1.1. Introdução
1.2. Ângulos de direção e cossenos diretores
1.3. Álgebra vetorial
1.4. Mudança do sistema de coordenadas
1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar
1.6. Operador gradiente
1.7. Problemas
2 Mecânica Newtoniana de Uma Partícula
2.1. Introdução
2.2. Leis de Newton
2.3. Sistemas de referências
2.4. Equação de movimento para uma partícula
2.5. Teoremas de conservação
2.6. Energia
2.7. Problemas
UNIDADE II
3 Oscilações Lineares
3.1. Introdução
3.2. O Oscilador Harmônico Simples
3.3. Oscilações Amortecidas
3.4. Oscilações Amortecidas Forçadas
3.5. Princípio da Superposição
3.6. Considerações Finais
3.7. Problemas
UNIDADE III
4 Movimento de Uma Partícula Sob a Ação de Uma Força Central
4.1. Introdução
4.2. Problema de dois corpos
4.3. Equações de movimento
4.4. Órbitas em um campo de força central
4.5. Potenciais efetivos
4.6. Forças inversamente proporcionais ao quadrado da distancia
4.7. Movimento planetário – Leis de Kepler
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
5
4.8. Problemas
UNIDADE IV
5 Dinâmica de Um Sistema de Partículas
5.1. Introdução
5.2. Centro de massa. Conservação do momento linear
5.3. Conservação do momento angular
5.4. Conservação da energia
5.5. Problemas sobre colisões
5.6. Acoplamento de dois osciladores harmonicos
5.7. Problemas
6 Movimento em um sistema de referencia não inercial
6.1. Introdução
6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional
6.3. Sistemas de coordenadas girantes
6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis
6.5. Movimento relativo próximo a superfície da Terra
6.6. Problemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
6
UNIDADE I
Vetores e Leis Newton
RESUMO
Nesta unidade apresentaremos, no capítulo 1, conceitos de vetores e técnicas de
cálculo vetorial necessários para a abordagem dos conteúdos de mecânica em um nível mais
abstrato. No segundo capítulo apresentamos conceitos e princípios que viabilizam a solução de
problemas de física usando diretamente as leis de Newton.. Os conceitos, são os de
deslocamento, tempo e massa e os princípios são os de conservação do momento, do
momento angular e de energia, todos consequências das leis de Newton.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
7
SUMÁRIO DE UNIDADE
UNIDADE I
1 Revisão: Vetores e Cálculo Vetorial
1.1. Introdução
1.2. Ângulos de direção e cossenos diretores
1.3. Álgebra vetorial
1.4. Mudança do sistema de coordenadas
1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar
1.6. Operador gradiente
1.7. Problemas
2 Mecânica Newtoniana de Uma Partícula
2.1. Introdução
2.2. Leis de Newton
2.3. Sistemas de referências
2.4. Equação de movimento para uma partícula
2.5. Teoremas de conservação
2.6. Energia
2.7. Problemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
8
Capítulo 1. Revisão – Vetores e Análise Vetorial
1.1 Introdução
Métodos vetoriais tornaram‐se ferramentas padrões para os físicos, uma vez que
compõem uma linguagem e a linguagem é um ingrediente essencial do pensamento abstrato.
Por apresentar símbolos e palavras apropriadas torna fácil e claro nosso pensamento sobre
conceitos sofisticados e abstratos na física.
Quantidades físicas que são completamente especificadas, em unidades apropriadas por
um único número (chamado a sua magnitude), tais como o volume, a massa, e a temperatura
são chamadas de quantidades escalares. Tais quantidades escalares são tratadas como
números reais ordinários. Elas obedecem todas as regras regulares de adição, subtração,
multiplicação e divisão algébricas, e assim por diante.
Existem também quantidades físicas que exigem uma magnitude e uma direção para sua
completa especificação. Estas são chamadas grandezas vetoriais se sua combinação umas
outras é comutativa (isto é, a ordem de adição pode ser alterada sem afetar o resultado).
Assim nem todas as quantidades possuindo magnitude e direção são vetores. Deslocamento
angular, por exemplo, pode ser caracterizado por magnitude e direção, mas não é um vetor,
pois a adição de dois ou mais deslocamentos angulares não é, em geral, comutativa.
Em impressos, denotamos vetores por letras em negrito (tal como ) e usamos letras
itálicas comuns (tal como ) para as magnitudes; em manuscritos, vetores são usualmente
representados por uma letra com uma seta acima dela tal como . Adotaremos aqui a segunda
convenção. Um dado vetor pode ser escrito como
, 1.1
adimensional com uma magnitude unitária tendo a direção de . Assim
. 1.2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
9
Figura 1.1. Representação gráfica (geométrica) do vetor .
Alternativamente, um vetor pode ser especificado por suas componentes (projeções ao longo
de eixos coordenados) e os vetores unitários ao longo dos eixos coordenados (veja Figura 1.2):
̂ ̂ ̂ ∑ ̂ 1.3
onde ̂ 1, 2, 3 são os vetores unitários ao longo dos eixos retangulares ,
, . Eles são normalmente escritos como ̂, ̂ e nos livros textos de física geral. O trio
de componentes ( , , ) é também usado como uma representação alternativa
(representação algébrica) para o vetor :
, , 1.4
Esta notação algébrica de um vetor pode ser estendida (ou generalizada) para espaços
de dimensões maiores que três, onde uma ‐upla de números reais, , , , ,
representa um vetor. Mesmo que não possamos construir vetores físicos para 3, podemos
reter a linguagem geométrica para estas generalizações ‐dimensionais.
Figura 1.2. O vetor em coordenadas cartesianas.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
10
1.2 Ângulos de direção e cossenos diretores
Podemos expressar o vetor unitário em termos dos vetores coordenados unitários ̂ .
Da Equação (1.3),
̂ ̂ ̂ 1.5
de onde segue que
Figura 1.3. Ângulos de direção do vetor
1.3. Álgebra Vetorial
Igualdade de vetores
é equivalente a três equações
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
11
Geometricamente, vetores iguais são paralelos e possuem o mesmo comprimento, mas não
tem necessariamente a mesma posição.
Adição de vetores
A adição de dois vetores é definida pela equação
, , , , , , 1.10
Isto é, a soma de dois vetores é um vetor cujas componentes são as somas das componentes
dos dois vetores dados.
Figura 1.4. Adição de dois vetores.
Podemos adicionar dois vetores não paralelos pelo método gráfico mostrado na Figura
1.4. Para adicionar o vetor ao vetor , deslocamos paralelo a ele próprio até que sua
extremidade inferior (cauda) esteja na extremidade posterior (cabeça) de . O vetor soma
Multiplicação por um escalar
Se é um escalar
, , 1.11
o vetor é aquele cujo direção é o reverso daquela de , mas ambas tem o mesmo
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
12
1.12
Vemos que a adição vetorial tem as seguintes propriedades:
(a) (comutatividade)
(b) (associatividade)
(c) 0 0
(d) 0
Vamos agora considerar a multiplicação de vetores. Observe que divisão por um vetor
Existem varias modos de multiplicar dois vetores, cada um com um significado especial.
O produto escalar
Figura 1.5. O produto escalar de dois vetores
· 0 . 1.13
Está claro da definição (1.13) que o produto escalar é comutativa, isto é,
· · , 1.14
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
13
e o produto de um vetor por ele mesmo fornece o quadrado do produto interno do vetor, isto
é,
.
Da Figura 1.5 podemos conseguir a interpretação geométrica do produto, observando
Se apenas as componentes de e são conhecidas, então não seria pratico calcular
· da definição (1.13). Mas neste caso, podemos calcular · em termos das
componentes, da seguinte forma
· ̂ ̂ ̂ · ̂ ̂ ̂
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂ 1.16
onde obtemos nove termos, todos envolvendo o produto interno entre vetores unitários da
forma ̂ · ̂ . Os vetores unitários ̂ , ̂ e ̂ formam um conjunto de vetores ortogonais entre
si, de forma que o produto interno entre vetores com índices diferentes é nulo enquanto entre
vetores de mesmo índice é igual a unidade, isto é,
onde
0,
1.18
1,
Assim, usando (1.17), a expressão em (1.16) torna‐se apenas
· 1.19
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
14
Uma aplicação que usa a definição de produto interno ou produto escalar é a lei dos
1.20
Tomando o produto de por ele mesmo obtemos
· ·
2 · 2 . 1.21
A relação (1.21) é alei dos cossenos.
Figura 1.6 Lei dos cossenos
O produto vetorial (ou produto cruz ou externo)
, 1.22
a Figura 1.7 para entender a geometria do problema. O módulo de é dado pela área do
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
15
Da definição do produto vetorial e da regra da mão direita segue imediatamente que
, 1.24
ou seja, o produto vetorial não é comutativo. Se e são paralelos, então segue de (1.23)
que
0. 1.25
Em termos de componentes, temos
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ 1.26
Considerando as definições (1.22), (1.23) e (1.24) e o fato dos vetores unitários formarem um
conjunto de vetores mutuamente ortogonais, segue que
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂ 0 1.30
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
16
De (1.27) – (1.30) segue que
0 ̂ ̂
̂ 0 ̂
̂ ̂ 0 1.31
ou ainda
̂ ̂ ̂ 1.32
O resultado (1.32) pode ser colocado na forma de determinante, para ser lembrado mais
facilmente:
̂ ̂ ̂
1.33
As Equações (1.27) – (1.30) podem ser escrita de forma compacta em termos do símbolo
de permutação :
̂ ̂ ̂ 1.34
onde é definido por
Usando o resultado (1.34) e a definição (1.35) seguem imediatamente os resultados (1‐
27) – (1.30).
Assim, com o uso do símbolo de permutações podemos escrever o produto vetorial
como
̂ ̂ ̂ ̂
,
̂ ̂ 1.36
, ,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
17
1.37
,
Se 1, obtemos
,
. 1.38
Figura 1.8 O produto escalar triplo de três vetores , , .
O produto escalar triplo ·
O produto escalar triplo representa o volume do paralelepípedo formado pelos lados
· 1.39
Conforme mostra a Figura 1.8, é área do paralelogramo de lados e , e a altura do
paralelepípedo. Usando (1.33) podemos escrever (1.39) como
̂ ̂ ̂
· ̂ ̂ ̂ · 1.40
Desenvolvendo o determinante, (1.40) toma a forma
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
18
· 1.41
Do resultado (1.41) fica fácil mostrar que um número par de permutações entre os
vetores não altera o resultado, enquanto um número impar de permutações introduz um sinal
menos no resultado. Isto segue das propriedades de determinantes que diz que a troca de
quaisquer duas colunas ou duas linhas entre si troca o sinal do determinante. No nosso caso a
troca de linha no determinante leva a uma troca na ordem em que os vetores aparecem no
produto escalar triplo. Assim temos
· ·
· 1.42
Não temos mudança de sinal quando efetuamos a troca do ponto com a cruz
· · 1.43
O resultado (1.43) é idêntico ao resultado da ultima igualdade em (1.42).
Também a permuta dos vetores de forma que apareçam em ordem cíclica,
não altera o sinal do produto escalar triplo.
O produto vetorial triplo
vetores e . Se não é paralelo a , podemos escrevê‐lo como uma combinação linear
1.44
Como · 0, segue
· · 0 1.45
ou
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
19
1.45
· ·
com sendo um escalar. Assim podemos escrever (1.44) como
· · 1.44
Exercício proposto
Mostre que em (1.14),
1. 1.45
· · 1.44
que é uma identidade muito usada em várias situações de resolução de problemas em Física.
Exercício proposto
Demonstre as seguintes identidades vetoriais
(a) · · ·
(b) · ·
· ·
(c) · · ·
· · · ·
· ·
(d)
1.4. Mudança do sistema de coordenadas
Equações vetoriais são independentes do sistema de coordenadas que escolhido, mas as
componentes de uma quantidade vetorial são diferentes em sistemas de coordenadas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
20
O vetor terá as seguintes representações em termos de coordenadas nos dois
sistemas de coordenadas:
̂ ̂ ̂ ̂ 1.45
e
̂ ̂ ̂ 1.46
Como as coordenadas do sistema girado estão relacionadas com as do sistema
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂ 1.47
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂ 1.48
̂ · ̂ ̂ · ̂ ̂ · ̂ 1.49
Os produtos internos em (1.47) – (1.49) são os cossenos diretores dos eixos do novo
sistema de coordenadas relativo ao sistema antigo:
· , 1.50
As Equações (1.47) – (1.49) podem ser colocadas na forma matricial e com a definição
(1.50) podem ser escritas como
1.51
A matriz dos coeficientes é a matriz que efetua a rotação do sistema de
coordenadas. É uma matriz ortogonal: seu determinante é igual a 1. Os seus elementos
satisfazem a seguinte relação
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
21
Assim as coordenadas da quantidade vetorial no sistema girado estão relacionadas
com as coordenadas da mesma quantidade no sistema antigo através da relação
1.53
Qualquer quantidade que se transforme de acordo com a Equação (1.53) é dita ser uma
quantidade vetorial.
Quantidades tensoriais que representam quantidades físicas tais como o tensor de
inercia, em problemas de rotação de corpos rígidos, ou o tensor das tensões, no estudo de
deformações de sólidos, ou o tensor permissividade elétrica ou o tensor dielétrico, em cristais
dielétricos, são quantidades que se transformam como
1.54
,
frente a transformação das coordenadas do sistema por uma rotação.
1.5. Diferenciação de um vetor com relação a um escalar
Um vetor pode ser função de um ou mais escalares e vetores. O conceito de campo é
usado em física para representar uma quantidade física que é função da posição em uma dada
região. A temperatura é um campo escalar, porque seu valor depende da localização: a cada
ponto , , está associada uma temperatura , , . A função , , é um campo
esclar, cujo valor é um numero real dependendo apenas do ponto no espaço mas não da
escolha particular do sistema de coordenadas. Um campo vetorial, por outro lado, associa a
cada ponto um vetor, tal como a velocidade do vento ou a intensidade do campo elétrico ou
magnético. Quando descrito em um sistema girado, por exemplo, as três componentes do
vetor associado com o ponto mudarão numericamente. Conceitos importantes fisicamente e
geometricamente relacionados com campos escalares e vetoriais são o gradiente, a
divergência, o rotacional, e os correspondentes teoremas integrais.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
22
Os conceitos de cálculo tais como a continuidade e diferenciabilidade, podem ser
naturalmente generalizados para o cálculo vetorial. Considere um vetor cujas componentes
são funções de uma única variável . Se o vetor representa a posição ou velocidade, por
exemplo, então o parâmetro é usualmente o tempo , mas pode ser qualquer quantidade
que determine as componentes de . Em um sistema de coordenadas cartesianas a função
vetorial pode ser escrita como
̂ ̂ ̂ . 1.55
A função vetorial é dita contínua se em se ela está definida em alguma
vizinhança de e
1.56
∆
1.57
∆ ∆
existe. O vetor
̂ ̂ ̂ . 1.58
é chamado a derivada de . Estamos supondo que os vetores são fixos no espaço.
Derivadas de ordens mais altas para podem ser definidas de forma semelhante.
é, , , então
1.59
é o diferencial de e
∆ , ,
1.60
∆ ∆
e de forma semelhante para / .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
23
Derivadas de produtos obedecem a regras semelhantes aquelas para as funções
escalares. Contudo, quando produto vetorial está envolvido a ordem dos fatores deve ser
considerada.
Como uma aplicação de diferenciação vetorial podemos considerar a variação no tempo
do vetor posição do ponto , , como mostrado na Figura (1.9), então
̂ ̂ ̂ . 1.61
Figura 1.9. Vetor posição e ∆ em dois instantes de tempo diferentes, diferindo um do outro
por uma quantidade finita ∆ .
∆ ∆
1.62
∆ ∆
1.63
1.64
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
24
̂ ̂ ̂ ̂ Posição
̂ ̂ Aceleração
Calcular estas quantidades em coordenadas retangulares é direto uma vez que os vetores
unitários ̂ são constantes no tempo. Em sistemas de coordenadas não retangulares, contudo,
os vetores unitários no vetor posição da partícula quando ela se move no espaço não são
constantes no tempo, e as componentes das derivadas temporais de não são mais relações
simples. Por exemplo, em coordenadas polares planas ( , ) o vetor posição é dado por
̂ 1.66
A velocidade é a primeira derivada de em relação ao tempo, isto é,
̂
̂ ̂ 1.67
Uma segunda diferenciação de produz a aceleração:
̂ 2 ̂ 1.68
Exercício proposto
Deduza as expressões (1.67) e (1.68)
Exercício resolvido 1.1
Determine as componentes do vetor aceleração em coordenadas cilíndricas.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
25
Solução. O vetor posição em coordenadas cilíndricas é dado por
̂ .
A velocidade é dada por
̂
A aceleração é determinada tomando a derivada temporal de .
̂ ̂ ̂
̂ ̂ ̂ ̂ ̂
FIGURA 1‐10 O sistema de coordenadas cilíndricas , , são mostradas com respeito ao sistema
de coordenadas Cartesianas , , .
̂ cos , sen ,0
̂ sen , cos ,0
̂ 0, 0, 1
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
26
As derivadas temporais dos vetores unitários são determinadas tomando as derivadas das
componentes.
̂ sen , cos ,0 ̂
̂ cos , sin ,0 ̂
̂ 0
Substituímos as derivadas temporais do vetor unitário na expressão acima para , obtendo
̂ ̂ ̂ ̂ ̂ ̂
̂ 2 ̂ ̂
1.6. Operador Gradiente
Agora voltamos ao membro mais importante de uma classe chamada de operadores
vetoriais diferenciais – o operador gradiente.
1.69
1.70
A transformação de coordenada inversa é
1.71
Diferenciando,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
27
1.72
Mas o termo no ultimo parêntese é justamente , assim
1.73
Substituindo a Equação 1.73 na Equação 1.70, obtemos
1.74
Como isto segue corretamente a equação de transformação de um vetor (Equação 1.44), a
função / é a é componente de um vetor chamado o gradiente da função .
Observe que mesmo sendo um escalar, o gradiente de é um vetor. O gradiente de é
∂
grad 1.75
∂
Podemos expressar o operador vetor gradiente completo como
̂ Gradiente 1.76
(b) ser usado em um produto escalar com uma função vetorial, como em · (a divergência
rotacional de ). Apresentamos o grad, divergência, e rotacional:
̂ 1.77a
∂
· 1.77b
∂
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
28
∂
̂ 1.77b
∂
, ,
Para ver a interpretação física do gradiente de uma função escalar, considere o mapa
tridimensional e o mapa topográfico da Figura 1‐11. As curvas fechadas da parte b
representam linhas de altura constante. Denotemos por a altura em algum ponto
, , . Então
As componentes do vetor deslocamento são os incrementos nos deslocamentos na direção
dos três eixos ortogonais:
, , 1.78
Portanto
· 1.79
Seja tangencialmente direcionado ao longo das linhas de isolatitude (isto é, ao
longo da linha para a qual ), como indicado na Figura 1‐11. Como
não são nulos, eles devem, portanto ser mutuamente perpendiculares entre si. Assim é
normal à linha (ou em três dimensões, à superfície) para a qual .
,
ou
1.80
Portanto, está na direção da maior variação em .
Podemos resumir estes resultados como segue:
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
29
FIGURA 1‐11 (a) O mapa do contorno tridimensional pode ser representado por (b) um mapa
topográfico de linha representando a altura constante. O gradiente
representa a direção perpendicular as linhas constantes.
1. O vetor e, em qualquer ponto, normal às linhas ou superfícies para as quais
.
2. O vetor aponta na direção da máxima variação em .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
30
3. Como qualquer direção no espaço pode ser especificada em termos do vetor
unitário naquela direção, a taxa de mudança de na direção de (a derivada
direcional de ) pode ser determinada de · / .
A sucessiva operação do operador gradiente produz
∂ ∂ ∂
· 1.81
∂ ∂ ∂
Este importante produto de operadores, chamado o Laplaciano, é também escrito como
∂
1.82
∂
Quando o Laplaciano opera sobre um escalar, temos, por exemplo.
∂ ψ
ψ 1.83
∂
1.7 Integração de Vetores
O vetor resultante da integração de volume de uma função vetorial através
do volume é dado por
, , 1.84
·
onde é um elemento de área da superfície (Figura 1‐12). Escrevemos como uma
quantidade vetorial porque podemos atribuir a ela não apenas um módulo , mas também
uma direção correspondente a normal a superfície no ponto em questão. Se o vetor unitário
normal é , então
1.85
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
31
FIGURA 1‐12 O diferencial é um elemento de área da superfície. Sua direção é normal à
superfície.
Assim, as componentes de são as projeções do elemento de área sobre três planos
mutuamente perpendiculares definidos pelos três eixos retangulares:
, etc. 1.86
Portanto, teremos
· · 1.87
ou
· 1.88
A Equação 1.87 afirma que a integral de sobre a superfície é a integral da componente
normal de sobre a superfície.
A normal a superfície pode ser considerada como estando em qualquer de duas
direções possíveis (“para cima” ou “para baixo”); assim o sinal de é ambíguo. Se a superfície
é fechada, nós adotamos a convenção que a normal para fora é positiva.
A integral de linha de uma função vetorial ao longo de um dado caminho
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
32
· ∑ 1.89
A quantidade é um elemento de comprimento ao longo do caminho dado (Figura 1‐13). A
FIGURA 1‐13 O elemento é um elemento de comprimento ao longo do caminho dado de para .
Sua direção está ao longo do caminho em um dado ponto.
direção de é tomada como positiva ao longo da direção em que o caminho é percorrido. Na
Figura 1‐13 no ponto , o ângulo entre e é menor que /2, de forma que · é
positiva neste ponto. No ponto Q, o ângulo é maior que /2, e a contribuição para a integral
neste ponto é negativa.
Frequentemente é útil relacionar certas integrais de superfície ou com integrais de
volume (teorema de Gauss) ou com integrais de linha (teorema de Stokes). Considere a
a integral de superfície de sobre a superfície fechada é igual a integral de volume da
divergência de ( · ) através do volume englobado pela superfície . Escrevemos isto
matematicamente como
· · 1.90
O teorema de Gauss é algumas vezes também chamado de teorema da divergência. O
teorema é particularmente útil para tratar com a mecânica de meios contínuos.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
33
FIGURA 1‐14 O diferencial é um elemento de área sobre a superfície que rodeia o volume
fechado .
Veja a Figura 1‐15 para a descrição física necessária para o teorema de Stokes, que se
aplica a uma superfície aberta e ao contorno de caminho que define a superfície. O
rotacional do vetor ( A) deve existir e ser integrável sobre a superfície inteira de . O
teorema de Stokes afirma que a integral de linha do vetor em torno do contorno do caminho
é igual à integral de superfície do rotacional de sobre a superfície definida por .
Escrevemo‐lo matematicamente como
· 1.91
onde a integral de linha é em torno do contorno do caminho fechado . O teorema de Stokes
FIGURA 1‐15 Um contorno define uma superfície aberta . A integral de linha em torno do
caminho e a integral de superfície sobre a superfície são exigidas para o teorema de
Stokes.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
34
é particularmente útil para reduzir certas integrais de superfície (bidimensionais) a uma
integral de linha mais simples, espera‐se! Ambos, os teoremas de Gauss e de Stokes possuem
ampla aplicação em calculo vetorial. Além da mecânica, eles são também úteis em aplicações
eletromagnéticas e em teoria do potencial.
1.8. Problemas
1.2.Determine um vetor unitário perpendicular ao plano de 2, 6, 3 e
4, 3, 1 .
unitário perpendicular ao plano contendo os vetores e .
planares é que · 0
(b) Determine a equação para o plano determinado pelos três pontos 2, 1, 1 ,
3, 2, 1 e 1, 3, 2 .
1.5.(a) Determine a matriz de transformação para uma rotação de um novo sistema de
coordenadas através de um ângulo em torno do eixo ( ).
1.6. Considere a transformação linear
̂ · ̂ .
Mostre, usando o fato que o modulo do vetor é o mesmo em ambos os sistemas, que
, 1,2,3 .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
35
1.7. Considere um cubo unitário com um canto na origem e três lados adjacentes estando ao
longo dos três eixos de um sistema de coordenadas retangulares. Determine os vetores
descrevendo as diagonais do cubo. Qual é o ângulo entre qualquer par de diagonais?
1.8. Uma partícula move‐se em uma orbita elíptica plana descrita pelo vetor posição
2 sen ̂ cos ̂
(a) Determine , e o módulo da velocidade.
(b) Qual é o ângulo entre e no tempo /2 ?
1.9. Deduza as seguintes expressões usando álgebra vetorial:
̂ · ̂ ̂ ̂
Qual é o significado geométrico de cada dos dois termos da expansão?
1.11. Determine as componentes do vetor aceleração em coordenadas esféricas.
1.12. Uma partícula move‐se com constante ao longo da curva 1 cos (uma
· ·
1.14. Calcule a integral
1.15. A altura de uma colina em metros é dada por 2 3 4 18 28 12,
onde é a distância leste e é a distância norte da origem. (a) Onde está o topo da colina
e quão alto ele é? (b) Quão íngreme é a colina em 1, isto é, qual é o ângulo entre
um vetor perpendicular à colina e o eixo ? (c) Em que direção da bussola está a
inclinação x=y=1 mais íngrime?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
36
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
37
CAPÍTULO 2 – MECÂNICA NEWTONIANA DE UMA PARTÍCULA
2.1. Introdução
As leis físicas devem ser baseadas sobre fatos experimentais. Não podemos esperar a
priori que a atração gravitacional entre dois corpos deve variar exatamente como o inverso do
quadrado da distancia entre eles. Mas experimentos indicam que isto é assim. Uma vez que
um conjunto de dados experimentais tenha sido correlacionado e um postulado tenha sido
formulado considerando o fenômeno para o qual os dados se referem, então várias
implicações podem ser trabalhadas. Se estas implicações são todas verificadas pelo
experimento, podemos acreditar que o postulado é geralmente verdadeiro. O postulado então
assume o status de uma lei física. Se alguns experimentos discordam das previsões da lei, a
teoria deve ser modificada para tornar‐se consistente com os fatos. Isto foi o que aconteceu
com as teorias clássicas (mecânica newtoniana e eletromagnetismo de Maxwell) na virada do
século dezenove, surgindo novas teorias como a teoria da relatividade e a teoria quântica.
Newton nos proporcionou as leis fundamentais da mecânica. Anunciaremos aqui estas
leis em termos modernos, discutiremos seus significados, e então deduziremos as implicações
das leis em várias situações.
2.2. Leis de Newton
Iniciamos simplesmente afirmando de forma convencional as leis de Newton da Mecanica:
I. Um corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme a menos que esteja sob a
ação de uma força.
II. Um corpo sob a ação de uma força move‐se de tal maneira que a taxa de variação
temporal do momento é igual a esta força.
III. Se dois corpos exercem forças um sobre o outro; estas forças são iguais em módulo e
opostas em direção.
Observe que a primeira Lei é sem significado sem o conceito de “força”. De fato,
sozinha, a Primeira Lei transmite significado preciso apenas para força nula; isto é, um corpo
permanece em repouso ou em movimento uniforme (isto é, não acelerado, retilíneo) se não
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
38
está sujeito as forças nenhuma de forma. Um corpo movendo‐se desta maneira é chamado um
corpo livre (ou partícula livre).
A Segunda Lei fornece uma declaração explicita: Força está relacionada à taxa de
mudança do momento com o tempo. Newton adequadamente definiu momento (embora ele
tenha usado o termo quantidade de movimento) como o produto de massa e velocidade, tal
que
2.1
Portanto, a Segunda Lei de Newton pode ser expressa como
2.2
A definição de força torna‐se completa e precisa apenas quando “massa” é definida. Assim a
Primeira Lei e a Segunda Lei não são “leis” no sentido usual; em vez disso, elas podem ser
consideradas definições. Como comprimento, tempo, e massa são conceitos normalmente já
entendidos, usamos a Primeira Lei e a Segunda Lei de Newton como a definição operacional de
força. A Terceira Lei de Newton, contudo, é de fato uma lei. É uma afirmativa referente ao
mundo físico real e contém toda a física presente nas leis de movimento de Newton.
A Terceira Lei não é uma lei geral da natureza. A lei se aplica quando a força exercida
por um objeto (ponto) sobre outro objeto (ponto) está dirigida ao longo da linha conectando
os objetos. Tais forças são chamadas forças centrais. Aplica‐se a Terceira Lei se a força central
é atrativa ou repulsiva. Força gravitacional e força eletrostática são forças centrais, de modo
que as leis de Newton podem ser usadas em problemas envolvendo estes tipos de forças. Dois
objetos pontuais conectados por uma mola elástica estão sujeitos a forças que obedecem a
Terceira Lei de Newton.
Qualquer força que depende das velocidades dos corpos interagindo é não central, e a
Terceira Lei não se aplica. Forças dependentes da velocidade são características de interações
que se propagam com velocidade finita. Assim a força entre cargas elétricas em movimento
não obedecem a Terceira Lei de Newton, porque a força propaga‐se com a velocidade da luz.
Mesmo a força gravitacional entre corpos em movimento é dependente da velocidade, mas o
efeito é pequeno e difícil de detectar.
Para demonstrar o significado da Terceira Lei de Newton, vamos parafraseá‐lo do
seguinte modo, incorporando a definição apropriada de massa:
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
39
III’: Se dois corpos constituem um sistema ideal, isolado, então as acelerações destes corpos
estão sempre em direções opostas, e a razão dos módulos das acelerações é constante.
Esta razão constante é o inverso da razão entre as massas dos corpos.
Com esta afirmativa, podemos dar uma definição pratica de massa e, portanto
fornecemos um significado preciso às equações resumindo a dinâmica Newtoniana. Para dois
corpos isolados, 1 e 2, a Terceira Lei afirma que
2.3
Usando a definição de força como dada pela Segunda Lei de Newton, temos
2.4
ou, com massas constantes,
2.4
e, porque a aceleração é a derivada temporal da velocidade,
2.4
Daí,
2.5
onde o sinal negativo indica apenas que os dois vetores aceleração são direcionados
opostamente. Massa é considerada uma quantidade positiva.
Podemos sempre selecionar, digamos como a massa unitária. Então, comparando
a razão entre as acelerações quando é permitido interagir com qualquer outro corpo,
podemos determinara massa do outro corpo. Para medir as acelerações, devemos ter relógios
e bastões de medidas apropriados; também, devemos escolher sistemas de coordenadas ou
referenciais adequados. A questão de um “sistema de referencia adequado” será discutida na
próxima seção.
Um dos métodos mais comuns para determinar a massa de um objeto é através da
pesagem – por exemplo, comparando seu peso aquele de um padrão por meio de uma balança
de braços. Este procedimento faz uso do fato que em um campo gravitacional o peso de um
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
40
corpo é justamente a força gravitacional agindo sobre o corpo; isto é, a equação de Newton
Galileu foi o primeiro a testar a equivalência da massa inercial e massa gravitacional
em seu experimento (talvez apócrifo) com pesos caindo da Torre de Pisa. Newton também
considerou o problema e mediu os períodos de pêndulos de comprimentos iguais, mas com
peso de pendulo de materiais diferentes. Nem Newton nem Galileu encontraram qualquer
diferença, mas os métodos eram completamente grosseiros. Em 1890 Eötvös desenvolveu um
método engenhoso para testar a equivalência de massa inercial e massa gravitacional.
Experimentos mais recentes melhoraram a precisão, e sabemos agora que massa inercial e
massa gravitacional são idênticas dentro de algumas partes em 10 . Este resultado é
consideravelmente importante na teoria da relatividade. A asserção da igualdade exata de
massa inercial e massa gravitacional é chamada o princípio de equivalência.
A Terceira Lei de Newton é afirmada em termos de dois corpos que constituem um
sistema isolado. É impossível atingir tal condição ideal, todo corpo no universo interage com
algum outro corpo, embora a força de interação seja tão fraca para ser de alguma importância
prática quando grandes distancias estão envolvidas.
Outra interpretação da Terceira Lei de Newton é baseada no conceito de momento.
Rearranjando a Equação 2.4a obtém‐se
0
ou
2.6
A afirmativa que momento é conservado na interação isolada de duas partículas é um caso
especial daquele mais geral, a conservação do momento linear. Físicos tratam com carinho
leis gerais, e a conservação do momento linear é acreditada sempre ser obedecida.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
41
2.3. Sistemas de Referência
Newton observou que, apara as leis de movimento ter significado, o movimento dos
corpos deveriam ser medidos relativos a algum sistema de referencia. Um sistema de
referencia é chamado um referencial inercial se as leis de Newton são de fato válidas naquele
sistema; isto é, se um corpo sujeito a nenhuma força externa move‐se em linha reta com
velocidade constante (ou permanece em repouso), então o sistema de coordenadas que
confirma este fato é um sistema de referência inercial. Esta é uma definição operacional nítida
e que também segue da teoria geral da relatividade.
Se as leis de Newton são válidas em um sistema de referencia, então elas são válidas
também em qualquer sistema de referencia em movimento uniforme (isto é, não acelerado)
com respeito ao primeiro sistema. Este é um resultado decorrente do fato que a equação
A teoria da relatividade tem nos mostrado que os conceitos de repouso absoluto e
sistema de referencia inercial absoluto são sem significado. Portanto, mesmo que
convencionalmente adotemos um sistema de referência descrito com respeito às estrelas
“fixas” –e, de fato, em tal referencial as equações newtonianas são válidas com alto grau de
precisão – tais referenciais não são, de fato, um referencial inercial absoluto. Podemos,
contudo, considerar as “estrelas fixas” para definir um sistema de referência que se aproxima
do referencial inercial “absoluto” em um grau completamente suficiente para nossos
propósitos presentes.
Embora o sistema de referência das estrelas fixas seja um sistema convenientemente
definível e adequável para muitos propósitos, devemos enfatizar que a definição fundamental
de um referencial inercial não faz menção às estrelas, fixas ou outras. Se um corpo sujeito a
nenhuma força move‐se com velocidade constante em um sistema de coordenadas, aquele
sistema é, por definição, um referencial inercial. Porque precisamente descrevendo o
movimento de um objeto físico real no mundo físico real é normalmente difícil, usualmente
recorremos a idealizações e aproximações de graus variáveis; isto é, ordinariamente
desprezamos as forças menores sobre um corpo se estas forças não afetam significativamente
o movimento do corpo.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
42
Se desejarmos descrever o movimento de, digamos uma partícula livre e se
escolhermos para este propósito algum sistema de coordenadas em um referencial inercial,
então exigiremos que a equação de movimento (vetorial) da partícula será independente da
posição da origem do sistema de coordenadas e independente de sua orientação no espaço.
Exigimos, além disso, que o tempo seja homogêneo; isto é, uma partícula livre movendo‐se
com uma dada velocidade constante no sistema de coordenadas durante um dado intervalo de
tempo não deve, duranteum intervalo de tempo posterior, ser encontrado em movimento
com uma velocidade diferente.
FIGURA 2‐1 Nós escolhemos descrever o caminho de uma partícula livre movendo‐se ao longo do
caminho AC em um sistema de coordenadas retangulares cuja origem sem move em um
círculo. Tal sistema não é um sistema de referência inercial.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
43
Estas observações não são suficientes para decidir se o tempo é homogêneo. Para
chegar a tal conclusão, repetidas medidas devem ser feitas em situações idênticas em vários
tempos; resultados idênticos indicariam a homogeneidade do tempo.
As equações de Newton não descrevem o movimento de corpos em sistemas não
inerciais. Podemos imaginar um método para descrever o movimento de uma partícula por um
sistema de coordenadas girante, mas, as equações resultantes contêm vários termos que não
aparecem na equação de movimento simples . Para o momento, então, restringiremos
nossa atenção a sistema de referencia inercial para descrever a dinâmica das partículas.
2.4. Equação de Movimento para uma Partícula
A equação de Newton / pode ser expressa alternativamente como
2.7
se fizermos a suposição que a massa não varia com o tempo. Esta é uma equação diferencial
de segunda ordem que pode ser integrada para determinar se a função é
conhecida. Especificando os valores iniciais de e então nos permite calcular as duas
constantes arbitrárias de integração. Então determinamos o movimento de uma partícula em
A força pode ser uma função de qualquer combinação de posição, velocidade, e
ajuda‐nos a fazer isto resolvendo para . A aplicação da Equação 2.7 a situações físicas é uma
parte importante da mecânica.
Neste capítulo, examinaremos vários exemplos importantes nos quais a função força é
conhecida. Iniciamos olhando em funções forças simples (ou constante ou dependente apenas
de , , e t) apenas em uma dimensão espacial como uma revisão de cursos de física
anteriores. É importante para formar bons hábitos em resolver problemas. Aqui estão algumas
técnicas úteis para resolver problemas.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
44
1. Faça um esboço do problema, indicando forças, velocidades, e assim por diante.
2. Escreva abaixo as quantidades dadas.
3. Escreva abaixo as equações úteis e o que deve ser determinado.
4. Que estratégias e princípios de física devem ser usados para manipular as equações
para determinar as quantidades procuradas. Manipulações algébricas bem como a
diferenciações ou integrações são usualmente exigidas. Algumas vezes cálculos
numéricos usando um computador são os métodos de solução mais fáceis, se não o
único.
5. Finalmente, coloque nos valores reais para os nomes de variáveis assumidas para
determinar a quantidade procurada.
Primeiro consideremos o problema de um bloco deslizando sobre um plano inclinado. O
ângulo do plano inclinado é e a massa do bloco é 10 . O esboço do problema é mostrado
na Figura 2‐2a.
Exercício resolvido 2.1.
Se um bloco desliza sem atrito para baixo de um plano inclinado fixo, fazendo 30 com a
horizontal, que é a aceleração do bloco?
Solução.
As duas forças sobre o bloco (veja Figura 2‐2a): a força gravitacional e a força normal
ao plano empurrando o bloco para cima (sem atrito neste exemplo). O bloco está vinculado
a permanecer sobre o plano, e a única direção que o bloco pode se mover é na direção , para
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
45
cima e para baixo no plano. Tomaremos a direção apontando para baixo no plano. A força
total é constante; a Equação 2.7 torna‐se
e porque é a força resultante agindo sobre o bloco,
ou
2.8
Este vetor deve ser aplicado em duas direções: e (perpendicular a ). A
componente de força na direção é zero, porque nenhuma aceleração ocorre nesta direção. A
direção
direção
com o resultado exigido
sen
sen sen
Portanto a aceleração do bloco é uma constante.
Podemos determinar a velocidade do bloco após ele mover‐se do repouso por uma
distancia para baixo do plano multiplicando a Equação 2.11 por 2 e integrando
2 2 sen
2 sen
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
46
2 sen
2 sen
2 sen
Exercício Resolvido 2.2.
Se o coeficiente de atrito estático entre o bloco e o plano no exemplo anterior é
0,4, a partir de que ângulo o bloco começa a deslizar se ele inicialmente encontra‐se
em repouso?
Solução.
Necessitamos de um novo esboço para indicar a força de atrito adicional (veja a Figura
2‐2b). A força de atrito estático possui o valor máximo aproximado
2.12
e a Equação 2‐7 torna‐se, em forma de componentes,
direção
direção
A força de atrito estático será algum valor exigido para manter 0 – isto é,
para manter o bloco em repouso. Contudo, quando o ângulo do plano aumenta,
eventualmente a força de atrito estático será incapaz de manter o bloco em repouso. Quando
atinge este ângulo , , torna‐se
cos
e
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
47
sen
sen cos
Exatamente antes que o bloco comece a deslizar a aceleração 0, forma que
sen cos 0
Exercício Resolvido 2.3.
Após o bloco, do exemplo anterior, começar a deslizar, o coeficiente de atrito cinético
(deslizamento) torna‐se 0,3. Determine a aceleração para o ângulo 30 .
Solução.
Similarmente ao Exemplo 2.2, o atrito cinético torna‐se (aproximadamente)
e
Geralmente, a força de atrito estático ( ) é maior que aquela de atrito
cinético ( ). Isto pode ser observado em um experimento simples. Se abaixarmos o
ângulo além de 16,7 , determinamos que 0, e o bloco eventualmente para. Se
levantarmos o bloco de volta até acima de 16,7 , observaremos que o bloco não começa a
deslizar novamente até que 22 (Exercício resolvido 2.2). O atrito estático determina
quando ele inicia novamente o movimento. Não existe uma aceleração descontinua quando o
bloco começa a se movimentar, devido a diferença entre e . Para baixas velocidades, o
coeficiente de atrito muda mais ou menos rapidamente de para .
O tema referente a atrito é ainda uma área de pesquisa interessante e importante.
Existem ainda surpresas. Por exemplo, mesmo que se calcule o valor absoluto da força de
atrito como , pesquisas têm mostrado que a força de atrito é diretamente
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
48
proporcional, não a carga, mas à área microscópica de contato entre os dois objetos (como
oposto a área de contato aparente). Usaremos como uma aproximação porque, quando
aumenta, assim faz a área de contato real em nível microscópico. Por centenas de anos antes
de 1940, foi aceito que a carga – e não a área – era diretamente responsável. Também se
acreditava que a força de atrito estático é maior que aquela de atrito cinético porque a ligação
entre os átomos dos dois objetos não possuem o mesmo tempo para desenvolver‐se no
movimento cinético.
Efeito de Forças de Resistência
Devemos enfatizar que a força na Equação 2.7 não é necessariamente uma constante,
e de fato, ela pode consistir de varias partes distintas, como visto nos exemplos anteriores. Por
exemplo, se a partícula cai em um campo gravitacional constante, a força gravitacional é
, onde é a aceleração da gravidade. Se, além disso, uma força de resistência
existe e é alguma função da velocidade instantânea, então a força total é
2.19
2.20
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
49
FIGURA 2‐3 (a) Forças aerodinâmicas atuando sobre projétil. é o arraste (força de resistência do
ar) e é oposto a velocidade do projétil . Observe que pode fazer um ângulo com o
eixo de simetria do projétil. A componente de força agindo perpendicular ao arraste é
chamada a força de sustentação . O ponto é o centro de pressão. Finalmente, a força
gravitacional age para baixo. Se o centro de pressão não está no centro de massa do
projétil, existe também um torque em torno do centro de massa. (b) O coeficiente de
arraste , da lei de resistência de Rheinmetall (Rh82), é representado em gráfico versus o
número March . Observe a grande variação próxima à velocidade do som, onde 1.
(c) A força de resistência do ar (arraste) é mostrada como função da velocidade para um
projétil de diâmetro igual a 10 . Observe à inflexão próxima a velocidade do som. (d) O
mesmo que em (c) para velocidades mais altas.
O efeito da resistência do ar é importante para uma bola de ping‐pong golpeada
violentamente para um oponente, uma bola de beisebol voando alto quando golpeada
fortemente para fora do campo, o arremesso da bola de golfe, granadas de morteiro lançadas
contra o inimigo. Tabulações extensivas foram feitas para balísticas militares de projeteis, de
vários tipos, para a velocidade como função do tempo de voo. Existem várias forças sobre um
projétil real em voo. A força de resistência do ar é chamada o arraste e é oposta a
velocidade do projétil como mostrado na Figura 2‐3a. A velocidade normalmente não está ao
longo do eixo de simetria da casca do projétil. A componente de força agindo perpendicular ao
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
50
arraste é chamada a força de sustentação . Pode existir também várias outras forças devido
à rotação e oscilação do projétil, e o calculo da trajetória balística do projétil é muito
complexo. A expressão de Prandtl para a resistência do ar é
1
2.21
2
A seguir vamos discutir alguns exemplos envolvendo a presença de forças de resistência
. Em algumas situações há a necessidade do desenvolvimento de cálculos numéricos.
Exercício Resolvido 2.4.
Como o exemplo mais simples do movimento de uma partícula com resistência,
encontramos o deslocamento e velocidade do movimento horizontal em um meio no qual a
força de oposição ao movimento é proporcional ao modulo da velocidade.
Solução.
Um esboço do problema é mostrado na Figura 2‐4. A equação Newtoniana nos
dá a equação de movimento:
direção x
2.22
onde é o modulo da força de resistência ( ). Não estamos inferindo por
esta forma que a forças de resistência depende da massa ; esta forma simplesmente torna a
matemática mais fácil. Então
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
51
2.23
ln
A constante de integração na Equação 2.23 pode ser calculada se atribuímos a condição inicial
0 . Segue que ln , e
2.24
Podemos integrar esta equação para obter o deslocamento como função do tempo:
2.25
1 2.25
FIGURA 2‐4 Exercício resolvido 2.4
Podemos também obter a velocidade como função de deslocamento escrevendo
1
·
de forma que
ou
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
52
de onde determinamos, usando as mesmas condições iniciais,
2.26
Portanto, a velocidade diminui linearmente com o deslocamento.
Exercício resolvido 2.5.
Determine o deslocamento e velocidade de uma partícula sofrendo movimento vertical
em um meio tendo forças de resistência proporcional à velocidade.
FIGURA 2‐5 Exemplo 2‐5
Solução.
Consideremos que a partícula está caindo apontando para baixo com uma velocidade
inicial de uma altura em um campo gravitacional constante (Figura 2‐5). A equação de
movimento é
direção z
2.27
onde – representa uma força positiva apontando para cima desde que tomamos e
para ser positivo para cima, e o movimento é para baixo – isto é, 0, de modo que
– 0. Da Equação 2.27, temos
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
53
2.28
1
ln
2.29
Integrando uma vez mais e calculando a constante fazendo 0 , determinamos
1 2.30
A Equação 2.29 mostra que quando o tempo se torna muito longo, a velocidade aproxima‐se
do valor limite – / ; este é chamado de velocidade terminal, . A Equação 2.27 produz o
mesmo resultado, porque a força anula‐se – e daí não ocorrerá acelerações adicionais –
quando / . Se a velocidade inicial excede a velocidade terminal em módulo, então o
corpo imediatamente começa a desacelerar e aproxima‐se da velocidade terminal na direção
oposta. A Figura 2‐6 ilustra estes resultados para módulos de velocidades para baixo (valores
positivos).
FIGURA 2‐6 Resultados para o Exemplo 2.5 indicando o módulo das velocidades para baixo para
vários valores iniciais do modulo da velocidade quando eles se aproximam da
velocidade terminal.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
54
Exercício resolvido 2.6.
A seguir, vamos tratar o movimento do projétil em duas dimensões, primeiro sem
considerar a resistência do ar. Seja o módulo da velocidade com que o projétil deixa a boca
do cano da arma e seja o ângulo de elevação (Figura 2‐7). Calcule o deslocamento, a
velocidade, e o alcance do projétil.
FIGURA 2‐7 Exemplo 2‐6
Solução.
Usando , as componentes de força tornam‐se
direção x
0 2.31
direção y
2.31
0
cos
e
sen
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
55
A velocidade e deslocamento total como funções do tempo são determinadas por
/
2 sen 2.34
e
/
sen 2.35
4
Podemos determinar o alcance determinando o valor de quando o projétil cai de volta ao
chão, isto é, quando 0.
sen 0
2
2 sen
2.37
O alcance é determinado de
2
sen cos 2.38
Observe que o alcance máximo ocorre para 45 .
Usaremos alguns valores da realidade nestes cálculos. Os alemães usaram um projétil
de longo alcance chamado Big Bertha na Primeira Guerra Mundial para bombardear Paris. A
velocidade da bala saída da boca do canhão era de 1450 / . Determine seu alcance previsto,
altura máxima do projétil, e o tempo de vôo do projétil se 55 . Temos 1450 / e
55 , de modo que o alcance (da Equação 2.39) torna‐se
1450 /
sin 110 202
9,8 /
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
56
O alcance real de Big Bertha era de 120 . A diferença é resultado do efeito real de
resistência do ar.
Para determinar a altura máxima prevista, precisamos calcular para o tempo /2
onde é o tempo de vôo do projétil:
2 1450 / sen 55
242
9,8 /
sen
2 8 2
Exercício resolvido 2.7.
A seguir, adicione o efeito da resistência do ar ao movimento do projétil no exemplo anterior.
Calcule o decréscimo em alcance sob a suposição que a força de resistência do ar é
diretamente proporcional a velocidade do projétil.
Solução. As condições iniciais são as mesmas que no exemplo anterior.
0 0 0
0 cos 2.40
0 sen
Contudo, as equações de movimento, Equação 2.31, torna‐se
2.41
2.42
A Equação 2.41 é exatamente aquela usada no Exemplo 2.4. A solução é, portanto
1 2.43
Similarmente, a Equação 2.42 tem a mesma forma que a equação de movimento do Exemplo
2.5. Podemos usar a solução encontrada naquele exemplo fazendo 0. (O fato que
consideramos a partícula como projetada para baixo no Exercício resolvido 2.5 não apresenta
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
57
qualquer conseqüência. O sinal da velocidade inicial automaticamente leva isto em conta)
Portanto
1 2.44
A trajetória é mostrada na Figura 2‐8 para vários valores da constante da força de
impedimento para um dado vôo do projétil.
FIGURA 2‐8 As trajetórias calculadas de uma partícula sujeitas a resistência do ar ( ) para vários
valores de (em unidades de ). Os cálculos foram executados para valores de 60 e
600 / . Os valores de (Equação 2.44) está disposto na forma de gráfico em função de
(Equação 2.43).
O alcance , que é o alcance incluindo resistência do ar, pode ser determinado como
anteriormente calculando o tempo exigido para a trajetória inteira e então substituindo este
valor na Equação 2.43 para . O tempo é determinado como anteriormente determinando
quando 0. Da Equação 2.44, determinamos
1 2.45
Esta é uma equação transcendental, e, portanto não podemos obter uma expressão analítica
para T. Contudo, ainda temos métodos poderosos para usar a fim de resolver tais problemas.
Apresentamos dois deles aqui: (1) um método de perturbação para determinar uma solução
aproximada, e (2) um método numérico, que pode normalmente ser tão preciso quanto
desejado. Compararemos os resultados.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
58
Método de Perturbação. Para usar o método de perturbação, determinamos um parâmetro de
expansão ou constante de acoplamento que normalmente seja pequeno. No presente caso,
este parâmetro é a constante da força de impedimento , porque já resolvemos o presente
problema com 0, e agora gostaríamos de ligar a força de impedimento, mas considerando
pequeno. Portanto expandimos o termo exponencial da Equação 2.45 em uma série de
potência com a intenção de manter apenas os termos de ordens mais baixos em , onde é
o nosso parâmetro de expansão.
1 1
2.46
2 6
Se mantivermos apenas termos na expansão até , esta equação pode ser rearranjada para
produzir
2 / 1
2.47
1 / 3
Agora temos o parâmetro de expansão no denominador do primeiro termo no lado direito
desta equação. Necessitamos expandir este termo em uma série de potencias:
1
1 / / 2.48
1 /
2 2
2.49
3
2 2 sen
0
2
1 2.50
3
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
59
que é a expressão aproximada desejada para o tempo de vôo.
A seguir, escrevemos a equação para (Equação 2.43) na forma expandida:
1 1
2.51
2 6
Como , temos aproximadamente para o alcance
1
2.52
2
onde novamente mantemos termos apenas até a primeira ordem de . Podemos agora
calcular esta expressão usando o valor de da Equação 2.50. Se retivermos apenas termos
lineares em , determinamos
2 4
1 2.53
3
A quantidade 2 / pode agora ser escrita (usando as Equações 2.40) como
2 2
sen cos sen 2 2.54
que será reconhecido como o alcance do projétil quando a resistência do ar é desprezada.
Portanto
4
1 2.55
3
Sobre que intervalo de valores para esperamos que nosso método de perturbação venha
esteja correto? Se olharmos para a expansão na Equação 2.48, veremos que a expansão não
converge a menos que / 1 ou / , e de fato, gostaríamos que /
/ sen .
Método Numérico A Equação 2.45 pode ser resolvida numericamente usando um computador
através de uma variedade de métodos. Estabelecemos uma estrutura de repetição (loop) para
resolver a equação para para muitos valores de até 0.08 : . Estes valores de e
são inseridos na Equação 2.43 para determinar o alcance , que é apresentado na Figura 2‐
9. O alcance cai rapidamente com o aumento da resistência do ar, exatamente como seria
esperado, mas não apresenta a dependência linear sugerida pela solução obtida através do
método de perturbação da Equação 2.55.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
60
FIGURA 2‐9 Os valores do alcance calculados aproximadamente e numericamente para o projétil dado
na Figura 2‐8 são dispostos em forma de gráfico como função dos valores da constante de
força de impedimento
Para o movimento do projétil descrito nas Figuras 2‐8 e 2‐9, a aproximação linear é
inexata para valores de tão baixos quanto 0.01 e incorretamente mostra que o alcance é
zero para todos os valores de maiores que 0.014 . Esta discordância com o método de
perturbação não é surpreendente porque o resultado linear para o alcance era dependente
de sin 0.02 , que dificilmente é verdadeira mesmo para 0.001 . A
concordância deveria ser adequada para 0.005 , o arraste dificilmente pode ser
considerado como uma perturbação. De fato, para 0.01 o arraste torna‐se o fator
dominante no movimento do projétil.
O exemplo anterior indica quão complicado pode ser o mundo real. Naquele exemplo,
ainda tivemos que fazer suposições que eram não físicas – ao supor, por exemplo, que a força
de resistência é sempre linearmente proporcional à velocidade. Mesmo nosso calculo
numérico não é exato, uma vez que a Figura 2‐3 nos mostra que uma melhor suposição seria
incluir um termo de resistência também.
A adição de tal termo não seria difícil com o cálculo numérico. Enfatizamos que
existem muitos modos de executar cálculos numéricos com computadores, e o estudante
provavelmente deseja se tornar proficiente em vários deles.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
61
Isto conclui nossa subseção sobre os efeitos das forças de resistência. Muito mais
poderia ser feito para incluir efeitos realísticos, mas o método é claro. Normalmente, um
efeito é adicionado em um tempo, e os resultados são analisados antes que outro efeito seja
adicionado.
Outros Exemplos de Dinâmica
Concluímos esta seção com dois exemplos padrões adicionais sobre o comportamento
da dinâmica de sistemas tipo partícula.
Exercício Resolvido 2.8
A máquina de Atwood consiste de uma polia lisa com duas massas suspensas nas
extremidades de uma corda leve (Figura 2‐10). Determine a aceleração das massas e a tensão
da corda (a) quando o centro da polia está em repouso e (b) quando a polia está descendo em
um elevador com aceleração constante .
FIGURA 2‐10 Exemplo 2‐8. Máquina de Atwood
Solução.
Desprezamos a massa da corda e supomos que a polia é lisa – isto é, não existe atrito
sobre a corda. A tensão deve sera mesma em toda a corda. As equações de movimento, para
cada massa, para o caso (a),
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
62
2.66
2.67
Observe novamente a vantagem do conceito de força: Precisamos apenas identificar as forças
agindo sobre cada massa. A tensão é a mesma em ambas as equações. Se a corda é
inextensível, então , e as Equações 2.66 e 2.67 podem ser combinadas
Rearranjando,
2.68
2
2.69
Para o caso (b), em que a polia está em um elevador, o sistema de coordenadas com
origem no centro da polia não é mais um sistema inercial. Necessitamos de um sistema inercial
com a origem no topo do cabo do elevador (Figura 2‐11b). As equações de movimento no
sistema inercial ( , ) são
assim
2.70
onde
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
63
2.71
e
2
2.72
Observe que os resultados para a aceleração e a tensão são exatamente como se a aceleração
da gravidade fosse reduzida pela quantidade da aceleração do elevador . A mudança para um
elevador subindo deveria ser óbvia.
2.5Teoremas de Conservação
Agora voltamos a uma discussão detalhada da mecânica Newtoniana de uma única partícula e
deduziremos os teoremas importantes considerando quantidades que se conservam. Devemos
enfatizar que não estamos provando a conservação das varias quantidades. Estamos
meramente deduzindo as conseqüências da dinâmica das leis de Newton. Estas implicações
devem ser colocadas a disposição de experimentos, e suas verificações então fornecem uma
medida de confirmação das leis originais da dinâmica. O fato que estes teoremas de
conservação têm de fato sido determinados como validos em muitas circunstâncias fornece
uma parte importante da prova para a correção das leis de Newton, no mínimo em física
clássica.
O primeiro dos teoremas de conservação se refere ao momento linear de uma
partícula. Se a partícula é livre,isto é, se a partícula não encontra forças, então a Equação 2.2
torna‐se simplesmente 0. Portanto, é um vetor constante no tempo, e o primeiro
teorema de conservação torna‐se
I. O momento linear total de uma partícula é conservado quando a força total
sobre ela é zero.
Observe que este resultado é deduzido de uma equação vetorial, 0, e portanto se
aplica a cada componente do momento linear. Para afirmar o resultado em outros termos, seja
algum vetor constante tal que · 0, independente do tempo. Então
· · 0
ou, integrando com relação ao tempo,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
64
· constante 2.80
que afirma que a componente do momento linear, em uma direção na qual a força anula‐se, é
constante no tempo.
O momento angular de uma partícula com relação a uma origem da qual o vetor
posição é medido é definido como
2.81
O torque ou momento da força com relação a mesma origem é definido como
2.82
Agora
mas
0
desta forma
2.83
Se nenhum torque age sobre a partícula (isto é, se 0), então 0 e é um vetor
constante no tempo. O segundo teorema de conservação importante é
II. O momento angular de uma partícula sujeita a nenhum torque é conservado.
Relembramos ao estudante que a escolha criteriosa da origem de um sistema de
coordenadas frequentemente permite que um problema seja resolvido muito mais facilmente
do que uma escolha sem critérios. Por exemplo, o torque será zero em sistemas de
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
65
coordenadas centradas ao longo da linha de força resultante. O momento angular será
conservado neste caso.
Se o trabalho é realizado sobre uma partícula por uma força ao transformar a
partícula da Condição 1 para a Condição 2, então este trabalho é definido como
· 2.84
Se é a força resultante total agindo sobre a partícula,
· · ·
1
· 2.85
2 2 2
O integrando na Equação 2.84 é assim um diferencial exato, e o trabalho realizado pela força
total agindo sobre uma partícula é igual a sua variação na energia cinética:
1 1
2.86
2 2
realizou trabalho resultando em decréscimo na energia cinética. É importante observar que a
força levando a Equação 2.85 é a força total (isto é, resultante) sobre a partícula.
Agora examinemos a integral aparecendo na Equação 2.84 de um ponto de vista
diferente. Em muitos problemas físicos, a força tem a propriedade que o trabalho exigido
para mover uma partícula de uma posição para outra sem qualquer mudança na energia
cinética depende apenas das posições original e final e não do caminho exato tomado pela
partícula. Por exemplo, suponha que o trabalho realizado para mover a partícula do ponto 1 na
Figura 2‐11 ao ponto 2 é independente do caminhos reais , , ou tomados. Esta
propriedade é exibida, por exemplo, por um campo de força gravitacional constante. Assim, se
uma partícula de massa é elevada até uma altura (através de algum caminho), então uma
quantidade de trabalho foi realizada sobre a partícula, e a partícula pode realizar uma
quantidade igual de trabalho ao retornar a sua posição original. Esta capacidade em realizar
trabalho é chamada a energia potencial da partícula.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
66
FIGURA 2‐11 Para algumas forças (identificadas mais tarde como conservativas), o trabalho realizado
pela força para mover uma partícula da posição 1 para outra posição 2 é independente
do caminho ( , , ou )
Podemos definir a energia potencial de uma partícula em termos do trabalho realizado
(feito pela força ) exigido para transportar a partícula do ponto 1 ao ponto 2 (com nenhuma
variação liquida na energia cinética) como
· 2.87
O trabalho realizado ao mover a partícula é assim simplesmente a diferença da energia
potencial U entre os dois pontos. Por exemplo, se levantamos uma maleta da posição 1 no
chão para a posição 2 na cabine de um caminhão, nós como o agente externo estamos
realizando o trabalho contra a força da gravidade. Seja a força na Equação 2.87 a força
gravitacional, e ao levantar a mala, · torna‐se negativo. O resultado da integração na
Equação 2.87 é que é negativa, de forma que a energia potencial na posição 2na
cabine do caminhão é maior que na posição 1 no chão. A mudança na energia potencial
é o negativo do trabalho realizado pela força gravitacional, como pode ser visto
multiplicando ambos os lados da Equação 2.87 por 1. Como agente externo nós realizamos
trabalho positivo (contra a gravidade) para elevar a energia potencial da mala.
A Equação 2.87 pode ser reproduzida se escrevemos como o gradiente da função
escalar :
2.88
Então
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
67
· · 2.89
Na maioria dos sistemas de interesse, a energia potencial é uma função da posição e,
possivelmente, do tempo: ou , . Não consideraremos casos em que a
energia potencial é uma função da velocidade.
É importante observar que a energia potencial é definida a menos de uma constante
aditiva; isto é, a força definida por não é diferente daquela definida por
constante . Energia potencial, portanto não possui um significado absoluto; apenas diferenças
de energia potencial são fisicamente significativas (como na Equação 2.87).
Se escolhermos um dado sistema de referencia inercial para descrever um processo
mecânico, as leis de movimento serão as mesmas como em qualquer outro sistema de
referencia em movimento relativo uniforme em relação ao sistema original. A velocidade de
uma partícula é em geral diferente dependendo sobre qual sistema de referencia escolhemos
como a base para a descrição do movimento. Portanto determinamos que é impossível atribuir
uma energia cinética absoluta a uma partícula do mesmo modo que é impossível atribuir
qualquer significado absoluto a energia potencial. Ambas as limitações são o resultado do fato
que selecionar uma origem do sistema de coordenadas usada para descrever os processos
físicos é sempre arbitrário. O físico Escocês no século dezenove James Clerk Maxwell (1831 –
1879) resumiu a situação como segue.1
Devemos, portanto, considerar a energia de um sistema material como uma
quantidade a qual podemos assegurar o aumento ou decréscimo quando o
sistema passa de uma condição definida para outra. O valor absoluto da
energia na condição padrão é desconhecido para nós, e não seria de qualquer
utilidade se a conhecêssemos, uma vez que todos os valores dependem da
variação de energia e não do seu valor absoluto.
A seguir, definimos a energia total de uma partícula como a soma das energias cinética
e potencial:
2.90
A derivada temporal total de é
1
J. C. Maxwell, Matter and Motion (Cambridge, 1877), p. 91.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
68
2.91
Para calcular as derivadas temporais aparecendo no lado direito desta equação, primeiro
observamos que a Equação 2.85 pode ser escrita como
1
· 2.92
2
Dividindo tudo por ,
· · 2.93
Temos também
· 2.94
Substituindo as Equações 2.93 e 2.94 na 2.91, obtemos
· ·
·
2.95
porque o termo se anula em vista da definição da energia potencial (Equação 2.88) se
a força total é a força conservativa . é a potência, taxa de transferência de energia
por unidade de tempo.
consideramos potenciais dependentes da velocidade), o campo de força representado por é
conservativo. Sob estas condições, temos o terceiro teorema de conservação importante:
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
69
Deve ser reiterado que não provamos as leis de conservação do momento linear,
momento angular, e energia. Apenas deduzimos varias conseqüências das leis de Newton; isto
é, se estas leis são válidas em dada situação, então o momento e energia serão conservados.
Mas nos tornamos tão enamorados com estes teoremas sobre conservação que as elevamos
ao status de leis e chegamos a insistir que elas sejam válidas em qualquer teoria física, mesmo
aquelas que se aplicam a situações nas quais a mecânica Newtoniana não é válida, como, por
exemplo, na interação de cargas em movimento ou em sistemas da mecânica quântica.
Realmente não temos leis de conservação em tais situações, mas em vez disso, postulados de
conservação que impomos à teoria. Por exemplo, se temos duas cargas elétricas isoladas em
movimento, as forças eletromagnéticas entre elas não são conservativas. Portanto dotamos o
campo eletromagnético com uma dada quantidade de energia de modo que a conservação de
energia seja válida. Este procedimento é satisfatório apenas se as conseqüências não
contradizem qualquer fato experimental, isto é de fato o caso para cargas em movimento.
Portanto estendemos o conceito usual de energia para incluir a “energia eletromagnética”
para satisfazer nossa noção preconcebida que energia deve ser conservada. Isto pode parecer
um passo arbitrário e drástico a ser dado, mas nada, é dito, sucede como faz sucesso, e estas
“leis” de conservação tem sido o conjunto de princípios da física de maior sucesso. A recusa
em abandonar a conservação da energia e momento levou Wolfgang Pauli (1900 – 1958) a
postular em 1930 a existência do neutrino para levar em consideração a energia e momento
“ausente” no decaimento radioativo. Este postulado permitiu a Enrico Fermi (1901 – 1954) a
construir uma teoria de sucesso para o decaimento em 1934, mas observação direta do
neutrino só foi feita em 1953 quando Reines e Cowan executaram seu famoso experimento.
Aderindo a convicção que energia e momento devem ser conservados, uma nova partícula foi
conservada, o que é de grande importância em teorias modernas de física nuclear e física de
partículas. Esta descoberta é apenas uma dos muitos avanços no entendimento das
propriedades da matéria que resultaram diretamente da aplicação das leis de conservação.
Aplicaremos estes teoremas de conservação a varias situações físicas no restante
deste livro, entre elas o espalhamento de Rutherford e o movimento planetário. Um exemplo
simples aqui indica a utilização destes teoremas de conservação.
Exercício resolvido 2.9.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
70
Um rato de massa pula sobre a aresta externa de um ventilador de inércia rotacional
e raio que gira livremente. Com que razão a velocidade angular varia?
Solução.
e
2.6 Energia
O conceito de energia não era muito disseminado no tempo de Newton o quanto é hoje.
Mais tarde estudaremos duas novas formulações de dinâmica, diferente da de Newton,
baseadas no conceito de energia – os métodos Lagrangiano e Hamiltoniano.
No início do século dezenove, tornou‐se claro que calor era outra forma de energia e
não uma forma de fluido (chamado “calórico”) que fluía entre corpos quentes e frios. Ao
Conde Rumford é geralmente dado o credito pela observação que a grande quantidade de
calor gerada durante a perfuração de um canhão era causada pelo atrito e não pelo calórico.
Se energia de atrito é justamente energia térmica, permutável com a energia mecânica, então
a conservação total de energia pode ocorrer.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
71
Considere uma partícula pontual sob à influencia de uma força conservativa com
potencia . A conservação de energia (realmente, energia mecânica, para ser preciso nesse
caso) é refletida na Equação 2.90.
1
2.96
2
onde consideramos apenas o caso unidimensional. Podemos reescrever a Equação 2.96 como
2
2.97
e por integração
2.98
gravitacional.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
72
FIGURA 2‐12 A curva da energia potencial com vários valores de energia indicados. Para
certas energias, por exemplo, e , o movimento é limitado.
O movimento para uma partícula com energia é simples: A partícula chega do
infinito, para e retorna em , e retorna para o infinito – muito parecido como uma bola
de tênis quicando contra uma parede rígida. Para a energia , o movimento é ilimitado e a
partícula pode está em qualquer posição. Sua velocidade mudará porque ele depende da
diferença entre e . Se ela está movendo‐se para a direita, ela acelerará e desacelerará,
mas continua para o infinito.
O movimento de uma partícula de energia é similar aquela de uma massa na
extremidade de uma mola. O potencial na região pode ser aproximado por
. Uma partícula com energia ligeiramente acima de oscilará em torno
do ponto . Nos referimos a tal ponto como um ponto de equilíbrio, porque se a
partícula é colocada em permanece ai. Equilíbrio pode ser estável, instável, ou neutro.
O equilíbrio já discutido é estável porque se a partícula fosse colocada sobre qualquer dos
lados de eventualmente retornaria para lá. Podemos usar uma tigela de mistura
hemisférica com uma bola de aço como um exemplo. Com o lado direito da bacia para cima, a
bola pode rolar dentro da bacia; mas ela eventualmente acabará por se depositar no fundo –
em outras palavras, existe um equilíbrio estável. Se virarmos a tigela de ponta cabeça e
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
73
colocarmos a bola precisamente em , a bola permanecerá ai em equilíbrio. Se
colocarmos a bola sobre qualquer dos lados de sobre a superfície arredondada, ela
rolará para fora; chamamos este de equilíbrio instável. Equilíbrio neutro aplica‐se quando a
bola rola sobre superfícies chatas, suaves, horizontais.
2.99
2! 3!
O sobrescrito zero indica que a quantidade é para ser calculada em 0. A energia potencial
em 0 é simplesmente uma constante que podemos definir como zero sem qualquer
perda de generalidade. Se 0 é um ponto de equilíbrio, então
0 Ponto de equilibrio 2.100
e a Equação 2.99 torna‐se
2.101
2! 3!
2.101
2!
Podemos determinar se o equilíbrio em 0 é estável ou instável examinando / .
Se 0 é um ponto de equilíbrio estável, deve ser maior (mais positivo) em qualquer
dos lados de 0. Porque é sempre positivo, as condições para o equilíbrio são
0 Equilíbrio estável
2.103
0 Equilíbrio instável
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
74
Se / é zero, termos de ordens mais altas devem ser examinados.
Exercício resolvido 2.10.
Considere o sistema de polias, massas, e cordas mostrado na Figura 2‐13. Uma corda leve de
comprimento é ligada ao ponto , passa sobre uma polia no ponto localizado a uma
distância 2 , e finalmente ligada à massa . Outra polia com massa ligada passa sobre a
corda, empurrando‐a para baixo entre e . Calcule a distancia quando sistema está em
equilíbrio, e determine se o equilíbrio é estável ou instável. As polias são sem massas.
FIGURA 2‐13 Exemplo 2.10
Solução.
Podemos resolver este exemplo ou usando forças (isto é, quando 0 ) ou energia.
Escolhemos o método de energia, uma vez que em equilíbrio a energia cinética é zero e
precisamos tratar apenas com a energia potencial quando a Equação 2.100 se aplica.
Seja 0 ao longo da linha AB.
2.104
Supomos que a polia mantendo a massa é pequena, de modo que podemos
desprezar o raio da polia. A distância na Figura 2‐13 é constante.
/4
/4
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
75
Fazendo / 0, podemos determinar a posição de equilíbrio :
4 /4
4 /4
4 16
4
2.105
4
Observe que a solução real existe apenas quando 4 .
/ /
4 /4 16 /4
Agora inserimos .
/
4
4
A condição para o equilíbrio (movimento real) anteriormente era 4 , de forma que,
quando ele existe, será estável, uma vez que / 0.
2.7. PROBLEMAS
2.1. Uma partícula de massa está restrita a mover‐se sobre a superfície de uma esfera de
2.2. Se um projétil é lançado da origem do sistema de coordenadas com velocidade inicial e
na direção fazendo um ângulo com a horizontal, calcule o tempo exigido para o projétil
cruzar a linha passando através da origem e fazendo um ângulo com a horizontal.
2.3. Um palhaço está lançando simultaneamente quatro bolas. Estudantes usam um gravador
de vídeos para determinar que o palhaço gasta 0,9 para cada bola circular através das
suas mãos (incluindo apanhar, transferir, e lançar) e estar pronto para apanhar a próxima
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
76
bola. Qual é a velocidade vertical mínima com que o palhaço deve lançar para cima cada
bola?
2.4. O piloto de um avião de caça sabe que ele é capaz de suportar uma aceleração de 9
antes de desmaiar. O piloto aponta seu avião verticalmente para baixo enquanto desloca‐
se com velocidade 3 March e pretende puxar para cima em uma manobra circular antes de
quebrar no solo. (a) Onde ocorre a aceleração máxima na manobra? (b) Qual é o raio
mínimo que o piloto pode tomar?
2.5. Na nevasca de 88, uma fazendeira foi forçada a lançar fardos de feno de um aeroplano
para alimentar seu rebanho. O avião voou horizontalmente a 160 / e abandonou os
fardos de uma altura de 80 m acima de um intervalo plano. (a) Ela desejava que os fardos
caíssem a 30 m atrás do rebanho de modo a não atingi‐lo. Onde deveria empurrar os
fardos para fora do aeroplano? (b) Para não atingir o rebanho, qual é o erro máximo de
tempo que ela poderia cometer enquanto empurrava os fardos para fora do aeroplano?
Despreze a resistência do ar.
2.6. Inclua resistência do ar para os fardos de feno no problema anterior. Um fardo de feno
possui massa de aproximadamente 30 e área media de aproximadamente 0,2 . Seja
a resistência do ar proporcional ao quadrado da velocidade e 0,8. Faça o gráfico das
trajetórias com um computador se os fardos de feno caem a 30 m atrás do rebanho em
ambos os casos em que inclui resistência do ar e não inclui. Se os fardos de feno fossem
liberados ao mesmo tempo nos dois casos, qual é a distancia entre as posições em que os
fardos permanecerão?
2.7. Um projétil é disparado com uma velocidade tal que ele passa através de dois pontos
ambos a uma distancia acima da horizontal. Mostre que se a arma é ajustada para
alcance Maximo, a separação entre os pontos é
4
2.8. Considere um projétil disparado verticalmente em um campo gravitacional constante.
Para a mesma velocidade inicial, compare os tempos exigidos para o projétil alcançar sua
altura máxima (a) para força de resistência zero, (b) para força de resistência proporcional
a velocidade instantânea do projétil.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
77
2.9. Repita o Exercício resolvido 2‐4 executando o calculo usando um computador para
resolver a Equação 2.22. Use os seguintes valores 1 , 10 / , 0, e
0,1 . Faça gráficos de versus , versus , versus . Compare com os
resultados do Exercício resolvido 2.4 para ver se seus resultados são razoáveis.
2.10. Considere uma partícula e massa cujo movimento é iniciado do repouso em um campo
gravitacional constante. Se uma força de resistência proporcional ao quadrado da
velocidade (isto é, ) é encontrada, mostre que a distância que a partícula cai
acelerando de a é dada por
1
ln
2
2.11. Uma partícula é projetada verticalmente para cima em um campo gravitacional
constante com velocidade inicial . Mostre que se existe força de resistência proporcional
ao quadrado do modulo da velocidade instantânea, o modulo da velocidade da partícula
quando ela retorna a posição inicial é
onde é o modulo da velocidade terminal.
2.12. Uma partícula move‐se em um meio sob a influência de uma força de resistência igual a
, onde e são constantes. Mostre que para qualquer valor do modulo da
velocidade inicial a partícula nunca se moverá por uma distancia maior que /2 e que a
partícula chega ao repouso apenas para ∞.
(a) Quão longe acima da colina o projétil estará?
(b) Em que ângulo o alcance será máximo?
(c) Qual é o alcance máximo?
2.14. Uma partícula é projetada com velocidade inicial de uma encosta que faz um ângulo
com a horizontal. Suponha o movimento sem atrito e determine o tempo exigido para a
partícula retornar a sua posição de partida. Determine o tempo para 2,4 / e
26 .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
78
2.15. Mostre diretamente que a taxa de variação temporal do momento angular em torno da
origem para um projétil disparado da origem ( constante) é igual ao momento da força
(ou torque) em torno da origem.
2.16. O movimento de uma partícula carregada em um campo eletromagnético pode ser
obtido da equação de Lorentz para a força sobre uma partícula em tal campo. Se o vetor
onde supomos que (velocidade da luz).
(a) Se não existe campo elétrico e se a partícula entra no campo magnético em uma
direção perpendicular às linhas de fluxo magnético, mostre que a trajetória é um
circulo com raio
onde / é a freqüência de cíclotron.
. Assim
, ̂
Mostre que a componente do movimento é dada por
2
onde
0 e
(c) Continue o calculo e obtenha expressões para e . Mostre que as médias
temporais destas componentes de velocidade são
, 0
(Mostre que o movimento é periódico e então faça a media sobre um período
completo.)
(d) Integre as equações de velocidade para encontradas em (c) e mostre que (com
condições iniciais 0 / , 0 / , 0 0, 0 ) que
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
79
Estes são as equações paramétricas de um trochoide. Esquematize a projeção da
trajetória sobre o plano para os casos (i) / , (ii) / , e (iii)
/ . (o ultimo caso produz um ciclóide.)
2.17. Uma partícula de massa 1 está sujeito a uma força unidimensional
, onde 1 / e 0,5 . Se a partícula esta inicialmente em repouso,
calcular e fazer o gráfico, com a ajuda de um computador, da posição, da velocidade, e
aceleração da partícula como função do tempo.
2.18. Um bloco de massa 1,62 deslizando para baixo de uma inclinação sem atrito
(Figura 2‐A). O bloco é abandonado de uma altura 3,91 acima da base do laço.
FIGURA 2‐A Problema 2‐25.
(b) Qual é a força do trilho sobre o bloco no ponto B?
(c) Com que velocidade o bloco deixa o trilho?
(d) Quão distante do ponto A o bloco permanecerá ao nível do solo?
(e) Esboce o gráfico da energia potencial do bloco. Indique a energia total sobre o
esboço.
2.19. Uma criança desliza um bloco de massa 2 ao longo de um piso escorregadio da
cozinha. Se a velocidade inicial é 4 / e o bloco atinge uma mola com constante de mola
de 6 / , qual é a compressão máxima da mola? Qual é o resultado se o bloco desliza
através de 2 de um assoalho rugoso que possui 0,2?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
80
2.21. Um estudante abandona um balão cheio de água a partir do telhado do prédio mais alto
da cidade tentando atingir seu companheiro de quarto no solo (que é muito rápido). O
primeiro estudante vira rapidamente a cabeça e ouve o estalo da água 4.021 após
abandonar o balão. Se a velocidade do som é 331 / , determine a altura do edifício,
desprezando a resistência do ar.
2.22. Dois blocos de massas diferentes estão conectados por uma corda sobre uma polia lisa
(Figura 2‐B). Se o coeficiente de atrito cinético é , qual é o ângulo da inclinação que
permite às massas se mover com velocidade constante?
FIGURA 2‐B Problema 2‐32
2.23. Execute cálculos no computador para objetos movendo‐se verticalmente no ar sob a
ação da gravidade e experimentando uma força de resistência proporcional ao quadrado
da velocidade do objeto (veja Equação 2.21). Use as variáveis para a massa e para o
raio do objeto: Todos os objetos são abandonados do repouso do topo de um edifício em
construção de 100 m. Use um valor de 0,5 e faça o gráfico no computador da altura
, velocidade , e aceleração versus para as seguintes condições e responda as
questões:
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
81
2.24. Uma partícula de massa possui velocidade / , onde é seu deslocamento.
Determine a força responsavel.
2.25. O modulo da velocidade de uma partícula de massa varia com a distância como
. Suponha 0 0 em 0. (a) Determine a força responsável.
(b) Determine e (c) .
2.26. Um barco com velocidade inicial é lançado em um lago. O barco é desacelerado pela
água com uma força . (a) Determine a expressão para o modulo da velocidade
. (b) Determine o tempo e (c) a distancia para o barco parar.
2.27. Um trem se move ao longo dos trilhos com uma velocidade constante . Uma mulher
dentro do trem arremessa uma bola de massa a frente com uma velocidade com
respeito a si mesmo. (a) Qual é a energia cinética ganha da bola quando medida por uma
pessoa no trem? (b) por uma pessoa parada com relação aos trilhos? (c) Quanto trabalho é
feito pela mulher lançando a bola e (d) pelo trem?
2.28. Uma partícula está sob a influência de uma força / , onde e são
constantes e é positivo. Determine e discuta o movimento. O que acontece quando
/4?
2.29. Descreva como determinar se um equilíbrio é estável ou instável quando /
0.
2.30. Escreva o critério para determinar se um equilíbrio é instável ou estável quando todas as
derivadas até ordem , / 0.
2.31. Considere a partícula movendo‐se na região 0 sob a influência do potencial
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
82
2.32. Faça a suposição (não realística) que um barco de massa desliza suavemente com
velocidade inicial na água é desacelerado por uma força de resistência viscosa de
modulo , onde é uma constante. (a) Determine e esboce . Quanto tempo toma o
barco para atingir uma velocidade de /1000? (b) Determine . Por quanto o barco se
desloca neste tempo? Seja 200 , 2 / , e 0,2 .
2.33. Uma partícula de massa movendo‐se em uma dimensão possui energia potencial
/ / , onde e são constantes positivas. (a) Determine a força
, que age sobre a partícula. (b) Esboce o gráfico de . Determine as posições de
equilíbrio estável e instável. (c) Qual é a freqüência angular de oscilações em torno do
ponto de equilíbrio estável? (d) Qual é a velocidade mínima que a partícula deve ter na
origem para escapar para o infinito? (e) Em 0 a partícula está na origem e sua
velocidade é positiva e igual em modulo a velocidade de escape da parte (d). Determine
e esboce o gráfico para o resultado.
2.34. Quais das seguintes forças são conservativas? Se conservativa, determine a energia
potencial . (a) , , . (b)
2.35. Uma batata de massa 0,5 move‐se sob a gravidade da Terra com força de resistência
do ar de – . (a) Determine a velocidade terminal se a batata é abandonada do repouso
e 0,01 .(b) Determine a altura máxima da batata se ele tem o mesmo valor de ,
mas ela é inicialmente lançada diretamente para cima com uma arma feita de batata pelo
estudante com velocidade inicial de 120 / .
2.36. Uma abóbora de massa 5 kg disparado de um canhão feito pelo estudante com ar
comprimido faz uma elevação de 45 alcança uma distancia de 42 m do canhão. Os
estudantes usando feixes luminosos e fotocélulas para medir a velocidade inicial de
54 / . Se a força de resistência do ar era , qual era o valor de ?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
83
UNIDADE II
Oscilações lineares
RESUMO
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
84
SUMÁRIO DE UNIDADE
UNIDADE II
3 Oscilações Lineares
3.1. Introdução
3.2. O Oscilador Harmônico Simples
3.3. Oscilações Amortecidas
3.4. Oscilações Amortecidas Forçadas
3.5. Princípio da Superposição
3.6. Considerações Finais
3.7. Problemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
85
Capítulo 3. Oscilações Lineares
3.1. Introdução
Uma partícula tem um movimento oscilatório (vibratório) quando se move
periodicamente em torno de uma posição de equilíbrio. O movimento de um pêndulo é
oscilatório. Um peso, unido a uma mola esticada, começa a oscilar quando se solta a mola. Os
átomos de um sólido, ou de uma molécula, vibram uns em relação aos outros. Os elétrons
numa antena emissora, ou receptora, oscilam rapidamente. Compreender o movimento
vibratório é também essencial para o estudo dos fenômenos oscilatórios relacionados com o
som e a luz.
3.2. O oscilador harmônico simples
Figura 3.1. Sistema formado pela massa ligada a uma mola de constante elástica .
O exemplo mais simples é aquele de uma massa ligada a uma mola de constante
elástica , como ilustrado na Figura 3.1. No sistema de unidade MKS, a unidade de é o kg e a
unidade de é o N/m. Se medirmos a partir da posição de equilíbrio da mola (mola
relaxada), então a mola exerce uma força restauradora
. 3.1
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
86
A energia potencial associada com esta força é
1
3.2
2
A equação de movimento, supondo que nenhuma outra força atue sobre o sistema massa‐
mola, é
3.3
A equação (3.3) descreve o movimento harmônico livre.
A solução para (3.3) pode ser obtida considerando o fato de ser uma equação diferencial
ordinária de segunda ordem com coeficientes constantes. Assim propomos soluções do tipo
3.4
onde é um parâmetro a ser determinado, impondo que a solução proposta (3.4) deve
obedecer a (3.3). Segue deste fato que obedece a seguinte equação indicial
0 3.5
Definindo
3.6
as soluções para (3.5) são
, 3.7
onde é a freqüência angular natural do sistema.
Subistituindo (3.7) em (3.4) obtemos duas soluções particulares
De acordo com a teoria de soluções de equações diferenciais, a solução geral para (3.3) será a
combinação linear das soluções particulares e , isto é,
, 3.9
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
87
Os coeficientes e da combinação são determinados das condições iniciais do problema,
isto é,
Como é a posição da partícula em relação a posição de equilíbrio, uma medida de tal
quantidade deve resultar em um valor real.
3.11
e são quantidades reais, representando o módulo e a fase, respectivamente, do número
complexo no plano complexo. Para detalhes sobre a teoria de números complexos veja
Brown e Churchil (2006).
Substituindo o resultado (3.11) na equação (3.9), e usando a identidade de Euler,
cos sen
Exercício proposto
Mostre o resultado (3.12)
Figura 3.2. Gráfico (a) da posição e (b) da velocidade de um movimento harmônico simples.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
88
Exercício Resolvido 3.1
Figura 3.3. Associação de molas em (a) paralelo e (b) em serie
Solução
No primeiro caso, o das molas em paralelo, a força total que atua sobre a massa será a
soma das forças produzidas pelas duas molas, isto é, se o seu deslocamento com relação ao
equilíbrio é a força restauradora é
A equação de movimento é
ou
0
e então a constante elástica equivalente é
.
No segundo caso, as molas em série, a deformação estará relacionada com a força total
, sendo a constante elástica equivalente ao conjunto de molas. Como a força que
age em cada mola é a mesma que a tensão de uma corda, ou seja é a mesma em todos os
pontos, o deslocamento de cada uma das molas deve satisfazer a
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
89
então
,
e como
segue que
1 1
portanto a constante elástica equivalente é
1 1 1
e a equação de movimento é
1
0
Suponha que a mola de maior constante elástica seja a mola de constante elástica igual
a , então
Assim a constante elástica do conjunto é menor do que cada uma das molas
individualmente. Como a freqüência está diretamente relacionada com a constante elástica,
temos um conjunto com duas molas com uma constante elástica efetiva que é menor do que
cada uma das constantes elásticas individuais.
Exercício Resolvido 3.2
Determine a velocidade angular e período de oscilação de uma esfera sólida de massa e raio
em torno de um ponto sobre sua superfície. Veja Figura 3‐4.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
90
FIGURA 3‐4 Exemplo 3.2. O pêndulo físico (esfera).
Solução.
Seja a inércia rotacional da esfera em torno do ponto de pivô. Em física elementar
aprendemos que o valor da inércia rotacional em torno do eixo através do centro da esfera é
2/5 . Se usarmos o teorema dos eixos paralelos, a inércia rotacional em torno do ponto de
pivô sobre a superfície da esfera é 2/5 7/5 . A posição de equilíbrio da
esfera ocorre quando o centro de massa (centro da esfera) está pendurado diretamente
abaixo do ponto de pivô. A força gravitacional puxa a esfera de volta a posição de
equilíbrio quando a esfera oscila para frente e para trás com ângulo . O torque sobre a esfera
0
Esta equação é similar a Equação 3.5 e possui soluções para a freqüência angular e período das
Equações 3.14 e 3.15,
5
7 /5 7
e
7 /5 7
2 2 2
5
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
91
Observe que a massa não entra na expressão do calculo da freqüência e período.
Apenas a distancia ao centro de massa determina a freqüência de oscilação.
A partir de (3.12) podemos calcular a velocidade
e então a energia cinética
1 1
sen 3.14
2 2
de onde segue, usando (3.6),
1
sen 3.15
2
Assim a energia mecânica do sistema, que no caso é a energia total, pode ser calculada
de (3.2), (3.12) e (3.15)
1 1
2 2
1 1
sen cos
2 2
1
cos sen
2
1
3.16
2
O resultado (3.16) mostra que a energia mecânica ou energia total do sistema massa‐
mola é conservada.
O resultado (3.12) pode também ser obtido usando o princípio da conservação da
energia, discutido acima. Usando (3.16) temos que
1 1
3.17
2 2
Resolvendo (3.17) para obtemos
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
92
2 / / 3.18
Realizando a separação de variáveis na Equação (3.18) e integrando desde 0 até ,
correspondendo às posições e , respectivamente, obtemos
3.19
2 / /
ou ainda
3.20
O sinal ou – é escolhido das condições iniciais do problema. Dependendo do momento
escolhido, teremos o sinal + se a partícula estiver movendo‐se para a direita e – caso contrário.
Fazendo a substituição trigonométrica em (3.19)
/
2
cos 3.21
obtemos
3.22
/
Observe que 2 / , pela (3.16), é a amplitude do movimento. Assim de (3.21) e
(3.22) segue o resultado (3.12).
Exercício proposto
Desenvolva os detalhes que levam ao resultado (3.22).
Exercício Resolvido 3.3
Um oscilador harmônico simples consiste de uma massa de 100 g presa a um fio cuja
constante de força é 10 dinas/cm. A massa é deslocada em 3 cm e liberada do repouso.
Calcule (a) a frequência natural e o período . (b) a energia total e (c) a velocidade máxima.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
93
Solução.
(a) A freqüência de oscilação do oscilador harmônico é dada por / 2 . Da Equação 3.6
determinamos e segue portanto que
1 1 10 / 10
1,6
2 2 10 2
O período é, portanto
1
0,63
(b) A energia total do sistema é constante, uma vez que o sistema não possui forças de atrito.
Assim
1 1 1 1
10 3 4,5 10
2 2 2 2
(c) A velocidade máxima é atingida quando a energia total do oscilador é igual a energia
cinética. Portanto,
1
4,5 10
2
Segue que
2 4,5 10
30 /
100
A análise de movimentos oscilatórios pode ser facilitada usando o diagrama de fases.
Este pode é construído fazendo o gráfico da velocidade em função do deslocamento .
A relação entre a posição e para o oscilador harmônico simples é dada pela Equação
(3.16)
3.23
ou ainda
3.24
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
94
A equação (3.24) é a equação de uma elipse de semi‐eixos e .A Figura 3.5 mostra
diagramas de fases para movimentos harmônicos simples com valores distintos da energia
total. Cada orbita elíptica na figura representa uma trajetória do sistema para um dado valor
de energia. Orbitas com raios menores correspondem a valores de energia menores.
Figura 3.5. Diagrama de fase de um oscilador harmônico simples para diversos valores de energia
totais .
3.3.Oscilações amortecidas
Se a massa da Figura 3.1 é colocada em um meio que ofereça resistência ao seu
movimento e essa força de resistência é proporcional à velocidade, a equação de movimento,
descrevendo o movimento do sistema, é dada por
, 3.25
ou ainda,
2 0, 3.26
3.27
que substituído em (3.26) resulta na equação indicial
2 0, 3.28
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
95
cuja solução tem a forma
3.29
Obtemos assim soluções particulares
e dai a solução geral
3.31
Observamos que a solução (3.31) é uma função que representa um movimento cuja
amplitude é decrescente com o tempo. Devemos destacar, no entanto, a existência de três
regimes de movimento bem definidos:
(i)
(ii)
(iii)
No caso (i) em que temos o regime de um movimento superamortecido. A
solução tende a zero, dependendo das condições iniciais, podendo ser negativo para um
determinado intervalo de tempo.
Definindo
a (3.31) fica
3.32
Veja na Figura 3.6 a ilustração do movimento com o tempo para o caso de um oscilador
harmônico superamortecido.
No caso (ii), . Neste caso em que as raízes da equação indicial (3.28) são iguais
(degeneradas), a solução geral será da forma
3.33
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
96
Neste caso, conhecido como movimento amortecido crítico, a solução vai à zero de forma
monotônica. Na Figura 3.6 é mostrado este comportamento, que pode ser comparado com o
caso anterior. Observamos que no regime de amortecimento crítico o sistema se aproxima da
origem de forma mais rápida, não apresentando a possibilidade de ultrapassar a origem e com
isso ocorrer mudança de sinal em .
Figura 3.6. Oscilador amortecido nos casos com subamortecido ( ), amortecimento crítico
( )e superamortecido ( ).
No caso (iii) em que , definindo a quantidade
, 3.34
a solução (3.31) toma a forma
3.35
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
97
O diagrama de fases é uma construção geométrica que consiste de pontos representado
o estado de movimento ( , )do sistema. Nos fornece informações sobre os diversos tipos de
movimento que um sistema pode desenvolver.
A figura 3.7 mostra o diagrama de fases para o oscilador superamortecido para diversas
condições iniciais. Observamos que para a condição inicial I ( 0, ) o
sistema se afasta da origem, não direção de crescente, ao mesmo tempo em que diminui a
velocidade, atingindo o repouso e então retornando para a origem. Observações semelhantes
são feitas para o movimento com as condições iniciais III ( 0, ). O sistema
se aproxima da origem e se afasta da origem na direção de negativo, atingindo o repouso
retornando para a origem. Neste dois casos o sistema se aproxima da origem de maneira não
monotônica. Já para as condições iniciais II em que 0, , o
sistema aproxima‐se da origem de forma monotônica.
Figura 3.7. Diagrama de fases para o oscilador harmônico superamortecido.
Exercício Proposto
Quais as condições iniciais tal que a curva traçada pelo oscilador no espaço de fase
apresente uma oscilação
Exercício Resolvido 3.4
Considere o oscilador do Exercício resolvido 3.3 movendo‐se, agora, em um meio
resistente. Após oscilar por 10 segundos, a amplitude máxima decresce para metade do seu
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
98
Solução
(a) A afirmação de que em um determinado tempo a amplitude máxima
decresceu para metade do valor inicial significa que
1
2
ou
1 ln 2
2
assim em 10
0,69
6,9 10
10
(b) De acordo com a Equação (3.30), a frequência angular é
1
10 6,9 10 10 1 6,9 10
2
de modo que
10
1 2,40 10
que pode ser escrito como
1
onde
2,40 10
Ou seja, é apenas ligeiramente diferente de .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
99
A Figura 3.8 mostra o diagrama de fases para o oscilador criticamente amortecido: um
pendulo colocado em um meio fluido cuja constante de amortecimento .
Figura 3.8 Diagrama de fase do oscilado harmônico criticamente amortecido.
A Figura 3.9 mostra o diagrama de fase para o oscilador harmônico sub‐amortecido.
Vemos que o sistema aproxima de zero de forma oscilatório, com a amplitude máxima
descrevendo uma envoltória com forma decrescente.
Figura 3.9 (a) e (b) Diagramas de fases para diferentes regimes de amortecimento; (c) Variação
temporal da posição e velocidade do oscilador subamortecido.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
100
Podemos calcular a expressão para a energia total do sistema em cada instante de
tempo, e então, calcular a taxa com que esta energia é dissipada nestes sistemas massa‐mola
amortecidos.
Assim a energia mecânica
1 1
2 2
1
cos sen
2
1
cos 3.38
2
ou ainda, usando o fato que
3.39
segue
1
1 cos 2 2 sin 2 2 3.40
2
O coeficiente no último termo em (3.40), considerando o fato que , pode ser escrito
como
1 4.41
2
e para , a Equação (3.40) torna‐se
1
1 sin 2 2 3.42
2
Assim a taxa de variação da energia com o tempo é aproximadamente
3.43
O gráfico de , dado por (3.38) é mostrado na Figura 3.10, onde vemos um
decrescimento oscilatório com o tempo.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
101
Figura 3.10. Gráfico da energia total e de sua derivada temporal / em função do tempo.
3.4. Oscilações amortecidas forçadas
O caso mais simples de oscilação forçada é aquele no qual uma força de impulsão
externa que varia de forma senoidal com o tempo é aplicada ao oscilador da Figura 3.1, em um
meio que amortecimento o movimento. Assim a equação de movimento do sistema torna‐se
A Equação (3.44) é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem não
homogênea. A teoria de solução de equações diferenciais diz que a solução geral para este
tipo de equação é composta de uma componente que é solução da equação homogênea e
outra componente que é uma solução particular da equação não homogênea. Ou seja
3.45
O método de determinação da componente da solução homogênea já foi discutida
anteriormente. Agora nos preocupa como determinar a solução particular.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
102
Observando a física do problema concluímos que a resposta do sistema a ação da força
impulsora deve ter a mesma forma da força impulsora, isto é, deve ser oscilatória com
frequência , apenas com uma diferença de fase decorrente do tempo que o sistema leva
para responder a ação da força, isto é,
Substituindo (3.46) em (3.44) obtém‐se
que usando as relações trigonométricas para a diferença entre ângulos
resulta em
Segue de (3.34) e (3.35) que
2
tan 3.53
3.54
4
Exercício
Deduza os resultados (3.53) e (3.54) partindo de (3.51) e (3.52).
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
103
A solução particular então toma a forma
com dada por (3.53).
A solução geral envolve um termo transiente , que após um determinado intervalo
de tempo suficientemente longo, torna‐se desprezivelmente pequeno. Assim o
comportamento do movimento final do sistema é determinado pelo termo .
Observamos que amplitude , em (3.55), depende da frequência de oscilação da
força impulsora, apresentando um máximo para algum valor de , chamado de frequência de
ressonância da amplitude e determinado a partir da derivada de como mostrado a
seguir:
0 3.56
Efetuando a diferenciação obtemos
2 3.57
Vemos de (3.57) que a frequência de ressonância diminui à medida que o coeficiente de
amortecimento aumenta e que não corre ressonância se /√2, para o qual é
imaginário e decresce monotonicamente com o aumento de .
O grau de amortecimento do sistema oscilatório pode ser descrito em termos do fator
de qualidade do sistema, definido como
3.58
2
Para amortecimentos muito pequenos será muito grande, diminuindo com o aumento
de . A Figura 3.11 mostra as curvas de ressonância para diversos valores do fator de
qualidade.
Os resultados obtidos do estudo do sistema massa‐mola, que é tratado como um
sistema linear, pode ser facilmente estendido a outros sistemas como os sistemas mecânicos
(pendulo de torção, pêndulo simples, corda ou membranas vibratórias e vibrações elásticas de
barras ou placas), sistemas acústicos, sistemas atômicos e sistemas elétricos.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
104
Como ilustração do que falamos acima, vamos estabelecer um paralelo entre o sistema
massa‐mola da Figura 3.1, inserido em um meio com amortecimento e submetido a uma força
impulsora, e o circuito elétrico RLC, mostrado na Figura 3.12.
Aplicando a leis de Kirchoff aplicadas ao circuito RLC na Figura 3.12 resulta
, 3.59
onde é a corrente.
Figura 3.11 Curvas de ressonância para vários valores do parâmetro de amortecimento . No gráfico
da esquerda temos o gráfico da amplitude de ressonância e a direita o gráfico da diferença de fase.
Problema resolvido 3.4
Um oscilador harmônico amortecido está submetido a ação de uma força transiente
de forma que sua equação de movimento é
2 3.60
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
105
Analisar o movimento supondo que .
Figura 3.12. Circuito RLC submetida a uma força eletromotriz alternada.
Solução
A solução homogênea da equação diferencial ( ) é dada pela Equação (3.29)
3.61
onde
3.62
Como estamos tratando com um oscilador superamortecido então é real e
0. 3.63
A solução particular da Equação (2.43) deve ser da forma
3.64
Substituindo (3.64) em (3.44) obtemos
2 3.65
Segue de (3.65) que
3.66
2
A solução geral para a Equação (3.44), quando 2 0 é
. 3.67
2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
106
Problema resolvido 3.5
Solução
Figura 3.13
Na configuração inicial o alongamento da mola é dado, considerando a situação de equilíbrio,
por
Denotando por e as distancias ao ponto de suspensão inicial , situado no teto, das
massas e , respectivamente. Aplicando a segunda lei de Newton obtemos de maneira
imediata que
3.69
3.70
Somando (2.52) e (2.53) obtemos
3.71
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
107
que ainda pode ser escrito como
3.72
Vemos de (3.54) que o centro de massa
3.73
Integrando duas vezes a equação de movimento para o centro de massa obtemos
3.74
2
De forma análoga podemos determinar e tomando a diferença entre as equações
(3.52) e (3.53):
3.75
Definindo
3.76
a Equação (3.58) torna‐se
Definindo
3.78
obtemos
que é a equação de um movimento harmônico simples. Das condições iniciais 0 0 e
0 determinamos que 0 e 0 0 0 0. Da Equação (3.51)
segue‐se que
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
108
0 3.80
A solução da Equação (3.62), com as condições iniciais (3.63) e 0 0 é da forma
Usando o resultado para o movimento do centro de massa (3.57)e a oscilação em torno do
mesmo (3.63) podemos calcular as posições extremas
3.82
2
A massa apresenta um deslocamento que é sempre maior ou igual que seu deslocamento
livre, enquanto que para a massa ocorre o oposto.
3.5. Princípio da Superposição
Assim considere um conjunto de funções
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
109
que são soluções das equações
, 3.87
e
3.88
Podemos mostrar que
3.89
satisfaz a equação
3.90
De fato
3.91
Este resultado nos permite determinar a solução da Equação (3.72) desde que a força
possa ser expressa como uma soma de forças t para a qual as soluções
correspondentes das equações (3.69) podem ser determinadas.
Exercício resolvido 3.6
Considere a situação em que a força na Equação (3.70) pode ser escrita como uma soma de
termos com oscilações senoidais da forma
Determine uma solução para a Equação (3.72) nestas condições.
Solução
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
110
Da Equação (3.71) e (3.37) segue que uma solução particular para (3.72) é
1
/
sen 3.93
4
onde
A solução geral é então, considerando a situação em ,
1
cos /
sen 3.95
4
Uma aplicação importante deste problema é aquele de uma força periódica , isto é,
uma força tal que
3.96
onde é o período da força. A Força em (3.95) pode ser representada por uma série de
Fourier.
3.6. Considerações finais
Considerações adicionais podem ser feitas considerando o regime não linear. Neste
domínio novos fenômenos podem aparecer, como é o caso dos regimes caóticos. A análise
utilizada neste capítulo, visualização de series temporais e diagramas de fases podem ainda ser
usada. Entretanto outros instrumentos de analise precisam ser construídos. O mapa de
Poincaré, o calculo do expoente de Lyapunov e o calculo da dimensão fractal são os
instrumentos que precisam ser construídos a fim de caracterizar adequadamente tais
sistemas.
Uma novidade que surge quando tratamos com sistemas lineares é o manuseio de
equações diferenciais não lineares. Para estas equações os métodos analíticos simples usados
neste capitulo não se aplicam. Na maioria dos casos o tratamento usado é a resolução
numérica de tais equações.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
111
3.7. Problemas
3.2. Um corpo de área seccional reta uniforme 1 e densidade de massa
0,2 / flutua em um liquido de densidade 1 / e em equilíbrio desloca um
volume 0,8 . Mostre que o período de pequenas oscilações em torno da posição
de equilíbrio é dado por
2 /
onde é a intensidade do campo gravitacional. Determine o valor de .
3‐3. Uma partícula de massa está em repouso na extremidade de uma mola (constante de
força ) pendendo de um suporte fixo. Em 0, uma força constante dirigida para baixo
é aplicada à massa e age por um tempo . Mostre que, após a força ser removida, o
deslocamento da massa da posição de equilíbrio ( , onde é positivo para baixo) é
cos cos
onde / .
3‐4. Se a amplitude de um oscilador amortecido decresce a 1/ de seu valor inicial após
períodos, mostre que a freqüência do oscilador deve ser aproximadamente 1
8 vezes a freqüência do correspondente oscilador não amortecido.
3‐5. Sejam e a posição inicial e velocidade inicial, respectivamente, de um oscilador
superamortecido, não forçado.
onde
(b) Mostre que quando 0, os caminhos de fase da Figura 3‐11 devem estar ao longo
das curvas tracejadas dadas por , caso contrario os caminhos assintóticos estão
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
112
3.6. Para melhor entender o movimento subamortecido, use um computador para traçar o
gráfico de da Equação 3.40 (com 1 ) e suas duas componentes e cos
e compare (com 0) no mesmo gráfico como na Figura 3‐6. Faça 1 / e faça
gráficos separados para / 0,1, 0,5, 0,9 e para em radianos 0, /2, e .
Coloque apenas um valor de e em cada gráfico (isto é, nove gráficos). Discuta os
resultados.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
113
UNIDADE III
Forças Centrais
RESUMO
Nesta unidade apresentaremos o importante conceito de força central. Este tipo de
força está presente nos movimentos dos planetas, de partículas carregadas. Discutiremos que
este tipo de força, aliado ao fato desta força ser inversamente proporcional ao quadrado da
distancia, leva diretamente às leis de Kepler para o movimento planetário. As questões
relacionadas a interações eletrostáticas, importantes para uma compreensão dos constituintes
microscópicos da matéria, não são tratadas nesta apostilha.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
114
SUMÁRIO DE UNIDADE
UNIDADE III
4 Movimento de Uma Partícula Sob a Ação de Uma Força Central
4.1. Introdução
4.2. Problema de dois corpos
4.3. Equações de movimento
4.4. Órbitas em um campo de força central
4.5. Potenciais efetivos
4.6. Forças inversamente proporcional ao quadrado da distância
4.7. Movimento planetário – Leis de Kepler
4.8. Problemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
115
Capítulo 4. Movimento de uma partícula sob a ação de uma força
central
4.1. Introdução
O movimento de um sistema formado por dois corpos sob a ação de uma força dirigida
ao longo da linha passando pelos centros dos dois corpos constitui um problema que pode ser
resolvido exatamente. Por essa razão o movimento deste tipo de sistema, conhecido como
movimento sob a ação de uma força central é muito importante em Física. Exemplos de tais
sistemas que são regidos por este tipo de força são os sistemas planetários e as interações
nucleares.
Em um sistema de coordenadas esféricas, com como a origem, uma força central
pode ser escrita como
̂ 4.1
Fisicamente tal força representa em relação à origem , uma força de atração se
0 ou uma força de repulsão se 0. Na maioria dos casos em que duas partículas
interagem uma com a outra, a força entre elas é uma força central. Exemplo de forças centrais
atrativas são a força sobre um planeta devido ao sol ou a atração elétrica agindo sobre os
elétrons devido ao núcleo de um átomo. A força entre uma partícula alfa e um próton e outro
núcleo é exemplo de uma força central repulsiva.
As forças centrais estudadas neste capítulo são forças que variam com o inverso do
quadrado da distância, que nos sistemas planetários (atrativos) levam a orbitas elípticas e em
alguns sistemas atômicos
4.2. Problema de dois corpos
A descrição de um sistema formado por duas partículas requer a especificação de seis
quantidades, por exemplo, as três componentes de cada um dos dois vetores e das
partículas. Podemos também descrever o sistema escolhendo as três componentes do vetor
que localiza o centro de massa, definido como
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
116
4.2
e as três componentes do vetor
4.3
que são as coordenadas relativas. Na Figura 4.1 são mostradas as coordenadas de cada
partícula, bem como as coordenadas relativas e do centro de massa.
Figura 4.1. Descrição da posição das duas partículas (a) em relação a origem de um sistema de
coordenadas arbitrário e (b) em relação ao centro de massa (CM). Os vetores posição ,
, o vetor centro de massa é , e o vetor relativo .
Das Equações (4.2) e (4.3), podemos escrever as coordenadas das partículas individuais
e em termos das coordenadas relativas e do centro de massa. Assim
4.4
4.5
onde , é a massa total do sistema.
Vamos considerar sistemas conservativos e para os quais a energia potencial é função
apenas de | |, o modulo da distancia entre as partículas. Assim a energia total do
sistema tem a forma
| |
1
| | 4.6
2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
117
Substituindo as derivadas de (4.4) e (4.5) em (4.6) obtemos
1 1
2 2
1 1
4.7
2 2
onde
4.8
é a massa reduzida do sistema.
Comparando as Equações (4.6) e (4.7) observamos que a mudança das coordenadas
individuais das partículas, e , para as coordenadas relativas e do centro de massa ,
transformou o problema de dois corpos em dois problemas de um corpo, para o qual sabemos
que é possível uma solução exata.
Observamos que a Equação (4.7) pode ser interpretada como formada por dois termos
independentes. O primeiro sendo a energia cinética de uma partícula de massa M que se move
com velocidade na presença de um potencial U(r).
Na ausência de forças externas o movimento do sistema será um movimento uniforme.
Assim sem perda de generalidade podemos tomar o centro de massa como a origem do
sistema de coordenadas e neste caso a Equação (3.7) torna‐se
1
4.9
2
O teorema do momento angular momento no diz que para uma força central o torque é
nulo, isto é,
̂ 0. 4.10
Este resultado nos informa que o momento angular é conservado e, portanto, a
trajetória descrita pela partícula está contida totalmente num plano determinado.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
118
Assim a descrição do movimento pode ser feita totalmente fornecendo apenas duas
coordenadas. Devido à simetria radial do problema (veja a Equação (4.1)), escolheremos as
coordenadas polares planas , .
Problema proposto Considerando condições iniciais especiais, mostre que o movimento de
uma partícula sob a ação de uma força central se dá em um plano.
Problema Resolvido 4.1
Mostre que o problema de dois corpos movendo‐se em um campo gravitacional uniforme
pode ser reduzido a dois problemas de um corpo, a exemplo do que foi feito acima.
Solução
4.11
4.12
A energia cinética no sistema de coordenadas arbitrário é dada, como na Equação (4.6), por
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
119
1
2
1 1
2 2
como já foi mostrado acima. A energia potencial, agora, é dada por
| |
onde
Das relações (4.4) e (4.5) tornam‐se
Assim a energia total pode ser escrita como
1 1
2 2
que rearranjado separa‐se em um termo envolvendo apenas parâmetros associados ao
movimento do centro de massa e um termo envolvendo variáveis associadas ao movimento
relativo:
1 1
2 2
A equação acima mostra que o problema de dois em um campo de força constante pode ser
resolvido em dois problemas de um corpo: uma partícula de massa tem seu movimento
descrito por uma equação de movimento que é independente da equação de movimento da
partícula de massa .
4.3. Equações de movimento
Considerando a partícula de massa que descreve uma trajetória num plano está
localizada pelo vetor
̂ 4.13
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
120
em relação a origem , como ilustrado na Figura 4.2.
A velocidade da partícula é obtida derivando (4.10) com relação ao tempo,
̂
̂
̂ 4.14
A aceleração associado ao movimento da partícula é obtida derivando (4.11) com relação ao
tempo,
̂
̂
̂ ̂
̂ 2 4.15
Aplicando a segunda lei de Newton, com a resultante das forças sendo da forma (4.1),
chegamos as seguintes equações de movimento
4.16
2 0 4.17
Figura 4.2. Trajetória da partícula no plano , mostrando a representação do ponto em
coordenadas polares , , bem como os vetores unitários no sistema de
coordenadas cartesianas e em coordenadas polares ̂ , ̂ .
Multiplicando a (4.14) por novamente obtemos o resultado expresso em (4.9), ou seja,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
121
2 0 4.18
onde
4.19
A constante é calculada das condições iniciais.
Como a força é conservativa, a energia total do sistema é constante, isto é,
1 1
4.20
2 2
Usando a Equação (4.16) para eliminar na Equação (4.17) ficamos com
1
4.21
2 2
Podemos resolver (4.18) para
/
2
4.22
2
2
/
4.23
O cálculo da integral em (4.20) fornece , que substituído em (4.16) e integrada
desde instante 0 até o instante fornece :
4.24
Obtemos assim a solução das equações de movimento (4.13)e 4.14 em termos das quatro
constantes , , e , que podem calculadas quando posição e velocidade iniciais no plano
são dadas.
Apesar de termos reduzido o problema ao cálculo formal de uma integral, a solução real
somente poderá ser obtida para algumas formas específicas da lei de força. Se a força é
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
122
proporcional a alguma potencia da distancia radial, , a solução poderá ser expressa
em termos de integrais elípticas para alguns valores inteiros e fracionários de . Somente para
1, 2 e 3, as soluções podem ser expressas em termos de funções circulares (senos e
co‐senos). O caso 1 é o caso do oscilador harmônico e o caso 2 é a lei de força do
inverso do quadrado da distancia, presente nas interações gravitacionais e eletromagnéticas.
4.4. Órbitas em um campo de força central
A integral em (4.15) às vezes é difícil de ser executada a fim de obter . Às vezes é
mais fácil determinar a trajetória da partícula no espaço em vez de determinar seu movimento
em função do tempo. A trajetória da partícula no espaço é descrita por . Consideremos a
seguinte mudança de variável na Equação de movimento (4.13)
1 1
, 4.25
De (4.25) temos, usando regra da cadeia e o resultado (4.16)
1
, 4.26
Finalmente
Substituindo (4.27) em (4.13) obtemos
1 1
ou ainda
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
123
1
4.28
A Equação (4.28) é uma equação diferencial para o caminho ou orbita em termos de . Esta
Equação é particularmente útil se desejarmos encontrar a lei de força que fornece uma orbita
particular conhecida .
Problema resolvido 4.2
Considere o movimento de uma partícula em um campo de força central descrevendo uma
órbita espiral logarítmica da forma , onde e são constantes. (a) Determine a lei
de força associada a este movimento. (b) Determine e . (c) Determine a energia total
da órbita.
Solução
(a) Utilizamos a Equação (4.28) para determinar a lei da força .
1
4.29
1
4.30
Substituindo (4.25) e (4.30) em (4.28) ficamos com
1
4.31
ou seja,
1 4.32
Esta é uma lei de força que varia com o inverso do cubo da distancia.
4.33
Procedendo com a separação de variáveis na Equação (4.33) ficamos com
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
124
4.34
Integrando (4.34) obtém‐se
2
4.35
é uma constante de integração. Tomando o logaritmo da Equação (4.35) e resolvendo para
obtém‐se
1 2
ln 4.36
2
De (4.36) e (4.33) tiramos que
2
4.37
Portanto
/
2
4.38
(c) A energia é determinada da Equação (4.18)
1
4.39
2 2
Da lei de força determinamos
1 1
1 1
4.40
De (4.16) tiramos que
1 1
3.41
E usando regra da cadeia para
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
125
4.42
Substituindo (4.40) e (4.42) em (4.39) obtemos
1 1 1
4.43
2 2
ou ainda
1 1
0 4.44
2 2
A energia total da orbita é zero.
4.5. Potenciais efetivos
Mesmo para os casos em soluções para as Equações (4.20), (4.21) e (4.28) são difíceis de
obter, ainda podemos obter informações qualitativas a respeito do movimento em através
da quantidade chamada o potencial efetivo, determinado a partir da componente radial da
equação de movimento.
Resolvendo (4.16) para e substituindo em (4.13) obtemos
4.45
ou ainda,
4.46
Esta equação tem exatamente a forma de uma equação de movimento em uma dimensão
para uma partícula sujeita a uma força real mais uma força centrífuga / . Integrando
o lado direito de (3.46) em obtemos
4.47
2
Podemos resolver a Equação (4.18) para obtendo a Equação (4.19)
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
126
/
2
4.48
2
Observe de (4.48) que a partícula só pode ser encontrada para valores de tais que
0. 4.49
2
Isto é, os valores de são tais que
4.50
2
A igualdade em (4.49) ou (4.50) equivale àqueles valores de nos quais a partícula está
em repouso, isto é,para os quais 0, enquanto a desigualdade vale para aqueles valores de
0. Assim, conhecido o potencial podemos traçar o gráfico do potencial efetivo
e então determinar a região do espaço, com as raízes da igualdade em (4.49)
determinando os pontos de retorno (locais onde a partícula encontra‐se em repouso) do
movimento da partícula.
Para ilustrar o que foi dito acima consideremos o potencial efetivo para a lei de força do
inverso do quadrado da distancia para a qual temos o potencial / . O gráfico do
potencial efetivo é mostrado na Figura 4.3.
Figura 4.3. Potencial efetivo para o potencial associado a força atrativa que varia com o inverso do
quadrado da distancia.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
127
Assim para uma partícula com energia a partícula uma órbita circular de raio ,
único valor permitido para pela Equação (4.49) ou (4.50). Já para uma partícula cujo
movimento possui energia total , esta pode ser encontrada para valores de tal que
. Estes são casos em que as orbitas são limitadas, em que as partículas descrevem
movimentos oscilatórios.
Finalmente o caso em que 0, em que a partícula pode ser encontrada em
qualquer região tal que . Uma partícula se deslocando em direção da origem, vinda ∞,
se aproxima da origem até , onde atinge o repouso e depois retorna ao ponto de onde
partiu. Este é o caso de uma orbita ilimitada.
Vemos, portanto que as orbitas ou caminhos descritos pelas partículas no plano são
curvas limitadas em distancia da origem, como ilustrado na Figura 4.4, com um movimento
oscilatório entre um raio máximo e um raio mínimo. Estas orbitas podem ser fechadas ou
abertas, dependendo da forma da lei de força. Mais detalhes sobre estes aspectos podem ser
encontrados nos livros de Thornton e Marion (2004) ou Goldstein e Safko (2000).
Figura 4.4. Movimento orbital para mais de um ciclo, ilustrando a existência de um raio mínimo
e um raio máximo , bem como a precessão da orbita.
4.6. Forças inversamente proporcional ao quadrado da distancia
Um dos problemas mais importantes é aquele de uma massa movendo‐se sob a ação de
uma força central inversamente proporcional ao quadrado da distancia do centro:
̂ 4.51
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
128
para a qual a energia potencial é
4.52
Assim vamos considerar a solução do problema do movimento de uma partícula
submetida a uma força central que varia com o inverso do quadrado da distancia, conforme a
Equação (4.51). Adotaremos a abordagem da determinação da orbita usando a Equação (4.28)
4.55
ou seja,
4.56
A Equação (4.56) é uma equação diferencial linear de segunda ordem não homogênea
com coeficientes constantes. A solução da equação homogênea associada é da forma
e são constantes arbitrárias determinadas das condições iniciais. Uma solução particular
da equação não homogênea é
4.58
A solução geral da Equação (3.56) é
1
cos 4.59
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
129
Esta é a equação de uma seção cônica (elipse, parábola ou hipérbole) com foco em 0. A
constante determina a orientação da orbita no plano. A constante , determina os pontos
de retorno do movimento em , que são dados por
1
, 4.60
1
. 4.61
Para um dado valor da energia total , os pontos de retorno são soluções da equação
4.62
2
As soluções são
/
1 2
4.63
/
1 2
4.64
Estabelecendo comparação entre os conjuntos de Equações (4.60) e (4.61) e (4.63) e (4.64)
podemos determinar o valor de A em termos da energia e momento angular,
2
. 4.65
A órbita agora pode ser determinada das condições iniciais.
Vamos fazer uma breve revisão da geometria das cônicas, enfatizando as principais
relações e definições associadas a estas figuras geométricas.
A elipse é definida como a curva traçada por uma partícula movendo‐se de modo que a
soma de suas distancias de dois pontos fixos e é constante. Os pontos e são
chamados os focos da elipse. Usando a notação indicada na Figura (4.5), temos
2 , 4.66
onde é metade da maior distancia (eixo maior) da elipse. Em termos de coordenadas polares
com o centro no foco , a lei de cossenos fornece
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
130
é chamada a excentricidade da elipse.
Figura 4.5. Geometria da elipse.
Das Equações (4.66) e (4.67) determinamos que
1
. 4.68
1 cos
O semi‐eixo menor da elipse é dado por
/
1 4.69
A área da elipse é dada por
4.70
A hipérbole é definida como a curva traçada por um partícula movendo‐se de modo que
a diferença de suas distancias aos pontos fixos e é constante. Veja a Figura 4.6 para
detalhamento da geometria da hipérbole. A hipérbole possui dois ramos definidos por
A equação da hipérbole em coordenadas polares é da forma
1
. 4.73
1 cos
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
131
Figura 4.6. A geometria da hipérbole.
1
cos 4.74
A parábola é a curva traçada por uma partícula movendo‐se de modo que sua distância
de um ponto fixo (a diretriz) é igual à distância de um foco fixo . Da Figura 4.7 deduzimos
que
4.75
1 cos
Figura 4.7. Geometria da parábola
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
132
Todas as três seções cônicas, discutidas acima, tem equações da forma
1
cos 4.76
, elipse,
1
, ; 4.77
1 1
, parábola,
1 1
, ; 4.78
0 , hipérbole, ramo ,
1
, ; 4.79
1 1
0, hipérbole, ramo ,
1
, ; 4.80
1 1
Em todos os três casos (elipse, hipérbole e parábola)
. 4.81
| |
Para uma elipse ou hipérbole
. 4.82
Comparando (4.59) e (4.76) determinamos que
4.83
/
2
4.84
Segue das equações (4.81) (4.83) e (4.84) que a excentricidade da orbita é dada por
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
133
/
2
1 4.85
De onde segue que para uma força atrativa ( 0), a órbita pode ser uma elipse, parábola ou
hipérbole, dependendo se 0, 0 ou 0. Para uma força repulsiva ( 0), a energia
total deve ser positiva e a orbita é uma hipérbole.
Para órbitas elípticas ou hiperbólicas
4.86
2
Da Equação (4.63) podemos determinar os pontos de retorno e como os zeros desta
equação:
/
4.87
2 2 2
/
4.88
2 2 2
Para uma elipse os raios máximo e mínimo são dados por
1 4.89
1 4.90
e para uma hipérbole os raios mínimos são
Vemos que podemos determinar os parâmetros relevantes para a caracterização de
uma orbita, conhecida como elipse ou hipérbole, diretamente da equação que segue da
conservação da energia, sem a necessidade de resolver a equação de orbita.
A Figura 4.8 mostra um comparativo entre as geometrias das cônicas.
Problema Resolvido 4.3
Uma partícula move‐se em uma orbita circular em um campo de força dado por
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
134
Figura 4.8 comparativo entre as diversas cônicas
Mostre que, se for subitamente reduzido para a metade de seu valor original, a orbita
da partícula torna‐se parabólica.
Solução
Quando /2, a energia potencial decresce para a metade do seu valor original, mas
a energia cinética permanecerá a mesma. Uma vez que a orbita original é circular, os valores
instantâneos de e serão iguais aos valores médios, e . Para uma força do tipo 1/
,o teorema do virial afirma que
1
2
Dai,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
135
1 1
2 2
Agora, considere o diagrama de energia, Figura 4.3, onde é a energia total original,
é a energia potencial
original e é a energia
centrifuga original.
Exercício Resolvido 4.3
Dai, se é subitamente
reduzido a metade, a energia total
é elevada de por uma quantidade igual a /2 ou por . Assim, a energia total é elevada
do ponto para no diagrama, isto é, 0 e a orbita é parabólica, porque de
acordo com a Equação (4.85) neste caso 1.
4.7 Movimento planetário – Leis de Kepler
A partir de dados compilados de observações astronômicas por TychoBrahe, Kepler
anunciou as três leis seguintes:
1. Os planetas movem‐se em elipses com o sol em um dos focos.
2. O vetor que localiza o planeta em relação a origem varre áreas iguais em tempos
iguais.
3. O quadrado do período de revolução é proporcional ao cubo do semi‐eixo maior.
A segunda destas afirmações é uma consequência da conservação do momento angular (4.16).
De fato, para um movimento acontecendo num plano, caso de movimentos sob a ação de
forças centrais, como ilustrado na Figura 4.8, vemos que a área varrida pelo segmento de reta
ligando a origem à partícula para um angulo infinitesimal , no intervalo de é
aproximadamente
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
136
1
4.93
2
Portanto a área varrida no intervalo de tempo é
1 1
4.94
2 2 2
O resultado (4.94) é o mesmo para qualquer partícula movendo‐se sob a ação de uma força
central.
Figura 4.9. Elemento de área descrito por um corpo em sua orbita.
Integrando (4.94) para um período completo do movimento
4.95
2
Para uma orbita elíptica, de (4.95), segue que o período de revolução é
/
2 2 2 /
1 4.96
2| |
Usando a Equação (4.86), o resultado (4.96) torna‐se
4 4.97
A equação (4.97) é a expressão matemática da terceira lei de Kepler.
A primeira lei de Kepler segue do fato da força de interação entre os planetas ser uma
força central.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
137
Nesta seção foi mostrado que as leis de Kepler seguem das leis de movimento de
Newton e da lei de gravitação universal.
Órbitas hiperbólicas, que não discutiremos neste curso, encontram‐se quando tratamos
de problemas de espalhamento de partículas carregadas, caso do problema de Rutherford.
Problema Resolvido 4.4
A nave espacial em uma órbita circular de raio r em torno da Terra foi inserido em uma
órbita elíptica ao disparar um foguete (Veja Figura 4.10). Se a velocidade da nave espacial foi
aumentado 10 por cento pela explosão súbita do motor do foguete, qual é a equação da nova
órbita? Também calcular a distância apogeu.
Figura 4.10
Solução
Primeiro vamos determinar os parâmetros orbitais de um satélite das condições de
máxima aproximação. Da Figura 4.5, tiramos que a distancia do ponto de máxima aproximação
é
1 4.98
Da Equação (4.16) tiramos que
4.99
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
138
com .
A Equação (4.68) fornece a equação orbital para uma elipse
1
4.100
1 cos
Da Equação (4.85) tiramos que
2
1 4.101
Da Equação 4.86 temos que
4.102
2
Combinando (4.100), (4.101) e (4.102) obtemos
/
4.103
1 cos
4.104
Na Equação (4.103) fazendo 0, quando acontece a aproximação máxima, obtemos
que
/
4.105
1
De (4.105) tiramos que
1 4.106
Usando (4.104) em (4.106) ficamos com
1 4.107
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
139
4.108
De forma que depois do resultado (4.107), a 4.106 fica
1 4.109
A equação da nova orbita é dada pela Equação (4.100) pode ser escrita como
/
4.110
1 / 1 cos
Se é a velocidade orbital circular, a velocidade correta após o súbito acionamento dos
motores do foguetes é
A equação da nova orbita é dada pela Equação (4.107), com trocado por :
1,1
1 1,1 1 cos
ou
1,21
4.112
1 0,21 cos
1,21
1,53 4.113
1 0,21
Problema Resolvido 4.5
Um satélite é lançado em órbita nas seguintes condições: Quando todo o combustível
foi consumido, o satélite estará a 643 da superfície terrestre e terá uma velocidade de
9144 / perpendicular para a distância perigeu (Veja a Figura 4.11). Qual é a excentricidade
da órbita? Também calcular a distância apogeu.
Solução
A órbita seguida pelo satélite satisfaz a equação geral da orbita (4.103)
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
140
Figura 4.11
/
4.114
Podemos reescrever a equação geral da orbita da seguinte forma
/ /
4.115
1 cos 1 cos
As condições iniciais são mostradas na Figura 4.11. Uma vez que 0 no perigeu,
cos 1 e , e
Substituindo estes valores na Equação (4.111), determinamos
0,476
A distancia de apogeu pode ser calculada da Equação (4.111), onde fizemos , e
cos 1, de modo que
/
19.746 4.116
1
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
141
4.8. PROBLEMAS
4.1. Considere uma partícula movendo‐se em um campo de força cujo potencial é .
Mostre através de método gráfico que para baixos valores de energia o movimento é
oscilatório, e para valores mais altos de energia o movimento é não periódico e estende‐
se para o infinito. Determine a energia que forma a linha divisória entre as duas curvas.
Também calcule a freqüência limite quando a amplitude do movimento oscilatório torna‐
se menor ou maior.
4.2. Determine o movimento de um oscilador linear bidimensional cuja energia potencial é
1
2
4.3. Uma partícula de massa , sob a ação de uma força central, descreve uma orbita que é
um circulo de raio passando através do centro de força. Determine a lei de força.
4.4.Uma partícula em um campo central move‐se na orbita
Determine (a) a função força e a função energia potencial; e (b) como o ângulo varia
com o tempo.
4.5. Duas partículas movendo‐se sob a influência de suas forças gravitacionais mútuas
descrevem órbitas circulares em torno uma da outra com um período . Se elas são
subitamente paradas em suas órbitas e permitidas gravitar em direção uma a outra,
mostre que elas colidirão após um tempo /4√2.
4.6.. Investigar o movimento de uma partícula repelida por uma força central de acordo com a
lei . Mostre que a órbita pode apenas ser hiperbólica.
4.7. Suponha que a órbita da Terra seja circular, e que a massa do Sol subitamente diminua
para a metade. Que órbita a Terra teria então? A Terra escapará do sistema solar?
4.8. Determine a lei de força para um campo central que permite uma partícula mover‐se em
uma órbita tipo espiral dada por , onde é uma constante.
4.9. Use os resultados de Kepler (isto é, sua primeira lei e sua segunda lei) para mostrar que a
força gravitacional deve ser central e que a dependência radial deve ser 1/ . Assim,
execute uma dedução indutiva da lei de força gravitacional.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
142
4.10. 8‐34. Considere o problema da partícula movendo‐se sobre a superfície de um cone.
Mostre que o potencial efetivo é
cot
2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
143
UNIDADE IV
Sistemas de partículas e referenciais não
inerciais
RESUMO
Nesta unidade trataremos com o movimento de sistemas de partículas de partículas,
no capítulo 5. Nesta oportunidade discutiremos como os princípios de conservação da física
(conservação do momento linear, conservação do momento angular e conservação da
energia). No capítulo 6 discutiremos como as leis de Newton, em especial a segunda lei, são
alteradas quando consideramos movimentos que envolvem sistemas de referencia ditos não
inerciais. A importância deste último capítulo se deve ao fato da Terra ser um referencial não
inercial (movimentos de traslação e rotação em relação ao sol, etc.) e as medidas de um dado
sistema são feitas em relação a um referencial ligado à Terra.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
144
SUMÁRIO DE UNIDADE
5 Dinâmica de um sistema de partículas
5.1. Introdução
5.2. Centro de massa. Conservação do momento linear
5.3. Conservação do momento angular
5.4. Conservação da energia
5.5. Problemas sobre colisões
5.6. Acoplamento de dois osciladores harmonicos
5.7. Problemas
6 Movimento em um sistema de referencia não inercial
6.1. Introdução
6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional
6.3. Sistemas de coordenadas girantes
6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis
6.5. Movimento relativo próximo a superfície da Terra
6.6. Problemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
145
Capítulo 5. Dinâmica de um sistema de partículas
5.1. Introdução
A ideia neste capítulo é revisitar conceitos e princípios de física aplicados a sistemas de
partículas. Já foram discutidos os princípios de conservação do momento linear, do momento
angular e da conservação da energia no contexto de uma partícula. Como ficam estes
princípios quando consideramos um sistema de tais partículas, onde são permitidas interações
entre elas além da presença de forças externas?
Este é o cenário que podemos observar em sistemas reais como líquidos, gases ou
corpos rígidos. Nos dois primeiros exemplos as partículas estão interagindo frouxamente, sem
restrições mais fortes quanto à localização. Já no terceiro, o do corpo rígido, o movimento das
partículas está restrito a acontecerem em torno de um ponto ou região limitada.
Neste estudo veremos que a terceira lei de Newton desempenha um papel importante
sobre a dinâmica de um sistema de partículas em decorrência das forças internas entre as
partículas no sistema. As forças exercidas por duas partículas e entre si são iguais em
. 5.1
interação obedecem a terceira lei de Newton na forma forte.
Figura 5.1. A força que a partícula exerce sobre a partícula , é igual e oposta a força que exerce
sobre .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
146
5.2. Centro de Massa. Conservação do Momento Linear.
O primeiro refere‐se à massa total do sistema que é dada por
5.2
O segundo refere‐se a uma localização geométrica denominada o centro de massa do sistema
e localizado pelo vetor
1
5.3
Veja a Figura 5.2 para uma representação das coordenadas das partículas individuais,
bem como a representação do centro de massa para este sistema.
Figura 5.2 os vetores de posição das partículas e o vetor de localização do centro de massa (CM) .
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
147
No caso de estarmos tratando com um sistema cuja distribuição de massa é contínua, com
uma densidade de massa local . A massa total e o vetor centro de massa são dados,
agora, como
5.4
1
5.5
onde é um elemento de volume infinitesimal que num sistema de coordenadas
retangulares terá a forma .
Exercício Resolvido 4.1
Determine o centro de massa de um sistema de partículas com massas 1 e 2
localizadas nos cantos de um cubo de aresta , conforme mostra a Figura 5.3.
Figura 5.3. Distribuição de massas localizadas nos vértices de um cubo de arestas igual a , com
massas 1 e 2.
Solução
Por tratar‐se de uma distribuição discreta de massas, faremos uso da Equação (5.3). Dessa
forma temos
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
148
1 1
1·0 1· 1· 1·0 2.0 2· 2· 2·0 6 /
1 1
1·0 1·0 1·0 1·0 2. 2· 2· 2· 8 /
1 1
1·0 1·0 2·0 2·0 1.0 2· 2· 1·0 6 /
onde 12
Assim o centro de massa é localizado pelas coordenadas
/2
2 /3
/2
Exercício Resolvido 5.2
Determine o centro de massa de um hemisfério solido de densidade constante.
Solução
Vamos
/ 2 /3
Analisando a simetria do problema, a fim de obter a máxima simplificação nos cálculos,
escolhemos um sistema de coordenadas com a origem conforme indicado na Figura 5.4.
Da Equação (4.4) segue que as coordenadas do centro de massa são dadas por
1
5.6
1
5.7
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
149
Figura 5.4 Exercício Resolvido 4.2. (a) Escolhemos uma fatia circular de espessura do
hemisfério de densidade constante. (b) A área da fatia circular é e seu
volume
5.8
Da simetria do problema segue que 0, enquanto
1 1 1
3
4 8
Assim a posição do centro de massa do hemisfério é (0,3 /8,0).
composta, em princípio, por uma componente interna , que resulta da soma das forças de
interação da ‐ésima com todas as 1 partículas restantes do sistema, e por uma
componente externa, que é a resultante das forças externas ao sistemas e que atuam sob
a ‐ésima partícula, isto
5.9
onde
5.10
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
150
com satisfazendo a terceira lei de Newton (Equação (5.1)).
A equação de movimento para a ‐ésima, pela segunda lei de Newton, é dada por
5.11
ou ainda
5.12
A resultante das forças sobre o sistema de partículas é obtida somando a resultante
sobre cada uma das partículas. Assim
5.13
Da definição que localiza o centro de massa
5.14
Agora
5.15
,
Exercício proposto
Mostre a última igualdade em (5.15)
Como as forças satisfazem a terceira lei de Newton (4.1), segue que
0 5.16
Assim, depois de (5.14) e (5.15), (5.13) pode ser escrita como
5.17
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
151
ou seja, o centro de massa de um sistema de partículas se move como se fosse uma única
partícula de massa igual à massa total do sistema, sujeita a força externa total, independente
das forças internas.
Se a resultante das forças externas é nula
0 5.18
então o momento linear total do sistema é conservado, isto é,
5.19
5.3. Conservação do Momento Angular
Vamos agora calcular a taxa de variação temporal do momento de um sistema de
partículas relativo a um ponto . Veja a Figura 5.3 para detalhes da geometria do sistema. O
vetor posição da partícula em relação ao ponto é
5.20
5.21
Figura 5.5 e são os vetores posição da partícula em relação ao ponto e ao centro de massa
CM. é o vetor que localiza o centro de massa CM em relação a
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
152
O momento angular do sistema de partículas é obtido somando sobre todas as
partículas, isto é, executando uma soma em
5.22
Os termos, usando (4.3), se anulam. De fato,
0
Assim o momento angular total em relação ao ponto tem a forma
5.23
O momento angular total em torno do ponto é a soma do momento angular do centro
de massa em torno daquele ponto e o momento angular do sistema em torno do centro de
massa.
A derivada temporal do momento angular da ‐ésima partícula é
5.24
De (5.11), (5.12) e (5.24) segue que
5.25
E de (5.25), somando sobre todas as partículas obtemos o momento angular total
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
153
5.26
,
O ultimo termo na Equação (5.26) pode ser escrito como
,
5.27
Na ultima igualdade definimos
5.28
Impondo que é uma força central e que obedece a terceira lei de Newton na forma
0 5.29
Após (5.29) ficamos com
5.30
A variação do momento angular em relação ao ponto é igual a soma de todos os
torques externos em relação a este ponto.
5.31
De (5.31) segue o teorema do momento angular para um sistema de partículas: Se os
torques externos totais resultantes em torno de um determinado ponto se anulam, o momento
angular total do sistemapermanece constante no tempo.
Foi visto dos resultados acima que o total dos torques internos, no caso de forças
centrais obedecendo a forma forte da terceira lei de Newton se anula.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
154
5.4. Conservação da Energia
Agora vamos discutir o teorema da conservação da energia para um sistema de
partículas, considerando o trabalho efetuado sobre o sistema para movê‐lo de uma
Configuração 1, na qual todas as coordenadas , para a Configuração 2, na qual as
coordenadas tem alguma especificação diferente. Assim
· 5.32
· · ·
1
5.33
2
Com isso temos
1
5.34
2
onde
1
5.35
2
é a energia cinética do sistema de partículas. Utilizando a relação
5.36
podemos calcular
· ·
· 2 · ·
2 · 5.37
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
155
Assim (5.35) torna‐se
1
2 · 5.38
2
Vamos analisar o termo
· · · 5.39
Agora, pela (5.20)
Das Equações (5.2) e (5.3) resulta que
0 5.40
Após o resultado (5.40), a expressão da energia cinética torna‐se
1 1
5.41
2 2
A energia cinética total do sistema de partículas é igual a soma da energia cinética de uma
partícula de massa movendo‐se com velocidade , a velocidade do centro de massa, e da
energia cinética do movimento das partículas individuais em relação ao centro de massa.
Retornando a Equação (5.32)
· 5.42
e lembrando que
5.43
onde
5.44
A Equação (5.34) pode ser escrita como
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
156
·
· · 5.45
,
Se ambas as forças e são conservativas, elas são então deriváveis de funções
potenciais
5.46
onde a notação significa que a operação gradiente é executada em relação às coordenadas
. Isto é demonstrado como segue, calculando a componente de força:
5.47
5.48
Agora com a Equação (5.36) podemos escrever
· · 5.49
,
Mas
·
5.50
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
157
e
· · ·
,
· ·
Mas
· ·
· ·
·
·
De forma que temos
·
5.51
Substituindo (5.50) e (5.51) em (5.49) ficamos com
5.52
Definindo
5.53
a (5.52) torna‐se
5.54
Segue de (5.30) e (5.54) que
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
158
ou seja
constante 5.55
A energia total de um sistema conservativo é constante.
As leis de conservação da energia, do momento linear, e momento angular são os
pilares da física atual, sendo geralmente valida em todas as teorias físicas. As leis de
conservação de certo modo não são leis, mas postulados que insistimos em mente‐los válidos
para todas teorias físicas.
Exercício Resolvido 4.3
Uma bala de canhão de massa move‐se ao longo de uma trajetória parabólica. Uma
explosão interna, gerando uma quantidade de energia , divide a bala de em duas partes. A
parte de massa , com 1, continua na direção original, e a outra fica em repouso.
Determine a velocidade da massa imediatamente após a explosão.
Solução
É importante observar que a energia é agora disponível apenas para o movimento relativo
do centro de massa (CM). Imediatamente após a explosão o CM das d uas partes continuam ao
longo da trajetória com a mesma velocidade que tinham originalmente. Agora se é a
velocidade da casca imediatamente antes da explosão, e é a velocidade de
imediatamente após a explosão, então temos
1 1
5.56
2 2
A Equação (5.56) é o resultado da aplicação da conservação da energia. A aplicação da
conservação do momento linear resulta em
5.57
Eliminando entre estas equações, obtemos
2 / 1 5.58
Exercício Resolvido 5.4
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
159
Figura 5.6
Solução.
A Figura 5.6b mostra o sistema de partículas após a mola ser liberada. As forças internas (as
forças devido a mola ) cancelam‐se ao pares, e a soma das forças externas (pesos e reações
normais) é zero. Dai o impulso é zero e o momento é conservado. Em qualquer instante de
tempo, a soma do momento deve ser igual a uma constante, que neste caso é zero (porque o
sistema está inicialmente em repouso):
0 5.59
Quando não existe atrito, a energia é conservada. Assim, temos
1 1 1
5.60
2 2 2
onde e representam as velocidades do estado relaxado (não deformado) da mola.
Resolvendo as Equações (5.64) e (5.65) para e determina‐se que
5.61
/ 5.62
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
160
5.5. Problemas sobre colisões
Muitas questões referentes a colisões de partículas podem ser respondidas aplicando as leis de
conservação. Uma vez que as leis de conservação são validas também em mecânica quântica,
resultados obtidos com seus usos são validos para partículas de tamanhos atômicos e
subatômicos, bem como para partículas macroscópicas. Em muitos problemas de colisão, as
partículas colidindo estão se movendo com velocidade constante, livres de qualquer força, por
algum tempo antes e depois da colisão, enquanto durante a colisão elas estão sob a ação das
forças que elas exercem uma sobre as outras. Se as forças mutuas durante a colisão satisfazem
a terceira de Newton, então o momento linear total das partículas é o mesmo antes e depois
da colisão. Se a terceira lei de Newton vale na forma forte, o momento angular total é
conservado. Em qualquer caso, as leis de conservação são sempre validas se levarmos em
consideração toda a energia, momento, e momento angular, incluindo aqueles associados com
qualquer radiação que possa ser emitida e incluindo qualquer energia que possa ser
convertida de energia cinética em outras formas, ou vice‐versa.
Consideremos colisões entre duas partículas para as quais sabemos que o momento
linear e energia são conservados. Estas colisões são chamadas de colisões elásticas.
Designaremos pelos rótulos 1 e 2 as partículas envolvidas na colisão e pelos rótulos e
, os valores da energia cinética e momento antes e após a colisão, respectivamente. Dessa
forma as leis de conservação exigem que
5.63
5.64
A última equação, (5.64), pode ser escrita em termos dos momentos e massas das
partículas:
5.65
2 2 2 2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
161
Figura 5.7. Colisão elástica. A partícula de massa desloca‐se com velocidade em direção a
partícula de massa que se encontra em repouso.
Das condições iniciais afirmadas para a Figura 5.7, (5.65) toma a forma
5.68
Se duas das quantidades
/ , / , , , / 5.69
São conhecidas, as três restantes podem ser determinadas. Se as massas e , o
momento inicial , e o ângulo são conhecidos, por exemplo, pode resolver para , ,
como segue. Transpondo o primeiro termo nas Equações (5.66) E (5.67), quadrando, e
somando, eliminamos :
Substituindo (5.68) em (5.70) e resolvendo para / obtemos
/
cos cos 5.71
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
162
Se , este ângulo é muito pequeno, como sabemos da nossa experiência. Para
existem dois valores de / , o maior correspondendo a uma colisão lateral, o
menor a uma colisão quase frontal.
O caso 0 pode representar ou ausência de colisão ou uma colisão
frontal. No ultimo caso,
2
, 0, 5.73
Se , de (4.61) segue que
valor negativo para / . Se 0, então ; este é o caso quando não existe
colisão. O caso corresponde a colisão frontal, para o qual
, 5.75
2
0, 5.76
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
163
/
2 2
1 1 1 5.77
Assim determinamos de um dos valores possíveis.
Figura 5.8. Colisão inelástica. A partícula de massa desloca‐se com velocidade em direção a
partícula de massa que se encontra em repouso. Após a colisão emergem as
partículas de massas e .
Considere o caso de uma partícula de massa que colide com uma partícula de massa
em repouso. Partículas de massas e deixam o local da colisão em ângulos e
com relação a direção original de movimento de . Veja ilustração da situação na Figura 5.8.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
164
Energia cinética será produzida no processo. Então as leis de conservação para
energia e momento, escrevemos:
. 5.80
Como a energia cinética pode ser expressa em termos do momento, se as massas são
conhecidas, podemos determinar quaisquer três das quantidades , , , , , em
termos das outras três. Em muitos casos é conhecido, e são medidos, e deseja‐se
calcular .
Eliminando das Equações (4.76) e (4.77), como feito anteriormente, obtemos
Esta pode agora ser substituída na Equação (4.70) para fornecer em termos de
quantidades conhecidas:
2 cos
, 5.82
2 2 2
A Equação (5.83) pode ser usada para obter para uma reação nuclear na qual a partícula
incidente de energia conhecida colide com um núcleo , com o resultado que a massa
é emitida cuja energia e direção de movimento pode ser observado.
Colisões de corpos macroscópicos inertes são sempre inelásticas, com energia cinética
sendo convertida para calor por forças de atrito durante o impacto. Energia cinética de
translação pode também ser convertida em energia cinética de rotação e vice‐versa. Tais
colisões vão de aproximadamente elásticas, quando bolas de aço duras para as quais a analise
acima de colisões elásticas se aplica e quando rotações não estão envolvidas, a
completamente inelásticas nas quais os corpos permanecem unidos após a colisão.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
165
Exercício Resolvido 4.5
Considere uma colisão completamente inelástica na qual um projetil de massa ,
velocidade atinge e cola em um objeto de massa em repouso. A velocidade dos dois
corpos após a colisão será . Determine a quantidade de energia que será convertida em
calor.
Solução
. 5.84
Assim após a colisão a velocidade é
5.85
A energia cinética não é conservada em tal colisão. A quantidade de energia que é
convertida em calor é dada pela Equação (5.82)
1 1
2 2
1
5.86
2
O coeficiente de restituição mede o grau de inelasticidade da colisão, sendo definido
experimentalmente como a razão entre as velocidades relativas das partículas antes e depois
da colisão para um processo de colisão frontal, isto é,
5.87
O valor do coeficiente de restituição varia entre 0 e 1. 0corresponde a uma colisão
puramente inelástica.
5.6. Acoplamento de dois osciladores harmônicos
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
166
Um sistema de partículas comumente encontrado é aquele em que vários osciladores
harmônicos interagem uns com os outros. Este modelo simples é muito usado em física do
estado solido para descrever propriedades de sólidos em determinadas condições.
Um exemplo típico de tal sistema é mostrado na Figura 5.9, consistindo de duas massas
e fixadas a suportes fixos por molas de constantes elásticas e e conectadas por
uma terceira mola de constante elástica . Estamos supondo que as massas se movem
apenas na direção horizontal do eixo‐ .
Se a mola estivesse ausente, as duas massas vibrariam independentemente em
movimento harmônico simples com frequências angulares
/ 5.88
/ 5.89
Figura 5.9 Um modelo simples de dois osciladores harmônicos acoplados. e representam os
deslocamentos das massas em relação a configuração de equilíbrio.
O que acontece quando existe o acoplamento entre estes dois osciladores, isto é,
quando a mola de constante elástica conecta e ?
As equações de movimento para o sistema de partículas são da forma
5.90
5.91
ou ainda
0 5.92
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
167
0 5.93
Como esperamos que o movimento seja oscilatório, tentamos uma solução da forma
5.94
5.94
Substituindo (5.94) em (5.92) e (5.93) obtemos
0 5.95
0 5.95
O sistema (5.95) apresenta solução diferente da trivial apenas se o determinante dos
coeficientes for nulo, isto é,
0. 5.96
Desenvolvendo (5.96) obtemos
0 5.97
Cujas raízes são dadas por
5.98
ou
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
168
Para 2 /
5.100
Para
5.101
Que são os modos antissimétricos e simétricos respectivamente. Estes modos nos dizem que
para as massas oscilam em oposição e para oscilam em fase.
Este problema pode ser estendido para um sistema de N osciladores acoplados com
todas as massas e molas com constantes iguais, ou todas as massas iguais e molas com
constantes diferentes, ou vice‐versa ou todas as constantes de mola e massas diferentes. Este
é um problema complexo e que vem sendo estudado desde o inicio do século 20.
Problema Resolvido 5.6
Mostre que quando o acoplamento é fraco, isto é, quando as soluções para os
deslocamentos das massas são do tipo
As Equações (5.102) e (5.103) representam o fenômeno conhecido como batimentos.
Solução
A solução geral para este caso é a combinação das Equações (5.94a), (5.94b) e (5.99)
5.104
onde escrevemos explicitamente ambas as freqüências positivas e negativas.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
169
Na Equação 5.104, as amplitudes não são todas independentes, como podemos
verificar pela substituição de e na Equação (5.95a) e (5.95b). Determinamos
para ω :
para ω :
O único sobrescrito necessário sobre os são aqueles indicando a autofreqüência (isto é, o
segundo sobrescrito). Podemos, portanto escrever a solução geral como
5.105
Assim, temos quatro constantes arbitrarias na solução geral – justamente como
esperávamos – porque temos duas equações de movimento que são de segunda ordem.
2
, ω 5.106
Se o acoplamento é fraco, podemos expandir a expressão para :
2
1 √1 4
onde
1 5.107
2
A freqüência agora reduz‐se a
1 2 5.108
A freqüência natural de qualquer um dos osciladores, quando o outro é mantido fixo, é
1 5.109
1 5.110
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
170
Portanto, as duas freqüências características são dadas aproximadamente por
1 2 ,
5.111
1 1 2 1
1
Podemos agora examinar o modo que um sistema fracamente acoplado se comporta.
Se deslocamos o Oscilador 1 por uma distancia e abandona ele do repouso, as condições
inicial para o sistema são
5.113
2
Então torna‐se
4
Mas, de acordo com a Equação 12.21,
Portanto,
Similarmente,
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
171
FIGURA 5.10. As soluções para e possuem uma componente de alta freqüência ( ) que oscila
dentro de uma componente variando lentamente . Energia é transferida para frente e
para trás entre os dois osciladores.
5.7. Problemas
5.1. Determine o centro de massa de uma casca hemisférica de densidade constante e raio
interno e raio externo .
5.2. Determine o centro de massa de um cone uniformemente sólido de base com diâmetro
2 e altura .
. Se as partículas estão inicialmente em repouso na origem, qual é a posição,
velocidade, e aceleração do centro de massa?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
172
5.5. Uma corda uniforme de comprimento total 2 pende em equilíbrio de um prego liso. Um
impulso muito pequeno leva a corda a lentamente deslizar no prego. Determine a
velocidade da corda quando exatamente deixa o prego. Suponha que a corda é impedida
de arrancar o prego e está em queda livre.
5.6. Uma partícula de massa e velocidade
atinge frontalmente uma partícula de
massa em repouso. O coeficiente de
restituição é . A partícula é
amarrada a um ponto a uma distancia
como mostrado na Figura 5.11.
Determine a velocidade (modulo e FIGURA 5.11. Problema 5.6
direção) de e após a colisão.
5.7. Uma bola de borracha é deixada cair do repouso sobre um assoalho de linóleo, separados
de uma distancia . A bola de borracha retorna até uma altura . Qual é o coeficiente
de restituição? Qual é a fração da energia cinética original que é perdida em termos de ?
5.8. Uma bola de aço de velocidade 5 / atinge uma placa de metal pesada, polida em
ângulo de 30 com a normal. Se o coeficiente de restituição é 0,8, em que ângulo e
velocidade a bola de aço ricocheteia na placa?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
173
Capítulo 6. Movimento em um sistema de referência não inercial
6.1. Introdução
As leis de Newton para o movimento aplicam‐se apenas a sistemas de referencias
inerciais. Em um sistema não inercial a equação de movimento (segunda lei de Newton) é
modificada por termos adicionais que aparecem do efeito não inercial do sistema. O
movimento do sistema não inercial pode ser acelerado translacionalmente, rotacionalmente,
ou por uma combinação de ambos.
As vezes é muito conveniente ou algumas vezes necessário estudar o comportamento
de um sistema dinâmico em um sistema de coordenadas acelerado. Por exemplo, um sistema
de coordenadas fixo a Terra, que está girando no espaço, é mais conveniente para uso na
descrição do movimento de uma partícula próximo a superfície da Terra. A análise do
movimento de corpos rígidos é facilitada utilizando sistemas de referencia não inerciais.
6.2. Sistemas de coordenadas com aceleração translacional.
6.1
’ 6.2
Diferenciando (6.2) obtém‐se a relação entre as acelerações relativas aos dois sistemas
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
174
’ 6.3
Figura 6.1. O vetor localiza a partícula em em relação À origem fixa , enquanto localiza a
mesma partícula em relação a origem , que pode está em rotação bem como em
translação. O vetor localiza a origem em relação a
As leis de movimento de Newton são válidas no sistema sem linha . Para uma partícula
de massa sujeita a uma força
6.4
Substituindo (6.4) em (6.3) obtemos
ou
6.5
Vemos que, no sistema , a segunda lei de Newton é modificada pelo termo adicional
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
175
são independentes do estado do observador ou sistema de coordenadas no qual o movimento
pode ser descrito.
Exercício Resolvido 6.1
Considere o movimento da massa de um pendulo simples que possui um suporte em
movimento como descrito na Figura 6.2. O suporte está acelerado translacionalmente com
uma aceleração . Mostre que a equação de movimento para o movimento angular da massa
do pendulo pode ser escrita como
sen cos
6.6
Solução
Figura 6.2
Como ilustrado na Figura 6.2, é o sistema fixo sem linha, com o eixo positivo
apontando para baixo; e o ponto de suspensão do pendulo simples está no plano . A origem
do sistema com linha está colocada na localização instantânea do ponto de suspensão e o
movimento angular da massa do pendulo está restrito ao plano . A equação de movimento
da massa do pendulo no sistema com linha é
̂ 6.7
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
176
̂ ̂ 6.8
Como o movimento da massa do pendulo está confinado ao plano , é conveniente
escrever a equação de movimento (6.7) em coordenadas polares ( , ), onde é definido
como mostrado na Figura 5.2 e aponta do ponto de suspensão para a massa. O vetor posição
em coordenadas polares é
̂ 6.9
é uma constante. A velocidade da massa é
̂ ̂ ̂
6.10
Agora de (1.xx) segue
̂
6.11
6.12
A aceleração é dada por
6.13
Agora de (5.11) e de
̂ 6.14
segue que, a aceleração é da forma
̂ 6.15
Da geometria do problema temos que
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
177
De (6.16) e (6.17) segue que
Ainda
̂ 6.20
Substituindo (6.8), (6.15), (6.18), (6.19) e (6.20) em (6.7) ficamos com
O movimento angular da massa do pendulo é determinado pela Equação (6.23), que ainda
pode ser escrita como
Este resultado é matematicamente idêntico em forma aquele do oscilador harmônico forçado
não amortecido.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
178
6.3. Sistemas de coordenadas girantes
Considere agora um sistema linha que está girando em torno de uma direção
relativo ao sistema sem linha , conforme esquematizado na Figura 6.3. A velocidade
6.27
Figura 6.3. Sistema de coordenadas gira com velocidade em torno do eixo passando
pela origem .
Diferenciando (6.27), obtemos
6.28
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
179
onde a designação é explicitamente incluída para indicar que a quantidade nos parênteses é
medida no sistema inercial . O segundo termo do lado direito de (6.28) é a velocidade
da partícula em relação ao sistema girante quando observado por alguém ligado e
girando com estes eixos:
6.29
Daqui para frente será reservado a notação " / " para o sistema girante.
O terceiro termo do lado direito da Equação (6.28) é a velocidade aparente de devido
a rotação dos eixos e ela pode ser colocada em uma forma mais familiar: . A
fim de demonstrar isto, primeiro separamos a velocidade angular em suas componentes:
̂ 6.30
fixo na direção . Observações semelhantes são validas para e . O termo não
Figura 6.4
altera a direção de ̂ ; produz, no intervalo de tempo infinitesimal , uma variação
̂ em ̂ na direção negativo como ilustrado na Figura 6.4. De forma similar a
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
180
no tempo é
̂ ̂ ̂
ou
̂
̂ ̂ ̂ 6.31
De forma semelhante para os outros vetores unitários:
̂
̂ ̂ ̂ 6.32
̂
̂ ̂ ̂ 6.33
Substituindo (6.31), (6.32) e (6.33) no terceiro termo de (6.28), obtemos
6.34
Assim de (6.29) e (6.34), segue que a Equação (6.28) pode ser escrita como
6.35
Alguns livros textos apresentam a equação acima usando a seguinte notação
6.36
Considerando a situação em que as duas origens são sempre coincidentes, a Equação
(6.36) toma a forma mais simples
6.37
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
181
Apesar de termos escolhido o vetor de deslocamento para a dedução da Equação
(6.37), a validade desta expressão não limita ao vetor . Na realidade, para um vetor arbitrário
, temos
6.38
Do resultado acima observamos que a aceleração angular é a mesma nos sistemas
fixo e girante:
6.39
Se definirmos
6.40
6.41
6.42
podemos escrever (5.36) como
6.43
é a velocidade relativa aos eixos fixos, é a velocidade linear da origem em movimento,
é a velocidade relativa aos eixos em rotação, é a velocidade angular dos eixos em rotação e
é a velocidade devida à rotação dos eixos em movimento.
6.4. Forças centrífugas e forças de Coriolis
Já enfatizamos que a segunda lei de Newton é valida apenas em um sistema de
referencia inercial. A expressão da força sobre uma partícula pode, portanto, ser obtida de
6.44
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
182
Agora
6.45
Definimos
6.46
Calculamos o segundo termo usando o resultado (6.38), onde tratamos como um vetor
qualquer
6.47
onde é a aceleração no sistema de coordenadas em rotação. O cálculo do último termo da
Equação (6.44) resulta em
6.48
Assim de (6.43) a (6.47) segue que a aceleração para a partícula, medida por um
observador no sistema de referencia inercial, é dada por
2 6.49
Para um observador no sistema de coordenadas em rotação, a força efetiva sobre a
partícula é dada por
2 6.50
O primeiro termo ( ) do lado direito em (6.49) é a resultante das forças atuando sobre a
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
183
Exercício Resolvido 6.2. Pendulo cônico.
Um bastão vertical AB, como mostrado na Figura 6.4, está girando com velocidade
angular constante . Um fio inextensível e sem massa de comprimento está amarrado ao
bastão no ponto A e sua outra extremidade está ligada a uma massa . Determine (a ) a
tensão na corda, e (b) o ângulo que a corda faz com o bastão quando a partícula está em
equilíbrio.
Figura 6.5
Solução
Vamos escolher os vetores unitários ̂ e como mostrados na Figura 6.4, girando com o
bastão. O vetor posição da massa aponta de A para :
As três forças agindo sobre a partícula são: o peso da partícula
,
a tensão na corda
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
184
sen ̂ cos
e a força centrifuga
sen ̂ cos
sen ̂.
Quando a partícula está em equilíbrio, a força resultante agindo sobre ela é zero:
ou
de onde segue que
sen sen 0
cos 0
Resolvendo estas equações determinamos que
cos
Exercício Resolvido 6.3. Superfície de um liquido em rotação.
Um balde de liquido gira com velocidade angular . Determine a forma da superfície do
liquido.
Solução
Em um sistema de coordenadas em rotação com o balde, o liquido está em repouso e
0. Veja na Figura 6.5 a diagramação do sistema. Usando a Equação (6.49), a equação de
movimento de uma pequena massa do liquido sobre a superfície é
6.52
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
185
onde o termo de Coriolis e os termos transversais foram eliminados pelo fato de 0.
0 6.53
Figura 6.6
A quantidade entre colchetes pode ser considerada a gravidade efetiva
6.54
̂ ̂ 6.55
Da geometria esboçada na Figura 6.5 temos
A integração de (6.54) fornece
2
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
186
constante 6.57
2
Esta é uma paraboloide de revolução em torno do eixo .
Exercício Resolvido 6.4.Física sobre uma mesa girante
Um mesa horizontal gira uniformemente no sentido anti‐horário, com uma velocidade angular
com relação a um referencial inercial. Um objeto de massa move‐se sobre a mesa com
velocidade . Supondo nenhum atrito entre a mesa e o objeto, qual é o caminho do objeto
quando visto no sistema girante?
Solução
As origens dos sistemas inercial e girante estão fixas de forma 0. A velocidade angular
possui o valor constante
̂ 6.58
implicando que a aceleração 0, assim a Equação (5.49)reduz‐se a
2 6.59
Para o objeto movendo‐se sobre a mesa, ambos e estão no plano da mesa,
perpendiculares a , e a força de Coriolis
2 6.60
· ω 6.61
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
187
Figura 6.7. Trajetórias da partícula em relação a um sistema girante
6.5. Movimento Relativo Próximo à Superfície da Terra
A aplicação mais importante da Equação (6.49) é a uma partícula movendo‐se próximo a
superfície da Terra. Se desprezarmos a aceleração do centro da Terra, um conjunto de eixo não
girante com sua origem fixa no centro da Terra pode ser considerado aproximadamente como
um sistema inercial, enquanto um sistema de coordenadas fixado na superfície da Terra e
girando com a Terra não é um referencial inercial. Veja a Figura 6.7 para uma descrição gráfica
da situação. Neste sistema girante, a equação de movimento para uma partícula de massa
movendo‐se sob a ação da gravidade e outras forças físicas é dada pela Equação (6.49), com
um termo extra do lado direito:
2 6.62
com
6.63
6.64
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
188
Substituindo (6.62) em (6.60) obtemos
Figura 6.8 Um sistema girante fixado a superfície da Terra e girando solidário à Terra.
2
2 6.65
Quando fazemos uma medida da aceleração da gravidade em P, o que realmente medimos
não é mas a quantidade entre colchetes exibida na Equação (6.63). Assim podemos definir a
aceleração gravitacional efetiva no ponto P por
6.66
A linha do primo não aponta diretamente para o centro da Terra, mas está desviado através de
um pequeno ângulo pela força centrifuga e aponta na direção de , como mostrado
na Figura 6.9. Se o movimento é próximo a superfície da Terra, então
6.67
e torna‐se
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
189
6.68
A equação de movimento então toma a forma
Figura 6.9
2 6.69
A magnitude do termo de correção para devido a força centrifuga é, para
sen
onde é a co‐latitude
2
entre e .
Agora
2 2 10
0,73 6.70
24 3600
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
190
Assim o termo de correção é muito pequeno:
sen
Assim
sen cos
tan
sen
sen cos
O valor máximo ocorre em 45 .
6.6. Problemas
6.1. Calcule a aceleração centrífuga, devido à rotação da Terra, de uma partícula na superfície
da Terra no equador. Compare este resultado com a aceleração gravitacional. Calcule
também a aceleração centrífuga devido ao movimento da Terra em torno do Sol e
justifique a observação feita no texto que esta aceleração pode ser desprezada
comparada com a aceleração provocada por rotação axial.
6.2. Um piloto de carros de corrida dirige um carro com aceleração e velocidade instantanea
. Os pneus (de raio ) não estão deslizando. Determine que ponto sobre o pneu possui a
maior aceleração relativo ao chão. Qual é esta aceleração?
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
191
6.3. No Exercício resolvido 6.4, suponha que o coeficiente de atrito estático entre o disco de
hockey e a superfície rugosa horizontal (sobre o carrossel) é . Quão longe do centro do
carrossel pode o disco de hockey ser colocado sem deslizar?
6.4. No Exercício resolvido 6.4, para que velocidade inicial e direção no sistema girante o disco
de hockey parecerá ser subsequentemente sem movimento no sistema fixo? Qual será o
movimento no sistema girante? Seja a posição inicial a mesma que no Exercício resolvido
6.4. Voce pode escolher realizar um calculo numerico.
6.5. Determine o quanto a intensidade do campo gravitacional nos polos é maior do que no
equador. Suponha que a Terra é esférica. Se a diferença de medida real é ∆
52 / , explique a diferença. Como podemos calcular esta diferença entre o resultado
medido e seus calculos?
6.6. Se uma partícula é projetada verticalmente para cima até uma altura acima de um ponto
sobre a superfície da Terra na latitude norte , mostre que ela atinge o chão em um ponto
4/3 cos · 8 / para o oeste. (Despreze a resistencia do ar, e considere apenas
pequenas alturas verticais.)
6.7. Se um projétil é disparado diretamente para leste de um ponto sobre a superfície da Terra
em uma latitude norte com uma velocidade de modulo e em um ângulo de inclinação
com a horizontal de , mostre que a deflexão lateral quando o projétil atinge a Terra é
4
· sen · sen cos
Onde é a frequencia de rotação da Terra.
Mecânica Clássica – EaD ‐ UAPI
192
Bibliografia
1. Brown J W, Churchill R V, Complex Variables and Applications, 6ª ed., McGraw‐Hill, New
York, 1996.
2. Chow, T L, Classical Mechanics, John Wiley, New York, 1995.
3. Chow T L, Mathematical Methods For Physicists ‐ A Concise Introduction, CUP, Cambridge,
2000.
4. Goldstein H, Poole C, Safko J, Classical Mechanics, 3ª ed., Assison Wesley, San Francisco,
2011.
5. Symon, K R, Mecânica, Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1980.
6. Thornton S T, Marion J B, Dinâmica Clássica de Partículas e Sistemas, 5ª Ed., Cencage, São
Paulo, 2011.