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C URSO DE F ÉRIAS :

T RANSTORNO DO P ÂNICO

P R O F ª M A R I A N A S A N T I A G O D E M ATO S
PSICÓLOGA

mariana.matos@fas.org.br

JULHO DE 2008
Curso de Férias – Transtorno do Pânico

MÓDULO I

O QUE É ANSIEDADE?

 É uma vivência comum, que qualquer ser humano tem ao longo de sua vida, principalmente
em momentos de mudanças, de experiências novas, de busca da própria identidade e outros.

 É um tipo de alerta sobre uma ameaça interna ou externa, visando à preservação da vida.
Ela tem, assim, uma função de proteção.

COMO ELA ACONTECE?


 A ansiedade normal é um sentimento geral, desagradável e vago, de apreensão.

 Muitas vezes a pessoa também tem sintomas físicos, como dor de cabeça, palpitações,
aperto no peito e leve desconforto abdominal.

 A pessoa pode ainda ficar inquieta, com dificuldades de permanecer sentada ou imóvel por
muito tempo.

EXISTE ANSIEDADE NORMAL?


 Sim. A ansiedade normal é inclusive muito útil, pois pode nos alertar quanto a ameaças de
lesões corporais, dor, impotência, separação de pessoas amadas, de ameaças à própria
unidade ou integridade.

 A ansiedade leva o indivíduo a buscar evitar a ameaça, ou ao menos tentar amenizar suas
conseqüências.

O QUE A ANSIEDADE PODE PROVOCAR?

 A ansiedade pode levar a pessoa a perceber as coisas de maneira diferente, distorcida, tanto
em termos de tempo e espaço, como em relação a pessoas e significados.

 Um nível alto de ansiedade pode interferir no aprendizado, baixando a concentração,


reduzindo a memória e prejudicando a capacidade de associação do indivíduo.

ALGUNS TIPOS DE ANSIEDADE NORMAL:


 A do bebê, ameaçado pelo afastamento dos pais
 A de crianças no primeiro dia da escola
 A sentida por adolescentes no primeiro namoro
 Ansiedade de adultos que se deparam com a velhice e a morte
 Ansiedade frente a doenças a qualquer época da vida

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MEDO E ANSIEDADE – QUAL A DIFERENÇA?

 A ansiedade é um sinal de alerta que avisa sobre um perigo e possibilita a tomada de


medidas para enfrentar a ameaça.

 O medo é um sinal de alerta parecido, mas é uma resposta a uma ameaça conhecida,
externa, definida ou de origem não conflituosa, enquanto a ansiedade é uma resposta a uma
ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa.

OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

 Existe um grupo de patologias mentais chamados de transtornos de ansiedade. Neles, a


presença da ansiedade é um sintoma fundamental. Alguns deles são os seguintes:

 Transtorno de pânico com e sem agorafobia;


 Agorafobia sem história de transtorno do pânico;
 Fobia social;
 Fobias específicas;
 Transtorno obsessivo-compulsivo;
 Transtorno de estresse pós-traumático;
 Transtorno de ansiedade generalizada;
 Transtorno de ansiedade induzido por substância.

TRANSTORNO DE PÂNICO E AGORAFOBIA

COMO O TRANSTORNO DO PÂNICO É DIAGNOSTICADO?

 Os profissionais de saúde devem ser capazes de reconhecer os sintomas do transtorno do


pânico, para que os pacientes possam ser encaminhados adequadamente para o tratamento
psicoterápico e medicamentoso. Quando não é percebido pelo profissional, podem ser feitos
diagnósticos errados, como infarto do miocárdio, ou os sintomas podem ser considerados
como histeria ou simulação.

 O transtorno do pânico é diagnosticado quando um indivíduo tem, espontânea e


inesperadamente, ataques de pânico, que ocorrem diversas vezes.

 Os ataques de pânico geralmente duram pouco, menos de uma hora, e caracterizam-se por
intensa ansiedade ou medo, junto com sintomas somáticos como palpitações e respiração
rápida.

 Junto com o transtorno do pânico, muitas vezes o paciente tem também agorafobia, que é o
medo de estar sozinho em locais públicos, especialmente se o indivíduo considera que seria
difícil sair dele em caso de um ataque de pânico.

 A agorafobia pode levar o paciente a se afastar de seus afazeres profissionais, e mesmo


deixar de sair de casa para qualquer coisa. Acredita-se que a agorafobia ocorra por causa do
medo da ocorrência de um ataque de pânico em locais em que a saída seria difícil.

 Os ataques de pânico não são exclusivos do transtorno de pânico, podendo ocorrer ainda em
outros transtornos mentais (depressivos, por exemplo) e condições médicas (por exemplo,
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abstinência de certas substâncias). Assim, um ataque de pânico isolado não justifica um


diagnóstico de transtorno do pânico.

COMO RECONHECER UM ATAQUE DE PÂNICO?

 O ataque de pânico não é um transtorno em si, já que pode acontecer em diferentes


patologias, como fobias específicas, fobia social e transtorno de estresse pós-traumático.

 No ataque de pânico, há um período de intenso temor ou desconforto, no qual quatro (ou


mais) dos seguintes sintomas desenvolvem-se subitamente e alcançam um pico em 10
minutos:

 Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado


 Suor excessivo
 Tremores
 Sensações de falta de ar ou sufocamento
 Dor ou desconforto no tórax
 Enjôo ou desconforto abdominal
 Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
 Desrealização (sensações de irrealidade)
 Despersonalização (não reconhecer si mesmo)
 Medo de perder o controle ou enlouquecer
 Medo de morrer
 Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
 Calafrios ou ondas de calor

COMO RECONHECER O TRANSTORNO DE PÂNICO?

 Existem dois tipos de diagnóstico de transtorno de pânico, sendo que a única diferença é a
presença ou ausência da agorafobia.

 Os sintomas do transtorno de pânico são os seguintes:

 Ataques de pânico repetitivos e inesperados

 Pelo menos um dos ataques foi seguido por um mês (ou mais) de uma (ou mais) das seguintes
características:

(a) Preocupação persistente em relação a ter outros ataques.


(b) Preocupação sobre as implicações do ataque ou suas conseqüências (por exemplo, perder o
controle, ter um ataque cardíaco, “ficar louco”).
(c) Uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.

 Os ataques de pânico não ocorrem por efeito de qualquer substância (abuso de drogas ou
medicamento) ou por causa de uma doença médica (por exemplo, hipertireoidismo).

 Os ataques de pânico não são mais bem explicados por outro transtorno mental, como fobia
social, fobia específica, transtorno obsessivo-compulsivo, ou outros.

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O QUE É AGORAFOBIA?

 Não é um transtorno em si, mas um sintoma que pode estar presente ou não no transtorno de
pânico, bem como em outras patologias.

 Os sintomas são os seguintes:

 Ansiedade relativa a estar em lugares ou situações onde possa ser difícil escapar, ou onde
a pessoa pode não encontrar ajuda, em caso de ter um ataque de pânico.

 Geralmente teme-se estar sozinho fora de casa, estar no meio de uma multidão, estar em
uma ponte, viajar de ônibus, trem ou carro, entre outros.

 As situações que geram ansiedade são evitadas ou suportadas com intenso sofrimento, ou
exigem a presença de um acompanhante.

 A ansiedade da agorafobia não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como
fobia social, fobia específica ou outros.

AS CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO DE PÂNICO

 É comum que o paciente com transtorno do pânico relate que sua vida funcionava
normalmente até o primeiro ataque. Quando ele ocorre, geralmente o paciente procura um
hospital geral ou uma clínica cardiológica, chegando a 80% o total de pacientes que
procuram uma ajuda médica não-psiquiátrica até um ano depois do primeiro ataque.

 Conforme outros ataques acontecem, surgem a ansiedade e a expectativa de ter novos


ataques, e o paciente acaba buscando respostas de evitação, que caracterizam a agorafobia.

 O primeiro ataque de pânico é geralmente espontâneo, podendo, no entanto, ocorrer após


excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado.

 O profissional de saúde deve tentar determinar hábitos ou situações que em geral venham
antes dos ataques de pânico do paciente.

 O ataque começa com um período de 10 minutos de sintomas que rapidamente tornam-se


mais intensos. O paciente sente um extremo medo e um senso de morte e catástrofe, como
se estes estivessem para acontecer. Geralmente a pessoa não consegue indicar o motivo de
seus temores, sentindo-se confusa e com dificuldade de concentração.

 Os sinais físicos mais freqüentes são taquicardia, palpitações, dispnéia e sudorese.


Geralmente o paciente teme a morte por problemas cardíacos ou respiratórios, acreditando
que as palpitações e a dor no peito são provas de que ele está prestes a morrer. É comum
que isto ocorra com indivíduos jovens (na faixa dos 20 anos) e fisicamente saudáveis, que
insistem que estão prestes a morrer de ataque cardíaco.

 O paciente geralmente abandona o que está fazendo e o local onde se encontra para buscar
ajuda.

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 O ataque costuma durar entre 20 e 30 minutos, dificilmente durando mais de 1 hora. Os


sintomas podem desaparecer rapidamente ou aos poucos.

 Durante o ataque, o paciente tem dificuldades para falar (apresentando, por exemplo,
gagueira), além de sua memória poder estar prejudicada. Pode ainda experimentar
depressão ou despersonalização (dificuldade de reconhecer a si mesmo).

 Entre os ataques, o paciente pode ter ansiedade em relação a ter um novo ataque.

AS CARACTERÍSTICAS DA AGORAFOBIA

 Os pacientes evitam situações nas quais seria difícil conseguir ajuda. Por isso, geralmente
preferem estar acompanhados em locais como ruas e lojas movimentadas, espaços fechados
(túneis, pontes, elevadores) e veículos fechados (metrô, ônibus, avião).

 A necessidade de estar sempre acompanhado pode gerar problemas familiares. Estes podem
ser diagnosticados erroneamente como sendo a causa da agorafobia, sem que o médico
perceba que esta acontecia primeiro.

 Os pacientes mais graves podem chegar a recusar a saída de casa.

COMO DIFERENCIAR DE OUTRAS PATOLOGIAS

 Várias doenças têm sintomas parecidos, que podem levar à confusão de diagnósticos.

 Quando se faz um diagnóstico, é preciso saber diferenciar os transtornos e perceber as


características que o paciente apresenta. Através da anamnese, o profissional descartará as
patologias parecidas, e fará o diagnóstico do paciente.

 A partir do diagnóstico, a equipe de saúde terá mais elementos para planejar um tratamento
adequado.

DIFERENCIANDO O TRANSTORNO DO PÂNICO

 Independente da idade ou fatores de risco, sempre que um paciente se queixa de sintomas


que podem levar à morte (por exemplo, dores no peito, que podem ser um sinal de infarto,
que pode ser fatal), deve-se fazer uma anamnese completa e um exame físico. Feitos os
exames adequados e descartada a presença de uma condição que ameace a vida, deve-se
suspeitar de que o paciente possui o transtorno de pânico.

 Sintomas atípicos como vertigem, perda do controle de urina ou inconsciência, ou o início


tardio do primeiro ataque (após os 45 anos) devem levar o médico a reconsiderar a presença
de uma condição não-psiquiátrica.

 Os ataques de pânico podem ocorrer por problemas de tireóide, paratireóide, adrenais e


substâncias. O exame completo do paciente ajudará o médico a perceber se os ataques de
pânico são causados por estes problemas clínicos ou pelo transtorno de pânico.

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 Deve-se diferenciar o transtorno de pânico da simulação, hipocondria, transtorno de


despersonalização, fobias específicas, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático,
transtornos depressivos e esquizofrenia.

 No diagnóstico, é importante perceber se o ataque de pânico foi inesperado ou ligado ou


predisposto por uma situação específica. No transtorno de pânico os ataques geralmente são
inesperados. Quando são ligados a uma situação, geralmente indicam uma condição
diferente, como fobia social ou fobias específicas (quando a pessoa é exposta a uma situação
fóbica; transtorno obsessivo-compulsivo (quando tenta resistir a uma compulsão); ou um
transtorno depressivo (quando tomado pela ansiedade).

 O foco da ansiedade ou medo também é importante. Deve-se determinar se não houve foco,
como no transtorno de pânico, ou se houve foco específico (como na fobia social, por
exemplo, o medo de ficar “com a língua presa”).

 Um paciente que teve um único ataque de pânico em um contexto específico (por exemplo,
dentro de um elevador), pode vir a evitar repetir a mesma situação, independente de ter novo
ataque de pânico. Isso seria uma fobia específica.

FOBIAS ESPECÍFICAS E FOBIA SOCIAL

 As fobias são os transtornos mentais mais comuns dos Estados Unidos. Estima-se que de 5 a
10% da população sejam atingidos por estas patologias. Ambos os tipos são mais comuns
em mulheres.

O QUE É FOBIA?

 É o medo irracional que faz com que se evite de maneira consciente um objeto, atividade ou
situação específica temida.
 A presença ou a expectativa da presença da entidade causadora da fobia faz com que o
indivíduo sofra intensa ansiedade, mesmo reconhecendo sua reação como sendo excessiva e
desproporcional.

 A reação fóbica prejudica o funcionamento normal do indivíduo.

FOBIA ESPECÍFICA

 É mais comum do que a fobia social. É o transtorno mental mais comum em mulheres e o
segundo mais comum entre os homens (nestes, os primeiros são os transtornos relacionados
com o uso de substâncias).

 Algumas fobias, como de sangue, injeção e ferimentos, pode se iniciar ainda na infância,
entre os 5 e 9 anos. Já as de tipo situacional, como medo de alturas, se inicia geralmente
mais tarde, por volta dos 20 anos.

 Os objetos e situações mais temidos são: animais, tempestades, alturas, doença, ferimentos e
morte.

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 Na fobia específica, o pano de fundo é o medo ou ansiedade. Quando um evento específico


(como dirigir, por exemplo) é associado com uma experiência emocional (como um grave
acidente), o indivíduo associa ou dois eventos e sente intensa ansiedade diante da idéia de
dirigir, ou mesmo de automóveis.

 A experiência emocional pode dizer respeito a um acontecimento real, externo, ou a um


incidente interno, como, por exemplo, um ataque de pânico. Assim, o indivíduo, mesmo não
tendo o diagnóstico de transtorno do pânico, pode ter um medo generalizado de dirigir, ao
invés de um medo de ter um ataque de pânico, enquanto dirige.

FOBIA SOCIAL

 Apesar das mulheres serem mais afetadas, conforme indicam estudos epidemiológicos,
freqüentemente estudos clínicos indicam a prevalência entre homens.

 A fobia social geralmente se inicia durante a adolescência, sendo comum também o


aparecimento aos 5 ou até os 35 anos.

 Vários estudos relatam a possível presença de um traço em algumas crianças, que


apresentam severa inibição comportamental. Este traço pode ser comum especificamente
em filhos de indivíduo com transtorno de pânico, e pode se transformar em uma severa
timidez com o amadurecimento da criança.

COMO RECONHECER AS FOBIAS ESPECÍFICAS?

 O diagnóstico é dado por um médico ou profissional de saúde habilitado, sendo as


características principais as seguintes:

 Medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, diante da presença ou antecipação de


um objeto ou situação fóbica (por exemplo, alturas, animais, ver sangue).

 A exposição ao estímulo fóbico provoca quase sempre uma resposta imediata de ansiedade,
que pode assumir a forma de um ataque de pânico ligado à situação ou predisposto pela
situação. Obs: Em crianças, a ansiedade pode ser expressa por choro, ataques de raiva,
imobilidade, etc.

 O indivíduo percebe que o medo é excessivo ou irracional. Em crianças essa característica


pode estar ausente.

 A situação fóbica é evitada ou suportada com intensa ansiedade ou sofrimento.

 A evitação, ansiedade diante da possibilidade de presenciar o estímulo fóbico ou sofrimento


na situação temida interfere significativamente na vida comum do indivíduo, em seu
funcionamento no trabalho ou estudos, ou em atividade ou relacionamentos sociais, ou
existe acentuado sofrimento acerca de ter a fobia.

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COMO RECONHECER A FOBIA SOCIAL?

As características principais para que a fobia social seja diagnosticada são as seguintes:

 Medo ou temor acentuado e persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho,


em que o indivíduo é exposto a pessoas estranhas ou à possível crítica por outras pessoas.
 O indivíduo teme agir de um modo (ou mostrar sintomas de ansiedade) humilhante e
embaraçoso para si próprio. Obs: Em crianças, deve-se prestar atenção à capacidade de
relacionamentos sociais apropriados à idade, e a ansiedade deve ocorrer em contextos que
envolvam outras crianças, e não apenas em interações com adultos.
 A exposição social temida geralmente provoca ansiedade, que pode assumir a forma de um
ataque de pânico ligado à situação ou predisposto por ela. Obs: Em crianças, a ansiedade
pode ser expressada por choros, ataques de raiva, imobilidade ou afastamento de situações
sociais com pessoas estranhas.
 A pessoa reconhece que o medo é excessivo ou irracional. Esta característica pode estar
ausente em crianças.
 As situações sociais e de desempenho temidas são evitadas ou suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento.
 A esquiva, antecipação ansiosa ou sofrimento na situação social ou de desempenho temida
interferem de modo marcante na rotina, trabalho (estudos), atividades sociais ou
relacionamentos do indivíduo, ou existe sofrimento acentuado por ter a fobia.

TRANSTORNO OBSESSIVO -COMPULSIVO


O QUE É UMA OBSESSÃO? E UMA COMPULSÃO?

 Obsessão é um pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva, inesperada e sem


controle.

 Compulsão é um comportamento consciente, padronizado e recorrente, como contar,


verificar ou evitar.

 As obsessões levam o indivíduo à ansiedade, e as compulsões são um modo de amenizá-la.


Quando alguém resiste a uma compulsão, a ansiedade aumenta.

DADOS SOBRE O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

 O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) aflige entre 2 e 3% da população, sendo o quarto


diagnóstico mais comum.

 Se inicia geralmente por volta dos 20 anos, sendo tão comum em homens quanto em
mulheres.

 É freqüente que o indivíduo com TOC tenha também outros transtornos, como transtorno
depressivo, fobia social, fobias específicas transtorno de pânico e transtornos por uso de
álcool.

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COMO ELE ACONTECE?

 Um pensamento intrusivo surge em um determinado momento, gerando ansiedade. O


indivíduo então procura uma ação que reduza sua ansiedade. Essa ação passa a ser um
comportamento repetitivo, o qual o paciente não consegue abandonar, deixar de fazer.

 Por exemplo, alguém pensa que pode se contaminar por germes malignos que o matarão.
Essa idéia leva à intensa ansiedade. Para evitar que isso aconteça, lava as mãos repetidas
vezes ao dia, a tal ponto que sua pele descama.

 O tipo de obsessão mais comum é a de contaminação, que leva a lavagens ou ao afastamento


do objeto supostamente contaminado.

 A segunda obsessão mais comum é a de dúvida, que leva à compulsão de verificação.


Assim, um indivíduo pode suspeitar que deixou o gás ligado e retornar à sua casa inúmeras
vezes para confirmar o desligamento, impedindo sua saída definitiva.

 O terceiro padrão mais comum é o de pensamentos obsessivos intrusivos sem uma


compulsão. Esses pensamentos geralmente dizem respeito à sexualidade ou agressividade.

 O quarto tipo de obsessão mais comum é a necessidade de simetria ou precisão, fazendo


com que o paciente leve horas para fazer uma refeição ou barbear-se.

TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO


 É o transtorno que pode ocorrer como conseqüência da vivência de um estresse emocional
concreto, de tamanha gravidade que seria traumático para praticamente qualquer pessoa.

 Esses traumas incluem experiências de guerra, catástrofes naturais, agressão física, estupro e
sérios acidentes.

 O transtorno de estresse pós-traumático faz com que o indivíduo reviva o trauma através de
sonhos e pensamentos quando está acordado, e que evite de maneira marcante as coisas que
lembram do trauma.

 Há um anestesiamento emocional e ansiedade presentes quase constantemente. O paciente


pode ainda ter ataques de pânico, além de ilusões e alucinações.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA


 Caracteriza-se por uma preocupação excessiva e abrangente, acompanhada por sintomas
corporais, causando o comprometimento significativo no funcionamento social, ocupacional
(relativo ao trabalho ou estudo) ou sofrimento intenso.

 É o transtorno que mais possui outras patologias associadas, em geral outro transtorno de
ansiedade ou de humor.

 Os pacientes geralmente chegam ao médico por volta dos 20 anos, mas muitas vezes estes
demoram longo tempo até buscar ajuda médica.
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 Apenas um terço dos pacientes com este transtorno procuram tratamento psiquiátrico, sendo
freqüente a busca de clínicos gerais, cardiologistas, pneumologistas etc, com o objetivo de
aliviar o sintoma somático.

 Os principais sintomas são a tensão motora (tremores, inquietação, dores de cabeça), falta de
ar, suor excessivo, palpitações, sintomas gastrintestinais, irritabilidade e facilidade de se
sobressaltar.

 O transtorno de ansiedade generalizada pode ser confundido com o transtorno de pânico,


fobias e transtorno obsessivo-compulsivo. O indivíduo com transtorno de pânico
geralmente é mais incapacitado, tem menos sintomas físicos, e a patologia teve um início
súbito. As fobias possuem um objeto de temor específico, o que não ocorre com o
transtorno de ansiedade generalizada. O transtorno obsessivo-compulsivo é mais
incapacitante, e os padrões repetitivos são marcantes.

TRANSTORNO DE ANSIEDADE INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA


 É a ansiedade gerada pelo uso de drogas, medicamentos ou outras substâncias, sendo que
não é necessário um uso freqüente para o surgimento dos sintomas.

 Uma grande quantidade de substâncias pode levar a sintomas de ansiedade semelhantes aos
outros quadros de transtorno de ansiedade, como, por exemplo, anfetaminas, cocaína,
cafeína, LSD, entre outras. Medicamentos prescritos também podem gerar tais sintomas.

 O indivíduo apresenta ansiedade intensa, ataques de pânico, obsessões ou compulsões,


sendo que estes sintomas surgem durante o uso da substância ou mesmo após um mês do
término de seu uso. Também pode haver comprometimentos cognitivos na compreensão,
cálculos e memória.

 Em geral a ansiedade pára quando o indivíduo pára o uso da substância, e, caso os sintomas
não desapareçam, deve-se reconsiderar o diagnóstico ou examinar a possibilidade de que a
substância tenha causado um dano cerebral irreversível. Pode-se, ainda, recomendar o
tratamento dos sintomas de ansiedade através da psicoterapia e tratamentos
medicamentosos, se houver indicação.

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MÓDULO II

TRANSTORNO DO PÂNICO

POR QUE O TRANSTORNO DE PÂNICO ACONTECE?


 Os motivos que contribuem para que alguém possua o transtorno de pânico são muitos,
incluindo fatores genético, biológicos, emocionais, psicossociais e cognitivo-
comportamentais, que levam ao aparecimento de sintomas de ansiedade.

 Muitos estudos indicam que pacientes adultos com transtorno de pânico foram crianças
medrosas e dependentes, com intensa ansiedade de separação e dificuldades na escola. No
entanto, esses aspectos muitas vezes passam desapercebidos, ou são encarados com
naturalidade pelos pais, que não percebem que seus filhos têm dificuldades que mereceriam
atenção especial. Assim, é fácil pensarmos que o transtorno de pânico, no adulto, ocorre
sem uma história prévia, pois na verdade tal história era desconhecida até então.

FATORES BIOLÓGICOS

 As teorias biológicas a respeito da ansiedade são ainda bastante controversas e pouco


precisas. Por um lado, há os pesquisadores que consideram que as alterações biológicas nos
pacientes com transtornos de ansiedade são devido aos conflitos psicológicos presentes, e,
por outro, há os que consideram o inverso: que os eventos biológicos ocorrem antes dos
conflitos psicológicos.

 Sabe-se, no entanto, com base em estudos em animais e nas respostas e tratamentos com
medicamentos que os três principais neurotransmissores envolvidos no processo de
ansiedade são a noradrenalina, serotonina e GABA.

 Apesar de ainda não se ter conhecimento suficiente sobre os fatores biológicos que levam ao
transtorno de pânico, já se têm algumas informações:

 Aparentemente os sintomas de transtorno de pânico podem resultar em uma faixa de


anormalidades biológicas na estrutura e função cerebral.

 O sistema nervoso autônomo de alguns pacientes parece exibir tônus simpático aumentado,
adaptando-se lentamente a estímulos repetidos e respondendo excessivamente a estímulos
moderados.

 Estudos com ressonância magnética indicam uma patologia dos lobos temporais em
pacientes com transtorno de pânico.

 Os estudos genéticos concluem que aproximadamente 50% dos pacientes com transtorno de
pânico têm pelo menos um parente afetado.

FATORES GENÉTICOS

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 Os estudos ainda são poucos, mas indicam um aumento de quatro a oito vezes no risco para
transtorno de pânico entre os parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno de
pânico, em comparação com outros pacientes psiquiátricos.

FATORES PSICOSSOCIAIS

ANSIEDADE E TRANSTORNO DO PÂNICO PARA A PSICANÁLISE

NEUROSE DE ANGÚSTIA

 O conceito de “neurose de angústia” foi criado por Freud em 1895, tendo sido considerada
como uma patologia em si, diferente de outras doenças.

 A neurose de angústia se parece bastante com o conceito atual de transtorno de pânico. Seus
sintomas são os seguintes:

- Irritabilidade geral;
- Expectativa de que algo catastrófico aconteça, diante de sinais interpretados como
perigosos.
- Ansiedade como pano de fundo;
- Ataques de angústia;
- Medo de morrer ou enlouquecer;
- Sensação de estar tendo problemas respiratórios ou cardíacos;
- Sintomas corporais, como suores, palpitações, tremores e calafrios;
- Pânico durante à noite, levando a pessoa a acordar;
- Fobias que decorrem da ansiedade e dos ataques de angústia;
- Enjôos, vômitos, diarréias, fome maior que o comum.

 Para Freud, a neurose de angústia estava sempre ligada a dificuldades sexuais, podendo
ocorrer nas seguintes situações: expectativa, em meninas, em relação à perda da virgindade;
angústia em mulheres que têm maridos que sofrem de ejaculação precoce; angústia em
mulheres viúvas; homens em abstinência sexual; excitação em homens antes da primeira
relação sexual; homens que praticam o coito interrompido, entre outros.

 Estas situações por si só não causariam a neurose de angústia, havendo ainda outros fatores,
como predisposições, por exemplo.

 O conceito de neurose de angústia deixou de ser utilizado, e seus sintomas foram tratados
como parte de outras patologias (histérica, por exemplo).

ANSIEDADE

 A ansiedade é um estado afetivo que corresponde à antecipação de um desprazer, antes que


ele aconteça, com base em outras experiências desprazerosas. O nascimento é a experiência
que dará origem às ansiedades ao longo da vida.

 Há dois tipos de ansiedade: a realística e a neurótica.

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 A ansiedade realística acontece quando estamos diante de situações reais de perigo. Aqui, a
ansiedade é um sinal, que pode levar o indivíduo a buscar soluções para fugir ou se defender
do perigo.

 A ansiedade neurótica parece sem sentido, pois não há um perigo real que ameace o sujeito.
Não há uma situação ou objeto específicos que o indivíduo tenha medo, ou o medo é
exagerado, desproporcional (por exemplo, medo de avião que impede a viagem de alguém a
longas distâncias).

 Em Inibições, sintoma e angústia (1926), Freud afirma que a ansiedade normal é um sinal
de perigo para o ego, que o leva a tomar medidas defensivas ou de evitação. Quando
ultrapassa um certo patamar, a ansiedade deixa de ser um sinal de alerta para levar ao ataque
de pânico, configurando-se como patológica.

 A formação de um sintoma se dá quando surge uma idéia incompatível com o ego, que gera
ansiedade. A ansiedade levará o ego a se defender, separando esta idéia e o afeto
(sentimento) correspondente. A idéia é reprimida, e o destino do afeto definirá a patologia
correspondente. Por exemplo, na histeria ele vai para o corpo, na fobia para os medos
infantis e na neurose obsessiva para as idéias ou atos obsessivos.

TRANSTORNO DO PÂNICO E PSICANÁLISE

 Para a Psicanálise, os ataques de pânico são o resultado de uma defesa mal sucedida contra
impulsos geradores de ansiedade.

 A fobia de estar sozinho em lugares públicos simboliza, para a Psicanálise, a ansiedade


infantil de ser abandonado.

 Os mecanismos de defesa usados são a repressão, o deslocamento, a evitação e a


simbolização, entre outros.

 Embora muitos pacientes relatem que os ataques de pânico se iniciem “do nada”, quando se
investiga melhor pode-se descobrir um claro ativador psicológico, não percebido pelo
indivíduo.

 Apesar de suas implicações biológicas, o início do pânico está geralmente relacionado com
fatores ambientais ou psicológicos, a partir dos quais ocorrem as alterações
neurofisiológicas.

 Os pacientes com transtorno de pânico geralmente tiveram acontecimentos vitais


estressantes, como perdas significativas, nos meses antes do início da doença. Além disso,
estes pacientes parecem vivenciar maior sofrimento diante dos acontecimentos vitais, se
comparados com indivíduos sem qualquer patologia mental.

 As causas dos ataques de pânico envolvem significados inconscientes de eventos


estressantes, motivo pelo qual o tratamento busca um aprofundamento que não se restringe a
simplesmente eliminar os sintomas, mas encontrar suas causas.

A ANSIEDADE PARA AS TEORIAS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS

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Curso de Férias – Transtorno do Pânico

 Para as teorias comportamentais, a ansiedade é uma resposta condicionada a estímulos


ambientais específicos. Assim, uma pessoa pode ter sido mordida por um cão e passar,
através do mecanismo de generalização, a ter medo de todo e qualquer cão.

 O indivíduo pode ainda aprender uma resposta interna de ansiedade, por imitação das
respostas ansiosas de seus pais, conforme a teoria da aprendizagem social.

 Para os enfoques cognitivos, a ansiedade surgiria porque pensamentos incorretos,


distorcidos ou contraproducentes acompanham ou precedem os comportamentos
inadaptados e os transtornos emocionais. Assim, as pessoas que possuem transtorno de
ansiedade geralmente valorizam demais o grau e a probabilidade de perigo em certas
situações e subestimam seus recursos para enfrentar ameaças a seu bem-estar físico ou
psíquico.

TRANSTORNO DE PÂNICO E AS TEORIAS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVAS

 Por condicionamento, um estímulo considerado perigoso (por exemplo, um ataque de


pânico) que ocorre com um estímulo neutro (por exemplo, andar de ônibus), pode levar o
indivíduo a evitar o estímulo neutro.

 Na agorafobia o principal é o medo-do-medo, sendo que os pacientes não têm medo dos
lugares em si, mas temem entrar em pânico nos lugares públicos.

 Para Barlow (1988), o ataque de pânico inicial é um “alarme falso”, uma resposta diante de
um determinado estresse, que aconteceria em pessoas vulneráveis biológica ou
psicologicamente. Quando o primeiro ataque é sentido de forma traumática, o transtorno de
pânico pode se desenvolver.

 Clark (1986) considera que os ataques de pânico ocorrem porque o indivíduo faz
interpretações catastróficas erradas de certas condições corporais. Assim, um estímulo
externo (como um barulho ou um telefonema) ou interno (como sensações de taquicardia ou
enjôos) levam o paciente a supor que um perigo está para acontecer. A ansiedade leva a
sensações corporais que “confirmam” o perigo para o indivíduo, levando a interpretações
mais catastróficas ainda.

 Para Bernard Rangé (1998), os ataques de pânico agem como um freio, como um tipo de
punição, em momentos de vida considerados insuportáveis. É como se a pessoa fosse
reprovada, criticada, rejeitada, abandonada, e por isso tivesse uma punição.

 Os ataques de pânico geralmente ocorrem em pessoas que têm uma certa vulnerabilidade
biológica e/ou psicológica, que as levam a se verem em conflitos dos quais não podem
escapar.

 Esses conflitos levam a uma inibição comportamental e a um aumento nas sensações de


ansiedade.

 As sensações são então entendidas catastroficamente como punições reais, o que aumentaria
ainda mais a ansiedade.

 O sofrimento gerado por uma crise levaria a uma nova punição: além do medo da morte e da
loucura, temem-se novas crises.

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 A partir de então, a pessoa tenta evitar situações que favorecem a ocorrência das crises de
pânico, levando à agorafobia.

 Os ataques de pânico geram os chamados ganhos secundários: o paciente consegue a


proteção e o cuidado de pessoas próximas, que procuram deixá-las em situações sempre
seguras e acolhedoras.

 Algumas condições atuam como predisposições ao transtorno do pânico: uma delas é a


educação baseada na punição, quando as coisas são divididas entre “certas” ou “erradas”,
exigindo-se sempre o acerto. Este tipo de educação leva a pessoa a ter crenças como: “uma
pessoa só tem valor se agir ‘certo’”, “todo acerto produz prêmio e todo erro provoca
castigo”, “sou fraco, incapaz de tomar decisões, de fazer as coisas certo”.

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MÓDULO III

O T R ATA M E N T O D O T R A N S T O R N O D E P Â N I C O
 Os tratamentos mais efetivos do transtorno do pânico são através de medicamentos e
psicoterapia individual, sendo que, em certos casos, pode ser indicada ainda a terapia
familiar, de grupo e/ou o acompanhamento terapêutico. É importante que todo o tratamento,
medicamentoso ou psicoterápico, seja integrado e sintônico, com os profissionais
trabalhando em conjunto para a melhora do quadro clínico do paciente.

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

 As drogas tricíclicas e tetracíclicas, os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs), os


inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e os benzodiazepínicos são efeitos
no tratamento do transtorno de pânico.

 É essencial que a avaliação seja realizada por um médico, que receitará o medicamento mais
conveniente para o paciente, na dosagem adequada, e fará o acompanhamento posterior,
verificando se os efeitos esperados estão sendo atingidos.

 O tratamento medicamentoso realizado de forma isolada mostra-se não tão eficaz como
quando combinado com psicoterapia, já que atua unicamente sobre o sintoma de ansiedade.

TRATAMENTO PSICOTERÁPICO

PSICANÁLISE

 O método psicanalítico, criado por Freud, tem suas origens na hipnose, posteriormente
abandonada como técnica, por descobrir-se que esta atuava apenas sob o sintoma, sem que
se descobrisse os motivos para que ele surgisse.

 No tratamento hipnótico, o médico fazia a chamada sugestão proibitória, em que dava


ordens ao paciente para que o sintoma desaparecesse. Sua eficiência era bastante variável,
de modo que alguns pacientes se beneficiavam e outros não; alguns se deixavam hipnotizar
facilmente, enquanto outros ofereciam resistências, ou mesmo não podiam ser hipnotizados;
em alguns casos o sintoma desaparecia, e, em outros, voltava tempos depois, levando-o
novamente à hipnose.

 Não se conheciam quais eram as condições para que a hipnose fosse ou deixasse de ser
eficaz.

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 Algumas diferenças entre os dois tipos de tratamento:

Tratamento hipnótico Tratamento psicanalítico


Encobre e dissimula algo na vida mental Expõe e elimina algo na vida mental
Age como cosmético Age como cirurgia
Proíbe os sintomas, fortalecendo repressõesBusca a origem dos conflitos, para modificar o
resultado desses conflitos
O paciente não se modifica e pode voltar a O paciente, ao superar resistências, tem a vida
adoecer mental modificada de forma permanente,
estando mais apto a lidar com dificuldades
futuras

 Em Psicanálise, considera-se que os sintomas têm suas origens em conflitos infantis não
resolvidos de maneira adequada. O tratamento visará, assim, reconstituir o conflito original,
para buscar conduzi-lo de maneira a ter um desfecho diferente.

 Os conflitos infantis são inconscientes, e a Psicanálise trabalha para trazer à consciência do


paciente os impulsos e desejos repelidos.

 Para que os conflitos sejam remontados no presente, é necessária a transferência com o


analista, que é uma repetição dos processos psicológicos que inicialmente foram dirigidos
aos pais.

 A chamada “regra fundamental” da Psicanálise é a associação livre, ou seja, a atitude por


parte do paciente de dizer tudo o que lhe vem à mente, sem omitir nada, mesmo que lhe
pareça sem importância ou sentido, ou mesmo que seja doloroso ou cause vergonha.

 Através da associação livre, o psicanalista tem acesso a elementos que permitem uma maior
compreensão do mundo interno do paciente, apontando aspectos inconscientes não
percebidos.

 Os sonhos também são bastante utilizados em Psicanálise, já que, quando dormimos, nossas
defesas estão diminuídas, surgindo elementos reprimidos durante o dia. O terapeuta usará os
sonhos para auxiliar o paciente na compreensão de conflitos que fazem parte do material
reprimido do paciente.

 As resistências surgem como defesas do ego no sentido de manter os conteúdos


inconscientes desta maneira, fazendo parte do trabalho analítico a identificação e
interpretação dessas defesas, visando à sua diminuição ou eliminação.

 Para favorecer a transferência, o analista deve adotar uma postura neutra, o que não significa
o silêncio ou a sua ausência na sessão, mas que suas intervenções sejam direcionadas no
sentido de favorecer a associação livre e oferecer de volta, através das interpretações,
elementos que auxiliem o paciente na compreensão de seu material inconsciente.

 A neutralidade consiste em não fazer julgamentos, não induzir o paciente a pensar de


determinada forma, ou a tomar uma atitude ou outra. Parte-se do princípio que não há um
“melhor” a priori, ou seja, não sabemos o que é bom ou ruim para o paciente, mas seremos
capazes de descobrir isso junto com ele.

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 O paciente com transtorno de pânico pode ser beneficiado pela Psicanálise, que buscará
ajudá-lo a compreender o significado inconsciente de sua ansiedade, o simbolismo da
situação evitada, a necessidade de reprimir impulsos e o ganho secundário com os sintomas.

 Com a compreensão dos significados inconscientes e a resolução de conflitos através da


transferência, espera-se uma mudança egóica significativa, que leve o paciente a lidar com
dificuldades futuras de maneira mais estável, de modo que os sintomas tendem a não
retornar, tendo-se uma melhora definitiva.

 Quando a ansiedade ultrapassa certos níveis, recomenda-se que, além da análise e


tratamento medicamentoso, seja realizado ainda um tratamento complementar, como o
acompanhamento terapêutico.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

 Neste tipo de terapia, o terapeuta terá que modificar os esquemas que prejudicam o paciente,
para que este se reoriente. São valorizados o prazer e a realização pessoal, considerados
mais importantes que a idéia de castigos. Novas crenças são criadas, e estas agem como
reforçadores positivos.

 O terapeuta fará com que o paciente perceba que a ansiedade é algo que faz parte da vida,
que não se pode viver sem ela, e que o tratamento não se propõe a acabar com ela. O
paciente aprenderá ainda que a vida é ameaçadora em si, que as sensações ruins fazem parte
do nosso dia-a-dia, e que ele não tem controle para impedir que o pior possa acontecer.

 O terapeuta deve examinar os desejos ou projetos do paciente, e ajudá-lo em ações que o


levam a realizá-los.

 Uma reestruturação cognitiva deve ser feita, através da identificação dos pensamentos
distorcidos que causam ansiedade, questionando-se as interpretações catastróficas, levando
paciente a avaliar as situações de forma mais realista.

 O terapeuta muitas vezes questionará os comportamentos do paciente, prevenindo respostas


de evitação. O paciente pode ver como são inúteis as inibições comportamentais e as
evitações das crises de pânico.

 Os principais focos são a instrução, envolvendo as falsas crenças, e informações do paciente


com relação aos ataques de pânico. A instrução atua na tendência do paciente a interpretar
equivocadamente leves sensações corporais como indicativas de ataques de pânico,
catástrofe ou risco de morte. As informações incluem explicações de que os ataques de
pânico têm duração limitada e não são ameaçadores à vida.

 O terapeuta deverá fazer, inicialmente a análise topográfica, ou seja, identificar com o


paciente os lugares que desencadeiam um ataque de pânico, ou os estímulos que antecedem
o surgimento da ansiedade, bem como as conseqüências do comportamento.

 A partir de então, é feita a análise funcional, identificando-se, por exemplo, que um conflito
conjugal tem papel importante no desencadear de ataques de pânico ou que problemas na
sensação e expressão de outras emoções estão presentes.

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 Assim, para uma pessoa com ataques de pânico, em determinada rua, sempre que volta para
casa, o tratamento com exposição será importante, mas não deverá ser esquecido o provável
conflito conjugal.

 São estabelecidos então os objetivos do tratamento e planejadas tarefas e passos graduais


que são realizados com o terapeuta e durante a semana em casa.

 Este tipo de tratamento envolve a chamada exposição in vivo, ou exposição ao vivo, que é a
técnica de levar o paciente a se expor na terapia ao que considera como sendo perigos, tanto
externos como internos. O objetivo não é simplesmente eliminar o medo do medo, mas
combater os pensamentos catastróficos.

 A exposição é o mais essencial dos procedimentos no que se refere à melhora do paciente.


O contato com as situações ou objetos que levam a ansiedades e fobias, combinada com
outras técnicas, conduzem o paciente ao alívio dos sintomas.

 Após anos de investigações, sabe-se hoje que, para ser mais efetiva, a exposição deve ser
prolongada, durando pelo menos 90 minutos, e sistemática, sendo o resultado proporcional à
freqüência das exposições.

 O reforço positivo, que consiste no elogio durante o progresso na exposição, era considerado
essencial ao tratamento. Hoje sabe-se que mais efetivo é informar o paciente sobre quanto
tempo está permanecendo na situação de ansiedade.

 A exposição pode ser gradual ou total, sendo os resultados mais rápidos atingidos na
exposição total. O uso de vídeos, utilizado no passado, não apresentou bons resultados,
considerando-se que a habituação aos sintomas ansiosos só acontece através da exposição.

 A exposição, feita anteriormente somente na presença de um médico ou psicólogo hoje pode


ser feita por outros profissionais treinados, ou mesmo pelo próprio paciente, que realiza
exercícios sozinho. A presença de um acompanhante terapêutico pode ser necessária neste
processo.

 A exposição não é eficaz se o paciente a fizer sob efeito de álcool ou tranqüilizantes.

 A técnica do treinamento de inoculação de estresse é aquela em que constrói-se, com o


paciente, uma hierarquia de situações geradoras de ansiedade, desconforto ou irritação, e se
treina relaxamento. Depois, ensina-se ao paciente a formular pequenas frases que o
auxiliem na manutenção do autocontrole.

 O paciente aprende técnicas de relaxamento, com exercícios de soltar os músculos, controlar


a respiração, aprendendo ainda a identificar os primeiros sinais da ansiedade. Isso o leva ao
auto-controle da ansiedade, ajudando-o a suportar um ataque de pânico.

 Há técnicas que levam o paciente a ter sensações como as que têm durante os ataques de
pânico, através de exercícios como segurar a respiração, subir escadas, rodar numa cadeira,
etc. Através desses exercícios, o paciente tem sintomas como os da ansiedade, e aprende que
não deve interpretar esses sinais de maneira catastrófica.

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PSICOTERAPIA DE GRUPO

 Parte do princípio de que em qualquer grupo há ao mesmo tempo fatores disruptivos e


coesivos, harmônicos e desarmônicos, assim como sempre estão presentes elementos
conscientes e inconscientes.

 Um grupo pode ser comparado a uma orquestra, em que os vários instrumentos, tocados por
diferentes músicos e com a direção de um maestro, podem estar tanto em perfeita sintonia,
como podem também entrar em desarmonia pela desafinação de algum músico ou falha do
maestro, de modo que todo o conjunto pode desandar.

 A função de um grupo terapêutico vai além da busca e da resolução de conflitos, auxiliando


também o indivíduo na descoberta de quem ele é, qual seu papel no contexto grupal, social
ou universal em que está inserido.

 O grupo terapêutico auxilia os indivíduos a se diferenciarem entre si e em relação ao


terapeuta, o que é importante quando se trata de pacientes muito regredidos, com uma
tendência maior à indiscriminação entre “eu” e “outro”.

 O ambiente terapêutico representa a criação de um novo espaço, onde pode ser


reexperimentadas antigas vivências emocionais que foram mal resolvidas, assim como
novas experiências emocionais que o grupo favorece.

 Nos grupos de auto-ajuda, o fato dos participantes se unirem por suas semelhanças favorece
que cada um assuma sua doença ou limitação, havendo menos culpa ou vergonha, aliviando-
se a sensação de ser diferente das outras pessoas, como se o indivíduo fosse um marginal
diante das pessoas “normais”.

 O grupo terapêutico é importante também por ser um “continente” que acolhe as


necessidades e angústias de todos os participantes.

 A função de espelho é essencial nos grupos terapêuticos, pois possibilitam que um se mire e
reflita nos outros, podendo identificar no outros aspectos seus que geralmente são negados.

 Os pacientes com transtorno de pânico poderão, através do grupo, perceber, pela observação
do outro, como a ansiedade surge e cresce a tal ponto de pensarem que estão tendo
problemas físicos que as levarão à morte.

 O grupo propicia condições para que seus membros interajam de modo menos egoístico e
defensivo. Os vínculos são baseados na confiança, respeito, solidariedade e empatia.

 A comunicação é um aspecto bastante trabalhado na psicoterapia grupal, permitindo a


identificação de situações em que os pacientes distorcem a intenção das mensagens vindas
dos outros, atribuindo significados que não existem.

 Os pacientes com transtorno de pânico podem se beneficiar dessa modalidade de tratamento,


já que poderão perceber como interpretam de maneira errônea tanto fatos simples da vida
como o discurso de quem está à sua volta.

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 A psicoterapia grupal permitirá que o indivíduo passe a pensar as experiências emocionais,


para, então, conseguir verbalizá-las, evitando que as emoções se expressem por formas
menos elaboradas de comunicação.

 Para os pacientes com transtorno de pânico, esse é um ponto essencial, já que os ataques de
pânico surgem justamente no lugar de algo que não consegue ser pensado. Podendo pensar
e, depois, podendo verbalizar a ansiedade, o ataque de pânico tende a não acontecer.

TERAPIA FAMILIAR

 Entende a família como uma unidade, um organismo com leis próprias de funcionamento,
sendo, portanto, mais do que a simples soma de seus membros. As leis caracterizam uma
estrutura estável, mas flexível para as modificações trazidas pelo passar do tempo.

 Trata-se a família por entender que o que acontece com um de seus membros afeta a todos
os demais. Da mesma forma, o que acontece à família influencia necessariamente a todos os
membros.

 Geralmente a psicoterapia familiar se inicia com sessões com pelo menos uma hora de
duração e com freqüência semanal, com a participação de todos os membros.

 Um paciente com transtorno de pânico ou outra patologia leva a família à uma grande
transformação, modificando seu funcionamento, e fazendo com que sentimentos importantes
eclodam e novos comportamentos surjam.

 Geralmente a família chega à terapia por causa de um de seus membros, definido como
problemático. Na terapia familiar, o problema que era considerado como sendo de um
indivíduo passa a ser percebido como influenciando e influenciado por todos.

 É importante perceber o surgimento do sintoma psiquiátrico e sua manifestação em


determinadas situações e não em outras. Isto é importante para determinar se os sintomas
servem a determinadas funções, como manter o equilíbrio f amiliar. Isso é muito freqüente
em famílias com membros com transtorno de pânico. É comum que, em situações de
conflito familiar, o paciente tenha um ataque de pânico, levando a família a deixar
momentaneamente de discutir para concentrar-se em cuidar dele. É como se o paciente
buscasse inconscientemente terminar uma briga e resgatar a harmonia de sua família.

 O objetivo geral da terapia familiar é a superação dos bloqueios ao desenvolvimento dos


indivíduos e do grupo familiar como um todo. São criadas condições para que cada membro
seja considerado por todos como um indivíduo separado, ao mesmo tempo em que são
vistos como um todo.

 A terapia de uma família que possui um membro com transtorno de pânico pode visar à
educação e ao apoio, bem como à compreensão e resolução de conflitos familiares que se
tornam evidentes a partir da doença de um de seus membros.

 No tratamento da família, a ênfase é na busca e mobilização dos aspectos saudáveis do


grupo, trabalhando-se em geral no presente, através de situações que surjam ao vivo, na
sessão.

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 Quando necessário, são utilizadas interpretações para relacionar acontecimentos presentes


com experiências passadas do núcleo familiar ou de outras gerações.

 Na terapia familiar, o terapeuta intervém sempre que percebe na família pontos


disfuncionais, impedindo sua continuação naquele momento, e estimulando seus membros a
encontrar outras formas de interagir.

ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO

 É um tipo de tratamento feito geralmente por psicólogos ou outros profissionais de saúde,


integrado com o tratamento medicamentoso e/ou psicoterápico.

 Neste tipo de tratamento, o profissional vai à casa do paciente, e geralmente se visa a que
este interaja com outras pessoas além de seus familiares.

 São estimuladas saídas de casa para passeios em locais públicos, onde o paciente pode se
deparar com situações inesperadas.

 Este tratamento pode ser utilizado com pessoas com transtorno do pânico, auxiliando-as nos
momentos em que sentem-se ansiosas devido ao medo de terem um novo ataque de pânico,
sendo que o ataque em si pode ser presenciado pelo profissional, que ajudará o paciente a
acalmar-se.

 Pode ser utilizado ainda com pessoas com outras patologias, como fobia simples, fobia
social e TOC.

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MÓDULO IV

A I M P O RT Â N C I A D O A U X Í L I O D O S O U T R O S

 No site http://panicdisorder.about.com podemos ter contato com relatos de pessoas com


transtorno de pânico, e podemos perceber a importância do suporte familiar, de amigos e no
trabalho.

 Em muitos casos,o paciente não é apoiado, pois os outros não percebem a intensidade do
sofrimento, classificando os sintomas como simulação.

 Uma pesquisa feita com usuários deste site apontou os seguintes resultados:

As pessoas mais próximas de você te apóiam e são compreensivas com a sua doença?
Eu tenho dois ou três amigos ou familiares compreensivos. 21%
(200)
Ninguém próximo me entende, então eu nem falo sobre isso. 14%
(132)
As pessoas mais próximas não só não me apóiam, mas também me criticam. 13%
(122)
Eu não tenho nenhum amigo próximo ou família. 11%
(110)
Ninguém próximo de mim sabe sobre minha doença. 11%
(106)
Nenhuma das anteriores 2%
(22)
Total de votos: 928

 Sobre os portadores do transtorno de pânico compartilharem seu sofrimento com outras


pessoas, temos alguns relatos bastante expressivos:

“Eu acho que minha ansiedade na verdade estava aumentando por eu tentar manter a doença como
um segredo, porque pra mim era vergonhoso, até pelo menos há dois anos atrás. Eu aprendi, nos
últimos 17 anos, a controlar a maior parte dos meus sintomas de ansiedade, mas eu ainda tenho que
controlar meu pânico quando dirijo, porque eu evito auto-estrada. Eu pedi informações a uma
colega semana passada, e quando ela começou a me explicar que eu devia pegar a estrada, eu
disse... “eu não dirijo em estradas”. Ela perguntou por quê, e eu disse que tinha transtorno de
pânico. Ela absolutamente não se abalou. Eu me senti mais confortável e menos ansioso desde que
eu comecei a me abrir e ser mais honesto sobre meu transtorno de pânico.”

...

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“Eu sou daquelas que têm a necessidade de contar pras pessoas, mais pra família, sobre o que eu
estou passando, quando é uma situação em que eu estou desconfortável. Mesmo assim, alguns me
dizem que isso não é da conta de ninguém.

Atualmente as únicas pessoas que me apóiam na minha vida são meu terapeuta e meu marido. Eles
são os únicos, assim como meu médico, que sabe que meus remédios são um estigma atrelado a
essa doença.

Eu não trabalho, mas eu sempre fico pensando o que eu faria em um ambiente de trabalho, se eu
contasse aos outros sobre minha doença. Eu tenho dificuldades em me ver em um ambiente de
trabalho tendo essa doença. Eu acho que vocês que vão ao trabalho todos os dias com essa doença
têm muita coragem.”

“Eu acho que precisa haver muito mais respeito e compreensão, até mesmo dos médicos. Nós
somos pessoas sensíveis e criativas. Nos importamos muito com os outros... Eu acho que é por isso
que temos mais ansiedade que os outros. Se eu estou tendo um ataque, sempre procuro conforto e
humor. Não vejo a hora de chegar o dia quando haverá remédios melhores, sem efeitos colaterais, e
talvez até uma explicação do porquê temos essa doença. Por que eles tentam tratar essa doença sem
nos darem respostas sobe por quê nós a temos? Muitas vezes a gente fica incapaz, porque não
conseguimos trabalhar.”

“O que eu vejo é que ninguém se importa. As respostas variam muito, de um virar de olhos
ridicularizante até a falta de crença de que a doença é algo real.”

“Eu sofro de ataques de pânico desde que eu era criança. Eu descobri que eu consigo lidar com isso
de algumas maneiras, como o medo de atravessar ruas em grandes cruzamentos, evitando elas
através de ruas alternativas. Eu evito situações que envolvam outras pessoas que não saibam. Em
muitos casos eu me sentiria realmente muito mal. Eu descobri que posso compartilhar essas coisas
com alguns amigos próximos, alguns deles simplesmente aceitam, como se fosse um tipo de
excentricidade, e são muito pacientes. O pior de tudo tem sido a atitude do meu marido,que, desde o
princípio, tende a ficar com raiva e a me provocar, como se isso fosse ajudar. Ao longo dos anos, ele
vem se aproveitando da minha predisposição à ansiedade, pra exercer um tipo de poder. Não ajuda
em nada, longe disso.”

Bibliografia a ser utilizada:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (1994). Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais – DSM IV. 4.ed. Washington: American Psychiatric Association.

BECK, A.. (1976). Cognitive therapy and the emotional disorders. Nova Iorque: International
University Press.

BECK, A. e EMERY, G. (1985). Anxiety disorders and phobias: a cognitive perspective. Nova
Iorque: Basic Books.

BECK, J.S. (1995). Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas.

DALGALARRONDO, P. (2000). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto


Alegre: Artes Médicas.

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FREUD, S. (1910). Estudos sobre a histeria. In: Edição Standard Brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Vol. II. Rio de Janeiro: Imago.

FREUD, S. (1995). Obsessões e fobias: seu mecanismo psíquico e sua etiologia. In: Edição
Standard Brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Vol. III. Rio de Janeiro:
Imago.

KAPLAN, H.I. et al. (1997). Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e


psiquiatria clínica. 7.ed. Porto Alegre: Artes Médicas.

KELLER, G. (1996). Conversando sobre a síndrome do pânico: como vencer os medos e


enfrentar o convívio social. São Paulo: Globo.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (1992). Classificação internacional de doenças e


problemas relacionados à saúde (CID 10). Genebra: OMS.

RANGÉ, B. (Org.) (1998). Psicoterapia comportamental e cognitiva de transtornos


psiquiátricos. São Paulo: Editorial Psy.

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