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T RANSTORNO DO P ÂNICO
P R O F ª M A R I A N A S A N T I A G O D E M ATO S
PSICÓLOGA
mariana.matos@fas.org.br
JULHO DE 2008
Curso de Férias – Transtorno do Pânico
MÓDULO I
O QUE É ANSIEDADE?
É uma vivência comum, que qualquer ser humano tem ao longo de sua vida, principalmente
em momentos de mudanças, de experiências novas, de busca da própria identidade e outros.
É um tipo de alerta sobre uma ameaça interna ou externa, visando à preservação da vida.
Ela tem, assim, uma função de proteção.
Muitas vezes a pessoa também tem sintomas físicos, como dor de cabeça, palpitações,
aperto no peito e leve desconforto abdominal.
A pessoa pode ainda ficar inquieta, com dificuldades de permanecer sentada ou imóvel por
muito tempo.
A ansiedade leva o indivíduo a buscar evitar a ameaça, ou ao menos tentar amenizar suas
conseqüências.
A ansiedade pode levar a pessoa a perceber as coisas de maneira diferente, distorcida, tanto
em termos de tempo e espaço, como em relação a pessoas e significados.
O medo é um sinal de alerta parecido, mas é uma resposta a uma ameaça conhecida,
externa, definida ou de origem não conflituosa, enquanto a ansiedade é uma resposta a uma
ameaça desconhecida, interna, vaga ou de origem conflituosa.
OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Os ataques de pânico geralmente duram pouco, menos de uma hora, e caracterizam-se por
intensa ansiedade ou medo, junto com sintomas somáticos como palpitações e respiração
rápida.
Junto com o transtorno do pânico, muitas vezes o paciente tem também agorafobia, que é o
medo de estar sozinho em locais públicos, especialmente se o indivíduo considera que seria
difícil sair dele em caso de um ataque de pânico.
Os ataques de pânico não são exclusivos do transtorno de pânico, podendo ocorrer ainda em
outros transtornos mentais (depressivos, por exemplo) e condições médicas (por exemplo,
Profª. Mariana Santiago de Matos – Psicóloga 3
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Curso de Férias – Transtorno do Pânico
Existem dois tipos de diagnóstico de transtorno de pânico, sendo que a única diferença é a
presença ou ausência da agorafobia.
Pelo menos um dos ataques foi seguido por um mês (ou mais) de uma (ou mais) das seguintes
características:
Os ataques de pânico não ocorrem por efeito de qualquer substância (abuso de drogas ou
medicamento) ou por causa de uma doença médica (por exemplo, hipertireoidismo).
Os ataques de pânico não são mais bem explicados por outro transtorno mental, como fobia
social, fobia específica, transtorno obsessivo-compulsivo, ou outros.
O QUE É AGORAFOBIA?
Não é um transtorno em si, mas um sintoma que pode estar presente ou não no transtorno de
pânico, bem como em outras patologias.
Ansiedade relativa a estar em lugares ou situações onde possa ser difícil escapar, ou onde
a pessoa pode não encontrar ajuda, em caso de ter um ataque de pânico.
Geralmente teme-se estar sozinho fora de casa, estar no meio de uma multidão, estar em
uma ponte, viajar de ônibus, trem ou carro, entre outros.
As situações que geram ansiedade são evitadas ou suportadas com intenso sofrimento, ou
exigem a presença de um acompanhante.
A ansiedade da agorafobia não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como
fobia social, fobia específica ou outros.
É comum que o paciente com transtorno do pânico relate que sua vida funcionava
normalmente até o primeiro ataque. Quando ele ocorre, geralmente o paciente procura um
hospital geral ou uma clínica cardiológica, chegando a 80% o total de pacientes que
procuram uma ajuda médica não-psiquiátrica até um ano depois do primeiro ataque.
O profissional de saúde deve tentar determinar hábitos ou situações que em geral venham
antes dos ataques de pânico do paciente.
O paciente geralmente abandona o que está fazendo e o local onde se encontra para buscar
ajuda.
Durante o ataque, o paciente tem dificuldades para falar (apresentando, por exemplo,
gagueira), além de sua memória poder estar prejudicada. Pode ainda experimentar
depressão ou despersonalização (dificuldade de reconhecer a si mesmo).
Entre os ataques, o paciente pode ter ansiedade em relação a ter um novo ataque.
AS CARACTERÍSTICAS DA AGORAFOBIA
Os pacientes evitam situações nas quais seria difícil conseguir ajuda. Por isso, geralmente
preferem estar acompanhados em locais como ruas e lojas movimentadas, espaços fechados
(túneis, pontes, elevadores) e veículos fechados (metrô, ônibus, avião).
A necessidade de estar sempre acompanhado pode gerar problemas familiares. Estes podem
ser diagnosticados erroneamente como sendo a causa da agorafobia, sem que o médico
perceba que esta acontecia primeiro.
Várias doenças têm sintomas parecidos, que podem levar à confusão de diagnósticos.
A partir do diagnóstico, a equipe de saúde terá mais elementos para planejar um tratamento
adequado.
O foco da ansiedade ou medo também é importante. Deve-se determinar se não houve foco,
como no transtorno de pânico, ou se houve foco específico (como na fobia social, por
exemplo, o medo de ficar “com a língua presa”).
Um paciente que teve um único ataque de pânico em um contexto específico (por exemplo,
dentro de um elevador), pode vir a evitar repetir a mesma situação, independente de ter novo
ataque de pânico. Isso seria uma fobia específica.
As fobias são os transtornos mentais mais comuns dos Estados Unidos. Estima-se que de 5 a
10% da população sejam atingidos por estas patologias. Ambos os tipos são mais comuns
em mulheres.
O QUE É FOBIA?
É o medo irracional que faz com que se evite de maneira consciente um objeto, atividade ou
situação específica temida.
A presença ou a expectativa da presença da entidade causadora da fobia faz com que o
indivíduo sofra intensa ansiedade, mesmo reconhecendo sua reação como sendo excessiva e
desproporcional.
FOBIA ESPECÍFICA
É mais comum do que a fobia social. É o transtorno mental mais comum em mulheres e o
segundo mais comum entre os homens (nestes, os primeiros são os transtornos relacionados
com o uso de substâncias).
Algumas fobias, como de sangue, injeção e ferimentos, pode se iniciar ainda na infância,
entre os 5 e 9 anos. Já as de tipo situacional, como medo de alturas, se inicia geralmente
mais tarde, por volta dos 20 anos.
Os objetos e situações mais temidos são: animais, tempestades, alturas, doença, ferimentos e
morte.
FOBIA SOCIAL
Apesar das mulheres serem mais afetadas, conforme indicam estudos epidemiológicos,
freqüentemente estudos clínicos indicam a prevalência entre homens.
A exposição ao estímulo fóbico provoca quase sempre uma resposta imediata de ansiedade,
que pode assumir a forma de um ataque de pânico ligado à situação ou predisposto pela
situação. Obs: Em crianças, a ansiedade pode ser expressa por choro, ataques de raiva,
imobilidade, etc.
As características principais para que a fobia social seja diagnosticada são as seguintes:
Se inicia geralmente por volta dos 20 anos, sendo tão comum em homens quanto em
mulheres.
É freqüente que o indivíduo com TOC tenha também outros transtornos, como transtorno
depressivo, fobia social, fobias específicas transtorno de pânico e transtornos por uso de
álcool.
Por exemplo, alguém pensa que pode se contaminar por germes malignos que o matarão.
Essa idéia leva à intensa ansiedade. Para evitar que isso aconteça, lava as mãos repetidas
vezes ao dia, a tal ponto que sua pele descama.
Esses traumas incluem experiências de guerra, catástrofes naturais, agressão física, estupro e
sérios acidentes.
O transtorno de estresse pós-traumático faz com que o indivíduo reviva o trauma através de
sonhos e pensamentos quando está acordado, e que evite de maneira marcante as coisas que
lembram do trauma.
É o transtorno que mais possui outras patologias associadas, em geral outro transtorno de
ansiedade ou de humor.
Os pacientes geralmente chegam ao médico por volta dos 20 anos, mas muitas vezes estes
demoram longo tempo até buscar ajuda médica.
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Curso de Férias – Transtorno do Pânico
Apenas um terço dos pacientes com este transtorno procuram tratamento psiquiátrico, sendo
freqüente a busca de clínicos gerais, cardiologistas, pneumologistas etc, com o objetivo de
aliviar o sintoma somático.
Os principais sintomas são a tensão motora (tremores, inquietação, dores de cabeça), falta de
ar, suor excessivo, palpitações, sintomas gastrintestinais, irritabilidade e facilidade de se
sobressaltar.
Uma grande quantidade de substâncias pode levar a sintomas de ansiedade semelhantes aos
outros quadros de transtorno de ansiedade, como, por exemplo, anfetaminas, cocaína,
cafeína, LSD, entre outras. Medicamentos prescritos também podem gerar tais sintomas.
Em geral a ansiedade pára quando o indivíduo pára o uso da substância, e, caso os sintomas
não desapareçam, deve-se reconsiderar o diagnóstico ou examinar a possibilidade de que a
substância tenha causado um dano cerebral irreversível. Pode-se, ainda, recomendar o
tratamento dos sintomas de ansiedade através da psicoterapia e tratamentos
medicamentosos, se houver indicação.
MÓDULO II
TRANSTORNO DO PÂNICO
Muitos estudos indicam que pacientes adultos com transtorno de pânico foram crianças
medrosas e dependentes, com intensa ansiedade de separação e dificuldades na escola. No
entanto, esses aspectos muitas vezes passam desapercebidos, ou são encarados com
naturalidade pelos pais, que não percebem que seus filhos têm dificuldades que mereceriam
atenção especial. Assim, é fácil pensarmos que o transtorno de pânico, no adulto, ocorre
sem uma história prévia, pois na verdade tal história era desconhecida até então.
FATORES BIOLÓGICOS
Sabe-se, no entanto, com base em estudos em animais e nas respostas e tratamentos com
medicamentos que os três principais neurotransmissores envolvidos no processo de
ansiedade são a noradrenalina, serotonina e GABA.
Apesar de ainda não se ter conhecimento suficiente sobre os fatores biológicos que levam ao
transtorno de pânico, já se têm algumas informações:
O sistema nervoso autônomo de alguns pacientes parece exibir tônus simpático aumentado,
adaptando-se lentamente a estímulos repetidos e respondendo excessivamente a estímulos
moderados.
Estudos com ressonância magnética indicam uma patologia dos lobos temporais em
pacientes com transtorno de pânico.
Os estudos genéticos concluem que aproximadamente 50% dos pacientes com transtorno de
pânico têm pelo menos um parente afetado.
FATORES GENÉTICOS
Os estudos ainda são poucos, mas indicam um aumento de quatro a oito vezes no risco para
transtorno de pânico entre os parentes de primeiro grau de pacientes com transtorno de
pânico, em comparação com outros pacientes psiquiátricos.
FATORES PSICOSSOCIAIS
NEUROSE DE ANGÚSTIA
O conceito de “neurose de angústia” foi criado por Freud em 1895, tendo sido considerada
como uma patologia em si, diferente de outras doenças.
A neurose de angústia se parece bastante com o conceito atual de transtorno de pânico. Seus
sintomas são os seguintes:
- Irritabilidade geral;
- Expectativa de que algo catastrófico aconteça, diante de sinais interpretados como
perigosos.
- Ansiedade como pano de fundo;
- Ataques de angústia;
- Medo de morrer ou enlouquecer;
- Sensação de estar tendo problemas respiratórios ou cardíacos;
- Sintomas corporais, como suores, palpitações, tremores e calafrios;
- Pânico durante à noite, levando a pessoa a acordar;
- Fobias que decorrem da ansiedade e dos ataques de angústia;
- Enjôos, vômitos, diarréias, fome maior que o comum.
Para Freud, a neurose de angústia estava sempre ligada a dificuldades sexuais, podendo
ocorrer nas seguintes situações: expectativa, em meninas, em relação à perda da virgindade;
angústia em mulheres que têm maridos que sofrem de ejaculação precoce; angústia em
mulheres viúvas; homens em abstinência sexual; excitação em homens antes da primeira
relação sexual; homens que praticam o coito interrompido, entre outros.
Estas situações por si só não causariam a neurose de angústia, havendo ainda outros fatores,
como predisposições, por exemplo.
O conceito de neurose de angústia deixou de ser utilizado, e seus sintomas foram tratados
como parte de outras patologias (histérica, por exemplo).
ANSIEDADE
A ansiedade realística acontece quando estamos diante de situações reais de perigo. Aqui, a
ansiedade é um sinal, que pode levar o indivíduo a buscar soluções para fugir ou se defender
do perigo.
A ansiedade neurótica parece sem sentido, pois não há um perigo real que ameace o sujeito.
Não há uma situação ou objeto específicos que o indivíduo tenha medo, ou o medo é
exagerado, desproporcional (por exemplo, medo de avião que impede a viagem de alguém a
longas distâncias).
Em Inibições, sintoma e angústia (1926), Freud afirma que a ansiedade normal é um sinal
de perigo para o ego, que o leva a tomar medidas defensivas ou de evitação. Quando
ultrapassa um certo patamar, a ansiedade deixa de ser um sinal de alerta para levar ao ataque
de pânico, configurando-se como patológica.
A formação de um sintoma se dá quando surge uma idéia incompatível com o ego, que gera
ansiedade. A ansiedade levará o ego a se defender, separando esta idéia e o afeto
(sentimento) correspondente. A idéia é reprimida, e o destino do afeto definirá a patologia
correspondente. Por exemplo, na histeria ele vai para o corpo, na fobia para os medos
infantis e na neurose obsessiva para as idéias ou atos obsessivos.
Para a Psicanálise, os ataques de pânico são o resultado de uma defesa mal sucedida contra
impulsos geradores de ansiedade.
Embora muitos pacientes relatem que os ataques de pânico se iniciem “do nada”, quando se
investiga melhor pode-se descobrir um claro ativador psicológico, não percebido pelo
indivíduo.
Apesar de suas implicações biológicas, o início do pânico está geralmente relacionado com
fatores ambientais ou psicológicos, a partir dos quais ocorrem as alterações
neurofisiológicas.
O indivíduo pode ainda aprender uma resposta interna de ansiedade, por imitação das
respostas ansiosas de seus pais, conforme a teoria da aprendizagem social.
Na agorafobia o principal é o medo-do-medo, sendo que os pacientes não têm medo dos
lugares em si, mas temem entrar em pânico nos lugares públicos.
Para Barlow (1988), o ataque de pânico inicial é um “alarme falso”, uma resposta diante de
um determinado estresse, que aconteceria em pessoas vulneráveis biológica ou
psicologicamente. Quando o primeiro ataque é sentido de forma traumática, o transtorno de
pânico pode se desenvolver.
Clark (1986) considera que os ataques de pânico ocorrem porque o indivíduo faz
interpretações catastróficas erradas de certas condições corporais. Assim, um estímulo
externo (como um barulho ou um telefonema) ou interno (como sensações de taquicardia ou
enjôos) levam o paciente a supor que um perigo está para acontecer. A ansiedade leva a
sensações corporais que “confirmam” o perigo para o indivíduo, levando a interpretações
mais catastróficas ainda.
Para Bernard Rangé (1998), os ataques de pânico agem como um freio, como um tipo de
punição, em momentos de vida considerados insuportáveis. É como se a pessoa fosse
reprovada, criticada, rejeitada, abandonada, e por isso tivesse uma punição.
Os ataques de pânico geralmente ocorrem em pessoas que têm uma certa vulnerabilidade
biológica e/ou psicológica, que as levam a se verem em conflitos dos quais não podem
escapar.
As sensações são então entendidas catastroficamente como punições reais, o que aumentaria
ainda mais a ansiedade.
O sofrimento gerado por uma crise levaria a uma nova punição: além do medo da morte e da
loucura, temem-se novas crises.
A partir de então, a pessoa tenta evitar situações que favorecem a ocorrência das crises de
pânico, levando à agorafobia.
MÓDULO III
O T R ATA M E N T O D O T R A N S T O R N O D E P Â N I C O
Os tratamentos mais efetivos do transtorno do pânico são através de medicamentos e
psicoterapia individual, sendo que, em certos casos, pode ser indicada ainda a terapia
familiar, de grupo e/ou o acompanhamento terapêutico. É importante que todo o tratamento,
medicamentoso ou psicoterápico, seja integrado e sintônico, com os profissionais
trabalhando em conjunto para a melhora do quadro clínico do paciente.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
É essencial que a avaliação seja realizada por um médico, que receitará o medicamento mais
conveniente para o paciente, na dosagem adequada, e fará o acompanhamento posterior,
verificando se os efeitos esperados estão sendo atingidos.
O tratamento medicamentoso realizado de forma isolada mostra-se não tão eficaz como
quando combinado com psicoterapia, já que atua unicamente sobre o sintoma de ansiedade.
TRATAMENTO PSICOTERÁPICO
PSICANÁLISE
O método psicanalítico, criado por Freud, tem suas origens na hipnose, posteriormente
abandonada como técnica, por descobrir-se que esta atuava apenas sob o sintoma, sem que
se descobrisse os motivos para que ele surgisse.
Não se conheciam quais eram as condições para que a hipnose fosse ou deixasse de ser
eficaz.
Em Psicanálise, considera-se que os sintomas têm suas origens em conflitos infantis não
resolvidos de maneira adequada. O tratamento visará, assim, reconstituir o conflito original,
para buscar conduzi-lo de maneira a ter um desfecho diferente.
Através da associação livre, o psicanalista tem acesso a elementos que permitem uma maior
compreensão do mundo interno do paciente, apontando aspectos inconscientes não
percebidos.
Os sonhos também são bastante utilizados em Psicanálise, já que, quando dormimos, nossas
defesas estão diminuídas, surgindo elementos reprimidos durante o dia. O terapeuta usará os
sonhos para auxiliar o paciente na compreensão de conflitos que fazem parte do material
reprimido do paciente.
Para favorecer a transferência, o analista deve adotar uma postura neutra, o que não significa
o silêncio ou a sua ausência na sessão, mas que suas intervenções sejam direcionadas no
sentido de favorecer a associação livre e oferecer de volta, através das interpretações,
elementos que auxiliem o paciente na compreensão de seu material inconsciente.
O paciente com transtorno de pânico pode ser beneficiado pela Psicanálise, que buscará
ajudá-lo a compreender o significado inconsciente de sua ansiedade, o simbolismo da
situação evitada, a necessidade de reprimir impulsos e o ganho secundário com os sintomas.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Neste tipo de terapia, o terapeuta terá que modificar os esquemas que prejudicam o paciente,
para que este se reoriente. São valorizados o prazer e a realização pessoal, considerados
mais importantes que a idéia de castigos. Novas crenças são criadas, e estas agem como
reforçadores positivos.
O terapeuta fará com que o paciente perceba que a ansiedade é algo que faz parte da vida,
que não se pode viver sem ela, e que o tratamento não se propõe a acabar com ela. O
paciente aprenderá ainda que a vida é ameaçadora em si, que as sensações ruins fazem parte
do nosso dia-a-dia, e que ele não tem controle para impedir que o pior possa acontecer.
Uma reestruturação cognitiva deve ser feita, através da identificação dos pensamentos
distorcidos que causam ansiedade, questionando-se as interpretações catastróficas, levando
paciente a avaliar as situações de forma mais realista.
A partir de então, é feita a análise funcional, identificando-se, por exemplo, que um conflito
conjugal tem papel importante no desencadear de ataques de pânico ou que problemas na
sensação e expressão de outras emoções estão presentes.
Assim, para uma pessoa com ataques de pânico, em determinada rua, sempre que volta para
casa, o tratamento com exposição será importante, mas não deverá ser esquecido o provável
conflito conjugal.
Este tipo de tratamento envolve a chamada exposição in vivo, ou exposição ao vivo, que é a
técnica de levar o paciente a se expor na terapia ao que considera como sendo perigos, tanto
externos como internos. O objetivo não é simplesmente eliminar o medo do medo, mas
combater os pensamentos catastróficos.
Após anos de investigações, sabe-se hoje que, para ser mais efetiva, a exposição deve ser
prolongada, durando pelo menos 90 minutos, e sistemática, sendo o resultado proporcional à
freqüência das exposições.
O reforço positivo, que consiste no elogio durante o progresso na exposição, era considerado
essencial ao tratamento. Hoje sabe-se que mais efetivo é informar o paciente sobre quanto
tempo está permanecendo na situação de ansiedade.
A exposição pode ser gradual ou total, sendo os resultados mais rápidos atingidos na
exposição total. O uso de vídeos, utilizado no passado, não apresentou bons resultados,
considerando-se que a habituação aos sintomas ansiosos só acontece através da exposição.
Há técnicas que levam o paciente a ter sensações como as que têm durante os ataques de
pânico, através de exercícios como segurar a respiração, subir escadas, rodar numa cadeira,
etc. Através desses exercícios, o paciente tem sintomas como os da ansiedade, e aprende que
não deve interpretar esses sinais de maneira catastrófica.
PSICOTERAPIA DE GRUPO
Um grupo pode ser comparado a uma orquestra, em que os vários instrumentos, tocados por
diferentes músicos e com a direção de um maestro, podem estar tanto em perfeita sintonia,
como podem também entrar em desarmonia pela desafinação de algum músico ou falha do
maestro, de modo que todo o conjunto pode desandar.
Nos grupos de auto-ajuda, o fato dos participantes se unirem por suas semelhanças favorece
que cada um assuma sua doença ou limitação, havendo menos culpa ou vergonha, aliviando-
se a sensação de ser diferente das outras pessoas, como se o indivíduo fosse um marginal
diante das pessoas “normais”.
A função de espelho é essencial nos grupos terapêuticos, pois possibilitam que um se mire e
reflita nos outros, podendo identificar no outros aspectos seus que geralmente são negados.
Os pacientes com transtorno de pânico poderão, através do grupo, perceber, pela observação
do outro, como a ansiedade surge e cresce a tal ponto de pensarem que estão tendo
problemas físicos que as levarão à morte.
O grupo propicia condições para que seus membros interajam de modo menos egoístico e
defensivo. Os vínculos são baseados na confiança, respeito, solidariedade e empatia.
Para os pacientes com transtorno de pânico, esse é um ponto essencial, já que os ataques de
pânico surgem justamente no lugar de algo que não consegue ser pensado. Podendo pensar
e, depois, podendo verbalizar a ansiedade, o ataque de pânico tende a não acontecer.
TERAPIA FAMILIAR
Entende a família como uma unidade, um organismo com leis próprias de funcionamento,
sendo, portanto, mais do que a simples soma de seus membros. As leis caracterizam uma
estrutura estável, mas flexível para as modificações trazidas pelo passar do tempo.
Trata-se a família por entender que o que acontece com um de seus membros afeta a todos
os demais. Da mesma forma, o que acontece à família influencia necessariamente a todos os
membros.
Geralmente a psicoterapia familiar se inicia com sessões com pelo menos uma hora de
duração e com freqüência semanal, com a participação de todos os membros.
Um paciente com transtorno de pânico ou outra patologia leva a família à uma grande
transformação, modificando seu funcionamento, e fazendo com que sentimentos importantes
eclodam e novos comportamentos surjam.
Geralmente a família chega à terapia por causa de um de seus membros, definido como
problemático. Na terapia familiar, o problema que era considerado como sendo de um
indivíduo passa a ser percebido como influenciando e influenciado por todos.
A terapia de uma família que possui um membro com transtorno de pânico pode visar à
educação e ao apoio, bem como à compreensão e resolução de conflitos familiares que se
tornam evidentes a partir da doença de um de seus membros.
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
Neste tipo de tratamento, o profissional vai à casa do paciente, e geralmente se visa a que
este interaja com outras pessoas além de seus familiares.
São estimuladas saídas de casa para passeios em locais públicos, onde o paciente pode se
deparar com situações inesperadas.
Este tratamento pode ser utilizado com pessoas com transtorno do pânico, auxiliando-as nos
momentos em que sentem-se ansiosas devido ao medo de terem um novo ataque de pânico,
sendo que o ataque em si pode ser presenciado pelo profissional, que ajudará o paciente a
acalmar-se.
Pode ser utilizado ainda com pessoas com outras patologias, como fobia simples, fobia
social e TOC.
MÓDULO IV
A I M P O RT Â N C I A D O A U X Í L I O D O S O U T R O S
Em muitos casos,o paciente não é apoiado, pois os outros não percebem a intensidade do
sofrimento, classificando os sintomas como simulação.
Uma pesquisa feita com usuários deste site apontou os seguintes resultados:
As pessoas mais próximas de você te apóiam e são compreensivas com a sua doença?
Eu tenho dois ou três amigos ou familiares compreensivos. 21%
(200)
Ninguém próximo me entende, então eu nem falo sobre isso. 14%
(132)
As pessoas mais próximas não só não me apóiam, mas também me criticam. 13%
(122)
Eu não tenho nenhum amigo próximo ou família. 11%
(110)
Ninguém próximo de mim sabe sobre minha doença. 11%
(106)
Nenhuma das anteriores 2%
(22)
Total de votos: 928
“Eu acho que minha ansiedade na verdade estava aumentando por eu tentar manter a doença como
um segredo, porque pra mim era vergonhoso, até pelo menos há dois anos atrás. Eu aprendi, nos
últimos 17 anos, a controlar a maior parte dos meus sintomas de ansiedade, mas eu ainda tenho que
controlar meu pânico quando dirijo, porque eu evito auto-estrada. Eu pedi informações a uma
colega semana passada, e quando ela começou a me explicar que eu devia pegar a estrada, eu
disse... “eu não dirijo em estradas”. Ela perguntou por quê, e eu disse que tinha transtorno de
pânico. Ela absolutamente não se abalou. Eu me senti mais confortável e menos ansioso desde que
eu comecei a me abrir e ser mais honesto sobre meu transtorno de pânico.”
...
“Eu sou daquelas que têm a necessidade de contar pras pessoas, mais pra família, sobre o que eu
estou passando, quando é uma situação em que eu estou desconfortável. Mesmo assim, alguns me
dizem que isso não é da conta de ninguém.
Atualmente as únicas pessoas que me apóiam na minha vida são meu terapeuta e meu marido. Eles
são os únicos, assim como meu médico, que sabe que meus remédios são um estigma atrelado a
essa doença.
Eu não trabalho, mas eu sempre fico pensando o que eu faria em um ambiente de trabalho, se eu
contasse aos outros sobre minha doença. Eu tenho dificuldades em me ver em um ambiente de
trabalho tendo essa doença. Eu acho que vocês que vão ao trabalho todos os dias com essa doença
têm muita coragem.”
“Eu acho que precisa haver muito mais respeito e compreensão, até mesmo dos médicos. Nós
somos pessoas sensíveis e criativas. Nos importamos muito com os outros... Eu acho que é por isso
que temos mais ansiedade que os outros. Se eu estou tendo um ataque, sempre procuro conforto e
humor. Não vejo a hora de chegar o dia quando haverá remédios melhores, sem efeitos colaterais, e
talvez até uma explicação do porquê temos essa doença. Por que eles tentam tratar essa doença sem
nos darem respostas sobe por quê nós a temos? Muitas vezes a gente fica incapaz, porque não
conseguimos trabalhar.”
“O que eu vejo é que ninguém se importa. As respostas variam muito, de um virar de olhos
ridicularizante até a falta de crença de que a doença é algo real.”
“Eu sofro de ataques de pânico desde que eu era criança. Eu descobri que eu consigo lidar com isso
de algumas maneiras, como o medo de atravessar ruas em grandes cruzamentos, evitando elas
através de ruas alternativas. Eu evito situações que envolvam outras pessoas que não saibam. Em
muitos casos eu me sentiria realmente muito mal. Eu descobri que posso compartilhar essas coisas
com alguns amigos próximos, alguns deles simplesmente aceitam, como se fosse um tipo de
excentricidade, e são muito pacientes. O pior de tudo tem sido a atitude do meu marido,que, desde o
princípio, tende a ficar com raiva e a me provocar, como se isso fosse ajudar. Ao longo dos anos, ele
vem se aproveitando da minha predisposição à ansiedade, pra exercer um tipo de poder. Não ajuda
em nada, longe disso.”
BECK, A.. (1976). Cognitive therapy and the emotional disorders. Nova Iorque: International
University Press.
BECK, A. e EMERY, G. (1985). Anxiety disorders and phobias: a cognitive perspective. Nova
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BECK, J.S. (1995). Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas.
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