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Prof: Jorge Henrique Alves Prodanoff
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Prof: Mônica Pertel
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Prof: Isaac Volschan Júnior
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Prof: Elaine Garrido Vasquez
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Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março/ 2018.
A partir da análise de geração de água não potável das diversas fontes presentes, água de
condensação do sistema de condicionamento de ar, água cinza e águas pluviais, do perfil de
consumo do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, – LADETEC - além do estudo
das características físicas da edificação, tornou-se possível tomar decisões a cerca da melhor forma
de integrar todas as fontes de água ao sistema de tratamento e aparelhos hidráulicos que receberiam
a água em questão. As três fontes foram avaliadas quantitativa e qualitativamente a partir de
medições e análises, no caso da água de condensação, ou a partir de vasto levantamento
bibliográfico e estimativas matemáticas apropriadas. Os volumes conjuntos das fontes
correspondem a uma geração de água, capaz de satisfazer as necessidades deste recursos para os
usos pretendidos nas atividades internas da edificação e ainda gerar significativo excedente o qual
pode ser direcionado para atividades de irrigação e limpeza de vias na área da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Desta forma, a água não potável mostrou-se um importante recurso para ser
utilizado em complemento ao abastecimento da concessionária de água, gerando significativa
economia de água.
Palavras chave: reúso de água, água cinza, água pluvial, água de condensação, instalações
hidráulicas, recursos hídricos.
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Summary of the undergraduate project presented to the Polytechnic School / UFRJ as part of
the requisites required to obtain the degree of Civil Engineer.
Proposal of use of graywater, rainwater and condensation water in the facilities of the
Laboratory of Support to Technological Development (LADETEC) of the Federal University of Rio
de Janeiro - UFRJ.
Richard Almeida de Sena
March 2018.
From the analysis of non-potable water generation from the various sources present,
condensation water from the air conditioning system, gray water and rainwater, from the
consumption profile of the Laboratory for Support to Technological Development, - LADETEC - in
addition to the study of physical characteristics of the building, it became possible to make
decisions about how best to integrate all sources of water into the treatment system and hydraulic
apparatus that would receive the water in question. The three sources were evaluated quantitatively
and qualitatively from measurements and analyzes, in the case of condensation water, or from a
large bibliographical survey and appropriate mathematical estimates. The joint volumes of the
sources correspond to a generation of water, able to satisfy the needs of this resources for the
intended uses in the internal activities of the building and still generate significant surplus which
can be directed to irrigation and cleaning activities of the University area Federal University of Rio
de Janeiro. In this way, non-potable water proved to be an important resource to be used in addition
to supplying the water utility, generating significant water savings.
Key words: reuse of water, gray water, rainwater, condensation water, hydraulic facilities,
water resources.
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Sumário
1Introdução...........................................................................................................................................1
1.1Objetivos.....................................................................................................................................3
1.2Justificativa.................................................................................................................................4
1.3Metodologia................................................................................................................................4
1.4Estrutura do trabalho...................................................................................................................8
2Revisão bibliográfica..........................................................................................................................9
2.1Definições...................................................................................................................................9
2.2Legislação vigente....................................................................................................................11
2.3Perspectivas e evolução da legislação......................................................................................13
2.4Normatização técnica................................................................................................................14
2.5Avaliação da qualidade da água................................................................................................15
2.5.1Práticas legais internacionais............................................................................................16
2.6Sistemas de tratamento de água................................................................................................19
2.6.1Tratamento Primário.........................................................................................................20
2.6.2Tratamento Secundário.....................................................................................................20
2.6.3Tratamento terciário..........................................................................................................20
2.6.4Exigências legais do tratamento........................................................................................21
3Metodologia......................................................................................................................................22
3.1Água cinza................................................................................................................................23
3.1.1Aspectos quantitativos......................................................................................................23
3.1.2Aspectos qualitativos........................................................................................................29
3.2Água pluvial..............................................................................................................................30
3.2.1Aspectos quantitativos......................................................................................................30
3.2.2Aspectos qualitativos........................................................................................................33
3.3Água de condensação................................................................................................................34
3.3.1Aspectos quantitativos......................................................................................................34
3.3.2Aspectos qualitativos........................................................................................................39
4Resultados.........................................................................................................................................40
4.1Água cinza................................................................................................................................40
4.1.1Aspectos quantitativos......................................................................................................40
4.1.2Aspectos qualitativos........................................................................................................40
4.2Água pluvial..............................................................................................................................41
4.2.1Aspectos quantitativos......................................................................................................41
4.2.2Aspectos qualitativos........................................................................................................41
4.3Água de condensação................................................................................................................41
4.3.1Aspectos quantitativos......................................................................................................41
4
4.3.2Aspectos qualitativos........................................................................................................42
4.4Tratamento adotado..................................................................................................................42
4.5Possibilidades de utilização de água.........................................................................................46
4.5.1Descarga de bacias sanitárias e mictórios.........................................................................46
4.5.2Atividades de limpeza.......................................................................................................46
4.5.3 Irrigação...........................................................................................................................47
4.6Oferta de água não potável.......................................................................................................47
4.7Balanço quantitativo.................................................................................................................47
4.8Balanço qualitativo...................................................................................................................47
5Estratégias de implantação do aproveitamento da água de condensação.........................................49
6Considerações finais.........................................................................................................................55
7Referência bibliográfica...................................................................................................................56
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1 Introdução
Estima-se que a quantidade de água presente na terra tenha se mantido imutável desde a
pré-história, contudo a população humana ao longo de todo o tempo experimenta um crescimento
ininterrupto e com ele o aumento da necessidade por este recurso.
Atualmente, cerca de 20% da população mundial não tem acesso regular à água potável e
aproximadamente 40% não dispõem de uma estrutura adequada de saneamento básico (ANA,
2005). A crise hídrica é uma crise diferente de tantas outras já enfrentadas na esfera energética,
econômica ou política. Segundo organismos multilaterais trata-se de uma crise de gestão, uma crise
anunciada e que apesar de seus efeitos já se fazerem sentir fortemente sobre as populações em
várias áreas do planeta pode ainda tomar contornos mais dramáticos. É uma crise que guarda ainda
um agravamento latente, consequente da cada vez maior captação de água, do despejo de efluentes,
da destruição de matas ciliares e de áreas de proteção de nascentes, da impermeabilização do solo e
consequente diminuição da alimentação das reservas subterrâneas. O resultado inevitável se traduz
numa contínua e alarmante diminuição da disponibilidade de água e do comprometimento da
qualidade dos recursos restantes.
Além dos usos diretos para nossas atividades cotidianas existe também uma forte demanda
por água na produção de inúmeros bens que fazem parte de nosso cotidiano. Existe uma demanda
por água que se oculta na nossa própria incapacidade de conhecer os processos de produção,
transformação e disponibilização de todos os itens presentes na satisfação de nossas necessidades.
Assim, mesmo um país como o Brasil que detém aproximadamente 18% de toda a água
doce do planeta, sendo 11% oriunda de precipitações em seu próprio território e 7% água que entra
em território brasileiro através de rios originados em países vizinhos (ANA, 2005) enfrenta, graças
às sazonalidades e heterogeneidades da natureza, historicamente problemas de estresse hídrico em
algumas regiões, como a região do semiárido que se estende do norte de Minas Gerais até a zona da
mata nordestina.
1
A concentração dos recursos hídricos, no Brasil, se faz sentir fortemente com a região norte
do país concentrando aproximadamente 68% de seu volume enquanto a região nordeste, com uma
área de aproximadamente 40% da região norte, possui apenas 3% do total (ANA, 2014).
O resultado de tantos problemas se faz sentir sobre toda a população com a diminuição da
água disponível para o abastecimento, gerando desconforto e alterando a rotina das famílias,
levando à deterioração da qualidade ambiental e se refletindo sobre a qualidade de vida de todos os
cidadãos e causando maiores dificuldades na captação e tratamento da água levando à elevação dos
custos pagos por toda a sociedade.
Os impactos se fazem sentir ainda mais fortemente sobre a população mais pobre,
comumente mais exposta às péssimas condições sanitárias e às doenças associadas. É também sobre
esta camada da população que os inevitáveis aumentos da tarifa de água, resultantes de seu
tratamento mais caro, produzem maiores danos e levam muitas vezes a busca por alternativas
inadequadas de abastecimento expondo as pessoas aos perigos inerentes a fontes sem qualquer
controle da qualidade ou da segurança sanitária.
O aumento do valor real das tarifas de água levam não apenas as famílias mas também
órgãos públicos e empresas a se debruçarem cada vez mais frequentemente sobre o problema e a
buscarem ativamente formas de diminuir seu consumo.
Este cenário torna urgente a adoção de medidas que possam reverter as condições que
levam a precarização das condições ambientais das fontes de água e que possam racionalizar seu
uso, impactando positivamente sua qualidade e disponibilidade.
Deste modo o reúso de água surge no atual cenário como uma prática cada vez mais viável.
Segundo Mierzwa e Hespanhol (2005), o reúso da água corresponde ao uso de efluentes, tratados ou
não, para fins benéficos, tais como irrigação, uso industrial e fins urbanos não-potáveis. Pressupõe
2
sobretudo o direcionamento de reservas de água de menor qualidade, seja por suas características
químicas, físicas ou biológicas, para os usos menos restritivos. Portanto, o reúso não potável de
água pode ser feito objetivando suprir a demanda em locais que, rotineiramente, utilizam água
potável, com diferentes necessidades e associações. Entre elas estão a reserva de proteção contra
incêndio, irrigação de jardins ao redor de edifícios, residências e indústrias, gramados, árvores e
arbustos; lavagem de pisos e calçadas, entre outros (COSTA & JÚNIOR, 2005).
O reúso constitui-se assim, em uma alternativa plausível para a satisfação de tais demandas
e segundo Wendel e Knudsen (2005), libera a água de melhor qualidade para usos mais nobres e
evita-se o desperdício de água.
Assim o reúso de água para fins não potáveis, a captação e aproveitamento não potável de
águas pluviais, o tratamento de efluentes para reutilização em processos industriais tornam-se cada
vez mais importantes e mais presentes. A reutilização de água residuária vai tomando corpo e se
tornando uma fonte viável de recursos hídricos e de economia de recursos financeiros. Este é o
contexto onde o presente trabalho se insere, uma vez que se pauta no mesmo engajamento, na
procura da melhor utilização dos recursos hídricos, na incorporação de fontes disponíveis e não
efetivamente aproveitadas até o presente momento e na diminuição do consumo de água potável.
1.1 Objetivos
O objetivo deste trabalho é avaliar a viabilidade técnica da construção de um sistema de
reutilização da água gerada pelo sistema de condicionamento de ar do Laboratório de Apoio ao
Desenvolvimento Tecnológico (LADETEC) de maneira integrada aos sistemas de reúso de água
cinza e de aproveitamento de águas pluviais já presentes na edificação. Busca-se ainda realizar o
levantamento de dados, qualitativos e quantitativos, dos sistemas atuais de modo a construir uma
imagem mais apurada de suas características e potencialidades.
• Avaliar a oferta de água das diferentes fontes disponíveis, água cinza, água pluvial e água de
condensação as quais, ao final, deverão ser enviadas ao tratamento e posterior utilização.
• Por fim a proposição das diretrizes básicas para as soluções que nortearão as ações para o
possível aproveitamento da água de condensação.
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1.2 Justificativa
Para que os objetivos esperados para o projeto possam ser alcançados se faz necessário um
amplo e cuidadoso estudo das condições atuais das instalações, da qualidade das águas oriundas das
diversas fontes e que serão direcionadas ao sistema de tratamento bem como dos usos pretendidos.
1.3 Metodologia
Figura 1: Vista Externa do LADETEC. Av. Horácio Macedo, 1281, bloco c Cidade Universitária.
4
pesquisas e laboratórios especializados nas diversas áreas da química tais como o Laboratório
Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), Laboratório de Análise de Resíduos (LAB. RES),
dentre outros.
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A edificação já possui instalações que visam o aproveitamento e reutilização de fontes de
água não potável que apesar de sua existência ainda não se encontram em utilização, assim, será
também objeto deste trabalho fazer uma avaliação de tais sistemas tendo em vista seu potencial em
volume de água reaproveitada e economia de recursos financeiros. O LADETEC já apresenta:
sistema de reutilização de água cinza responsável por captar a água servida de chuveiros,
lavatório e água de lavagem de pisos. Diferentemente do que ocorre normalmente o sistema
de água cinza em questão não recebe águas utilizadas em pias de refeitórios e cozinhas;
Toda a água oriunda desses sistemas é invariavelmente direcionada para o tratamento que
acontece a partir da microfiltração por membrana associada à filtração por carvão ativado.
A metologia adotada no escopo deste trabalho deve ser capaz de avaliar com segurança a
possibilidade de utilização da água condensada no sistema de condicionamento de ar aos volumes
das outras fontes, água pluvial e água cinza e destinados ao sistema de aproveitamento e reúso de
água. Para tanto, todas as características necessárias para a água, compatíveis com os usos
pretendidos, devem ser alcançadas.
Para que a água oriunda de projetos de reúso e aproveitamento não seja objeto de rejeição
nem fonte de problemas ambientais ou de saúde pública, vários aspectos devem ser observados e
para tanto vários critérios devem ser satisfeitos:
Critério 1 – Saúde pública – a água ofertada não deve resultar em riscos sanitários à
população;
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Quanto maior a exposição ou nível de contato humano com a água recuperada, maior deve
ser a segurança sanitária. Para o projeto em questão, várias são as possibilidades de contato direto
dos usuários com a água por ocasião dos usos pretendidos, podemos listar os seguintes:
• Ingestão inadvertida da água – neste caso, cuidados devem ser tomados para que não
aconteça a ingestão mas, uma vez que esta eventualidade se concretize a saúde deve ser preservada
e portanto qualidades mínimas devem ser alcançadas;
Critério 2 – Aceitação da água pelo usuário – a água não deve causar qualquer objeção por
parte dos usuários;
Dependendo do nível de contato, a água deve apresentar um nível de qualidade estética tal
que não cause nenhum tipo de objeção. Para descargas sanitárias, por exemplo, a água não poderá
apresentar turbidez ou cheiro perceptíveis.
Por um lado é indispensável que a água tenha os padrões mínimos necessários para a
segurança e satisfação das aplicações planejadas, por outro lado, porém, precisa-se ter em mente
que a utilização de água de uma qualidade superior àquela que seria preponderante para o uso
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levaria a um desperdício de recursos, principalmente se a água necessitou de algum tratamento para
atingir essa qualidade. Isso é típico no uso da água potável para muitas aplicações que dispensariam
esse nível de qualidade, como uso em irrigação e limpeza.
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2 Revisão bibliográfica
A questão da adequação da água, seja devido suas características, seja devido as
quantidades disponíveis ou investimentos necessários para sua captação, tratamento ou
aproveitamento, exige um conhecimento suficiente sobre suas propriedades e efeitos, tendo em vista
os usos pretendidos ou praticados. Deve-se também conhecer os riscos que podem apresentar para a
saúde e o meio ambiente. Esse conhecimento é vital para uma decisão se – ou quanto de – uma água
pode ser utilizada para determinado fim. Visa evitar o seu uso impróprio mas também o desperdício
da oportunidade de aproveitamento de uma água de qualidade inferior para usos seguros,
aumentando ou preservando assim o estoque de água potável ou que uma vez não sendo potável
apresenta ainda assim nível de qualidade superior e que poderia ser direcionada para uso
relativamente mais nobre.
2.1 Definições
Nos parágrafos seguintes estão expressos algumas das definições e dos termos mais
importantes que serão usados ao longo deste trabalho e que são largamente utilizados no meio
técnico.
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II – reúso de água: utilização de água residuária;
III – água de reúso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua
utilização nas modalidades pretendidas;
V – produtor de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que
produz água de reúso;
VII – usuário de água de reúso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que
utiliza água de reúso.
De maneira geral, o reúso da água pode ocorrer de forma direta ou indireta, por meio
de ações planejadas ou não. De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS:
– Reúso indireto: ocorre quando a água já utilizada, uma ou mais vezes para uso doméstico
ou industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente a jusante,
de forma diluída;
– Reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas finalidades
como uso industrial, irrigação, recarga de aquífero e água potável sem que tenham sido lançados em
corpo d’água natural, superficial ou subterrâneo, antes de sua reutilização.
É importante ressaltar que a legislação brasileira não prevê o reúso potável direto em
nenhuma de suas publicações e portanto, a despeito de seu uso em diversos países, esta modalidade
não é permitida no Brasil.
– Reúso Não Potável: é aquele em que a água não pode ser utilizada para fins nobres tais
como consumo direto, higiene pessoal ou preparo de alimentos. Este tipo de reúso apresenta um
potencial muito amplo e diversificado. Por não exigir níveis elevados de tratamento, vem se
tornando um processo viável economicamente e, consequentemente, com rápido desenvolvimento.
Há ainda outros dois termos utilizados neste trabalho e que por isso suas definições neste
momento mostram-se pertinentes.
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A Agência Nacional de Águas (ANA, 2005), define ainda que fontes alternativas de água
são todas aquelas que não estão sob concessão de órgãos públicos ou que não sofrem cobrança pelo
seu uso. Outras denominações encontradas na literatura que se referem a este tema são: “fontes
alternativas de abastecimento”, “substituição de fontes” e “águas não convencionais”.
No caso específico dos sistemas para aproveitamento de água de chuva podem ser
definidos, segundo Peters (2006), como aqueles que captam a água da superfície, encaminhando-a
para algum tipo de tratamento quando necessário, reservação e posterior uso.
Existem ainda muitos outras possíveis utilizações para a água de reúso mas que não estão
previstas na resolução do CNRH, algumas seriam:
– Reúso não potável para fins recreacionais: classificação reservada à irrigação de plantas
ornamentais, campos de esportes, parques e também para enchimento de lagos ornamentais, etc.
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– Reúso não potável para fins domésticos: considerados aqui os casos de reúso de água
para a rega de jardins para descargas sanitárias e lavagem de pisos.
Apesar de não regulamentados por resolução do CNRH, outros usos previstos possuem
vasta literatura técnica desenvolvida no âmbito acadêmico e em instituições e programas de
pesquisa. Pode-se, entre eles, destacar o PROSAB – Programa de Pesquisa em Saneamento Básico
que conta com a participação de diversas instituições de pesquisa e já produziu extensa literatura
técnica voltada para a área. A produção do PROSAB abrange parâmetros de qualidade, estudos da
eficácia de diversas modalidades de tratamento de água, suas aplicações e parâmetros de projeto.
Várias unidades de saneamento foram construídas por todo o país e em maior ou menos
grau, utilizaram informações geradas pelos projetos de pesquisa do PROSAB (PROSAB, 2006).
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fundamentalmente informativo quanto outros de caráter obrigatório, que devem ser observados
pelos projetistas de sistemas de abastecimento e aproveitamento de recursos hídricos.
Tramita na assembleia legislativo do estado do Rio de Janeiro, projeto de lei que dispõe
sobre a obrigatoriedade de instalação de mecanismo de captação, armazenamento e conservação
para reúso da água proveniente de aparelhos de ar condicionado, trata-se do projeto de lei 141 de
2015 de autoria do deputado estadual Jorge Picciani.
Importante salientar que medidas como a proposta no projeto de lei 141 encontram eco em
vários outros locais e mostram ser uma possível tendência, de maneira que iniciativas como a do
presente trabalho devem, em futuro próximo, encontrar não só respaldo legal mais sólido como até
mesmo podem se tornar obrigatórias.
Assim, temos outras iniciativas que vão ao encontro da proposta do deputado Jorge
Picciani. Entre estas iniciativas podemos citar o projeto de lei 01-0730 de 2009 no município de São
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Paulo de autoria do vereador Arselino Tatto, a lei municipal 3392 de 2002 sancionada pelo então
prefeito José Carlos Pejon no município de Limeira, estado de São Paulo e também o projeto de lei
09 de 2015 no município de Nova Odessa, também no estado de São Paulo, todas preveem o uso da
água condensada em aparelhos e sistemas de ar-condicionado. Esta última proposta, redigida pelo
vereador Sebastião Gomes dos Santos, foi motivada pelo recebimento de ofício encaminhado a
partir de um dos munícipes, José Francisco Bassora, que relatava a produção de água condensada
nos aparelhos de condicionamento de ar de sua empresa.
Para os projetos de reúso de águas servidas no Brasil, são adotados os padrões referenciais
internacionais ou orientações técnicas produzidas por instituições privadas. Esta realidade dificulta
a implantação desta prática no país uma vez que dificulta o trabalho dos profissionais e ainda pode
pôr em risco a saúde da população devido a falta de orientação técnica adequada e que sirva de base
para a fiscalização de tais sistemas.
Classe 1 – Lavagem de carros e outros usos que requerem contato direto do usuário com a
água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador.
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Classe 4 – reúso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gado e outros cultivos
através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual1.
Quanto aos projetos de aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis, as
diretrizes de projeto e dimensionamento são prescritas na norma NBR 15527 de 2007 – Água de
chuva – Aproveitamento de coberturas para captação de água para fins não potáveis – Requisitos.
A NBR 15527, porém, apesar de versar sobre o projeto, construção e manutenção dos
sistemas de águas pluviaisnão determina a qualidade que água pluvial deve atingida para que possa
ser utilizada. Assim, a opção viável é seguir as orientações do PROSAB nesse sentido. A tabela 2
mostra os parâmetros preconizados para a utilização não potável de águas pluviais. Importante notar
que não há divisão em classes diferentes de qualidade para os diversos usos, sendo portanto os
valores válidos para todos os usos não potáveis.
Tabela 2: Parâmetros de qualidade da água para uso não potável para águas pluviais
Coliformes
Sólidos Coliformes
Turbidez DBO Cloro Termotolerant
Suspensos pH Totais
(NTU) (mg/l) Residual( ppm) es
Totais (mg/l) (NMP/100ml)
(NMP/100ml)
2–5 --- --- 6–8 0,5 – 3,0 Ausência Ausência
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A qualidade de água que será tratada neste momento se relaciona àquela que deve ser
atingida para o encaminhamento da água para sua utilização, ou seja, a qualidade final da água, uma
vez que as características da água bruta coletada nos diversos sistemas e o tratamento que será
adotado, são pontos que só serão adotados posteriormente neste trabalho.
Como visto anteriormente, a legislação brasileira não tem parâmetros definidos para a água
de reúso na maioria das suas possíveis aplicações e a normatização técnica, apesar de apresentar
alguns destes parâmetros e que visam estabelecer segurança, desempenho e economia dos sistemas
de reúso podem vir a entrar em contradição com a legislação ainda em formação. A ocorrência de
tal situação poderá levar a necessidade de adaptações dos sistemas atualmente projetados ou mesmo
em uso e levar a gastos adicionais buscando sua adequação ou até mesmo levar à inviabilidade de
tais sistemas.
Visando atingir maior segurança técnica e robustez para o sistema em questão será feita
uma revisão das práticas internacionais. O intuito é investigar os parâmetros e recomendações mais
comuns e que podem ser utilizados como referência em futuras legislações brasileiras, além de
fazer, sempre que possível, o confrontamento da legislação brasileira com as leis estrangeiras em
uso a mais tempo.
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O Rainwater Quality Guidelines – Guidelines and praticals tools on rainwater quality da
Holanda preconiza que as amostras sejam tomadas nos pontos de consumo, ou seja, nos acessórios
terminais alimentados pela água de chuva.
Um fator da norma americana para qualidade da água pluvial, Standard Pratices for
Assessment of Rainwater Quality, é a consideração de alguns fatores antes da escolha do uso do
aproveitamento pluvial. Assim como a consideração da água da chuva como não contaminada até
que entre em contado com alguma superfície de captação e considera que o usuário utilizará um
sistema pronto e neste caso as ações de manutenção, assim como os parâmetros mínimos de
qualidade da água bruta, dependerão das recomendações do fabricante.
O guia australiano, Guidance on use Rainwater tanks, não relata os índices de qualidade
pluvial necessários para o uso seguro, mas mostra algumas diretrizes que podem contribuir para um
bom funcionamento do sistema.
Outro ponto interessante deste guia é a indicação para que não se utilize a água bruta, pois
não atende as condições mínimas de uso seguro, recomenda a utilização para filtração e desinfecção
dispositivos instalados diretamente nos pontos de consumo. E sugere que, por fim, utilize os
parâmetros e índices do Water Quality Research Australia para eventual classificação da água.
Assim, dois são os fatores a serem levados em conta quando da comparação das exigências
da legislação brasileira em comparação com várias legislações internacionais, exigências de
qualidade da água que será distribuída e utilizada e aquelas acerca da frequência e tipo de
manutenção dos sistemas.
Quanto à qualidade da água a tabela 3 mostra uma breve compilação de alguns parâmetros
presentes em diferentes legislações e os usos recomendados para a água.
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Tabela 3: Normas internacionais. FONTE: BASSANESI, K. et al. 2014.
Tirbidez DBO DQO Sólidos em
Normas Aplicação pH
(NTU) (mg/l) (mg/l) suspensão (mg/l)
Urbana, agrícola e ambiente com
<2 < 10 - <5 6–9
exposição humana.
Austrália – Victoria (EPA – Victoria,
2003) Urbana, agrícola e ambiente com
- < 20 - < 30 6–9
exposição humana controlada.
Irrigação subsuperficial - < 20 - < 30 -
Austrália – ACT (ACT – 2004) Irrigação superfície, lavabo e
- < 20 - < 30 -
descarga
Canadá (Chaillou et al., 2011) Água para uso doméstico <2 < 10 - < 10 -
China (Lin et al., 2005) Uso não potável < 10 < 10 < 50 < 10 6,5 – 9
União Europeia (Nolde, 2005) Águas balneárias - <5 - - -
Alemanha (Nolde, 2000) Água para reúso - <5 - - -
Restrita para irrigação - < 25 - < 35 -
Grécia (Andreadakis et al., 2001) Irrestrito para irrigação / reutilização
<2 < 10 - < 10 -
não potável urbana.
Itália (Ciabatti et al., 2009) Descargas para águas superficiais - - < 160 < 80 5,5 – 9,5
Descargas de vaso sanitário. - - - - 5,8 – 8,6
Japão (Asano et al., 1996) Irrigação / paisagismo. - - - - 5,8 – 8,6
Água para meio ambiente. < 10 < 10 - - 5,8 – 8,6
Categoria – Irrigação A (legumes
- < 30 < 100 < 50 6–9
cozidos)
Categoria – Irrigação B (plantações
Jordania (Halalsheh et al., 2008) - < 200 < 500 < 150 6–9
de árvores)
Categoria – Irrigação C (forrageiras) - < 300 < 500 < 150 6–9
Corea (Kim et al, 2009) Reutilização não potável irrestrita <2 - < 20 <5 -
Eslovênia (Sostar-Turk et al., 2005) Descarga para águas superficiais - < 30 < 200 < 80 6,5 – 9
Espanha (Chaillou et al., 2011) Reúso urbano e residencial. <2 - - < 10 -
Reutilização urbana (paisagismo,
EUA (USEPA, 1992) <2 < 10 - - 6–9
irrigação, descarga)
Uma comparação entre os parâmetros dos diversos países citados na tabela 3 e aqueles
constantes na tabela 2, onde são mostrados os parâmetros determinados pelo PROSAB, denota o
rigor dos valores brasileiros os quais admitem menor faixa de variação do Ph e ao contrário de
várias legislações não permite a presença de coliformes, sejam totais ou termotolerantes, assim
como também não comporta a presença de DBO observável ou sólidos em suspensão.
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Tabela 4: Frequência de manutenção – FONTE: NBR 15527
Componente Frequência de manutenção
Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal e limpeza trimestral
Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal
Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral
Dispositivos de desinfecção Mensal
Bombas Mensal
Reservatório Limpeza e manutenção anual
Essa sequência de operações e processos pode na verdade constar de uma única operação,
como remoção de sólidos sedimentáveis por decantação até um conjunto relativamente amplo que
inclui oxidação biológica, coagulação química, filtração, remoção de sólidos dissolvidos,
desinfecção, entre outros.
Algumas dessas sequências já são clássicas, tanto no tratamento de dejetos como de água
para abastecimento público, e por esse motivo são conhecidas por termos já consagrados como
tratamento primário e secundário, no caso de dejetos, e tratamento convencional, no caso de água
para abastecimento público.
Segue uma descrição dos principais objetivos dos processos primário, secundário e
terciário de tratamento segundo Gonçalves (2006). Sem deixar de considerar que apesar deste
arranjo básico as possibilidades de sistemas de tratamento são inúmeras pois depende sobretudo da
qualidade da água demandada pela sua utilização final.
19
2.6.1 Tratamento Primário
Embora em dimensões reduzidas, a presença de sólidos grosseiros nas águas cinzas garante
a necessidade de uma etapa de tratamento primário. Sendo sua principal função garantir a eficiência
das demais etapas de tratamento. A remoção de areia, cabelos, felpas de tecidos, restos de alimentos,
entre outros tipos de materiais contidos nas águas cinzas, pode ser realizada por meio de grades
finas ou peneiras, raramente associadas a uma etapa de sedimentação (caixa retentora de areia).
Alguns dos principais modos de tratamento terciário são a coagulação e precipitação, troca
iônica, osmose reversa, cloração, a microfiltração, e a adsorção, que pode ser feita por meio de
filtração por carvão ativado. Estes dois últimos métodos serão objeto de análise adiante por conta de
estarem presentes nos sistemas de tratamento adotados pelo LADETEC.
20
2.6.4 Exigências legais do tratamento
Para o tratamento de águas cinzas para reúso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA - exige que se faça ao menos o tratamento primário composto por sedimentação e\ou
filtração seguida de desinfecção para eliminação de organismos patogênicos. Mas esses tratamentos
não excluem a necessidade de outras técnicas e comumente se faz necessário também o emprego de
tratamento biológico com o intuito de remover sólidos e matéria orgânica dissolvida.
Como visto anteriormente, para o uso não potável de águas pluviais é preconizado pelo
PROSAB que haja a presença de cloro residual na água como forma de assegurar a proteção da
mesma contra a contaminação e proliferação de microrganismos, assim, a desinfecção da água
pluvial é prática recomendada ainda que não possua, até o momento, imposição legal.
21
3 Metodologia
A água, objeto de estudo deste trabalho, possui três origens, uma proveniente da
condensação ocorrida no sistema de refrigeração, as águas cinzas coletadas em lavatórios, chuveiros
e água da lavagem de pisos e outra proveniente da captação pluvial na cobertura do LADETEC.
Ainda se tratando da água de condensação, para que a viabilidade técnica do projeto seja
assegurada é necessário demonstrar que a água de condensação se apresente em quantidade
significativa e com qualidade satisfatória ao seu aproveitamento. Além disso é preciso que a água
possa ser coleta e direcionada ao sistema de tratamento e posteriormente distribuída aos aparelhos
hidráulicos correspondentes aos quais se destina.
Para que tais requisitos pudessem ser verificados, foi realizada uma análise das instalações
prediais atuais e como poderiam se relacionar com as modificações necessárias à captação da água
desta nova fonte. Além disso será necessário verificar se o sistema de tratamento existente será
capaz de lidar com o acréscimo de volume representado pela adição da água de condensação.
Uma vez que os resultados mostrem que a água de condensação deva ser incorporada aos
outros volumes acumulados, as análises recairão na exiguidade das instalações. É fundamental notar
que a edificação em questão se trata de uma construção recente, inaugurada em 2016 e portanto
dentro dos prazos e garantias determinados pela NBR 15.525 – norma de desempenho de
edificações. Assim, no momento é desaconselhável que sejam executadas obras civis de suficiente
vulto que levem a perda das proteções estabelecidas pela norma assim como possíveis garantias
adicionais estabelecidas por ocasião da contratação dos serviços construtivos.
22
No caso das águas pluviais e das águas cinzas optou-se por não realizar análises diretas
mas sim fazer um levantamento bibliográfico dos valores que devem ser assumidos. A justificativa
para essa decisão decorre do fato de haver um considerável volume de informações acerca destas
fontes produzido a partir de trabalhos anteriores. Este procedimento não se mostra comprometedor
da qualidade das informações necessárias ou das posteriores decisões acerca do projeto uma vez que
dados sobre estes parâmetros já são largamente estudados e são alvo de expressiva publicidade na
literatura técnica tanto para a caracterização das águas pluviais quanto para as águas cinzas.
Passaram a ser tratados agora aspectos específicos da metologia aplicada a cada fonte
individualmente.
23
presente e das atividades desenvolvidas, tempo e horário de permanência e até possíveis
sazonalidades que possam interferir na rotina das pessoas e levar assim a mudanças no uso da água.
A estimativa do consumo de água pela população do LADETEC foi feita a partir de dados
presentes na literatura técnica disponível como explicado anteriormente e particularmente a partir
da adaptação da técnica apresentada no trabalho de Proença (2009), por ser aquela que melhor se
aplica à maioria das utilizações listadas devido a natureza das edificações estudadas,
fundamentalmente edificações comerciais, no referido trabalho.
24
Para o cálculo do consumo de água através do uso dos lavatórios utilizou-se a equação a
seguir:
C = N × T ×V Equação 1
Onde:
Para o cálculo de consumo de água nos chuveiros foi estimado que eles serão utilizados
diariamente por um décimo da população do LADETEC uma vez que boa parte dela fará serviços
tipicamente de escritório ou em laboratórios e dessa forma muitas das pessoas não devem utilizar os
chuveiros no trabalho deixando para fazer isso em casa. A estimativa de utilização por 10% da
população foi fornecida pelas próprias equipes de operação e manutenção do LADETEC, baseado
na experiência cotidiana da mesma. O volume em cada utilização é de 20 litros conforme estimado
em Proença (2009).
Para as bacias sanitárias, foi assumida uma frequência per capta de utilização de 2,7.
Como as bacias sanitárias utilizam válvulas de descarga, foi adotado o volume de nove litros por
utilização. Este valor foi escolhido a partir do trabalho de Back e Deboita (2014) que apresentou
relevante estudo de estimativa de consumo de água a partir do uso de válvulas de descarga enquanto
a frequência de utilização se baseou na estimativa realizada em Katano et al (2009), a partir dos
hábitos de consumo levantados da população do prédio da faculdade de economia e administração
da Universidade de São Paulo.
Para o consumo nos mictórios, que no LADETEC também possuem válvula de descarga,
utilizou-se também das estimativas de Katano et al (2009), a qual resultou num consumo per capta
de 10,7 litros diários.
25
o consumo atual de 310 m3 mensais no LADETEC, espera-se que ocorra o consumo, nessas
instalações, correspondente a 31 m3 mensais e este deve apresentar uma evolução proporcional ao
aumento da população.
Para o consumo de água nas atividades de limpeza, foram encontrados na literatura valores
com bom nível de concordância em torno de 0,2 litro/m² de área comum da edificação, o que
corresponderia a lavagem dos pisos 2 vezes por semana. Há ainda o uso semanal de 5 litros/m² para
a limpeza dos banheiros e vestiários e 1,3 litro/m² para áreas de preparo de alimentos e alimentação
incluindo cozinhas, copas e refeitórios.
Importante salientar que, como foi mostrado, os dados apresentados para esta estimativa
são o resultado da compilação de vários trabalhos publicados sobre o tema e todas as estimativas
realizadas em tais trabalhos refletem consumos em edificações em pleno uso. Assim, como o
LADETEC ainda se encontra em utilização parcial e com uma população menor que aquela prevista
no momento de sua completa utilização, o consumo de água nas diversas atividades sofrerá um
incremento ao longo dos próximos anos, proporcional ao aumento esperado da população com
exceção da limpeza que já se assume em pleno funcionamento e portanto é calculada em seus
valores finais.
Importante que parte da água utilizada na limpeza dos banheiros e vestiários 2 será coletada
pelos ralos dos chuveiros e também pelas caixas sifonadas nas áreas de circulação dos mesmos e
portanto será conduzida conjuntamente aos reservatórios de águas cinzas onde serão posteriormente
tratadas e estarão disponíveis para serem reutilizadas. Para este caso, como parte da água utilizada
na limpeza predial se perderá, será arbitrado um coeficiente de retorno igual a 0,25 para representar
o volume que deve ser coletado. Ainda assim isto representa um retorno da água de
aproximadamente 2,7 m3 mensalmente.
2 Na tabela 5 a letras PNE se referem às instalações adaptadas destinadas a portadores de necessidades especiais.
26
Tabela 5: Volumes de água utilizada na limpeza predial. FONTE: Elaboração própria
TOTAL 10.843
Para o quarto pavimento e para o pavimento técnico, este último localizado no subsolo,
como se tratam de pavimentos fechados à circulação geral e acessados exclusivamente por pessoal
de operação e manutenção do LADETEC julga-se que não haverá serviço contínuo de limpeza e
volumes gastos dessa forma nestes locais ocorrerão de forma eventual e não se mostram
significativos para os objetivos que trata este trabalho. Passamos a seguir à análise da água utilizada
em atividades de higiene e consumo pessoal.
A estimativa dos consumos a partir deste ponto está fortemente atrelada ao número médio
de pessoas frequentando o LADETEC. Foi fornecida pela administração da unidade uma previsão
de ocupação dos laboratórios presentes na edificação e consequentemente da população do
LADETEC ao longo dos próximos anos. Portanto a tabela 6 mostra nas colunas 2 e 3 o ano e a
população média prevista respectivamente. São mostradas ainda a frequência média de utilização de
cada equipamento e o volume gasto em cada utilização. As duas últimas colunas mostram
respectivamente o total consumido mensalmente por todos os usos e qual o volume total coletado e
destinado para o sistema de água cinza.
27
Tabela 6: Consumos pessoais e geração de águas cinzas para o sistema de reúso. FONTE:
Elaboração Própria
Como visto, dividindo-se o volume coletado pelo volume total consumido, ambos em base
mensal, a tabela 6 mostra que aproximadamente 12,5% da água utilizada pela população do
LADETEC retorna para o sistema na forma de água cinza (lavatórios, chuveiro e limpeza).
28
Portanto, na condição de máxima ocupação, é esperado um retorno de aproximadamente 170 m 3
mensalmente3 no sistema de águas cinzas.
Processos já desenvolvidos para tratamento de águas cinza variam desde sistemas simples
até séries de tratamentos avançados para reúso em larga escala. Considerando seu consumo dentro
da própria edificação, como nas descargas das bacias sanitárias, por exemplo, Elmitwalli (2007)
afirma que são indispensáveis os processos físicos, químicos e biológicos para a remoção de
partículas e de matéria orgânica dissolvida. Segundo Gonçalves (2006), uma Estação de Tratamento
de Águas Cinza (ETAC) deve ser composta por, pelo menos, os níveis primário e secundário para
garantia de água de reúso inodora e com baixa turbidez, e nível terciário, correspondente ao
processo de desinfecção, assegurando baixas densidades de coliformes termotolerantes.
29
Tabela 7: Água cinza - FONTE: Compilação de elaboração própria
Coliformes
Fonte da água Cor Turbidez Sólidos Totais Fósforo DBO DQO OD
Referência NTK (mg/l) pH Termotolerantes
cinza (uC) (uT) (mg/l) Total (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l)
(NMP/100ml)
Lavatório - 158,0 500,0 5,6 0,6 265,0 653,0 8,03 6,90 1,01E+01
Bazzarella
Chuveiro - 109,0 437,0 3,4 0,2 165,0 582,0 7,34 6,60 2,63E+04
(2005)
Mistura - 166,0 1536,0 6,6 9,0 571,0 857,0 7,05 6,50 3,25E+04
Phillipi (2005) Mistura 379,0 - - - - 387,0 541,0 7,10 - -
Banheiro
Fiori, - - - - - 20,0 44,0 8,40 - -
Masculino
Fernandes e
Pizzo (2004) Banheiro
- - - - - 96,0 234,0 8,20 - -
Feminino
Valentina* Mistura (min) - 15,0 - 0,6 0,1 33,0 38,0 5,00 - 9,40E+04
(2009) Mistura (max) - 240,0 - 74,0 74,0 1460,0 1380,0 10,90 - 3,80E+08
Mistura (média) 103,2 107,4 232,7 3,6 0,4 19,0 131,2 7,30 - 2,70E+06
Rebelo (2011) Mistura (min) 70,0 5,7 86,0 0,2 0,0 14,0 23,8 6,90 - 5,00E+05
Mistura (max) 170,1 361,0 564,6 60,2 2,3 43,0 354,6 7,80 - 6,20E+06
O sistema Alerta Rio é um serviço da prefeitura municipal do Rio de Janeiro que divulga
informações em tempo real sobre clima, chuvas, ventos e possibilidade de deslizamentos em todas
as áreas da cidade. Os dados pluviométricos das várias estações que compõem o sistema estão
disponíveis e podem ser acessadas livremente. Para a estação da Ilha do Governador as medidas
pluviométricas alcançam desde o ano de 1997. Os dados são apresentados na tabela 8.
A partir dos valores levantados no sistema Alerta Rio foi possível determinar a
pluviosidade média mensal esperada para o local de estudo.
30
Tabela 8: Dados pluviométricos mensais acumulados em mm. FONTE: Elaboração própria com
base nos dados do sistema Alerta Rio.
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
1997 235,4 26,0 84,5 22,9 49,9 23,0 9,3 35,1 43,0 84,5 68,5 117,4
1998 242,7 275,0 99,4 68,6 115,8 41,7 34,1 23,3 59,0 123,8 87,5 223,2
1999 221,3 159,2 110,6 27,1 36,3 57,9 2,1 7,9 94,8 38,3 107,5 101,1
2000 216,0 173,6 129,5 38,6 13,4 5,0 53,3 45,6 97,4 39,2 165,8 116,2
2001 16,8 58,6 206,2 15,8 68,4 18,6 66,2 3,6 24,4 54,4 109,6 532,0
2002 137,6 144,8 67,8 37,2 71,4 54,2 6,8 55,4 35,8 123,6 148,6 46,4
2003 319,4 7,4 147,4 72,4 46,8 3,6 9,6 149,0 44,4 161,8 263,4 68,2
2004 187,4 192,6 66,0 124,0 58,4 32,4 87,6 17,4 12,4 60,0 146,4 132,2
2005 264,6 88,6 112,8 117,0 51,8 30,0 67,6 5,4 49,6 42,0 152,0 150,6
2006 295,4 110,0 38,6 99,0 50,2 19,6 22,8 34,0 89,6 96,8 116,0 95,8
2007 139,2 75,8 11,4 47,6 64,2 35,4 60,2 2,6 12,8 143,0 125,0 151,2
2008 167,2 141,2 263,4 101,6 41,2 57,0 34,6 45,0 73,8 62,0 217,4 126,4
2009 253,0 115,8 154,6 112,8 19,8 47,2 55,8 18,6 65,2 201,6 172,2 439,6
2010 181,2 58,2 366,2 320,8 67,8 32,0 51,0 2,4 22,4 108,0 135,6 326,0
2011 105,6 28,2 92,2 142,0 87,8 23,0 7,8 12,8 7,6 108,8 119,2 105,8
2012 199,0 76,2 96,2 68,0 91,0 64,4 26,4 13,0 90,8 33,8 88,8 34,8
2013 267,2 78,8 249,0 61,6 31,8 25,2 64,2 5,2 59,6 61,6 145,8 188,0
2014 38,6 14,8 101,4 91,8 25,6 36,4 60,4 10,6 18,8 23,2 42,8 66,4
2015 44,6 78,4 139,2 52,0 34,6 55,0 13,4 3,2 77,6 13,8 183,2 104,2
2016 202,6 191,0 79,6 3,4 33,2 61,6 0,2 30,2 29,6 53,8 135,0 98.4
Média
186,7 104,7 130,8 81,2 53,0 36,2 36,7 26,0 50,4 81,7 136,5 156,3
mensal
Assim, podemos estimar o volume de águas pluviais que poderá ser captado mensalmente
a partir dos dados pluviométricos apresentados e da área da cobertura do LADETEC, de
aproximadamente 2600 m2. O cálculo será feito utilizando a fórmula apresentada a seguir:
V = A× P ×c
Equação 2
Onde:
V – Volume coletado;
A – Área da cobertura;
c – Coeficiente de run-off.
31
águas pluviais e fazer seu armazenamento até que estas sejam encaminhadas ao tratamento. Assim,
quaisquer volumes produzidos e que excedam a capacidade total das cisternas serão imediatamente
descartados sendo este portanto um importante fator limitante.
Diante do exposto, para quantificar o coeficiente de run-off que deve ser aplicado realizou-
se o cálculo dos volumes prováveis produzidos à luz da equação de chuvas intensas apresentada por
Novaes (2006) para a cidade do Rio de Janeiro.
3463 × TR0,172
imax =
( t + 22 )
0,761
Equação 3
Onde:
32
os parâmetros utilizados na norma NBR 10844 para o projeto de instalações prediais de águas
pluviais. Assim, temos os resultados apresentados na tabela 10:
Portanto para o volume do atual reservatório podemos adotar o run-off de 0,673 como
limite para o cálculo dos aproveitamentos. Aplicando o coeficiente de run-off às médias
pluviométricas mensais calculadas anteriormente, podemos expressar os volumes coletados
esperados em cada mês como se segue na tabela 11:
No entanto, para este trabalho, assumindo uma postura conservadora, será tomada sempre
a condição extrema, ou seja, aquela que apresente a pior qualidade de afluente ao processo de
tratamento adotado no projeto e o que se poderia esperar da qualidade do efluente final.
33
Tabela 12: Águas pluviais - FONTE: Compilação de elaboração própria
Coliformes
Cor Turbidez Sólidos Totais Fósforo DBO DQO OD
Referência Valor NTK (mg/l) pH Termotolerantes
(uC) (uT) (mg/l) Total (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l)
(NMP/100ml)
Média 24,9 4,6 96,9 - - - 9,8 7,48 - 1,54E+01
Peters (2006) Máximo 66,0 9,7 200,0 - - - 23,3 8,60 - 1,14E+02
Mínimo 10,0 2,0 40,0 - - - 0,3 6,62 - 1,00E+00
Média 7,1 37,0 303,3 - - 4,1 46,1 6,52 - -
Annecchini
Máximo 12,8 70,0 517,0 - - 7,1 64,1 6,70 - -
(2005)
Mínimo 2,8 14,0 91,0 - - 0,8 7,9 6,33 - -
Média 31,3 35,0 138,5 - - 6,6 31,7 7,31 - 5,58E+01
Hagemann
Máximo 70,0 88,6 232,0 - - 10,2 54,9 7,63 - 1,14E+03
(2009)
Mínimo N.D. 7,5 93,0 - - 2,1 13,3 6,59 - 1,00E+00
Média - 16,8 73,6 3,2 0,4 5,2 5,7 7,30 7,20 2,05E+02
Silva (2014)
Máximo - 89,0 320,0 23,8 0,8 10,0 13,0 7,90 8,00 7,16E+02
34
Figura 3: Condicionador de ar tipo Fan Coil – FONTE: TRAYDUS,
2014
35
O Fan Coil assemelha-se com qualquer equipamento de ar-condicionado normal, porém
utiliza como meio de refrigeração secundária a água gelada, enquanto os condicionadores normais
utilizam o gás refrigerante para resfriar diretamente a serpentina.
Para a relação destes dados com a geração de água condensada nos aparelhos foi feita
amostragem em oito máquinas, quatro fan coils e quatro fancoletes, sendo medidas as vazões e
posteriormente relacionadas à potência do equipamento. Estes pares de dados foram plotados em
um plano cartesiano. O gráfico gerado sugeriu a ocorrência de uma relação linear, entre as duas
variáveis, a qual foi testada pelo modelo de regressão linear e tendo sido quantificada
estatisticamente a correlação destes fatores.
0,14
0,12
Vazão (Litros por Minuto)
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
6 8 10 12 14 16 18 20 22
Potência
36
Os cálculos de regressão linear buscam fundamentalmente a determinação dos dos
coeficientes a e b, ou seja, o coeficiente linear e o coeficiente angular respectivamente, da equação
da reta que melhor representa a distribuição dos dados no gráfico. Assim, as variáveis estudadas, no
caso presente a potência do aparelho no eixo das abscissas, representada na equação da reta pela
letra X e a vazão da água de condensação apresentada no eixo das ordenadas, representada pela
letra Y possam ser relacionadas.
Realizando os cálculos da regressão linear para as vazões dos fancoletes temos a partir dos
dados de potência em HP e vazão medida nas saídas de água dos aparelhos em litros por minuto
temos:
FANCOLETES
Vazão (X-Xm)(Y-
Potência X-Xm Y-Ym (X-Xm)² (Y-Ym)²
(litro/minuto) Ym)
a = 0, 0553
b = 0, 0035
Y = 0, 0553 + 0, 0035 × X
Equação 4
37
Portanto, é possível predizer 95,03% do valor da vazão a partir do valor da potência do
equipamento, este resultado mostra que a potência do aparelho é a variável essencial que deve ser
conhecida para predizer com boa margem de segurança a vazão da água condensada.
0,9
0,8
0,7
Vazão (Litros por Minuto)
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
2 4 6 8 10 12 14
Potência
Tabela 14: Tabela de regressão linear - Fan Coils. FONTE - Elaboração própria
FAN COILS
Vazão (X-Xm)(Y-
Potência X-Xm Y-Ym (X-Xm)² (Y-Ym)²
(litro/minuto) Ym)
a = 0,1074
b = 0, 0632
Y = 0,1074 + 0, 0632 × X
Equação 5
38
Portanto a redução proporcional do erro é:
39
4 Resultados
Tabela 17: Parâmetros máximos de qualidade de água cinza levantados da literatura técnica
É possível notar que a água cinza com a composição integral, coletada na mistura de todas
as fontes possíveis, possui concentrações de nitrogênio superiores a treze vezes a concentração
encontrada na água cinza com composição sem água das pias de cozinhas e refeitórios, já a
concentração de fósforo tem uma diferença ainda maior, superior a cento e vinte vezes. Ainda são
40
observáveis valores superiores em cor, turbidez e DBO e ainda uma concentração de coliformes
termotolerantes dez mil vezes maior na água cinza (1) em relação à água cinza (2).
Tabela 18: Parâmetros máximos de qualidade de água pluvial levantados da literatura técnica
Equação 6
Equação 7
41
Portanto, a vazão é de 0,341 litro por minuto, o que resulta em aproximadamente 490 litros
diários ou 14,7 m3 mensais gerados por este aparelho.
A vazão total é o resultado da soma das vazões individuais. Portanto a vazão encontrada
após os procedimentos necessários é superior a 25,2 m 3 diários, levando a um volume de
aproximadamente 758 m3 mensais4.
4 Os coeficientes de utilização dimensionados levam em conta ciclos de uma semana, inclusive fins de semana,
portanto o cálculo do volume total produzido pela água de condensação é feito a partir de 30 dias mensais e não só
dos dias úteis. Detalhes nos anexos.
42
Figura 5: Sistema de microfiltração – FONTE: Fabricante Pam
Membranas
Toda a operação acontece à temperatura ambiente, sem troca de fase, isto representa uma
enorme vantagem em relação a outros processos em que isso não ocorre.
43
A microfiltração origina duas correntes, o concentrado e o permeado. O concentrado é
descartado de forma temporizada, de acordo com os ajustes de operação. O percentual máximo de
descarte é de 10%. O permeado é encaminhado para o tanque de acúmulo. O controle de pressão de
filtração é feito através do controle automático de uma válvula globo.
A microfiltração ocorre através de poros de 0,1 mm com pressões operacionais de 0,5 a 5,0
kg\cm2. A principal aplicação para esta operação é na remoção de material particulado, ou seja, na
clarificação e não é capaz de realizar a desinfecção do permeado. Apesar disso, é importante
lembrar que grande parte dos microrganismos patogênicos ficam aderidos ao material particulado
chegando a grande eficiência de remoção destes microrganismos quando o material particulado é
removido.
O processo de filtração por membrana é complementado pela filtração por carvão ativado.
Este processo utiliza o carvão obtido da queima de alguns tipos de madeira e suas principais
44
características são a grande área de contato do material altamente porosa além de sua alta
capacidade de adsorção de partículas e moléculas orgânicas uma vez que tem grande capacidade de
reter principalmente moléculas a base de carbono e cloro, tanto em fase líquida quanto gasosa.
Filtros de carvão ativado são utilizados em diversos processos industriais e de purificação de água
sendo capaz de eliminar cor, odor, sabores desagradáveis e até substâncias como pesticidas,
fármacos, hormônios e outros micropoluentes.
A capacidade do carvão é limitada, uma vez que esteja com seus sítios ativos saturados,
perde sua capacidade de adsorção, mas pode ser regenerado por processos de aquecimento que
degradam as moléculas adsorvidas devolvendo, total ou parcialmente, as capacidades originais ao
material.
Não pode ser deixado de notar que estes dois tratamentos são classificados como processos
avançados de tratamento devido sua grande eficiência e confiabilidade sendo muitas vezes adotados
como processos complementares ou terciários em sistemas de tratamento de água, inclusive
sistemas para produção de água potável sendo capazes de produzir água para usos que necessitam
de elevada qualidade da água. Portanto, o sistema de tratamento existente mostra-se adequado para
gerar recursos hídricos para usos e processos de elevado grau de exigência, precisando ser
complementado apenas por método de desinfecção da água, obrigatório segundo a legislação
vigente e ao qual a água será submetida após os processos de filtração e por eventual correção do
pH caso se mostre necessário a partir do funcionamento final do sistema.
45
Para o sistema esteja de acordo com a legislação em vigor é necessário ainda adotar um
método de desinfecção como a instalação de dosador automático de cloro com controle de vazão
por se tratar de um tratamento simples e de baixo custo, mas suficientemente seguro e eficiente.
Sendo este último a destinação planejada para os volumes excedentes que por ventura
ocorram após o atendimento dos usos anteriores que arbitrou-se de caráter prioritário no que se
refere este trabalho.
46
4.5.3 Irrigação
A presença de área gramada e jardins no entorno do LADETEC e outras áreas da
universidade determina a necessidade de irrigação, atividade que demanda grande consumo de
água, principalmente tendo em vista as médias de temperatura no município do Rio de Janeiro.
Como as áreas verdes hoje existentes no entorno do LADETEC são em sua maioria
transitórias, uma vez que é prevista sua ocupação parcial com novas edificações que complementam
o projeto do instituto de química, nenhuma instalação de irrigação será prevista por este projeto.
Porém, muitas áreas da UFRJ estão aptas ao aproveitamento de possíveis excedentes hídricos que
possam ocorrer a partir do aproveitamento da água de fontes alternativas, sejam estes excedentes de
caráter perene ou sazonal.
47
para água de reúso na NBR 13.969 que diferencia classes para diferentes usos e as recomendações
para águas pluviais publicados pelo PROSAB que possui apenas uma “qualidade” para todos os
usos temos, na tabela 21, como parâmetros finais:
Coliformes Coliformes
Sólidos Totais Cloro residual Oxigênio
Turbidez (NTU) Termotolerantes Totais pH DBO (mg/l)
(ppm) (ppm) Dissolvido (ppm)
(NMP/100ml) (NMP/100ml)
Classe 1 <5 < 200 < 200 < 200 6–8 0,5 – 1,5 NA ---
Classe 2 <5 < 500 NA NA NA 0,5 NA ---
Classe 3 < 10 < 500 NA NA NA NA NA ---
Classe 4 --- < 500 NA NA NA NA >2 ---
PROSAB 2–5 Ausentes Ausentes Ausentes 6–8 0,5 – 3,0 NA Ausente
Parâmetros
<5 Ausentes Ausentes Ausentes 6–8 0,5 – 3,0 >2 Ausente
Finais
48
5 Estratégias de implantação do aproveitamento da água de condensação
Para que a água de condensação possa ser aproveitada, deve haver uma maneira de
conduzi-la dos locais onde é gerada até o sistema de tratamento.
A situação encontrada mostrou-se bastante favorável uma vez que a edificação já possui
instalações hidráulicas destinadas a fazer o aproveitamento de água pluvial e reúso de água cinza,
distribuídos pelos pavimentos do prédio através de um conjunto de shafts hidráulicos. A presença
destes shafts torna os sistemas facilmente acessíveis e passíveis de receberem novas conexões de
maneira simples e direta.
Outro ponto importante, é o fato dos aparelhos onde a água de condensação é gerada
encontrarem-se em locais destinados apenas a receber máquinas e acessíveis somente ao pessoal de
engenharia e manutenção predial, portanto fora da circulação do público em geral. Essa
característica torna possível que as novas tubulações sejam instaladas de maneira aparente, sem
qualquer prejuízo à funcionalidade ou estética das áreas de livre circulação da edificação e a torna
muito pouco dispendiosa já que evita a necessidade da realização de grandes intervenções ou
trabalhos de alvenaria.
Portanto é possível fazer a ligação das saídas de condensado das máquinas do sistema de
refrigeração às tubulações de água cinza que se localizam nas proximidades.
Esta solução se mostra satisfatória à medida que após realizada a conexão a água é levada,
junto com a água cinza, para o sistema de tratamento localizado no andar térreo sem gerar nenhuma
outra modificação.
É preciso atentar que a tubulação de água cinza deve ser capaz de conduzir a água
produzida nos aparelhos sanitários por ela coletados além da água de condensação. Para que possa
ser avaliada a capacidade de condução da tubulação devemos somar a vazão estimada para todos os
aparelhos ligados a cada condutor, que neste caso recebeu nos projetos originais a denominação
TSR - Tubo de Queda Secundário de Reúso – somada à vazão resultante da água de condensação
gerada. Para tanto essas vazões serão calculadas em sua condição de máximo estresse, ou seja, com
vazão total esperada dos aparelhos sanitários somada à vazão produzida pelo sistema de
refrigeração em sua potência plena, ou seja, com um coeficiente de utilização de 100% em todos os
aparelhos.
Os cálculos são mostrados nas tabelas que se seguem. Na tabela 22 e 23 a primeira coluna
contém o número de série de cada aparelho. A segunda coluna a potência nominal do aparelho e a
terceira a vazão em litros por minuto produzida pelo aparelho funcionando em plena potência. A
49
quarta coluna tem o número do condutor que deverá receber a vazão produzida e as colunas
seguintes representam os condutores e todas as vazões que cada um recebe de modo a mostrar ao
final a soma das vazões recebidas de água de condensação cada condutor.
50
Tabela 23: Vazão da água de condensação - Ala 2. FONTE: Elaboração própria
5 Tabela 1 – Vazão nos pontos de utilização em função do aparelho sanitário e da peça de utilização, página 13.
51
Tabela 24: Vazão da água cinza nos tubos de queda secundários de reúso FONTE: Elaboração
própria
A vazão total nos condutores, mostrada na tabela 25, resulta da soma da vazão da água
cinza expressa na tabela 24 e a vazão calculada para a água de condensação gerada no sistema de
refrigeração, como mostrado nas tabelas 22 e 23. Ocorre neste cálculo uma simplificação que não
52
leva em conta a improbabilidade de todos os aparelhos sanitários estarem em uso de suas vazões
máximas simultaneamente e portanto um resultado positivo, mesmo por uma pequena margem, se
mostrará bastante seguro em decorrência dessa abordagem.
Tabela 25: Vazão total máxima por condutor em litros por minuto. FONTE:
Elaboração própria
Segundo os dados apresentados podemos ver que a vazão máxima é de 258,57 litros por
minuto no TSR 1 e portanto este é o valor que deve ser comparado à capacidade máxima de
condução.
Todos os TSR’s são tubos de PVC de 100 mm de diâmetro com apenas duas orientações,
vertical e horizontal com declividade de 1%.
O último ponto a ser considerado quanto a possibilidade das instalações físicas de receber
o acréscimo da água de condensação é a capacidade do sistema de tratamento de lidar com este
aumento de volume.
53
Evidentemente, as vazões não se apresentam, principalmente no caso das águas pluviais,
distribuídas de maneira uniforme, porém, as considerações feitas mostram que mesmo com o
acréscimo da água de condensação se espera que os equipamentos destinados ao tratamento ainda
estarão sujeitos a subutilização e portanto são capazes de receber esta nova contribuição.
54
6 Considerações finais
O aproveitamento e o reúso de água para usos não potáveis são de grande importância,
principalmente à luz dos últimos anos que explicitaram a escassez de água e insegurança hídrica em
áreas de grande concentração demográfica devido fatores ambientais e humanos. Diante desses
fatos, iniciativas como a do LADETEC tornam-se mais comuns com o intuito de garantir a
segurança do abastecimento de água e gerar economias financeiras mas ainda esbarram na falta de
uma legislação clara e abrangente que possa comportar as várias modalidades de usos não potáveis.
As duas outras fontes, água cinza e água pluvial, mostram-se também capazes de produzir
grandes volumes e com o sistema de tratamento presente no LADETEC capazes de produzir água
também com qualidade adequada.
Apesar da diligência na busca pela elucidação de todos os aspectos deste trabalho, tal não
pôde ser levado a cabo de forma completa devido ao não funcionamento dos sistemas atuais o que
tornou impossível fazer coletas de água cinza e de água pluvial in loco e fazer as análises
pertinentes. Assim, fica a ressalva para que se faça posteriormente à entrada em funcionamento do
sistema a coleta e análise de água cinza e água pluvial de maneira a produzir dados próprios do
local do estudo.
Fica ainda para oportunidades futuras a confecção de um projeto hidráulico que possa
passar a compor o projeto das próximas unidades a serem construídas e nas quais este projeto de
aproveitamento e reúso possa ser replicado de maneira otimizada.
55
7 Referência bibliográfica
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 5626:
Instalação predial de água fria, Rio de Janeiro, 1998.
56
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methods of water treatment for improving living standards. Amsterdam: Springer
Netherlands, 2005, p. 169-189.
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ESQUEMA VERTICAL - ORIGINAL
DEMO VERSION
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TÍTULO: ALUNO:
ESQUEMA VERTICAL - ESGOTO RICHARD A. SENA
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ASSUNTO: ESCALA: FOLHA:
DEMO VERSION
DEMO VERSION
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TÍTULO: ALUNO:
ESQUEMA VERTICAL - HIDRÁULICA RICHARD A. SENA
DEMO VERSION
ASSUNTO: ESCALA: FOLHA: