Вы находитесь на странице: 1из 27

Acórdão-5ªC RO 0001300-31.2014.5.12.

0039

CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SOBRE OS


SALÁRIOS PAGOS EXTRAFOLHA.
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.
De acordo com o entendimento do STF, a
competência para a execução das
contribuições previdenciárias
previstas no art. 114, VIII, da CRFB,
se limita às sentenças condenatórias
em pecúnia que proferir e aos valores
objeto de acordo homologado, ficando
excluída a cobrança das parcelas
previdenciárias decorrentes de
salários pagos extrafolha.

VISTOS, relatados e discutidos estes


autos de RECURSO ORDINÁRIO, provenientes da 3ª Vara do
Trabalho de Blumenau, SC, sendo recorrentes 1. CAMILA
BEDNARCZUK, 2. SI SERVIÇOS DE COBRANÇA E INFORMAÇÕES
CADASTRAIS LTDA. E OUTROS (2) e recorridos 1. SI SERVIÇOS
DE COBRANÇA E INFORMAÇÕES CADASTRAIS LTDA. E OUTROS (2), 2.
BANCO SANTANDER S.A, 3. CAMILA BEDNARCZUK.

21262/2015
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -2

Recorrem a autora e conjuntamente a


primeira e segunda rés da sentença que acolheu parcialmente
os pedidos formulados na petição inicial.

A autora requer seja acrescido à


condenação o pagamento de horas extras além da sexta diária
e de horas extras intervalares alegando que a prova
produzida demonstra que ela sempre trabalhou em regime de
call center, sujeita à jornada de seis horas, bem como que
não usufruía do intervalo de uma hora em alguns dias da
semana. Ressalta que a magistrada a quo para o
indeferimento do pedido fundamentou sua decisão na
Orientação Jurisprudencial 273 do TST, já cancelada.
Pleiteia também a majoração da indenização por danos morais
afirmando que o valor arbitrado em sentença se mostra
irrisório. Finalmente sustenta serem devidos honorários
advocatícios.

A primeira e segunda rés sustentam que


a Justiça do Trabalho é incompetente para a execução das
contribuições sociais decorrentes de decisões
declaratórias. Caso reconhecida a competência requerem seja
determinado o desconto da cota parte empregado dos créditos
da autora. Renovam a condradita das testemunhas arroladas
pela autora, requerendo que sejam considerados como
informantes. Alegam que apesar dos depoimentos testemunhais
se mostrarem contraditórios em vários pontos, foram
utilizados pela magistrada a quo para acolher os pedidos
relativos aos salários extrafolha e danos morais, os quais
requer sejam expurgados da condenação. Afirma ainda que o
art. 475-J do CPC não é aplicável ao processo do trabalho e
que o fato gerador das contribuições previdenciárias não é

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -3

a prestação dos serviços como determinado em sentença mas


sim a data do pagamento dos créditos ou ainda da citação
para o pagamento.

Contrarrazões são apresentadas por


todas as rés.

É o relatório.

V O T O

Conheço dos recursos e das


contrarrazões porquanto atendidos os pressupostos legais de
admissibilidade.

Contudo, não conheço do pedido da


autora de pagamento dos honorários advocatícios, com fulcro
no art. 557, caput, do CPC, pois essa insurgência está
manifestamente em confronto com jurisprudência consolidada
nas Súmula n. 219 e 329 do c. TST.

Já está sedimentado no c. TST, na


Súmula n. 435, que se aplica “subsidiariamente ao processo
do trabalho o art. 557 do Código de Processo Civil”, de
sorte que não há falar em violação aos arts. 5º, II, LIV e
LV, da Constituição Federal e 678, II, alínea “a”, e 895 da
CLT.

Inverto a ordem de análise dos


recursos em razão da arguição de contradita das testemunhas
formulado no recurso conjunto da primeira e segunda rés,
porquanto o eventual acolhimento da contradita, poderá
surtir efeitos na análise de alguns dos pedidos formulados
em ambos os recursos.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -4

PRELIMINAR

Competência da Justiça do Trabalho


para executar as contribuições
previdenciárias sobre os salários
extrafolha

Pretendem a primeira e segunda rés


seja reconhecida a incompetência da Justiça do Trabalho
para executar as contribuições previdenciárias sobre os
valores pagos extrafolha à reclamante.

Razão lhes assiste.

Para efeitos de competência material


dessa Justiça Especializada para execução das contribuições
previdenciárias, os salários pagos por fora se equiparam a
situação dos salários pagos em decorrência do vínculo de
emprego reconhecido judicialmente. Somente sobre os valores
deferidos em pecúnia e de natureza salarial há incidência
da referida contribuição.

Neste sentido tem decido o TST


seguindo a orientação do Supremo Tribunal Federal, senão
veja-se:

RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO DE


CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SALÁRIOS
PAGOS -POR FORA-. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
DO TRABALHO. A controvérsia assemelha-se
ao debate travado acerca da competência
da Justiça do Trabalho para executar as
contribuições previdenciárias decorrentes
de sentença declaratória de

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -5

reconhecimento de vínculo de emprego, em


relação ao qual o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do mérito do RE-
569056-PA, deu efetividade à
jurisprudência do TST, consubstanciada na
Súmula 368, item I. No particular, a
Corte Suprema confirmou que a competência
da Justiça do Trabalho para determinar a
execução das contribuições
previdenciárias limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e
aos valores objeto de acordo homologado
que integrem o salário de contribuição.
In casu, não houve condenação pecuniária
no tocante ao salário pago -por fora-
durante a contratualidade, mas, tão
somente, o reconhecimento da sua
existência para fins de condenação em
diferenças de 13º salário, férias e o
terço constitucional, FGTS e a
indenização de 40%, bem como aviso prévio
indenizado. Logo, a Justiça Laboral não
tem competência para executar as
contribuições previdenciárias relativas
ao citado pagamento extrafolha recebido
pelo trabalhador durante o vínculo de
emprego e não incluído na condenação.
Recurso de revista conhecido e provido.
Processo: RR - 34900-03.2003.5.15.0053
Data de Julgamento: 19/06/2012, Relator
Ministro: Augusto César Leite de
Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 29/06/2012.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -6

Com efeito, o Supremo Tribunal Federal


definiu que a competência material da Justiça do Trabalho
prevista no inciso VIII do art. 114 da CRFB, para a
execução da contribuição previdenciária, circunscreve-se às
sentenças condenatórias, ou seja, àquelas em que houve o
deferimento de alguma verba, refugindo dessa competência a
contribuição previdenciária derivada de salário extrafolha,
cuja situação é idêntica ao reconhecimento de vínculo de
emprego:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO DE
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE DO ART.
114, INC. VIII, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL
AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. A
competência da Justiça do Trabalho
restringe-se à execução, de ofício, das
contribuições previdenciárias decorrentes
de sentenças condenatórias. 2. A
jurisprudência do Supremo Tribunal
firmou-se no sentido de que as alegações
de afronta aos princípios da legalidade,
do devido processo legal, do
contraditório, da ampla defesa, dos
limites da coisa julgada e da prestação
jurisdicional, quando dependentes de
exame de legislação infraconstitucional,
configurariam ofensa constitucional
indireta (AI 757321 AgR, Relator(a):
Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma,
julgado em 20/10/2009, DJe-213 DIVULG 12-

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -7

11-2009 PUBLIC 13-11-2009 REPUBLICAÇÃO:


DJe-145 DIVULG 05-08-2010 PUBLIC 06-08-
2010 EMENT VOL-02409-11 PP-02630 RDDT n.
173, 2010, p. 178-180 RDECTRAB v. 16, n.
187, 2010, p. 142-146 LEXSTF v. 31, n.
372, 2009, p. 134-138).

COMPETÊNCIA - JUSTIÇA DO TRABALHO -


CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - EXECUÇÃO. A
competência da Justiça do Trabalho
pressupõe decisão condenatória em parcela
trabalhista geradora da incidência da
contribuição social (RE 560930 AgR,
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira
Turma, julgado em 28/10/2008, DJe-035
DIVULG 19-02-2009 PUBLIC 20-02-2009 EMENT
VOL-02349-08 PP-01574).

Recurso extraordinário. Repercussão geral


reconhecida. Competência da Justiça do
Trabalho. Alcance do art. 114, VIII, da
Constituição Federal. 1. A competência da
Justiça do Trabalho prevista no art. 114,
VIII, da Constituição Federal alcança
apenas a execução das contribuições
previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que
proferir. 2. Recurso extraordinário
conhecido e desprovido (RE 569056,
Relator(a): Min. MENEZES DIREITO,
Tribunal Pleno, julgado em 11/09/2008,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-236 DIVULG
11-12-2008 PUBLIC 12-12-2008 EMENT VOL-
02345-05 PP-00848 RTJ VOL-00208-02 PP-

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -8

00859 RDECTRAB v. 16, n. 178, 2009, p.


132-148 RET v. 12, n. 72, 2010, p. 73-
85).

Por fim, diante do quadro acima


enfocado que contempla a manifestação do TST e do STF sobre
a matéria, não há falar em violação ao disposto no art. 97
da Constituição Federal, quanto a não aplicação do
parágrafo único do art. 876 da CLT.

Dou provimento ao recurso para


declarar que a Justiça do Trabalho não tem competência para
executar as contribuições previdenciárias sobre os valores
pagos extrafolha.

Restam prejudicadas as insurgências


recursais da primeira e segunda rés relativas ao fato
gerador das contribuições previdenciárias e à cota-
empregado da contribuição previdenciária incidente sobre a
parcela salarial paga extrafolha.

Contradita das testemunhas indicadas


pela autora

A primeira e segunda rés arguem a


contradita das testemunhas indicadas pela autora sob a
alegação de manterem amizade íntima com a autora, porquanto
seus nomes constam do “facebook” da autora.

Sem razão.

Na audiência das fls. 275/276 foram


colhidos os depoimentos das testemunhas Marcelo Porto de
Oliveira Pimenta e Maicon Ricardo da Cunha, mediante

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -9

compromisso. A contradita por parte da primeira e segunda


rés foi afastada ante a assertiva de inexistir amizade
íntima entre referidas testemunhas e a autora e ausência de
provas nesse sentido pela arguinte. Cabe destacar que o
fato dessas testemunhas constarem no “facebook” da autora
não se mostra como prova suficiente de amizade íntima entre
essas pessoas.

Portanto, insubsistentes as alegações


da primeira e segunda rés. Não obstante, a análise da
prestabilidade dos depoimentos constitui questão de mérito,
pois deve ser sopesada conforme os elementos constantes dos
autos. Dessa forma, o magistrado pode colher seu depoimento
por aplicação da disposição contida no art. 405, § 4º, do
CPC, valendo-se posteriormente - se assim entender - do
princípio da livre convicção racional da prova para
indeferir a pretensão autoral (CPC, art. 131).

Relativamente a eventual existência de


troca de favores, contradições ou inverdades pronunciadas
pelas testemunhas contraditadas, elas serviriam para
desqualificar os seus depoimentos e para suprimir-lhes sua
força probatória, prejudicando, em contrapartida, a parte a
quem caberia o ônus da prova, porém, sem necessariamente
nulificar o julgado, mormente se presentes outros elementos
de prova. Cabe registrar que, no presente caso, os pedidos
foram acolhidos considerando conjuntamente a prova
testemunhal e documental, como será visto na análise do
mérito.

Rejeito a arguição.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -10

MÉRITO

1. RECURSO DA PRIMEIRA E SEGUNDA RÉS

1.1. Indenização por assédio moral


(matéria comum a ambos os recursos)

Pretendem a primeira e segunda


reclamadas a reforma da sentença neste ponto, alegando que
o deferimento da indenização por assédio moral se deu em
razão dos depoimentos das testemunhas arroladas pela autora
que, apesar de contraditadas, foram ouvidas pela magistrada
de primeiro grau, tendo ambas prestado depoimentos
inverídicos e contraditórios com o intuito de favorecer a
autora.

Em contraponto, a reclamante busca


majorar o valor fixado a título de indenização por danos
morais, alegando, em síntese, que o valor estabelecido de
R$ 3.000,00 (três mil reais) é ínfimo.

Passo à análise, iniciando pelo


recurso das rés, pois prejudicial à pretensão da autora.

Embora a exigência de cumprir metas de


produtividade não viola dispositivo de lei, o empregador
não pode afrontar os direitos da personalidade do empregado
sob tal pretexto. No caso, ficou evidenciado que a
empregada foi submetida a uma situação constrangedora e
vexatória.

Dos fatos narrados na petição inicial


- cobrança excessiva de atingimento de metas, ameaça
constante de demissão, tratamento com gritos e xingamentos,

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -11

obrigação de ludibriar as pessoas cobradas pelos


financiamentos inadimplidos passando-se o empregado por
Oficial de Justiça para o atingimento das metas impostas –
somente os xingamentos deferidos contra a autora não
restaram cabalmente demonstrados.

Nesse sentido, destaco da prova


testemunhal:

[...] que a cobrança de metas era


muito estressante, com pressão, sendo
que às vezes eram obrigado [sic] a ser
[sic] passar por Oficial de Justiça
para o cliente fazer a entrega do
carro, um funcionário ligava cobrando
o cliente e o outro funcionário ligava
para o mesmo cliente, em outro número
telefônico, se passando por Oficial de
Justiça; que o sócio da primeira ré
ficava batendo com uma “varetinha” e
régua no balcão dizendo cadê o
resultado?; [...] que mais de uma vez
o depoente e a autora foram tratados
aos gritos pelo Sr. Thiago; que ficou
sabendo que o Sr. Thiago já ofendeu a
autora, mas não sabe o que foi falado;
que também se passavam por advogados
para cobrar o cliente; que eram
ameaçados de dispensa se não cumpriam
as metas; [...] (Testemunha da autora
Marcelo Porto de Oliveira Pimenta)

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -12

[...] que o Sr. Marcio tinha um bastão


com ferro na ponte e batia nas costas
do funcionário pedindo resultado,
dizendo que ia esquartejar os
funcionários para que trabalhassem,
que tinha bastante cobrança por e-
mail, que dizia que ia diminuir a
comissão, perder a carteira, ameaçava
de dispensa; que nunca ouvir [sic]
xingamentos em relação à autora, mas
as cobranças sim; que para se destacar
tinha que dar o sangue; que o Sr.
Marcio gritava com a autora; que o Sr.
Marcio e o Thiago pediam para os que
[sic] funcionários se passassem por
Oficial de Justiça para colocar
pressão sobre os clientes; que já viu
o Sr. Márcio cutucando a autora com as
varinhas; [...] (Testemunha da autora
Maicon Ricardo da Cunha)

E mais, diferentemente do sustentado


pelas rés, a condenação por assédio moral não se deu
exclusivamente com base na prova testemunhal, tendo sido
considerada também a prova documental que acompanhou a
petição inicial.

Destaque-se que há vários e-mails


direcionados aos empregados da ré pelo Sr. Márcio Pasold,
sócio da primeira ré, em que há contundente cobrança de
metas, inclusive com ameaças de despedimento do empregado
em caso de não atingimento das metas impostas, cabendo

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -13

destaque os documentos das fls. 25, 35, 41, 43, 52, 84/85,
87, 90, 91, 92. No documento das fls. 84/85 há inclusive
menção à prática do empregado se fazer passar por Oficial
de Justiça na cobrança de clientes inadimplentes dos
financiamentos bancários.

Portanto, em que pese a testemunha


ouvida no interesse da primeira ré que a cobrança das metas
era normal, deve prevalecer os depoimentos das testemunhas
indicadas pela autora, porquanto corroborados pela prova
documental.

Nesse ponto, cabe destacar que as rés


não demonstraram a ocorrência da fraude alegada nos e-mails
juntados o processo.

Evidenciados os fatos, merecem


destaque as ponderações de Cunha Gonçalves, no que concerne
a dano moral por assédio, as quais refletem o caminho de
direito pátrio atual:

[...] há diversas classes de danos


morais, a saber: a) Os que
necessariamente se refletem no crédito e,
por isso, no patrimônio da vítima -
injúria, difamação, usurpação de nome,
firma ou marca; b) os que produzindo a
privação do amparo econômico e moral de
que a vítima gozava, prejudicam também o
seu patrimônio; c) os que, representando
a possível privação do incremento duma
eventual sucessão, constituem,
igualmente, um atentado patrimonial; d)

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -14

os que determinando grande choque moral,


eqüivalem ou excedem a graves ofensas
corporais, ainda mais do que uma
difamação ou calúnia, por serem feridas
incuráveis; e esse choque moral,
debilitando a resistência física ou a
capacidade de trabalho, e, podendo
abreviar a existência de quem o sofreu,
produz efeitos reflexos de caráter
patrimonial. Enfim, todos estes danos,
sendo suscetíveis de avaliação e
indenização pecuniária, não devem ser
havidos como extrapatrimoniais. Por isso,
dano material é o prejuízo resultante da
depreciação ou perda de uma coisa ou da
integridade física de uma pessoa. Dano
moral é o prejuízo resultante de ofensa à
integridade psíquica ou à personalidade
moral, com possível ou efetivo prejuízo
do patrimônio... (Tratado de Direito
Civil, Vol. XII, Tomo II, Max Limonad,
São Paulo, 1957, pp. 539/540)

Marie-france Hirigoyen, psicanalista e


vitimóloga, em seu livro Mal-estar no Trabalho -
Redefinindo o Assédio Moral, conceituou assédio moral como:

Qualquer conduta abusiva (gestos,


palavras, comportamentos, atitudes...)
que atente, por sua repetição ou
sistematização, contra a dignidade ou
integridade psíquica ou física de uma
pessoa, ameaçando seu emprego ou

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -15

degradando o clima de trabalho


(HIRIGOYEN, 2005: 17).

Ainda, Márcia Novaes Guedes, Juíza do


Trabalho na Bahia, afirma que:

No mundo do trabalho, mobbing (expressão


inglesa para assédio moral) significa
todos aqueles atos comissivos ou
omissivos, atitudes, gestos e
comportamentos do patrão, que traduzem
uma atitude contínua e ostensiva de
perseguição que possa acarretar danos
relevantes às condições físicas,
psíquicas, morais e existenciais da
vítima. (Terror Psicológico no Trabalho –
LTr – 2a Edição)

Destes conceitos constata-se que


assédio moral no trabalho é a exposição do trabalhador a
situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e
prolongadas durante a jornada de trabalho.

Nesse norte, para caracterizar o


assédio moral seria necessária uma repetição de atos de
modo a gerar o dano à personalidade ou à intimidade do
empregado.

Como visto, mostraram-se verdadeiras


as alegações da ocorrência reiterada de constrangimentos
impingidos à autora no afã de fazê-la atingir as metas
delimitadas, circunstância que leva à materialização da
figura jurídica do assédio moral, ato ilícito que sujeita o
empregador ao dever de reparação.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -16

Em suma, a autora se desincumbiu de


provar, ônus que lhe competia (arts. 818 da CLT1 e 333,
inc. I, do CPC2), que os representantes da empresa ré,
superiores hierárquicos, perpetraram constrangimentos em
intensidade suficiente capaz de repercutir em abalo moral a
autorizar a indenização pretendida.

Nego provimento ao recurso da primeira


e segunda rés.

No que tange ao quantum indenizatório


decorrente do dano moral, ele não se destina ao
ressarcimento de eventual prejuízo, ante a impossibilidade
de se mensurar o valor do sofrimento. Por isso, consolidou-
se o entendimento de que a indenização por dano moral é de
natureza compensatória, visto que o valor arbitrado tem a
finalidade de neutralizar os sentimentos negativos,
compensando-os com a alegria. O dinheiro seria apenas um
lenitivo, que facilitaria a aquisição de tudo aquilo que
possa concorrer para trazer ao lesado uma compensação por
seus sofrimentos (DINIZ, Maria Helena. A responsabilidade
civil por dano moral. R. Literária de Direito, São Paulo,
jan/fev/96, pág.9).

Essa indenização, ao mesmo tempo em


que visa compensar o dano sofrido pela vítima, também
contém um caráter pedagógico, pois objetiva desestimular o
ofensor à repetição de atos ilícitos.

1
Art. 818, CLT. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
2
Art. 333, CPC. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato
constitutivo do seu direito;

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -17

É admitida a teoria do valor do


desestímulo como sanção civil, que
reequilibra a relação em ao mesmo tempo,
inibe práticas danosas no futuro”
(ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim.
Responsabilidade civil do empregador
perante o novo Código Civil. Revista do
TRT da 15ª Reg, nº 22).

Além da análise destes elementos, deve


o julgador também estar atento para a condição
socioeconômica do empregado lesado, para, com isto,
verificar o que o valor arbitrado representa para o
ofendido.

Sobre os critérios que podem orientar


o arbitramento do valor da indenização, vejamos o seguinte
comentário da doutrina:

a) a fixação do valor obedece a duas


finalidades básicas que devem ser ponderadas
conforme as peculiaridades do acidente:
compensar a dor, o constrangimento ou o
sofrimento da vítima e, pedagogicamente,
combater a impunidade;

b) é imprescindível considerar o grau de culpa


do empregador e a gravidade dos efeitos do
acidente ou doença ocupacional;

c) o valor arbitrado não deve servir para


enriquecimento da vítima, nem de ruína para o
empregador;

d) o arbitramento deve ser feito com a devida


prudência, mas temperada com a necessária

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -18

coragem, fugindo dos extremos dos valores


irrisórios ou dos montantes exagerados, que
podem colocar em descrédito o Poder Judiciário
a esse avançado instituto da ciência jurídica;

e) deve-se ter em conta a situação econômica


das partes, especialmente para que a
penalidade tenha efeito prático e repercussão
na política administrativa patronal;

f) ainda que a vítima tenha suportado bem a


ofensa, permanece a necessidade da condenação,
pois a indenização pelo dano moral tem por
objetivo também uma finalidade pedagógica, já
que demonstra para o infrator e a sociedade a
punição exemplar para aquele que desrespeitou
as regras básicas da convivência humana.3

Portanto, ponderados os fundamentos


ora expostos, considerando a dimensão dos atos praticados
pelos representantes da empresa ré, impingindo à
trabalhadora tratamento constrangedor, a condição econômica
do empregador, e o caráter didático, pedagógico e punitivo
da condenação, entendo razoável o valor de R$ 3.000,00,
(três mil reais) fixado em sentença.

Nego provimento ao recurso da autora.

1.2. Comissões pagas extrafolha

A Magistrada de origem reconheceu que


a autora recebia comissões extrafolha, arbitrando o valor
de R$ 575,00 por mês, e, com isso, deferiu o pagamento de
reflexos nas férias + 1/3, 13º salários, DSR e FGTS + 40%.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -19

Pretendem a primeira e segunda rés


seja expurgado da condenação os reflexos das comissões
extrafolha aduzindo que as testemunhas arroladas pela
autora prestaram depoimentos com o nítido propósito de
favorece-la, informando valores de comissões superiores aos
declarados em depoimento pessoal da trabalhadora em Juízo.

Sem razão.

A testemunha Marcelo Porto de Oliveira


Pimenta declarou:

[...] que recebia comissão de


R$1.500,00 a R$2.500,00/R$2.800,00
mais o salário fixo; que acha que a
autora recebia também essa média de
comissão porque batia as metas; [...]

Logo, a testemunha não afirmou que a


autora recebia valores de comissões superiores aos
admitidos em Juízo, apenas por suposição acreditava que a
autora recebia tais valores.

Muito embora a testemunha Maicon


Ricardo da Cunha tenha afirmado que recebia comissões em
torno de R$ 1.800,00 a R$ 2.500,00 ao mês, enquanto a
autora as recebia no importe de R$ 1.500,00, esse fato, por
si só, não torna imprestável seu depoimento.

Da mesma forma que a testemunha


Marcelo, presume-se que a testemunha Maicon também tenha

3
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por Acidente do Trabalho
ou Doença Ocupacional. 3ª ed. São Paulo: LTr, 2007 p. 218.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -20

feito uma estimativa do valor recebido pela autora, tendo


por base o valor por ele recebido.

De qualquer forma, o valor de


comissões mencionados por essas testemunhas não foram
considerados na fixação do valor devido à autora, tendo a
magistrada a quo arbitrado o valor com base no depoimento
da autora, no qual foram informados os menores valores.

O que merece destaque para o


indeferimento das razões recursais, que tem por mote a
desconstituição da prova testemunhal pelo apontamento de
contradições nos depoimentos prestados, é que o acolhimento
do pedido levou em conta não só esse meio de prova, mas
também a prova documental, que demonstra o pagamento de
comissões aos empregados da primeira ré, como por exemplo,
aqueles juntados às fls. 25, 50 e 51.

Por fim, impende consignar que o


salário extrafolha consiste em procedimento fraudulento por
natureza, cujo o reconhecimento deflui até mesmo de
indícios e circunstâncias que apontem sua existência.

Desse modo, havendo elementos


evidenciando que a remuneração mensal total auferida pela
trabalhadora é superior àquela registrada nos recibos
salariais, impõe-se o reconhecimento do pagamento de
comissões extrafolha e sua integração à remuneração.

Nego provimento.

1.3. Multa do art. 475-J do CPC

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -21

Insurgem-se as recorrentes quanto à


aplicação do art. 475-J do CPC.

Com razão.

Considerando que a Seção de Dissídios


Individuais-1 do Tribunal Superior do Trabalho firmou
entendimento sobre a inaplicabilidade dessa regra ao
Processo do Trabalho, passo a aplicar essa orientação
superior por medida de economia judiciária, visto que
decisão em sentido contrário, nesta instância recursal,
prejudicaria a celeridade da solução do feito, já que
inevitavelmente ensejaria a interposição de recurso de
revista, muito embora no âmbito das Varas do Trabalho a
adoção da novel disciplina tenha-se revelado eficaz para a
agilização da execução da sentença, verbis:

RECURSO DE EMBARGOS DA RECLAMADA REGIDO PELA


LEI 11.496/2007. MULTA PREVISTA NO ART. 475-J
DO CPC. NÃO APLICAÇÃO AO PROCESSO DO TRABALHO.
A SBDI-1 já pacificou a controvérsia no
sentido da inaplicabilidade da multa prevista
no art. 475-J do CPC ao processo do trabalho.
Precedentes. Ressalva de entendimento da
relatora. Recurso de embargos conhecido e
provido (Processo: E-ED-RR - 371900-
26.2005.5.09.0872 Data de Julgamento:
20/06/2013, Relatora Ministra: Delaíde Miranda
Arantes, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT
01/07/2013).

ART. 475-J DO CPC - INAPLICABILIDADE AO


PROCESSO DO TRABALHO - EXISTÊNCIA DE NORMA
PROCESSUAL SOBRE EXECUÇÃO TRABALHISTA -

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -22

INCOMPATIBILIDADE DA NORMA DE PROCESSO COMUM


COM A DO PROCESSO DO TRABALHO. Ressalvado meu
posicionamento em sentido contrário, esta
Corte, por meio de decisão proferida pela
SBDI-1, consagrou entendimento no sentido de
que: -A regra do art. 475-J do CPC não se
ajusta ao processo do trabalho atualmente,
visto que a matéria possui disciplina
específica na CLT, objeto do seu art. 879, §§
1º-B e 2º. Assim, a aplicação subsidiária do
art. 475-J do CPC contraria os arts. 769 e 889
da CLT, que não autoriza a utilização da
regra, com o consequente desprezo da norma de
regência do processo do trabalho. 2. A
novidade não encontra abrigo no processo do
trabalho, em primeiro lugar, porque neste não
há previsão de multa para a hipótese de o
executado não pagar a dívida ao receber a
conta líquida; em segundo, porque a via
estreita do art. 769 da CLT somente cogita da
aplicação supletiva das normas do Direito
processual Civil se o processo se encontrar na
fase de conhecimento e se presentes a omissão
e a compatibilidade; e, em terceiro lugar,
porque para a fase de execução, o art. 889
indica como norma subsidiária a Lei
6.830/1980, que disciplina os executivos
fiscais. Fora dessas duas hipóteses, ou seja,
a omissão e a compatibilidade, estar-se-ia
diante de indesejada substituição dos
dispositivos da CLT por aqueles do CPC que se
pretende adotar. 3. A inobservância das normas
inscritas nos arts. 769 e 889 da CLT, com a
mera substituição das normas de regência da
execução trabalhista por outras de execução no
processo comum, enfraquece a autonomia do
Direito Processual do Trabalho.- (E-RR-38300-

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -23

47.2005.5.01.0052-DJ-17-06-2011). Recurso de
embargos conhecido e desprovido (Processo: E-
RR - 98200-42.2009.5.13.0001 Data de
Julgamento: 04/04/2013, Relator Ministro: Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 12/04/2013).

Nesse mesmo sentido é a Súmula n. 34


deste e. Tribunal Regional:

ART. 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE AO


PROCESSO DO TRABALHO. A cominação prevista no
art. 475-J do CPC é inaplicável ao processo do
trabalho.

Perante o exposto, dou provimento ao


recurso para excluir a aplicação do art. 475-J do CPC.

2. RECURSO DA AUTORA (matérias


remanescentes)

2.1. Horas extras. Intervalo


intrajornada

Alega a autora que a prova produzida


corrobora o aduzido na petição inicial que exercia função
sob regime de call center, o que torna devidas as horas
laboradas após a sexta diária.

Ressalta que o fundamento utilizado


pela juíza de primeiro grau para o indeferimento do pedido
foi o entendimento retratado pela Orientação
Jurisprudencial 273 do TST, que foi cancelada pela
Resolução 175/2011.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -24

Afirma ainda que a prova testemunhal


confirma a concessão de intervalo intrajornada inferior a
uma hora.

Sem razão.

Não obstante a Orientação


Jurisprudencial 273 do TST de fato tenha sido cancelada,
conforme aduzido pela autora, seu pleito foi indeferido
porque a empregadora da autora não é empresa que explora o
serviço de telefonia e principalmente porque a autora não
desenvolvia suas atividades laborais exclusivamente com o
uso do telefone, conforme denota seu depoimento prestado em
Juízo, do qual se extraí que ela “em média utilizava 50% do
tempo para pesquisa e 50% no telefone” (fl. 275).

Constata-se, dessa forma, que as


atividades desempenhadas pela autora, como operadora de
cobrança, não têm a similitude necessária para aplicar por
analogia a jornada de trabalho reduzida estabelecida para
as telefonistas no art. 227 da CLT.

Portanto, a hipótese em tela


diferencia-se do entendimento consubstanciado na Súmula nº
178 do TST, pois a finalidade do trabalho realizado é
diversa, também o sendo a finalidade da empresa. A
reclamante não tinha que atender a ligações simultâneas,
não atingindo a intensidade que possui os serviços de
telefonia.

A redução da jornada das telefonistas


(art. 227 da CLT e Súmula nº 178 do TST) decorre justamente
desse controle simultâneo de diversas chamadas em

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -25

diferentes linhas e ramais na operação de uma central (PABX


ou assemelhado) ou de uma mesa telefônica.

Registro ainda que, diante da


confissão da autora, a prova testemunhal se mostra
irrelevante para a solução da controvérsia instaurada
quanto as atividades laborais efetivamente desenvolvidas.

No tocante ao intervalo intrajornada,


da mesma forma que o Juízo de primeiro grau, entendo que a
prova testemunhal não se mostra robusta o suficiente para
desconstituir os cartões de ponto que apresentam a marcação
de horários variáveis, inclusive quanto ao intervalo para
refeições.

Note-se que enquanto a autora declarou


que “em torno de dois ou três dias por semana fazia por
volta de 30min a 40min de intervalo” a testemunha Marcelo
Porto de Oliveira Pimenta, por ela arrolada, disse “que
tinha uma hora de almoço, mas às vezes voltavam 10 a
15minutos antes em razão dos cumprimentos das metas e isso
ocorria na última semana do mês, sendo que nos outros dias
fazia uma hora”. Percebe-se divergência significativa
quanto ao período em que autora e testemunha alegam não ser
possível usufruir do intervalo intrajornada de uma hora.

O depoimento da outra testemunha


indicada pela autora, Maicon Ricardo da Cunha, no sentido
“que tinha uma hora de intervalo, mas sabe que tinha gente
que fazia menos tempo, como a autora em razão da pressão”,
também não se mostra capaz de infirmar os registros de
ponto.

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -26

Como se observa, a sentença encontra


amparo na prova produzida, não merecendo reparo, no
aspecto.

Nego provimento.

Pelo que,

ACORDAM os membros da 5ª Câmara do


Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, por
unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS, exceto quanto ao pedido
da autora de pagamento dos honorários advocatícios. No
mérito, por igual votação, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA
AUTORA e DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA PRIMEIRA E
SEGUNDA RÉS para: (1) declarar que a Justiça do Trabalho
não tem competência para executar as contribuições
previdenciárias sobre os valores pagos extrafolha, restando
prejudicadas as insurgências recursais da primeira e
segunda rés relativas ao fato gerador das contribuições
previdenciárias e à cota-empregado da contribuição
previdenciária incidente sobre a parcela salarial paga
extrafolha; (2) excluir a aplicação do art. 475-J do CPC.
Manter o valor provisório da condenação fixado na sentença.

Custas na forma da lei.

Intimem-se.

Participaram do julgamento realizado


na sessão do dia 01 de dezembro de 2015, sob a Presidência

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).
RO 0001300-31.2014.5.12.0039 -27

da Desembargadora Maria de Lourdes Leiria, as


Desembargadoras Ligia Maria Teixeira Gouvêa e Gisele
Pereira Alexandrino. Presente a Procuradora do Trabalho
Teresa Cristina D. R. dos Santos.

Florianópolis, 02 de dezembro de 2015.

MARIA DE LOURDES LEIRIA

Relatora

Documento assinado eletronicamente por MARIA DE LOURDES LEIRIA, Desembargadora Redatora,


em 03/12/2015 (Lei 11.419/2006).

Вам также может понравиться