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A LINHA DO TEMPO DO EMPREENDEDORISMO: A EVOLUÇÃO

HISTÓRICA DO CONCEITO

Área: Administração

Jheine O. Bessa Franco


Universidade Estadual de Maringá – UEM
e-mail: jheineobessa@gmail.com
Josiane Barbosa Gouvêa
Universidade Estadual de Maringá - UEM Autor
e-mail: josidapper@hotmail.com

Resumo
O presente artigo tem como objetivo revisar os estudos do termo empreendedorismo na
literatura relevante ao longo do tempo, colaborando para um maior entendimento relacionado
ao tema. No presente estudo, utilizou-se uma pesquisa exploratória, buscou-se por meio de
uma revisão bibliográfica identificar os principais estudos desenvolvidos, bem como sua
delimitação e conceituação. Assim, este estudo aborda as visões sobre o empreendedorismo e
o indivíduo empreendedor de acordo com uma divisão a qual será chamada de série: série
econômica, série das ciências sociais e série dos estudos gerenciais. Verificou-se que a
existência do indivíduo empreendedor é de longa data e trouxe contribuições significativas
para a sociedade ao longo do tempo, no entanto, o seu estudo como campo de pesquisa é
relativamente novo e vem se consolidando como componente multidisciplinar em virtude de
suas diversas vertentes. Apesar de ser uma área em constituição, é pertinente o entendimento
de seus pressupostos.

Palavras chave: Empreendedorismo, conceito, evolução.

1 Introdução

Com o ambiente empresarial de constantes e rápidas mudanças, quebra de paradigmas


e alta concorrência, os consumidores estão mais exigentes a cada dia, fazendo com que as
organizações tenham necessidade de estarem atentas a tais mudanças, visando satisfazer as
necessidades e expectativas dos mesmos. A partir deste contexto, o termo empreendedorismo
obteve força e representatividade tornando-se objeto de estudos acadêmicos de pesquisadores
das mais diversas áreas, além das habituais. Por ser um campo em construção, ainda jovem
como afirma Landströn (2005) entre 20 e 25 anos de idade, as possibilidades de pesquisa são
muito promissoras, pois seu conceito, definição e a delimitação de seu campo de estudo ainda
são assuntos emergentes.
De acordo com Filion (1999, p. 14), “definir o empreendedor é um desafio perpétuo,
dada a ampla variedade de pontos de vista usados para estudar o fenômeno”. Desta forma, o
presente artigo não pretende definir o termo empreendedorismo de forma determinante, mas
sim, identificar através das perspectivas históricas como o mesmo vem se desenvolvendo no
decorrer do tempo. Para tanto se faz necessário deixar claro que esta pesquisa está relacionada
ao delineamento do campo de pesquisa do empreendedorismo e não ao fenômeno em si, como
delimita Per Davidsson (2005, p.17) “... o empreendedorismo como domínio de pesquisa visa
uma melhor compreensão do fenômeno que nós chamamos de empreendedorismo.”.
Diante dos comentários acima, esta investigação tem como objetivo estudar as
diferentes perspectivas epistemológicas existentes sobre o campo do empreendedorismo, com
o intuito de prover um auxílio para o incremento do conhecimento sobre o assunto. Desta
forma, o presente artigo estrutura-se da seguinte maneira: inicialmente apresenta-se uma
breve discussão em relação ao tema e sua origem; na sequência é exposta a metodologia
utilizada para o desenvolvimento do trabalho, caracterizada por um enfoque
teórico/bibliográfico desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória; logo após aborda-
se os principais autores e suas perspectivas a respeito do empreendedorismo, mostrando a
evolução do conceito ao longo do tempo. Primeiramente é conferida a série dos estudos de
economistas como Cantillon (1680-1734), Say (1767-1832), Schumpeter (1883-1950) entre
outro. Na sequência investigam-se os estudos das ciências sociais discutidos por autores entre
eles, McCelland (1972) e Rotter (1966). Finalmente aborda-se a série dos estudos gerenciais,
alguns autores como: Bruyat e Julien (2000) são mencionados, assim como o enfoque
effectuation com a contribuição de Sarasvathy (2001) as considerações contemporâneas sobre
o assunto e ao final a linha do tempo com as principais contribuições a respeito do tema no
decorrer dos anos. Ao final, são tecidas as conclusões da pesquisa com as contribuições e
sugestões para possíveis pesquisas futuras.

2 Evolução histórica do conceito empreendedorismo: breve discussão de seu significado

Empreendedor (entrepreuner) é uma palavra originalmente francesa que apareceu pela


primeira vez em 1437, sendo que a definição mais comum usada na época era “celui qui
entreprend quelque chose” e quer dizer aquele que se compromete com algo (LANDSTRÖN,
2005, p. 08). Mas deve-se ter certo cuidado em relação às definições, principalmente em áreas
novas como é o caso do empreendedorismo, são sempre traiçoeiras. Não é surpresa que não
exista uma definição concisa e universalmente aceita, mas a tradução literal da palavra
entrepreuner significa aquele que está entre, ou intermediário (HIRSRICH & PETERS, 2009;
BARON & SHANE, 2007).
Observando pela perspectiva história de forma geral, pode-se notar que os
empreendedores sempre existiram e contribuíram para o desenvolvimento da sociedade em
que atuaram, tornando a visão em relação aos mesmos, cada vez mais positiva (BARON &
SHANE, 2007). Autores como Hisrich e Peters (2009), ao mencionar sobre origens e
conceitos do termo empreendedor, afirmam que ele já era usado desde a idade média para
descrever tanto a pessoa que participava quanto a que gerenciava grandes projetos de
produção (construção de castelos, fortes etc.). Mas é no século XVII que a noção de risco é
associada ao empreendedorismo, pois ao financiar contratos ou realizar serviços com o
governo, o empreendedor assumia certo grau de risco. Só então no século XVIII e XIX, que o
termo empreendedor passa a assumir um caráter mais próximo de empresário, diferenciando-o
do capitalista (HISRICH & PETERS, 2009).
No entanto, as pesquisas relacionadas ao tema emergiram de forma significativa nas
décadas de 70 e 80, reforçados por fatores externos que contribuíram para que tal abordagem
fosse difundida, tem-se desta forma, que o campo de pesquisa relacionado ao
empreendedorismo é extremamente novo e está em processo de formatação (LANDSTRÖM
& LORKE, 2010), verificando-se, principalmente nos anos 80, sua expansão para outras áreas
de estudo (FILION, 1999). Devido a estas raízes em diversas disciplinas mais antigas, a
compreensão e sustentação do termo empreendedorismo se faz necessário múltiplas
abordagens. E é devido a essa multidisciplinaridade e a falta de limites do campo de estudo,
que não há uma definição concisa e amplamente aceita (BARON & SHANE, 2007; HISRICH
& PETERS, 2009; BRUYAT & JULIEN, 2000). Desta forma percebe-se que, o estudo do
empreendedorismo está em constante aperfeiçoamento para identificação das limitações do
campo, o que o torna atraente para realização de pesquisas em diferentes áreas do
conhecimento. Assim, como uma forma de facilitar o estudo do campo, os autores Stevenson
e Jarillo (1990) delimitam a área do empreendedorismo através de uma classificação de três
correntes principais:

Áreas de estudo Definição


O que acontece quando os Concentra-se nos resultados das ações empreendedoras, e não
empreendedores agem (what) apenas no empreendedor ou em suas ações, formada por
economistas.
Por que os empreendedores Abordagem composta por psicólogos e sociólogos e fornece uma
agem (why) visão do empreendedor como indivíduo, as causas que o levam a
agir e tendo como objeto de análise sua experiência, suas
motivações, seu ambiente e seus valores.
E como os empreendedores Esta corrente tem o foco na gestão empreendedora. Como os
agem (how) empreendedores, independentemente das razões pessoais, são
capazes de alcançar seus objetivos, ou seja, quais são suas
habilidades gerenciais e administrativas.
Quadro 1: Delimitação da área de estudo do empreendedorismo
Fonte: STEVENSON e JARILLO (1990)

Assim como Stevenson e Jarillo, Landströn e Lohrke (2010) demarcam os estudos do


empreendedorismo em três diferentes eras nas quais algumas disciplinas específicas
dominaram, como mostra a figura 2. Segundo estes pesquisadores os autores franceses
atribuíram ao empreendedorismo conceitos desenvolvidos em diferentes direções, além de
outros autores de diferentes áreas, o que tornou o campo de pesquisa altamente
multidisciplinar, desta forma, esta delimitação colabora para uma maior compreensão do
campo (LANDSTRÖM & LOHRKE, 2010).

Figura 1: Três eras do pensamento empreendedor


Fonte: LANDSTRÖM e LOHRKE (2010, p. 20)
A partir do já disposto acima, verifica-se que as definições e particularidades
empregadas para definir o empreendedorismo variam de acordo com as diferentes
perspectivas de diversos autores. Para esta pesquisa, serão utilizadas três categorias para
definição de empreendedorismo baseadas nas delimitações acima, são elas: Série Econômica,
Série das Ciências Sociais e Série dos Estudos Gerenciais.

3 Metodologia

Para a elaboração deste estudo realizou-se uma pesquisa exploratória, a qual tem como
objetivo proporciona r uma maior visibilidade do assunto a ser abordado, aprimorando ou
descobrindo uma concepção (GIL, 2009). A partir daí, pretendeu-se descrever a evolução do
empreendedorismo como objeto de estudo ao longo dos anos. Com base em um levantamento
de dados bibliográficos baseado fundamentalmente, em referências bibliográficas, revistas,
periódicos e anais de eventos científicos, com a intenção de analisar as diferentes abordagens
utilizadas nas pesquisas sobre o campo do empreendedorismo. Para Gil (2009) a pesquisa
exclusivamente bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado e divulgados,
principalmente livros e artigos científicos. Sua finalidade é levar ao leitor às contribuições
passadas existentes sobre determinado assunto e assim proporcionar o desenvolvimento da
pesquisa através da explicação de um problema (CERVO & BERVIAN, 2002; FACHIN,
2003).

4 Perspectivas teóricas do fenômeno do empreendedorismo

Como vem sendo observado, a multiplicidade de raízes científicas identifica o


empreendedorismo como um fenômeno e / ou a criação de limites claros do campo acadêmico
são importantes, mas não são tarefas simples (SHANE & VENKATARAMAN, 2000), desta
forma, nesta perspectiva buscou-se um entendimento do termo empreendedorismo de acordo
com as séries propostas.

4.1 Série Econômica

A priori o empreendedorismo foi identificado pelos economistas como um elemento


útil à compreensão do desenvolvimento (FILION, 1999). Seu termo ganhou um significado
econômico mais preciso nas obras de Richard Cantillon (1680-1734), banqueiro e economista
do século XVIII. A característica básica de sua análise era a ênfase no risco e na incerteza
(LANDSTRÖN & LOHRKE, 2010). Segundo Filion (2000) para Cantillon o empreendedor
era aquele que comprava matéria prima por um preço certo para revendê-la a um preço incerto
e seu interesse pelos empreendedores harmonizava-se com o ideário dos pensadores liberais
da época que exigiam liberdade plena para que cada um pudesse tirar melhor proveito dos
frutos do seu trabalho, ou nas palavras de Bruyat e Julien (2000, p. 167), para Cantillon “O
empreendedor é alguém que assume os riscos e pode legitimamente apropriar-se de qualquer
lucro”. Esta descrição chamou a atenção de alguns autores franceses entre eles os chamados
fisiocratas como Turgot e Baudeau liderados por François Quesnay (1694-1774).
Outro escritor francês que deve ser mencionado é Jean-Baptiste Say (1767-1832) que
diferenciava o empreendedor do capitalista, sendo que os capitalistas eram os financiadores de
investimentos e os empreendedores como investidores que inovam, organizavam e
coordenavam os meios de produção, assumindo os riscos ou incertezas com esta atividade
(BRUYAT & JULIEN, 2000; FILION, 1999; LANDSTRÖM & LOHRKE, 2010). Em sua
obra Filion (1999, p.07) relaciona as visões de Cantillon e Say a respeito dos empreendedores:
“... pessoas que corriam riscos, basicamente porque investiam seu próprio dinheiro”. O risco e
a incerteza foram temas abordados por Frank Knight (1885-1972). Ele fez uma distinção entre
ambos e afirmou que, ao contrário do risco, a incerteza é onipresente e não pode ser
conhecida. Por esse motivo, o lucro empresarial corresponderia precisamente à recompensa
com os custos da incerteza, ou seja, o empreendedor espera que o lucro seja a recompensa por
enfrentar estes fatores que não podem ser calculados (CASSON et. al, 2006; LANDSTRÖM
& LOHRKE, 2010).
Assim como os autores supracitados, Schumpeter (1883-1950) destaca o
empreendedor como agente no processo do desenvolvimento econômico: “Chamamos
“empreendimento” à realização de combinações novas; chamamos “empresários” aos
indivíduos cuja função é realizá-las” (SCHUMPETER, 1997, p. 83). Apesar de o termo
empreendedorismo vir de longa data, foi mesmo com as contribuições fundamentais
schumpeterianas no século XX que seu significado passou a ter uma forte associação à
inovação. De acordo com Schumpeter o empreendedor cria imperfeições no mercado para
introduzir inovações e são estas inovações que movem a economia (LANDSTRÖM &
LOHRKE, 2010). Antes de Schumpeter, o autor Clark (1899) já havia associado
empreendedorismo a inovação, e depois de Schumpeter, vários economistas interessados no
empreendedorismo como Higgins (1959), Baumol (1968), Schloss (1968), Leibenstein (1978)
também fizeram esta associação (FILION, 1999).
Baumol (1968) sugere duas divisões ao empreendedorismo que segundo ele são
totalmente diferentes no conteúdo: os organizadores do negócio, que se refere a alguém que
pode criar, organizar e atuar em um novo negócio, ou não. Para ele não há nada de inovador
nestas ações, mas sim uma especialização na administração do novo negócio. Este é o perfil
descrito pelos autores Turgot, Say, Knight e Kirzner (BRUYAT & JULIEN, 2000; FILION,
1999). A segunda divisão é a do empreendedor como inovador, são aqueles que já sabem
como administrar o negócio, mas precisam aprender a transformar as invenções e ideias em
algo economicamente viável, inovando constantemente. Nesta visão, estão as características
do empreendedor de Cantilon e Schumpeter (BRUYAT & JULIEN, 2000; FILION, 1999).
Mas há um discípulo da escola Austríaca que é contrário a visão de Schumpeter do
empreendedor como agente que introduz inovação e gera desequilíbrio que provoca o
crescimento da economia, Kirzner (1973) de acordo com sua obra, a questão central do
empreendedorismo é a descoberta de oportunidades geradas pelos desequilíbrios econômicos,
ou seja, o empresário conhece ou reconhece coisas que outros não têm. Para Kirzner o
empreendedor na verdade é uma pessoa que está sempre alerta as imperfeições do mercado e
as verifica por meio de uma assimetria de informações. Com isso o empreendedor tenta
coordenar os recursos de forma mais eficiente para restabelecer o equilíbrio do mercado
(HILLS & SHRADER, 1998; LANDSTRÖM & LOHRKE, 2010). De forma sucinta: “... o
empreendedor de Schumpeter cria o desequilíbrio no mercado, enquanto o empreendedor de
Kirzner identifica o desequilíbrio e age sobre ele” (LANDSTRÖN, 2005, p. 14). Kirzner
segue a linha de outro autor chamado Hayek que reflete sobre a natureza do conhecimento, do
processo de mercado como um processo de descoberta (CASSON et. al, 2006).
Kirzner (1983 apud DAVIDSSON, 2005 p.2) compilou o papel dos empreendedores
segundo teorias apresentadas por economistas:

Papel dos empreendedores na visão dos economistas


Kirzner (1983) • um tipo específico de trabalho o serviço
• assumem o risco
• inovador
• arbitrador
• coordenador, organizador ou quem preenche a lacuna (filler-gap)
• proporciona liderança
• exerce uma verdadeira vontade
• age como um especulador
• age como um empregador
• age como um superintendente ou gerente
• age como fonte de informação
• fica atento à oportunidades ainda ignoradas no mercado
Quadro 2: Papel dos empreendedores na visão dos economistas
Fonte: KIRZNER (1983 apud DAVIDSSON, 2005, p. 2).

Os autores Bruyat e Julien (2000) citam as principais posições defendidas pelos


economistas em relação ao empreendedor, que são: o empreendedor é uma pessoa que assume
riscos e incertezas; organiza e coordena os fatores de produção e a visão de um agente
inovador (BRUYAT & JULIEN, 2000). Para Druker (2001) os economistas não conseguiram
identificar as causas e características que tornam o empreendedorismo eficaz. Eles encaram o
empreendedorismo como algo meta-econômico, ou seja, ele influência a economia, mas não
faz parte dela. Casson et. al (2006), também critica o pensamento neoclássico da economia,
para o autor os estes escritores tendem a ignorar os fatores culturais e comportamentais do
indivíduo, ou em outras palavras, os economistas não aceitam modelos não-quantificáveis e
isto levou o universo do empreendedorismo a buscar respostas na visão comportamentalista
para melhor entender a conduta do empreendedor (FILION, 1999).

4.2 Série das Ciências Sociais

A partir do século XX o empreendedorismo começou a se afastar das pesquisas por


modelos econômicos e passou a ser campo de interesse de muitos cientistas sociais, pois a
economia como disciplina passou a ser muito formalizada e com forte orientação matemática
(LANDSTRÖM & LOHRKE, 2010). Assim, entre os anos de 1950 e 1960 os pesquisadores
da ciência comportamental tomaram pra si as investigações no campo do empreendedorismo e
assumiram como ponto de partida, segundo Landströn (2008, p. 304) ver se vai no fim a pág.
o seguinte questionamento: “Por que alguns indivíduos tendem a começar seu próprio negócio
enquanto outros não? A resposta foi: depende do fato de que alguns indivíduos têm certas
qualidades que outros não têm.”.
Esta série das Ciências Sociais tem como fundadores McClelland (1961) e Collins e
Moore (1964) e pode ser denominada como comportamental, pois se refere aos estudos nas
áreas da psicológica, sociológica ou ainda, psicanálise e demais especialidades do
comportamento humano (STEVENSON & JARILLO, 1990; FILION, 1999). O estudo
comportamental dá ênfase nas características do indivíduo para explicar o perfil do
empreendedor, o que para os autores, foi de alguma forma “perdida” na análise econômica.
Um dos pesquisadores pioneiros nesta área foi Max Weber (1864-1920) e suas contribuições
referentes ao empreendedorismo estão em trabalhos diversos. Seu trabalho procurou explicar
como sistemas sociais mudam de uma posição estável para outra, abrindo caminho para a
exploração do papel do empreendedor nesta mudança. Weber define um tipo de pessoa dotada
de carisma a qual ele define em seu conceito de Liderança carismática e que Landströn
compara o que chamamos de empreendedor (LANDSTRÖM, 2005; LANDSTRÖM &
LOHRKE, 2010).
A perspectiva sociológica considera o contexto em que os indivíduos estão inseridos
em grupos sociais, suas experiências e como estas influenciam a escolha dos que
empreendem, em outras palavras, o importante não é apenas verificar os valores e aspirações
do empreendedor, mas também a sociedade juntamente com suas instituições, pois estas
apresentam forte influência sobre o empreendedor (CASSON et. al, 2006; SELTISIKAS &
LYBEREAS, 1996). Mas deve haver uma distinção, segundo Davidsson (2005), entre
empreendedorismo como um fenômeno social e empreendedorismo como um domínio de
pesquisa, um dos motivos é que o empreendedorismo precisa ser estudado antes de seus
resultados acontecerem.
O conceito de empreendedorismo com uma abordagem centrada no indivíduo, vem
sendo estudado a partir de Schumpeter (1997), Max Weber (1982), McClelland (1972), sendo
este último o autor que marca o início dos estudos do comportamento humano como ciência
para o empreendedorismo, David C. McCelland (1972) que afirmou que a motivação humana
é um dos fatores que contribui para o crescimento econômico de uma nação. O autor
identificou o três maiores motivos que impactam o comportamento empreendedor:
necessidade ou motivo de realização, onde procurou abordar a busca de oportunidade e
iniciativa do indivíduo além de características tais como, predisposição ao risco moderado,
persistência, comprometimento entre outras. O segundo motivo diz respeito à necessidade de
afiliação onde são mencionados aspectos referentes ao planejamento, a busca por
informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemático. O
terceiro conjunto está relacionado ao conceito de poder e associa os atributos de
independência e autoconfiança, persuasão e rede de contatos.
Alguns pesquisadores como Aldrich e Zimmer (1986) e Carroll e Mosakowski (1987)
apesar de oferecerem em seus trabalhos críticas relativas a pesquisa empírica sobre o papel da
motivação humana no empreendedorismo, não descartam o valor da compreensão da
motivação humana no processo empreendedor (SHANE, LOCKE & COLLINS, 2003). Para
superarem muitas dessas críticas de pesquisas anteriores e também sugerir para estudiosos,
modos de desenvolvimento de explicações mais realistas sobre a influência no
comportamento humano sobre o processo empreendedor, Shane, Locke e Collins (2003) em
seu artigo intitulado: Entrepreneural Motivation (2003) assinalam diversas motivações
humanas que influenciam o processo de empreender. Para isso, assumem que a ação humana é
resultado de fatores motivacionais e cognitivos, e não apenas ela, mas também fatores
externos são responsáveis pelo ato de empreender.
O grande foco da literatura que aborda características psicológicas nas atividades
empreendedoras, é sobre a necessidade de realização do indivíduo, como afirma Rotter (1966)
e que depois desta a que mais recebe atenção é a denominada como “locus de controle”. Esta
perspectiva mostra que as pessoas possuidoras de locus de controle interno acreditam que as
suas ações (comportamento) interferem em seus resultados muito mais que o ambiente, e elas
conseguem verificar quando erram ou acertam em suas ações. Nas palavras de Landströn
(2005, p. 298) “uma pessoa acredita que a realização de um objetivo é dependente de seu
próprio comportamento ou características individuais consideradas controle interno”, mas se a
pessoa acredita que esta realização é fruto de sorte ou fatores externos, esta possui o locus de
controle externo.

4.3 Era dos Estudos Gerenciais

Após um período de forte discussão sobre o comportamento do indivíduo e como este


interfere no desempenho empreendedor, uma nova dimensão começa a surgir nas pesquisas.
Observação dos estudos agora é voltada para o “como” este empreendedor age
(STEVENSON & JARILLO, 1990), ou seja, o comportamento gerencial do empreendedor.
Gartner (1985) sugere que os pesquisadores devem observar os empreendedores no processo
de criação de organizações, da mesma forma, Seltisikas e Lybereas (1996) deliberam que o
empreendedorismo no gerenciamento de negócios, tem seu foco principal em como pequenas
empresas começam. Para Christensen, Ulhoi e Madsen (2002), o empreendedorismo é o cerne
da criação de novas organizações. Bygrave (1997) colabora com essa afirmação considerando
o empreendedorismo como a essência da livre organização em função do nascimento de
novos negócios o que, na sua perspectiva, é responsável por gerar vitalidade ao mercado e
permitir desenvolvimento econômico. Entretanto, Davidsson (2005) inclui que a pesquisa
sobre empreendedorismo estuda não só a criação de novos negócios como também o
aparecimento de novos mercados.
Assim, levando em conta os pontos acima descritos Bruyat e Julien (2000), afirmam
que atualmente, duas tendências vêm sendo discutidas em relação ao empreendedorismo. A
primeira entende o empreendedor como sendo o indivíduo que cria e desenvolve novos
negócios, de qualquer natureza. Já a segunda tendência compreende o empreendedor como
inovador que altera a economia de alguma forma. Estas distinções são apontadas por Hisrich e
Peters (2009) como a diferença de “inventor versus empreender”, sendo o primeiro alguém
que se apaixona pela invenção e dificilmente a altar para torná-la comercial, enquanto o
empreendedor se apaixona pelo novo empreendimento e foca seus esforços para que este dê
certo, ou segundo as palavras dos próprios autores: “os inventores curtem o processo de
invenção, não o de implementação” (HISRICH & PETERS, 2009, p. 31).
Gartner (1985), em suas pesquisas apresentadas em estudos anteriores, alega que há
vários tipos de empreendedores e empresa, sendo assim a abertura de um novo negócio é um
fenômeno complexo e multidimensional, que varia de acordo com o ambiente em que estão
inseridos. O autor salienta ainda que o processo de empreendedor envolve quatro aspectos
fundamentais, demonstrados através da figura 4, quais sejam: indivíduo, organização,
ambiente e processo.

INDIVÍDUO
Pessoa envolvida no
início do novo negócio

AMBIENTE ORGANIZAÇÃO
caracteriza o tipo de
empresa que está
iniciando suas
elementos e/ou situações que
atividades.
irão influenciar no
direcionamento das ati-
vidades da organização
recém-criada

PROCESSO
diz respeito às ações
desempenhadas pelo
indivíduo para iniciar o
empreendimento.

Figura 2: Estrutura para criação de uma nova empresa


Fonte: Adaptado de Gartner (1985).

Em virtude de seu dinamismo, não se pode restringir o empreendedorismo a um


fenômeno individual. É mais provável ser plural do que singular, ou seja, a atividade
empreendedora reside não apenas em uma, mais em muitas pessoas (GARTNER, SHAVER &
GATEWOOD, 1994). Porém, é preciso levar em conta diversos fatores externos envolvidos.
“Ambiente geral e as relações, por exemplo, com a família, as redes e o papel dos modelos
provenientes do meio, têm muita importância no desenvolvimento de cada empresa”
(JULIEN, 2010, p. 17). Neste sentido, o autor considera a atividade empreendedora como
uma ação coletiva e não apenas individual, ou seja, “essas diferentes influências fazem do
empreendedor um ser plural e coletivo que se constrói aos poucos e determinam as razões que
levarão o indivíduo mais ou menos preparado a tornar-se um empreendedor.” (JULIEN, 2010,
p. 17).
Os autores Shane e Venkataraman (2000) verificaram que nos estudos sobre
empreendedorismo, o que se tem são definições que vem sendo aceitas pelos pesquisadores de
forma geral. Com isso, os autores se manifestaram no sentido de demarcar o campo para os
estudos do tema, caracterizando o fenômeno do empreendedorismo em três perguntas de
pesquisa:

Questões de pesquisa Objetivo das questões


De que forma ocorre o processo de descoberta das oportunidades de
criação de novas atividades econômicas;
Como algumas pessoas e não outras descobrem as oportunidades e as
Porque, quando e como?
exploram;
Diferentes modos de ação são utilizados para explorar as
oportunidades empreendedoras.
Quadro 3: Perguntas para pesquisa
Fonte: Adaptado de Shane e Venkataraman (2000)

Assim, os autores propõem que as pesquisas se adequem aos seguintes pressupostos:


1- Abordagem de desequilíbrio;
2- O empreendedorismo não necessariamente requer, mas pode incluir a criação de uma
nova organização;
3- Esta estrutura complementa trabalhos desenvolvidos por pesquisas sociológicas e
econômicas;
4- Esta estrutura também complementa as pesquisas sobre criação de empresas.
O maior destaque da abordagem de Shane e Venkataraman relaciona-se a existência
de oportunidades:
“o empreendedorismo, como uma área de negócios, busca
entender como surgem as oportunidades para criar algo novo
(novos produtos ou serviços, novos mercados, novos processos
de produção ou matérias-primas, novas formas de organizar as
tecnologias existentes); como são descobertas ou criadas por
indivíduos específicos que, a seguir, usam meios diversos para
explorar ou desenvolver essas coisas novas, produzindo assim
uma ampla gama de efeitos.” (SHANE & VENKATARAMAN,
2000, p. 218).

Filion (1999) comenta que empreendedor é como uma pessoa criativa, marcada pela
capacidade de estabelecer e atingir objetivos, e que mantém alto nível de consciência do
ambiente em que vive usando-a para detectar oportunidade de negócios.
A oportunidade se refere a uma série de condições externas comprovadamente
favoráveis para identificação e exploração de novos negócios, ou seja, ela é fonte de inovação.
(DAVIDSSON, 2005; DRUCKER, 2001). Estudiosos do empreendedorismo estão procurando
entender ‘por que’ e ‘como’ alguns indivíduos, e não outros, identificam mais oportunidades e
oportunidades com benefício superior de criação de riqueza (UCBASARAN; WESTHEAD;
WRIGHT, 2009). Porém, apenas a identificação das oportunidades não basta segundo
Stevenson, Roberts e Groubeck (1985) que afirmam que não só identificar, mas também
selecionar as melhores oportunidades para novos negócios estão entre as mais importantes
habilidades de um empreendedor de sucesso.
Outros pesquisadores contribuíram com enquadramentos para o estudo do
empreendedorismo, entre eles estão os autores Low e MacMillan (1988) que defenderam que
a abordagem dos traços de personalidade levou ao reconhecimento de que a investigação tem
que adotar medidas mais contextuais e orientadas para processos.

4.3.1 Abordagem Effectuation

O contínuo aprimoramento dos conceitos em relação ao empreendedorismo pode ser


identificado, entre outros fatores pelo fato de estarem surgindo novas abordagens relacionadas
ao processo empreendedor nos últimos anos. Para Baron e Shane (2007) o empreendedorismo
pode ser visto como um conjunto de processos desenvolvidos através de fazes específicas,
porém relacionadas e não facilmente delimitadas, ao longo do tempo. Dentre as novas
abordagens, destaca-se a effectuation identificada pela professora Sara Sarasvathy (2001), que
verificou dois processos de tomada de decisão: o raciocínio causal, que se tem um objetivo já
pré-determinado e um conjunto de meios para procurar a melhor forma de atingi-lo e a
abordagem effectual, onde ocorre o inverso, a partir de um conjunto de meios, é que surgem
diferentes objetivos a serem alcançados. As abordagens apresentadas não são mutuamente
excludentes, mas são utilizadas de forma separada nas diferentes fases do processo de criação
de um novo negócio. Tem-se que a abordagem effectual como preferência a utilização do
raciocínio effectual nos estágios iniciais do processo. Esta diferenciação pode ser observada
através das figuras 6 e 7 respectivamente:

Figura 3: Raciocínio Causal Figura 4: Raciocínio Effectual


Fonte: SARASVATHY (2001) Fonte: SARASVATHY (2001)

De forma geral, na comparação entre causation e effectuation, a diferença reside nas


escolhas, isto é, enquanto na lógica racional os meios são escolhidos para criar um efeito
particular, na lógica effectual a escolha é feita entre os vários efeitos possíveis, usando um
determinado conjunto de meios (SARASVATHY, 2001). A figura 8 ilustra essa diferença:

Processo Causal Categorias de Diferenciação Processo de Efetuação


• Resultado é dado. Dados • Somente alguns meios são dados.
• Ajuda a escolher entre possíveis
• Ajuda a escolher entre meios resultados que podem ser
criados com os meios dados.
para alcançar o resultado dado.
• Critério se seleção baseado em
• Critério de seleção baseado
perdas suportáveis ou riscos
sobre o retorno esperado.
Critérios de Seleção Para aceitáveis.
• Ator dependente: a escolha
Tomada de Decisão • Ator dependente: dados os meios
de meios é dirigida por
específicos, a escolha dos
características que o tomador de
resultados é dirigida pelas
decisão espera criar e por seu
características do ator ou por
conhecimento de possíveis meios.
sua habilidade de descobrir e
usar contingências.
• Excelente em explorar o • Excelente em explorar
Competências Empregadas
conhecimento. contingências.
• Mais presente em natureza. • Mais presente em ação humana.
• Mais útil em ambientes Premissa explícita de ambientes
Contexto de Relevância
estáticos, lineares e dinâmicos, não lineares e
independentes. ecológicos.
• Foco nos aspectos previsíveis de • Foco nos aspectos controláveis de
Natureza do Desconhecido
um futuro incerto. um futuro imprevisível.
• À medida que podemos controlar
• À medida que podemos prever o
Lógica Fundamental o futuro, não necessitamos
futuro, podemos controlá-lo.
prevê-lo.
• Participação de mercado em • Novos mercados criados através
mercados existentes através de Resultados de alianças e outras estratégias
estratégias competitivas. cooperativas.
Quadro 4: Diferença entre abordagem causal x effectual
Fonte: SARASVATHY (2001).

Em termos gerais, pode-se dizer que effectuation é o inverso de causalidade


SARASVATHY, (2001), ou seja, na lógica effectual há uma visão do que pode ser feito
através dos meios que estão disponíveis, que são propiciados pelos ambientes de negócios
onde a realidade está em construção sendo que a ação do indivíduo é indispensável em sua
composição DEW (2008). Desta forma, tem-se nesta abordagem a possibilidade de tomada
de decisões em meio a um ambiente de incertezas, ou seja, sem que os objetivos estejam
totalmente definidos. A autora menciona a importância do efeito da vontade dos stakeholders
na construção do empreendimento contribuindo, não apenas com recursos, mas também no
refinamento da visão e oportunidade (SARASVATHY, 2008). Esta relação dos stakeholders é
descrita por Sarasvathy em um dos princípios o qual ela denomina de colcha de retalhos, onde
compara o compromisso dos parceiros a um retalho, que conforme vão realizando
negociações contínuas, estas vão moldando uma colcha cada vez maior, assim, os
stakeholders trocam recursos pela chance de ajustar os fins do projeto (SARASVATHY,
2008).
Na lógica effectuation a criação de um empreendimento é de acordo com três
categorias básicas dos meios dos empreendedores e dos stakeholders, conforme a figura
abaixo:

Categorias de meios Definição


Quem eu sou? Identidade - são as características pessoais, os gostos e preferências.
O que eu conheço? Conhecimento - a educação, experiência, expetise.
Quem eu conheço? Redes - as redes sociais e profissionais
Quadro 5: Categoria dos meios dos empreendedores
Fonte: Adaptado, Sarasvathy (2001 e 2008)

Estes fatores permitem que as metas surjam contingencialmente, com o tempo, de


imaginações e aspirações suas e de pessoas com quem interagem, sendo possível controlar
eventos futuros ao invés de prevê-los (SARASVATHY, 2008). A identificação da lógica
effectual no processo empreendedor, é sintetizado por Sarasvathy, em um modelo effectual
descrito em quatro princípios:

Effectual X Causal
Perdas toleráveis: o empreendedor Retorno esperado: maximização dos
determina um nível de perda aceitável, retornos no presente.
prefere opções que criarão outras opções no
futuro.
Parcerias estratégicas: alianças estratégicas Análises competitivas: análise detalhada dos
e comprometimentos com stakeholders, competidores.
como forma de eliminar/ reduzir incertezas e
construir barreiras para diminuir a
concorrência.
Exploração das contingências: effectuation Conhecimentos pré-existentes: causation
seria mais indicado para explorar as pode ser preferível quando o empreendedor
contingências que aparecem inesperadamente possui um conhecimento específico, sobre
no decorrer do processo empreendedor. alguma nova tecnologia, por exemplo.
Controle de um futuro imprevisível: Predição de um futuro incerto: foca nos
effectuation tem como foco os aspectos aspectos que podem ser previstos,
controláveis, considerando o futuro como considerando que o futuro é incerto.
imprevisível. Assim, desde se possa controlar
o futuro, não é preciso prevê-lo.
Quadro 6: Diferença entre abordagem causal x effectual
Fonte: Adaptado Sarasvathy (2001).

Verificou-se que o effectuation não busca definir o conceito empreendedorismo, mas


tenta contribuir no sentido de avanço em relação ao campo de estudos.

5 Conceitual linha do tempo do empreendedorismo

A luz das abordagens verificadas a cima, buscou-se construir uma linha do tempo,
demonstrada na figura 11, de forma a abarcar a evolução dos diferentes e até complementares
objetos de estudo no transcorrer dos anos, buscando uma melhor visualização dos conceitos
em cada época.

Figura 5: Linha do tempo dos estudos sobre empreendedorismo.


Fonte: Elaborado pelas autoras
6 Conclusão

O objetivo deste artigo foi demonstrar como, no decorrer do tempo o campo de estudos
relacionado ao empreendedorismo vem se desenvolvendo e se fortalecendo, chamando a atenção
de pesquisadores de diversas áreas – devido à sua abordagem multidisciplinar – a fim de que
possa ser estruturado. Buscou-se com a pesquisa, não apenas limitar-se a respeito do fenômeno
em si, mas sim cooperar para um pensamento ampliado em torno do assunto empreendedorismo
no contexto de pesquisa.
Assim, através de uma revisão de literatura, foi possível verificar que a busca por um
maior entendimento do processo empreendedor vem ocorrendo ao longo da história, desde os
primórdios, sendo visto sob diferentes aspectos, de acordo com a realidade de cada época.
Percebeu-se, entretanto que estes estudos são geralmente fragmentados e com diferentes
objetos de análise, alguns se atentam ao indivíduo, outros na organização, uns com o ambiente
e há outros que se preocupam com o processo do empreendedorismo. Desta forma, para
compreender o empreendedorismo, é preciso utilizar abordagens amplas e sistêmicas que
considerem empreendedores, organizações, ambientes e diferentes épocas. Percebe-se assim,
que o empreendedorismo envolve aspectos econômicos, psicossociais, gerenciais, históricos,
entre outros, todos inter-relacionados e complementares. O que contribui para a afirmação de
que o processo empreendedor não pode ser visto de maneira unidimensional
Com isso, trabalhou-se neste artigo com três períodos principais que demonstram tal
evolução, série econômica, série das ciências sociais e a série dos estudos gerenciais, sendo
neste último apresentada a abordagem effectuation, uma nova visão do processo
empreendedor.
Contudo, devido a multidisciplinar e interdisciplinar do fenômeno e apesar da
relevância do tema e da vasta literatura disponível a respeito do assunto, não há uma
demarcação própria da área no sentido de firmar um conceito científico, o que prejudica o
refinamento dos estudos e a troca de conhecimento. Mas, apesar de não se poder ainda contar
como uma definição específica em relação ao tema, já é possível deixar o senso comum, que
nos induz a acreditar que o processo empreendedor restringe-se a criação de novos negócios.
Como sugestão para pesquisas futuras poderia ser feita uma checagem a respeito dos
assuntos que estão sendo abordados nos trabalhos acadêmicos atuais em comparação aos
estudos realizados por pesquisadores da área, tanto nacionais como estrangeiros.

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