Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Esta sociedade dos que definem as regras, dos operadores da vida e da morte, que
elaboram os signos e códigos diferenciados, de difícil interpretação, (portanto, exige
de todos que estudem anos e anos para ter acesso aos mesmos) da estética perfeita e
acabada das passarelas, das gastronomias requintadas e aplaudidas dos grandes
mestres, da velocidade a qualquer preço, do gosto estético único e perfeito, do amor
fabricado, doce e belo desejado, dos perfumes mágicos e envolventes, dos cheiros e
sabores, dos gestos e dos amores. A sociedade dos abates, da monocultura. É esta
sociedade que cria e realiza a violência.
Ela cria a violência como forma de habitar, veste a violência com sua opulência,
riqueza, acumulo, avareza. E diz como devem viver as pessoas, as prende em suas
regras, que só cabem em seu estilo de vida, que esta plasmado em contos, historias,
fabulas e memorias. Vende a perfeita hipocrisia, na dor e na alegria, faz alegoria e ri
das muitas dores, mortes, mas odeia a anarquia.
Precisa de poder, não tem pudor. Violenta todos os dias os pobres em sua periferia, se
blinda, de fecha, em seus casulos perfeitos, mal feito, de falsos gostos, transformados
em ritual que é imposto, de forma singela e doce, como beijo açucarado nos lábios dos
amados, que se encontram nas esquinas, nas ruas e nas piscinas.
Não está na arquitetura somente, isso é consequência doente. Esta dentro da gente,
nos órgãos, no rins, no baço, nas tripas, nas pernas, nos braços, no cabelo de quem vê,
na cor que esconde, espanta de tão diferente. Esta no coração, no dedão, no nariz, no
gigante e no anão, no abraço e no aperto de mão. A violência diz se pode ou não se
aproximar, revela o jeito de andar, correr, correr sem parar. É ela sim que estava lá, no
nascimento que não pode acontecer, no grito de quem pede para nascer ou prefere
nem saber por que.
Ela tem um inicio e um continuar, um começo e um nunca parar. Ela vai chegar, pra
você e pra mim, rápida ou devagar um dia ela vai chegar. Seja vendo, sentido,
cheirando, ouvindo, assistindo, na tv, ou na janela, da porta, ou na novela, no filme ou
de esparrela. Ela esta a espreita e vai te encontrar, nos jardins dos parques, nos bares,
na rua ou quando você for casar. Ela estará lá a te esperar.
É o apelo por pertencer a uma classe de humanos, que se definem como humanos,
que moram como humanos, mas não aceitam os direitos humanos. Eles definem um
modo padrão de habitar, de viver e de ser humano, e propagam pelo ar, por cima dos
telhados, nas antenas, nos radares, em fibra ótica.
Ela toca e enche de pavor, cria, a injustiça, a justiça, a perseguição, a dor, o amor, o
perdão e o calor. Ela cria masmorras, quintais desiguais, carros, carrinhos, carrões e
caminhotes e caminhonetas. Espora, pistola, escopeta, fuzis, metralhadoras,
revolveres e balas, cartuchos, furos, arrombos. Acerto de contas, pistoleiros, soldados,
guerreiros, capangas, bandidos e mocinhos, homens de bem e do mal.