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Marcely:
Obras
Sua obra, tida como uma das maiores representações do Romantismo brasileiro, é dividida em
quatro fases. A primeira, a dos romances indianistas, tem suas maiores obras: Iracema (1865),
Ubirajara (1874) e O Guarani. A segunda fase, a dos romances históricos, temos Minas de
Prata e Guerra dos Mascates. A terceira fase é a dos romances regionalistas e tem como
representantes as obras O Gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871) e Til (1871). Por fim, a
última fase é a dos romances urbanos, onde temos Lucíola (1862), Diva (1864) e A pata da
Gazela (1870).
André:
Til é uma das principais obras do Romantismo brasileiro, escrita por José de Alencar e
publicada em 1872. O pano de fundo da história é fornecido por dois traços sociais de meados
do século XIX: o escravismo vigente e as disputas pelo poder no ambiente rural. Como toda
obra desse movimento, as personagens do romance são extremamente idealizadas; a
particularidade de Til é que ela faz parte das obras regionalistas de Alencar, junto com outros
clássicos como O gaúcho, O sertanejo e O tronco do ipê.
A meta do romance Til regionalista era adaptar as características do Romantismo que vigorava
na Europa às particularidades de algumas regiões brasileiras. Assim, junto com o indianismo,
esse estilo buscava criar uma literatura “verdadeiramente nacional”, e que exaltasse símbolos e
características do Brasil.
Karol:
História
Besita, moça pobre, porém das mais belas da região, é objeto de desejo tanto de Luis Galvão,
jovem fazendeiro, quanto de Jão, um órfão que foi criado junto com Luis Galvão. A moça
corresponde ao amor do rico fazendeiro, mas este não tem interesse em desposar Besita, pois
ela é pobre.
Influenciada por seu pai, Besita acaba casando-se com Ribeiro. Esse, logo após a noite de
núpcias, parte em viagem para resolver problemas relacionados a uma herança de família e
fica anos afastado. Durante o período em que Ribeiro não se encontra pela região, Luis
procura Besita, que o recebe achando tratar-se de seu marido. Desse encontro nasce Berta.
Uma tarde, Ribeiro retorna e, ao encontrar sua esposa com uma filha, descontrola-se e
assassina Besita. Jão não consegue evitar a morte dela, mas consegue salvar Berta, que passa a
viver com nhá Tudinha e seu filho Miguel. Zana, uma negra que vivia com Besita, enlouquece
após presenciar o assassinato desta. Jão torna-se capanga dos ricos da região, cometendo
várias mortes e tornando-se o temido o Jão Fera.
Quinze anos depois de assassinar sua esposa, Ribeiro retorna irreconhecível e com o nome de
Barroso. Com o propósito de vingar-se de Luis Galvão, ele contrata Jão Fera, que não o
reconhece. Porém, Berta descobre os intentos de Ribeiro e consegue salvar Luis.
Em uma segunda tentativa, dessa vez com a ajuda de alguns escravos da Fazenda das Palmas,
Ribeiro incendeia o canavial. Ao tentar apagar o fogo sozinho, Luis leva uma pancada na
cabeça. Quando está para ser lançado ao canavial em chamas, Luis é salvo por Jão, que mata
os responsáveis pelo incêndio, com exceção de Ribeiro.
Após isso, Jão Fera é preso em Campinas. Sabendo da ausência desse, Ribeiro planeja uma
outra vingança, dessa vez contra Berta. Aproxima-se dela, que está com Zana, mas nesse
momento chega Jão (que tinha se libertado) e mata Ribeiro de forma violenta. Brás, sobrinho
de Luis com problemas mentais, leva Berta para ver a cena. Ela foge horrorizada e João,
sabendo que a moça o desprezava a partir de então, entrega-se a polícia.
Convém neste ponto relatar a relação entre Brás e Berta. O jovem Brás possui problemas
mentais e é completamente excluído em sua família. Apesar de Brás ser apaixonado por Berta,
ela não pode corresponder aos sentimentos do rapaz, resolvendo então ensinar o abecedário
e rezas a ele. Porém, o menino tem grandes dificuldades em aprender, tendo apenas decorado
o acento "til", que o encantava. Para facilitar o aprendizado, Berta se autonomeia Til e passa a
ensinar Brás relacionando cada coisa com nomes de pessoas que ele conhecia.
Em certo momento, Luis decide contar toda a verdade para sua esposa, D. Ermelinda. Em um
primeiro momento ela se entristece, mas depois passa a apoiar o marido e decide que ele deve
reconhecer Berta como filha. Dessa forma, os dois a procuram e contam tudo, omitindo as
partes desagradáveis.
Jão foge mais uma vez da prisão e vai procurar Berta. Desconfiada que Luis Galvão e sua
esposa escondem algo, ela implora a Jão que conte toda a verdade sobre a história de sua mãe
Besita, o que Jão faz. Berta se emociona com a história e abraça Jão, dizendo que ele sempre
cuidou dela, sendo, então, seu pai.
Luis quer que Berta vá morar com ele, mas ela nega e pede que ele leve Miguel. Todos partem
e Berta fica na fazenda com Jão Fera e Brás.
Luís Galvão: é o dono da Fazenda Palmas, muito jovial e alegre, que na juventude foi homem
de muitas aventuras amorosas e enrascadas sempre protegido por seu camarada Jão Fera.
Miguel: é irmão de criação de Berta, filho de nhá Tudinha, jovem que se mostra desde o
principio apaixonado por Inhá. Esta porém não percebe que o ama e faz de tudo para
aproxima-lo se sua amiga Linda, que gosta de Miguel. Sendo pobre, Miguel nao poderia casar-
se com Linda, mas por fim ele acaba estudando para ascender socialmente e poder unir-se a
Linda.
Monjolo, escravo de Luís Galvão, participante da trama para matar seu amo. Foi morto por Jão
Fera;
Ribeiro ou Barroso: marido de Besita. Logo após a noite de núpcias, parte para longe e fica anos
afastado. Ao voltar e encontrar a esposa com uma filha, planeja vingança e assassina Besita.
Promete vingar-se de Luis Galvão e Berta.
Zana: negra que trabalhava para Besita e que elouquecera após presenciar o assassinato de
Besita.
Thiago Magno:
Foco narrativo
O romance é narrado em terceira pessoa e o narrador é onisciente neutro, ou seja, ele conhece
todos os pensamentos e planos das personagens e os revela ao leitor, mas não há intromissões
autorais diretas (o autor falando com uma voz impessoal, na terceira pessoa, dentro do próprio
romance). A característica principal da onisciência é que o narrador sempre descreverá a
narrativa, mesmo em uma cena, da forma como ele a vê, e não como suas personagens a veem.
Tempo
O tempo é predominantemente psicológico, ou seja, o romance não segue uma narrativa linear e
o narrador manipula o tempo conforme as circunstâncias. Assim, o narrador pode ir ao passado
e ao futuro sem obedecer às ordens do tempo cronológico.
Damasceno:
Estrutura do romance
O livro é dividido em duas partes. A primeira serve como apresentação das personagens e das
tramas e é nela que conhecemos Berta. Nessa primeira metade da obra, o que mais chama a
atenção é a contrariedade do comportamento de Berta: sempre movida por boas intenções, ela
usa de sua influência e bondade para manipular as outras personagens.
Já na segunda metade do romance temos o desembaraço das tramas apresentadas e suas
revelações. Os cenários deixam de ter uma descrição objetiva e material para adquirir um
significado mais subjetivo, relacionado ao passado oculto das personagens. Em um final
surpreendente, Berta abre mão de sua própria felicidade em prol das demais personagens.