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Bibliografia:

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. História das populações indígenas na


escola: memórias e esquecimentos. In: PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana
Maria (Orgs.). Ensino de histórias afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas,
2013. p. 101-132.

Citações:

“Os povos indígenas se inserem em tópicos da fase denominada Colonização, sendo


que, nos períodos posteriores à constituição do Estado Nacional, desaparecem de cena.
No entanto, apesar dos esquecimentos dos indígenas em vários outros momentos da
história, pode-se constatar, por intermédio da documentação escolar, tratar-se de um
tema integrado a uma certa tradição no ensino de História” (PG 101).

“Em 2008 a Lei Federal n° 11.645 determinou que nos “estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da
história e cultura afro-brasileira e indígena” e ainda estabeleceu que “serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras” (BRASIL, 2008, grifo da autora).” (PG
101-102).

“As propostas da Lei 11.645/08 relacionam-se, nesta perspectiva, aos esforços de


determinados setores da sociedade para superação de “um imaginário étnico-racial que
privilegia a brancura e valoriza principalmente as raízes europeias da sua cultura,
ignorando ou pouco valorizando as outras, que são a indígena, a africana, a asiática”
(BRASIL, 2004)”. (PG 102).

“As críticas à Lei 11.645 são indícios, portanto, de que a história dos povos indígenas e
da sua cultura não corresponde a simples acréscimos a uma história do Brasil ou história
da América e se situa em um outro patamar em relação ao que era considerado como
conhecimento sobre os “índios do Brasil”.” (PG 103).

“[...] a problemática centra-se nas relações entre a produção didática de História e a


historiográfica, no que se refere à construção de uma visão etnocêntrica de matriz
europeia responsável por compor memórias e, mais ainda, esquecimentos a que foram
relegados os indígenas ao longo da constituição de uma história do Brasil.” (PG 106).

Selvagens em tempos da monarquia

“O autor, nas duas Lições, teve como objetivo destacar as diferenças entre povos
cristãos e povos nativos, distinguindo-os no tópicos Explicação que encerrava o
capítulo do livro. Os gentios das terras brasileiras eram selvagens por corresponderem
aos povos que ignorão a arte de escrever, que não tem polícia, que não tem religião, ou
professão religião absurda, e que vivem em plena liberdade da natureza (MACEDO,
1884, p.52)” (PG 107).

“Sua concepção exposta em sua obra didática sobre o gentio do Brasil era, assim,
próxima de muitos dos historiadores que faziam parte do IHGB, dentre eles Francisco
Adolfo de Varnhagen, considerado no campo historiográfico como o autor da mais
importante história do Brasil no século XIX”. (PG 108).

“Da mesma forma que o famoso historiador, os livros dedicados aos alunos das escolas
primárias e secundárias, ofereciam um ou dois capítulos após as narrativas dos feitos
dos “descobrimentos” portugueses para chegarem às terras americanas. As distinções
culturais das sociedades indígenas foram ignoradas por vários autores e, assim como
Varnhagen, destacavam os grupos Tupi, especificando as diferenças em relação aos
Tapuias mas generalizando costumes e crenças indistintamente”. (PG 109).

“Os povos indígenas foram, dentro da história cujo princípio era a constituição da
matriz da nacionalidade brasileira, relegados ao esquecimento logo após a chegada dos
europeus, entendendo-se a história do Brasil com a chegada dos portugueses,
concebidos como povos cristãos, portadores da civilização” (PG 112).

O índio da mestiçagem étnica à democracia racial

“A partir de 1900, os livros de História de João Ribeiro, destinados ao ensino primário e


secundário, procuraram reformular o ensino de História, até então baseado na produção
de Joaquim Manoel de Macedo”. (PG 113).

“João Ribeiro, ao introduzir suas obras escolares, apresentou críticas aos livros didáticos
de História que então circulavam ao oferecerem uma história política repleta de nomes
de governantes e administradores com base na historiografia de Varnhagen, passando
então a oferecer uma história de caráter mais social, na busca daquilo que ele
denominou de “essência nacional”. (PG 113).

“Os livros escolares de João Ribeiro situaram os indígenas em perspectivas


contraditórias, entre selvagens violentos e vítimas das crueldades dos colonizadores,
mas com uma nova abordagem em que se preocupava em demonstrar algumas das
qualidades herdadas dessas culturas na constituição do povo brasileiro em seu processo
de miscigenação”. (PG 115).

“Assim, os indígenas passaram a integrar o “povo mestiço” e havia pouco interesse em


conhecer seu passado e mesmo o presente de suas culturas, assim como silenciavam
sobre as condições a que estavam sendo submetidos pelas frentes de colonização dos
séculos XIX e XX”. (PG 116).

“Ao preocupar-se com o futuro do Brasil, defendeu Romero que o brasileiro resultante
dessa mescla era um tipo característico que vivia, então, em um país em que não
existem vencidos e vencedores” (ROMERO, 1915, P.21). Iniciava-se assim, o mito da
“democracia racial”. (PG 117).

“Os textos escolares de História insistiram em apresentar uma versão negativa sobre os
povos indígenas, permanecendo as denominações de povos selvagens que, ao longo da
história iniciada pelos portugueses, foram um constante obstáculo à “ordem e ao
progresso”. (PG 118).

“A característica da constituição de uma democracia racial nas obras didáticas se


consolidou pela aproximação de vários autores, algumas vezes divergentes, mas que
tinham a base da miscigenação como princípio da formação social e cultural do povo
brasileiro. [...] Buscava-se naturalizar a relação do povo brasileiro ao território,
omitindo a situação da população indígena no século XX em enfrentamentos constantes
nas frentes de colonização dos séculos XIX e XX, incluindo a “marcha para o oeste” da
fase getulista” (PG 123).

“A democracia racial permaneceu nas obras didáticas de História e esta união entre as
raças, uma das características da história brasileira, se constituiu por intermédio das
“guerras contra os estrangeiros”, dando-se destaque à guerra contra os holandeses, na
qual surgiram heróis representantes das diferentes etnias” (PG 124).

Indígenas na história da América

“O estudo de populações indígenas tem feito parte também da História da América a


partir do início do século XX. [...] O livro Compêndio de história da América de Rocha
Pombo, destinado à Escola Normal, representava uma inovação curricular, com um
conteúdo histórico que pretendia relativizar a importância da civilização europeia na
história do continente americano” (PG 124-125).

“Os estudos sobre história indígena, tanto do Brasil como do restante da América, no
entanto, não se consolidaram nesta perspectiva e apenas restaram capítulos, tanto em
livros escolares de história da América como de história do Brasil, algumas reflexões
sobre as origens dos povos nativos do continente” (PG 125).

“No decorrer dos anos de 1970 a 1980, a produção didática, ou parte significativa dela,
incorporou a produção historiográfica com base no referencial teórico do materialismo
histórico e do estruturalismo, por intermédio do qual as diferenças sociais passaram por
outras interpretações baseadas nas divisões de classes, categorias explicativas estas que
dificilmente poderiam incorporar as populações indígenas” (PG 127).

“Difundiu-se, então, uma memória sobre os indígenas americanos em geral como


grupos dominados e submetidos a uma história da dominação capitalista promovida
pelos brancos no continente americano” (PG 127).

“A historiografia marxista de caráter estruturalista posicionou-se contra a visão negativa


em relação aos indígenas, tanto entre nós quanto no restante da América Latina, e
muitos trabalhos passaram a apresentar os massacres aos quais os nativos foram
submetidos a partir da conquista europeia” (PG 128-129).

Algumas reflexões finais

“As mudanças em andamento indicam possibilidades de criação de repertório


diferenciado que, entre outras inovações, tem condições de conduzir a um entendimento
de que os povos indígenas possuem história” (PG 130-131).
“A negação pela maioria dos historiadores em reconhecer os indígenas como povos
históricos tem sido uma marca da produção historiográfica no Brasil, fortemente calcada
no euro centrismo, e esta tendência se apresenta nos livros dos diferentes níveis
escolares” (PG 131).

“As dificuldades dos professores que pretendem cumprir a Lei 11.645/08 resultam,
como eles mesmos têm afirmado, da ausência de uma formação que possa garantir um
ensino calcado nas reflexões acadêmicas porque, afinal, tanto professores quanto
historiadores e autores de livros escolares são responsáveis pela aplicação da Lei” (PG
131-132).

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