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Citações:
“Em 2008 a Lei Federal n° 11.645 determinou que nos “estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da
história e cultura afro-brasileira e indígena” e ainda estabeleceu que “serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar em especial nas áreas de educação
artística e de literatura e história brasileiras” (BRASIL, 2008, grifo da autora).” (PG
101-102).
“As críticas à Lei 11.645 são indícios, portanto, de que a história dos povos indígenas e
da sua cultura não corresponde a simples acréscimos a uma história do Brasil ou história
da América e se situa em um outro patamar em relação ao que era considerado como
conhecimento sobre os “índios do Brasil”.” (PG 103).
“O autor, nas duas Lições, teve como objetivo destacar as diferenças entre povos
cristãos e povos nativos, distinguindo-os no tópicos Explicação que encerrava o
capítulo do livro. Os gentios das terras brasileiras eram selvagens por corresponderem
aos povos que ignorão a arte de escrever, que não tem polícia, que não tem religião, ou
professão religião absurda, e que vivem em plena liberdade da natureza (MACEDO,
1884, p.52)” (PG 107).
“Sua concepção exposta em sua obra didática sobre o gentio do Brasil era, assim,
próxima de muitos dos historiadores que faziam parte do IHGB, dentre eles Francisco
Adolfo de Varnhagen, considerado no campo historiográfico como o autor da mais
importante história do Brasil no século XIX”. (PG 108).
“Da mesma forma que o famoso historiador, os livros dedicados aos alunos das escolas
primárias e secundárias, ofereciam um ou dois capítulos após as narrativas dos feitos
dos “descobrimentos” portugueses para chegarem às terras americanas. As distinções
culturais das sociedades indígenas foram ignoradas por vários autores e, assim como
Varnhagen, destacavam os grupos Tupi, especificando as diferenças em relação aos
Tapuias mas generalizando costumes e crenças indistintamente”. (PG 109).
“Os povos indígenas foram, dentro da história cujo princípio era a constituição da
matriz da nacionalidade brasileira, relegados ao esquecimento logo após a chegada dos
europeus, entendendo-se a história do Brasil com a chegada dos portugueses,
concebidos como povos cristãos, portadores da civilização” (PG 112).
“João Ribeiro, ao introduzir suas obras escolares, apresentou críticas aos livros didáticos
de História que então circulavam ao oferecerem uma história política repleta de nomes
de governantes e administradores com base na historiografia de Varnhagen, passando
então a oferecer uma história de caráter mais social, na busca daquilo que ele
denominou de “essência nacional”. (PG 113).
“Ao preocupar-se com o futuro do Brasil, defendeu Romero que o brasileiro resultante
dessa mescla era um tipo característico que vivia, então, em um país em que não
existem vencidos e vencedores” (ROMERO, 1915, P.21). Iniciava-se assim, o mito da
“democracia racial”. (PG 117).
“Os textos escolares de História insistiram em apresentar uma versão negativa sobre os
povos indígenas, permanecendo as denominações de povos selvagens que, ao longo da
história iniciada pelos portugueses, foram um constante obstáculo à “ordem e ao
progresso”. (PG 118).
“A democracia racial permaneceu nas obras didáticas de História e esta união entre as
raças, uma das características da história brasileira, se constituiu por intermédio das
“guerras contra os estrangeiros”, dando-se destaque à guerra contra os holandeses, na
qual surgiram heróis representantes das diferentes etnias” (PG 124).
“Os estudos sobre história indígena, tanto do Brasil como do restante da América, no
entanto, não se consolidaram nesta perspectiva e apenas restaram capítulos, tanto em
livros escolares de história da América como de história do Brasil, algumas reflexões
sobre as origens dos povos nativos do continente” (PG 125).
“No decorrer dos anos de 1970 a 1980, a produção didática, ou parte significativa dela,
incorporou a produção historiográfica com base no referencial teórico do materialismo
histórico e do estruturalismo, por intermédio do qual as diferenças sociais passaram por
outras interpretações baseadas nas divisões de classes, categorias explicativas estas que
dificilmente poderiam incorporar as populações indígenas” (PG 127).
“As dificuldades dos professores que pretendem cumprir a Lei 11.645/08 resultam,
como eles mesmos têm afirmado, da ausência de uma formação que possa garantir um
ensino calcado nas reflexões acadêmicas porque, afinal, tanto professores quanto
historiadores e autores de livros escolares são responsáveis pela aplicação da Lei” (PG
131-132).