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IDENTIDADE DO PEDAGOGO: FORMAÇÃO E ATUAÇÃO

Rafaela Aparecida Rodrigues Costa 1 - UEL

Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Básica


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O Pedagogo assume um papel importante como profissional da educação pela relevância


política e social que comporta, pois seu objetivo é pautado no desenvolvimento da formação
humana. Sua identidade está relacionada a diversas limitações, bem como a diferentes
possibilidades. Este trabalho teve como objetivo discutir a identidade do profissional
pedagogo, no que tange sua atuação contemporânea, pelo reconhecimento do seu papel,
funções, e transformações no decorrer do tempo. Essa produção é resultado de discussões a
partir do projeto de pesquisa intitulado: A Identidade do Pedagogo como Coordenador do
Trabalho Pedagógico Escolar, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina, sob o
registro n° 08308, e se respalda em uma pesquisa exploratória de caráter qualitativo,
desenvolvido pela modalidade de pesquisa, de natureza bibliográfica, utilizando de
referenciais de base como: Libâneo (2001b; 2006), Silva (1999) e Franco (2002), mediante
referenciais teóricos pertinentes a tal discussão, análise de documentos normativos, como as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia (DCNCP, 2005), e a Resolução
CNE/CP n. 1, de 15 de maio de 2006. No que tange a sua formação, tivemos um novo marco
regulatório a partir de 2005, resultado de um tramite conflituoso, que tem provocado
mudanças no currículo do curso de pedagogia e debates sobre o seu perfil, se bacharelado
e/ou licenciatura. Sobre o campo de atuação e suas condições de trabalho, o pedagogo vem
exercendo inúmeras atividades que o caracteriza como um profissional de função generalista,
como no Estado do Paraná, onde é requerido a este profissional a superação da fragmentação
e a transição para um trabalho coletivo.

Palavras-chave: Identidade. Graduação em Pedagogia. Pedagogo.

Introdução

Este artigo visa discutir a identidade do pedagogo, no que tange sua atuação
contemporânea, pelo reconhecimento do seu papel, funções, e transformações no decorrer do
tempo. Consideramos pertinente levantar o percurso histórico do curso de pedagogia, já que
os dois assuntos – formação e atuação - encontram-se interligados.

1
Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. email: rafaela.arcosta@gmail.com

ISSN 2176-1396
25709

Primeiramente, é fundamental compreender o sentido contemporâneo para Pedagogia,


pois de acordo com Libâneo (2001a), existe uma ideia que parte do senso comum, inclusive
demonstrada por muitos pedagogos, de que a pedagogia é o modo como se ensina, o modo de
ensinar a matéria, o uso de técnicas de ensino, tratando-se apenas de uma ideia simplista e
reducionista. Contudo, pode-se afirmar que a pedagogia vai além disso, “ela é um campo de
conhecimentos sobre problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo
tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa”. (LIBÂNEO, 2001a, p.22)
Seguindo esta linha de raciocínio, pode-se dizer que o pedagogo é então, o profissional
formado para atuar no campo pedagógico, retendo os conhecimentos necessários e possuindo
capacidade para lidar com as alterações da educação. Este profissional passou por diversas
transformações, das quais muitas delas estão atreladas as mudanças do curso de pedagogia.
Este trabalho foi desenvolvido como subprojeto do Projeto de Pesquisa realizado na
Universidade Estadual de Londrina sob n. 8308, intitulado: A Identidade do Pedagogo como
Coordenador do Trabalho Pedagógico Escolar nas Instituições Escolares Públicas do Estado
do Paraná.

Material e Métodos

Como procedimento metodológico de vertente qualitativa, respaldou-se em pesquisa


bibliográfica e análise de documentos normativos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Curso de Pedagogia (DCNCP, 2005), e a Resolução CNE/CP n. 1, de 15 de maio de
2006.
Esta pesquisa, de natureza bibliográfica fundamenta a temática, mais especificamente
nos estudos dos teóricos: Libâneo (2001b; 2006), Silva (1999) e Franco (2002).

Formação do Pedagogo – Trajetória Histórica

De acordo com Silva (1999), a criação do curso de Pedagogia no Brasil foi instituído
pela Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, em 1939, com o objetivo de
formar bacharéis e licenciados para várias áreas, inclusive para o setor pedagógico, através do
Decreto-Lei no 1.190 de 4 de abril de 1939.
O título de bacharel era oferecido a quem cursasse três anos de estudos em conteúdos
específicos da área da educação e o título de licenciado, para quem se dispusesse a cursar
mais um ano das matérias de didática e da prática de ensino, para assim poder atuar como
25710

professor, esse formato ficou conhecido como “3+1”. Dessa forma, no decorrer do curso,
eram trabalhados de maneira separada a ciência pedagógica e a didática, facilitando qual
concepção o profissional pretendia seguir, quanto a área técnica, ou a docência.
Em 1962 houve alterações feitas por Valnir Chagas 2 no Parecer do Conselho Federal
de Educação (CFE) nº 251, que fixou o currículo mínimo e a duração do curso de pedagogia
“realizadas pelo atendimento à Lei nº 4.024/61 (LDB), que mantém o curso de bacharelado
para a formação do pedagogo (Parecer CFE 251/62) e regulamenta as licenciaturas (Parecer
CFE 292/62)” (LIBÂNEO, 2001b, p.38).
Contudo, o Conselheiro Valnir Chagas, preocupado com o destino do curso de
pedagogia, discordava da ideia de extinção e preferia que houvesse uma redefinição, assim, de
acordo com Silva (1999), Chagas explicita claramente a fragilidade do curso de pedagogia ao
se referir sobre a controvérsia da manutenção ou da extinção do curso. “Explica que a ideia
da extinção provinha da acusação que faltava ao curso conteúdo próprio, na medida em que a
formação do professor primário deveria se dar ao nível superior e a de técnicos em Educação
em estudos posteriores ao da graduação.” (SILVA, 1999, p.36)
Já Anísio Teixeira3, se posiciona sobre a formação de diretor/administrador escolar,
defendendo que esta formação deveria ocorrer na pós-graduação.

Somente o educador ou o professor pode fazer Administração Escolar.


Administração de ensino ou de escola não é carreira especial para que alguém se
prepare desde o início, por meio de curso especializado, mas opção posterior que faz
o professor ou o educador já formado e com razoável experiência de trabalho, e cuja
especialização somente se pode fazer em cursos de pós-graduados (TEIXEIRA,
1964, p.11)

2
Pela Forte presença do professor Valnir Chagas no Cenário da Legislação escolar brasileiras nas décadas de 60
e 70, sobretudo no que se refere à formação de educadores, cumpre fazer sua apresentação através de alguns
dados bibliográficos, como os que seguem. Nascido no Ceara nos anos 20, formou-se em Direito, Letras e
posteriormente em Pedagogia. Foi membro do Conselho Federal de Educação por 18 anos, em 3 mandatos
consecutivos. Foi relator de inúmeros pareceres, como as Resoluções que reformulam o curso de Pedagogia e
também os que reformulam as demais licenciaturas nos anos de 1962 e 1969. Foram também de sua autoria as
indicações propostas em meados da década de 70, através das quais pretendia implantar um novo sistema de
formação do magistério. Informações encontradas na obra de Buffa e Nosella (1991 apud SILVA, 1999, p.36).
³ Anísio Spínola Teixeira nasceu em Caetité, sertão da Bahia, em 12 de julho de 1900. Após sólida formação
adquirida no Instituto São Luiz Gonzaga,em Caetité, e no Colégio Antonio Vieira, em Salvador, bacharelou-se
em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1922, e obteve o título de Master of
Arts pelo Teachers College da Columbia University, em 1929. Realizou como Secretário da Educação e Saúde,
sobretudo no Rio de Janeiro, nos anos de 30 e em Salvador nos anos de 50, uma intervenção sobre a educação
das classes populares no espaço da cidade, defendendo a democracia. Concebeu uma escola com um espaço real
no qual a criança do povo pudesse praticar uma vida melhor através de livros, revistas, estudo, recreação, saúde,
professores bem preparados, ciência, arte. A cerne da concepção de universidade em Anísio Teixeira foi a
melhoria da qualificação docente, onde em 1935, o magistério alcançava uma formação de nível superior ao lado
dos Instituto de Filosofia e Letras, de Ciências, de Política e Direito, de Artes e Desenho e de Música, na
Universidade do Distrito Federal (UDF). (NUNES, 2000)
25711

O professor em sua atuação se percebia com potencial para a administração e assim


buscava na pós-graduação a especialização.
Contudo, mesmo com a definição que o estudante de pedagogia saia após formado
neste curso superior, o campo de trabalho não se encontrava definido na época para o
Técnico de Educação.

Apesar de já haver na Secretaria de Educação alguns cargos - uns regulamentados,


outros não - aos quais o pedagogo poderá se ligar, nenhum deles era exclusivo deste
profissional; era o caso por exemplo dos cargos de inspetor do ensino médio e de
diretor de escola no ensino secundário e normal (SILVA, 1999, p.39).

Como existia uma grande indefinição quanto ao curso de pedagogia e uma grande
insegurança quanto a atuação desse profissional no mercado de trabalho, tornou-se necessário
novamente a reformulação do curso em 1969 com o Parecer CFE nº 252/69, que aboliu a
distinção entre bacharelado e licenciatura. Com suporte na ideia de “formar o especialista no
professor”, a legislação em vigor estabelece que o formado no curso de Pedagogia recebe o
título de licenciado”. (LIBÂNEO, 2001b, p.38)
Esse parecer buscou esclarecer um grande transtorno referente à formação deste curso:
o direito ao magistério nos anos iniciais do Ensino Fundamental pelos habilitados em
pedagogia. Contudo, foi reconhecida a importância desta questão, já que nem todos que
recebiam o diploma de Pedagogia recebiam formação para o magistério nos anos iniciais.

Considerando parecer prematura a criação de uma habilitação especial para esse fim,
fixa alguns estudos para a aquisição desse direito. São eles: Metodologia do Ensino
de 1º grau e Prática de Ensino da Escola de 1º grau com Estágio Supervisionado.
Assim sendo, essa nova credencial poderá ser obtida automaticamente pelos que se
preparam ao ensino de tais disciplinas em cursos normais, ou por acréscimo aos que
se habilitaram nas demais modalidades que não essa; podem ser incluídos, nesse
último caso, os diplomados em cursos de menor duração, os quais passam a ser
considerados os candidatos ideais para iniciar essa nova fase (SILVA, 1999, p. 50).

Houve também, iniciativas com o intuito de redefinir o curso de Pedagogia, conforme


relatam Ribeiro e Miranda (2013), através da Indicação CFE nº 22/73 que justificaria a
iniciativa e traçaria as normas gerais a serem seguidas em todos os cursos de Licenciatura, do
CFE nº 68/75 que iria redefinir a formação pedagógica das licenciaturas, do CFE nº 69/75 que
deveria regulamentar a formação do professor de nível superior para os anos iniciais de
escolarização, o CFE 70/76 que iria regulamentar o preparo dos especialistas e professores da
educação e o CFE nº 71/76 que regulamentaria a formação superior do professor de educação
especial.
25712

As autoras4 retratam ainda, que em 1976, essas Indicações aprovadas pelo CFE,
chegaram a ser homologadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), entretanto foram
sustadas e devolvidas ao Conselho.
Todas essas iniciativas passaram a procurar respostas em volta da real identidade do
pedagogo, pois entendemos que o curso de pedagogia forma o professor e também o
profissional pedagogo. Desta forma, sabemos que professor é o profissional ligado à área da
docência. Mas e o pedagogo, qual sua atuação?

Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta


ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação
ativa de saberes e modos de ação, tendo em vista, objetivos de formação humana
definidos em sua contextualização história. (LIBÂNEO, 2001a, p.44)

Assim, o curso de pedagogia prepara profissionais que estejam habilitados para


trabalhar no geral com a prática educativa e pedagógica da criança, jovem ou adulto.
Foi possível notar que houve diversas questões a serem debatidas desde o surgimento
do curso de pedagogia e que perpassam até os dias de hoje, como por exemplo, a partir da
criação da Lei 9.394/96, onde o curso tem formado profissionais principalmente para a
docência e tem discutido a questão da formação entre o licenciado ou do bacharel.
Isto ocorre, porque o curso de pedagogia, segundo o novo contexto legal se apresenta
como licenciatura, pela ênfase na formação de professores de educação infantil, séries iniciais,
de jovens e adultos. No entanto, deixou de ser caracterizado como bacharel, o que torna isso
alvo de debates, pois apresenta-se em seu campo de formação, sendo sua atuação necessidade
de aprofundamento tanto na área da docência como na área administrativo-pedagógica,
comumente abordado como gestão escolar e/ou gestão pedagógica5.
A partir desta análise, surge outra questão que requer entender qual a real função, que
o profissional formado no curso de Pedagogia deve atuar. Ele deve se direcionar à área da
docência? Deve se tornar o profissional voltado para a área técnica, como o pedagogo? Ou
deve prosseguir como cientista pesquisador? Já que o curso possibilita essas 3 opções.
Outra questão que deve ser analisada com cuidado, é a inserção do profissional
pedagogo no mercado de trabalho. Surge a dúvida se este deve ter uma formação generalista,

4
Ibid
5
O Ministério da Educação, junto a Secretaria de Educação Superior, determinam nos referenciais curriculares
nacionais dos cursos de licenciatura e bacharelado, suas definições. Bacharelados se configuram como cursos
superiores generalistas, de formação científica e humanística, que conferem, ao diplomado, competências em
determinado campo do saber para o exercício de atividade acadêmica, profissional ou cultural; Licenciaturas são
cursos superiores que conferem, ao diplomado, competências para atuar como professor na educação básica.
25713

já que assumiu o cargo do orientador, supervisor e administrador escolar em uma única


função, ou se deve ser especialista em apenas uma área.
Essas questões integraram os debates das décadas de 80 e 90 (séc. XX), e
influenciaram o marco regulatório atual, pois neste período, houve uma comparação do
modelo das relações fabris ao modelo de formação de homem da sociedade brasileira.

O modelo tecnicista de formação de professores e de especialistas mantinha a


coerência tecnicista já que fragmentava as tarefas dos profissionais na escola como
ocorre na fábrica, consoantemente à própria divisão do trabalho nas sociedades
capitalistas (BRZEZINSKI, 1996, p.76).

Observa-se que a citação de Brzezinski, identifica o modelo tecnicista presente na


formação identificando-se com a fragmentação das tarefas como resultado da formação de
especialistas. Contudo, perante a formação do profissional pedagogo, surge a questão de
como reconhecer a sua real identidade. Ela é identificada por Libâneo como todas as
atividades voltadas para o ato educacional. “A identidade profissional do pedagogo
reconhece, portanto, na identidade do campo da investigação e na sua atuação dentro da
variedade de atividades voltadas para o educacional e para o educativo.” (LIBÂNEO, 2001b,
p.47).

Base da Formação do Pedagogo – Docente, Gestor ou Pesquisador?

Existem conceitos fundamentais para a compreensão do Curso de Pedagogia. São eles


a docência, a gestão e a pesquisa científica. No decorrer da graduação, o futuro profissional da
educação é preparado para desenvolver essas três habilidades, ou seja, ele pode optar por uma
delas para se aperfeiçoar em sua ocupação futura.
Pode-se observar que o curso de pedagogia prepara não apenas para a área da
docência, como também para outras áreas, tais como a gestão de processos educacionais e o
pesquisador em educação que requerem tais conhecimentos. O Pedagogo quando não exerce a
docência em sua função, possui a relação da docência como sua base, aspecto previsto na
LDB 9.394/96.
Pedagogo é o nome designado ao profissional que é formado pela graduação em
pedagogia. Assim, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de
Pedagogia (DCNP), a docência é a base da identidade do pedagogo. Ainda assim, a pedagogia
não é direcionada apenas para o magistério, ela abrange a gestão escolar e a produção do
conhecimento. Esta afirmação pode ser deparada com o Parecer CNE/CP nº 5, de 13 de
25714

dezembro de 2005, onde observa-se o perfil do graduado em pedagogia. Este perfil está
composto de acordo com as seguintes extensões:
 Docência;
 Gestão Educacional;
 Produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo
educacional.
O egresso do curso de Pedagogia tem implícito em sua formação a docência, a gestão
e o conhecimento. Cada uma dessas áreas torna-se inerente a outra por completá-la. A
pesquisa é inerente na atuação do profissional da educação, pela necessidade de busca do
conhecimento para realimentar sua intervenção profissional.
Referente a formação deste profissional, temos como base o Parágrafo Único do Art.3,
das Diretrizes Curriculares para a Graduação em Pedagogia, aprovada pela Resolução
CNE/CP n.1, de 15 de maio de 2006, onde torna-se central para a formação do licenciado em
pedagogia, o conhecimento da escola, a pesquisa e a participação na gestão de processos
educativos.
Com base neste parágrafo, o pedagogo encaixa-se perfeitamente nessas três
características centrais de formação, já que para sua atuação é necessário o conhecimento da
escola, a participação na gestão e o desenvolvimento de pesquisa, para que seja aprimorada a
esfera de seu conhecimento. Entretanto, para o docente, torna-se prescindível a participação
na gestão dos processos educativos, pois se configura no caráter político da atuação
profissional, um campo decisório que requer o envolvimento do coletivo de profissionais da
escola.
Franco (2002) aponta algumas questões quanto a identidade do pedagogo e também do
professor em si. Ela questiona se pedagogo e professor são conceitos sinônimos, se a função
desempenhada por ambos são as mesmas e se para formar um professor requer as mesmas
capacitações e condições curriculares para se formar um pedagogo, já que os dois
profissionais advêm da mesma formação.
Professor e pedagogo não são conceitos sinônimos, pois atuam em atividades
diferentes, a primeira voltada para a docência e a segunda para a gestão escolar, contudo eles
estão interligados através das atividades educativas que desenvolvem, pois ambos possuem
como finalidade o desenvolvimento da educação.
25715

A caracterização de pedagogo-especialista é necessária para distingui-lo do


profissional docente. Importa formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico
(atuação profissional em um amplo leque de práticas educativas) e trabalho docente
(forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na escola). Caberia, também,
entender que todo trabalho docente é pedagógico, mas que nem todo trabalho
pedagógico é docente (LIBÂNEO, 2001a, p.12).

Dessa forma, a função desempenhada por cada profissional é diferente. Apesar de suas
funções não serem as mesmas, suas formações são iguais, pois ambos necessitam da base
docente. Assim, os dois se constituem a partir da graduação em Pedagogia.
Por outro lado, Küenzer e Rodrigues (2006, p. 191) pontuam que ações distintas a
docência não podem ser reduzidas a ela:

A gestão e a investigação demandam ações que não podem ser reduzidas à de


docência, que se caracteriza por suas especificidades; ensinar não é gerir ou
pesquisar, embora sejam ações relacionadas [...] o perfil e as competências são de tal
modo abrangentes que lembram as de um novo salvador da pátria [...] evidenciando
o caráter instrumental da formação.

Para estas pesquisadoras6, a gestão e a investigação, não devem ser confundidas com a
docência, já que cada uma possui sua particularidade. Conquanto, Franco (2002), apresenta
uma nova proposta para se compor uma faculdade de pedagogia, onde seria possível
estruturá-la em torno de diferentes cursos: O curso de pedagogia docente, de pedagogia
escolar e pedagogia investigativa.
Mas quanto a questão da identidade do pedagogo, como este poderia ser separado sem
o curso de pedagogia docente, se para administrar uma escola, é preciso que além de conhecer
suas estruturas burocráticas e técnicas, conheça também a docência?
O pedagogo torna-se o profissional mais complexo da área da educação, já que precisa
conhecer e ter vivenciado a docência para assim poder tornar-se um bom profissional. Se este
conhecimento não fosse necessário, de nada bastaria um profissional formado na área da
educação para administrar, supervisionar e orientar uma escola. Bastaria colocar um
administrador para ocupar esta função e tudo estaria resolvido.
Outro fator, é que ao formar apenas a pedagogia docente, investigativa ou escolar, esse
espaçamento dará ênfase a sua fragmentação, conforme afirma Masson (2003, p. 73), que “ao
assumir apenas a formação do especialista, promoverá, na organização do trabalho na escola,
a sua fragmentação, a qual foi muito criticada no auge da concepção tecnicista da educação”.

6
Ibid
25716

Ainda assim, apesar de a graduação em pedagogia ser reconhecida majoritariamente


como um curso em que se forma professores, é permitido que este egresso atue em diferentes
campos do conhecimento, como a docência, trabalhos pedagógicos em escolas e práticas
educativas em espaços escolares e não escolares, assim como está retratado no Parágrafo
Único do Art. 4 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Graduação em Pedagogia.
Conquanto, a graduação em pedagogia proporciona ao futuro profissional que ele opte
pela docência, área técnica da educação ou pesquisador. Assim, cabe ao recém-formado
determinar qual caminho deseja seguir, já que a DCNP retrata que este curso proporciona não
apenas a formação para a docência, como também para outras áreas nas quais sejam previstos
conhecimentos pedagógicos, conforme o disposto no Art. 2.

Pedagogo: Generalista ou Especialista?

Antes da existência do profissional Pedagogo, a graduação em Pedagogia capacitava o


formando em habilitações diferentes, entre elas a Orientação Educacional, Supervisão Escolar
e Administração Escolar.
Assim, compreendendo separadamente cada especialidade, é possível analisar que a
Orientação Educacional no Brasil, de acordo com Franco (p.13, 2002), “teve um enfoque
mais psicológico, ressaltando o ajustamento do aluno à escola, à família e à sociedade”. O
Orientador Educacional teve e ainda tem a função de acompanhar o aluno em sua vida escolar
correlacionando ao contexto social, para auxilia-lo da melhor maneira possível.
Grinspun aponta como o principal papel do Orientador Educacional:

[...] será ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola, na


organização e realização de seu projeto pedagógico. Isso significa ajudar nosso
aluno ‘por inteiro’: com utopias, desejos e paixões. A escola, com toda sua teia de
relações, constitui o eixo dessa área da Orientação, isto é, a Orientação trabalha na
escola em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação para atender os
excluídos (do conhecimento, do comportamento, dos procedimentos), mas para
entendê-los, através das relações que ocorrem (poder/saber, fazer/saber) na
instituição Escola (GRINSPUN, 2006, p. 33).

De tal modo, o Orientador era o profissional que trabalhava mais diretamente com o
aluno, orientando-o da melhor maneira possível, para que este possa se tornar um bom
cidadão. Ele se envolvia menos com resoluções de problemas burocráticos ou direção da
escola, e mais com os alunos.
Já os Supervisores detinham como objeto de trabalho, de acordo com Medina (1995,
p.153), “a produção do professor – o aprender do aluno – e preocupa-se de modo especial
25717

com a qualidade dessa produção.” Do mesmo modo como os Orientadores tinham o papel de
orientar os alunos, os supervisores possuíam a função de orientar os professores.
Outras concepções também foram ligadas ao supervisor, que de acordo com Franco
(2002) designa que a imagem deste profissional está também atrelada a de um ‘líder’, além de
concluir que o professor o vê como um inimigo que inspeciona seu trabalho sem entender seu
conteúdo.
Considerando a última especialidade, a Administração Escolar, de acordo com Martins
(1999, p. 2), entende-se que:

A Administração Escolar supõe uma filosofia e uma política de direção pré-


estabelecidas. Ela visa à unidade e à economia de ação, o progresso de
empreendimento. Esse processo complexo engloba atividades específicas de
planejamento, organização, assistência à execução, avaliação de resultados,
prestação de contas e se aplica a todos os setores da empresa: pessoal, material,
serviços, financiamentos.

Assim, a base da Administração Escolar, torna-se relacionada a base da Administração


geral. Isso acontece, porque a Administração Escolar busca pela inter-relação da parte
burocrática da qual as escolas precisam resolver com as atividades educacionais que
professores precisam desenvolver.
Vimos que essas três especialidades, embora todas relacionadas com a educação
possuem distinções em seus afazeres.
O mercado de trabalho exige que grande parte dos trabalhadores no geral assumam
diversas responsabilidades, tanto para a redução do número de funcionários, como para o
melhor desenvolvimento profissional, pois insere no trabalhador a oportunidade de conhecer
mais áreas e entender sobre mais assuntos relacionados a seu trabalho. O mesmo ocorreu com
o pedagogo, que precisou assumir diversas funções em um único posto.
Para Libâneo (2006) havia dois segmentos de trabalhadores opostos entre si, os
especialistas (diretor, coordenador pedagógico) e os professores, promovendo a
desqualificação do trabalho desses professores. Porém, para eliminar esta fragmentação seria
necessário eliminar a divisão de tarefas que está na base do trabalho pedagógico. Para isso, foi
necessário transformar todos os profissionais da escola em professores.
Este fato, já discutido anteriormente neste artigo, começou a ser gerido em 1969, com
o Parecer CFE n 252/69 que aboliu a distinção entre bacharelado e licenciatura para o curso
de pedagogia.
25718

Entretanto, para o autor, “a formação do curso de pedagogia seria fragmentada, pois


formaria de um lado pedagogos, que planejam e pensam, e de outro os professores, que
executam.” (LIBÂNEO, p.854, 2006)
Dessa forma, foram eliminadas as fragmentações dos especialistas (Orientadores,
Supervisores e Administradores Escolares), mas surgiu a fragmentação entre pensamentos e
realizações de tarefas, onde os pedagogos acabam planejando e os professores executando.
Tornando todos os especialistas em professores, observou-se que este novo
profissional, o pedagogo, acumulou diversas funções em um único cargo, já que assumiu
responsabilidades de três especialistas em uma única função.
Este profissional exerce diversas funções, mas para isso, foi necessário que entendesse
dessas especialidades, antes sub-divididas pelas habilitações dadas pela graduação em
pedagogia. Deste modo, o pedagogo, é um profissional Polivalente e politécnico.
Kuenzer (2000) retrata que um profissional polivalente é aquele que desempenha
diferentes tarefas usando conhecimentos distintos. O Professor Pedagogo pode assim ser
chamado de polivalente, pois assumiu diversas funções e necessitou ter diversos
conhecimentos. Houve uma inter-relação entre conteúdos fragmentados neste papel deste
profissional.
Este autor, também pontua sobre o profissional politécnico, expondo que este detém o
domínio intelectual da técnica e a possibilidade de exercer trabalhos flexíveis, recompondo as
tarefas de forma criativa. O papel do pedagogo, antes executado pelo papel dos especialistas,
com a busca pela politecnia, com a soma das partes em um único processo de construção da
totalidade, o pedagogo passou a exercer essas três funções. Para autora, a politecnia é uma
nova forma de integração de vários conhecimentos.
No entanto, não é a politécnica que presenciamos hoje, mas uma diretriz que orienta a
formação para um trabalho generalista, com um perfil de formação aligeirado.

Considerações Finais

Este artigo buscou discutir qual a identidade do pedagogo perante a sua atuação
contemporânea, no qual passou por diversas transformações no decorrer do tempo.
Foi fundamental compreender o significado de pedagogia para então entender o que é
ser um pedagogo. Foi necessário também abarcar sua trajetória histórica, para que
pudéssemos entender todo o seu desenvolvimento no decorrer da história, analisando
discussões acerca da formação de técnicos e professores, da passagem de um curso
25719

bacharelado para um curso em licenciatura, do estabelecimento do currículo mínimo para o


curso, além da compreensão de que o pedagogo é um profissional formado para a prática
educativa.
A questão do curso de pedagogia ser de cunho de Licenciatura ou Bacharel tornou-se
inerente na busca pela identidade do pedagogo, uma vez que engloba as questões da base da
formação se tornar docente, pesquisador ou gestor além de determinar que este profissional
torne-se um especialista ou generalista.
É necessário definir qual a função deste profissional para que a educação seja
efetivada com sucesso perante a sociedade. A definição de atuação deste profissional, seria o
novo perfil requerido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/Pr) entre os
anos de 2004 a 2013 que propôs a superação da fragmentação existente até então, indicando
para o suprimento das vagas o Professor Pedagogo. Segundo o Edital de concurso de 2004, a
denominação que se apresenta ao Pedagogo é a de Professor Pedagogo do Quadro Próprio do
Magistério, pela atuação nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (Edital
37/2004 – GS-SEED/Pr).
A definição do Professor Pedagogo se correlaciona com a base do Curso de graduação
em Pedagogia: a Docência. Apesar de Professor e Pedagogo não serem conceitos sinônimos
porque atuam em atividades diferentes, eles estão interligados através das atividades
educativas que desenvolvem, pois ambos detêm como finalidade o desenvolvimento da
Educação.
Perante toda a discussão referente a Identidade do Pedagogo e a partir das mudanças
históricas inseridas através de leis e resoluções, foi possível concluir que o Pedagogo, no
Estado do Paraná tem como princípio de suas atuações uma base generalista, onde é proposto
que ele articule um trabalho coletivo na escola.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP n. 1, de 15 de maio de 2006.


Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia,
licenciatura. 2006. Diário Oficial da União, Brasília, 16 mai. 2006, Seção 1, 11p.

______. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP n. 5/2005. Institui Diretrizes


Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia: CNE, Brasília, 13 dez. 2005. Disponível
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