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DCC - RESPONSABILIDADE CIVIL: Termo final de pensão mensal por ato ilícito
com resultado morte
O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade
superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu
dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data
em que a vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida
(Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-
se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima.
Nos casos em que a vítima é jovem, a orientação do STJ é a de que referida obrigação
deve perdurar até a data em que a vítima vier a atingir a idade correspondente à
expectativa média de vida do brasileiro na data do óbito.
No entanto, este mesmo critério não pode ser utilizado como forma de obstar (negar) o
direito daquele que é dependente econômico de vítima cuja idade era superior à
expectativa média de vida do brasileiro na data do falecimento, na medida em que
representaria a adoção do entendimento segundo o qual, quando a vítima tivesse superado
a expectativa média de vida do brasileiro, o seu dependente econômico direto
simplesmente não teria direito ao ressarcimento material representado pelo
pensionamento, o que não seria razoável.
Mas qual será, então, o critério a ser adotado para fixar o termo final da pensão?
Até quando a viúva irá receber a pensão mensal? Neste caso em que a vítima já possuía
mais idade do que a expectativa de vida, deverá ser utilizado como critério a tabela de
sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade correspondente ao gênero da vítima)
do IBGE em vigência na data do óbito. Com base nesta tabela, pode-se fixar a
expectativa de vida da vítima e, consequentemente, consegue-se estabelecer o termo final
da pensão. Ex: nesta tabela, que está disponível no site do IBGE, é possível verificar,
em relação ao ano de 2005, que para o adulto de 76 anos do sexo masculino, havia
uma expectativa de vida de mais 10,3 anos. Somando-se, pois, esses anos à idade da
vítima, teríamos uma expectativa de vida total de 86,3 anos. Logo, o réu deveria
pagar pensão à viúva até o ano em que a vítima completaria 86,3 anos de idade.
Tendo o gerente se utilizado das facilidades da função para desviar valores da conta do
cliente, deve o banco, como empregador, responder pelos danos materiais causados, nos
termos do art. 932, III, do CC:
O banco deverá indenizar mesmo o gerente tendo atuado fora dos limites de suas
atribuições? SIM. A doutrina, ao interpretar a expressão “em razão dele” prevista no
art. 932, III, do CC, confere uma interpretação extensiva para abranger casos em que
o vínculo com o trabalho é bastante tênue.
O valor estabelecido em ação revisional de aluguel de imóvel não residencial não tem
sua incidência limitada ao período compreendido entre a citação e o termo final do
contrato original de locação, devendo incidir até a efetiva entrega das chaves caso a
locação venha a ser prorrogada por prazo indeterminado em razão da permanência
do locatário no imóvel (art. 56, parágrafo único, da Lei Nº 8.245/91).
Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado
cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou
aviso.
Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por
mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação nas
condições ajustadas, mas sem prazo determinado.
Desse modo, uma vez reajustado o valor do aluguel por meio do ajuizamento de ação
revisional, é o valor revisado, e não o originalmente pactuado, que será devido na hipótese
de prorrogação da avença perpetrada nos moldes do previsto no parágrafo único do art.
56 da Lei nº 8.245/91.
A Lei nº 8.245/91 prevê que alguns processos envolvendo locações urbanas tramitam
mesmo durante as férias forenses e não se suspendem mesmo neste período (art. 58,
I). São eles:
ações de despejo;
ações de consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação;
ações revisionais de aluguel;
ações renovatórias de locação.
A ação de despejo cumulada com ação de cobrança de alugueis irá tramitar durante
as férias forenses? Não. A ação de despejo enquadra-se no art. 58, I, mas a ação de
cobrança não. Assim, a partir do momento em que o autor ajuíza ambas, de forma
cumulada, a situação não mais se amolda ao dispositivo legal acima mencionado.
Ressalte-se que se a viúva, por exemplo, era casada com o de cujos sob o regime da
comunhão universal de bens, ela não terá direito à herança. Neste caso ela sendo meeira,
mas não herdeira, segundo o STJ, ela poderá ingressar no feito, no polo passivo, a fim de
impugnar eventual a ação de investigação.
A viúva meeira, que NÃO ostente a condição de herdeira, é parte ilegítima para
figurar no polo passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido
questionada a meação, ainda que os bens integrantes de sua fração se encontrem em
condomínio “pro indiviso” com os bens pertencentes ao quinhão hereditário.
Também trata de hipótese de a viúva que, por exemplo, era casada com o de cujos sob o
regime da comunhão universal de bens.
Nesse caso, mesmo que a referida ação seja julgada procedente, isso não irá refletir na
esfera de direitos da viúva meeira, tendo em vista que sua participação não será afetada.
O cálculo da meação não muda se houver mais ou menos herdeiros. A meação será
sempre a metade do patrimônio do cônjuge falecido. A outra metade é a herança.
Logo, o cônjuge meeiro não pode ser qualificado como litisconsorte passivo
necessário.
Vale ressaltar que o fato de o bem deixado pelo falecido ser uma coisa indivisível (uma
casa) não faz com que a viúva meeira passe a ter legitimidade para estar na lide. Ela
continua sendo parte ilegítima porque, se a autora for reconhecida como filha, a viúva
continuará tendo 50% da fração ideal da casa (o que ela já tinha antes) e os 50% restantes
serão divididos entre os três herdeiros.
Não existe na legislação qualquer norma que assegure, em caso de migração do plano
coletivo para o individual, a permanência dos mesmos valores de mensalidade praticados
no plano coletivo empresarial rescindido. E nem poderia. Isso porque, no plano coletivo
existe uma prévia negociação com base na quantidade de pessoas que irá aderir, o que
permite a prática de preços mais baratos.
A tarifa bancária pela emissão de boletos é algo cobrado pelos bancos com base em
um contrato firmado exclusivamente entre a instituição financeira e o cedente do
título, no caso, o fornecedor, com a finalidade de remunerar pelo fato de este fornecedor
estar se utilizado da rede bancária como um mecanismo de arrecadação pela venda de
seus produtos.
Vale ressaltar, por fim, que os bancos não podem mais cobrar tarifas pela emissão de
boletos, conforme expresso em entendimento sumulado do STJ:
§ 3º O pagamento dos qüinqüênios poderá ainda ser efetuado dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes ao prazo estabelecido no parágrafo anterior, mediante pagamento de
retribuição adicional.
Este é o texto expresso do art. 120: “o titular do registro está sujeito ao pagamento de
retribuição quinquenal, a partir do segundo quinquênio da data do depósito.”
… por possuírem a natureza jurídica de propriedade fiduciária, não se sujeitam aos efeitos
da recuperação judicial, nos termos do § 3º do art. 49 da Lei nº 11.101/2005.
Ressalte-se que, no caso, a garantia dada não foi real, mas sim de bens móveis (títulos e
direitos creditícios). Logo, não era necessário registro ou averbação.
O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial tem o direito
de reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e
conservação do bem guardado e pagos os seus honorários.
O depositário judicial pode se valer do direito de retenção previsto no art. 644 do Código
Civil, que assim dispõe:
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida,
o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
A multa por ato atentatório à dignidade da Justiça, prevista no art. 774, IV, do CPC
2015, somente pode ser aplicada no processo de execução, em caso de conduta de
deslealdade processual praticada pelo executado.
Desse modo, esta multa não tem aplicação no caso de pedido incidental de exibição de
documentos em autos de ação de sobrepartilha - demanda tratada como de
procedimento especial de jurisdição contenciosa. Nesse caso o magistrado poderia:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: (…)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à
dignidade da justiça.
Ato que SUPRIME vantagem: é ato ÚNICO (o prazo para o MS é contado da data
em que o prejudicado tomou ciência do ato).
Ato que REDUZ vantagem: consiste em prestação de TRATO SUCESSIVO (o
prazo para o MS renova-se mês a mês).
Aplica-se a mesma regra que vimos acima para os casos de ato da Administração que
reduz vantagem.
Segundo decidiu o STJ, a exigência de nova ação contida nas súmulas 269 e 271 não
apresenta nenhuma utilidade prática e atenta contra os princípios da justiça, da efetividade
processual, da celeridade e da razoável duração do processo.
Observação: Deve-se ter muito cuidado com este entendimento. Isso porque, apesar
de ele ter sido proferido pela Corte Especial do STJ, ele é contrário às Súmulas 269
e 271 do STF e ao art. 14, § 4º da Lei do MS:
Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.
O exercício da acupuntura por indivíduo que não é médico não configura o delito
previsto no art. 282 do CP (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
farmacêutica). Não existe lei federal prevendo que a acupuntura é uma atividade
privativa de médico (art. 22, XVI, da CF/88).
Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Acupuntura não é ainda regulamentada em lei. Não existe ainda lei federal
regulamentando a prática da acupuntura, sendo da União a competência privativa para
legislar sobre o tema, nos termos do art. 22, XVI, da CF/88 (STJ. 2ª Turma. RMS 11.272-
RJ, DJ 4/6/2001).
Observações:
Dólar-cabo.Existe muita gente que possui dinheiro de origem ilícita e, como uma forma
de proteger estas quantias ou de gastar “tranquilamente” este numerário, decide mandar
tais valores para fora do país. Ocorre que, como são quantias obtidas ilegalmente, a pessoa
não poderá mandar este dinheiro por meio das instituições autorizadas pelo Banco
Central, já que ficaria provado que ela possui mais recursos do que declarou ao imposto
de renda. Tais pessoas procuram, então, formas de remeter os recursos para o exterior por
meios não oficiais. Um desses meios é chamado de “dólar-cabo”. Existem algumas
variações, porém o tipo mais comum de dólar-cabo consiste no seguinte: o corrupto
procura um doleiro no Brasil e entrega a este determinada quantia em moeda nacional
(ex: 4 milhões de reais), pedindo que este envie para Miami (EUA). O doleiro entra em
contato com um parceiro seu no exterior (outro “doleiro”) e este abre uma conta ou uma
empresa em nome do corrupto ou de um “laranja” e lá deposita o equivalente em dólar
(ex: 1 milhão de dólares). Vale ressaltar que estes doleiros não estavam autorizados a
fazer esta transação e nem a comunicaram ao Banco Central. Em suma, dólar-cabo
consiste na prática de negociar dólar no mercado paralelo para depósito em
instituição no exterior. Se a pessoa fosse fazer a remessa de forma correta, deveria
procurar uma instituição autorizada e o envio das quantias seria realizado mediante
transferência bancária.
Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos
não declarados à repartição federal competente.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: João procurou um doleiro para remeter
dólares para o exterior.
Ele entregou R$ 9 mil ao doleiro, que entrou em contato com seu parceiro em Nova York,
que depositou U$ 2 mil em uma offshore pertencente a João. Ocorre que a Polícia Federal
já estava investigando o doleiro e, em uma busca e apreensão realizada em seu escritório,
descobriu esta operação ilegal.
Diante disso, João foi denunciado pelo MPF por evasão de divisas. Em sua defesa, o réu
afirmou que o art. 65 da Lei nº 9.069/95 autoriza que a pessoa leve para o exterior,
em mãos, moeda estrangeira em valor equivalente a R$ 10 mil sem declaração ao
Banco Central. Logo, o mesmo raciocínio deveria ser aplicado para o presente caso,
o que geraria a atipicidade de sua conduta. A tese de João foi aceita pelo STJ? Em
caso de remessa ilegal de quantia em valor inferior a R$ 10 mil, é possível aplicar o
princípio da insignificância? NÃO.
Não prospera a tese de que deve ser considerado atípico o envio de moeda ou divisas ao
exterior se o volume de cada operação não exceder a R$ 10 mil. Isso porque, em primeiro
lugar, ressalvada a hipótese do porte de valores em espécie, o ingresso no país e a saída
do país, de moeda nacional e estrangeira “serão processados exclusivamente através de
transferência bancária, cabendo ao estabelecimento bancário a perfeita identificação do
cliente ou do beneficiário” (art. 65, caput, da Lei nº 9.069/95). Ou seja, a legislação
excepcionou, em relação ao valor inferior a R$ 10 mil (ou seu equivalente em moeda
estrangeira), apenas a saída física de moeda. No caso de transferência eletrônica, saída
meramente escritural da moeda, a lei exige, de forma exclusiva, o processamento através
do sistema bancário, com perfeita identificação do cliente ou beneficiário.
Evasão de divisas não é crime tributário. Vale ressaltar, por fim, que, em caso de
crimes tributários, se o valor dos tributos sonegados for inferior a R$ 10 mil é
possível a aplicação do princípio da insignificância. Este entendimento não vale para
o presente caso porque a evasão de divisas é crime contra o sistema financeiro e não
delito tributário.
Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei
nº 7.492/86), o fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa
e bem estrutura pode ser valorado de forma negativa a título de circunstâncias do
crime.
A evasão de divisas pode ser praticada de diversas formas, desde meios muito
rudimentares - como a simples saída do país com uma mala contendo dinheiro em valor
superior a R$ 10 mil sem comunicação às autoridades brasileiras - até a utilização de
complexos esquemas de remessas clandestinas. Assim, não parece justo punir da mesma
forma condutas tão distintas, sendo correta, no caso de sofisticado esquema de remessa
ilícita, a valoração negativa das circunstâncias do delito na fixação da pena-base do delito.
João foi condenado em 1ª instância, tendo apelado ao TJ, que manteve a sentença. Em
seguida, ele interpôs recurso especial ao STJ, que conheceu do Resp (examinou o mérito),
mas negou provimento, mantendo a condenação. Houve o trânsito em julgado. Contra o
acórdão do STJ, o réu impetrou habeas corpus no STF. A 1ª Turma do STF conheceu do
habeas corpus, mas não concedeu a ordem por entender que não houve ilegalidade. A
competência para julgar eventual revisão criminal será do STJ.
Para o STJ, é injustificável que a tortura praticada por servidor público, um dos atos mais
gravosos à dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos, seja punido apenas no
âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei da Improbidade
Administrativa.
Para saber se a conduta pode ser caracterizada como ato de improbidade, é primordial
verificar se, dentre os bens jurídicos atingidos pela postura do agente público, algum deles
está relacionado com o interesse público. Se houver, pode-se concluir que a própria
Administração Pública estará igualmente vulnerada e, dessa forma, ficará caracterizado
o ato de improbidade para os fins do art. 1º da Lei nº 8.429/92.
A tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem
reflexo jurídico imediato, que é o de gerar obrigação indenizatória ao Estado, nos
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Há aí, como consequência, interesse direto da
Administração Pública.
Na hipótese dos autos, o ato ímprobo se caracteriza também pelo fato de que as vítimas
foram torturadas, em instalações públicas, ou melhor, na Delegacia de Polícia.
Em síntese, a situação de tortura praticada por policiais, além das repercussões nas
esferas penal, civil e disciplinar, configura também ato de improbidade
administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança simultaneamente
interesses caros à Administração em geral, às instituições de segurança pública em
especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito.
A Lei nº 9.782/99, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, prevê
que:
Espécies de arras:
Confirmatórias (arts. 418 e 419): São previstas no contrato com o objetivo de reforçar,
incentivar que as partes cumpram a obrigação combinada; No silêncio do contrato, as
arras são confirmatórias; Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as
arras serão devolvidas para a parte que as havia dado (Poderão também ser utilizadas
como parte do pagamento); Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) o
contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si;
Se a parte que recebeu as arras não executar o contrato: a outra parte (inocente)
poderá exigir a devolução das arrasmais o equivalente; e Além das arras, a parte
inocente poderá pedir: indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo
as arras como taxa mínima; a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo
as arras como o mínimo da indenização.
Penitenciais (art. 420): São previstas no contrato com o objetivo de permitir que as
partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor
das arras penitenciais já funcionará como sendo as perdas e danos. Ocorre quando o
contrato estipula arras, mas também prevê o direito de arrependimento. Se as partes
cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as
havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento; Se a parte que
deu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ela perderá as arras dadas; Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o
contrato (exercer seu direito de arrependimento): deverá devolver as arras mais o
equivalente; e As arras penitenciais têm função unicamente indenizatória. Isso
significa que a parte inocente ficará apenas com o valor das arras (e do equivalente)
e NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse sentido: Súmula 412-STF: No
compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do
sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos
do processo.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos,
se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der
conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a
estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. (…)
Esse dispositivo retrata exigência para um condomínio comum, tradicional, que consiste
na copropriedade exercida sobre um mesmo bem. Em outras palavras, é o exercício
simultâneo do direito de propriedade por duas ou mais pessoas sobre uma mesma coisa.
A literalidade do art. 504 demonstra que o direito de preferência deve ser observado
somente nos casos em que o contrato de compra e venda seja celebrado entre o condômino
e um estranho. Não se aplica, portanto, às hipóteses de venda entre os consortes
(condôminos).
O objetivo da norma foi o de estimular que a propriedade permaneça somente com os
titulares originários, evitando desentendimentos com a entrada de um estranho no grupo.
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem
da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
Assim, como na procuração não foi indicado o donatário do imóvel, a doação realizada
pode ser declarada nula, conforme o art. 166 do CC:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: (…) IV - não revestir a forma prescrita em
lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
Assim sendo, o STJ entende que, mesmo que o filho tenha sido acolhido e tenha usufruído
de uma relação socioafetiva, nada lhe retira o direito, em havendo sua insurgência ao
tomar conhecimento de sua real história, de ter acesso à sua verdade biológica que lhe foi
usurpada desde o nascimento até a idade madura. Presente o dissenso, portanto,
prevalecerá o direito ao reconhecimento do vínculo biológico (REsp 833.712/RS).
Dessa forma, a filiação socioafetiva desenvolvida com o pai registral não afasta o direito
do filho de ver reconhecida a sua filiação biológica.
III — facultativamente, com outras peças que oagravante reputar úteis. (…)
Novo CPC. O CPC 2015 considerou e positivou, pelo menos em parte, esse correto
entendimento jurisprudencial. Com efeito, o inciso I do art. 1.017 prevê que o
agravante deverá juntar cópia da certidão da respectiva intimação ou outro documento
oficial que comprove a tempestividade.
A interpretação do STJ vai além do texto do novo CPC e permite que se constate a
tempestividade (dispensando-se a certidão de intimação) por outros meios em geral
(não exigindo, necessariamente, documento oficial).
É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do CP)
com a agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV).
+++ DPN - ART. 27-D DA LEI 6.385/76: Uso indevido de informação privilegiada
Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha
conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem,
vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores
mobiliários:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da
vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
Insider Trading. O crime do art. 27-D da Lei nº 6.385/76 é chamado de “uso indevido
de informação privilegiada”, mais conhecido como Insider Trading, considerando que
é inspirado no direito norte-americano.
Informação relevante. A legislação penal brasileira não definiu o que vem a ser
informação relevante, fazendo com que o intérprete tenha que recorrer a outras leis ou
atos normativos para saber o alcance da norma incriminadora. Segundo a doutrina,
informação relevante é toda aquela capaz de “influir, de modo ponderável, na
decisão dos investidores do mercado”, gerando “apetência pela compra ou venda de
ativos”, de modo a “influenciar a evolução da cotação” (CASTELLAR, João Carlos.
Insider Trading e os novos crimes corporativos Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, p.
112-113). Existem três requisitos para que a informação possa ser considerada relevante,
para os fins do tipo penal em questão. Informação relevante é aquela que:
Destaque-se que esta foi a PRIMEIRA condenação ocorrida no Brasil pela prática
do crime do art. 27-D da Lei nº 6.385/76.
Competência. Vale ressaltar, ainda, que a competência para julgar o crime do art. 27-D
da Lei nº 6.385/76 é da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88, conforme
já decidiu o STJ: (…) A princípio, o crime em questão - insider trading -, tipificado no
art. 27-D da Lei n. 6.385/76, não atrairia a competência da Justiça Federal, levando-se em
conta o art. 109, VI, da CF, cujo texto reza que compete à Justiça Federal processar e
julgar os crimes praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira
nas hipóteses determinadas por lei; a Lei n. 6.385/76 assim não dispõe.
O crime em questão não exige que o sujeito ativo seja ocupante de determinado cargo. O
referido tipo penal estabelece apenas que a pessoa, relativamente à informação, “tenha
conhecimento e da qual deva manter sigilo”. Desse modo, o exercício de cargo de alta
relevância que possibilitou o acesso à “informação privilegiada” demonstra maior
culpabilidade na ação perpetrada, situação que não se traduz em dupla punição pelo
mesmo fato (bis in idem).
+++ DPN - ARTS. 240 E 241-B DO ECA: Possibilidade de configuração dos crimes
mesmo que as vítimas estivessem vestidas
Portanto, configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a
finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente,
com enfoque nos órgãos genitais de adolescente - ainda que cobertos por peças de
roupas -, e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua sexualidade com
conotação obscena e pornográfica.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:
Pela exclusiva leitura do art. 241-E do ECA, as condutas acima descritas não poderiam
ser enquadradas como “cena de sexo explícito ou pornográfica”. No entanto, segundo o
STJ, este dispositivo é uma norma penal explicativa, porém não completa. Assim, a
definição deste artigo não é exaustiva e o conceito de pornografia infanto-juvenil
pode abarcar hipóteses em que não haja a exibição explícita do órgão sexual da
criança e do adolescente.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo
explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
Detração
Se a prisão cautelar foi ANTERIOR ao crime pelo qual a pessoa foi condenada: NÃO
Se a prisão cautelar foi POSTERIOR ao crime pelo qual a pessoa foi condenada:
SIM
Qual é a razão para essa diferença de tratamento? Adota-se esse entendimento para
evitar a criação de uma espécie de “crédito de pena”, que poderia ser utilizado no
futuro pelo réu para praticar, impunemente, outros crimes. Desse modo, se a pessoa, por
exemplo, ficou presa cautelarmente durante 1 ano e depois foi absolvida, não terá crédito
de 1 ano em eventual crime que venha a cometer no futuro. Não existe, portanto, uma
“conta poupança penal” onde se guarda o tempo indevidamente preso para se poder
utilizar no futuro cometendo um novo delito.
O que fazer com esse tempo que ele ficou preso indevidamente e que não poderá ser
utilizado para detração? A pessoa poderá ajuizar ação de indenização contra o
Estado, nos termos do art. 5º, LXXV, da CF/88, aplicável analogicamente: o Estado
indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
fixado na sentença.
Indulto
Não são dedutíveis da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS o valor
destinado aos acionistas a título de juros sobre o capital próprio, na vigência da Lei
nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
Não é possível classificar os juros sobre capital próprio como sendo “lucros e dividendos”
em razão de possuírem diferenças jurídicas. Logo, não se pode excluir da base de cálculo
do PIS e da COFINS os JCP (juros sobre capital próprio) invocando o art. 1º, §3º, V, “b”,
da Lei nº 10.637/2002 e o mesmo dispositivo da Lei nº 10.833/2003, considerando que
eles tratam apenas de “lucros e dividendos”.
Vale ressaltar que o CTN não permite o emprego de analogia a fim de se alcançar
isenção do crédito tributário: Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação
tributária que disponha sobre: (..) II - outorga de isenção;
Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão
previstos repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir
pendência inscrita no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores
prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes
federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções,
as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do
infrator, ou seja, não podem prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas
que praticaram o ato.
Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço
Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o
consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se
refere o art. 25 da LC 101/2000.
O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ, possui
legitimidade para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função
de fiscal da lei no âmbito do STJ será exercida exclusivamente pelo Ministério
Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República designados
pelo Procurador-Geral da República.
Nos casos de ação penal de competência originária do STF e do STJ, qual órgão do
Ministério Público oferecerá a denúncia e atuará no processo criminal? MPF. Em
tais hipóteses, a atribuição continua sendo do MPF, por meio do Procurador-Geral da
República (ou um Subprocurador-Geral, mediante delegação do Procurador-Geral).
Nesse sentido: STJ Corte Especial. APn 689-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em
17/12/2012.
Depois da Lei nº 11.690/2008. CPP, Art. 159. O exame de corpo de delito e outras
perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
No caso em análise, o requisito da idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela
natureza das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, tendo em vista que a
atividade desse cargo é plenamente compatível com a idade de 17 anos e 10 meses do
candidato que já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses.
Além disso, o art. 5º, parágrafo único, do CC, ao dispor sobre as hipóteses de
cessação da incapacidade para os menores de 18 anos - entre elas, a emancipação
voluntária concedida pelos pais (caso em análise) e o exercício de emprego público
efetivo -, permite o acesso do menor de 18 anos ao emprego público efetivo.
Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária
referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. Assim,
é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou científico quando
a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais.
Parecer-AGU nº GQ-145/1998: Com o objetivo de disciplinar a matéria, a Advocacia
Geral da União (AGU) emitiu o parecer nº GQ-145, vinculante, afirmando que o
servidor somente poderá acumular cargos se houver compatibilidade de horário e desde
que a jornada máxima não ultrapasse 60 horas semanais. Assim, para a AGU, mesmo
que exista compatibilidade de horários, se a jornada semanal ficar acima de 60 horas, a
acumulação não será permitida, considerando que o servidor estaria muito cansado e isso
atrapalharia seu desempenho funcional, em prejuízo ao princípio constitucional da
eficiência.
Observação: O STJ tem precedentes neste sentido tanto para o caso de acumulação de
cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde (MS 19.336-DF) como para
acumulação de cargo de professor com outro técnico ou científico (REsp 1.565.429-SE).
No caso, o órgão público, haja vista que tanto o computador quanto o e-mail corporativo
não são de propriedade do servidor, mas para o uso exclusivo do serviço e em benefício
do trabalho, nunca para fins pessoais, especialmente quando se trata de fins ilícitos.
Para que haja a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança
judicial de dívida já adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002), é
imprescindível a demonstração de má-fé do credor. Permanece válido o entendimento
da Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art.
1.531 do Código Civil (atual art. 940 do CC 2002).
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente
do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Previsão legal. O Código de Defesa do Consumidor possui uma regra semelhante, mas
que apresenta peculiaridades. Assim, se o consumidor for cobrado em quantia indevida e
efetuar o pagamento, terá direito de receber valor igual ao dobro do que pagou em
excesso. Veja:
Art. 42 (…) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Devolução simples. Se tiver havido engano justificável por parte do cobrador, este
continuará com a obrigação de devolver as quantias recebidas indevidamente, no entanto,
essa devolução será simples (ou seja, não será em dobro).
Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca proposta por uma
sociedade empresária (“A”) contra o INPI e contra outra empresa concorrente (“B”),
titular da marca questionada na demanda. A ação foi julgada procedente e discutiu-se se
o INPI deveria pagar honorários advocatícios, custas e despesas processuais. Foram
expostas três conclusões:
Na ação de nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao lado de
sociedade empresária porque concedeu indevidamente o registro para a empresa
“B” mesmo gerando confusão com a marca da empresa “A” e também porque não deu
andamento ao pedido administrativo formulado pela empresa “A” para anular o
registro indevidamente concedido. Assim, diante disso, o referido Instituto deve
responder solidariamente pelos honorários advocatícios sucumbenciais mesmo
que, na ação proposta, ele tenha reconhecido a procedência do pedido formulada
na Inicial.
Em ação de nulidade de registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas.
Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a
ele reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora.
Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras
do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da
obrigação de reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora.
+++ DECAA - SINASE: Relativização da regra prevista no art. 49, II, do SINASE
Não se mostra razoável colocar em meio aberto adolescente que recebeu medida de
internação apenas pelo fato de ele não estar em unidade próxima a sua residência,
deixando de lado tudo que foi verificado e colhido durante o processo de apuração, bem
como os relatórios técnicos dos profissionais que estão próximos ao reeducando,
identificando suas reais necessidades.
Desse modo, entende-se que deve haver a relativização da regra do art. 49, II, devendo
ser examinado caso a caso e verificada a imprescindibilidade da medida de internação,
bem como a adequação da substituição da medida imposta por outra em meio aberto.
Não é possível utilizar ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) contra título
executivo judicial fundado em lei declarada não recepcionada pelo STF em decisão
proferida em controle incidental que transitou em julgado após a constituição
definitiva do referido título.
O art. 100 da CF/88 determina que os pagamentos devidos pela Fazenda Pública estão
sujeitos ao sistema de precatórios, o que abrange, inclusive, as verbas de caráter alimentar.
O simples fato de se tratar de sentença concessiva de mandado de segurança não serve
para afastar a regra dos precatórios. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 889173 RG, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 07/08/2015 (repercussão geral). Assim, não se tratando de
dívida de pequeno valor (§ 3º do art. 100, da CF/88), deve-se respeitar a sistemática dos
precatórios.
Existe um plus de reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do
delito uma pessoa conhecida que lhe depositava total confiança.
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a
dois terços, se:
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
Exemplo: Pedro convidou Lucas (15 anos) para auxiliá-lo, de forma estável e
permanente, na prática do tráfico de drogas. Como contrapartida, prometeu “pagar” pelo
serviço dando 100g de cocaína por semana para que ele consumisse. Foram presos quando
estavam vendendo droga. Pedro foi denunciado por tráfico de drogas (art. 33) e associação
para o tráfico (art. 35), com a causa de aumento do art. 40, VI.
O agente poderia ter praticado o crime de associação para fins de tráfico valendo-se de
outra pessoa, maior de idade. No entanto, escolheu associar-se com um adolescente para
o cometimento do delito. Desse modo, deverá responder de forma mais gravosa por esta
conduta, que foi considerada mais reprovável pelo legislador, nos termos do art. 40, VI,
da LD.
O fato de o agente ter envolvido um menor na prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído
com drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e dependência, justifica a
aplicação, em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 40, VI,
da Lei nº 11.343/2006, ainda que haja fixação de pena-base no mínimo legal. A aplicação
da causa de aumento em patamar acima do mínimo é plenamente válida, desde que
fundamentada na gravidade concreta do delito.
+++ DPP - PRISÃO: Atos infracionais pretéritos podem ser utilizados como
fundamento para decretação/manutenção da prisão preventiva
João, 19 anos, está respondendo a processo criminal por roubo. Quando era
adolescente, cumpriu medida socioeducativa por homicídio. O juiz, ao decretar a
prisão preventiva do réu, poderá mencionar a prática desse ato infracional como um
dos fundamentos para a custódia cautelar?
Assim, se o juiz cometeu um erro na sentença ao somar as penas, mas o Ministério Público
não recorreu contra isso, não é possível que o Tribunal corrija de ofício em prejuízo do
réu.
O depósito judicial integral não trouxe qualquer vantagem ou redução de custos para a
Administração Tributária. Não houve a chamada “relação de troca entre custo de
conformidade e custo administrativo” a atrair caracterização da denúncia
espontânea (art. 138 do CTN).
Obs: para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é
necessário o preenchimento de três requisitos:
Na denúncia espontânea o pagamento deve ser feito à vista; não vale parcelar. Para
ter direito ao benefício da denúncia espontânea, o devedor deverá efetuar o pagamento
integral de uma só vez. Se o contribuinte parcelar o pagamento, isso não configura
denúncia espontânea e ele não estará isento da multa. Essa previsão encontra-se
insculpida no § 1º do art. 155 do CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na
forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º Salvo disposição de lei em
contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e
multas.
Termo final para que haja a denúncia espontânea. Como visto acima, um dos
requisitos para que haja denúncia espontânea está no fato de que o devedor deverá
confessar e pagar o débito ANTES que o Fisco instaure contra ele “qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração”.
Tem que confessar antes de ser “descoberto”. Se for depois, não adiantará nada. Segundo
a doutrina (SABBAG, p. 668), o documento que demonstra que o Fisco instaurou
procedimento administrativo para apurar a infração é o “Termo de Início de
Fiscalização”, previsto no art. 196 do CTN: Art. 196. A autoridade administrativa que
proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos
necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação
aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os
termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros
fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à
fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.
Subvenção econômica. O Governo Federal, a fim de contribuir para reduzir o valor das
tarifas de energia elétrica paga pelos consumidores de baixa renda, concedeu, por meio
do art. 5º da Lei nº 10.604/2002, uma subvenção econômica para as concessionárias de
energia elétrica. A Resolução nº 89 da ANEEL explica em que consiste a subvenção
econômica: “subvenção econômica compensa a concessionária ou permissionária pelo
impacto derivado da introdução dos novos critérios, consubstanciado na diferença entre
o montante financeiro a ser despendido e o anteriormente verificado, medida que tem por
finalidade preservar os níveis tarifários vigorantes e a modicidade tarifária para o
restante do mercado consumidor”; Fazendo um cálculo bem grosseiro, apenas para você
entender, imagine o seguinte: o Governo Federal decide conceder R$ 20 de subvenção
econômica para as concessionárias nas contas dos consumidores classificados como
classe “residencial baixa renda”. Assim, suponhamos que, pelo consumo de energia na
casa do Sr. João (consumidor de baixa renda), este deveria pagar R$ 50 de tarifa. Como
há esta subvenção, sua conta chegará no valor de apenas R$ 30.
As sociedades corretoras de seguros estão incluídas no rol do art. 22, § 1º, da Lei nº
8.212/91? As sociedades corretoras de seguros sofreram com o aumento da alíquota
da COFINS promovida pelo art. 18 da Lei nº 10.684/2003? NÃO.
O segurado especial tem que estar laborando no campo quando completar a idade
mínima para ter direito à aposentadoria por idade rural prevista no art. 143 da Lei
nº 8.213/1991, momento em que poderá requerer seu benefício. Fica ressalvada a
hipótese do direito adquirido em que o segurado especial preencheu ambos os
requisitos de forma concomitante, mas não requereu o benefício.
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime
Geral de Previdência Social, na forma da alínea “a” do inciso I, ou do inciso IV ou VII
do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário
mínimo, durante quinze anos, contados a partir da datade vigência desta Lei, desde que
comprove o EXERCÍCIO de atividade rural, ainda que descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à
carência do referido benefício.
Observação: Esta aposentadoria do art. 143 é diferenciada porque não se exige do
segurado contribuição para a Previdência Social. Em outras palavras, o segurado se
aposenta mesmo sem ter pago contribuições previdenciárias.
A acumulação, neste caso, é autorizada pela alínea “b” do inciso XVI do art. 37 da CF/88:
“b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;” O STJ reconheceu que
tradutor e intérprete de LIBRAS é um cargo “técnico” para fins de enquadramento na
exceção constitucional. Isso com fulcro nos arts. 6º e 7º da Lei nº 12.319/2010, que
regulamenta a profissão.
Mas o cargo de tradutor e intérprete de LIBRAS não exige curso superior… Mesmo
assim ele pode ser considerado como um cargo técnico? SIM. O conceito de “cargo
técnico ou científico” não exige, necessariamente, que se trate de um cargo de nível
superior. O STJ entende que cargo técnico ou científico, para fins de acumulação com o
de professor, nos termos do art. 37, XVII, da CF/88, é aquele para cujo exercício sejam
exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente
de nível superior (STJ. 5ª Turma. RMS 20.033/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
julgado em 15/02/2007).
Ocorre que a situação atual é sensivelmente diversa daquela que, em 1995, motivou a
previsão legislativa. Com efeito, em 2010 a DPU abriu seu primeiro concurso público
para o provimento de cargos de nível superior e médio. Já em 2015 adveio o segundo
concurso. Assim sendo, embora a requisição, em 1995, fosse irrecusável, tem-se que a
própria previsão legal de requisição estabeleceu um termo final para sua vigência: 90 dias
após a constituição do quadro de apoio da Defensoria.
Se tivesse havido sentença absolutória. Apesar de não ter ficado expresso no julgado,
vale ressaltar que a situação seria diferente se o réu tivesse sido absolvido no processo
criminal com fundamento no art. 386, I e IV, do CPP. Nestes casos, a sentença penal
absolutória faria coisa julgada no cível (vincularia o juízo cível). A sentença de extinção
da punibilidade pelo cumprimento das condições impostas na suspensão condicional do
processo não é absolutória e não nega a existência do fato nem a sua autoria.
Contudo, há uma exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua
autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem
autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem
por ele.
Desse modo, a mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de idade,
residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor - sobre
quem apenas o pai exercia autoridade de fato - não pode ser responsabilizada pela
reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando que ela não deixou de
deter o poder familiar sobre o filho.
Precedentes em sentido um pouco diverso. Vale ressaltar que o tema acima é polêmico,
havendo precedentes mais antigos em sentido um pouco diverso do que foi decidido.
Confira um deles: (…) 1. Os pais respondem civilmente, de forma objetiva, pelos atos dos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia (artigo 932, I, do
Código Civil). 2. O fato de o menor não residir com o(a) genitor(a) não configura, por
si só, causa excludente de responsabilidade civil. 3. Há que se investigar se persiste o
poder familiar com todas os deveres/poderes de orientação e vigilância que lhe são
inerentes. Precedentes. (…) (STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 220.930/MG, Rel. Min.
Sidnei Beneti, julgado em 09/10/2012). Em provas de concurso, deve-se adotar o julgado
mais recente, noticiado no Info 575.
(Juiz TJ/TO 2007 CESPE) A responsabilidade civil por ato de terceiro permite estender
a obrigação de reparar o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa,
desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela
indenização. Nessa hipótese, a responsabilidade é objetiva.“ CERTO
O que são terrenos de marinha? Terrenos de marinha são “todos aqueles que,
banhados pelas águas do mar ou dos rios e lagoas navegáveis (estes últimos,
exclusivamente, se sofrerem a influência das marés, porque senão serão terrenos
reservados), vão até a distância de 33 metros para a parte da terra contados da linha
do preamar médio, medida em 1831” (CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito
Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 417). Os terrenos de marinha são bens da
União (art. 20, VII, da CF/88). Isso se justifica por se tratar de uma região estratégica
em termos de defesa e de segurança nacional (é a “porta de entrada” de navios
mercantes ou de guerra).
Enfiteuse (ou aforamento). José dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito
Administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 1311) explica que, em
algumas regiões, a União permitiu que particulares utilizassem, de forma privada,
imóveis localizados em terrenos de marinha. Como essas áreas pertencem à União, o
uso por particulares é admitido pelo regime da enfiteuse (aforamento), que funciona,
em síntese, da seguinte forma: a União (senhorio direto) transfere ao particular
(enfiteuta) o domínio útil; o particular (enfiteuta) passa a ter a obrigação de pagar
anualmente uma importância a título de foro ou pensão.
O particular (enfiteuta) pode transferir para outras pessoas o domínio útil que
exerce sobre o bem? SIM. Tome-se o seguinte exemplo: João reside em uma casa
localizada dentro de um terreno de marinha, possuindo, portanto, apenas o domínio útil
sobre o bem e pagando, anualmente, o foro. Ocorre que ele quer se mudar. Diante disso,
poderá “vender” o domínio útil para outra pessoa.
A pessoa que transferir o domínio útil do imóvel terá que pagar algum valor para a
União? SIM. A legislação estabelece que a pessoa, antes de efetuar a transferência,
deverá pagar 5% do valor do domínio útil à União. Assim, em nosso exemplo, João
terá que recolher em favor da União 5% do valor do domínio útil de sua casa pelo simples
fato de ela estar localizada em terreno de marinha. Esse valor é chamado de laudêmio e
seu pagamento está previsto no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.398/87: Art. 3º Dependerá do
prévio recolhimento do laudêmio, em quantia correspondente a 5% (cinco por cento) do
valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, a transferência onerosa, entre
vivos, do domínio útil de terreno da União ou de direitos sobre benfeitorias neles
construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos.
A tese de João foi aceita? É ilegal a cláusula que transfira para o promitente-
comprador o dever de pagar o laudêmio? NÃO. O recolhimento do laudêmio em favor
da União, em se tratando de transferência onerosa, é obrigação legal decorrente de uma
relação jurídica, regida por regras do direito administrativo, entre o proprietário do
domínio direto (a União) e o proprietário do domínio útil do imóvel (o particular). Isso
não impede, contudo, que os particulares (promitente-adquirente e promitente-
vendedor) combinem entre si, em uma relação meramente contratual e privada, que
um deles (promitente-adquirente) é quem irá pagar o laudêmio.
O Código Civil de 2002, ao disciplinar a partilha das quotas sociais em razão da separação
judicial ou do divórcio, deixou claro que o cônjuge possui direito sobre as quotas
adquiridas pelo outro cônjuge na constância do casamento. A solução adotada pelo
Código, nestes casos, foi a de conferir ao cônjuge o direito de receber a divisão periódica
dos lucros. Veja:
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela
maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou
fraude.
Observação. Segundo entende a doutrina, este art. 48 é uma norma que se aplica
também às sociedades limitadas. Logo, não existe omissão na legislação que rege as
sociedades limitadas. Não havendo omissão, não há motivo para se aplicar,
supletivamente, o art. 286 da Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A).
Art. 1.074 (…) § 2º Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar
matéria que lhe diga respeito diretamente.
Portanto, para fins de quórum de deliberação, não pode ser computada a participação no
capital social do sócio excludendo (sócio que está sendo excluído), devendo a apuração
se lastrear em 100% do capital restante, isto é, daqueles legitimados a votar, sob pena de
tornar-se inútil a deliberação.
Art. 1.026. (…) § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois)
anteriores houverem sido considerados protelatórios.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
II — suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento;
III — corrigir erro material.
Se o devedor embargar e os embargos forem rejeitados, ele não terá que pagar
honorários advocatícios, já que o encargo do DL 1.025/69 os substituem. Isso porque
o encargo do DL 1.025/69 já substitui os honorários. Existe uma súmula do extinto
Tribunal Federal de Recursos (que foi substituído pelo STJ com a CF/88) afirmando isso.
Veja: Súmula 168-TFR: O encargo de 20% do Dec.-lei 1.025/69, é sempre devido nas
execuções fiscais da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em
honorários advocatícios.
Só incide em caso de execuções fiscais propostas pela União. Vale ressaltar que este
encargo só incide em execuções fiscais promovidas pela União, não sendo aplicado caso
a ação executiva seja proposta por entidades federais (exs: INSS, IBAMA). A Súmula
168 do TFR continua válida, mas ela só se aplica para execuções fiscais promovidas pela
União. Não vale para execuções fiscais ajuizadas por suas entidades. Logo, se uma
entidade federal ajuíza execução fiscal não será devida a cobrança do encargo. No
entanto, se houver embargos à execução fiscal e estes forem rejeitados, será possível a
condenação do executado/embargante em honorários de sucumbência (STJ. 1ª Seção.
REsp 1143320/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/05/2010).
A pergunta que surge, agora, é a seguinte: se a União ajuizar execução fiscal contra
um Estado-membro (fazenda pública estadual), incidirá também neste caso o
encargo do art. 1º do DL 1.025/69? O Estado-membro executado é obrigado a pagar
o referido encargo? SIM. O fato de a Fazenda Estadual estar no polo passivo da
execução fiscal não afasta a incidência do encargo contido no art. 1º do DL 1.025/69
porque esta é uma regra especial que prevalece sobre as regras do CPC que tratam sobre
honorários e demais verbas de sucumbência. Em outras palavras, incide o encargo do
art. 1º do DL 1.025/69 nas execuções fiscais promovidas pela União,
independentemente do polo passivo da demanda ser ocupado por particular ou por
ente público.
Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta
em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente do motivo que
tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura de nova
demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro
Estado da federação.
Art. 103, III, do CDC. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença
fará coisa julgada: (…) III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único
do artigo 81. Realmente, uma leitura precipitada do inciso III do art. 103 do CDC poderia
levar à equivocada conclusão de que apenas em caso de procedência da ação coletiva
seria proibida a nova propositura de ação coletiva idêntica. Esta, contudo, não é a
interpretação dada pelo STJ. O inciso III deve ser lido em conjunto com o § 2º, que
estabelece: § 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido,
os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão
propor ação de indenização a título individual.
Interpretando o inciso III em conjunto com o § 2º do art. 103, o STJ chegou à seguinte
conclusão:
2.a) os interessados individuais que não tiverem intervindo no processo coletivo como
litisconsortes (art. 94 do CDC) poderão propor ação de indenização a título
individual. Ex: os consumidores do medicamento que não tiverem atendido ao chamado
do art. 94 do CDC e não tiverem participado da primeira ação coletiva poderão ajuizar
ações individuais de indenização contra a empresa.
2.b) não cabe a repropositura de nova ação coletiva mesmo que por outro legitimado
coletivo (não importa se ele participou ou não da primeira ação; não pode nova ação
coletiva).
Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por objeto a obtenção de
informações detidas pela Administração Pública que não foram materializadas em
documentos (eletrônicos ou não), ainda que se alegue demora na prestação dessas
informações pela via administrativa.
Para o STJ, é certo que a Administração Pública tem o dever de prestar, em tempo
razoável, informações aos interessados, conforme determina o art. 5º, XXXIV, “b”, da
CF/88 e o art. 1º da Lei nº 9.051/95:
No entanto, o meio processual utilizado não foi correto. A ação de exibição destina-se à
obtenção de documentos já existentes que se encontram em poder da pessoa que se
recusa a fornecê-los. Portanto, não há como admitir o pedido de exibição de
documentos que não existem, como no caso, em que a autora requer a confecção de
certidão e planilha contendo informações que ainda deverão ser apuradas pelo
demandado. O verbo “exibir” não possui o mesmo significado de “expedir” ou
“confeccionar”.
O entendimento acima exposto permanece válido com o novo CPC, que trata sobre a ação
de exibição de documento ou coisa nos arts. 396 a 404. Veja que o Código exige que já
exista um documento ou coisa a ser exibido:
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em
seu poder.
Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP,
desde que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja
algo torpe. Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima.
Assim, a simples captação de diálogos de quem detém foro especial com alguém que está
sendo investigado por práticas ilícitas não pode conduzir, tão logo surjam conversas
suspeitas, à conclusão de que a referida autoridade também participa da atividade
criminosa, sendo necessário aguardar um pouco para se avaliar com mais cautela antes
de se encaminhar os autos para o Tribunal com competência para julgar a autoridade.
Em verdade, há de se ter certo cuidado para não se extraírem conclusões precipitadas ante
a escuta fortuita de conversas. Em certos casos, a existência de proximidade espúria da
autoridade pública com as pessoas investigadas somente vai ganhando contornos na
medida em que a investigação se aprofunda, sem que seja possível ao magistrado
delimitar, imediatamente, a ocorrência dessa relação. Somente com a continuidade por
determinado período das interceptações, mostra-se possível serem alcançados resultados
mais concludentes sobre o conteúdo das conversas interceptadas.
Com base nesses argumentos, deve-se concluir que a remessa imediata (precipitada) ao
STF/STJ/TJ/TRF de toda e qualquer conversa em que surja a presença de uma autoridade
com foro privativo traz três consequências negativas que devem ser evitadas:
Obs.: a TNU possui julgados em sentido contrário ao do STJ, ou seja, entendendo ser
possível aplicar o art. 45 da Lei nº 8.213/91 aos aposentados por tempo de serviço e/ou
tempo de contribuição. Contudo, em provas, deve-se adotar a posição do STJ.
Qual a diferença entre as duas situações? Por que no segundo caso o segurado terá
direito ao adicional? Porque o segurado voltou ao mercado de trabalho e estava na ativa
no momento da invalidez. Para o STJ, o acréscimo de 25%, denominado adicional de
grande invalidez, é exclusivo da aposentadoria por invalidez. Assim, não é possível
estendê-lo a outras espécies de aposentadoria, sob pena de se comprometer o equilíbrio
atuarial e financeiro do regime. No primeiro caso, o segurado estava aposentado por
tempo de serviço. Se fosse concedido o adicional, estaríamos estendendo o adicional para
essa espécie de aposentadoria, o que é vedado. Na segunda hipótese, ele também estava
aposentado por tempo de serviço, mas voltou a trabalhar. Logo, estando na ativa, é
possível converter a aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria por
invalidez e, com isso, incluir o adicional de 25%, que irá incidir não sobre a
aposentadoria por tempo de serviço (que deixará de existir), mas sim sobre a
aposentadoria por invalidez.
E por que no primeiro caso não é possível converter a aposentadoria por tempo de
serviço em aposentadoria por invalidez? Porque o segurado, para fazer jus à
aposentadoria por invalidez, deve estar trabalhando no momento em que ocorreu a
incapacidade (ou ao menos, deve estar em gozo do auxílio-doença). Se ele não estiver na
ativa, não se pode converter sua aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria
por invalidez.
A entidade de prática desportiva não filiada à CBF e à FIFA, ainda que pertencente ao
Sistema Nacional de Desporto, não faz jus à contribuição de solidariedade prevista no
Regulamento FIFA - mecanismo de ressarcimento de custos provenientes da formação de
atleta profissional -, ressalvados eventuais direitos contratuais pactuados diretamente com
entidades filiadas.
Cabem embargos à adjudicação sob alegação de não ter sido excluída da obrigação
exequenda a capitalização de juros conforme determinado pela sentença proferida em
anteriores embargos à execução.
Segundo decidiu o STJ, pode ser conhecida a apelação que, sem má-fé e em prazo
compatível com o previsto para o agravo de instrumento, foi interposta contra decisão
que, em juízo prévio de admissibilidade em ação de improbidade administrativa,
reconheceu a ilegitimidade passiva ad causam de alguns dos réus.
Novo CPC. No CPC 2015, a apelação e o agravo de instrumento possuem agora o mesmo
prazo (15 dias).
A lei não exige que o contrato de alienação fiduciária de imóvel seja vinculado ao
financiamento do próprio bem que foi dado em garantia. Em outras palavras, o dinheiro
obtido com o empréstimo pode ser utilizado para finalidades diversas e não precisa
estar vinculado à aquisição, construção ou reforma de bem imóvel. É legítima a
constituição de alienação fiduciária em garantia para financiar toda e qualquer obrigação
pecuniária.
Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio jurídico pelo qual o
devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a transferência ao credor, ou
fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel.
Nas execuções disciplinadas pela lei que regula as incorporações imobiliárias (Lei nº
4.591/64), não há necessidade de notificação da parte inadimplente da data e hora
do leilão extrajudicial (art. 63, § 1º), quando existir autorização contratual para sua
utilização e prévia interpelação do devedor com intuito de possibilitar a purgação
da mora.
Art. 63. É lícito estipular no contrato, sem prejuízo de outras sanções, que a falta de
pagamento, por parte do adquirente ou contratante, de 3 prestações do preço da
construção, quer estabelecidas inicialmente, quer alteradas ou criadas posteriormente,
quando for o caso, depois de prévia notificação com o prazo de 10 dias para purgação
da mora, implique na rescisão do contrato, conforme nêle se fixar, ou que, na falta de
pagamento, pelo débito respondem os direitos à respectiva fração ideal de terreno e à
parte construída adicionada, na forma abaixo estabelecida, se outra forma não fixar o
contrato.
Imagine que o adquirente foi notificado para purgar a mora, mas não o fez, razão
pela qual foi marcado o leilão extrajudicial. Diante disso, indaga-se: o devedor
precisará ser intimado da data e hora em que será realizado o leilão? Se não houver
a sua intimação, este leilão será inválido? NÃO. Nas execuções disciplinadas pela lei
que regula as incorporações imobiliárias (Lei nº 4.591/1964), não há necessidade de
notificação da parte inadimplente da data e hora do leilão extrajudicial (art. 63, § 1º).
que exista autorização no contrato para que o leilão seja realizado em caso de
inadimplemento (art. 63); e
que o devedor seja previamente interpelado para a possibilidade de purgação da
mora.
Art. 27. Uma vez consolidada a propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de trinta
dias, contados da data do registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá
público leilão para a alienação do imóvel.
§ 1º Se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido for inferior ao valor do
imóvel, estipulado na forma do inciso VI do art. 24, será realizado o segundo leilão, nos
quinze dias seguintes.
§ 2º No segundo leilão, será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior
ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive
tributos, e das contribuições condominiais. (…)
§ 4º Nos cinco dias que se seguirem à venda do imóvel no leilão, o credor entregará ao
devedor a importância que sobejar, considerando-se nela compreendido o valor da
indenização de benfeitorias, depois de deduzidos os valores da dívida e das despesas e
encargos de que tratam os §§ 2º e 3º, fato esse que importará em recíproca quitação, não
se aplicando o disposto na parte final do art. 516 do Código Civil.
§ 5º Se, no segundo leilão, o maior lance oferecido não for igual ou superior ao valor
referido no § 2º, considerar-se-á extinta a dívida e exonerado o credor da obrigação de
que trata o § 4º.
É feita uma primeira tentativa de leilão, no qual o valor do lance não pode ser inferior
ao valor do imóvel (§ 1º).
Se não houver proposta que preencha esta exigência, é marcado um segundo leilão.
Neste segundo leilão o bem será vendido pelo maior lance, desde que, nesse caso, seja
superior ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais,
inclusive tributos, e das contribuições condominiais (§ 2º).
Se sobrar algum valor após pagar estes débitos, ele será repassado ao devedor (§ 4º).
Se no segundo leilão não se conseguir um lance com valor superior ao da dívida e
encargos (§ 2º), então, neste caso, o bem fica com o fiduciário (o fiduciário torna-se
proprietário pleno) e a dívida é considerada extinta (§ 5º).
Caso o bem não seja vendido nos dois leilões, o bem ficará com o fiduciário e a dívida
será considerada extinta (§§ 5º e 6º). Se mesmo assim o devedor não desocupar o
imóvel, será possível que o fiduciário cobre dele a taxa de ocupação? A partir de
quando esta será contada? SIM. Será possível cobrar a taxa de ocupação (art. 37-A).
Ela será cobrada a partir da data em que for considerada extinta a dívida, nos termos
do § 5º do art. 27 acima transcrito.
Dessa forma, em regra, a taxa de ocupação pode ser cobrada a partir da data da alienação
do imóvel no leilão. Se os leilões restarem frustrados, a taxa de ocupação será cobrada a
partir da data em que a dívida for considerada extinta (art. 27, § 5º, da Lei nº 9.514/97)
Ex: João e Maria, quando se divorciaram, fizeram um acordo quanto à guarda e alimentos
do filho. A guarda ficaria com Maria e João teria que arcar, a título de pensão alimentícia,
com as despesas do plano de saúde (R$ 100) e as mensalidades do colégio (R$ 400). João
deixou de pagar tais despesas. Maria passou a arcar, ela própria, com tais pagamentos. O
prazo para Maria reaver esse dinheiro de João é de 10 anos, nos termos do art. 205 do
CC.
Gestão de negócios. Segundo entendeu o STJ, a mãe, neste caso, atuou como se fosse
uma gestora de negócios (“gestão de negócios”), figura prevista no art. 861 do CC:
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio
alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando
responsável a este e às pessoas com que tratar.
Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os
prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este
não ratifique o ato.
Reconhecida a incidência da gestão de negócios, deve-se entender que a mãe agiu como
terceiro não interessado e seu crédito é de natureza pessoal (não se situando no âmbito do
direito de família). Assim, o crédito da mãe para com o genitor, não sendo de direito
de família, não se aplica o art. 206, § 2º do CC.
Como não existe, no rol do art. 206, um dispositivo que se enquadre na presente situação,
deve-se aplicar a regra geral trazida pelo art. 205 do CC:
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
O banco deve compensar os danos morais sofridos por consumidor vítima de saque
fraudulento que, mesmo diante de grave e evidente falha na prestação do serviço
bancário, teve que intentar ação contra a instituição financeira com objetivo de
recompor o seu patrimônio, após frustradas tentativas de resolver
extrajudicialmente a questão.
Se houve saque fraudulento da conta bancária, este fato, por si só, gera direito à
indenização por danos morais? Pode-se dizer que em caso de saques fraudulentos
existe dano moral in re ipsa (com prejuízo presumido)? NÃO. O STJ entende que nem
sempre haverá condenação por danos morais em caso de saque fraudulento feito em conta
bancária. Nesse sentido: REsp 540.681/RJ, Rel. Min. Castro Filho, julgado em
13/09/2005. Assim, a retirada indevida de quantia depositada em conta poupança ou
corrente não gera, automaticamente, dano moral passível de indenização. Não há que se
falar em dano moral in re ipsa. Somente haverá dano moral se, no caso concreto, ficar
provada a ocorrência de circunstâncias que demonstrem que houve sofrimento,
angústia, dor, ou seja, algo maior do que um mero aborrecimento.
No caso concreto, o STJ considerou que a instituição financeira não adotou quaisquer
providências hábeis a solucionar o problema narrado pelo consumidor, tanto que se fez
necessário o ajuizamento de uma ação judicial, em que pleiteado, além do dano moral,
aquele de cunho patrimonial, consistente nos valores sacados indevidamente da conta
bancária. Tais circunstâncias são suficientes à caracterização do dano moral, porque não
podem ser consideradas como meros dissabores, inerentes à vida social.
+++ DCONS - RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO:
Responsabilidade civil e banco postal
Apesar disso, a ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que for assaltado
no interior de agência dos Correios na qual é fornecido o serviço de banco postal.
Banco postal. O Banco Postal é a marca dos Correios que designa sua atuação como
correspondente na prestação de serviços bancários básicos em todo o território nacional.
Tem como objetivo levar serviços de correspondente à população desprovida de
atendimento bancário e proporcionar acesso ao Sistema Financeiro. (Conceito
disponível no site dos Correios: http://www.correios.com.br/). Quem irá realizar tal
operação, na realidade, é o Banco do Brasil, mas utilizando-se da estrutura dos Correios.
Veja o que diz a Portaria nº 588/2000 do Ministério das Comunicações:
Ação civil pública ajuizada pelo MPF.O MPF ajuizou ação civil pública pedindo que a
ECT fosse condenada a instalar nas agências dos Bancos Postais todos os equipamentos
de segurança previstos na Lei nº 7.102/83. O pedido do MPF foi aceito? As exigências
previstas na Lei nº 7.102/83 são aplicadas também aos bancos postais? Os bancos
postais deverão cumprir a Lei nº 7.102/83? NÃO. Segundo interpretação da doutrina,
para que seja considerada instituição financeira, deverão estar preenchidos os seguintes
requisitos: captação de recursos de terceiros em nome próprio; seguida de repasse
financeiro por meio de operação de mútuo; com o intuito de auferir lucro; derivado da
maior remuneração dos recursos repassados em relação a dos recursos coletados; e desde
que a captação seguida de repasse se realize de forma habitual. Esse conceito não se aplica
ao correspondente bancário. Os correspondentes bancários são empresas contratadas por
instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central para a
prestação de serviços de atendimento aos clientes e usuários dessas instituições.
Aplicação da Lei nº 7.102/83 a Banco Postal inviabilizaria seus objetivos.
Não confundir:
A cobrança do valor gasto com honorários advocatícios está autorizada pelo Código
Civil. Inexiste abuso na exigência, pelo credor, de honorários advocatícios extrajudiciais
a serem suportados pelo devedor em mora em caso de cobrança extrajudicial, pois, além
de não causar prejuízo indevido para o devedor em atraso, isso tem previsão
expressa nos arts. 389, 395 e 404 do Código Civil:
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
e honorários de advogado.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo
juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Isso se faz necessário a fim de cumprir o disposto no art. 51, XII, do CDC:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: (…)
O STJ considerou que, no caso concreto, havia uma antinomia de segundo grau. Isso
porque o Decreto-Lei nº 1.715/79 e a Lei nº 8.036/90 são diplomas normativos que
tratam, de forma específica, sobre tributos da União e FGTS, exigindo a apresentação
das certidões. Dessa forma, o DL 1.715/79 e a Lei nº 8.036/90 “vencem” a Lei nº 8.934/94
no critério da especialidade. No entanto, o STJ entendeu que, na presente situação, o
critério cronológico é que deverá prevalecer e aí a Lei nº 8.934/94 (posterior) é que
“vence” a análise. Deve prevalecer o critério cronológico no caso porque o art. 37,
parágrafo único, da Lei nº 8.934/94 é categórico (enfático) em afirmar que “nenhum
outro documento será exigido”.
E a certidão negativa do INSS, por que ainda pode ser exigida? Porque a exigência
de certidão negativa do INSS existe por força da Lei nº 9.032/95, que é posterior à Lei
n. 8.934/1994. A Lei nº 9.032/95 alterou a Lei nº 8.212/91 determinando a exigência da
Certidão Negativa de Débitos (CND).
O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada
com o objetivo de reparar os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem
provisão de fundos emitido por correntista.
Ex: João emitiu um cheque em favor de Paulo. Este foi até o banco tentar sacar a quantia,
mas o cheque foi recusado por falta de fundos. Paulo ajuizou ação de indenização contra
o banco alegando que houve má prestação do serviço bancário. Isso porque a instituição
financeira deveria ser mais cautelosa e diligente ao fornecer talonário de cheques aos seus
clientes, verificando se são bons pagadores, se possuem renda suficiente, se já têm conta
há muito tempo etc. Tal pedido não encontra amparo na jurisprudência do STJ.
Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85). O art. 4º da Lei nº 7.357/85, prevê que “a existência
de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para
pagamento”. Logo, se não houve erro do banco ao fazer a conferência e recusar o cheque,
não há defeito na prestação do serviço, e, portanto, não cabe imputar ao banco qualquer
conduta ilícita.
João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz
a divisa dos Estados de São Paulo e Paraná. A empresa “XXX”, após vencer a
licitação, iniciou a construção de uma usina hidrelétrica neste rio. Ocorre que, após
a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de alguns peixes
existentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Vale ressaltar que
estes peixes eram os mais procurados pela população e os que davam maior renda
aos pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por
danos morais e materiais contra a empresa (concessionária de serviço público)
sustentando que a construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e
sofrimento moral, já que ele não mais poderia exercer sua profissão de pescador. O
pescador terá direito à indenização em decorrência deste fato?
Celso Antônio afirma que, para que haja indenização em caso de atos lícitos é
necessário que o fato ou ato lesivo seja/tenha: a) certo; b) especial (o dano foi a uma
pessoa ou grupo de pessoas e não um prejuízo generalizado para toda a sociedade. Se
alcançasse a todos os cidadãos configuraria ônus comum à vida em sociedade, repartindo-
se, então, generalizadamente entre seus membros); c) anormal (aquele que supera os
incômodos e inconvenientes comuns); d) causado dano a uma situação jurídica
legítima da vítima. (MELLO, Celso Antônio Bandeira. Elementos de Direito
Administrativo. São Paulo: RT, 1981, p. 259). O STJ considerou que os quatro
requisitos acima estão previstos na situação concreta.
E quanto aos danos morais? O pescador terá direito à compensação por danos
morais? NÃO. A indenização por danos morais decorrentes de dano ambiental tem como
objetivo evitar ou eliminar fatores que possam causar riscos intoleráveis. Só que no
presente caso, o risco era permitido porque a atividade desenvolvida pela
concessionária foi lícita e de interesse público. A concessionária providenciou o
EIA/RIMA e cumpriu satisfatoriamente todas as condicionantes, inclusive propiciando a
recomposição do meio ambiente com a introdução de espécies de peixes mais adaptadas
à vida no lago da hidrelétrica. Além disso, não houve suspensão, em momento algum,
da atividade pesqueira, ao contrário do que ocorre em situações de poluição causada
por desastre ambiental, durante o período necessário à recuperação do meio
ambiente. Em outras palavras, os pescadores continuaram podendo praticar a pesca,
ainda que em condições menos vantajosas. A simples necessidade de que os pescadores
se adaptem às novas condições da atividade pesqueira enseja dano patrimonial (como
vimos acima), mas não gera dano moral indenizável.
Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial liminar que determinou a
busca e apreensão de criança para acolhimento em família devidamente cadastrada
junto a programa municipal de adoção.
Esse empréstimo compulsório foi criado pela Lei nº 4.156/62 com o objetivo de
financiar a expansão e a melhoria do setor elétrico brasileiro em uma época onde
em muitos lugares do país não havia energia elétrica. Assim, na conta de luz do
consumidor, além da tarifa normal, era cobrado determinado valor a título de empréstimo
compulsório. Esse empréstimo compulsório foi exigido até 1993. O valor arrecadado
era destinado à Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras), sociedade de economia
mista federal responsável pela expansão da oferta de energia elétrica no país. E a União,
qual era o papel que a lei estabeleceu para ela? A União instituiu o empréstimo
compulsório e, segundo a lei, ela seria responsável solidária, juntamente com a Eletrobrás,
pela devolução dos valores aos consumidores (art. 4º, § 3º da Lei nº 4.156/62). Em outras
palavras, a obrigação de devolver os valores do empréstimo compulsório era
solidária da União e da Eletrobrás. Diante disso, surgiu uma dúvida: de quem é a
competência para julgar as demandas envolvendo cobrança de valores relacionados
com o empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica? Depende:
Se o recurso diz respeito justamente à alegação do recorrente de que ele não dispõe de
condições econômico-financeiras para arcar com os custos da demanda, não faz sentido
considerá-lo deserto por falta de preparo, uma vez que ainda está sob análise o pedido de
assistência judiciária e, caso seja deferido, neste momento, o efeito da decisão retroagirá
até o período da interposição do recurso e suprirá a ausência do recolhimento e, caso seja
indeferido, deve ser dada oportunidade de regularização do preparo.
Como fica a questão com o novo CPC? O CPC 2015 adota expressamente a a decisão
desse acórdão a e prevê que o recorrente não precisará fazer o recolhimento das
custas até que haja uma decisão do relator sobre a questão, antes do julgamento do
recurso (art. 101, § 1º).
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator
sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
Mudança de entendimento!
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
Assim, o que deve ser considerado “verdadeiro” é a ocorrência do dano. Não se pode,
contudo, confundir a existência do dano com a sua correta quantificação feita pelo autor
na petição inicial. O quantum, ou seja, o valor do dano deve corresponder ao prejuízo
efetivamente sofrido pela parte lesada, sob pena de ocorrer enriquecimento sem causa.
Dessa forma, reconhecida a ocorrência dos alegados danos materiais, é correta eventual
decisão do magistrado de determinar que o valor da indenização seja apurado em
liquidação.
Previsão constitucional. CF88. Art. 5º (…) XXVI - a pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento;
Previsão CPC 2015. Art. 833. São impenhoráveis: VIII - a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
Súmula 558-STJ: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser
indeferida sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte
executada.
Novo CPC. O CPC 2015 exige que a qualificação das partes venha acompanhada da
indicação do CPF/CNPJ, mas há a ressalva de que a petição inicial pode ser recebida
apesar da ausência de algumas informações. Desse modo, mesmo com o novo CPC, o
entendimento exposto na Súmula 558 do STJ continua válido, seja porque a LEF é
especial, seja porque o CPC não faz a exigência do CPF e CNPJ de forma absoluta e
peremptória.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal E não forem encontrados bens penhoráveis,
o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros
de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
Requisitos. Por ser uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-
A do CTN só pode ser decretada pelo juiz se forem preenchidos três requisitos que
podem ser extraídos da própria redação do dispositivo. São eles: 1) Citação do devedor;
2) Inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal; e
3) Exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis. Segundo o STJ, para
que a Fazenda Pública prove que esgotou (exauriu) todas as diligências na tentativa de
achar bens do devedor, basta que ela tenha adotado duas providências: a) a exequente
deve ter pedido e o juiz determinado a penhora “on line” (Bacen Jud); b) a exequente
deve ter expedido ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao
Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.
Para que seja decretada a penhora on-line, não é necessário que o credor tente localizar
outros bens penhoráveis em nome do devedor. Não se exige do exequente o
exaurimento das vias extrajudiciais na busca de bens a serem penhorados (STJ.
Corte Especial. REsp 1112943/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/09/2010).
Para que seja decretada a indisponibilidade de bens de que trata o art. 185-A do CTN,
exige-se que a Fazenda Pública exequente prove que tentou localizar outros bens
penhoráveis em nome do devedor. Exige-se o exaurimento das diligências na busca
por bens penhoráveis (STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.507-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 26/11/2014).
+++ DPC - AÇÃO MONITÓRIA: Inviabilidade de se analisar matérias de mérito,
ainda que de ordem pública, se o réu se manteve inerte
Novidades do CPC 2015. A ação monitória poderá ser utilizada para que o autor exija
do devedor (art. 700):
1) PETIÇÃO INICIAL. Nesta exordial, o autor pede que o réu pague a quantia, entregue
a coisa ou cumpra o comportamento exigido (fazer ou deixar de fazer algo combinado).
A petição deve ser instruída com prova escrita sem eficácia de título executivo. O
novo CPC 2015 exige que a petição inicial da ação monitória seja instruída com a
memória atualizado da dívida cobrada? SIM. O CPC 2015 traz em seu texto requisitos
para a petição inicial da ação monitória. Um deles é justamente a memória de cálculo da
dívida que esteja sendo cobrada. O juiz, antes de indeferir a inicial da monitória,
continua tendo o dever de intimar previamente o autor, que é regra geral e se aplica
também ao procedimento monitório (devendo indicar, com precisão, o que deve ser
corrigido ou completado).
3) CITAÇÃO DO RÉU: Admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum (§ 7º do art. 700 do CPC 2015). Cabe a citação por edital em ação
monitória (Súmula 282-STJ).
4) POSTURAS DO RÉU: O réu citado poderá assumir uma das seguintes posturas: a)
Cumprir a obrigação. O réu que cumprir o mandado no prazo ficará isento do
pagamento apenas das custas processuais (continuará tendo que pagar os
honorários de 5% sobre o valor da causa). b) Não pagar nem se defender. Se o réu
não realizar o pagamento nem apresentar os embargos monitórios, haverá a constituição
de um título executivo judicial contra ele, independentemente de qualquer
formalidade (§ 2º do art. 701 do CPC2015). Imagine que o requerido não pagou nem
se defendeu no prazo legal (15 dias). Depois disso, ele apresentou petição ao juiz
suscitando uma questão de ordem pública que impediria o prosseguimento da ação
monitória (ex: alegou que o prazo prescricional para o autor ajuizar a monitória já
havia expirado). Neste caso, o magistrado poderá conhecer da matéria? NÃO. Como
o título executivo já se formou automaticamente com o fim do prazo do réu, não é
mais possível a análise de matérias de mérito, ainda que sejam de ordem pública
(conhecíveis de ofício). c) Defender-se. A defesa na ação monitória é denominada de
“embargos à ação monitória”. Qual é a natureza jurídica dos embargos à ação
monitória? Os embargos monitórios são classificados como uma forma de defesa, sendo
semelhantes à contestação. Para que o réu apresente embargos monitórios, ele
precisa pagar previamente as custas? NÃO. Isso porque os embargos à monitória têm
natureza jurídica de defesa. Vimos acima que é como se fosse uma contestação e o réu
não precisa recolher custas para apresentar contestação. Nesse sentido: STJ. 3ª
Turma. REsp 1.265.509-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/3/2015
(Info 558). Quais as matérias que podem ser alegadas nesses embargos? Os embargos
podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser alegada como defesa no
procedimento comum (§ 1º do art. 702). Se os embargos forem parciais, isto é, não
falarem sobre parte do que o autor pede. Neste caso, os embargos poderão ser autuados
em apartado e, quanto à parte que não foi atacada nos embargos, o juiz poderá constituir,
desde logo, título executivo judicial. O autor da monitória (embargado) terá a
oportunidade de se manifestar sobre o conteúdo dos embargos à ação monitória?
SIM. O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 dias. Além de
apresentar os embargos, o réu poderá oferecer reconvenção? SIM. Na ação monitória
admite-se a reconvenção. É vedado, no entanto, o oferecimento de reconvenção à
reconvenção, ou seja, se o réu da ação monitória apresentar reconvenção, o
autor/reconvindo não poderá apresentar uma outra reconvenção.
6) MÁ-FÉ DAS PARTES. O juiz pode condenar o autor de ação monitória proposta
indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa de até 10% sobre
o valor da causa. De igual forma, o juiz poderá condenar o réu que de má-fé opuser
embargos à ação monitória ao pagamento de multa de até 10% sobre o valor atribuído
à causa, em favor do autor.
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva
de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência
doméstica e familiar.
Segundo o art. 647 do CPP, dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos
casos de punição disciplinar. Se opaciente não pode aproximar-se da vítima ou de seus
familiares, decerto que se encontra limitada a sua liberdade de ir e vir. Assim, afigura-se
cabível a impetração do habeas corpus.
Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo: IX - vender, ter em depósito para
vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria,
em condições impróprias ao consumo;
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas
previstas nos arts. 1º, 2º e 4º a 7º: III - ser o crime praticado em relação à prestação de
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
Vale lembrar que o STF já decidiu que é INCONSTITUCIONAL lei estadual que
preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério
Público.
A interpretação literal do art. 268 do CPP pode levar à conclusão de que os pais da vítima
não teriam legitimidade para intervir como assistentes, já que houve o arquivamento da
imputação quanto ao homicídio, o que faria com que desaparecesse a figura do ofendido
prevista no art. 268 do CPP e, consequentemente, o próprio interesse jurídico da
intervenção na ação penal.
Os pais do falecido, embora não possam ser qualificados como ofendidos com relação ao
crime de porte ilegal de arma de fogo, possuem interesse na causa que emana da morte
de seu filho, fato que se encontra entrelaçado de forma inarredável com o objeto da ação
penal em que pretendem intervir.
Art. 8º O prazo para defesa prévia será de cinco dias, contado do interrogatório ou da
intimação do defensor dativo.
Ex: João matou Pedro, tendo sido denunciado por homicídio doloso. Em 05/05/2008,
depois de ouvir as testemunhas, o juiz se convenceu que João agiu em legítima defesa,
razão pela qual proferiu sentença de absolvição sumária. Na época, havia previsão no
CPP no sentido de que, após absolver o acusado, o magistrado, mesmo sem recurso do
MP, deveria mandar os autos para o Tribunal para que este examinasse se a decisão foi
correta. A remessa necessária ficou parada no TJ aguardando ser julgada. Em 08/08/2008
entrou em vigor a Lei nº 11.689/2008 acabando com a previsão da remessa necessária
nestes casos. Isso significa que o Tribunal não mais terá que julgá-la.
Princípio da aplicação imediata nas normas processuais. Por força do que dispõe o
art. 2º, do CPP, as normas processuais possuem aplicação imediata quando de sua entrada
em vigor. Portanto, os recursos de ofício não julgados pelos Tribunais até 8 de agosto
de 2008, data em que a Lei n. 11.689/08 passou a ser exigida, não mais poderão ser
apreciados, uma vez que tal procedimento, necessário apenas para dar eficácia à
sentença de absolvição sumária no procedimento do Tribunal do Júri, já não mais
estaria em vigor, por força do princípio tempus regit actum.
Existe uma regra que diz que o cabimento ou não do recurso rege-se pela lei vigente
à época da prolação da decisão. Na época em que a decisão de absolvição sumária
foi proferida, a remessa necessária ainda estava em vigor. Por que não se aplica esta
regra para o presente caso? Por que a remessa necessária não será mais julgada se,
quando a decisão foi proferida, ela ainda existia no ordenamento jurídico? Porque
remessa necessária NÃO é recurso. A remessa necessária, apesar de ser incorretamente
chamada de “recurso de ofício”, não tem natureza de recurso porque não é voluntária.
Trata-se de uma condição de eficácia da sentença, devendo ser julgada ou não de
acordo com a legislação vigente no momento de sua aplicação.
Obs: quando o STJ fala em “fato” ocorrido durante sua vigência, deve-se entender que a
causa darevogação deve ter ocorrido durante a sua vigência.
Exemplo: Rafael foi denunciado pela prática do crime de descaminho. Como a pena
mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP, na denúncia, ofereceu proposta de suspensão
condicional do processo, que foi aceita pelo acusado em 05/05/2005 pelo período de
prova de 2 anos (ou seja, até 05/05/2007). Em 05/02/2007, Rafael praticou lesão corporal
e foi denunciado em 05/04/2007. Em 05/06/2007, ou seja, após o período de prova, o juiz,
no momento em que ia proferir a sentença extinguindo a punibilidade do réu, soube que
ele foi processado por outro delito. Tomando conhecimento do novo crime praticado por
Rafael, o juiz poderá revogar a suspensão concedida mesmo já tendo passado o período
de prova.
+++ DPP - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Imposição de
obrigações equivalentes a sanções penais
Tipos de responsabilidade:
A sucessora terá que pagar apenas os tributos ou também as multas tributárias que
a sucedida tivesse contra si?
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos TRIBUTOS devidos (…)
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou
sob firma ou nome individual, responde pelos TRIBUTOS, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:
Outro argumento dos responsáveis era o de que a multa, por possuir caráter de sanção,
seria pessoal e, por isso, não se transmitiria a terceiros.
Multa continua sendo diferente de tributo. Por fim, uma última observação: multa não
é tributo. O conceito de tributo é previsto no art. 3º do CTN e nele é previsto
expressamente que tributo não constitui “sanção de ato ilícito”. A multa é uma sanção por
ato ilícito e, portanto, está fora da definição de tributo. Apesar de multa não ser tributo,
ela também é transmitida para o sucessor em caso de sucessão empresarial. Essa
transmissão ocorre porque a multa é uma dívida de valor que faz parte do
patrimônio passivo do sucedido e, como tal, transfere-se ao sucessor.
O que acontece se o sujeito passivo antecipa o pagamento no prazo fixado pela lei,
mas o Fisco constata que o contribuinte pagou menos do que seria devido? Em caso
de pagamento menor do que o devido, o Fisco possui um prazo de 5 anos para apurar
eventual diferença nos valores recolhidos e efetuar, de ofício, o lançamento
suplementar daquilo que faltar. Esse prazo de 5 anos é contado do dia em que ocorreu
o fato gerador, na forma do § 4º do art. 150.
E se o sujeito passivo não antecipar o pagamento no prazo fixado pela lei? Se ele não
pagar nada, o que acontece? Aqui o Fisco também deverá fazer o lançamento de ofício.
Dessa forma, o lançamento era inicialmente por homologação, mas como o sujeito
passivo não fez o pagamento, o Fisco passa a ter o poder dever de agir e cobrar o imposto
diretamente, por meio do lançamento de ofício.
Vimos acima que, no caso de pagamento PARCIAL, o termo inicial do prazo para a
realização do lançamento de ofício é a data da ocorrência do fato gerador (§ 4º do
art. 150). Na hipótese de ausência de pagamento, aplica-se esta mesma regra? Qual
é o termo inicial do prazo decadencial para lançamento de ofício no caso de
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO antecipado? NÃO. O termo inicial no caso de
pagamento parcial é diferente da hipótese de ausência de pagamento. Se o contribuinte
não antecipa o pagamento, ou seja, se ele não paga nada, o prazo decadencial para
que o Fisco faça o lançamento de ofício não será calculado com base no § 4º do art.
150, mas sim de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
Reescrevendo a súmula com outras palavras: Nos tributos sujeitos à lançamento por
homologação, quando o contribuinte não antecipar o pagamento nem fizer a
declaração do débito, o Fisco terá um prazo decadencial de 5 anos para fazer o
lançamento de ofício substitutivo cobrando o valor, sendo que este prazo se inicia
em 1º dia de janeiro do ano seguinte àquele em que ocorreu o fato gerador.
Fim da isenção com a Lei nº 9.250/95. A situação acima relatada durou até 31/12/1995,
após o que entrou em vigor a Lei nº 9.250/95, que alterou a redação do inciso VII do art.
6º da Lei nº 7.713/88, acabando com a isenção dada para as contribuições pagas pelos
participantes. Além de alterar a redação do inciso VII, a Lei nº 9.250/95 determinou,
expressamente, a incidência de imposto de renda para os valores recebidos pelo
participante a título de complementação de aposentadoria e resgate de contribuições.
Veja:
Por que a Lei nº 9.250/95 acabou com a isenção de IR sobre o valor que o
participante iria receber a título de complementação de aposentadoria ou resgate?
Porque esta Lei passou a prever que os valores descontados do salário do participante e
destinados ao pagamento da previdência privada não estão sujeitos ao recolhimento de
imposto de renda na fonte. Como o participante não paga mais o IR no momento em
verte as contribuições, passou a ser obrigado a recolher este no instante em que
aufere a aposentadoria complementar ou recebe de volta as contribuições.
Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua
saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não
tenham sofrido industrialização no Brasil.
Mas esse entendimento não fará com que a cadeia produtiva seja muito onerada?
Não haverá uma sobrecarga sobre o importador/revendedor? NÃO. Isso porque o
IPI é um imposto não-cumulativo, o que significa dizer que o valor pago a título de
IPI na operação imediatamente anterior (importação) pode ser abatido do mesmo
imposto na operação posterior (revenda), nos termos do art. 49 do CTN.
Neste caso, haverá bitributação de IPI e ICMS? SIM. Na revenda interna do produto
importado haverá tributação tanto de IPI como de ICMS. Ocorre que a Lei Kandir (LC
87/96) admite hipóteses expressas de bitributação entre o IPI e o ICMS. O que a Lei
faz é “minimizar” os custos dessa bitributação. Isso porque o art. 13, § 2º da LC 87/96
estabelece que o valor do IPI não integra a base de cálculo do ICMS toda vez que a
operação configurar fato gerador de ambos os impostos, ou seja, a lei permite a
bitributação, mas minora seus efeitos ao retirar o IPI da base de cálculo do ICMS. Não se
pode dizer que a referida Lei é inconstitucional porque ela é uma mera reprodução do
disposto no art. 155, § 2º, XI, da CF/88, que parte do pressuposto justamente da
possibilidade de se bitributar pelo IPI e pelo ICMS.
Dito de forma mais simples, não fere o princípio da não cumulatividade a legislação
estadual que veda a apropriação e a utilização de crédito de ICMS ao contribuinte que
estiver com saldo devedor perante o Fisco.
Imagine agora a seguinte situação: “XXX”, pessoa jurídica domiciliada em SP, possuía
créditos de ICMS decorrentes de exportações que realizou e pediu para transferir tais
créditos a outra empresa (“ZZZ”). O Fisco paulista rejeitou o pedido de aproveitamento
sob o argumento de que a empresa “XXX” possui um enorme débito de ICMS, já até
inscrito em dívida ativa, e que esse débito é superior aos créditos que ela possui de ICMS
e que deseja transferir. Como fundamento para essa recusa, o Fisco invocou a legislação
estadual que prevê a seguinte regra: Art. 82. São vedadas a apropriação e a utilização de
crédito acumulado ao contribuinte que, por qualquer estabelecimento autuado em
território paulista, tiver débito do imposto.
Lei Kandir exige que haja saldo credor para utilização dos créditos do ICMS.
Realmente a LC federal nº 87/96 (chamada de Lei Kandir) permite que a empresa que
tenha saldo credor de ICMS possa utilizá-lo para si mesma ou para transferir a outros
contribuintes. Veja: Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e
créditos devem ser apurados em cada estabelecimento, compensando-se os saldos
credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados no
Estado. § 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei
Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que tratam
o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas saídas
representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento: I - imputados pelo
sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II - havendo saldo
remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros contribuintes do mesmo
Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de documento que reconheça
o crédito. No entanto, para que a empresa possa se valer desse aproveitamento
previsto no § 1º do art. 25 da Lei Kandir, é indispensável que o saldo de créditos seja
superior aos débitos. No caso concreto, embora existentes os créditos decorrentes da
exportação realizada pela empresa contribuinte, não há saldo credor de ICMS, uma
vez que há débito em nome dela que supera os alegados créditos.
Assim, não há como se aceitar que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades
dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de “atividades próprias da entidade”.
DTB - PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO: Intimação por edital no
processo fiscal referido no art. 27 do DL nº 1.455/76
Decreto-lei 1.455/76. O Decreto-lei 1.455/76 trata sobre o regime tributário aplicável aos
entrepostos aduaneiros, estabelece normas sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e
dá outras providências. Nos arts. 23, 24 e 26, o DL prevê uma série de infrações
tributárias. Exemplo: Art. 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às
mercadorias: I - importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de
efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da
legislação específica em vigor.
Exemplo: Pedro laborou durante 10 anos em diversas empresas. Em 2012, foi contratado
para trabalhar em uma grande indústria, recebendo o maior salário que já havia ganho em
toda a sua carreira. Ocorre que, poucos meses depois (em 2013), ele ficou enfermo e
passou a receber auxílio-doença. O auxílio-doença será 91% do salário-de-benefício. O
salário-de-benefício será calculado com base na média das maiores contribuições feitas
pelo segurado (art. 29, II, da Lei nº 8.213/91). Neste caso, será uma pena para Pedro
porque ele ficou enfermo logo depois de ter assumido o novo trabalho onde passou a
receber mais. Se ele tivesse mais tempo contribuindo sobre esse salário maior, o valor do
seu auxílio-doença seria também maior.
Em 2015, depois de dois anos recebendo o auxílio-doença, Pedro foi aposentado por
invalidez. A RMI da aposentadoria por invalidez será 100% do salário-de-benefício.
Indiretamente, o que o § 7º do art. 36 afirma é que os meses em que o segurado ficou
recebendo auxílio-doença antes que este fosse convertido em aposentadoria por
invalidez não entrarão no cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez. Assim,
para fins de apuração da RMI esses dois anos em que o segurado esteve ininterruptamente
recebendo o auxílio-doença serão desconsiderados (descartados).
Essa regra infralegal prevista no art. 36, § 7º é compatível com a Lei nº 8.213/91?
Um Decreto poderia ter previsto isso? SIM. Segundo entende a jurisprudência, “o § 7º
do art. 36 do Decreto nº 3.048/99 não ultrapassou os limites da competência regulamentar
porque apenas explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em
combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts. 44 e 61, todos da Lei nº 8.213/91”
(STF. Plenário. RE 583.834, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 13/2/2012).
Exemplo: João possui uma doença degenerativa e há alguns anos realizava tratamento
médico para combatê-la. Durante os períodos de crise, ele não podia trabalhar e ficava
afastado de suas funções alguns meses, recebendo auxílio-doença. Quando recebia alta,
voltava novamente ao trabalho. Essa situação perdurou durante algum tempo, até que a
enfermidade se agravou e o segurado ficou permanentemente incapaz. O auxílio-doença
que ele estava recebendo foi convertido em aposentadoria por invalidez. Neste caso, o
STJ afirma que o tempo que o segurado ficou gozando do auxílio-doença (além do
tempo que ele ficou trabalhando) será também utilizado no cálculo da aposentadoria
por invalidez. Isso porque se aplicará a regra especial do § 5º do art. 29 da Lei nº
8.213/91: Art. 29 (…) § 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido
benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-
de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da
renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. A regra do § 5º é excepcional,
pois ela permite que se considere como tempo para fins de aposentadoria um período
em que o segurado não contribuiu (se o segurado estava recebendo auxílio-doença,
significa que ele não estava trabalhando nem pagando contribuição previdenciária).
Logo, o § 5º do art. 29 é uma exceção à regra que proíbe a contagem de tempo sem
contribuição para fins de aposentadoria.
Veja o que diz o CPC 2015 sobre o tema: Art. 961. A decisão estrangeira somente terá
eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do
exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado.
Assim, a lei ou tratado internacional poderá facilitar ou dispensar a homologação de
sentença estrangeira ou a concessão do exequatur. Ex: a sentença estrangeira de
divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo
STJ (§ 5º do art. 961 do CPC 2015).
Para que a decisão estrangeira seja homologada no Brasil, é preciso que ela seja
definitiva (não pode estar pendente de recurso) (§ 1º do art. 961 do CPC 2015);
Uma decisão que no estrangeiro não é considerada judicial, ou seja, uma decisão que
no estrangeiro não foi proferida pelo Poder Judiciário no exercício de sua função típica,
pode, mesmo assim, ser homologada no Brasil se aqui, em nosso país, ela for
considerada decisão judicial. É o que prevê o § 1º do art. 961 do CPC 2015: “É passível
de homologação (…) a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza
jurisdicional.”;
A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente (§ 2º do art. 961);
A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de
execução provisória no processo de homologação de decisão estrangeira (§ 3º do art.
961).
Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando
prevista em tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade
brasileira (§ 4º do art. 961).
O Estado brasileiro é laico, ou seja, não tem uma religião oficial. Com base nisso,
indaga-se: esse dispositivo é compatível com a CF/88? SIM. Isso porque ele apenas
prevê que, em matéria matrimonial, a homologação de sentenças eclesiásticas,
confirmadas pelo órgão de controle superior da Santa Sé será realizada de acordo com a
legislação brasileira.