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INFORMATIVO 578 - Resumo DD

Sem tempo - só resumo do dizer o direito.

DCC - RESPONSABILIDADE CIVIL: Termo final de pensão mensal por ato ilícito
com resultado morte

O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte possuir, na data do óbito, idade
superior à expectativa média de vida do brasileiro não afasta o direito de seu
dependente econômico ao recebimento de pensão mensal, que será devida até a data
em que a vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida
(Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito, considerando-
se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima.

Na jurisprudência nacional, é assente o entendimento de que, nos casos em que há


acidente com morte, cabe, como forma de reparar o dano material sofrido, entre outras
medidas, a fixação de pensão mensal a ser paga ao dependente econômico da vítima.

Nos casos em que a vítima é jovem, a orientação do STJ é a de que referida obrigação
deve perdurar até a data em que a vítima vier a atingir a idade correspondente à
expectativa média de vida do brasileiro na data do óbito.

No entanto, este mesmo critério não pode ser utilizado como forma de obstar (negar) o
direito daquele que é dependente econômico de vítima cuja idade era superior à
expectativa média de vida do brasileiro na data do falecimento, na medida em que
representaria a adoção do entendimento segundo o qual, quando a vítima tivesse superado
a expectativa média de vida do brasileiro, o seu dependente econômico direto
simplesmente não teria direito ao ressarcimento material representado pelo
pensionamento, o que não seria razoável.

Nesse contexto, o fato de a vítima já ter ultrapassado a idade correspondente à expectativa


média de vida do brasileiro, por si só, não é óbice ao deferimento do benefício, pois
muitos são os casos em que referida faixa etária é ultrapassada. Em outras palavras, esta
é uma tabela de expectativa de vida, mas não significa que a pessoa não possa viver
mais que isso.

Mas qual será, então, o critério a ser adotado para fixar o termo final da pensão?
Até quando a viúva irá receber a pensão mensal? Neste caso em que a vítima já possuía
mais idade do que a expectativa de vida, deverá ser utilizado como critério a tabela de
sobrevida (Tábua Completa de Mortalidade correspondente ao gênero da vítima)
do IBGE em vigência na data do óbito. Com base nesta tabela, pode-se fixar a
expectativa de vida da vítima e, consequentemente, consegue-se estabelecer o termo final
da pensão. Ex: nesta tabela, que está disponível no site do IBGE, é possível verificar,
em relação ao ano de 2005, que para o adulto de 76 anos do sexo masculino, havia
uma expectativa de vida de mais 10,3 anos. Somando-se, pois, esses anos à idade da
vítima, teríamos uma expectativa de vida total de 86,3 anos. Logo, o réu deveria
pagar pensão à viúva até o ano em que a vítima completaria 86,3 anos de idade.

DCC - RESPONSABILIDADE CIVIL: Responsabilidade da instituição financeira


por danos decorrentes de desvios de valores feitos por gerente de conta bancária

A instituição financeira deverá restituir os valores desviados por gerente que,


conquanto tivesse autorização do correntista para realizar aplicações financeiras,
utilizou-se das facilidades de sua função para desviar, em proveito próprio, valores
constantes da conta bancária do cliente.

Tendo o gerente se utilizado das facilidades da função para desviar valores da conta do
cliente, deve o banco, como empregador, responder pelos danos materiais causados, nos
termos do art. 932, III, do CC:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (…)

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício


do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

O banco deverá indenizar mesmo o gerente tendo atuado fora dos limites de suas
atribuições? SIM. A doutrina, ao interpretar a expressão “em razão dele” prevista no
art. 932, III, do CC, confere uma interpretação extensiva para abranger casos em que
o vínculo com o trabalho é bastante tênue.

DCC - CONTRATO DE LOCAÇÃO: Período de incidência do valor estipulado em


ação revisional de aluguel de imóvel não residencial

O valor estabelecido em ação revisional de aluguel de imóvel não residencial não tem
sua incidência limitada ao período compreendido entre a citação e o termo final do
contrato original de locação, devendo incidir até a efetiva entrega das chaves caso a
locação venha a ser prorrogada por prazo indeterminado em razão da permanência
do locatário no imóvel (art. 56, parágrafo único, da Lei Nº 8.245/91).

Art. 56. Nos demais casos de locação não residencial, o contrato por prazo determinado
cessa, de pleno direito, findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou
aviso.
Parágrafo único. Findo o prazo estipulado, se o locatário permanecer no imóvel por
mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação nas
condições ajustadas, mas sem prazo determinado.

Nas hipóteses de prorrogação de contrato por prazo indeterminado, o locatário deverá


observar o valor reajustado do aluguel. Isso porque a razão de ser da revisão de aluguéis
é justamente assegurar a manutenção do equilíbrio do contrato de locação diante das
modificações da realidade do mercado, a fim de evitar injusto prejuízo ou enriquecimento
sem causa a ambas as partes. Seria ilógico admitir que o Poder Judiciário apontasse o
novo valor dos aluguéis para o período de vigência do contrato de locação, mas tal valor
fosse desconsiderado em caso de prorrogação da avença por prazo indeterminado.

Desse modo, uma vez reajustado o valor do aluguel por meio do ajuizamento de ação
revisional, é o valor revisado, e não o originalmente pactuado, que será devido na hipótese
de prorrogação da avença perpetrada nos moldes do previsto no parágrafo único do art.
56 da Lei nº 8.245/91.

DCC - CONTRATO DE LOCAÇÃO: Processamento de ação de despejo cumulada


com cobrança de aluguéis durante o recesso forense

A Lei nº 8.245/91 prevê que alguns processos envolvendo locações urbanas tramitam
mesmo durante as férias forenses e não se suspendem mesmo neste período (art. 58,
I). São eles:

 ações de despejo;
 ações de consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação;
 ações revisionais de aluguel;
 ações renovatórias de locação.

A ação de despejo cumulada com ação de cobrança de alugueis irá tramitar durante
as férias forenses? Não. A ação de despejo enquadra-se no art. 58, I, mas a ação de
cobrança não. Assim, a partir do momento em que o autor ajuíza ambas, de forma
cumulada, a situação não mais se amolda ao dispositivo legal acima mencionado.

Em suma, nos casos em que há cumulação da ação de despejo com a cobrança de


aluguéis, os prazos processuais (inclusive para recursos) ficam suspensos durante o
recesso forense.

+++ DCC - INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE: Legitimidade da viúva para


impugnar ação de investigação de paternidade post mortem
Mesmo nas hipóteses em que não ostente a condição de herdeira, a viúva poderá
impugnar ação de investigação de paternidade post mortem, devendo receber o
processo no estado em que este se encontra.

Ressalte-se que se a viúva, por exemplo, era casada com o de cujos sob o regime da
comunhão universal de bens, ela não terá direito à herança. Neste caso ela sendo meeira,
mas não herdeira, segundo o STJ, ela poderá ingressar no feito, no polo passivo, a fim de
impugnar eventual a ação de investigação.

DCC - PETIÇÃO DE HERANÇA: Ilegitimidade da viúva meeira para figurar no


polo passivo de ação de petição de herança

A viúva meeira, que NÃO ostente a condição de herdeira, é parte ilegítima para
figurar no polo passivo de ação de petição de herança na qual não tenha sido
questionada a meação, ainda que os bens integrantes de sua fração se encontrem em
condomínio “pro indiviso” com os bens pertencentes ao quinhão hereditário.

Também trata de hipótese de a viúva que, por exemplo, era casada com o de cujos sob o
regime da comunhão universal de bens.

Nesse caso, mesmo que a referida ação seja julgada procedente, isso não irá refletir na
esfera de direitos da viúva meeira, tendo em vista que sua participação não será afetada.
O cálculo da meação não muda se houver mais ou menos herdeiros. A meação será
sempre a metade do patrimônio do cônjuge falecido. A outra metade é a herança.
Logo, o cônjuge meeiro não pode ser qualificado como litisconsorte passivo
necessário.

Vale ressaltar que o fato de o bem deixado pelo falecido ser uma coisa indivisível (uma
casa) não faz com que a viúva meeira passe a ter legitimidade para estar na lide. Ela
continua sendo parte ilegítima porque, se a autora for reconhecida como filha, a viúva
continuará tendo 50% da fração ideal da casa (o que ela já tinha antes) e os 50% restantes
serão divididos entre os três herdeiros.

DCONS - CLÁUSULAS ABUSIVAS: Nulidade de cláusula de renúncia à entrevista


qualificada para contratar plano de saúde

É nula a cláusula inserta por operadora de plano privado de assistência à saúde em


formulário de Declaração de Doenças ou Lesões Preexistentes (Declaração de Saúde)
prevendo a renúncia pelo consumidor contratante à entrevista qualificada orientada
por um médico, seguida apenas de espaço para aposição de assinatura, sem qualquer
menção ao fato de tal entrevista se tratar de faculdade do beneficiário.
A inserção de cláusula de renúncia em declaração de saúde é abusiva por induzir o
segurado a abrir mão do direito ao exercício livre da opção de ser orientado por um
médico por ocasião do preenchimento daquela declaração, notadamente porque se
trata de documento que tem o condão de viabilizar futura negativa de cobertura de
procedimento ou tratamento.

A transparência e a informação são deveres dos prestadores de serviços e constituem


direito do consumidor de ter pleno conhecimento acerca do produto ou serviço que está
adquirindo. É o que dispõe o CDC em seus arts. 4º e 6º, os quais devem ser analisados
conjuntamente com a cláusula geral da boa-fé (art. 51).

DCONS - PLANO DE SAÚDE: Migração de plano de saúde coletivo empresarial


para plano individual ou familiar e inexistência de direito de que o valor da
mensalidade permaneça o mesmo

A migração de beneficiário de plano de saúde coletivo empresarial extinto para


plano individual ou familiar não enseja a manutenção dos valores das mensalidades
previstos no
plano primitivo.

Não existe na legislação qualquer norma que assegure, em caso de migração do plano
coletivo para o individual, a permanência dos mesmos valores de mensalidade praticados
no plano coletivo empresarial rescindido. E nem poderia. Isso porque, no plano coletivo
existe uma prévia negociação com base na quantidade de pessoas que irá aderir, o que
permite a prática de preços mais baratos.

DEE - CONTRATOS EMPRESARIAIS: Vedação de repasse ao sacado de despesas


referentes a tarifa de emissão de boleto bancário

É abusiva a cobrança ou o repasse, pelo atacadista (beneficiário) ao varejista


(pagador), de despesa referente a tarifa de emissão de boleto bancário.

A tarifa bancária pela emissão de boletos é algo cobrado pelos bancos com base em
um contrato firmado exclusivamente entre a instituição financeira e o cedente do
título, no caso, o fornecedor, com a finalidade de remunerar pelo fato de este fornecedor
estar se utilizado da rede bancária como um mecanismo de arrecadação pela venda de
seus produtos.

Logo, considerando-se que referida tarifa é fruto de negociação entre o cedente


(fornecedor/atacadista) e o banco, não se pode perder de vista que a discussão aqui travada
encontra-se no âmbito específico da atividade bancária, matéria que, nos termos da Lei
nº 4.595/64, rege-se pelas disposições do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do
Banco Central do Brasil (BC). Nesse contexto, foi editada a Resolução nº 3.919/2010,
que estabeleceu o seguinte: Art. 1º (…) § 2º É vedada a realização de cobranças na forma
de tarifas ou de ressarcimento de despesas: (…) II - do sacado, em decorrência da
emissão de boletos ou faturas de cobrança, carnês e assemelhados. Dessa forma, o
referido dispositivo proíbe que seja cobrado do sacado o ressarcimento das despesas
realizadas com a emissão de boletos.

Vale ressaltar, por fim, que os bancos não podem mais cobrar tarifas pela emissão de
boletos, conforme expresso em entendimento sumulado do STJ:

Súmula 565-STJ: A pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de


carnê (TEC), ou outra denominação para o mesmo fato gerador, é válida apenas nos
contratos bancários anteriores ao início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007,
em 30/4/2008.

DEE - PROPRIEDADE INDUSTRIAL: Termo inicial para o pagamento da


retribuição quinquenal prevista no art. 120 da Lei 9.279/96

O prazo para o pagamento da “retribuição quinquenal” prevista no art. 120 da Lei


nº 9.279/96 conta-se da data do depósito do pedido de registro do desenho industrial
no INPI, e não da data do certificado de registro.

Art. 120. O titular do registro está sujeito ao pagamento de retribuição qüinqüenal, a


partir do segundo qüinqüênio da data do depósito.

§ 1º O pagamento do segundo qüinqüênio será feito durante o 5º (quinto) ano da vigência


do registro.

§ 2º O pagamento dos demais qüinqüênios será apresentado junto com o pedido de


prorrogação a que se refere o art. 108.

§ 3º O pagamento dos qüinqüênios poderá ainda ser efetuado dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes ao prazo estabelecido no parágrafo anterior, mediante pagamento de
retribuição adicional.

Este é o texto expresso do art. 120: “o titular do registro está sujeito ao pagamento de
retribuição quinquenal, a partir do segundo quinquênio da data do depósito.”

DEE - RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Não sujeição à recuperação judicial de


direitos de crédito cedidos fiduciariamente

Não se submetem aos efeitos da recuperação judicial do devedor os direitos de


crédito cedidos fiduciariamente por ele em garantia de obrigação representada por
Cédula de Crédito Bancário existentes na data do pedido de recuperação,
independentemente de a cessão ter ou não sido registrada no Registro de Títulos e
Documentos do domicílio do devedor.

Ex: determinada empresa recebeu um empréstimo de um banco. Como garantia de que


iria pagar este empréstimo, ela cedeu fiduciariamente uma CCB. Posteriormente, esta
empresa entrou em recuperação judicial. O banco possui, portanto, um crédito a ser pago
pela empresa representado por meio da CCB. Este crédito do banco não entrará na
recuperação judicial.

A situação enquadra-se no art. 49, § 3º da Lei nº 11.101/2005.

Art. 49. § 3º Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens


móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de
imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em
contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da
recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as
condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo,
durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a
retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade
empresarial.

Encontra-se sedimentado no STJ o entendimento de que:

 a alienação fiduciária de coisa fungível;


 a cessão fiduciária de direitos sobre coisas móveis;
 a cessão fiduciária de títulos de créditos,

… por possuírem a natureza jurídica de propriedade fiduciária, não se sujeitam aos efeitos
da recuperação judicial, nos termos do § 3º do art. 49 da Lei nº 11.101/2005.

Ressalte-se que, no caso, a garantia dada não foi real, mas sim de bens móveis (títulos e
direitos creditícios). Logo, não era necessário registro ou averbação.

DPC - DEPOSITÁRIO JUDICIAL: Possibilidade de o depositário judicial exercer


direito de retenção

O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial tem o direito
de reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e
conservação do bem guardado e pagos os seus honorários.

O depositário judicial pode se valer do direito de retenção previsto no art. 644 do Código
Civil, que assim dispõe:
Art. 644. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida,
o líquido valor das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.

DPC - ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA: Aplicação da multa


do art. 774, IV, do CPC 2015 é restrita ao processo de execução

A multa por ato atentatório à dignidade da Justiça, prevista no art. 774, IV, do CPC
2015, somente pode ser aplicada no processo de execução, em caso de conduta de
deslealdade processual praticada pelo executado.

Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou


omissiva do EXECUTADO que: (…)

IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;

Desse modo, esta multa não tem aplicação no caso de pedido incidental de exibição de
documentos em autos de ação de sobrepartilha - demanda tratada como de
procedimento especial de jurisdição contenciosa. Nesse caso o magistrado poderia:

 determinar a busca e apreensão dos documentos requisitados; e


 aplicar a multa por ato atentatório à dignidade da justiça (contempt of court)
prevista no § 2º do art. 77 do CPC 2015:

Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: (…)

IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e


não criar embaraços à sua efetivação;

§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas
mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à
dignidade da justiça.

§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da


justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis,
aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a
gravidade da conduta.

DPC - MANDADO DE SEGURANÇA: Prazo decadencial para impetrar MS contra


redução de vantagem de servidor público
O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra redução do valor
de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de servidor público
renova-se mês a mês. A redução, ao contrário da supressão de vantagem, configura
relação de trato sucessivo, pois não equivale à negação do próprio fundo de direito.
Assim, o prazo decadencial para se impetrar a ação mandamental renova-se mês a
mês.

 Ato que SUPRIME vantagem: é ato ÚNICO (o prazo para o MS é contado da data
em que o prejudicado tomou ciência do ato).
 Ato que REDUZ vantagem: consiste em prestação de TRATO SUCESSIVO (o
prazo para o MS renova-se mês a mês).

No caso de a Administração Pública ter reajustado a pensão de uma pessoa em valor


inferior ao que seria devido, como é contado o prazo para que a interessada impetre
um MS? O prazo renova-se mês a mês. Segundo entende o STJ, esta hipótese consiste
em uma conduta omissiva ilegal da Administração, que envolve obrigação de trato
sucessivo. Logo, o prazo decadencial estabelecido pela Lei do Mandado de
Segurança se renova de forma continuada mês a mês. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
243.070-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/2/2013 (Info 517).

Aplica-se a mesma regra que vimos acima para os casos de ato da Administração que
reduz vantagem.

+++ DPC - MANDADO DE SEGURANÇA: Efeitos financeiros da concessão de


ordem mandamental contra ato de redução de vantagem de servidor público

Em mandado de segurança impetrado contra redução do valor de vantagem


integrante de proventos ou de remuneração de servidor público, os efeitos
financeiros da concessão da ordem RETROAGEM à data do ato impugnado.

Segundo decidiu o STJ, a exigência de nova ação contida nas súmulas 269 e 271 não
apresenta nenhuma utilidade prática e atenta contra os princípios da justiça, da efetividade
processual, da celeridade e da razoável duração do processo.

Ademais, essa imposição estimula demandas desnecessárias e que movimentam a


máquina judiciária, de modo a consumir tempo e recursos de forma completamente inútil,
e enseja inclusive a fixação de honorários sucumbenciais, em ação que já se sabe
destinada à procedência.

Observação: Deve-se ter muito cuidado com este entendimento. Isso porque, apesar
de ele ter sido proferido pela Corte Especial do STJ, ele é contrário às Súmulas 269
e 271 do STF e ao art. 14, § 4º da Lei do MS:
Súmula 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.

Súmula 271-STF: Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais,


em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou
pela via judicial própria.

Art. 14 (…) § 4º O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em


sentença concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração
direta ou autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente
às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

+++ DPN - EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA: Atipicidade penal do exercício


da acupuntura

O exercício da acupuntura por indivíduo que não é médico não configura o delito
previsto no art. 282 do CP (exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
farmacêutica). Não existe lei federal prevendo que a acupuntura é uma atividade
privativa de médico (art. 22, XVI, da CF/88).

Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Acupuntura não é ainda regulamentada em lei. Não existe ainda lei federal
regulamentando a prática da acupuntura, sendo da União a competência privativa para
legislar sobre o tema, nos termos do art. 22, XVI, da CF/88 (STJ. 2ª Turma. RMS 11.272-
RJ, DJ 4/6/2001).

Observações:

 O Conselho Federal de Medicina (CFM) há anos pleiteia em ações movidas no Poder


Judiciário para que a acupuntura seja reconhecida como uma prática exclusiva médica,
sob o argumento de que é uma técnica que trata doenças e o diagnóstico e tratamento
de doenças são atividades exclusivas de médicos.
 O tema ainda não foi decidido, de forma definitiva, pelo STJ ou STF.
 O julgado acima explicado, apesar de ser de uma turma que julga matéria
criminal (6ª Turma do STJ) é um importante precedente em sentido contrário aos
interesses do CFM.
+++ DPN - EVASÃO DE DIVISAS: Não se aplica o princípio da insignificância para
remessa de divisas por meio de dólar-cabo, ainda que em valores inferiores a 10 mil
reais

Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo “dólar-cabo”,


NÃO é possível utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para fins de aplicação
do princípio da insignificância.

Dólar-cabo.Existe muita gente que possui dinheiro de origem ilícita e, como uma forma
de proteger estas quantias ou de gastar “tranquilamente” este numerário, decide mandar
tais valores para fora do país. Ocorre que, como são quantias obtidas ilegalmente, a pessoa
não poderá mandar este dinheiro por meio das instituições autorizadas pelo Banco
Central, já que ficaria provado que ela possui mais recursos do que declarou ao imposto
de renda. Tais pessoas procuram, então, formas de remeter os recursos para o exterior por
meios não oficiais. Um desses meios é chamado de “dólar-cabo”. Existem algumas
variações, porém o tipo mais comum de dólar-cabo consiste no seguinte: o corrupto
procura um doleiro no Brasil e entrega a este determinada quantia em moeda nacional
(ex: 4 milhões de reais), pedindo que este envie para Miami (EUA). O doleiro entra em
contato com um parceiro seu no exterior (outro “doleiro”) e este abre uma conta ou uma
empresa em nome do corrupto ou de um “laranja” e lá deposita o equivalente em dólar
(ex: 1 milhão de dólares). Vale ressaltar que estes doleiros não estavam autorizados a
fazer esta transação e nem a comunicaram ao Banco Central. Em suma, dólar-cabo
consiste na prática de negociar dólar no mercado paralelo para depósito em
instituição no exterior. Se a pessoa fosse fazer a remessa de forma correta, deveria
procurar uma instituição autorizada e o envio das quantias seria realizado mediante
transferência bancária.

A prática de dólar-cabo é crime? SIM. A prática de dólar-cabo configura o crime de


evasão de dividas, previsto no art. 22, parágrafo único, 1ª parte, da Lei nº 7.492/86
(Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro):

Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de
divisas do País:

Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem
autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos
não declarados à repartição federal competente.

Imagine agora a seguinte situação hipotética: João procurou um doleiro para remeter
dólares para o exterior.
Ele entregou R$ 9 mil ao doleiro, que entrou em contato com seu parceiro em Nova York,
que depositou U$ 2 mil em uma offshore pertencente a João. Ocorre que a Polícia Federal
já estava investigando o doleiro e, em uma busca e apreensão realizada em seu escritório,
descobriu esta operação ilegal.
Diante disso, João foi denunciado pelo MPF por evasão de divisas. Em sua defesa, o réu
afirmou que o art. 65 da Lei nº 9.069/95 autoriza que a pessoa leve para o exterior,
em mãos, moeda estrangeira em valor equivalente a R$ 10 mil sem declaração ao
Banco Central. Logo, o mesmo raciocínio deveria ser aplicado para o presente caso,
o que geraria a atipicidade de sua conduta. A tese de João foi aceita pelo STJ? Em
caso de remessa ilegal de quantia em valor inferior a R$ 10 mil, é possível aplicar o
princípio da insignificância? NÃO.

Não prospera a tese de que deve ser considerado atípico o envio de moeda ou divisas ao
exterior se o volume de cada operação não exceder a R$ 10 mil. Isso porque, em primeiro
lugar, ressalvada a hipótese do porte de valores em espécie, o ingresso no país e a saída
do país, de moeda nacional e estrangeira “serão processados exclusivamente através de
transferência bancária, cabendo ao estabelecimento bancário a perfeita identificação do
cliente ou do beneficiário” (art. 65, caput, da Lei nº 9.069/95). Ou seja, a legislação
excepcionou, em relação ao valor inferior a R$ 10 mil (ou seu equivalente em moeda
estrangeira), apenas a saída física de moeda. No caso de transferência eletrônica, saída
meramente escritural da moeda, a lei exige, de forma exclusiva, o processamento através
do sistema bancário, com perfeita identificação do cliente ou beneficiário.

Além disso, no caso da transferência clandestina internacional, por meio de


operações do tipo “dólar-cabo” ou equivalente, existe uma facilidade muito grande
na realização de centenas ou até milhares de operações fragmentadas sequenciais. É
muito mais simples do que a transposição física, por diversas vezes, das fronteiras
do país com valores inferiores a R$ 10 mil. Admitir a atipicidade das operações do tipo
“dólar-cabo” com valores inferiores a R$ 10 mil é deixar a porta aberta para a saída
clandestina de divisas.

Evasão de divisas não é crime tributário. Vale ressaltar, por fim, que, em caso de
crimes tributários, se o valor dos tributos sonegados for inferior a R$ 10 mil é
possível a aplicação do princípio da insignificância. Este entendimento não vale para
o presente caso porque a evasão de divisas é crime contra o sistema financeiro e não
delito tributário.

+++ DPN - EVASÃO DE DIVISAS: Complexidade do esquema criminoso como


circunstância negativa na dosimetria da pena

Na fixação da pena do crime de evasão de divisas (art. 22, parágrafo único, da Lei
nº 7.492/86), o fato de o delito ter sido cometido por organização criminosa complexa
e bem estrutura pode ser valorado de forma negativa a título de circunstâncias do
crime.

A evasão de divisas pode ser praticada de diversas formas, desde meios muito
rudimentares - como a simples saída do país com uma mala contendo dinheiro em valor
superior a R$ 10 mil sem comunicação às autoridades brasileiras - até a utilização de
complexos esquemas de remessas clandestinas. Assim, não parece justo punir da mesma
forma condutas tão distintas, sendo correta, no caso de sofisticado esquema de remessa
ilícita, a valoração negativa das circunstâncias do delito na fixação da pena-base do delito.

DPP - REVISÃO CRIMINAL: Revisão criminal na hipótese em que a questão


atacada também tenha sido enfrentada pelo STF em HC

O julgamento pelo STF de HC impetrado contra decisão proferida em recurso


especial não afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior
revisão criminal.

João foi condenado em 1ª instância, tendo apelado ao TJ, que manteve a sentença. Em
seguida, ele interpôs recurso especial ao STJ, que conheceu do Resp (examinou o mérito),
mas negou provimento, mantendo a condenação. Houve o trânsito em julgado. Contra o
acórdão do STJ, o réu impetrou habeas corpus no STF. A 1ª Turma do STF conheceu do
habeas corpus, mas não concedeu a ordem por entender que não houve ilegalidade. A
competência para julgar eventual revisão criminal será do STJ.

Compete ao STF processar e julgar, originariamente, a revisão criminal de seus


julgados (art. 102, I, “j”, da CF), sendo que, no Regimento Interno desse Tribunal,
existe a previsão de se admitir a revisão criminal dos processos findos cuja condenação
tenha sido proferida ou mantida no julgamento de ação penal originária, recurso criminal
ordinário (art. 263) ou, se o fundamento coincidir com a questão federal apreciada,
recurso extraordinário (art. 263, § 1º). Assim, o STF não é competente para o julgamento
de revisão criminal proposta contra julgado proferido em HC.

+++ DTB - IPI: Direito ao creditamento de IPI em caso de aquisição de matéria-


prima tributada e saída do produto desonerada

O direito ao creditamento do IPI decorrente da aquisição de matéria-prima, produto


intermediário e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos isentos
ou sujeitos ao regime de alíquota zero, surgiu apenas com a vigência da Lei nº
9.779/99.

INFORMATIVO 577 - Resumo DD

Sem tempo - só resumo do dizer o direito.


+++ DAA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: Caracterização de tortura como
ato de improbidade administrativa

A tortura de preso custodiado em delegacia praticada por policial constitui ato de


improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública.

Para o STJ, é injustificável que a tortura praticada por servidor público, um dos atos mais
gravosos à dignidade da pessoa humana e aos direitos humanos, seja punido apenas no
âmbito disciplinar, civil e penal, afastando-se a aplicação da Lei da Improbidade
Administrativa.

Eventual punição administrativa do servidor não impede a aplicação das penas da


Lei de Improbidade Administrativa, porque os objetivos de ambas as esferas são
diversos e as penalidades previstas na Lei nº 8.429/92 mais amplas.

Para saber se a conduta pode ser caracterizada como ato de improbidade, é primordial
verificar se, dentre os bens jurídicos atingidos pela postura do agente público, algum deles
está relacionado com o interesse público. Se houver, pode-se concluir que a própria
Administração Pública estará igualmente vulnerada e, dessa forma, ficará caracterizado
o ato de improbidade para os fins do art. 1º da Lei nº 8.429/92.

A tortura perpetrada por policiais contra presos mantidos sob a sua custódia tem
reflexo jurídico imediato, que é o de gerar obrigação indenizatória ao Estado, nos
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. Há aí, como consequência, interesse direto da
Administração Pública.

Na hipótese dos autos, o ato ímprobo se caracteriza também pelo fato de que as vítimas
foram torturadas, em instalações públicas, ou melhor, na Delegacia de Polícia.

Em síntese, a situação de tortura praticada por policiais, além das repercussões nas
esferas penal, civil e disciplinar, configura também ato de improbidade
administrativa, porque, além de atingir a pessoa-vítima, alcança simultaneamente
interesses caros à Administração em geral, às instituições de segurança pública em
especial, e ao próprio Estado Democrático de Direito.

+++ DAA - PODER DE POLÍCIA: Atribuição para classificar como medicamento


produto importado

Se a ANVISA classificou determinado produto importado como “cosmético”, a


autoridade aduaneira não poderá alterar essa classificação para defini-lo como
“medicamento”.
Incumbe à ANVISA regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que
envolvam risco à saúde pública (art. 8º da Lei nº 9.782/99). Assim, é da Agência a
atribuição de definir o que é medicamento e o que é cosmético.

A Lei nº 9.782/99, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, prevê
que:

Art. 8º Incumbe à Agência, respeitada a legislação em vigor, regulamentar, controlar e


fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública.

DCC - ARRAS: Cálculo das arras confirmatórias e desproporção entre a quantia


paga inicialmente e o preço ajustado

Se a proporção entre a quantia paga inicialmente e o preço total ajustado evidenciar


que o pagamento inicial englobava mais do que o sinal, não se pode declarar a perda
integral daquela quantia inicial como se arras confirmatórias fosse, sendo legítima
a redução equitativa do valor a ser retido.

Espécies de arras:

 Confirmatórias (arts. 418 e 419): São previstas no contrato com o objetivo de reforçar,
incentivar que as partes cumpram a obrigação combinada; No silêncio do contrato, as
arras são confirmatórias; Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as
arras serão devolvidas para a parte que as havia dado (Poderão também ser utilizadas
como parte do pagamento); Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) o
contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si;
Se a parte que recebeu as arras não executar o contrato: a outra parte (inocente)
poderá exigir a devolução das arrasmais o equivalente; e Além das arras, a parte
inocente poderá pedir: indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo
as arras como taxa mínima; a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo
as arras como o mínimo da indenização.
 Penitenciais (art. 420): São previstas no contrato com o objetivo de permitir que as
partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor
das arras penitenciais já funcionará como sendo as perdas e danos. Ocorre quando o
contrato estipula arras, mas também prevê o direito de arrependimento. Se as partes
cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as
havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento; Se a parte que
deu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ela perderá as arras dadas; Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o
contrato (exercer seu direito de arrependimento): deverá devolver as arras mais o
equivalente; e As arras penitenciais têm função unicamente indenizatória. Isso
significa que a parte inocente ficará apenas com o valor das arras (e do equivalente)
e NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse sentido: Súmula 412-STF: No
compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do
sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos
do processo.

Imagine a seguinte situação hipotética: Francisco prometeu vender sua fazenda a


José por R$ 210 mil. Ficou acertado que seria pago R$ 70 mil à vista e mais 7
parcelas de R$ 20 mil, que seriam quitadas a cada 6 meses. Ressalte-se que o contrato
não previa direito de arrependimento. José pagou os R$ 70 mil. Seis meses depois,
quando chegou o momento de pagar a primeira prestação de R$ 20 mil, ele se tornou
inadimplente. Diante disso, Francisco ajuizou ação de rescisão contratual c/c perdas e
danos e reintegração de posse contra José. Na ação, o autor alegou que os R$ 70 mil
deveriam ser entendidos como arras confirmatórias e que, portanto, ele tinha direito de
ficar com esse valor e, além disso, de ser ressarcido pelas perdas e danos que sofreu
decorrente do inadimplemento contratual. José contestou alegando que o valor pago
corresponde a 1/3 do preço total, de forma que é muito alto e, por isso, não poderia
ser considerado como mero “sinal”, sendo, na verdade, parte do cumprimento da
obrigação. Assim, em reconvenção, pediu que as perdas e danos fossem fixadas em R$
40 mil, devendo, portanto, Francisco lhe devolver R$ 30 mil. A tese do réu foi aceita
pelo STJ? SIM.

+++ DCC - DIREITO DE PREFERÊNCIA: Inaplicabilidade do direito de


preferência em contrato de compra e venda celebrado entre condôminos

O direito de preferência previsto no art. 504 do CC aplica-se ao contrato de compra


e venda celebrado entre condômino e TERCEIRO, e não àquele ajustado entre
condôminos.

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos,
se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der
conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a
estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. (…)

Esse dispositivo retrata exigência para um condomínio comum, tradicional, que consiste
na copropriedade exercida sobre um mesmo bem. Em outras palavras, é o exercício
simultâneo do direito de propriedade por duas ou mais pessoas sobre uma mesma coisa.

A literalidade do art. 504 demonstra que o direito de preferência deve ser observado
somente nos casos em que o contrato de compra e venda seja celebrado entre o condômino
e um estranho. Não se aplica, portanto, às hipóteses de venda entre os consortes
(condôminos).
O objetivo da norma foi o de estimular que a propriedade permaneça somente com os
titulares originários, evitando desentendimentos com a entrada de um estranho no grupo.

A alienação da fração ideal de um condômino para o outro não ofende a finalidade


intrínseca do direito de preferência do art. 504 do CC, uma vez que não se tratará
de hipótese de ingresso de terceiro/estranho à comunhão. Pelo contrário, serão
mantidos os consortes, apenas com alterações no percentual da parte ideal daquele que
adquiriu a parcela de outrem.

Este direito de preferência do art. 504 do CC aplica-se também nos casos de


condomínio edilício? Ex: em um prédio, se um dos moradores quiser vender seu
apartamento, terá que oferecer primeiro aos demais condôminos? NÃO. A regra do
art. 504 do CC aplica-se somente ao condomínio tradicional e não ao condomínio edilício.
“Assim, um condômino em prédio de apartamentos não precisa dar preferência aos
demais proprietários. Mas se a unidade pertencer também a outras pessoas, estas
devem ser notificadas para exercer a preferência legal, pois instaurou-se, nesse caso,
um condomínio tradicional dentro do horizontal” (GONÇALVES, Carlos Roberto.
Direito Civil. Vol. 3. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 242).

DCC - DOAÇÃO: Requisitos do instrumento procuratório para a validade da


doação

É inválida a doação realizada por meio de procurador se o instrumento procuratório


concedido pelo proprietário do bem não mencionar o donatário, sendo insuficiente
a declaração de poderes gerais na procuração.

O Código Civil permite que o procurador devidamente constituído faça a doação de um


imóvel, mas para que isso seja válido, é necessário que estejam previstos poderes
especiais no instrumento de mandato, nos termos do artigo 661, §1º:

Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.

§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem
da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.

No caso de doação, além de haver poderes especiais no mandato (autorização para


doar), a procuração deverá prever também a pessoa que será beneficiada com a
doação.

Assim, como na procuração não foi indicado o donatário do imóvel, a doação realizada
pode ser declarada nula, conforme o art. 166 do CC:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: (…) IV - não revestir a forma prescrita em
lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;

DCC - ADOÇÃO À BRASILEIRA: Direito ao reconhecimento de paternidade


biológica

O filho tem direito de desconstituir a denominada “adoção à brasileira” para fazer


constar o nome de seu pai biológico em seu registro de nascimento, ainda que
preexista vínculo socioafetivo de filiação com o pai registral.

O direito da pessoa ao reconhecimento de sua ancestralidade e origem genética insere-se


nos atributos daprópria personalidade. O direito do filho de buscar o reconhecimento
do estado biológico de filiação constitui direito personalíssimo, indisponível e
imprescritível, consubstanciado no princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana.

Caracteriza violação ao princípio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de


conhecimento da origem genética, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade
psicológica de se conhecer a verdade biológica (STJ. REsp 833.712/RS).

A prática conhecida como “adoção à brasileira”, ao contrário da adoção legal, não


tem a aptidão de romper os vínculos civis entre o filho e os pais biológicos, que devem
ser restabelecidos sempre que o filho manifestar o seu desejo de desfazer o liame
jurídico advindo do registro ilegalmente levado a efeito, restaurando-se, por
conseguinte, todos os consectários legais da paternidade biológica, como os
registrais, os patrimoniais e os hereditários.

Assim sendo, o STJ entende que, mesmo que o filho tenha sido acolhido e tenha usufruído
de uma relação socioafetiva, nada lhe retira o direito, em havendo sua insurgência ao
tomar conhecimento de sua real história, de ter acesso à sua verdade biológica que lhe foi
usurpada desde o nascimento até a idade madura. Presente o dissenso, portanto,
prevalecerá o direito ao reconhecimento do vínculo biológico (REsp 833.712/RS).

Dessa forma, a filiação socioafetiva desenvolvida com o pai registral não afasta o direito
do filho de ver reconhecida a sua filiação biológica.

Compare as duas situações:

 PAI registral ajuíza ação negatória de paternidade e de nulidade do registro: Para


que seja julgada procedente, é necessário que: a) ele tenha sido enganado (induzido
em erro); b) NÃO tenha sido construída uma relação socioafetiva entre ele e o filho
após descobrir que não era o pai biológico. Fundamentos: princípios do melhor
interesse do menor e da boa-fé objetiva (vedação ao venire contra factum proprium);
art. 1.604 do CC.
 FILHO ajuíza ação de investigação de paternidade e de nulidade do registro: A
ação poderá ser julgada procedente, MESMO que tenha sido construída uma
relação socioafetiva entre ele e o pai registral. Fundamentos: dignidade da pessoa
humana e reconhecimento da ancestralidade biológica como direito da personalidade.

DPC - ARBITRAGEM: Validade de cláusula arbitral que reserve a solução de


determinadas situações para a via judicial

É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações


especiais a serem submetidas ao Poder Judiciário.

A Lei nº 9.307/1996 não exige, como condição de existência da cláusula compromissória,


que a arbitragem seja a única via de resolução admitida pelas partes para todos os litígios
e em relação a todas as matérias.

Os contratantes podem o mais, que é afastar da jurisdição estatal todos os litígios


eventualmente decorrentes do contrato, remetendo-os à arbitragem. Logo, eles também
podem o menos, ou seja, prever que as divergências decorrentes do contrato serão
resolvidas por arbitragem, salvo hipóteses especiais que deverão ser submetidas ao
Judiciário.

+++ DPC - AGRAVO DE INSTRUMENTO: Comprovação da tempestividade


mediante apresentação do termo de abertura de vista e remessa dos autos à Fazenda
Nacional

No agravo de instrumento, em regra, se o agravante não juntou a cópia de certidão


de intimação da decisão agravada, seu recurso não será conhecido em virtude de
esta certidão ser prevista como documento obrigatório (art. 1.017, I, do CPC 2015).
A Lei exige esse documento para que o Tribunal possa saber quando a parte foi intimada
e, assim, ter certeza que o recurso foi interposto tempestivamente.

Exceção: é possível dispensar a certidão de intimação se existirem outros meios para


se aferir a tempestividade do recurso. O termo de abertura de vista e remessa dos
autos à Fazenda Nacional substitui, para efeito de demonstração da tempestividade
do agravo de instrumento por ela interposto, a apresentação de certidão de
intimação da decisão agravada (art. 1.017, I, do CPC 2015).

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que


ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação OU outro documento oficial que comprove a tempestividade e das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I,


feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

III — facultativamente, com outras peças que oagravante reputar úteis. (…)

Novo CPC. O CPC 2015 considerou e positivou, pelo menos em parte, esse correto
entendimento jurisprudencial. Com efeito, o inciso I do art. 1.017 prevê que o
agravante deverá juntar cópia da certidão da respectiva intimação ou outro documento
oficial que comprove a tempestividade.

A interpretação do STJ vai além do texto do novo CPC e permite que se constate a
tempestividade (dispensando-se a certidão de intimação) por outros meios em geral
(não exigindo, necessariamente, documento oficial).

DPN - ATENUANTES: Compensação da atenuante da confissão espontânea com a


agravante da promessa de recompensa

É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, “d”, do CP)
com a agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV).

Esse raciocínio, mutatis mutandis, assemelha-se à presente hipótese, por se tratar da


possibilidade de compensação entre circunstâncias igualmente preponderantes, a saber, a
agravante de crime cometido mediante paga com a atenuante da confissão espontânea.

+++ DPN - CONTRABANDO: Importação de colete à prova de balas configura


contrabando

Configura crime de contrabando (art. 334-A do CP) a importação de colete à prova


de balas sem prévia autorização do Comando do Exército.

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.

§ 1º Incorre na mesma pena quem: (…)

II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise


ou autorização de órgão público competente;

A Portaria nº 18 do DLOG, publicada em 19/12/2006, regulamenta as normas de


avaliação técnica, fabricação, aquisição, importação e destruição de coletes balísticos e
exige determinadas condições aos compradores e importadores desse tipo de
artefato, dentre elas, a autorização prévia do Comando do Exército e a restrição de
importação a determinados órgãos e pessoas. Desse modo, a importação de colete à
prova de balas está sujeita à proibição relativa e, por conseguinte, configura crime de
contrabando quando realizada fora dos moldes previstos nesse regulamento.

A importação de colete à prova de balas não se enquadra em nenhum tipo penal


previsto no Estatuto do Desarmamento? NÃO. O Estatuto do Desarmamento (Lei nº
10.826/2003) prevê crimes nos arts. 12 a 18. Aquele que poderia gerar algum tipo de
dúvida seria justamente o art. 18, que estabelece o seguinte: Tráfico internacional de
arma de fogo. Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização
da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Ocorre
que colete à prova de balas não pode ser considerado acessório. Isso porque a palavra
“acessório” mencionada no art. 18 é acessório de arma de fogo, ou seja, algo que
complementa, que se agrega à arma de fogo para melhorar o seu funcionamento ou
desempenho. Exs: silenciador, mira telescópica etc. O colete à prova de balas é uma
proteção contra armas de fogo e não um acessório desta.

+++ DPN - ART. 27-D DA LEI 6.385/76: Uso indevido de informação privilegiada

Subsume-se à figura típica prevista no art. 27-D da Lei nº 6.385/76 a conduta de


quem, em função do cargo de alta relevância que exercia em sociedade empresária,
obteve informação sigilosa acerca da futura aquisição do controle acionário de uma
companhia por outra (operação cujo estudo de viabilidade já se encontrava em
estágio avançado) - dado capaz de influir de modo ponderável nas decisões dos
investidores do mercado, gerando apetência pela compra dos ativos da sociedade
que seria adquirida - e, em razão dessa notícia, adquiriu, no mesmo dia, antes da
divulgação do referido dado no mercado de capitais, ações desta sociedade, ainda
que antes da conclusão da operação de aquisição do controle acionário.

Uso Indevido de Informação Privilegiada

Art. 27-D. Utilizar informação relevante ainda não divulgada ao mercado, de que tenha
conhecimento e da qual deva manter sigilo, capaz de propiciar, para si ou para outrem,
vantagem indevida, mediante negociação, em nome próprio ou de terceiro, com valores
mobiliários:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da
vantagem ilícita obtida em decorrência do crime.
Insider Trading. O crime do art. 27-D da Lei nº 6.385/76 é chamado de “uso indevido
de informação privilegiada”, mais conhecido como Insider Trading, considerando que
é inspirado no direito norte-americano.

Informação relevante. A legislação penal brasileira não definiu o que vem a ser
informação relevante, fazendo com que o intérprete tenha que recorrer a outras leis ou
atos normativos para saber o alcance da norma incriminadora. Segundo a doutrina,
informação relevante é toda aquela capaz de “influir, de modo ponderável, na
decisão dos investidores do mercado”, gerando “apetência pela compra ou venda de
ativos”, de modo a “influenciar a evolução da cotação” (CASTELLAR, João Carlos.
Insider Trading e os novos crimes corporativos Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, p.
112-113). Existem três requisitos para que a informação possa ser considerada relevante,
para os fins do tipo penal em questão. Informação relevante é aquela que:

 não foi tornada pública;


 é capaz de influir de modo ponderável na cotação de títulos ou valores mobiliários
(price sensitive);
 seja precisa ou concreta. (BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 10ª
ed., São Paulo: Saraiva, 2015, p. 572).

Destaque-se que esta foi a PRIMEIRA condenação ocorrida no Brasil pela prática
do crime do art. 27-D da Lei nº 6.385/76.

Competência. Vale ressaltar, ainda, que a competência para julgar o crime do art. 27-D
da Lei nº 6.385/76 é da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88, conforme
já decidiu o STJ: (…) A princípio, o crime em questão - insider trading -, tipificado no
art. 27-D da Lei n. 6.385/76, não atrairia a competência da Justiça Federal, levando-se em
conta o art. 109, VI, da CF, cujo texto reza que compete à Justiça Federal processar e
julgar os crimes praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira
nas hipóteses determinadas por lei; a Lei n. 6.385/76 assim não dispõe.

Ocorre que, a despeito da Lei n. 6.385/76 não prever a competência da Justiça


Federal, mostra-se claro que a conduta delituosa prevista no seu art. 27-D afeta
diretamente o interesse da União, porquanto a utilização de informação privilegiada
pode gerar lesão ao Sistema Financeiro Nacional, ao pôr em risco a confiabilidade
dos investidores no mercado de capitais, aniquilando a confiança e a lisura de suas
atividades. Nesse caso, aplica-se o inciso IV do art. 109 da Carta Magna, que fixa a
competência da Justiça Federal quando o delito ofender bens, serviços ou interesses
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. (…) (STJ. 3ª Seção.
CC 135.749/SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP),
julgado em 25/03/2015).
+++ DPN - ART. 27-D DA LEI 6.385/76: Aumento da pena pelo fato de o réu exercer
cargo de alta importância

Representa circunstância judicial idônea a exasperar a pena-base do condenado pelo


crime de uso indevido de informação privilegiada (art. 27-D da Lei nº 6.385/76) o
exercício de cargo de alta importância que possibilitou o acesso à “informação
relevante”.

O crime em questão não exige que o sujeito ativo seja ocupante de determinado cargo. O
referido tipo penal estabelece apenas que a pessoa, relativamente à informação, “tenha
conhecimento e da qual deva manter sigilo”. Desse modo, o exercício de cargo de alta
relevância que possibilitou o acesso à “informação privilegiada” demonstra maior
culpabilidade na ação perpetrada, situação que não se traduz em dupla punição pelo
mesmo fato (bis in idem).

+++ DPN - ARTS. 240 E 241-B DO ECA: Possibilidade de configuração dos crimes
mesmo que as vítimas estivessem vestidas

Fotografar cena e armazenar fotografia de criança ou adolescente em poses nitidamente


sensuais, com enfoque em seus órgãos genitais, ainda que cobertos por peças de roupas,
e incontroversa finalidade sexual e libidinosa, adequam-se, respectivamente, aos tipos do
art. 240 e 241-B do ECA.

Portanto, configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a
finalidade sexual e libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente,
com enfoque nos órgãos genitais de adolescente - ainda que cobertos por peças de
roupas -, e de poses nitidamente sensuais, em que explorada sua sexualidade com
conotação obscena e pornográfica.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Pela exclusiva leitura do art. 241-E do ECA, as condutas acima descritas não poderiam
ser enquadradas como “cena de sexo explícito ou pornográfica”. No entanto, segundo o
STJ, este dispositivo é uma norma penal explicativa, porém não completa. Assim, a
definição deste artigo não é exaustiva e o conceito de pornografia infanto-juvenil
pode abarcar hipóteses em que não haja a exibição explícita do órgão sexual da
criança e do adolescente.

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo
explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

+++ DPP - PROCEDIMENTO: Validade ou não da decisão que determina a


intimação do MP para complementar a denúncia apresentando o rol de testemunhas

Se o magistrado constatar que o MP não apresentou rol de testemunhas, poderá


determinar a sua intimação para que emende a denúncia e indique testemunhas a
serem ouvidas?

 SIM. Posição da 5ª Turma do STJ. A intimação do Ministério Público para que


indique as provas que pretende produzir em Juízo e a juntada do rol de
testemunhas pela acusação, após a apresentação da denúncia, mas antes da
formação da relação processual, não são causas, por si sós, de nulidade absoluta.
STJ. 5ª Turma. RHC 37.587-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
16/2/2016 (Info 577).
 NÃO. Posição da 6ª Turma do STJ. Isso é causa de nulidade considerando que, se o
MP não apresenta o rol na denúncia, haverá preclusão. Além disso, a iniciativa
probatória do magistrado no processo penal deverá ocorrer apenas de maneira
subsidiária.

DPP - AÇÃO PENAL PRIVADA: Rejeição de queixa-crime desacompanhada de


documentos hábeis a demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a
materialidade do crime

Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento


prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas
na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de Termo
Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda que de
modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime.

Se é feita uma imputação penal desacompanhada de documentos hábeis a demonstrar,


ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime, isso significa que ela
está destituída de base empírica idônea, devendo o juiz reconhecer a ausência de “justa
causa”, nos termos do art. 395, III, do CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (…)

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Mas este é um crime de menor potencial ofensivo e o procedimento dos Juizados


Especiais é marcado pela informalidade… É verdade. No entanto, mesmo assim, a inicial
acusatória (queixa-crime ou denúncia) deve vir acompanhada com o mínimo
embasamento probatório, ou seja, com lastro probatório mínimo apto a demonstrar, ainda
que de modo indiciário, a efetiva ocorrência do ilícito penal.

DPP - PROVAS: Utilização no processo penal de dados bancários fornecidos pelo


contribuinte para a Administração tributária

Os dados bancários entregues à autoridade fiscal pela sociedade empresária fiscalizada,


após regular intimação e independentemente de prévia autorização judicial, podem ser
utilizados para subsidiar a instauração de inquérito policial para apurar suposta prática de
crime contra a ordem tributária.

Atenção: este julgado é anterior à decisão do STF na ADI 2390/DF, julgada em


24/2/2016 (Info 815), que definiu novas premissas a respeito do assunto.

+++ DPP - NULIDADES: Inquirição de testemunhas pelo magistrado e ausência do


MP na audiência de instrução

Não gera nulidade do processo o fato de, em audiência de instrução, o magistrado,


após o registro da ausência do representante do MP (que, mesmo intimado, não
compareceu), complementar a inquirição das testemunhas realizada pela defesa,
sem que o defensor tenha se insurgido no momento oportuno nem demonstrado
efetivo prejuízo.

O juiz continua tendo a possibilidade de formular perguntas às testemunhas, a fim de


complementar a inquirição, na medida em que o próprio CPP lhe incumbe do dever de se
aproximar o máximo possível da realidade dos fatos (princípio da verdade real e do
impulso oficial), o que afasta o argumento de violação ao sistema acusatório.

Na hipótese em análise, a oitiva das testemunhas pelo magistrado, de fato, obedeceu à


exigência de complementaridade, nos termos do que determina o art. 212 do CPP, pois
somente ocorreu após ter sido registrada a ausência do Parquet e dada a palavra à defesa
para a realização de seus questionamentos.

DPP - INDULTO: Impossibilidade de se utilizar o período entre a data de


publicação do decreto e a da sentença extintiva de punibilidade como detração para
outros delitos
O período compreendido entre a publicação do decreto concessivo de indulto pleno
e a decisão judicial que reconheça o benefício não pode ser subtraído na conta de
liquidação das novas execuções penais, mesmo que estas se refiram a condenações
por fatos anteriores ao decreto indulgente.

Detração

É possível que haja a detração em processos criminais distintos? depende:

 Se a prisão cautelar foi ANTERIOR ao crime pelo qual a pessoa foi condenada: NÃO
 Se a prisão cautelar foi POSTERIOR ao crime pelo qual a pessoa foi condenada:
SIM

Qual é a razão para essa diferença de tratamento? Adota-se esse entendimento para
evitar a criação de uma espécie de “crédito de pena”, que poderia ser utilizado no
futuro pelo réu para praticar, impunemente, outros crimes. Desse modo, se a pessoa, por
exemplo, ficou presa cautelarmente durante 1 ano e depois foi absolvida, não terá crédito
de 1 ano em eventual crime que venha a cometer no futuro. Não existe, portanto, uma
“conta poupança penal” onde se guarda o tempo indevidamente preso para se poder
utilizar no futuro cometendo um novo delito.

O que fazer com esse tempo que ele ficou preso indevidamente e que não poderá ser
utilizado para detração? A pessoa poderá ajuizar ação de indenização contra o
Estado, nos termos do art. 5º, LXXV, da CF/88, aplicável analogicamente: o Estado
indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo
fixado na sentença.

Indulto

O indulto não é aplicado de forma automática. Necessita de um procedimento judicial em


que o juiz da execução irá avaliar se o apenado preenche, ou não, os requisitos insculpidos
no decreto presidencial. Assim, o indulto somente poderá produzir os seus efeitos após
essa avaliação feita pelo juiz.

Além disso, em regra, a concessão do indulto pressupõe a existência de uma sentença


penal condenatória com trânsito em julgado. Uma vez transitada em julgado a sentença
penal condenatória, surge a pretensão de execução da pena. Se, posteriormente, o
Estado desistir de prosseguir na execução da pena, haverá, tão somente, uma
interrupção do cumprimento, mas não uma inidoneidade ou desnecessidade da
pena. Essa interrupção, no caso do indulto, é um ato de clemência do Estado, que só
será reconhecido ao apenado após regular procedimento judicial.
A detração, por sua vez, é decorrência do princípio constitucional da não culpabilidade.
A CF/88 estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória”. Ocorre que, mesmo antes do trânsito em julgado, em
algumas situações, faz-se necessária a constrição provisória do acusado. Essa, no entanto,
é uma prisão cautelar. E, por vezes, ao final do julgamento, pode ocorrer a absolvição do
agente ou a prescrição da pretensão punitiva. O instituto da detração não pode
tangenciar o benefício do indulto porque, enquanto o período compreendido entre a
publicação do Decreto Presidencial e a decisão que reconhece o indulto, decretando-
se a extinção da punibilidade do agente, refere-se a uma prisão penal, a detração
somente se opera em relação à medida cautelar, o que impede a sua aplicação no
referido período.

DTB - PIS/COFINS: Incidência de PIS e COFINS em juros sobre capital próprio

Não são dedutíveis da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS o valor
destinado aos acionistas a título de juros sobre o capital próprio, na vigência da Lei
nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.

Não é possível classificar os juros sobre capital próprio como sendo “lucros e dividendos”
em razão de possuírem diferenças jurídicas. Logo, não se pode excluir da base de cálculo
do PIS e da COFINS os JCP (juros sobre capital próprio) invocando o art. 1º, §3º, V, “b”,
da Lei nº 10.637/2002 e o mesmo dispositivo da Lei nº 10.833/2003, considerando que
eles tratam apenas de “lucros e dividendos”.

Vale ressaltar que o CTN não permite o emprego de analogia a fim de se alcançar
isenção do crédito tributário: Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação
tributária que disponha sobre: (..) II - outorga de isenção;

+++ DTB DFIN - PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS SANÇÕES:


Princípio da intranscendência e entidade integrante de consórcio público com
pendência no CAUC

Se um consórcio público celebrou convênio com a União por meio do qual estão
previstos repasses federais, o fato de um dos entes integrantes do consórcio possuir
pendência inscrita no CAUC não pode impedir que o consórcio receba os valores
prometidos. Isso porque o consórcio público é uma pessoa jurídica distinta dos entes
federativos que o integram e, segundo o princípio da intranscendência das sanções,
as punições impostas não podem superar a dimensão estritamente pessoal do
infrator, ou seja, não podem prejudicar outras pessoas jurídicas que não sejam aquelas
que praticaram o ato.
Assim, o fato de ente integrante de consórcio público possuir pendência no Serviço
Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias (CAUC) não impede que o
consórcio faça jus, após a celebração de convênio, à transferência voluntária a que se
refere o art. 25 da LC 101/2000.

consórcio público. O consórcio público, depois de constituído, adquire personalidade


jurídica, que pode ser:

 de direito público (chamada, neste caso, de associação pública, que é, na verdade,


uma espécie de autarquia);
 de direito privado sem fins econômicos.

CAUC. CAUC é a sigla de Cadastro Único de Exigências para Transferências


Voluntárias. O CAUC é um instrumento de consulta, por meio do qual se pode
verificar se os Estados-membros ou Municípios estão com débitos ou outras
pendências perante o Governo federal.

Princípio da intranscendência das sanções. Segundo o princípio da intranscendência


das sanções, as penalidades e as restrições de ordem jurídica não podem superar a
dimensão estritamente pessoal do infrator, ou seja, não podem prejudicar outras pessoas
jurídicas.

INFORMATIVO 576 - Resumo DD

Sem tempo - só resumo do dizer o direito.

+++ DCT - MINISTÉRIO PÚBLICO: Legitimidade do Ministério Público estadual


para atuar no STJ

O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ


nos processos em que figurar como PARTE.

O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ, possui
legitimidade para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função
de fiscal da lei no âmbito do STJ será exercida exclusivamente pelo Ministério
Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República designados
pelo Procurador-Geral da República.

Os Ministérios Públicos estaduais não estão vinculados, nem subordinados, no plano


processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério Público da União, o
que lhes confere ampla possibilidade de atuação autônoma nos processos em que forem
partes, inclusive perante os Tribunais Superiores. Assim, por exemplo, o Ministério
Público Estadual possui legitimidade para o ajuizamento de ação rescisória perante o STJ
para impugnar acórdão daquela Corte que julgou processo no qual o parquet estadual era
parte.

Exemplos de atuação direta dos Ministérios Públicos estaduais no STF e STJ:

 Mandado de segurança (contra decisão do CNMP, v.g.);


 Reclamação constitucional;
 Pedido de suspensão de segurança;
 Pedido de tutela antecipada;
 Recursos contra as decisões proferidas no STF e STJ (embargos de declaração,
embargos de divergência, agravo regimental etc.).

Nos casos de ação penal de competência originária do STF e do STJ, qual órgão do
Ministério Público oferecerá a denúncia e atuará no processo criminal? MPF. Em
tais hipóteses, a atribuição continua sendo do MPF, por meio do Procurador-Geral da
República (ou um Subprocurador-Geral, mediante delegação do Procurador-Geral).
Nesse sentido: STJ Corte Especial. APn 689-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em
17/12/2012.

O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para atuar diretamente no STF


e STJ? NÃO. A jurisprudência continua entendendo que o MPT não pode atuar
diretamente no STF e STJ. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 17/9/2014 (repercussão geral) (Info 759). Se for necessário, por
exemplo, propor uma reclamação no STF e que seja do interesse do MPT, quem
deve manejar essa reclamação é o Procurador-Geral da República. Assim, o MPT é
parte ilegítima para, em sede originária, atuar no STF e STJ, uma vez que integra a
estrutura orgânica do Ministério Público da União, cuja atuação funcional compete, em
face da própria unidade institucional, ao seu chefe, qual seja, o Procurador-Geral da
República. Vale ressaltar, no entanto, que, quando se diz que o MPT não pode atuar
diretamente no STF, isso significa que não pode ajuizar ações originárias no STF
nem pode recorrer contra decisões proferidas por essa Corte. Importante esclarecer,
dessa forma, que o membro do MPT pode interpor recurso extraordinário, a ser
julgado pelo STF, contra uma decisão proferida pelo TST.

DAA - CONCURSO PÚBLICO: Formação exigida em edital de concurso ao cargo


de perito dapiloscopista de polícia civil estadual

É legal a cláusula de edital que prescreva que as atividades do cargo de perito


datiloscopista são de nível médio, desde que, à época da publicação do edital do
concurso para o referido cargo, haja previsão legislativa estadual nesse sentido.
A Lei nº 12.030/2009 dispõe sobre as perícias oficiais e em seu art. 5º elenca quem são
os peritos criminais: peritos médico-legistas e peritos odontolegistas. Confira: Art. 5º
Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito se encontra
vinculado, são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas
e peritos odontolegistas com formação superior específica detalhada em regulamento, de
acordo com a necessidade de cada órgão e por área de atuação profissional.

Desse modo, em nenhum momento a Lei nº 12.030/2009 inclui os datiloscopistas


como peritos oficiais. Além disso, não se pode entender que a Lei nº 11.690/2008 tenha
imposto, obrigatoriamente, o curso superior para o cargo de datiloscopista porque o art.
159 do CPP, modificado, não fala expressamente em “datiloscopista”, e sim de “peritos
oficiais”. Como já vimos, não há lei que preveja, expressamente, que os datiloscopistas
são peritos oficiais.

Depois da Lei nº 11.690/2008. CPP, Art. 159. O exame de corpo de delito e outras
perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.

DAA - CONCURSO PÚBLICO: Posse em cargo público por menor de idade

Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de


concurso público, é possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso
tome posse no cargo de auxiliar de biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos
e 10 meses na data da sua posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus
pais há 4 meses.

No caso em análise, o requisito da idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela
natureza das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, tendo em vista que a
atividade desse cargo é plenamente compatível com a idade de 17 anos e 10 meses do
candidato que já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses.

Além disso, o art. 5º, parágrafo único, do CC, ao dispor sobre as hipóteses de
cessação da incapacidade para os menores de 18 anos - entre elas, a emancipação
voluntária concedida pelos pais (caso em análise) e o exercício de emprego público
efetivo -, permite o acesso do menor de 18 anos ao emprego público efetivo.

DAA - SERVIDORES PÚBLICOS: Impossibilidade de acumulação de cargos


públicos se a jornada semanal for superior a 60h semanais

Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária
referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. Assim,
é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou científico quando
a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais.
Parecer-AGU nº GQ-145/1998: Com o objetivo de disciplinar a matéria, a Advocacia
Geral da União (AGU) emitiu o parecer nº GQ-145, vinculante, afirmando que o
servidor somente poderá acumular cargos se houver compatibilidade de horário e desde
que a jornada máxima não ultrapasse 60 horas semanais. Assim, para a AGU, mesmo
que exista compatibilidade de horários, se a jornada semanal ficar acima de 60 horas, a
acumulação não será permitida, considerando que o servidor estaria muito cansado e isso
atrapalharia seu desempenho funcional, em prejuízo ao princípio constitucional da
eficiência.

TCU Acórdão 2.133/05: A jurisprudência do TCU também tem se manifestado no


mesmo sentido da AGU, admitindo como limite máximo em casos de acumulação de
cargos ou empregos públicos a jornada de trabalho de 60 horas semanais. É o caso, por
exemplo, do Acórdão 2.133/05.

Observação: O STJ tem precedentes neste sentido tanto para o caso de acumulação de
cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde (MS 19.336-DF) como para
acumulação de cargo de professor com outro técnico ou científico (REsp 1.565.429-SE).

+++ DAA - SERVIDORES PÚBLICOS: Monitoramento de e-mail corporativo de


servidor público

As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor


público não configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos “não
pessoais” e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade,
especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa
menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem
como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos
usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo.

No caso, o órgão público, haja vista que tanto o computador quanto o e-mail corporativo
não são de propriedade do servidor, mas para o uso exclusivo do serviço e em benefício
do trabalho, nunca para fins pessoais, especialmente quando se trata de fins ilícitos.

DAA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: Aplicação de multa eleitoral e


sanção por ato de improbidade administrativa

A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às


disposições contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição
de nenhuma das sanções previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da
mesma conduta.
O art. 12 da LIA é muito claro ao dizer que as penalidades impostas pela prática de ato
de improbidade administrativa independem das demais sanções penais, civis e
administrativas previstas em legislação específica.

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na


legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:

DCC - COBRANÇA JUDICIAL DE DÍVIDA JÁ PAGA: Via processual adequada


para se requerer sanção por cobrança judicial de dívida já adimplida. Necessidade
de demonstração de má-fé do credor para condenação ao pagamento em dobro

A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida


já adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002) pode ser postulada pelo
réu na própria defesa, independendo da propositura de ação autônoma ou do
manejo de reconvenção.

Para que haja a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança
judicial de dívida já adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002), é
imprescindível a demonstração de má-fé do credor. Permanece válido o entendimento
da Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art.
1.531 do Código Civil (atual art. 940 do CC 2002).

Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao
devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente
do que dele exigir, salvo se houver prescrição.

REPETIÇÃO DO INDÉBITO NO CDC

Previsão legal. O Código de Defesa do Consumidor possui uma regra semelhante, mas
que apresenta peculiaridades. Assim, se o consumidor for cobrado em quantia indevida e
efetuar o pagamento, terá direito de receber valor igual ao dobro do que pagou em
excesso. Veja:
Art. 42 (…) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Requisitos para aplicar essa penalidade do CDC:

 Consumidor ter sido cobrado por quantia indevida;


 Consumidor ter pago essa quantia indevida (o CDC exige que a pessoa tenha
efetivamente pago e não apenas que tenha sido cobrada);
 Não ocorrência de engano justificável por parte do cobrador (existência de má-fé do
cobrador).

(…) A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a repetição em dobro do indébito,


sanção prevista no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe tanto a existência de
pagamento indevido quanto a má-fé do credor. (…) STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp
196.530/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/06/2015.

(…) A jurisprudência desta Corte Superior possui entendimento no sentido da


obrigatoriedade da restituição em dobro do valor cobrado indevidamente do
consumidor, salvo no caso de engano justificável (…) STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp
1427535/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 03/02/2015.

Devolução simples. Se tiver havido engano justificável por parte do cobrador, este
continuará com a obrigação de devolver as quantias recebidas indevidamente, no entanto,
essa devolução será simples (ou seja, não será em dobro).

+++ DCC - SUCESSÃO:Herança de bem gravado com cláusula de


incomunicabilidade

A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou


testamento só produz efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte
deste, o cônjuge sobrevivente poderá se habilitar como herdeiro do referido bem,
observada a ordem de vocação hereditária.

A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não interfere na vocação hereditária.


Assim, se o indivíduo recebeu por doação ou testamento bem imóvel com a referida
cláusula, sua morte não impede que seu herdeiro receba o mesmo bem.

Desse modo, com o falecimento da beneficiária, acabou a eficácia da cláusula de


incomunicabilidade. Ela deixou de produzir efeitos.

DEE - AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA: Responsabilidade do


INPI pelos honorários sucumbenciais, custas processuais e reembolso de despesas
feitas pelo autor

Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca proposta por uma
sociedade empresária (“A”) contra o INPI e contra outra empresa concorrente (“B”),
titular da marca questionada na demanda. A ação foi julgada procedente e discutiu-se se
o INPI deveria pagar honorários advocatícios, custas e despesas processuais. Foram
expostas três conclusões:
 Na ação de nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao lado de
sociedade empresária porque concedeu indevidamente o registro para a empresa
“B” mesmo gerando confusão com a marca da empresa “A” e também porque não deu
andamento ao pedido administrativo formulado pela empresa “A” para anular o
registro indevidamente concedido. Assim, diante disso, o referido Instituto deve
responder solidariamente pelos honorários advocatícios sucumbenciais mesmo
que, na ação proposta, ele tenha reconhecido a procedência do pedido formulada
na Inicial.
 Em ação de nulidade de registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas.
 Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a
ele reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora.

A obrigatoriedade deste reembolso está prevista expressamente no parágrafo único do art.


4º da Lei nº 9.289/96:

Art. 4º São isentos de pagamento de custas:

I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e as


respectivas autarquias e fundações;
(…)

Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras
do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da
obrigação de reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora.

+++ DECAA - SINASE: Relativização da regra prevista no art. 49, II, do SINASE

A Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê que é direito do adolescente submetido ao


cumprimento de medida socioeducativa “ser incluído em programa de meio aberto
quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto
nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de
residência”.

O simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da


liberdade em unidade próxima da residência do adolescente infrator não impõe a
sua inclusão em programa de meio aberto, devendo-se considerar o que foi
verificado durante o processo de apuração da prática do ato infracional, bem como
os relatórios técnicos profissionais.
A regra prevista no art. 49, II, do SINASE deve ser aplicada de acordo com o caso
concreto, observando-se as situações específicas do adolescente, do ato infracional
praticado, bem como do relatório técnico e/ou plano individual de atendimento.

Não se mostra razoável colocar em meio aberto adolescente que recebeu medida de
internação apenas pelo fato de ele não estar em unidade próxima a sua residência,
deixando de lado tudo que foi verificado e colhido durante o processo de apuração, bem
como os relatórios técnicos dos profissionais que estão próximos ao reeducando,
identificando suas reais necessidades.

Desse modo, entende-se que deve haver a relativização da regra do art. 49, II, devendo
ser examinado caso a caso e verificada a imprescindibilidade da medida de internação,
bem como a adequação da substituição da medida imposta por outra em meio aberto.

(DPE/PE 2015 CESPE) Alberto, adolescente condenado a cumprir medida


socioeducativa de internação, diante da inexistência de estabelecimento apropriado na
cidade de residência de seus pais, foi custodiado em unidade distante, em razão da
superlotação da unidade mais próxima. Nessa situação, houve violação ao direito
absoluto do adolescente previsto no ECA: Alberto deveria ter sido enviado para a
localidade mais próxima do domicílio dos seus pais, mesmo que a unidade de custódia
estivesse superlotada. ERRADO

DPC - RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL:


Impossibilidade de relativizar coisa julgada fundada em lei posteriormente
declarada não recepcionada pela CF/88

Não é possível utilizar ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) contra título
executivo judicial fundado em lei declarada não recepcionada pelo STF em decisão
proferida em controle incidental que transitou em julgado após a constituição
definitiva do referido título.

A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou


ato normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que
tenham adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a
interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria,
observado o respectivo prazo decadencial de 2 anos.

DPC - MANDADO DE SEGURANÇA: Parcelas devidas entre a data de impetração


e a de implementação da concessão da segurança devem ser pagas por meio de
precatórios

No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda


Pública, as parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da
concessão da segurança devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha
suplementar.

O art. 100 da CF/88 determina que os pagamentos devidos pela Fazenda Pública estão
sujeitos ao sistema de precatórios, o que abrange, inclusive, as verbas de caráter alimentar.
O simples fato de se tratar de sentença concessiva de mandado de segurança não serve
para afastar a regra dos precatórios. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 889173 RG, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 07/08/2015 (repercussão geral). Assim, não se tratando de
dívida de pequeno valor (§ 3º do art. 100, da CF/88), deve-se respeitar a sistemática dos
precatórios.

DPN - ESTELIONATO: Aumento de pena-base fundado na confiança da vítima no


autor de estelionato

O cometimento de estelionato em detrimento de vítima que conhecia o autor do


delito e lhe depositava total confiança justifica a exasperação da pena-base em razão
da consideração desfavorável das circunstâncias do crime.

Existe um plus de reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do
delito uma pessoa conhecida que lhe depositava total confiança.

+++ DPN - LEI DE DROGAS: Aplicação de causa de aumento de pena da Lei de


Drogas ao crime de associação para o tráfico de drogas com criança ou adolescente

A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de


associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como
causa de aumento do art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou
não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a
dois terços, se:

VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por
qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;

Exemplo: Pedro convidou Lucas (15 anos) para auxiliá-lo, de forma estável e
permanente, na prática do tráfico de drogas. Como contrapartida, prometeu “pagar” pelo
serviço dando 100g de cocaína por semana para que ele consumisse. Foram presos quando
estavam vendendo droga. Pedro foi denunciado por tráfico de drogas (art. 33) e associação
para o tráfico (art. 35), com a causa de aumento do art. 40, VI.
O agente poderia ter praticado o crime de associação para fins de tráfico valendo-se de
outra pessoa, maior de idade. No entanto, escolheu associar-se com um adolescente para
o cometimento do delito. Desse modo, deverá responder de forma mais gravosa por esta
conduta, que foi considerada mais reprovável pelo legislador, nos termos do art. 40, VI,
da LD.

O fato de o agente ter envolvido um menor na prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído
com drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo e dependência, justifica a
aplicação, em patamar superior ao mínimo, da causa de aumento de pena do art. 40, VI,
da Lei nº 11.343/2006, ainda que haja fixação de pena-base no mínimo legal. A aplicação
da causa de aumento em patamar acima do mínimo é plenamente válida, desde que
fundamentada na gravidade concreta do delito.

+++ DPP - PRISÃO: Atos infracionais pretéritos podem ser utilizados como
fundamento para decretação/manutenção da prisão preventiva

João, 19 anos, está respondendo a processo criminal por roubo. Quando era
adolescente, cumpriu medida socioeducativa por homicídio. O juiz, ao decretar a
prisão preventiva do réu, poderá mencionar a prática desse ato infracional como um
dos fundamentos para a custódia cautelar?

 5ª Turma do STJ: SIM. A prática de atos infracionais anteriores serve para


justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva como garantia da
ordem pública, considerando que indicam que a personalidade do agente é voltada à
criminalidade, havendo fundado receio de reiteração. STJ. 5ª Turma. RHC 47.671-MS,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 18/12/2014 (Info 554).
 6ª Turma do STJ: NÃO. No processo penal, o fato de o suposto autor do crime já ter
se envolvido em ato infracional não constitui fundamento idôneo à decretação de prisão
preventiva. Isso porque a vida na época da menoridade não pode ser levada em
consideração pelo Direito Penal para nenhum fim. Atos infracionais não configuram
crimes e, por isso, não é possível considerá-los como maus antecedentes nem como
reincidência, até porque fatos ocorridos ainda na adolescência estão acobertados
por sigilo e estão sujeitos a medidas judiciais exclusivamente voltadas à proteção
do jovem.

DPP - RECURSOS: É proibido que o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa,


corrija equívoco aritmético cometido pelo juiz na sentença e aumente a pena

No âmbito de recurso exclusivo da defesa, o Tribunal não pode agravar a


reprimenda imposta ao condenado, ainda que reconheça equívoco aritmético
ocorrido no somatório das penas aplicadas.
Configura inegável reformatio in pejus a correção de erro material no julgamento da
apelação — ainda que para sanar evidente equívoco ocorrido na sentença condenatória
— que importa em aumento das penas, sem que tenha havido recurso do Ministério
Público nesse sentido.

Assim, se o juiz cometeu um erro na sentença ao somar as penas, mas o Ministério Público
não recorreu contra isso, não é possível que o Tribunal corrija de ofício em prejuízo do
réu.

DTB - DENÚNCIA ESPONTÂNEA: Ausência de denúncia espontânea em caso de


depósito judicial integral dos tributos devidos

O depósito judicial integral do débito tributário e dos respectivos juros de mora,


mesmo antes de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, não
configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN).

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,


acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante
do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de


qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
infração.

O depósito judicial integral não trouxe qualquer vantagem ou redução de custos para a
Administração Tributária. Não houve a chamada “relação de troca entre custo de
conformidade e custo administrativo” a atrair caracterização da denúncia
espontânea (art. 138 do CTN).

Obs: para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é
necessário o preenchimento de três requisitos:

 “denúncia” (confissão) da infração;


 pagamento integral do tributo devido com os respectivos juros moratórios; e
 espontaneidade (confissão e pagamento devem ocorrer antes do início de qualquer
procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com aquela determinada
infração).

Na denúncia espontânea o pagamento deve ser feito à vista; não vale parcelar. Para
ter direito ao benefício da denúncia espontânea, o devedor deverá efetuar o pagamento
integral de uma só vez. Se o contribuinte parcelar o pagamento, isso não configura
denúncia espontânea e ele não estará isento da multa. Essa previsão encontra-se
insculpida no § 1º do art. 155 do CTN: Art. 155-A. O parcelamento será concedido na
forma e condição estabelecidas em lei específica. § 1º Salvo disposição de lei em
contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e
multas.

Termo final para que haja a denúncia espontânea. Como visto acima, um dos
requisitos para que haja denúncia espontânea está no fato de que o devedor deverá
confessar e pagar o débito ANTES que o Fisco instaure contra ele “qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração”.
Tem que confessar antes de ser “descoberto”. Se for depois, não adiantará nada. Segundo
a doutrina (SABBAG, p. 668), o documento que demonstra que o Fisco instaurou
procedimento administrativo para apurar a infração é o “Termo de Início de
Fiscalização”, previsto no art. 196 do CTN: Art. 196. A autoridade administrativa que
proceder ou presidir a quaisquer diligências de fiscalização lavrará os termos
necessários para que se documente o início do procedimento, na forma da legislação
aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas. Parágrafo único. Os
termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que possível, em um dos livros
fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se entregará, à pessoa sujeita à
fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere este artigo.

Obrigações acessórias. Normalmente, a legislação prevê que o contribuinte que deixar


de cumprir a obrigação tributária acessória terá que pagar uma multa. Ex: quem deixar de
apresentar determinada declaração para o Fisco terá que pagar uma multa. O benefício
concedido pela “denúncia espontânea” (art. 138 do CTN) não vale para o caso de
confissão de descumprimento de obrigações acessórias. Assim, se o contribuinte tinha
até o dia XX para apresentar a declaração e não o fez, ele terá que pagar a multa mesmo
que vá até o Fisco e “confesse” que atrasou a declaração, apresentando a destempo.

Denúncia espontânea e tributo sujeito a lançamento por homologação. No caso dos


tributos sujeitos a lançamento por homologação, “a declaração do débito feita sem o
respectivo pagamento tem o condão de constituir o crédito tributário e todos os seus
consectários, sem a necessidade de procedimento administrativo para a cobrança da
multa moratória.” (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1251419/RJ, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 01/09/2011). Assim, não é mais necessário que a Administração
Tributária faça lançamento. Ela já poderá inscrever em dívida ativa e ajuizar a execução
fiscal. Imagine que, em um imposto sujeito a lançamento por homologação, o
contribuinte tinha até o dia 02/02 para fazer a declaração e pagar o tributo. No dia
02/02, o contribuinte fez a declaração, mas não pagou o imposto. Suponha, então,
que um mês depois ele se “arrependa” de não ter pago e resolva ir até o Fisco
confessar que não recolheu o imposto e pagar o que deve. Neste caso, este
contribuinte terá direito à isenção da multa com base na “denúncia espontânea”
(art. 138 do CTN)? NÃO. Trata-se de entendimento sumulado do STJ: Súmula 360-STJ:
O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por
homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

DTB - ICMS: Inclusão de subvenção econômica na base de cálculo do ICMS

A subvenção concedida com base no art. 5º da Lei nº 10.604/2002 às concessionárias


e permissionárias de energia elétrica compõe a base de cálculo do ICMS.

Subvenção econômica. O Governo Federal, a fim de contribuir para reduzir o valor das
tarifas de energia elétrica paga pelos consumidores de baixa renda, concedeu, por meio
do art. 5º da Lei nº 10.604/2002, uma subvenção econômica para as concessionárias de
energia elétrica. A Resolução nº 89 da ANEEL explica em que consiste a subvenção
econômica: “subvenção econômica compensa a concessionária ou permissionária pelo
impacto derivado da introdução dos novos critérios, consubstanciado na diferença entre
o montante financeiro a ser despendido e o anteriormente verificado, medida que tem por
finalidade preservar os níveis tarifários vigorantes e a modicidade tarifária para o
restante do mercado consumidor”; Fazendo um cálculo bem grosseiro, apenas para você
entender, imagine o seguinte: o Governo Federal decide conceder R$ 20 de subvenção
econômica para as concessionárias nas contas dos consumidores classificados como
classe “residencial baixa renda”. Assim, suponhamos que, pelo consumo de energia na
casa do Sr. João (consumidor de baixa renda), este deveria pagar R$ 50 de tarifa. Como
há esta subvenção, sua conta chegará no valor de apenas R$ 30.

ICMS. As distribuidoras de energia elétrica pagam ICMS, sendo a energia elétrica


equiparada à mercadoria (bem móvel). A dúvida que reside é a seguinte: a base de
cálculo do ICMS será o valor total da operação ou deverá ser descontada a
subvenção concedida? Para os Estados-membros, o melhor seria que o ICMS incidisse
sobre o valor total (incluída a subvenção), considerando que o valor arrecadado com o
imposto seria maior. Para as empresas, o ideal seria que, na base de cálculo do imposto,
fosse excluído o valor recebido a título de subvenção. Afinal de contas, o que decidiu o
STJ? O valor da subvenção concedida deverá ser incluída no momento de se calcular
o ICMS? SIM.

+++ DTB - SEGUROS: Aumento da alíquota da COFINS e sociedades corretoras


de seguros

Não cabe confundir as “sociedades corretoras de seguros” com as “sociedades


corretoras de valores mobiliários” (regidas pela Resolução BACEN n. 1.655/89) ou
com os “agentes autônomos de seguros privados” (representantes das seguradoras
por contrato de agência).
As “sociedades corretoras de seguros” estão fora do rol de entidades constantes do
art. 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91. Assim, o aumento de 3% para 4% da alíquota da
COFINS promovido pelo art. 18 da Lei nº 10.684/2003 não alcança as sociedades
corretoras de seguros.

Lei nº 10.684/2003. A Lei nº 10.684/2003 aumentou a alíquota da COFINS nos seguintes


termos: Art. 18. Fica elevada para quatro por cento a alíquota da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social — COFINS devida pelas pessoas jurídicas referidas
nos §§ 6º e 8º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998.

O § 6º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por sua vez, remete ao § 1º do art. 22 da Lei nº


8.212/91. Assim, o art. 18 da Lei nº 10.684/2003 aumentou a alíquota da COFINS para
as entidades constantes do art. 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91: § 1º No caso de bancos
comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário,
sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de
previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e
no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base
de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.

As sociedades corretoras de seguros estão incluídas no rol do art. 22, § 1º, da Lei nº
8.212/91? As sociedades corretoras de seguros sofreram com o aumento da alíquota
da COFINS promovida pelo art. 18 da Lei nº 10.684/2003? NÃO.

DPREV - APOSENTADORIA RURAL POR IDADE: Requisitos para


aposentadoria rural por idade prevista no art. 143 da Lei nº 8.213/91

O segurado especial tem que estar laborando no campo quando completar a idade
mínima para ter direito à aposentadoria por idade rural prevista no art. 143 da Lei
nº 8.213/1991, momento em que poderá requerer seu benefício. Fica ressalvada a
hipótese do direito adquirido em que o segurado especial preencheu ambos os
requisitos de forma concomitante, mas não requereu o benefício.

Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime
Geral de Previdência Social, na forma da alínea “a” do inciso I, ou do inciso IV ou VII
do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário
mínimo, durante quinze anos, contados a partir da datade vigência desta Lei, desde que
comprove o EXERCÍCIO de atividade rural, ainda que descontínua, no período
imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à
carência do referido benefício.
Observação: Esta aposentadoria do art. 143 é diferenciada porque não se exige do
segurado contribuição para a Previdência Social. Em outras palavras, o segurado se
aposenta mesmo sem ter pago contribuições previdenciárias.

INFORMATIVO 575 - Resumo DD

Sem tempo - só resumo do dizer o direito.

+++ DAA - SERVIDORES PÚBLICOS: Acumulação de cargo de tradutor de


LIBRAS com de professor

É possível a acumulação de um cargo público de professor com outro de intérprete


e tradutor da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

A acumulação, neste caso, é autorizada pela alínea “b” do inciso XVI do art. 37 da CF/88:
“b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;” O STJ reconheceu que
tradutor e intérprete de LIBRAS é um cargo “técnico” para fins de enquadramento na
exceção constitucional. Isso com fulcro nos arts. 6º e 7º da Lei nº 12.319/2010, que
regulamenta a profissão.

Mas o cargo de tradutor e intérprete de LIBRAS não exige curso superior… Mesmo
assim ele pode ser considerado como um cargo técnico? SIM. O conceito de “cargo
técnico ou científico” não exige, necessariamente, que se trate de um cargo de nível
superior. O STJ entende que cargo técnico ou científico, para fins de acumulação com o
de professor, nos termos do art. 37, XVII, da CF/88, é aquele para cujo exercício sejam
exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente
de nível superior (STJ. 5ª Turma. RMS 20.033/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,
julgado em 15/02/2007).

Definição de cargo técnico. Cargo técnico “é aquele que requer conhecimento


específico na área de atuação do profissional, com habilitação específica de grau
universitário ou profissionalizante de 2º grau” (STJ. 2ª Turma. RMS 42.392/AC, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 10/02/2015).

Definição de cargo científico. Cargo científico “é o conjunto de atribuições cuja


execução tem por finalidade a investigação coordenada e sistematizada de fatos,
predominantemente de especulação, visando a ampliar o conhecimento humano.”
(STJ. 5ª Turma. RMS 28.644/AP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/12/2011).

DAA - SERVIDORES PÚBLICOS: Inexistência de obrigatoriedade de a


Administração Pública atender a requisição de servidores formulada pela DPU
O art. 4º da Lei nº 9.020/95 estabeleceu o seguinte: Art. 4º O Defensor Público-Geral da
União poderá requisitar servidores de órgãos e entidades da Administração Federal,
assegurados ao requisitado todos os direitos e vantagens a que faz jus no órgão de
origem, inclusive promoção. Parágrafo único. A requisição de que trata este artigo é
irrecusável e cessará até noventa dias após a constituição do Quadro Permanente de
Pessoal de apoio da Defensoria Pública da União.

Esta obrigatoriedade trazida pelo dispositivo acima já se encerrou. A Administração


Pública Federal não está mais obrigada a atender toda e qualquer requisição de
servidor público efetuada pelo Defensor Público-Geral da União na forma do art. 4º
da Lei nº 9.020/95.

Ocorre que a situação atual é sensivelmente diversa daquela que, em 1995, motivou a
previsão legislativa. Com efeito, em 2010 a DPU abriu seu primeiro concurso público
para o provimento de cargos de nível superior e médio. Já em 2015 adveio o segundo
concurso. Assim sendo, embora a requisição, em 1995, fosse irrecusável, tem-se que a
própria previsão legal de requisição estabeleceu um termo final para sua vigência: 90 dias
após a constituição do quadro de apoio da Defensoria.

DCC - BEM DE FAMÍLIA: Bem adquirido com produto de crime é penhorável


mesmo que tenha havido extinção da punibilidade pelo cumprimento do sursis
processual

Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem


de família adquirido com o produto do crime, ainda que a punibilidade do acusado
tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a
suspensão condicional do processo.

Aplica-se, no caso, a exceção prevista na primeira parte do inciso VI do art. 3º da Lei nº


8.009/90 (“por ter sido adquirido com produto de crime”).

A Lei nº 8.009/90 permite a penhora do bem de família adquirido com produto de


crime sem que para isso precise existir condenação na esfera criminal.

Se tivesse havido sentença absolutória. Apesar de não ter ficado expresso no julgado,
vale ressaltar que a situação seria diferente se o réu tivesse sido absolvido no processo
criminal com fundamento no art. 386, I e IV, do CPP. Nestes casos, a sentença penal
absolutória faria coisa julgada no cível (vincularia o juízo cível). A sentença de extinção
da punibilidade pelo cumprimento das condições impostas na suspensão condicional do
processo não é absolutória e não nega a existência do fato nem a sua autoria.

+++ DCC - RESPONSABILIDADE CIVIL: Hipótese de inexistência de


responsabilidade civil da mãe de menor de idade causador de acidente
A responsabilidade dos pais por filho menor (responsabilidade por ato ou fato de
terceiro) é objetiva, nos termos do art. 932, I, do CC, devendo-se comprovar apenas a
culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente (ou
seja, é necessário provar apenas a culpa do filho).

Enunciado 451 - CJF: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na


responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa
presumida.

Contudo, há uma exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua
autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem
autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem
por ele.

Desse modo, a mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de idade,
residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor - sobre
quem apenas o pai exercia autoridade de fato - não pode ser responsabilizada pela
reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando que ela não deixou de
deter o poder familiar sobre o filho.

Precedentes em sentido um pouco diverso. Vale ressaltar que o tema acima é polêmico,
havendo precedentes mais antigos em sentido um pouco diverso do que foi decidido.
Confira um deles: (…) 1. Os pais respondem civilmente, de forma objetiva, pelos atos dos
filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia (artigo 932, I, do
Código Civil). 2. O fato de o menor não residir com o(a) genitor(a) não configura, por
si só, causa excludente de responsabilidade civil. 3. Há que se investigar se persiste o
poder familiar com todas os deveres/poderes de orientação e vigilância que lhe são
inerentes. Precedentes. (…) (STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 220.930/MG, Rel. Min.
Sidnei Beneti, julgado em 09/10/2012). Em provas de concurso, deve-se adotar o julgado
mais recente, noticiado no Info 575.

(Juiz TJ/TO 2007 CESPE) A responsabilidade civil por ato de terceiro permite estender
a obrigação de reparar o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa,
desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela
indenização. Nessa hipótese, a responsabilidade é objetiva.“ CERTO

DCC - PROMESSA DE COMPRA E VENDA: Validade da cláusula contratual que


transfere o pagamento do laudêmio ao promitente-comprador

É válida cláusula inserta em contrato de promessa de compra e venda de imóvel


situado em terreno de marinha que estipule ser da responsabilidade do promitente-
adquirente o pagamento do laudêmio devido à União, embora a referida cláusula
não seja oponível ao ente público.

O que são terrenos de marinha? Terrenos de marinha são “todos aqueles que,
banhados pelas águas do mar ou dos rios e lagoas navegáveis (estes últimos,
exclusivamente, se sofrerem a influência das marés, porque senão serão terrenos
reservados), vão até a distância de 33 metros para a parte da terra contados da linha
do preamar médio, medida em 1831” (CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito
Administrativo. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 417). Os terrenos de marinha são bens da
União (art. 20, VII, da CF/88). Isso se justifica por se tratar de uma região estratégica
em termos de defesa e de segurança nacional (é a “porta de entrada” de navios
mercantes ou de guerra).

Enfiteuse (ou aforamento). José dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito
Administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 1311) explica que, em
algumas regiões, a União permitiu que particulares utilizassem, de forma privada,
imóveis localizados em terrenos de marinha. Como essas áreas pertencem à União, o
uso por particulares é admitido pelo regime da enfiteuse (aforamento), que funciona,
em síntese, da seguinte forma: a União (senhorio direto) transfere ao particular
(enfiteuta) o domínio útil; o particular (enfiteuta) passa a ter a obrigação de pagar
anualmente uma importância a título de foro ou pensão.

O particular (enfiteuta) pode transferir para outras pessoas o domínio útil que
exerce sobre o bem? SIM. Tome-se o seguinte exemplo: João reside em uma casa
localizada dentro de um terreno de marinha, possuindo, portanto, apenas o domínio útil
sobre o bem e pagando, anualmente, o foro. Ocorre que ele quer se mudar. Diante disso,
poderá “vender” o domínio útil para outra pessoa.

A pessoa que transferir o domínio útil do imóvel terá que pagar algum valor para a
União? SIM. A legislação estabelece que a pessoa, antes de efetuar a transferência,
deverá pagar 5% do valor do domínio útil à União. Assim, em nosso exemplo, João
terá que recolher em favor da União 5% do valor do domínio útil de sua casa pelo simples
fato de ela estar localizada em terreno de marinha. Esse valor é chamado de laudêmio e
seu pagamento está previsto no art. 3º do Decreto-Lei nº 2.398/87: Art. 3º Dependerá do
prévio recolhimento do laudêmio, em quantia correspondente a 5% (cinco por cento) do
valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, a transferência onerosa, entre
vivos, do domínio útil de terreno da União ou de direitos sobre benfeitorias neles
construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos.

Imagine a seguinte situação hipotética: João celebrou contrato de promessa de compra


e venda com determinada imobiliária. Por meio do contrato, a imobiliária (promitente
vendedora) comprometeu-se a vender a João um apartamento em edifício situado em
terreno de marinha. Em contrapartida, João obrigou-se a pagar o valor de R$ 600 mil,
parcelados em 60 meses. Além disso, havia uma cláusula (8.1) no contrato prevendo que
as despesas referentes ao laudêmio devido à União seriam pagas pelo promitente-
adquirente da unidade. Algum tempo depois, João ingressou com ação judicial pedindo
que esta cláusula 8.1 fosse declarada nula de pleno direito porque violaria a legislação
(DL 2.398/87), já que o dever legal de pagar o laudêmio é do titular do domínio útil que
o está transferindo, ou seja, o dever seria do promitente vendedor.

A tese de João foi aceita? É ilegal a cláusula que transfira para o promitente-
comprador o dever de pagar o laudêmio? NÃO. O recolhimento do laudêmio em favor
da União, em se tratando de transferência onerosa, é obrigação legal decorrente de uma
relação jurídica, regida por regras do direito administrativo, entre o proprietário do
domínio direto (a União) e o proprietário do domínio útil do imóvel (o particular). Isso
não impede, contudo, que os particulares (promitente-adquirente e promitente-
vendedor) combinem entre si, em uma relação meramente contratual e privada, que
um deles (promitente-adquirente) é quem irá pagar o laudêmio.

DCC - PARTILHA: Partilha de quotas de sociedade de advogados em caso de


separação/divórcio

Na separação judicial, sujeitam-se à partilha as quotas de sociedade de advogados


adquiridas por um dos cônjuges, sob o regime da comunhão universal de bens, na
constância do casamento.

A única preocupação, no caso, é a de preservar o caráter personalíssimo da sociedade de


advogados, não se podendo atribuir a qualidade de sócio para terceiro (no caso, a mulher,
que nem é advogada). Isso violaria a denominada affectio societatis. Diante disso, devem
ser adotadas outras soluções, como conferir à mulher participação nos lucros, indenizá-la
pelo valor das quotas, fazer a dissolução da sociedade etc. O que não se pode é excluir
seu direito sobre o conteúdo econômico das quotas.

O Código Civil de 2002, ao disciplinar a partilha das quotas sociais em razão da separação
judicial ou do divórcio, deixou claro que o cônjuge possui direito sobre as quotas
adquiridas pelo outro cônjuge na constância do casamento. A solução adotada pelo
Código, nestes casos, foi a de conferir ao cônjuge o direito de receber a divisão periódica
dos lucros. Veja:

Art. 1.027. Os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se separou


judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas
concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade.
DEE - SOCIEDADES EMPRESÁRIAS: Prazo decadencial para desconstituir
deliberação societária excludente de sócio minoritário. Formação de quórum
deliberativo necessário à exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada.

É de 3 anos o prazo decadencial para que o sócio minoritário de sociedade limitada


de administração coletiva exerça o direito à anulação da deliberação societária que
o tenha excluído da sociedade, ainda que o contrato social preveja a regência
supletiva pelas normas da sociedade anônima. Esse prazo está previsto no art. 48 do
Código Civil.

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela
maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou
fraude.

Observação. Segundo entende a doutrina, este art. 48 é uma norma que se aplica
também às sociedades limitadas. Logo, não existe omissão na legislação que rege as
sociedades limitadas. Não havendo omissão, não há motivo para se aplicar,
supletivamente, o art. 286 da Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A).

Para a fixação do quórum deliberativo assemblear necessário à aprovação da


exclusão de sócio minoritário de sociedade limitada, não se pode computar a
participação deste no capital social, devendo a apuração da deliberação se lastrear
em 100% do capital restante, ou seja, tão somente no capital social daqueles
legitimados a votar.

O § 2º do art. 1.074 do CC, com fundamento no princípio da moralidade e do conflito de


interesses, veda expressamente, que o sócio participe de votação de matéria que lhe diga
respeito diretamente, como é o caso da deliberação na qual se discuta a sua exclusão, haja
vista que atinge diretamente sua esfera pessoal e patrimonial. Confira o dispositivo legal:

Art. 1.074 (…) § 2º Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar
matéria que lhe diga respeito diretamente.

Portanto, para fins de quórum de deliberação, não pode ser computada a participação no
capital social do sócio excludendo (sócio que está sendo excluído), devendo a apuração
se lastrear em 100% do capital restante, isto é, daqueles legitimados a votar, sob pena de
tornar-se inútil a deliberação.

+++ DPC - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Embargos de declaração com efeitos


infringentes não podem ser recebidos como pedido de reconsideração
Os embargos de declaração, ainda que contenham nítido pedido de efeitos
infringentes, não devem ser recebidos como mero “pedido de reconsideração”.

Tal proceder é incabível por três razões principais:

 não atende a nenhuma previsão legal, tampouco aos requisitos de aplicação do


princípio da fungibilidade recursal considerando que pedido de reconsideração nem é
previsto na lei nem pode ser considerado recurso;
 traz surpresa e insegurança jurídica ao jurisdicionado, pois, apesar de interposto
tempestivamente o recurso cabível, ficará à mercê da subjetividade do magistrado;
 acarreta ao embargante grave sanção sem respaldo legal, qual seja, a não
interrupção de prazo para posteriores recursos, aniquilando o direito da parte
embargante, o que supera a penalidade objetiva positivada no § 2º do art. 1.026 do CPC
2015.

Art. 1.026. (…) § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o


juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao
embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

Situações em que os embargos de declaração não irão interromper o prazo para os


demais recursos:

 Quando os embargos de declaração forem intempestivos (tiverem sido opostos fora do


prazo);
 Não serão admitidos novos embargos de declaração se a parte já tiver apresentado dois
embargos anteriormente e estes tiverem sido considerados protelatórios (§ 4º do art.
1.026 do CP 2015). Nesse sentido: - Enunciado nº 361 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis (FPPC): Na hipótese do art. 1.026, § 4º, não cabem embargos de
declaração e, caso opostos, não produzirão qualquer efeito.

Art. 1.026. (…) § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois)
anteriores houverem sido considerados protelatórios.

Hipóteses de cabimento. Veja as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração


conforme o novo CPC:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I — esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II — suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento;
III — corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I — deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em


incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II — incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Três observações importantes sobre o art. 1.022 do CPC 2015:

 ficou expressamente previsto que cabem embargos de declaração contra qualquer


decisão judicial. Antes, diante da literalidade do art. 535 do CPC 1973, havia
entendimentos de que não caberia embargos de declaração contra decisões
interlocutórias. Com o novo CPC, não há dúvidas de que isso é possível;
 o conceito do que seja “omissão” para fins de embargos de declaração foi ampliado;
 foi acrescentada uma nova hipótese de embargos de declaração, que já era admitida
pela jurisprudência: situação em que se verifica um “erro material” na decisão.

Efeito modificativo dos embargos de declaração (“embargos de declaração com


efeito infringente”). Muitas vezes, ao se dar provimento aos embargos, pode acontecer
de o resultado da decisão ser alterado. Quando isso acontece, dizemos que os embargos
de declaração assumem um efeito infringente.

Interrupção do prazo recursal. Os embargos de declaração interrompem o prazo para


a interposição de recurso (art. 1.026 do CPC 2015).

Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situação hipotética: João


ajuizou ação de indenização contra Pedro, tendo o juiz proferido sentença negando o
pedido. Contra esta decisão, o autor possuía, em tese, duas opções de recurso: a) apelação;
b) embargos de declaração. João interpôs embargos de declaração com pedido de efeitos
infringentes, alegando que o juiz afirmou que a tese proposta pelo autor não é acolhida
pela jurisprudência, sendo que existiriam julgados do STJ que embasariam o pedido do
requerente. O juiz afirmou que o embargante não apontou a existência de nenhuma
obscuridade, contradição, omissão ou erro material, razão pela qual o objetivo do autor
seria apenas a reconsideração da sentença. Assim, o magistrado recebeu os embargos de
declaração como se fossem um “pedido de reconsideração” e recusou-se a alterar o teor
da sentença. Diante disso, João interpôs apelação. Ocorre que o magistrado não conheceu
da apelação afirmando que ela era intempestiva. Isso porque a parte prejudicada pela
decisão opôs embargos de declaração sem apontar nenhuma obscuridade, contradição,
omissão ou erro material, mas apenas pedindo a reconsideração do que foi decidido.
Assim, na visão do juiz, o que o embargante fez foi formular um pedido de reconsideração
(que não tem previsão no CPC), utilizando o nome de “embargos de declaração”. Em tal
caso, diante do desvirtuamento do instituto, o magistrado entendeu que esses “embargos
de declaração” não teriam o condão (poder) de interromper o prazo para os demais
recursos. Em outras palavras, esses embargos não deveriam ser conhecidos e a parte ainda
teria perdido o prazo para interpor o recurso que seria cabível (apelação).

O raciocínio adotado pelo juiz é aceito pela jurisprudência atual do STJ? Os


embargos de declaração, se forem opostos com pedido de efeitos infringentes e sem
apontar obscuridade, contradição, omissão ou erro material, podem ser recebidos
como se fossem um “pedido de reconsideração” (o que acarreta a perda do prazo
para os demais recursos)? NÃO.

DTB - EXECUÇÃO FISCAL: Encargo do art. 1º do DL 1.025/69 incide mesmo em


execuções fiscais propostas contra pessoas jurídicas de direito público

O encargo previsto no art. 1º do DL 1.025/69 incide nas execuções fiscais promovidas


pela União contra pessoas jurídicas de direito público.

Incide o encargo do art. 1º do DL 1.025/69 nas execuções fiscais promovidas pela


União, independentemente do polo passivo da demanda ser ocupado por particular
ou por ente público.

Encargo do art. 1º do DL 1.025/69. Quando os Estados, o DF ou os Municípios propõem


uma ação de execução fiscal, eles irão cobrar, além da dívida principal, juros e multa
moratórios, que serão um percentual sobre o montante principal. Até aí, tudo bem,
nenhuma peculiaridade.
O interessante é que, quando a União ajuíza uma execução fiscal, ela irá cobrar do
executado:

 a dívida principal, acrescida de juros e multa; e


 um valor de 20% sobre o montante principal, conhecido na praxe forense como
“encargo de 20%”, sendo esta verba prevista no art. 1º do Decreto-lei nº 1.025/69.

Se o devedor embargar e os embargos forem rejeitados, ele não terá que pagar
honorários advocatícios, já que o encargo do DL 1.025/69 os substituem. Isso porque
o encargo do DL 1.025/69 já substitui os honorários. Existe uma súmula do extinto
Tribunal Federal de Recursos (que foi substituído pelo STJ com a CF/88) afirmando isso.
Veja: Súmula 168-TFR: O encargo de 20% do Dec.-lei 1.025/69, é sempre devido nas
execuções fiscais da União e substitui, nos embargos, a condenação do devedor em
honorários advocatícios.
Só incide em caso de execuções fiscais propostas pela União. Vale ressaltar que este
encargo só incide em execuções fiscais promovidas pela União, não sendo aplicado caso
a ação executiva seja proposta por entidades federais (exs: INSS, IBAMA). A Súmula
168 do TFR continua válida, mas ela só se aplica para execuções fiscais promovidas pela
União. Não vale para execuções fiscais ajuizadas por suas entidades. Logo, se uma
entidade federal ajuíza execução fiscal não será devida a cobrança do encargo. No
entanto, se houver embargos à execução fiscal e estes forem rejeitados, será possível a
condenação do executado/embargante em honorários de sucumbência (STJ. 1ª Seção.
REsp 1143320/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/05/2010).

 Execução fiscal proposta pela União: o executado deverá pagar o encargo do DL


1.025/69 ainda que não ofereça embargos à execução. Se apresentar embargos e estes
forem rejeitados, não será condenado a pagar honorários advocatícios de
sucumbência (Súmula 168-TFR).
 Execução fiscal proposta por entidades federais: o executado não deverá pagar o
encargo do DL 1.025/69. Se apresentar embargos e estes forem rejeitados, será
condenado a pagar honorários advocatícios de sucumbência (REsp 1143320/RS).

A pergunta que surge, agora, é a seguinte: se a União ajuizar execução fiscal contra
um Estado-membro (fazenda pública estadual), incidirá também neste caso o
encargo do art. 1º do DL 1.025/69? O Estado-membro executado é obrigado a pagar
o referido encargo? SIM. O fato de a Fazenda Estadual estar no polo passivo da
execução fiscal não afasta a incidência do encargo contido no art. 1º do DL 1.025/69
porque esta é uma regra especial que prevalece sobre as regras do CPC que tratam sobre
honorários e demais verbas de sucumbência. Em outras palavras, incide o encargo do
art. 1º do DL 1.025/69 nas execuções fiscais promovidas pela União,
independentemente do polo passivo da demanda ser ocupado por particular ou por
ente público.

+++ DPC - PROCESSO COLETIVO: Não é possível a repropositura de ação


coletiva de direitos individuais homogêneos julgada improcedente, ainda que por
falta de provas

Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta
em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente do motivo que
tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura de nova
demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro
Estado da federação.

Art. 103, III, do CDC. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença
fará coisa julgada: (…) III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único
do artigo 81. Realmente, uma leitura precipitada do inciso III do art. 103 do CDC poderia
levar à equivocada conclusão de que apenas em caso de procedência da ação coletiva
seria proibida a nova propositura de ação coletiva idêntica. Esta, contudo, não é a
interpretação dada pelo STJ. O inciso III deve ser lido em conjunto com o § 2º, que
estabelece: § 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido,
os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão
propor ação de indenização a título individual.

Interpretando o inciso III em conjunto com o § 2º do art. 103, o STJ chegou à seguinte
conclusão:

1) Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos for julgada


PROCEDENTE: a sentença fará coisa julgada erga omnes e qualquer consumidor
pode se habilitar na liquidação e promover a execução, provando o dano sofrido.

2) Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos for julgada


IMPROCEDENTE (não importa o motivo):

2.a) os interessados individuais que não tiverem intervindo no processo coletivo como
litisconsortes (art. 94 do CDC) poderão propor ação de indenização a título
individual. Ex: os consumidores do medicamento que não tiverem atendido ao chamado
do art. 94 do CDC e não tiverem participado da primeira ação coletiva poderão ajuizar
ações individuais de indenização contra a empresa.

2.b) não cabe a repropositura de nova ação coletiva mesmo que por outro legitimado
coletivo (não importa se ele participou ou não da primeira ação; não pode nova ação
coletiva).

DPC - AÇÃO EXIBITÓRIA: Impossibilidade de utilização de ação exibitória como


substitutiva de habeas data

Não é cabível ação de exibição de documentos que tenha por objeto a obtenção de
informações detidas pela Administração Pública que não foram materializadas em
documentos (eletrônicos ou não), ainda que se alegue demora na prestação dessas
informações pela via administrativa.

Imagine a seguinte situação hipotética: Maria é pensionista de seu falecido esposo e


requereu da Administração Pública que esta fornecesse certidão e planilha detalhada
contendo os valores que seriam devidos ao ex-servidor a título de proventos, desde
fevereiro de 2006, se vivo estivesse. Segundo alegou Maria, tais documentos seriam
utilizados para instruir futura ação pedindo a revisão de sua pensão. Não houve resposta
da Administração, razão pela qual ele propôs ação cautelar de exibição de documentos
pedindo a expedição da certidão e da planilha com as informações solicitadas.
O meio processual escolhido pela autora foi adequado? NÃO.

Para o STJ, é certo que a Administração Pública tem o dever de prestar, em tempo
razoável, informações aos interessados, conforme determina o art. 5º, XXXIV, “b”, da
CF/88 e o art. 1º da Lei nº 9.051/95:

Art. 5º (…) XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


(…) b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações, requeridas


aos órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas públicas, às
sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de quinze dias,
contado do registro do pedido no órgão expedidor.

No entanto, o meio processual utilizado não foi correto. A ação de exibição destina-se à
obtenção de documentos já existentes que se encontram em poder da pessoa que se
recusa a fornecê-los. Portanto, não há como admitir o pedido de exibição de
documentos que não existem, como no caso, em que a autora requer a confecção de
certidão e planilha contendo informações que ainda deverão ser apuradas pelo
demandado. O verbo “exibir” não possui o mesmo significado de “expedir” ou
“confeccionar”.

O entendimento acima exposto permanece válido com o novo CPC, que trata sobre a ação
de exibição de documento ou coisa nos arts. 396 a 404. Veja que o Código exige que já
exista um documento ou coisa a ser exibido:

Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em
seu poder.

+++ DPN - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: Reiteração criminosa no crime


de descaminho e princípio da insignificância

A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância nos


crimes de descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as instâncias
ordinárias verificarem que a medida é socialmente recomendável.

Assim, pode-se afirmar que:

 Em regra, não se aplica o princípio da insignificância para o agente que praticou


descaminho se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa (criminoso habitual).
 Exceção: o julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades
do caso concreto, entender que a medida é socialmente recomendável.

+++ DPN - HOMICÍDIO: Incidência da qualificadora do motivo torpe em relação


ao mandante de homicídio mercenário

O reconhecimento da qualificadora da “paga ou promessa de recompensa” (inciso I


do § 2º do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não
qualifica automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este
possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o
óbito alheio seja torpe.

Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP,
desde que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja
algo torpe. Ex: encomendou a morte para ficar com a herança da vítima.

+++ DPP - INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA: Encontro fortuito de diálogos


envolvendo autoridade com foro privativo e demora na remessa das interceptações
para o Tribunal competente para investigar o titular do cargo

Durante interceptação telefônica deferida em primeiro grau de jurisdição, a


captação fortuita de diálogos mantidos por autoridade com prerrogativa de foro não
impõe, por si só, a remessa imediata dos autos ao Tribunal competente para
processar e julgar a referida autoridade, sem que antes se avalie a idoneidade e a
suficiência dos dados colhidos para se firmar o convencimento acerca do possível
envolvimento do detentor de prerrogativa de foro com a prática de crime.

Assim, a simples captação de diálogos de quem detém foro especial com alguém que está
sendo investigado por práticas ilícitas não pode conduzir, tão logo surjam conversas
suspeitas, à conclusão de que a referida autoridade também participa da atividade
criminosa, sendo necessário aguardar um pouco para se avaliar com mais cautela antes
de se encaminhar os autos para o Tribunal com competência para julgar a autoridade.

Em verdade, há de se ter certo cuidado para não se extraírem conclusões precipitadas ante
a escuta fortuita de conversas. Em certos casos, a existência de proximidade espúria da
autoridade pública com as pessoas investigadas somente vai ganhando contornos na
medida em que a investigação se aprofunda, sem que seja possível ao magistrado
delimitar, imediatamente, a ocorrência dessa relação. Somente com a continuidade por
determinado período das interceptações, mostra-se possível serem alcançados resultados
mais concludentes sobre o conteúdo das conversas interceptadas.
Com base nesses argumentos, deve-se concluir que a remessa imediata (precipitada) ao
STF/STJ/TJ/TRF de toda e qualquer conversa em que surja a presença de uma autoridade
com foro privativo traz três consequências negativas que devem ser evitadas:

 implica prejuízo à investigação dos fatos;


 representa sobrecarga acentuada aos Tribunais;
 faz surgir suspeitas prematuras sobre a autoridade cuja honorabilidade e
respeitabilidade perante a opinião pública são determinantes para a continuidade e o
êxito de sua carreira.

+++ DTB - IMPOSTO DE RENDA: Portador de cegueira monocular e isenção de


imposto de renda

Os proventos de aposentadoria ou reforma percebidos por portador de cegueira


monocular também são isentos de imposto sobre a renda.

Isenção de imposto de renda sobre os proventos da aposentadoria para doentes


graves. O imposto de renda é regido pela Lei nº 7.713/88. Esta Lei prevê que as pessoas
portadoras de neoplasia maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade
não pagarão imposto de renda sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria,
pensão ou reforma (art. 6º, XIV).

Para ter direito à isenção do imposto de renda, é necessária a cumulação de dois


requisitos pelo contribuinte:

 receber proventos de aposentadoria, pensão ou reforma; e


 estar acometido de uma das doenças arroladas no dispositivo legal.

Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por


pessoas físicas: (…)

XIV — os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço


e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação
mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível
e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte
deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com
base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
depois da aposentadoria ou reforma;
Tal isenção é devida porque art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 fala apenas em cegueira,
ou seja, não faz distinção entre cegueira binocular e monocular para efeito de isenção
de imposto sobre a renda.

+++ DPREV - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: Conversão da


aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria por invalidez e recebimento
do adicional de grande invalidez

Exemplo 1. Pedro aposentou-se por tempo de serviço/contribuição em 2012. Fica em


casa sem trabalhar. Em 2015, durante um passeio de carro, sofre acidente e perde
as duas pernas; ele poderá requerer o aumento de 25% do valor recebido a título de
aposentadoria, aplicando-se o art. 45 da Lei nº 8.213/91 por analogia? NÃO. O
segurado já aposentado por tempo de serviço e/ou por contribuição que foi
posteriormente acometido de invalidez que exija assistência permanente de outra
pessoa não tem direito ao acréscimo de 25% sobre o valor do benefício a que o
aposentado por invalidez faz jus em razão de necessitar dessa assistência (art. 45, caput,
da Lei nº 8.213/91). Isso porque o mencionado dispositivo legal restringiu sua
incidência ao benefício de aposentadoria por invalidez, não podendo, assim, ser
estendido a outras espécies de benefícios previdenciários (STJ. 1ª Turma. REsp
1.533.402-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 1º/9/2015. Info 569).

Art. 45. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da


assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento).

Obs.: a TNU possui julgados em sentido contrário ao do STJ, ou seja, entendendo ser
possível aplicar o art. 45 da Lei nº 8.213/91 aos aposentados por tempo de serviço e/ou
tempo de contribuição. Contudo, em provas, deve-se adotar a posição do STJ.

Exemplo 2. João aposentou-se por tempo de serviço/contribuição em 2012. Um ano


depois, ele é convidado para voltar a trabalhar. Como está aposentado por tempo de
serviço, não há nenhum impedimento quanto a isso. Em 2015, ele sofre um acidente
no trabalho e perde as duas pernas; ele poderá requerer que sua aposentadoria por
tempo de serviço seja convertida em aposentadoria por invalidez, acrescida do
aumento de 25% do art. 45? SIM. O segurado aposentado por tempo de serviço que
sofreu, após retornar à atividade laboral, acidente de trabalho que lhe causou absoluta
incapacidade, gerando a necessidade da assistência permanente de outra pessoa, tem
direito à transformação da aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria por
invalidez e, com a conversão, ao recebimento do adicional de 25% descrito no art. 45 da
Lei n. 8.213/1991 a partir da data de seu requerimento administrativo.

Qual a diferença entre as duas situações? Por que no segundo caso o segurado terá
direito ao adicional? Porque o segurado voltou ao mercado de trabalho e estava na ativa
no momento da invalidez. Para o STJ, o acréscimo de 25%, denominado adicional de
grande invalidez, é exclusivo da aposentadoria por invalidez. Assim, não é possível
estendê-lo a outras espécies de aposentadoria, sob pena de se comprometer o equilíbrio
atuarial e financeiro do regime. No primeiro caso, o segurado estava aposentado por
tempo de serviço. Se fosse concedido o adicional, estaríamos estendendo o adicional para
essa espécie de aposentadoria, o que é vedado. Na segunda hipótese, ele também estava
aposentado por tempo de serviço, mas voltou a trabalhar. Logo, estando na ativa, é
possível converter a aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria por
invalidez e, com isso, incluir o adicional de 25%, que irá incidir não sobre a
aposentadoria por tempo de serviço (que deixará de existir), mas sim sobre a
aposentadoria por invalidez.

E por que no primeiro caso não é possível converter a aposentadoria por tempo de
serviço em aposentadoria por invalidez? Porque o segurado, para fazer jus à
aposentadoria por invalidez, deve estar trabalhando no momento em que ocorreu a
incapacidade (ou ao menos, deve estar em gozo do auxílio-doença). Se ele não estiver na
ativa, não se pode converter sua aposentadoria por tempo de serviço em aposentadoria
por invalidez.

DIPP - CONTRIBUIÇÃO DE SOLIDARIEDADE E ENTIDADE DE PRÁTICA


DESPORTIVA NÃO FILIADA À CBF E À FIFA.

A entidade de prática desportiva não filiada à CBF e à FIFA, ainda que pertencente ao
Sistema Nacional de Desporto, não faz jus à contribuição de solidariedade prevista no
Regulamento FIFA - mecanismo de ressarcimento de custos provenientes da formação de
atleta profissional -, ressalvados eventuais direitos contratuais pactuados diretamente com
entidades filiadas.

DPC - CABIMENTO DE EMBARGOS À ADJUCAÇÃO.

Cabem embargos à adjudicação sob alegação de não ter sido excluída da obrigação
exequenda a capitalização de juros conforme determinado pela sentença proferida em
anteriores embargos à execução.

INFORMATIVO 574 - Resumo DD

Sem tempo - só resumo do dizer o direito.

+++ DAA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: Recurso cabível contra a


decisão do juiz que rejeita a inicial contra apenas alguns réus

Recursos cabíveis contra a:


 sentença que rejeita a inicial da ação de improbidade: cabe APELAÇÃO.
 decisão que recebe a inicial da ação de improbidade: cabe AGRAVO DE
INSTRUMENTO.
 decisão que recebe a inicial contra alguns réus e rejeita para os demais: AGRAVO
DE INSTRUMENTO (obs: caso o autor da ação de improbidade interponha
apelação em vez do AI, será possível receber o recurso, com base no princípio da
fungibilidade, desde que não haja má-fé e tenha sido interposto no prazo do
recurso correto).

Segundo decidiu o STJ, pode ser conhecida a apelação que, sem má-fé e em prazo
compatível com o previsto para o agravo de instrumento, foi interposta contra decisão
que, em juízo prévio de admissibilidade em ação de improbidade administrativa,
reconheceu a ilegitimidade passiva ad causam de alguns dos réus.

Novo CPC. No CPC 2015, a apelação e o agravo de instrumento possuem agora o mesmo
prazo (15 dias).

+++ DAA - CONSELHOS PROFISSIONAIS: Fiscalização da presença de


farmacêuticos nas farmácias

Súmula 561-STJ: Os conselhos regionais de Farmácia possuem atribuição para


fiscalizar e autuar as farmácias e drogarias quanto ao cumprimento da exigência de
manter profissional legalmente habilitado (farmacêutico) durante todo o período de
funcionamento dosrespectivos estabelecimentos.

O Conselho Regional de Farmácia é o órgão competente para fiscalização das


farmácias e drogarias quanto à verificação de possuírem, durante todo o período de
funcionamento dos estabelecimentos, profissional legalmente habilitado, sob pena de
incorrerem em infração passível de multa.

O órgão de vigilância sanitária tem como atribuição licenciar e fiscalizar as condições


de funcionamento das drogarias e farmácias no que se refere a observância dos
padrões sanitários relativos ao comércio exercido, notadamente o controle sanitário do
comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.

DCC - PRESCRIÇÃO: Prazo prescricional da pretensão de cobrança de serviço de


conserto de veículo por mecânico

Prescreve em 10 anos (art. 205 do CC) a pretensão de cobrar dívida decorrente de


conserto de automóvel por mecânico que não tenha conhecimento técnico e
formação intelectual suficiente para ser qualificado como profissional liberal.
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor.

Profissional liberal. Considera-se profissional liberal aquela pessoa que exerce


atividade especializada de prestação de serviços de natureza predominantemente
intelectual e técnica, normalmente com formação universitária, em caráter
permanente e autônomo, sem qualquer vínculo de subordinação. Na categoria dos
profissionais liberais, incluem-se médicos, dentistas, advogados, engenheiros, arquitetos,
psicólogos, veterinários, agrônomo, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
economistas, contabilistas, administradores, enfermeiros, professores etc. Dessa forma,
guardadas as peculiaridades de cada atividade, podem-se apontar as características
comuns das profissões liberais: (i) prestação de serviço técnico ou científico
especializados; (ii) formação técnica especializada, normalmente, em nível
universitário; (iii) vínculo de confiança com o cliente (intuitu personae); (iv) ausência
de vínculo de subordinação com o cliente ou com terceiro; e (v) exercício permanente
da profissão.

Na hipótese, o mecânico não apresenta a necessária formação técnica especializada para


que incida o prazo prescricional quinquenal.

DCC - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA: Alienação fiduciária de imóvel em garantia de


qualquer operação de crédito

É possível a constituição de alienação fiduciária de bem imóvel para garantia de


operação de crédito não vinculada ao Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

A lei não exige que o contrato de alienação fiduciária de imóvel seja vinculado ao
financiamento do próprio bem que foi dado em garantia. Em outras palavras, o dinheiro
obtido com o empréstimo pode ser utilizado para finalidades diversas e não precisa
estar vinculado à aquisição, construção ou reforma de bem imóvel. É legítima a
constituição de alienação fiduciária em garantia para financiar toda e qualquer obrigação
pecuniária.

CONCEITO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. “A alienação fiduciária em garantia é


um contrato instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a
propriedade de um determinado bem, ficando esta parte (uma instituição financeira,
em regra) obrigada a devolver àquela o bem que lhe foi alienado quando verificada
a ocorrência de determinado fato.” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito
Empresarial Esquematizado. São Paulo: Método, 2012, p. 565).

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS. Conceito. Na alienação fiduciária


de bem imóvel alguém (fiduciante) toma dinheiro emprestado de outrem (fiduciário)
e, como garantia de que irá pagar a dívida, transfere a propriedade resolúvel de um
bem imóvel para o credor, ficando este obrigado a devolver ao devedor o bem que
lhe foi alienado quando houver o adimplemento integral do débito. Veja agora o
conceito dado pela Lei nº 9.514/97:

Art. 22. A alienação fiduciária regulada por esta Lei é o negócio jurídico pelo qual o
devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a transferência ao credor, ou
fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel.

DCC - INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. Desnecessidade de notificação pessoal


do devedor acerca do leilão previsto no art. 63, § 1º, da Lei nº 4.591/64

Nas execuções disciplinadas pela lei que regula as incorporações imobiliárias (Lei nº
4.591/64), não há necessidade de notificação da parte inadimplente da data e hora
do leilão extrajudicial (art. 63, § 1º), quando existir autorização contratual para sua
utilização e prévia interpelação do devedor com intuito de possibilitar a purgação
da mora.

Incorporação imobiliária. É a atividade desenvolvida por um incorporador (pessoa


física ou jurídica) por meio da qual ele planeja a construção de um condomínio com
unidades autônomas (ex: um prédio com vários apartamentos) e, antes mesmo de iniciar
a edificação, já aliena as unidades para os interessados e, com os recursos obtidos,
vai construindo o projeto. Nas palavras do Min. Luis Felipe Salomão, “a expressão
incorporação imobiliária designa a iniciativa do empreendedor que, com a venda
antecipada das unidades autônomas, obtém capital necessário para construção de
edifício de apartamentos, sob o regime condominial”.

Lei nº 4.591/64. A Lei nº 4.591/64 trata sobre o condomínio em edificações e as


incorporações imobiliárias. Parte da Lei nº 4.591/64 foi revogada pelo Código Civil de
2002. O art. 28 da Lei, que continua em vigor, assim conceitua incorporação imobiliária:

Art. 28. As incorporações imobiliárias, em todo o território nacional, reger-se-ão pela


presente Lei.

Parágrafo único. Para efeito desta Lei, considera-se incorporação imobiliária a


atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para alienação
total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades
autônomas.

Execução extrajudicial. A Lei nº 4.591/64 conferiu um forte instrumento para o


incorporador garantir seus direitos. Este diploma prevê que, se o adquirente de uma
unidade autônoma, durante o curso da obra, deixar de pagar as prestações, será
possível realizar um leilão público extrajudicial para vender a unidade que havia
sido comprada pelo inadimplente. Com o dinheiro arrecadado, o incorporador paga as
prestações em atraso e demais encargos e, se sobrar algum valor, devolve a quantia ao
condômino excluído. Essa possibilidade de leilão, que deve estar expressa no contrato,
encontra-se prevista no art. 63 da Lei nº 4.591/64:

Art. 63. É lícito estipular no contrato, sem prejuízo de outras sanções, que a falta de
pagamento, por parte do adquirente ou contratante, de 3 prestações do preço da
construção, quer estabelecidas inicialmente, quer alteradas ou criadas posteriormente,
quando for o caso, depois de prévia notificação com o prazo de 10 dias para purgação
da mora, implique na rescisão do contrato, conforme nêle se fixar, ou que, na falta de
pagamento, pelo débito respondem os direitos à respectiva fração ideal de terreno e à
parte construída adicionada, na forma abaixo estabelecida, se outra forma não fixar o
contrato.

§ 1º Se o débito não for liquidado no prazo de 10 dias, após solicitação da Comissão de


Representantes, esta ficará, desde logo, de pleno direito, autorizada a efetuar, no prazo
que fixar, em público leilão anunciado pela forma que o contrato previr, a venda,
promessa de venda ou de cessão, ou a cessão da quota de terreno e correspondente parte
construída e direitos, bem como a sub-rogação do contrato de construção. (…)

Purgação da mora. Vale ressaltar que, antes de se iniciarem os preparativos do leilão, é


indispensável que o adquirente devedor seja notificado a fim de que ele tenha a
possibilidade de, se quiser/puder, fazer a purgação da mora (art. 63, caput, da Lei nº
4.591/64).

Imagine que o adquirente foi notificado para purgar a mora, mas não o fez, razão
pela qual foi marcado o leilão extrajudicial. Diante disso, indaga-se: o devedor
precisará ser intimado da data e hora em que será realizado o leilão? Se não houver
a sua intimação, este leilão será inválido? NÃO. Nas execuções disciplinadas pela lei
que regula as incorporações imobiliárias (Lei nº 4.591/1964), não há necessidade de
notificação da parte inadimplente da data e hora do leilão extrajudicial (art. 63, § 1º).

Somente se exigem duas providências, quais sejam:

 que exista autorização no contrato para que o leilão seja realizado em caso de
inadimplemento (art. 63); e
 que o devedor seja previamente interpelado para a possibilidade de purgação da
mora.

DCC - SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO: Termo inicial da taxa de


ocupação de imóvel alienado fiduciariamente no âmbito do SFH
Na hipótese em que frustrados os públicos leilões promovidos pelo fiduciário para a
alienação do imóvel objeto de alienação fiduciária no âmbito do Sistema Financeiro
da Habitação (SFH), a taxa de ocupação será exigível do fiduciante em mora a partir
da data na qual se considera extinta a dívida (art. 27, § 5º, da Lei nº 9.514/97), e não
desde a data da consolidação da propriedade em nome do fiduciário (art. 27, caput,
da Lei nº 9.514/97).

Art. 27. Uma vez consolidada a propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de trinta
dias, contados da data do registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá
público leilão para a alienação do imóvel.

§ 1º Se, no primeiro público leilão, o maior lance oferecido for inferior ao valor do
imóvel, estipulado na forma do inciso VI do art. 24, será realizado o segundo leilão, nos
quinze dias seguintes.

§ 2º No segundo leilão, será aceito o maior lance oferecido, desde que igual ou superior
ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais, inclusive
tributos, e das contribuições condominiais. (…)

§ 4º Nos cinco dias que se seguirem à venda do imóvel no leilão, o credor entregará ao
devedor a importância que sobejar, considerando-se nela compreendido o valor da
indenização de benfeitorias, depois de deduzidos os valores da dívida e das despesas e
encargos de que tratam os §§ 2º e 3º, fato esse que importará em recíproca quitação, não
se aplicando o disposto na parte final do art. 516 do Código Civil.

§ 5º Se, no segundo leilão, o maior lance oferecido não for igual ou superior ao valor
referido no § 2º, considerar-se-á extinta a dívida e exonerado o credor da obrigação de
que trata o § 4º.

§ 6º Na hipótese de que trata o parágrafo anterior, o credor, no prazo de cinco dias a


contar da data do segundo leilão, dará ao devedor quitação da dívida, mediante termo
próprio.

Vamos resumir o que dizem os dispositivos acima transcritos:

 É feita uma primeira tentativa de leilão, no qual o valor do lance não pode ser inferior
ao valor do imóvel (§ 1º).
 Se não houver proposta que preencha esta exigência, é marcado um segundo leilão.
Neste segundo leilão o bem será vendido pelo maior lance, desde que, nesse caso, seja
superior ao valor da dívida, das despesas, dos prêmios de seguro, dos encargos legais,
inclusive tributos, e das contribuições condominiais (§ 2º).
 Se sobrar algum valor após pagar estes débitos, ele será repassado ao devedor (§ 4º).
 Se no segundo leilão não se conseguir um lance com valor superior ao da dívida e
encargos (§ 2º), então, neste caso, o bem fica com o fiduciário (o fiduciário torna-se
proprietário pleno) e a dívida é considerada extinta (§ 5º).

Caso o bem não seja vendido nos dois leilões, o bem ficará com o fiduciário e a dívida
será considerada extinta (§§ 5º e 6º). Se mesmo assim o devedor não desocupar o
imóvel, será possível que o fiduciário cobre dele a taxa de ocupação? A partir de
quando esta será contada? SIM. Será possível cobrar a taxa de ocupação (art. 37-A).
Ela será cobrada a partir da data em que for considerada extinta a dívida, nos termos
do § 5º do art. 27 acima transcrito.

Dessa forma, em regra, a taxa de ocupação pode ser cobrada a partir da data da alienação
do imóvel no leilão. Se os leilões restarem frustrados, a taxa de ocupação será cobrada a
partir da data em que a dívida for considerada extinta (art. 27, § 5º, da Lei nº 9.514/97)

DCC - ALIMENTOS: Prazo prescricional para reembolso de despesas feitas pela


mãe no lugar do pai devedor

Se a mãe, ante o inadimplemento do pai obrigado a prestar alimentos a seu filho,


assume essas despesas, o prazo prescricional da pretensão de cobrança do reembolso
é de 10 anos.

Ex: João e Maria, quando se divorciaram, fizeram um acordo quanto à guarda e alimentos
do filho. A guarda ficaria com Maria e João teria que arcar, a título de pensão alimentícia,
com as despesas do plano de saúde (R$ 100) e as mensalidades do colégio (R$ 400). João
deixou de pagar tais despesas. Maria passou a arcar, ela própria, com tais pagamentos. O
prazo para Maria reaver esse dinheiro de João é de 10 anos, nos termos do art. 205 do
CC.

Gestão de negócios. Segundo entendeu o STJ, a mãe, neste caso, atuou como se fosse
uma gestora de negócios (“gestão de negócios”), figura prevista no art. 861 do CC:

Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio
alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando
responsável a este e às pessoas com que tratar.

Inclusive, no capítulo específico da gestão de negócios, há previsão especial


relacionada com o dever legal de alimentos àquele que os presta no lugar daquele que
era realmente obrigado:

Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os
prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este
não ratifique o ato.
Reconhecida a incidência da gestão de negócios, deve-se entender que a mãe agiu como
terceiro não interessado e seu crédito é de natureza pessoal (não se situando no âmbito do
direito de família). Assim, o crédito da mãe para com o genitor, não sendo de direito
de família, não se aplica o art. 206, § 2º do CC.

Art. 206. Prescreve: (…)

§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em


que se vencerem.

Como não existe, no rol do art. 206, um dispositivo que se enquadre na presente situação,
deve-se aplicar a regra geral trazida pelo art. 205 do CC:

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.

+++ DCONS - RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO: Saque


indevido em conta bancária e dano moral

O banco deve compensar os danos morais sofridos por consumidor vítima de saque
fraudulento que, mesmo diante de grave e evidente falha na prestação do serviço
bancário, teve que intentar ação contra a instituição financeira com objetivo de
recompor o seu patrimônio, após frustradas tentativas de resolver
extrajudicialmente a questão.

Se houve saque fraudulento da conta bancária, este fato, por si só, gera direito à
indenização por danos morais? Pode-se dizer que em caso de saques fraudulentos
existe dano moral in re ipsa (com prejuízo presumido)? NÃO. O STJ entende que nem
sempre haverá condenação por danos morais em caso de saque fraudulento feito em conta
bancária. Nesse sentido: REsp 540.681/RJ, Rel. Min. Castro Filho, julgado em
13/09/2005. Assim, a retirada indevida de quantia depositada em conta poupança ou
corrente não gera, automaticamente, dano moral passível de indenização. Não há que se
falar em dano moral in re ipsa. Somente haverá dano moral se, no caso concreto, ficar
provada a ocorrência de circunstâncias que demonstrem que houve sofrimento,
angústia, dor, ou seja, algo maior do que um mero aborrecimento.

No caso concreto, o STJ considerou que a instituição financeira não adotou quaisquer
providências hábeis a solucionar o problema narrado pelo consumidor, tanto que se fez
necessário o ajuizamento de uma ação judicial, em que pleiteado, além do dano moral,
aquele de cunho patrimonial, consistente nos valores sacados indevidamente da conta
bancária. Tais circunstâncias são suficientes à caracterização do dano moral, porque não
podem ser consideradas como meros dissabores, inerentes à vida social.
+++ DCONS - RESPONSABILIDADE PELO FATO DO SERVIÇO:
Responsabilidade civil e banco postal

A imposição legal de adoção de recursos de segurança específicos para proteção dos


estabelecimentos que constituam sedes de instituições financeiras (Lei nº 7.102/1983)
não alcança o serviço de correspondente bancário (Banco Postal) realizado pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Isso porque o correspondente
bancário não exerce atividade-fim e primária das instituições financeiras na forma
definida no art. 17 da Lei nº 4.595/64

Apesar disso, a ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que for assaltado
no interior de agência dos Correios na qual é fornecido o serviço de banco postal.

Banco postal. O Banco Postal é a marca dos Correios que designa sua atuação como
correspondente na prestação de serviços bancários básicos em todo o território nacional.
Tem como objetivo levar serviços de correspondente à população desprovida de
atendimento bancário e proporcionar acesso ao Sistema Financeiro. (Conceito
disponível no site dos Correios: http://www.correios.com.br/). Quem irá realizar tal
operação, na realidade, é o Banco do Brasil, mas utilizando-se da estrutura dos Correios.
Veja o que diz a Portaria nº 588/2000 do Ministério das Comunicações:

Art. 2º Os serviços relativos ao Banco Postal caracterizam-se pela utilização da rede de


atendimento da ECT para a Prestação de serviços bancários básicos, em todo território
nacional, como correspondente de instituições bancárias, na forma definida pela
Resolução do Conselho Monetário Nacional de n° 2.707, de 30 de março de 2000.

Lei nº 7.102/83. A Lei nº 7.102/83 institui normas de segurança para os


estabelecimentos financeiros. Em outras palavras, esta Lei prevê quais equipamentos de
segurança as instituições financeiras devem possuir a fim de garantir a segurança dos
clientes, dos funcionários e do dinheiro ali depositado. Ex: câmeras de segurança, porta
giratória, cabine blindada etc.

Ação civil pública ajuizada pelo MPF.O MPF ajuizou ação civil pública pedindo que a
ECT fosse condenada a instalar nas agências dos Bancos Postais todos os equipamentos
de segurança previstos na Lei nº 7.102/83. O pedido do MPF foi aceito? As exigências
previstas na Lei nº 7.102/83 são aplicadas também aos bancos postais? Os bancos
postais deverão cumprir a Lei nº 7.102/83? NÃO. Segundo interpretação da doutrina,
para que seja considerada instituição financeira, deverão estar preenchidos os seguintes
requisitos: captação de recursos de terceiros em nome próprio; seguida de repasse
financeiro por meio de operação de mútuo; com o intuito de auferir lucro; derivado da
maior remuneração dos recursos repassados em relação a dos recursos coletados; e desde
que a captação seguida de repasse se realize de forma habitual. Esse conceito não se aplica
ao correspondente bancário. Os correspondentes bancários são empresas contratadas por
instituições financeiras e demais instituições autorizadas pelo Banco Central para a
prestação de serviços de atendimento aos clientes e usuários dessas instituições.
Aplicação da Lei nº 7.102/83 a Banco Postal inviabilizaria seus objetivos.

Atenção: O FATO DE NÃO SE APLICAR A LEI 7.102/83 NÃO SIGNIFICA QUE


OS CORREIOS ESTEJAM LIVRES DE INDENIZAR. A ECT é responsável pelos
danos sofridos por consumidor que foi assaltado no interior de agência dos Correios
na qual é fornecido o serviço de banco postal. STJ. 4ª Turma. REsp 1.183.121-SC, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559). As pessoas que vão até a
agência dos Correios, seja para utilizar os serviços postais propriamente ditos, seja para
os serviços do banco postal, são consideradas consumidoras, desde que sejam
“destinatárias finais” do produto ou serviço. Foi o caso do cliente do exemplo. Os
Correios, enquanto empresa pública prestadora de serviços públicos, submetem-se à
responsabilidade civil objetiva, por força do art. 37, § 6º da CF/88, e ainda em razão do
art. 14 do CDC, devendo indenizar o consumidor.

Não confundir:

 Os bancos postais não estão obrigados a cumprir as regras de segurança previstas na


Lei nº 7.102/83 (REsp 1.497.235-SE).
 Apesar disso, a ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que for
assaltado no interior de agência dos Correios na qual é fornecido o serviço de banco
postal (REsp 1.183.121-SC).

+++ DCONS - CLÁUSULAS ABUSIVAS:Responsabilização de consumidor por


pagamento de honorários advocatícios extrajudiciais

Não é abusiva a cláusula prevista em contrato de adesão que impõe ao consumidor


em mora a obrigação de pagar honorários advocatícios decorrentes de cobrança
extrajudicial.

A cobrança do valor gasto com honorários advocatícios está autorizada pelo Código
Civil. Inexiste abuso na exigência, pelo credor, de honorários advocatícios extrajudiciais
a serem suportados pelo devedor em mora em caso de cobrança extrajudicial, pois, além
de não causar prejuízo indevido para o devedor em atraso, isso tem previsão
expressa nos arts. 389, 395 e 404 do Código Civil:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros,
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
e honorários de advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo
juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.

Deve-se, contudo, assegurar este mesmo direito ao consumidor contratante. A


cláusula acima mencionada, portanto, não tem nada de abusiva. No entanto, é importante
ressaltar que o direito nela previsto deverá ser assegurado, por igualdade, ao
consumidor contratante caso o fornecedor do serviço seja inadimplente.

Isso se faz necessário a fim de cumprir o disposto no art. 51, XII, do CDC:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: (…)

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem


que igual direito Ihe seja conferido contra o fornecedor;

DEE - SOCIEDADES EMPRESÁRIAS: Certidões negativas que podem ser


exigidas na transformação de sociedade simples em empresarial

Para efetuar o registro e o arquivamento de alteração contratual, a fim de promover


a transformação de sociedade civil em empresária, não é exigível a apresentação de
certidões negativas de débitos com o FGTS e com a União, exigindo-se, contudo,
certidão negativa de débito com o INSS.

Por que houve essa polêmica que acabou desaguando no STJ?

 Decreto-Lei nº 1.715/79 e Lei n. 8.036/90: exigem, para o registro e o arquivamento


de alteração contratual, a apresentação de certidões negativas de débitos com o FGTS
e com a União. Essa era a legislação invocada pela JUCEA.
 Ocorre que a Lei nº 8.934/94, que entrou em vigor posteriormente à normas acima
mencionadas, estabeleceu, em seu art. 37, a lista dos documentos necessários para
se fazer o arquivamento e, no parágrafo único do art. 37, determinou que nenhum
outro documento poderá ser exigido. Era este o fundamento legal suscitado pela
sociedade para se recusar a fornecer as certidões. Diante disso, o STJ entendeu a Lei
nº 8.934/94 derrogou os dispositivos de leis anteriores que estabeleciam outras
exigências para o arquivamento de atos societários nas Juntas Comerciais.
No caso concreto, existe uma antinomia (que pode ser resolvida pelos critérios da
especialidade, novidade e hierárquico). Existe uma classificação que divide as
antinomias em:

 Antinomia de primeiro grau: ocorre quando o conflito de normas envolve apenas


um dos critérios acima expostos. Em outras palavras, com um só dos critérios já se
pode chegar à norma que deve ser aplicada.
 Antinomia de segundo grau: verifica-se quando, para resolver a antinomia, será
necessário utilizar dois dos critérios acima mencionados.

O STJ considerou que, no caso concreto, havia uma antinomia de segundo grau. Isso
porque o Decreto-Lei nº 1.715/79 e a Lei nº 8.036/90 são diplomas normativos que
tratam, de forma específica, sobre tributos da União e FGTS, exigindo a apresentação
das certidões. Dessa forma, o DL 1.715/79 e a Lei nº 8.036/90 “vencem” a Lei nº 8.934/94
no critério da especialidade. No entanto, o STJ entendeu que, na presente situação, o
critério cronológico é que deverá prevalecer e aí a Lei nº 8.934/94 (posterior) é que
“vence” a análise. Deve prevalecer o critério cronológico no caso porque o art. 37,
parágrafo único, da Lei nº 8.934/94 é categórico (enfático) em afirmar que “nenhum
outro documento será exigido”.

E a certidão negativa do INSS, por que ainda pode ser exigida? Porque a exigência
de certidão negativa do INSS existe por força da Lei nº 9.032/95, que é posterior à Lei
n. 8.934/1994. A Lei nº 9.032/95 alterou a Lei nº 8.212/91 determinando a exigência da
Certidão Negativa de Débitos (CND).

+++ DEE - CHEQUE: Devolução de cheque sem provisão de fundos e


responsabilidade civil de instituição bancária

O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada
com o objetivo de reparar os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem
provisão de fundos emitido por correntista.

Ex: João emitiu um cheque em favor de Paulo. Este foi até o banco tentar sacar a quantia,
mas o cheque foi recusado por falta de fundos. Paulo ajuizou ação de indenização contra
o banco alegando que houve má prestação do serviço bancário. Isso porque a instituição
financeira deveria ser mais cautelosa e diligente ao fornecer talonário de cheques aos seus
clientes, verificando se são bons pagadores, se possuem renda suficiente, se já têm conta
há muito tempo etc. Tal pedido não encontra amparo na jurisprudência do STJ.

Resolução do Banco Central. Realmente os bancos devem ter cautelas no momento


de fornecer talonário de cheques aos seus clientes. Existe, inclusive, a Resolução nº
2.025/93 do BACEN, que estabelece regras para isso. Ocorre que, em nenhum
momento, esta Resolução ou qualquer outra norma impõe o ônus aos bancos de
fiscalizarem constantemente o saldo em conta dos clientes, nem transformam as
instituições financeiras em garantidores da solvibilidade de seus clientes. Assim, não
se tratando de cheque administrativo ou cheque visado, a partir do momento em que o
cheque é colocado à disposição do correntista não é possível que o banco faça um controle
dos cheques que serão emitidos pelos seus clientes e se o valor ali previsto tem fundos na
conta bancária.

Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85). O art. 4º da Lei nº 7.357/85, prevê que “a existência
de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para
pagamento”. Logo, se não houve erro do banco ao fazer a conferência e recusar o cheque,
não há defeito na prestação do serviço, e, portanto, não cabe imputar ao banco qualquer
conduta ilícita.

Responsabilidade de verificar se o emitente é bom pagador é de quem recebe o


cheque. Não há responsabilidade da instituição financeira pelas atividades de seus
correntistas na utilização de cheques com má gestão de seus recursos financeiros.

Resumindo. Não há defeito na prestação do serviço bancário quando ocorre


devolução de cheque desprovido de fundos, sendo o emitente do cheque o único
responsável pelo pagamento da dívida.

+++ DAMBB - RESPONSABILIDADE CIVIL: Construção de hidrelétrica e


prejuízo aos pescadores artesanais do local

João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz
a divisa dos Estados de São Paulo e Paraná. A empresa “XXX”, após vencer a
licitação, iniciou a construção de uma usina hidrelétrica neste rio. Ocorre que, após
a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de alguns peixes
existentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Vale ressaltar que
estes peixes eram os mais procurados pela população e os que davam maior renda
aos pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por
danos morais e materiais contra a empresa (concessionária de serviço público)
sustentando que a construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e
sofrimento moral, já que ele não mais poderia exercer sua profissão de pescador. O
pescador terá direito à indenização em decorrência deste fato?

 Danos materiais: SIM.


 Danos morais: NÃO.

Celso Antônio afirma que, para que haja indenização em caso de atos lícitos é
necessário que o fato ou ato lesivo seja/tenha: a) certo; b) especial (o dano foi a uma
pessoa ou grupo de pessoas e não um prejuízo generalizado para toda a sociedade. Se
alcançasse a todos os cidadãos configuraria ônus comum à vida em sociedade, repartindo-
se, então, generalizadamente entre seus membros); c) anormal (aquele que supera os
incômodos e inconvenientes comuns); d) causado dano a uma situação jurídica
legítima da vítima. (MELLO, Celso Antônio Bandeira. Elementos de Direito
Administrativo. São Paulo: RT, 1981, p. 259). O STJ considerou que os quatro
requisitos acima estão previstos na situação concreta.

Ordenamento jurídico protege os pescadores artesanais. Vale ressaltar que o


ordenamento jurídico confere especial proteção aos pescadores artesanais, garantindo-
lhes as condições mínimas de subsistência na época do defeso, bem como uma Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável que leve em conta suas peculiaridades e
necessidades (Lei nº 10.779/2003). Se a restrição de pesca na época do defeso confere
o pagamento do seguro-defeso, não há dúvida de que a diminuição do valor
comercial do pescado causada pelo ato lícito da concessionária enseja dano a
legítimo interesse, passível de indenização. A situação seria diferente se fosse pesca
industrial ou amadora. Neste caso, o STJ afirmou que não haveria indenização, já
que não existe na legislação uma proteção especial aos seus praticantes, como existe
para o pescador artesanal.

E quanto aos danos morais? O pescador terá direito à compensação por danos
morais? NÃO. A indenização por danos morais decorrentes de dano ambiental tem como
objetivo evitar ou eliminar fatores que possam causar riscos intoleráveis. Só que no
presente caso, o risco era permitido porque a atividade desenvolvida pela
concessionária foi lícita e de interesse público. A concessionária providenciou o
EIA/RIMA e cumpriu satisfatoriamente todas as condicionantes, inclusive propiciando a
recomposição do meio ambiente com a introdução de espécies de peixes mais adaptadas
à vida no lago da hidrelétrica. Além disso, não houve suspensão, em momento algum,
da atividade pesqueira, ao contrário do que ocorre em situações de poluição causada
por desastre ambiental, durante o período necessário à recuperação do meio
ambiente. Em outras palavras, os pescadores continuaram podendo praticar a pesca,
ainda que em condições menos vantajosas. A simples necessidade de que os pescadores
se adaptem às novas condições da atividade pesqueira enseja dano patrimonial (como
vimos acima), mas não gera dano moral indenizável.

Mudando um pouco o exemplo, se a concessionária tivesse causado um dano


ambiental no rio, dano esse que impediu que os pescadores continuassem
trabalhando no local, neste caso haveria direito a dano moral? SIM. É pacífico o
entendimento no STJ de que cabe indenização por danos morais a pescadores que tiveram
impedida ou gravemente prejudicada a sua atividade em decorrência de poluição causada
por acidente ambiental. Nesse sentido: STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 26/3/2014 (recurso repetitivo) (Info 538).
DECAA - BUSCA E APREENSÃO DE CRIANÇA: Inadequação do habeas corpus
para impugnar decisão que determina a busca e apreensão e o acolhimento de
criança

Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial liminar que determinou a
busca e apreensão de criança para acolhimento em família devidamente cadastrada
junto a programa municipal de adoção.

A jurisprudência majoritária do STJ entende que o habeas corpus não é instrumento


processual adequado para a concessão desse tipo de provimento jurisdicional. Ademais,
o caso não se enquadra na hipótese de ameaça de violência ou coação em liberdade
de locomoção prevista no art. 5º, LXVIII, da CF/88.

+++ DPC - COMPETÊNCIA: Ação discutindo o empréstimo compulsório sobre o


consumo de energia elétrica instituído em favor da Eletrobrás

Súmula 553-STJ: Nos casos de empréstimo compulsório sobre o consumo de energia


elétrica, é competente a Justiça estadual para o julgamento de demanda proposta
exclusivamente contra a Eletrobrás. Requerida a intervenção da União no feito após a
prolação de sentença pelo juízo estadual, os autos devem ser remetidos ao Tribunal
Regional Federal competente para ojulgamento da apelação se deferida a intervenção.

Esse empréstimo compulsório foi criado pela Lei nº 4.156/62 com o objetivo de
financiar a expansão e a melhoria do setor elétrico brasileiro em uma época onde
em muitos lugares do país não havia energia elétrica. Assim, na conta de luz do
consumidor, além da tarifa normal, era cobrado determinado valor a título de empréstimo
compulsório. Esse empréstimo compulsório foi exigido até 1993. O valor arrecadado
era destinado à Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras), sociedade de economia
mista federal responsável pela expansão da oferta de energia elétrica no país. E a União,
qual era o papel que a lei estabeleceu para ela? A União instituiu o empréstimo
compulsório e, segundo a lei, ela seria responsável solidária, juntamente com a Eletrobrás,
pela devolução dos valores aos consumidores (art. 4º, § 3º da Lei nº 4.156/62). Em outras
palavras, a obrigação de devolver os valores do empréstimo compulsório era
solidária da União e da Eletrobrás. Diante disso, surgiu uma dúvida: de quem é a
competência para julgar as demandas envolvendo cobrança de valores relacionados
com o empréstimo compulsório sobre o consumo de energia elétrica? Depende:

 Se o consumidor propõe a ação contra a Eletrobrás e a União, em litisconsórcio:


Justiça FEDERAL
 Se o consumidor propõe a ação exclusivamente contra a Eletrobrás: REGRA: a
competência será da Justiça ESTADUAL. EXCEÇÃO: se a União intervier na lide,
a competência será da Justiça FEDERAL. Como a União é devedora solidária, ela
possui interesse jurídico e poderá pedir para intervir na lide. Ocorrendo esta situação,
o juiz de direito (juiz estadual) que estava apreciando a lide contra a Eletrobrás deverá
declinar a competência para a Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF/88.
Importante esclarecer que não cabe ao juiz de direito dizer se há ou não interesse da
União. Pedindo a União para intervir, o magistrado estadual deverá declinar a
competência para que a Justiça Federal aprecie o pedido da União (Súmula 150-STJ).
Esse pedido de intervenção da União pode ocorrer após o juiz já ter sentenciado
a lide? SIM. Trata-se de uma interessante hipótese em que o TRF irá julgar, em
apelação, uma sentença proferida por juiz estadual (juiz de direito). Vale ressaltar
que, quando a sentença foi prolatada pelo juiz direito, ele era competente para
julgar a causa, já que só havia a Eletrobrás na lide. Assim, a sentença não poderá
ser anulada por incompetência. Somente a partir do momento em que ocorre a
intervenção da União é que a competência muda para a Justiça Federal, ocasionando o
deslocamento da competência, mas sem a anulação dos atos praticados pelo juízo
estadual anteriormente competente (STJ 1.111.159/RJ).

+++ DPC - JUSTIÇA GRATUITA: Prescindibilidade de preparo para a análise de


assistência judiciária gratuita em sede recursal

É desnecessário o preparo do recurso cujo mérito discute o próprio direito ao


benefício da assistência judiciária gratuita. Não há lógica em se exigir que o recorrente
primeiro recolha oque afirma não poder pagar para só depois a Corte decidir se faz jus ou
não ao benefício. Assim, não se aplica a pena de deserção a recurso interposto contra
o indeferimento do pedido de justiça gratuita.

Se o recurso diz respeito justamente à alegação do recorrente de que ele não dispõe de
condições econômico-financeiras para arcar com os custos da demanda, não faz sentido
considerá-lo deserto por falta de preparo, uma vez que ainda está sob análise o pedido de
assistência judiciária e, caso seja deferido, neste momento, o efeito da decisão retroagirá
até o período da interposição do recurso e suprirá a ausência do recolhimento e, caso seja
indeferido, deve ser dada oportunidade de regularização do preparo.

Como fica a questão com o novo CPC? O CPC 2015 adota expressamente a a decisão
desse acórdão a e prevê que o recorrente não precisará fazer o recolhimento das
custas até que haja uma decisão do relator sobre a questão, antes do julgamento do
recurso (art. 101, § 1º).

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator
sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

+++ DPC - JUSTIÇA GRATUITA: Pedido de assistência judiciária gratuita em sede


recursal pode ser feito na própria petição recursal

Mudança de entendimento!

É possível a formulação de pedido de assistência judiciária gratuita na própria


petição recursal, dispensando-se a exigência de petição avulsa, quando não houver
prejuízo ao trâmite normal do processo.

Qual é o momento em que deverá ser formulado o pedido de justiça gratuita?


Normalmente o pedido de justiça gratuita é feito na própria petição inicial (no caso do
autor) ou na contestação (no caso do réu). No entanto, a orientação pacífica da
jurisprudência é de que a assistência judiciária gratuita pode ser pleiteada a qualquer
tempo (STJ. REsp 1261220/SP, DJe 04/12/2012). É possível requerer a assistência
jurídica gratuita no ato da interposição do recurso? SIM. O STF entendeu que seria
cabível deferir-se a gratuidade nessa fase processual, salvo se houvesse fraude, como
por exemplo, quando a parte não efetuasse o preparo e, depois, requeresse que se
relevasse a deserção. O CPC 2015 deixa mais clara a possibilidade de o pedido ser feito
a qualquer tempo, inclusive no momento do recurso: Art. 99. O pedido de gratuidade da
justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso
de terceiro no processo ou em recurso. Caso o pedido de justiça gratuita seja
formulado no momento do recurso, ele deverá ser realizado por meio de petição
avulsa ou pode ser feito no corpo do próprio recurso? No corpo do próprio recurso.
Como fica a questão com o novo CPC? O CPC 2015 autoriza expressamente que o
pedido de assistência judiciária gratuita seja formulado a qualquer tempo e em
qualquer grau de jurisdição, na própria petição recursal, dispensado, com isso, a
retrógrada exigência de petição avulsa. Confira:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser


formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu
curso.

+++ DPC - REVELIA: Efeito material da revelia em caso de ação de indenização


por danos materiais
Em uma ação de indenização, se ocorrer a revelia, deve-se presumir a veracidade
quanto aos danos narrados na petição inicial. No entanto, esta presunção de
veracidade NÃO alcança a definição do quantum indenizatório indicado pelo autor.

Assim, o que deve ser considerado “verdadeiro” é a ocorrência do dano. Não se pode,
contudo, confundir a existência do dano com a sua correta quantificação feita pelo autor
na petição inicial. O quantum, ou seja, o valor do dano deve corresponder ao prejuízo
efetivamente sofrido pela parte lesada, sob pena de ocorrer enriquecimento sem causa.

Dessa forma, reconhecida a ocorrência dos alegados danos materiais, é correta eventual
decisão do magistrado de determinar que o valor da indenização seja apurado em
liquidação.

DPC - EXECUÇÃO Impenhorabilidade da pequena propriedade rural

A pequena propriedade rural, trabalhada pela família, é impenhorável, ainda que


dada pelos proprietários em garantia hipotecária para financiamento da atividade
produtiva.

Previsão constitucional. CF88. Art. 5º (…) XXVI - a pequena propriedade rural, assim
definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento;

Previsão CPC 2015. Art. 833. São impenhoráveis: VIII - a pequena propriedade rural,
assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;

+++ DPC - EXECUÇÃO FISCAL: Requisitos da petição inicial da execução fiscal

Súmula 558-STJ: Em ações de execução fiscal, a petição inicial não pode ser
indeferida sob o argumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou CNPJ da parte
executada.

Princípio da especialidade. O art. 6º da Lei nº 6.830/80 (LEF), que trata sobre os


requisitos da petição inicial na execução fiscal, não exige que o exequente faça a
indicação de RG, CPF ou CNPJ do executado. Diante da diferença entre a Lei n.
6.830/80 e a Lei n. 11.419/2006, o STJ entende que deve prevalecer a LEF, já que se
trata de norma especial, que prepondera sobre a norma geral.

Novo CPC. O CPC 2015 exige que a qualificação das partes venha acompanhada da
indicação do CPF/CNPJ, mas há a ressalva de que a petição inicial pode ser recebida
apesar da ausência de algumas informações. Desse modo, mesmo com o novo CPC, o
entendimento exposto na Súmula 558 do STJ continua válido, seja porque a LEF é
especial, seja porque o CPC não faz a exigência do CPF e CNPJ de forma absoluta e
peremptória.

+++ DPC - EXECUÇÃO FISCAL: Indisponibilidade de bens do art. 185-A do CTN

Súmula 560-STJ: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do


art. 185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens
penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição
sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio
do EXECUTADO, ao Denatran ou Detran.

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal E não forem encontrados bens penhoráveis,
o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros
de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

Requisitos. Por ser uma medida muito grave, a indisponibilidade de que trata o art. 185-
A do CTN só pode ser decretada pelo juiz se forem preenchidos três requisitos que
podem ser extraídos da própria redação do dispositivo. São eles: 1) Citação do devedor;
2) Inexistência de pagamento ou apresentação de bens à penhora no prazo legal; e
3) Exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis. Segundo o STJ, para
que a Fazenda Pública prove que esgotou (exauriu) todas as diligências na tentativa de
achar bens do devedor, basta que ela tenha adotado duas providências: a) a exequente
deve ter pedido e o juiz determinado a penhora “on line” (Bacen Jud); b) a exequente
deve ter expedido ofícios aos registros públicos do domicílio do executado e ao
Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou DETRAN.

Cuidado para não confundir:

 Para que seja decretada a penhora on-line, não é necessário que o credor tente localizar
outros bens penhoráveis em nome do devedor. Não se exige do exequente o
exaurimento das vias extrajudiciais na busca de bens a serem penhorados (STJ.
Corte Especial. REsp 1112943/MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/09/2010).
 Para que seja decretada a indisponibilidade de bens de que trata o art. 185-A do CTN,
exige-se que a Fazenda Pública exequente prove que tentou localizar outros bens
penhoráveis em nome do devedor. Exige-se o exaurimento das diligências na busca
por bens penhoráveis (STJ. 1ª Seção. REsp 1.377.507-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 26/11/2014).
+++ DPC - AÇÃO MONITÓRIA: Inviabilidade de se analisar matérias de mérito,
ainda que de ordem pública, se o réu se manteve inerte

Em ação monitória, após o decurso do prazo para pagamento ou entrega da coisa


sem a oposição de embargos pelo réu, o juiz não poderá analisar matérias de mérito,
ainda que conhecíveis de ofício.

Ação Monitória. Ação monitória é um procedimento especial, previsto no CPC, por


meio do qual o credor exige do devedor o pagamento de soma em dinheiro ou a entrega
de coisa com base em prova escrita que não tenha eficácia de título executivo.

Novidades do CPC 2015. A ação monitória poderá ser utilizada para que o autor exija
do devedor (art. 700):

 o pagamento de quantia em dinheiro;


 a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel;
 o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

1) PETIÇÃO INICIAL. Nesta exordial, o autor pede que o réu pague a quantia, entregue
a coisa ou cumpra o comportamento exigido (fazer ou deixar de fazer algo combinado).
A petição deve ser instruída com prova escrita sem eficácia de título executivo. O
novo CPC 2015 exige que a petição inicial da ação monitória seja instruída com a
memória atualizado da dívida cobrada? SIM. O CPC 2015 traz em seu texto requisitos
para a petição inicial da ação monitória. Um deles é justamente a memória de cálculo da
dívida que esteja sendo cobrada. O juiz, antes de indeferir a inicial da monitória,
continua tendo o dever de intimar previamente o autor, que é regra geral e se aplica
também ao procedimento monitório (devendo indicar, com precisão, o que deve ser
corrigido ou completado).

2) JUIZ PODERÁ ADOTAR UMA DAS SEGUINTES CONDUTAS: a) Emendar;


b) Receber como procedimento ordinário; c) Indeferir a PI; d) Aceitar a monitória:
reconhece evidente o direito do autor e manda expedir um mandado monitório para que
o réu pague a dívida, entregue a coisa ou execute a obrigação combinada no prazo de 15
dias. Aqui o magistrado faz um mero juízo de delibação. Imaginemos que o juiz
aceitou a monitória e determinou a expedição de mandado monitório. Neste caso, o réu
será citado.

3) CITAÇÃO DO RÉU: Admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum (§ 7º do art. 700 do CPC 2015). Cabe a citação por edital em ação
monitória (Súmula 282-STJ).
4) POSTURAS DO RÉU: O réu citado poderá assumir uma das seguintes posturas: a)
Cumprir a obrigação. O réu que cumprir o mandado no prazo ficará isento do
pagamento apenas das custas processuais (continuará tendo que pagar os
honorários de 5% sobre o valor da causa). b) Não pagar nem se defender. Se o réu
não realizar o pagamento nem apresentar os embargos monitórios, haverá a constituição
de um título executivo judicial contra ele, independentemente de qualquer
formalidade (§ 2º do art. 701 do CPC2015). Imagine que o requerido não pagou nem
se defendeu no prazo legal (15 dias). Depois disso, ele apresentou petição ao juiz
suscitando uma questão de ordem pública que impediria o prosseguimento da ação
monitória (ex: alegou que o prazo prescricional para o autor ajuizar a monitória já
havia expirado). Neste caso, o magistrado poderá conhecer da matéria? NÃO. Como
o título executivo já se formou automaticamente com o fim do prazo do réu, não é
mais possível a análise de matérias de mérito, ainda que sejam de ordem pública
(conhecíveis de ofício). c) Defender-se. A defesa na ação monitória é denominada de
“embargos à ação monitória”. Qual é a natureza jurídica dos embargos à ação
monitória? Os embargos monitórios são classificados como uma forma de defesa, sendo
semelhantes à contestação. Para que o réu apresente embargos monitórios, ele
precisa pagar previamente as custas? NÃO. Isso porque os embargos à monitória têm
natureza jurídica de defesa. Vimos acima que é como se fosse uma contestação e o réu
não precisa recolher custas para apresentar contestação. Nesse sentido: STJ. 3ª
Turma. REsp 1.265.509-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 19/3/2015
(Info 558). Quais as matérias que podem ser alegadas nesses embargos? Os embargos
podem se fundar em qualquer matéria que poderia ser alegada como defesa no
procedimento comum (§ 1º do art. 702). Se os embargos forem parciais, isto é, não
falarem sobre parte do que o autor pede. Neste caso, os embargos poderão ser autuados
em apartado e, quanto à parte que não foi atacada nos embargos, o juiz poderá constituir,
desde logo, título executivo judicial. O autor da monitória (embargado) terá a
oportunidade de se manifestar sobre o conteúdo dos embargos à ação monitória?
SIM. O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 dias. Além de
apresentar os embargos, o réu poderá oferecer reconvenção? SIM. Na ação monitória
admite-se a reconvenção. É vedado, no entanto, o oferecimento de reconvenção à
reconvenção, ou seja, se o réu da ação monitória apresentar reconvenção, o
autor/reconvindo não poderá apresentar uma outra reconvenção.

5) JUIZ DEPOIS QUE RECEBE OS EMBARGOS: Se o juiz REJEITAR os


embargos, haverá a formação de título executivo judicial contra o réu, prosseguindo-
se o processo como cumprimento de sentença, no que for cabível. Se o juiz ACOLHER
os embargos, a ação monitória é julgada improcedente, demonstrando que o réu nada
deve, não tem que cumprir nenhuma obrigação para com o autor.

6) MÁ-FÉ DAS PARTES. O juiz pode condenar o autor de ação monitória proposta
indevidamente e de má-fé ao pagamento, em favor do réu, de multa de até 10% sobre
o valor da causa. De igual forma, o juiz poderá condenar o réu que de má-fé opuser
embargos à ação monitória ao pagamento de multa de até 10% sobre o valor atribuído
à causa, em favor do autor.

7) RECURSO. O recurso cabível contra a sentença que acolhe ou rejeita os embargos é


a APELAÇÃO.

+++ DPN - LEI MARIA DA PENHA: Cabimento de HC para questionar a


legalidade de medida protetiva da Lei Maria da Penha

Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva
de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência
doméstica e familiar.

Segundo o art. 647 do CPP, dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos
casos de punição disciplinar. Se opaciente não pode aproximar-se da vítima ou de seus
familiares, decerto que se encontra limitada a sua liberdade de ir e vir. Assim, afigura-se
cabível a impetração do habeas corpus.

DPN - CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO (LEI 8.137/90) Venda


de medicamentos vencidos e causa de aumento prevista no art. 12, III, da Lei
8.137/90

Quando o produto vendido for MEDICAMENTO vencido, será possível aplicar a


causa de aumento prevista no art. 12, III, da Lei nº 8.137/90 na dosimetria da pena
do crime previsto no art. 7º, IX, da mesma Lei.

Art. 7º Constitui crime contra as relações de consumo: IX - vender, ter em depósito para
vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria,
em condições impróprias ao consumo;

Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas
previstas nos arts. 1º, 2º e 4º a 7º: III - ser o crime praticado em relação à prestação de
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

Em suma, a venda de medicamentos vencidos pode ensejar a causa de aumento de pena


prevista no art. 12, III, da Lei nº 8.137/90, porquanto medicamentos, sem sombra de
dúvidas, são bens essenciais à vida eà saúde.

+++ DPP - INQUÉRITO POLICIAL: Tramitação direta de inquérito policial entre


a Polícia Federal e o MPF
Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n. 63/2009,
estabelece a tramitação DIRETA de inquérito policial entre a Polícia Federal e o
Ministério Público Federal.

Vale lembrar que o STF já decidiu que é INCONSTITUCIONAL lei estadual que
preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o Ministério
Público.

Para l STJ, a tramitação direta de inquéritos entre a Polícia Judiciária e o órgão de


persecução criminal, no caso, o Ministério Público Federal, traduz expediente que, longe
de violar preceitos constitucionais, atende à garantia da duração razoável do processo –
pois lhe assegura célere tramitação –, bem como aos postulados da economia processual
e da eficiência.

+++ DPP - ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO: Familiares da vítima poderão intervir


no processo de porte de arma de fogo mesmo tendo havido arquivamento quanto à
imputação de homicídio

É possível a intervenção dos pais como assistentes da acusação na hipótese em que o


seu filho tenha sido morto, mas, em razão do reconhecimento de legítima defesa, a
denúncia tenha imputado ao réu apenas o crime de porte ilegal de arma de fogo.

A interpretação literal do art. 268 do CPP pode levar à conclusão de que os pais da vítima
não teriam legitimidade para intervir como assistentes, já que houve o arquivamento da
imputação quanto ao homicídio, o que faria com que desaparecesse a figura do ofendido
prevista no art. 268 do CPP e, consequentemente, o próprio interesse jurídico da
intervenção na ação penal.

Entretanto, na interpretação do referido dispositivo, deve-se levar em consideração


principalmente a finalidade da intervenção, devendo a figura do assistente de
acusação ser tratada como expressão do Estado Democrático de Direito e até mesmo
como modalidade de controle - complementar àquele exercido pelo Poder Judiciário
- da função acusatória atribuída privativamente ao Ministério Público.

Os pais do falecido, embora não possam ser qualificados como ofendidos com relação ao
crime de porte ilegal de arma de fogo, possuem interesse na causa que emana da morte
de seu filho, fato que se encontra entrelaçado de forma inarredável com o objeto da ação
penal em que pretendem intervir.

DPP - PROCEDIMENTO PREVISTO NA LEI 8.038/90: Momento da apresentação


da exceção da verdade
Nas demandas que seguem o rito dos processos de competência originária dos
Tribunais Superiores (Lei nº 8.038/90), é tempestiva a exceção da verdade
apresentada no prazo da defesa prévia (art. 8º), ainda que o acusado tenha
apresentado defesa preliminar (art. 4º).

A exceção da verdade é meio processual de defesa indireta do réu, podendo ser


apresentada nos processos em que se apuram crimes de calúnia (art. 138, § 3º, do CP) e
de difamação, quando praticados em detrimento de funcionário público no exercício de
suas funções (art. 139, parágrafo único, do CP).

Exceção da verdade deve ser apresentada no PRIMEIRO momento em que a defesa


falar nos autos após o efetivo início da ação penal. Assim, o prazo para apresentação
da exceção da verdade, independentemente do rito procedimental adotado, deve ser o
primeiro momento para a defesa se manifestar nos autos, após o efetivo início da ação
penal.

Portanto, o prazo para a defesa apresentar a exceção da verdade, nos processos da


competência de Tribunal, deve ser o previsto no art. 8º da Lei nº 8.038/90.

Art. 8º O prazo para defesa prévia será de cinco dias, contado do interrogatório ou da
intimação do defensor dativo.

DPP - TRIBUNAL DO JÚRI. Reexame necessário de absolvição sumária após a


entrada em vigor da Lei 11.689/2008

Após a entrada em vigor da Lei nº 11.689/2008, em 8 de agosto de 2008, o reexame


necessário de decisão absolutória sumária proferida em procedimento do Tribunal
do Júri que estiver pendente de apreciação não deve ser examinado pelo Tribunal
ad quem, mesmo que o encaminhamento da decisão absolutória à instância superior
tenha ocorrido antes da entrada em vigor da referida Lei.

Ex: João matou Pedro, tendo sido denunciado por homicídio doloso. Em 05/05/2008,
depois de ouvir as testemunhas, o juiz se convenceu que João agiu em legítima defesa,
razão pela qual proferiu sentença de absolvição sumária. Na época, havia previsão no
CPP no sentido de que, após absolver o acusado, o magistrado, mesmo sem recurso do
MP, deveria mandar os autos para o Tribunal para que este examinasse se a decisão foi
correta. A remessa necessária ficou parada no TJ aguardando ser julgada. Em 08/08/2008
entrou em vigor a Lei nº 11.689/2008 acabando com a previsão da remessa necessária
nestes casos. Isso significa que o Tribunal não mais terá que julgá-la.

Princípio da aplicação imediata nas normas processuais. Por força do que dispõe o
art. 2º, do CPP, as normas processuais possuem aplicação imediata quando de sua entrada
em vigor. Portanto, os recursos de ofício não julgados pelos Tribunais até 8 de agosto
de 2008, data em que a Lei n. 11.689/08 passou a ser exigida, não mais poderão ser
apreciados, uma vez que tal procedimento, necessário apenas para dar eficácia à
sentença de absolvição sumária no procedimento do Tribunal do Júri, já não mais
estaria em vigor, por força do princípio tempus regit actum.

Existe uma regra que diz que o cabimento ou não do recurso rege-se pela lei vigente
à época da prolação da decisão. Na época em que a decisão de absolvição sumária
foi proferida, a remessa necessária ainda estava em vigor. Por que não se aplica esta
regra para o presente caso? Por que a remessa necessária não será mais julgada se,
quando a decisão foi proferida, ela ainda existia no ordenamento jurídico? Porque
remessa necessária NÃO é recurso. A remessa necessária, apesar de ser incorretamente
chamada de “recurso de ofício”, não tem natureza de recurso porque não é voluntária.
Trata-se de uma condição de eficácia da sentença, devendo ser julgada ou não de
acordo com a legislação vigente no momento de sua aplicação.

Nesse sentido: “A remessa necessária não é recurso, mas condição de eficácia da


sentença. Sendo figura processual distinta da do recurso, a ela não se aplicam as regras
de direito intertemporal processual vigentes para eles: a) o cabimento do recurso rege-se
pela lei vigente à época da prolação da decisão; b) o procedimento do recurso rege-se pela
lei vigente à época da prolação da decisão. (…)” (NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa
Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante. 13ª
ed. São Paulo: RT, 2013, p. 859).

++ DPN - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: Revogação do sursis


processual após o período de prova

Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da suspensão


condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já ultrapassado
o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência.

Obs: quando o STJ fala em “fato” ocorrido durante sua vigência, deve-se entender que a
causa darevogação deve ter ocorrido durante a sua vigência.

Exemplo: Rafael foi denunciado pela prática do crime de descaminho. Como a pena
mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP, na denúncia, ofereceu proposta de suspensão
condicional do processo, que foi aceita pelo acusado em 05/05/2005 pelo período de
prova de 2 anos (ou seja, até 05/05/2007). Em 05/02/2007, Rafael praticou lesão corporal
e foi denunciado em 05/04/2007. Em 05/06/2007, ou seja, após o período de prova, o juiz,
no momento em que ia proferir a sentença extinguindo a punibilidade do réu, soube que
ele foi processado por outro delito. Tomando conhecimento do novo crime praticado por
Rafael, o juiz poderá revogar a suspensão concedida mesmo já tendo passado o período
de prova.
+++ DPP - SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Imposição de
obrigações equivalentes a sanções penais

Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade judicial disposta


no art. 89, § 2º, da Lei nº 9.099/95, obrigações equivalentes, do ponto de vista prático,
a sanções penais (tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação
pecuniária), mas que, para os fins do sursis processual, se apresentam tão somente
como condições para sua incidência.

Na suspensão condicional do processo há um acordo entre o Ministério Público e o


acusado, sendo as partes livres para transigirem em torno das condições legais (§ 1º) ou
judiciais (§ 2º) previstas no art. 89, “desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
acusado”, e desde que não se imponham condições que possam ofender a dignidade do
denunciado. Se houver descumprimento de uma das condições legais ou judiciais aceitas
pelo réu, não haverá qualquer sanção penal, mas tão somente a retomada do curso
processual, findo o qual o acusado poderá até mesmo ser absolvido. Essas características
do sursis processual fazem com que não haja nenhuma ilegalidade no fato de serem
impostas obrigações que se assemelham a sanções penais, mas que, na verdade, se
apresentam como meras condições para a suspensão do processo, e como tais hão de ser
tratadas.

+++ DTB - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA: Responsabilidade tributária


por sucessão empresarial abrange não apenas os tributos, como também as multas
moratórias ou punitivas

Súmula 554-STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da


sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as
multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da
sucessão.

Tipos de responsabilidade:

 Responsabilidade por Substituição: SSempre foi responsável. Ex: o empregador é


responsável tributário pelo pagamento do imposto de renda incidente sobre o salário
do empregado.
 Responsabilidade por Transferência: só se tornou responsável depois de um
TTempo. Espécies: a) dos sucessores (arts. 129 a 133); b) de terceiros (arts. 134 e
135); c) por infrações (arts. 136 a 138). As hipóteses de responsabilidade por sucessão
podem ser assim organizadas: 1) Responsabilidade na sucessão causa mortis: o
espólio e depois os sucessores e o cônjuge meeiro do falecido serão responsáveis pelo
pagamento dos tributos devidos pelo defunto antes da sua morte (art. 131, II e III); 2)
Responsabilidade do adquirente de bens imóveis do devedor (art. 130); 3)
Responsabilidade do adquirente ou remitente de bens móveis do devedor (art. 131,
I); 4) Responsabilidade em caso de sucessão empresarial, que pode ocorrer em duas
situações: 4.a) Responsabilidade da pessoa jurídica que surgiu a partir de uma fusão,
transformação ou incorporação (art. 132); 4.b) Responsabilidade da pessoa que
adquiriu fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuou a respectiva exploração (art. 133 do CTN).

A sucessora terá que pagar apenas os tributos ou também as multas tributárias que
a sucedida tivesse contra si?

As empresas argumentavam que a sucessora deveria pagar apenas os tributos, estando


dispensadas de arcar com o pagamento das multas. Isso porque os arts. 132 e 133, que
tratam sobre a responsabilidade tributária na sucessão empresarial, falam expressamente
apenas em tributos. Veja:

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos TRIBUTOS devidos (…)

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou
sob firma ou nome individual, responde pelos TRIBUTOS, relativos ao fundo ou
estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

Outro argumento dos responsáveis era o de que a multa, por possuir caráter de sanção,
seria pessoal e, por isso, não se transmitiria a terceiros.

A tese das empresas foi acolhida pela jurisprudência?

NÃO. O STJ decidiu que, na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da


sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas
moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

Dívidas de valor que acompanham o patrimônio passivo transmitido ao sucessor.


Segundo o STJ, as multas moratórias ou punitivas representam dívida de valor e, como
tal, acompanham o passivo do patrimônio transmitido ao sucessor, desde que seu fato
gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.

Evitar simulações. Outro argumento invocado, este de ordem metajurídico, é o de que


se as multas fossem excluídas da responsabilidade por sucessão, as empresas que
possuíssem contra si multas impostas poderiam simular uma sucessão e, com isso,
poderiam reiniciar as atividades pagando apenas os tributos e ficando livres das multas.
Abrange multas moratórias e punitivas. Vale chamar a atenção para o fato de que a
multa será devida pelo sucessor, não importando se ela é de caráter moratório ou punitivo.
Havia divergência quanto a isso e agora está pacificado. Repetindo: são transmitidas tanto
as multas moratórias, como também as de caráter punitivo. As multas moratórias,
também chamadas de multas administrativas, são aquelas impostas ao contribuinte pelo
fato de ele ter atrasado o pagamento do tributo. As multas punitivas, também
denominadas de multas de ofício, são aquelas impostas pelo descumprimento de uma
obrigação acessória do contribuinte. O exemplo típico está no art. 44 da Lei nº
9.430/96.

Multa continua sendo diferente de tributo. Por fim, uma última observação: multa não
é tributo. O conceito de tributo é previsto no art. 3º do CTN e nele é previsto
expressamente que tributo não constitui “sanção de ato ilícito”. A multa é uma sanção por
ato ilícito e, portanto, está fora da definição de tributo. Apesar de multa não ser tributo,
ela também é transmitida para o sucessor em caso de sucessão empresarial. Essa
transmissão ocorre porque a multa é uma dívida de valor que faz parte do
patrimônio passivo do sucedido e, como tal, transfere-se ao sucessor.

+++ DTB - LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO: Termo inicial do prazo para


lançamento de ofício no caso de ausência de pagamento do tributo sujeito à
lançamento por homologação

Súmula 555-STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial


quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na
forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo
o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.

O que acontece se o sujeito passivo antecipa o pagamento no prazo fixado pela lei,
mas o Fisco constata que o contribuinte pagou menos do que seria devido? Em caso
de pagamento menor do que o devido, o Fisco possui um prazo de 5 anos para apurar
eventual diferença nos valores recolhidos e efetuar, de ofício, o lançamento
suplementar daquilo que faltar. Esse prazo de 5 anos é contado do dia em que ocorreu
o fato gerador, na forma do § 4º do art. 150.

E se o sujeito passivo não antecipar o pagamento no prazo fixado pela lei? Se ele não
pagar nada, o que acontece? Aqui o Fisco também deverá fazer o lançamento de ofício.
Dessa forma, o lançamento era inicialmente por homologação, mas como o sujeito
passivo não fez o pagamento, o Fisco passa a ter o poder dever de agir e cobrar o imposto
diretamente, por meio do lançamento de ofício.

Vimos acima que, no caso de pagamento PARCIAL, o termo inicial do prazo para a
realização do lançamento de ofício é a data da ocorrência do fato gerador (§ 4º do
art. 150). Na hipótese de ausência de pagamento, aplica-se esta mesma regra? Qual
é o termo inicial do prazo decadencial para lançamento de ofício no caso de
AUSÊNCIA DE PAGAMENTO antecipado? NÃO. O termo inicial no caso de
pagamento parcial é diferente da hipótese de ausência de pagamento. Se o contribuinte
não antecipa o pagamento, ou seja, se ele não paga nada, o prazo decadencial para
que o Fisco faça o lançamento de ofício não será calculado com base no § 4º do art.
150, mas sim de acordo com o inciso I do art. 173 do CTN:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após
5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;

Quando o inciso I fala em “primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado” ele quer dizer primeiro dia do exercício seguinte
à ocorrência do fato gerador (REsp 973.733-SC). Assim, se o fato gerador ocorreu em 15
de março de 2015 e o contribuinte não apresentou a declaração do débito e não fez a
antecipação do pagamento, o Fisco terá 5 anos para realizar o lançamento de ofício, sendo
que este prazo se iniciou em 01 de janeiro de 2016.

Reescrevendo a súmula com outras palavras: Nos tributos sujeitos à lançamento por
homologação, quando o contribuinte não antecipar o pagamento nem fizer a
declaração do débito, o Fisco terá um prazo decadencial de 5 anos para fazer o
lançamento de ofício substitutivo cobrando o valor, sendo que este prazo se inicia
em 1º dia de janeiro do ano seguinte àquele em que ocorreu o fato gerador.

+++ DTB - IMPOSTO DE RENDA: Isenção de IR sobre o valor da complementação


de aposentadoria e do resgate de contribuições

Súmula 556-STJ: É indevida a incidência de imposto de renda sobre o valor da


complementação de aposentadoria pago por entidade de previdência privada e em
relação ao resgate de contribuições recolhidas para referidas entidades
patrocinadoras no período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão da isenção concedida
pelo art. 6º, VII, b, da Lei n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi dada pela
Lei n. 9.250/1995.

Benefícios recebidos de entidades de previdência privada e isenção de IR. A Lei nº


7.713/88 trata sobre o imposto de renda e entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1989.
Em seu art. 6º, a Lei traz uma lista de hipóteses de isenção do imposto. Em sua versão
original, pela interpretação do inciso VII, alínea “b” do art. 6º da Lei nº 7.713/88 era
possível concluir que o participante da previdência privada não precisava pagar imposto
de renda quando recebia:

 a complementação de aposentadoria (valor da aposentadoria paga pela entidade de


previdência complementar); ou
 o resgate das contribuições recolhidas.

Fim da isenção com a Lei nº 9.250/95. A situação acima relatada durou até 31/12/1995,
após o que entrou em vigor a Lei nº 9.250/95, que alterou a redação do inciso VII do art.
6º da Lei nº 7.713/88, acabando com a isenção dada para as contribuições pagas pelos
participantes. Além de alterar a redação do inciso VII, a Lei nº 9.250/95 determinou,
expressamente, a incidência de imposto de renda para os valores recebidos pelo
participante a título de complementação de aposentadoria e resgate de contribuições.
Veja:

Art. 33. Sujeitam-se à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste


anual os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, bem como as
importâncias correspondentes ao resgate de contribuições.

Por que a Lei nº 9.250/95 acabou com a isenção de IR sobre o valor que o
participante iria receber a título de complementação de aposentadoria ou resgate?
Porque esta Lei passou a prever que os valores descontados do salário do participante e
destinados ao pagamento da previdência privada não estão sujeitos ao recolhimento de
imposto de renda na fonte. Como o participante não paga mais o IR no momento em
verte as contribuições, passou a ser obrigado a recolher este no instante em que
aufere a aposentadoria complementar ou recebe de volta as contribuições.

Observação: Redação original da Lei nº 7.713/88 (período de 1º/1/1989 a 31/12/1995).


O participante, quando recolhia a contribuiçãopara a previdência privada, pagava IR. A
fim de evitar bis in idem, o próprio Governo editou a MP 1.943-52 (reeditada ao final sob
o nº 2.159-70) reconhecendo que não incide imposto de renda quanto às parcelas
resgatadas e referentes a este período.

+++ DTB - IMPOSTO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS: Produtos


importados estão sujeitos à nova incidência de IPI na operação de revenda

Os produtos importados estão sujeitos a uma nova incidência do IPI quando de sua
saída do estabelecimento importador na operação de revenda, mesmo que não
tenham sofrido industrialização no Brasil.

Essa conduta do Fisco de tributar a importação do produto industrializado e depois cobrar


novo IPI no momento da revenda do produto não implica em bis in idem? NÃO. Isso
porque o CTN prevê dois fatos geradores distintos: o desembaraço aduaneiro
proveniente da operação de compra de produto industrializado do exterior (inciso I) e a
saída do produto industrializado do estabelecimento importador equiparado a
estabelecimento produtor (inciso II). A primeira tributação recai sobre o preço de
compra onde embutida a margem de lucro da empresa estrangeira e a segunda
tributação incide sobre o preço da venda, onde já embutida a margem de lucro da
empresa brasileira importadora.

Mas esse entendimento não fará com que a cadeia produtiva seja muito onerada?
Não haverá uma sobrecarga sobre o importador/revendedor? NÃO. Isso porque o
IPI é um imposto não-cumulativo, o que significa dizer que o valor pago a título de
IPI na operação imediatamente anterior (importação) pode ser abatido do mesmo
imposto na operação posterior (revenda), nos termos do art. 49 do CTN.

Neste caso, haverá bitributação de IPI e ICMS? SIM. Na revenda interna do produto
importado haverá tributação tanto de IPI como de ICMS. Ocorre que a Lei Kandir (LC
87/96) admite hipóteses expressas de bitributação entre o IPI e o ICMS. O que a Lei
faz é “minimizar” os custos dessa bitributação. Isso porque o art. 13, § 2º da LC 87/96
estabelece que o valor do IPI não integra a base de cálculo do ICMS toda vez que a
operação configurar fato gerador de ambos os impostos, ou seja, a lei permite a
bitributação, mas minora seus efeitos ao retirar o IPI da base de cálculo do ICMS. Não se
pode dizer que a referida Lei é inconstitucional porque ela é uma mera reprodução do
disposto no art. 155, § 2º, XI, da CF/88, que parte do pressuposto justamente da
possibilidade de se bitributar pelo IPI e pelo ICMS.

DTB - ICMS: Óbice ao aproveitamento de crédito de ICMS decorrente de operação


de exportação

Não viola o princípio da não cumulatividade a vedação, prevista em legislação


estadual, de aproveitamento de crédito de ICMS decorrente de operação de
exportação quando o contribuinte possuir débito superior ao crédito.

Dito de forma mais simples, não fere o princípio da não cumulatividade a legislação
estadual que veda a apropriação e a utilização de crédito de ICMS ao contribuinte que
estiver com saldo devedor perante o Fisco.

Imagine agora a seguinte situação: “XXX”, pessoa jurídica domiciliada em SP, possuía
créditos de ICMS decorrentes de exportações que realizou e pediu para transferir tais
créditos a outra empresa (“ZZZ”). O Fisco paulista rejeitou o pedido de aproveitamento
sob o argumento de que a empresa “XXX” possui um enorme débito de ICMS, já até
inscrito em dívida ativa, e que esse débito é superior aos créditos que ela possui de ICMS
e que deseja transferir. Como fundamento para essa recusa, o Fisco invocou a legislação
estadual que prevê a seguinte regra: Art. 82. São vedadas a apropriação e a utilização de
crédito acumulado ao contribuinte que, por qualquer estabelecimento autuado em
território paulista, tiver débito do imposto.

Lei Kandir exige que haja saldo credor para utilização dos créditos do ICMS.
Realmente a LC federal nº 87/96 (chamada de Lei Kandir) permite que a empresa que
tenha saldo credor de ICMS possa utilizá-lo para si mesma ou para transferir a outros
contribuintes. Veja: Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e
créditos devem ser apurados em cada estabelecimento, compensando-se os saldos
credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados no
Estado. § 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei
Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que tratam
o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas saídas
representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento: I - imputados pelo
sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no Estado; II - havendo saldo
remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros contribuintes do mesmo
Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de documento que reconheça
o crédito. No entanto, para que a empresa possa se valer desse aproveitamento
previsto no § 1º do art. 25 da Lei Kandir, é indispensável que o saldo de créditos seja
superior aos débitos. No caso concreto, embora existentes os créditos decorrentes da
exportação realizada pela empresa contribuinte, não há saldo credor de ICMS, uma
vez que há débito em nome dela que supera os alegados créditos.

DTB - COFINS: Isenção da COFINS nas mensalidades pagas pelos alunos de


instituições de ensino sem fins lucrativos

A MP 1.858/99 (atual MP 2.158-35/2001) determinou que são isentas da COFINS as


receitas relativas às atividades próprias das instituições de ensino sem fins lucrativos.
Ocorre que a Receita Federal editou IN/SRF n. 247/2002 afirmando que as receitas
auferidas com as mensalidades recebidas pelas instituições de ensino sem fins lucrativos
não estariam isentas de COFINS por não se enquadrarem no conceito de “atividades
próprias” das referidas instituições.

O STJ considerou ilegal essa previsão da IN e firmou a seguinte tese: As receitas


auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins
lucrativos são decorrentes de “atividades próprias da entidade”, conforme o exige a
isenção estabelecida no art. 14, X, da MP 1.858/99 (atual MP 2.158-35/2001), sendo
flagrante a ilicitude do art. 47, § 2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão.

Assim, não há como se aceitar que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades
dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de “atividades próprias da entidade”.
DTB - PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO: Intimação por edital no
processo fiscal referido no art. 27 do DL nº 1.455/76

No processo fiscal referido no art. 27 do DL nº 1.455/76, a intimação por edital só


deve ser realizada após restar frustrada a intimação pessoal.

Decreto-lei 1.455/76. O Decreto-lei 1.455/76 trata sobre o regime tributário aplicável aos
entrepostos aduaneiros, estabelece normas sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e
dá outras providências. Nos arts. 23, 24 e 26, o DL prevê uma série de infrações
tributárias. Exemplo: Art. 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às
mercadorias: I - importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de
efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da
legislação específica em vigor.

Processo administrativo-fiscal (art. 27 do DL 1.455/76). Segundo o DL, as infrações


mencionadas nos arts. 23, 24 e 26 serão apuradas através de processo fiscal, cuja peça
inicial será o auto de infração acompanhado de termo de apreensão, e, se for o caso, de
termo de guarda. Depois de ser lavrado o auto de infração, o Fisco deverá intimar o
infrator para que este apresente sua defesa, que é chamada de impugnação. Isso está
previsto no art. 27, § 1º do DL: § 1º Feita a intimação, pessoal ou por edital, a não
apresentação de impugnação no prazo de 20 (vinte) dias implica em revelia.

A redação literal do § 1º acima pode levar à conclusão de que o Fisco possui a


faculdade de escolher intimar o infrator de forma pessoal ou por meio de edital. Essa
conclusão é correta? A primeira opção do Fisco pode ser a intimação por edital?
NÃO. No processo fiscal referido no art. 27 do DL nº 1.455/76, a intimação por edital só
deve ser realizada após restar frustrada a intimação pessoal.

+++ DPREV - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ: Forma de cálculo da renda


mensal inicial

Súmula 557-STJ: A renda mensal inicial (RMI) alusiva ao benefício de


aposentadoria por invalidez precedido de auxílio-doença será apurada na forma do
art. 36, § 7º, do Decreto n. 3.048/1999, observando-se, porém, os critérios previstos
no art. 29, § 5º, da Lei n. 8.213/1991, quando intercalados períodos de afastamento
e de atividade laboral.

Como é calculada a RMI no caso de aposentadoria por invalidez precedida de


auxílio-doença? A RMI da aposentadoria por invalidez será de 100% do salário-de-
benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio-
doença. Isso está previsto no art. 36, § 7º, do Decreto nº 3.048/99 (Regulamento Geral da
Previdência Social): Art. 36 (…) § 7º A renda mensal inicial da aposentadoria por
invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de cem por cento do
salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio
doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral.

Exemplo: Pedro laborou durante 10 anos em diversas empresas. Em 2012, foi contratado
para trabalhar em uma grande indústria, recebendo o maior salário que já havia ganho em
toda a sua carreira. Ocorre que, poucos meses depois (em 2013), ele ficou enfermo e
passou a receber auxílio-doença. O auxílio-doença será 91% do salário-de-benefício. O
salário-de-benefício será calculado com base na média das maiores contribuições feitas
pelo segurado (art. 29, II, da Lei nº 8.213/91). Neste caso, será uma pena para Pedro
porque ele ficou enfermo logo depois de ter assumido o novo trabalho onde passou a
receber mais. Se ele tivesse mais tempo contribuindo sobre esse salário maior, o valor do
seu auxílio-doença seria também maior.

Em 2015, depois de dois anos recebendo o auxílio-doença, Pedro foi aposentado por
invalidez. A RMI da aposentadoria por invalidez será 100% do salário-de-benefício.
Indiretamente, o que o § 7º do art. 36 afirma é que os meses em que o segurado ficou
recebendo auxílio-doença antes que este fosse convertido em aposentadoria por
invalidez não entrarão no cálculo da RMI da aposentadoria por invalidez. Assim,
para fins de apuração da RMI esses dois anos em que o segurado esteve ininterruptamente
recebendo o auxílio-doença serão desconsiderados (descartados).

Essa regra infralegal prevista no art. 36, § 7º é compatível com a Lei nº 8.213/91?
Um Decreto poderia ter previsto isso? SIM. Segundo entende a jurisprudência, “o § 7º
do art. 36 do Decreto nº 3.048/99 não ultrapassou os limites da competência regulamentar
porque apenas explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em
combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts. 44 e 61, todos da Lei nº 8.213/91”
(STF. Plenário. RE 583.834, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 13/2/2012).

Se, antes da concessão da aposentadoria por invalidez, o segurado passou alguns


períodos afastado (recebendo auxílio-doença) e outros períodos trabalhando
normalmente, haverá alguma peculiaridade no cálculo da aposentadoria por
invalidez? SIM. Pode acontecer de o segurado, antes de ser considerado definitivamente
incapaz para o trabalho, passe por meses de crise (nos quais recebeu auxílio-doença) e
outros períodos em que se manteve saudável e, assim, pode trabalhar, receber salário e
pagar contribuição previdenciária. Havendo esta situação, se o segurado acabar se
aposentando por invalidez, a forma de cálculo do benefício deverá observar os
critérios previstos no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91.

Exemplo: João possui uma doença degenerativa e há alguns anos realizava tratamento
médico para combatê-la. Durante os períodos de crise, ele não podia trabalhar e ficava
afastado de suas funções alguns meses, recebendo auxílio-doença. Quando recebia alta,
voltava novamente ao trabalho. Essa situação perdurou durante algum tempo, até que a
enfermidade se agravou e o segurado ficou permanentemente incapaz. O auxílio-doença
que ele estava recebendo foi convertido em aposentadoria por invalidez. Neste caso, o
STJ afirma que o tempo que o segurado ficou gozando do auxílio-doença (além do
tempo que ele ficou trabalhando) será também utilizado no cálculo da aposentadoria
por invalidez. Isso porque se aplicará a regra especial do § 5º do art. 29 da Lei nº
8.213/91: Art. 29 (…) § 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido
benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-
de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da
renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. A regra do § 5º é excepcional,
pois ela permite que se considere como tempo para fins de aposentadoria um período
em que o segurado não contribuiu (se o segurado estava recebendo auxílio-doença,
significa que ele não estava trabalhando nem pagando contribuição previdenciária).
Logo, o § 5º do art. 29 é uma exceção à regra que proíbe a contagem de tempo sem
contribuição para fins de aposentadoria.

DPREV - PREVIDÊNCIA PRIVADA: Verbas recebidas por sentença trabalhista e


reflexo na aposentadoria complementar já concedida

O deferimento por sentença trabalhista definitiva de verbas salariais não justifica o


recálculo da renda mensal inicial de aposentadoria complementar privada já
concedida.

Sistema de previdência complementar não é baseado na paridade. O sistema de


previdência complementar foi concebido, não para instituir a paridade de
vencimentos entre empregados ativos e aposentados, mas com a finalidade de
constituir reservas financeiras, a partir de contribuições de filiados e patrocinador,
destinadas a assegurar o pagamento dos benefícios oferecidos e, no caso da
complementação de aposentadoria, proporcionar ao trabalhador aposentado padrão de
vida próximo ao que desfrutava quando em atividade, com observância, todavia, dos
parâmetros atuariais estabelecidos nos planos de custeio, com a finalidade de manutenção
do equilíbrio econômico e financeiro. Não é possível estender vantagens pecuniárias
ou reajustes salariais concedidos retroativamente aos empregados de uma empresa
ou categoria profissional, por força de sentença individual ou coletiva da Justiça do
Trabalho, de forma direta e automática, aos proventos de complementação de
aposentadoria do ex-empregado porque isso seria incompatível com o princípio do
mutualismo inerente ao regime fechado de previdência privada. Além disso, o
contrato celebrado com instituição de previdência privada não integra o contrato de
trabalho. Assim, dada a autonomia entre o contrato de trabalho e o contrato de
previdência complementar, mesmo se eventualmente reconhecida a natureza
salarial de determinada parcela, não significa que haverá direito de incluí-la nos
proventos de aposentadoria complementar se isso não estava previsto como
benefício no plano contratado (art. 202 da CF/88). Por fim, o STJ afirmou que o
pagamento dos benefícios contratados é feito a partir de cálculos atuariais para a
formação da reserva matemática necessária. Este cálculo é feito com base nas
contribuições que são vertidas todos os meses para o plano de previdência e que são
investidas para garantir renda necessária aos pagamentos.

+++ DIPP - HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA: Homologação


de sentença eclesiástica de anulação de matrimônio

É possível a homologação pelo STJ de sentença eclesiástica de anulação de


matrimônio, confirmada pelo órgão de controle superior da Santa Sé. TRF3 2016

Veja o que diz o CPC 2015 sobre o tema: Art. 961. A decisão estrangeira somente terá
eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do
exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado.
Assim, a lei ou tratado internacional poderá facilitar ou dispensar a homologação de
sentença estrangeira ou a concessão do exequatur. Ex: a sentença estrangeira de
divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo
STJ (§ 5º do art. 961 do CPC 2015).

Algumas observações sobre o tema:

 Para que a decisão estrangeira seja homologada no Brasil, é preciso que ela seja
definitiva (não pode estar pendente de recurso) (§ 1º do art. 961 do CPC 2015);
 Uma decisão que no estrangeiro não é considerada judicial, ou seja, uma decisão que
no estrangeiro não foi proferida pelo Poder Judiciário no exercício de sua função típica,
pode, mesmo assim, ser homologada no Brasil se aqui, em nosso país, ela for
considerada decisão judicial. É o que prevê o § 1º do art. 961 do CPC 2015: “É passível
de homologação (…) a decisão não judicial que, pela lei brasileira, teria natureza
jurisdicional.”;
 A decisão estrangeira poderá ser homologada parcialmente (§ 2º do art. 961);
 A autoridade judiciária brasileira poderá deferir pedidos de urgência e realizar atos de
execução provisória no processo de homologação de decisão estrangeira (§ 3º do art.
961).
 Haverá homologação de decisão estrangeira para fins de execução fiscal quando
prevista em tratado ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade
brasileira (§ 4º do art. 961).

A sentença estrangeira de divórcio consensual, para produzir efeitos no Brasil,


precisa de homologação pelo STJ? NÃO. A sentença estrangeira de divórcio consensual
produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo STJ (§ 5º do art. 961
do CPC 2015). No caso de sentença estrangeira de divórcio consensual o próprio juiz
possui competência para examinar a validade da decisão, em caráter principal ou
incidental, quando essa questão for suscitada em processo de sua competência (§ 6º
do art. 961).

Peculiaridades envolvendo decisão estrangeira concessiva de medida de urgência

 É passível de execução a decisão estrangeira concessiva de medida de urgência (art.


962).
 A execução no Brasil de decisão interlocutória estrangeira concessiva de medida
de urgência é feita por meio de carta rogatória.
 A medida de urgência concedida sem audiência do réu poderá ser executada, desde
que garantido o contraditório em momento posterior.
 O juízo sobre a urgência da medida compete exclusivamente à autoridade jurisdicional
prolatora da decisão estrangeira. Em outras palavras, não cabe à autoridade
jurisdicional brasileira reavaliar a presença ou não da urgência.
 Vimos acima que, em alguns casos pode ser dispensada a homologação para que a
sentença estrangeira produza efeitos no Brasil. Nesta situação, a decisão concessiva de
medida de urgência dependerá, para produzir efeitos, de ter sua validade expressamente
reconhecida pelo juiz competente para dar-lhe cumprimento, dispensada a
homologação pelo STJ.

Uma decisão eclesiástica da Santa Sé pode ser considerada “sentença estrangeira”?


SIM. As sentenças eclesiásticas que tratem sobre matrimônio e que forem
confirmadas pelo órgão superior de controle da Santa Sé podem ser consideradas
sentenças estrangeiras, conforme prevê o § 1º do art. 12 do Decreto federal nº
7.107/2010 (que homologou o acordo firmado entre o Brasil e a Santa Sé, relativo ao
Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, aprovado pelo Decreto Legislativo n.
698/2009). Confira: Artigo 12 (…) § 1º A homologação das sentenças eclesiásticas em
matéria matrimonial, confirmadas pelo órgão de controle superior da Santa Sé, será
efetuada nos termos da legislação brasileira sobre homologação de sentenças
estrangeiras.

O Estado brasileiro é laico, ou seja, não tem uma religião oficial. Com base nisso,
indaga-se: esse dispositivo é compatível com a CF/88? SIM. Isso porque ele apenas
prevê que, em matéria matrimonial, a homologação de sentenças eclesiásticas,
confirmadas pelo órgão de controle superior da Santa Sé será realizada de acordo com a
legislação brasileira.

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