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COMARCA DE xxxxxxxxxx/uf
em face BANCO BRADESCO S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
60.746.948/9704-05, situada na Cidade de Deus, s/n, Vila Yara, Osasco – SP. CEP: 06029-900,
pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
PRELIMINARMENTE
DA TUTELA ANTECIPADA
Por oportuno, Requer ao douto juízo o DEFERIMENTO DA MEDIDA LIMINAR, pois se acham
induvidosamente demonstrados o fumus boni iuris e o periculum in mora a seguir narrados e
comprovados, bem como a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, a teor do art. 6º do Código de
Defesa do Consumidor, considerando a “exposição” da Demandante às práticas contrarias ao
CDC e por ser visivelmente vulnerável o consumidor nas relações consumeristas, devendo,
portanto, a Empresa demandada ter a incumbência de produzir provas contrarias às alegações
iniciais do Autor.
DA CURADORIA
Ressalta-se que a Autor é pessoa idosa, com problemas de saúde, torna impossível o seu
deslocamento à diligências e outros feitos itinerantes, razão pela qual requer a nomeação de
seu filho, CICLANO DE TAL, portador da carteira de identidade nº _______, inscrito no CPF sob
o nº _____________, residente e domiciliado na Rua_____________________, Barueri – SP.
CEP: _____________, como curador, para possibilitar o ajuizamento da presente ação.
1) DOS FATOS:
Ocorre que, em decorrência de uma parada cardíaca, em 10/09/2016, o Sr. _________o veio a
falecer, deixando dois filhos maiores. Conforme Certidão de Óbito anexa.
No mesmo período, a Requerente comunicou ao INSS o falecimento de seu marido, para que
fosse cessado o recebimento, requerendo por conseguinte, o fim dos descontos referente
àqueles empréstimos.
Todavia Excelência, para a infeliz surpresa da Autora, o banco Réu, iniciou ostensiva cobrança
dos valores consignados mediante ligações diárias, inclusive com notificações de inserção do
nome de falecido marido em CADASTRO DE DEVEDORES, pelo débito de R$ 1.758,96(hum mil
setecentos e cinquenta e oito reais e noventa e seis centavos). Conforme documentação
anexa.
Fosse assim, estar-se-ia abrindo portas para inúmeras modalidades fraudulentas. O que
evidentemente, se quer evitar a vista do colapso enfrentado pela Previdência Social do Brasil.
De outra sorte, de acordo com o Art. 16 da Lei Federal 1.046/50, JAMAIS o Banco Réu poderia
exigir a eficácia do empréstimo. Tão pouco, permear as cobranças em face do morto ou de
seus herdeiros, pois que, com o falecimento do consignante fica extinta a dívida.
2) DO DIREITO:
Inicialmente, cumpre destacar que a relação jurídica lassada é nitidamente de consumo, pois
presentes os pressupostos dos Arts. 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Dos produtos que a instituição financeira comercializa - o dinheiro - tem especial relevância
enquanto bem juridicamente consumível, como o são as demais mercadorias em geral.
Quanto à natureza dos serviços prestados pelo requerido na situação em exame, o legislador
foi exato ao incluir como objeto da relação de consumo a expressão "natureza bancária" ao
conceituar serviço no § 2º, do Art. 3º, do CDC.
Assim sendo, as irregularidades apontadas deverão ser consideradas sob a ótica do Código de
Defesa do Consumidor, a fim de que se dê a efetiva e adequada tutela que se faz merecedora a
Requerente em razão do polo em que ocupa na relação jurídica sub judice, sendo-lhe devidos
todos os direitos e garantias de ordem material e processual propiciados pelo Código de
Defesa do Consumidor.
Conforme demonstrado acima, o Réu pisoteia nos direitos dos Autores e de suas famílias. Os
trata, verdadeiramente, como se não existissem, de modo a ignorá-los, uma vez após a outra.
Temos que, os contratos firmados, do primeiro ao último, revelam estrita ligação com
consignante falecido. Portanto, a vitalidade e o usufruto do consignado pelo beneficiário é
condição sine qua non para a validade do negócio jurídico.
Dessa forma, com a morte do consignante, POR ÓBVIO, o benefício é interrompido, não
havendo razão para perpetuar a contrato em consignação. Seria temerário e arriscado para a
própria manutenção da ordem econômica, aceitar tal retrogresso.
Corrobora para esse entendimento a melhor Jurisprudência, vejamos:
Ação declaratória c.c. indenização por danos materiais e morais contrato de empréstimo
consignado em proventos de aposentadoria - extinção da divida do consignado pela morte do
mutuário com a conseqüente devolução de valores descontados após o falecimento -
aplicação do art. 16 da Lei nº 1046/50 - indevida repetição em dobro do indébito, porquanto
não comprovada mã-fé do réu - inadmis s ive1 envio do nome do contratante aos cadastros de
inadimplentes dos órgãos de proteção ao crédito após o óbito - cabível indenização por danos
morais demanda parcialmente procedente improvido o recurso da instituição financeira -
provimento parcial ao dos autores. (TJ-SP - Apelação APL 00243146520118260344 SP
0024314-65.2011.8.26.0344). (grifo nosso).
Veja que não há base legal que permita a cobrança perpétua de valores derivados de
empréstimos consignados em folha de pagamento, muito menos em se tratando de benefício
da Previdência Social. Ainda mais quando o beneficiário não vive mais, para gozar da
remuneração.
Nessa esteia, existe Lei Federal que regula esse tipo de contrato, qual seja a Lei 1.046/50.
Especialmente o que determina seu Art. 16. Senão vejamos:
Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a dívida do empréstimo feito
mediante simples garantia da consignação em folha.
Contudo, há quem diga – principalmente as instituições financeiras – que a referida Lei foi
revogada, pois existem – hoje – leis que regulamentam os empréstimos consignados,
porquanto não prevê a referida extinção quando da morte do consignante.
Todavia, tal fundamento não merece prosperar. Esclarecemos:
No que tange a Lei de 1950, no máximo ela foi derrogada, devendo seguir a sua interpretação,
não literal, mas sim teleológica. Isto é, em que pese existirem leis e decretos posteriores que
vigem sobre o empréstimos consignados, todas não preveem o fator morte, em seus textos.
Sendo assim, deve ser adotado a melhor técnica hermenêutica. Tutelando o direito do morto e
da sua família, fundamentando a situação fática pelo Art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução ao
Código Civil, porquanto esta passou a disciplinar o regime administrativo dos servidores
públicos da União, suas autarquias e fundações públicas, prevendo, em seu Art. 45, o princípio
matriz do regime consignatório.
Dessa forma, há de ser aplicado o sentido teleológico da lei derrogada, de modo a respeitar a
seguinte lógica: questiona-se - como a obrigação poderá permanecer sob a responsabilidade
da fonte pagadora, se está já não existe mais?
Assim, o art. 16 da Lei 1046/50 ('Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a dívida
do empréstimo feito mediante simples garantia da consignação em folha') está derrogado pelo
art. 45 da Lei nº 8.112/90, que deixou de prever a hipótese mencionada, e previu
expressamente que a forma em que se dará a consignação em folha de pagamento será
regrada por regulamento específico, no caso, atualmente, o Decreto nº 6.386/2008. Como se
percebe, Lei nº 8.112/90 e o Decreto nº 6.386/08 (que rege os empréstimos consignados dos
servidores federais) não contêm previsão semelhante à do art. 16 da Lei nº 1.046/50,
inexistindo amparo legal à pretensão da parte embargante. Ainda que assim não fosse, o art.
16 da Lei nº 1.046/50 não deve ser interpretado somente em seu sentido gramatical, mas no
sentido teleológico, de que ficará extinta a consignação, mas não a obrigação, sob pena de
ofensa ao princípio da propriedade privada e enriquecimento ilícito. (REsp. 1.672.121 - SC.
Min. Regina Helena Costa – 2017/0112548-6). (grifo nosso).
Veja que, não foram poucas as vezes na tentativa da viúva e de seus filhos em solucionar o
impasse. Notável portanto, a pretensão resistida por todos os recurso disponíveis, conforme
colaciona inúmeros protocolos de reclamação.
Não bastasse o latejante infortúnio das cobranças indevidas – pasmem – agora, o Banco Réu
NEGATIVOU O NOME do Sr. FALECIDO.
A NEGATIVAÇÃO INDEVIDA, portanto, é ATO abusivo, contrário à boa-fé objetiva, violador das
normas estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor e inquinado pelo dolo do
fornecedor, vício que caracteriza o dano moral IN RE IPSA.
A conduta, positiva ou omissiva, de alguém capaz de causar dano moral é aquele lesivo aos
direitos da personalidade, que viole a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem,
produzindo sofrimento, dor, humilhação ou abalo psíquico à pessoa. Esse é o norte dos
basilares entendimentos jurisprudenciais:
Perante os fatos narrados, verifica-se a pior prática ilícita de um credor. Ou seja, a infundada
atitude de cadastrar o nome de um inocente junto aos órgãos de proteção ao crédito.
A questão de fato não oferece maiores controvérsias, não houve qualquer contribuição para o
consignante em vida, nem em morte para o evento danoso. E por outro lado, resta
comprovado a negligência e o descontrole da Requerida, ao permitir que indevidamente fosse
levado à inscrição do seu nome aos órgãos de proteção ao crédito. Gerando assim, a obrigação
de indenizar o dano moral daí advindo.
Do todo exposto, patente é o dano causado à Autora e sua família, por ato negligente do
Banco Réu, portanto configurador do ato ilícito, conforme disposição do Art. 186 do Novo
Código Civil, resta indubitável a obrigação de reparar, consoante o Art. 927 do mesmo diploma
legal.
Assim, o referido valor deve garantir à parte lesada, reparação que lhe compense o
sofrimento, bem como cause impacto suficiente para desestimular a reiteração do ato por
aquele que realizou a conduta reprovável.
Em atenção aos critérios acima referidos, em especial ao porte econômico elevado do Banco
Réu, a natureza do ato perpetrado e o evidente descaso da mesma quando da NEGATIVAÇÃO
EM CADASTRO DE DEVEDORES, e acerca dos erros cometidos, sugere-se a fixação dos danos
morais no valor de R$ 11.244,00 (onze mil duzentos e quarenta e quatro reais), equivalentes a
12 salários-mínimos.
No tocante ao requisito do fumus boni iuris ressoa configurada a sua existência, visto que a
maioria dos doutrinadores o qualificam como a provável existência de um direto a ser
tutelado, o que em consonância com as razões inseridas no bojo desta peça exordial,
encontra-se sobejamente configurado. Fortalecendo a fumaça do bom direito destacamos a
concreta coerência do direito dos Requerentes, especialmente considerando que o nome do
seu patriarca marido está NEGATIVADO. E CONTINUA SOFRENDO COM AS MASSACRANTES
COBRANÇAS DO SUPOSTO DÉBITO.
Quanto ao perigo de dano irreparável não é menos fácil uma objetiva constatação: se não
obtém desde logo a liminar, verá a Autora, diante de si o agravamento do seu quadro de
saúde. Ademais, ficou registrado alhures, que a 1ª Requerente é pessoa idosa, e com a saúde
debilitada.
De outro lado, a saúde psíquica da idosa vem perecendo drasticamente, diante das incisivas
cobranças, e pela permanência da negativação do de cujus, o que torna o seu luto ETERNO.
Aliás, corre-se o risco até mesmo de perecimento de seu direito patrimonial, tendo em vista
possíveis ações constritivas por parte do Banco. Por conseguinte, o deferimento desta liminar
é medida salutar ao engrandecimento dos Direito Individuais da Dignidade Humana.
Inicialmente foram explicitados os abusos praticados pelo Banco Réu, não deixando alternativa
à Requerente a não ser procurar as medidas judiciais cabíveis, na tentativa do cancelamento
contratual, pois, se não obtiver a guarida do judiciário, continuará sofrendo as mesmas
cobranças, que impactam diretamente na sua saúde.
Do Fumus Boni Iuris e do Periculum in Mora.
O presente caso tem perfeitamente configurado todos os requisitos do Art. 298 e Art. 300 do
NCPC, haja vista, o episódio em tela, tratar-se de contrato de empréstimo consignado em folha
de pagamento do beneficiário jaz falecido.
O FUMUS BONI JURIS no caso vertente, não está consubstanciada exclusivamente na pronta
compreensão de sua certeza jurídica, mas sim, vinculado fundamentalmente à plausividade de
sua arguição e da inutilidade de sua concretização tardia.
Seja declarada a inexigibilidade de todos os débito referente ao contrato, desde a data do seu
falecimento, qual seja 10/09/2016, fazendo cessar toda e qualquer cobrança, sob pena de
multa diária a ser arbitrada por este Juízo;
Seja retirado o nome do Sr. FALECIDO dos Órgão de Proteção ao Crédito, sob pena de multa
diária a ser arbitrada por esse Juízo.
Para tanto, requer de Vossa Excelência, que se digne a determinar a expedição de INTIMAÇÃO
do Réu, ou por outro meio que entender mais eficaz.
3) DOS PEDIDOS:
Outrossim, requer:
IV - A nomeação, como curador de lide, o filho da Autora, CICLANO DE TAL, cuja documentação
segue anexa, tendo em vista à impossibilidade de comparecimento pessoal da Autora idosa;
V - O prazo de 10 (dez) dez dias para a juntada do intrumento de procuração da parte Autora.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Nome do advogado
Oab/uf n°xxx