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DOI: 10.1590/1413-81232015204.

09562014 1119

A dinâmica familiar no processo de luto:

revisão review
revisão sistemática da literatura

Family dynamics during the grieving process:


a systematic literature review

Mayra Delalibera 1
Joana Presa 2
Alexandra Coelho 2
António Barbosa 2
Maria Helena Pereira Franco 3

Abstract The loss of a loved one can affect family Resumo A perda de um ente querido pode in-
dynamics by changing the family system and cre- fluenciar a dinâmica de uma família, uma vez que
ating the need for family members to reorganize. o sistema familiar é alterado e os seus membros
Good family functioning, which is characterized são obrigados a se reorganizar. Um bom funcio-
by open communication, expression of feelings namento familiar, com abertura para a comuni-
and thoughts and cohesion among family mem- cação e expressão de sentimentos e pensamentos,
bers, facilitates adaptive adjustment to the loss. e a coesão entre os seus membros pode colaborar
This study conducted a systematic review of the para um processo de ajustamento adaptativo à
literature on family dynamics during the grieving situação de perda. O presente estudo teve como
process. A search was conducted in the EBSCO, objetivo realizar uma revisão sistemática da lite-
Web of Knowledge and Bireme databases for sci- ratura sobre a dinâmica familiar no processo de
entific articles published from January 1980 to luto. Foi realizada uma busca de artigos científicos
June 2013. Of the 389 articles found, only 15 met publicados de janeiro de 1980 a junho de 2013,
all the inclusion criteria. The selected studies pro- nas bases de dados da EBSCO, Web of Knowled-
vided evidence that dysfunctional families exhibit ge e Bireme. Dos 389 artigos encontrados, apenas
more psychopathological symptoms, more psycho- 15 cumpriram todos os critérios de inclusão. Os
social morbidity, poorer social functioning, great- estudos selecionados apresentaram evidências de
er difficulty accessing community resources, lower que as famílias disfuncionais manifestam maior
functional capacity at work, and a more compli- sintomatologia psicopatológica, maior morbidade
cated grieving process. Family conflicts were also psicossocial, pior funcionamento social, dificul-
1
Instituto Superior de
Psicologia Aplicada. R. emphasized as contributing to the development of dade para recorrer aos recursos da comunidade,
Jardim do Tabaco 34, a complicated grieving process, while cohesion, ex- menor capacidade funcional no trabalho, e um
Centro. 1149-041 Lisboa pression of affection and good communication in processo de luto mais complicado. Os conflitos
Estremadura Portugal.
mayrarmani@yahoo.com.br families are believed to mitigate grief symptoms. familiares também foram destacados como um
2
Núcleo Académico de Key words Family dynamics, Family function- fator que pode contribuir para o desenvolvimen-
Estudos e Intervenção sobre ing, Grief, Systematic review to de um luto complicado, assim como a coesão,
o Luto, Centro de Bioética
da Faculdade de Medicina, a expressão de afeto e uma boa comunicação nas
Universidade de Lisboa. famílias podem ser considerados como atenuantes
3
Laboratório de Estudos e nos sintomas de luto.
Intervenção sobre o Luto,
Pontifícia Universidade Palavras-chave Dinâmica familiar, Funciona-
Católica de São Paulo. mento familiar, Luto, Revisão sistemática
1120
Delalibera M et al.

Introdução base nestas dimensões (coesão, nível de conflito e


expressividade). As tipologias funcionais, que são
Cuidar de um familiar com uma doença grave e compostas pelas famílias apoiadoras e as famílias
progressiva é muitas vezes estressante, gerador de solucionadoras de conflitos; as famílias interme-
angústia e pode acarretar alterações na dinâmica diárias; e as famílias disfuncionais, compostas
familiar, já que, na maioria das vezes, toda a fa- pelas famílias mal-humoradas e hostis.
mília está direta ou indiretamente envolvida no As famílias apoiadoras são descritas como
processo de cuidar, no apoio instrumental e/ou tendo alta coesão, e não relatam conflitos. As fa-
emocional1. mílias solucionadoras de conflitos apresentam
De acordo com Kramer et al.2, pouca inves- alta coesão e um nível moderado de conflitos9.
tigação tem sido feita sobre como o conflito fa- Estas famílias, funcionais, toleram as diferenças
miliar e as experiências de prestação de cuidados de opinião entre os seus membros, lidam com
no final de vida podem influenciar o processo de os conflitos de maneira construtiva por meio de
luto dos familiares cuidadores. O luto – reação uma comunicação eficaz e apresentam baixos
natural e esperada à perda de um ente querido – é níveis de morbidade psicossocial14. As famílias
vivido tanto individualmente como no contexto intermediárias manifestam coesão moderada en-
familiar, e uma perda pode influenciar o funcio- tre os seus membros e baixo nível de conflitos,
namento e a dinâmica de uma família, uma vez estão mais propensas à morbidade psicossocial e
que, a família vista como um sistema integra- seu funcionamento tende a deteriorar-se quando
do de relações é alterada para sempre e os seus exposta a pressão de uma perda e do luto9,14.
membros são obrigados a se reorganizar3. As famílias mal-humoradas apresentam coe-
Portanto, pode haver características do sis- são moderada, um nível moderado de conflitos,
tema familiar a afetar o processo de luto, assim e a falta de desejo de ajuda é notável entre os seus
como cada indivíduo difere na expressão do seu membros. As famílias hostis são definidas como
próprio luto4. A vivência do luto pode ser poten- tendo um baixo nível de coesão, de expressivida-
cializada ou prejudicada de acordo com a abertu- de, de sentimentos e pensamentos, alto nível de
ra para a comunicação e o nível de coesão entre conflitos entre os seus familiares, e tendem a re-
os membros da família5, por isso, um bom fun- jeitar ajuda de outras pessoas. Essas famílias dis-
cionamento familiar durante a fase de prestação funcionais têm altas taxas de morbidade psicos-
de cuidados ao doente e principalmente no luto social, incluindo depressão9,14. Estudos relatam
é importante para o bem-estar psicológico dos que altos níveis de morbidade psicossocial estão
seus membros. positivamente relacionados com pior funciona-
Quando a família apresenta um bom funcio- mento familiar11,14.
namento, o apoio mútuo aos seus membros co- A tipologia do funcionamento familiar pode
labora para um processo de ajustamento adapta- influenciar a maneira como os seus membros
tivo à situação de perda. A liberdade de comuni- vivenciam e experienciam o processo de luto e
cação e expressão de sentimentos e pensamentos, vice-versa. O ambiente familiar pode contribuir
a coesão familiar e a resolução construtiva das decisivamente para a morbidade psicossocial,
diferenças de opinião são os principais requisitos como por exemplo, com sintomatologia depres-
para uma família funcional enfrentar situações de siva, ansiosa e abuso de álcool, que pode ser an-
vida estressantes, pois quando o funcionamento terior à perda e se estender posteriormente no
familiar é mais limitado os seus membros apre- período de luto6,9.
sentam maiores dificuldades para se adaptar6. Estudos que correlacionam a dinâmica fami-
Alguns estudos têm sido realizados nesta liar e o luto referem principalmente que as famí-
área2,7-12, com o intuito de se compreender melhor lias classificadas como disfuncionais e intermedi-
o funcionamento familiar e as possíveis alterações árias são as que apresentam maior risco e mani-
após a perda de um ente querido. Em 1981, Moss festam níveis significativamente mais elevados de
e Moss13 desenvolveram a Family Relationships sintomas depressivos e de morbidade psicológica.
Index (FRI) – subescala da Family Environment Também são as que apresentam pior ajustamento
Scale (FES) – instrumento que avalia a dinâmica social global, no trabalho, nas atividades sociais
familiar a partir de três dimensões: coesão entre e de lazer, e pouco ou nenhum apoio social6,10,11.
os membros da família, nível de conflito e ex- Os conflitos familiares também são um fator
pressividade de pensamentos e sentimentos. De agravante para a não resolução do luto10. As fa-
acordo com Kissane et al.9,10 é possível estabelecer mílias com maiores níveis de conflitos são as que
cinco tipologias de funcionamento familiar com apresentam pior funcionamento familiar15,16, e
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Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


um histórico de conflitos na família é um forte
preditor de conflitos familiares no fim de vida17.
Não são muitos os estudos que relacionam a Artigos
potencialmente
dinâmica familiar e o processo de luto, portanto, relevantes
a presente revisão sistemática da literatura pre- 3 artigos selecionados por
tendeu agrupar e sintetizar os estudos relaciona- EBSCO: 260 pesquisa manual
Web of
dos a esta área, assim como verificar os instru- knowledge: 34
mentos mais utilizados para avaliar a dinâmica Bireme: 92
familiar e o processo de luto.

O presente estudo teve como objetivo realizar
uma revisão sistemática da literatura sobre a in- Total de artigos
encontrados
fluência da dinâmica familiar no processo de luto


de familiares adultos. N = 389
118 artigos duplicados


Método Total de artigos


excluindo os
duplicados
Foi realizada uma ampla busca de artigos científi-
cos, publicados apenas em periódicos científicos, N = 271
231 artigos excluído
de janeiro de 1980 a junho de 2013 nas bases de na primeira leitura



dados da EBSCO (PsycInfo, PsycArticles, Psycho- (título e resumo)
logy and Behaviral Sciences Collection, Acade- Artigos
selecionados para
mic Search Complete), Web of Knowledge (Web leitura completa
of Science e MedLine) e Bireme (Lilacs, IBECS,
MedLine, Biblioteca Cochrane, SciELO). N = 40
Os descritores utilizados para a pesquisa fo- 25 artigos excluídos


ram compostos por grief or bereave* or mour-
Total de artigos
ning, associados (and) com um dos seguintes ter- selecionados
mos: family functioning, family relations, Family
dynamic, dysfunctional families, Family conflict N = 15
e todas as composições foram pesquisadas. Na 

Bireme também foram procurados os mesmos Não empíricos: 7


termos em português (p.ex. funcionamento fa- Participantes não cumprem
os critérios: 13
miliar e luto, relações familiares e luto, etc.). Não avaliam dinâmica
Os critérios de inclusão utilizados foram: ar- familiar: 2
tigos empíricos, publicados em periódicos cien- Avaliação apenas período de
prestação de cuidados: 2
tíficos em inglês, português ou espanhol, que Artigo sem texto completo: 1
avaliassem a dinâmica familiar no período de
luto. Foram excluídos artigos teóricos, de opinião
e comentários, artigos em que a população não Figura 1. Seleção dos artigos incluídos na revisão.
era constituída de familiares adultos e os estudos
que tratavam de perdas perinatais. Não foram in-
cluídas na pesquisa dissertações de mestrado ou
doutorado. Para avaliar a qualidade dos estudos foi uti-
Os artigos encontrados foram avaliados e se- lizado um instrumento de avaliação construído
lecionados de acordo com os critérios de inclu- pelos próprios autores, com critérios baseados
são e exclusão. A seleção inicial dos artigos, por na checklist de critérios de avaliação para artigos
meio da leitura do título e resumo, e a exclusão relativos a estudos observacionais (the STRO-
dos duplicados foi realizada pela autora principal BE statement) publicado por von Elm et al.18.
(MD) (Figura 1). A leitura completa dos artigos O instrumento é composto por 10 questões que
elegidos, a segunda seleção dos artigos e a ava- podem ser pontuadas de 0 a 2, com pontuação
liação da qualidade dos estudos foi realizada por máxima de 20 pontos. A pontuação total é obtida
dois investigadores independentes (MD e JP), e por meio da soma da pontuação dos itens e os
as dúvidas ou divergências foram avaliadas por escores mais elevados indicam maior qualidade
um terceiro investigador (AC). dos estudos.
1122
Delalibera M et al.

Resultados ções participaram pais (casal); em um, apenas as


mães; em outro, pais e filhos; em quatro estudos,
Dos 389 artigos encontrados, 118 eram dupli- os familiares participantes tinham que ter um
cados, 231 foram excluídos na primeira seleção companheiro e pelo menos um filho com mais de
dos estudos por não estarem relacionados com a 12 anos, para que todos pudessem responder aos
questão de investigação, não avaliarem as variá- instrumentos e serem categorizados como uma
veis em questão, não cumprirem os critérios de família; e, finalmente, em um outro estudo, para
inclusão ou não serem artigos empíricos. Qua- serem caracterizados como família, os partici-
renta artigos foram selecionados para a leitura pantes tinham que ser um casal com pelo menos
completa do estudo, mas apenas quinze artigos um filho. O tamanho da amostra variou entre 37
cumpriam todos os critérios de inclusão. e 363 familiares participantes (Quadro 1).
Os motivos para a exclusão dos vinte e cin- Todos os estudos avaliaram a dinâmica fami-
co estudos após a leitura completa dos mesmos liar, sendo que cinco estudos utilizaram mais de
foram: sete artigos não eram estudos empíricos, um instrumento para este fim. Oito dos trabalhos
eram apenas atualizações da literatura; em treze avaliaram o luto por meio de instrumentos espe-
artigos os participantes não cumpriam os crité- cíficos; oito avaliam a sintomatologia psicopato-
rios de inclusão (familiares de sobreviventes de lógica por meio do BSI (Inventário de Sintomas
câncer, crianças ou adolescentes, profissionais de Psicopatológicos); quatro utilizaram instrumentos
saúde); dois dos artigos não avaliaram a variável exclusivos para avaliação da depressão (BDI – In-
dinâmica familiar; em dois artigos os autores re- ventário de Depressão de Beck); dois estudos ava-
alizaram apenas avaliações na fase de prestação liaram ansiedade e depressão por meio do EADS-
de cuidados e não no período de luto; e um dos 21 (Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress); e
artigos não foi possível ter acesso ao texto com- dois artigos avaliaram o funcionamento social
pleto (Figura 1). por meio da SAS (Social Adjustment Scale).
O Quadro 1 apresenta os artigos selecionados Para a avaliação da dinâmica familiar, o ins-
para análise e a pontuação relativa à avaliação da trumento mais utilizado foi o FACES III (Family
qualidade dos estudos. Os artigos relevantes se- Adaptability and Cohesion Evaluation Scale), em
lecionados foram publicados entre 1992 e 2013, seguida o FAD (Family Assessment Device) e o
nove estudos foram realizados nos Estados Uni- FES (Family Environment Scale) completo ou
dos e seis na Austrália. Em relação às fontes de apenas a subescala de relações familiares, a FRI
publicação, foi localizado um artigo em cada um (Family Relationship Index). Também foi utili-
dos seguintes periódicos: Cancer Practice, Pallia- zado o FAM (Family Assessment Measure) e o
tive Medicine, Death Studies, Psycho-Oncolo- Bloom’s Family Scales, para avaliar o funciona-
gy e International Journal of Palliative Nursing. mento familiar e em um dos estudos, foi utilizada
Foram encontrados dois artigos no Journal of a FC-EOL (Family Conflict at the End of Life),
Family Nursing, já no periódico The American que avalia os conflitos familiares (Tabela 1). Para
journal of psychiatry foram encontrados três ar- a avaliação do luto, a maioria dos estudos utili-
tigos e cinco no Omega – Journal of Death and zou BPQ (Bereavement Phenomenology Ques-
Dying. tionnaire) ou o ICG (Inventory of Complicated
Relativamente ao desenho dos estudos, sete Grief), mas o TRIG (Texas Revised Inventory of
eram transversais e oito longitudinais, sendo es- Grief), o CBI - Core Bereavement Inventory e o
tes últimos constituídos por até três momentos GEI - Grief Experience Inventory também foram
de avaliação dos participantes, que abrangiam utilizados (Tabela 2).
desde o início do processo de luto até 24 meses Dentre os artigos selecionados foi possível
após o óbito do familiar. Sobre os familiares fale- dividi-los em grupos de acordo com a causa de
cidos, em sete estudos eram pacientes oncológi- morte dos familiares falecidos, para melhor expli-
cos, sendo dois destes crianças; um estudo tratava citar os resultados. O primeiro estudo relevante
de pacientes que foram acompanhados em cuida- encontrado é de Jordan, 199219, e apresenta como
dos paliativos; em cinco estudos a população era resultados que os maridos com maiores índices
constituída por crianças ou adolescentes que fa- de morte súbita na família tinham a tendência a
leceram de morte súbita e/ou violenta; e em dois ser mais insatisfeitos com o funcionamento fami-
trabalhos não foi especificada a causa de morte. liar e os maridos com maiores índices de morte
Com relação aos familiares participantes, num traumática tinham a tendência a ter mulheres e
dos estudos foram selecionados apenas cônjuges; filhos mais insatisfeitos com a família. Já as espo-
em dois, cônjuges e filhos; em cinco investiga- sas que relataram níveis mais elevados de estresse
1123

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


Quadro 1. Artigos selecionados para avaliação.

Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.


Qual

Brintzenhofeszoc, EUA Identificar o Transversal 37 Cônjuges de -FACES IIIa - 48% das famílias 18
Smith, & Zabora risco de luto pacientes que (dinâmica apresentaram um nível
(1999)7 complicado por faleceram com familiar) de funcionamento
meio do estudo câncer -TRIG (luto)b familiar intermédio ou
das relações entre -BSIc adaptado,
o funcionamento (sintomatologia - ansiedade, depressão
familiar, o psicopatológica) e angústia foram
sofrimento positivamente
psicológico e a correlacionadas com as
reação de luto reações de luto,
da família após a - quanto maior o
morte nível de depressão e
ansiedade, maior a
probabilidade do luto
ser complicado,
- quanto mais
disfuncional a família,
mais complicada a
reação ao luto,
- quanto mais
angustiado e
deprimido o cônjuge
sobrevivente, maior
a probabilidade de
desenvolver um luto
complicado.

Drew, Austrália Investigar Transversal 56 pais - EADS- 21d - não houve diferenças 18
Goodenough, a aflição enlutados, (ansiedade, significativas entre os
Maurice, psicológica, divididos em 2 depressão e grupos relativamente
Foreman, Willis funcionamento grupos: filhos stress) ao funcionamento
(2005)20 familiar e luto que fizeram - CBI (luto)e familiar,
complicado transplante - ICG (luto)f - os pais do grupo
de pais cujo e filhos que - FADg de filhos que fizeram
filho morreu não fizeram (dinâmica transplante relataram
de câncer, e em transplante familiar) níveis relativamente
função de se a mais elevados de
criança realizou depressão, ansiedade e
transplante, e o estresse,
local da morte do - pais cujo filho fez
filho transplante e também
morreu no hospital
apresentaram uma
maior probabilidade
de cumprir os critérios
para o luto complicado
do que os pais cujo
filho falecido não tinha
feito transplante.

continua

e maior histórico de perdas apresentavam mais mília e estavam mais relacionadas ao grupo de
sintomas psicológicos, pior satisfação com a fa- casais e famílias que relatavam níveis mais baixos
1124
Delalibera M et al.

Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Gooodenough, Austrália Avaliar o luto Transversal 50 pais (25 mãe, - FAD (din. - sem resultados 18
Drew, Higgins & de longo prazo 25 pais) cujo filho familiar) significativos
Trethewie e os resultados morreu de câncer, - EADS- 21 com relação ao
(2004)21 psicológicos há pelo menos 1 (ansiedade, funcionamento
em função do ano depressão e familiar,
sexo dos pais e stress) - pais e mães cujo
o local da morte - ICG (luto) filho morreu
do filho: casa vs no hospital
hospital apresentam
maiores resultados
para depressão,
- pais cujo filho
morreu no hospital
revelaram níveis
significativamente
mais elevados
de depressão,
ansiedade e
estresse,
- mães sem
diferenças em
relação ao local
de morte, mas
apresentam mais
sintomas de luto
complicado do que
os pais

continua

de coesão, maior divergência de percepção entre mento de avaliação do estudo foram preditoras
maridos e esposas sobre o funcionamento fami- da classificação no segundo e terceiro momento
liar, e uma organização familiar mais desviante de avaliação (seis e treze meses após o óbito do
das normas da população geral. familiar doente). As famílias classificadas como
Já o estudo mais recente, que também não funcionais (apoiadoras e solucionadoras de con-
especifica a causa de morte dos familiares dos flitos) apresentaram uma melhor resolução do
participantes, encontrou como resultados que luto, ajustamentos mais adaptativos, e utilizaram
as famílias que eram mais coesas, com maior mais estratégias de coping. As famílias mal-hu-
expressão de afeto e melhor comunicação entre moradas apresentaram um processo de luto mais
seus membros logo após a perda, foram as famí- intenso e maior morbidade psicossocial (maior
lias que apresentaram menos sintomas de luto risco de depressão), porém fizeram mais uso da
seis meses depois da perda, ou seja, um processo religião, do apoio social, e dos recursos da co-
de luto menos intenso12. munidade. As famílias hostis e mal-humoradas
Nos artigos em que os pacientes faleceram apresentaram um pior ajustamento social, pior
devido à doença oncológica ou foram acompa- funcionamento social e global, e também eram
nhados em cuidados paliativos estão inseridos os menos funcionais no trabalho. As famílias hostis
estudos de Kissane et al.9,10, que realizaram uma relataram pouco ou nenhum suporte social.
triagem e classificação das famílias de acordo com No estudo de Brintzenhofeszoc et al.7 quaren-
a tipologia já descrita acima. Este estudo longitu- ta e oito por cento das familias apresentaram um
dinal, publicado em dois artigos na mesma edi- nível de funcionamento familiar intermediário
ção de uma revista, revela que a classificação das ou adaptado, porém quanto mais disfuncionais
tipologias familiares realizadas no primeiro mo- as famílias, mais complicada pode ser a reação
1125

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Jordan EUA Examinar a Transversal 24 famílias - FILE (estressores - os maridos com maiores 18
(1992)19 relação entre enlutadas (3 na história da índices de morte súbita
o estresse pessoas em família)h na família tendiam a ser
acumulado, o cada família) - FHQ mais insatisfeitos com o
histórico de (informações funcionamento da família,
perdas de quatro sobre as mortes na - os maridos com maiores
gerações de uma família)i índices de morte traumática
família e o atual - FIF (dados tendiam a ter mulheres e
funcionamento socioeconômicos)j filhos mais insatisfeitos com
familiar de seus - BSI a família,
membros (sintomatologia - as mulheres que relataram
psicopatológica) níveis mais elevados de
- FACES III estresse e maior histórico de
(din. familiar) perdas tendiam a pertencer
aos casais e famílias que
relatavam níveis mais
baixos de coesão, maior
divergência de percepções
entre maridos e esposas
sobre o funcionamento da
família, e uma organização
familiar mais desviante das
normas da população geral,
- o maior nível de estresse
e histórico de perdas
nas esposas foi um pior
preditor de satisfação com a
família e estava relacionado
com mais sintomas
psicológicos,
- melhor preditor de
funcionamento familiar
atual é o histórico das
esposas de estressores e
perdas anteriores, e não os
estressores atuais.
continua

à perda de um ente querido, e quanto mais sin- angústia e pior ajustamento social; e as famílias
tomatologia ansiosa e depressiva apresentar o mal-humoradas apresentaram níveis mais eleva-
cônjuge sobrevivente, maior a probabilidade do dos de raiva, maior pontuação na subescala de
mesmo desenvolver um luto complicado. psicoticismo e ideação paranoide.
Kissane et al., no estudo realizado em 200311, Na investigação desenvolvida em 2006, Kis-
ao avaliar a morbidade psicossocial de famílias sane et al.14 realizaram um estudo randomizado
enlutadas, referiu que as famílias disfuncionais e controlado de intervenção em terapia de luto
apresentaram pior funcionamento social, global, focada na família, em que o grupo experimental
doméstico e no lazer, maior morbidade psicosso- foi submetido à intervenção terapêutica e ambos
cial e também relataram piores relacionamentos os grupos foram avaliados em três momentos,
com os seus filhos. As famílias hostis apresenta- antes do início da terapia, logo após a perda de
ram mais membros deprimidos, ansiosos e ob- um ente querido, seis e treze meses após o óbito
sessivos do que os outros grupos, maior nível de do familiar. Neste estudo, os autores concluíram
1126
Delalibera M et al.

Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Kissane, Bloch, Austrália Identificar Longitudinal 269 familiares -FES (dinâmica Famílias classificadas 14
Dowe, Snyder, padrões de 3 avaliações: de pacientes familiar)k em 5 tipologias:
Onghena, funcionamento T1- 6 semanas oncológicos, o -FACES III (din. famílias apoiadoras,
McKenzie, & familiar em T2 - 6 meses e familiar tinha familiar) famílias solucionadoras
Wallace familiares T3 - 13 meses que ter um - BDI (depressão)l de conflitos, famílias
(1996)9 adultos após a após o óbito companheiro - BSI intermédias, famílias
morte de um e pelo menos 1 (sintomatologia mal-humoradas e
pai filho com mais psicopatológica) famílias hostis.
de 12 anos - BPQ (luto)m
- tipologias familiares
no T1 foram preditoras
da classificação no T2
e T3,
- filhos foram
classificados como
mais hostis do que os
cônjuges.

Kissane, Bloch, Austrália Descrever a Longitudinal 269 familiares - BPQ (luto) - luto mais intenso 16
Onghena, intensidade 3 avaliações: de pacientes - BDI (depressão) e maior morbidade
McKenzie, do luto, a T1- 6 semanas oncológicos, o - BSI psicossocial são
Snyder, & Dowe morbidade T2 - 6 meses e familiar tinha (sintomatologia mais encontrados
(1996b)10 psicossocial e T3 - 13 meses que ter um psicopatológica) nas famílias mal-
os padrões de após o óbito companheiro -SASn humoradas, hostis e
enfrentamento e pelo menos 1 (funcionamento intermediárias,
nos membros filho com mais social) - famílias mal-
das famílias de de 12 anos FES (dinâmica humoradas apresentam
acordo com a familiar) luto mais intenso e
tipologia de -FACES III maior morbidade
funcionamento (dinâmica psicossocial, porém
familiar Familiar) fizeram mais uso da
- Family Crisis religião, do apoio
Oriented Personal social, e dos recursos da
Evaluation Scales comunidade,
(coping familiar) - famílias com bom
funcionamento
(apoiadoras e
solucionadoras de
conflito) apresentam
luto melhor resolvido,
ajustamentos mais
adaptativos e utilizam
mais estratégias de
coping,
- famílias hostis e
mal-humoradas têm
pior ajustamento social,
são menos funcionais
no trabalho e tem pior
funcionamento social e
global,
-famílias hostis têm
menos suporte social.

continua
1127

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Kissane, Austrália Verificar Transversal 363 familiares - FRI (dinâmica - maior morbidade 16
McKenzie, se altos (81 famílias) familiar)o psicossocial nas famílias
McKenzie, níveis de de pacientes - FAD (dinâmica mais disfuncionais,
Forbes, O’Neill, morbidade em cuidados familiar) - famílias hostis apresentam
& Bloch psicossocial paliativos - BDI (depressão) mais membros deprimidos,
(2003)11 estão domiciliário, -BSI ansiosos e obsessivos do
associados o familiar (sintomatologia que os outros grupos, maior
com a piora tinha que psicopatológica) nível de angústia e pior
da disfunção ter um - SAS ajustamento social,
familiar companheiro (funcionamento - famílias mal-humoradas
e pelo menos social) apresentam maior
1 filho com pontuação na subescalas
mais de 12 de psicoticismo e ideação
anos paranoide,
- famílias mais disfuncionais
têm pior funcionamento
social, global, doméstico e
no lazer.

Kissane, Austrália Avaliar os Longitudinal, 362 familiares - FRI (dinâmica - funcionamento familiar 17
McKenzie, efeitos da 3 avaliações, (81 famílias) familiar) global não se alterou, porém
Bloch, terapia do T1 - início de pacientes - FAD (dinâmica as famílias mal-humoradas
Moskowitz, luto focada da terapia de que morrem familiar) e intermediárias tendem a
McKenzie, & na família luto focada na de câncer - BSI melhorar no geral,
O’Neill para reduzir família 2 grupos: (sintomatologia - depressão não foi alterada
(2006)14 os efeitos T2- 6 meses - Grupo psicopatológica) nas famílias hostis,
mórbidos após a morte experimental -BDI (depressão) - famílias com
do luto entre do doente (terapia): -SAS funcionamento
famílias em T3 – 13 meses 53 famílias (funcionamento intermediário do grupo
situação após a morte - Grupo social) experimental tiveram uma
de risco do doente controle: 28 -BPQ (luto) redução, significativamente
psicossocial famílias maior no nível de conflitos
do que as famílias
intermediárias do grupo
controle aos 6 meses após a
perda,
- famílias hostis do grupo
experimental deterioram
significativamente mais do
que as famílias hostis do
grupo controle ao longo dos
13 meses de luto,
- impacto global da terapia
foi modesta, com uma
redução da angústia aos 13
meses,
- indivíduos com altos
escores de angústia e
depressão na avaliação de
base tiveram uma melhoria
significativa nestes índices
após a terapia.

continua
1128
Delalibera M et al.

Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Kramer, EUA Analisar os Transversal 152 familiares - ICG (luto) - as famílias com baixo nível 16
Kavanaugh, preditores (cônjuges - FC-EOLp de conflito anterior a doença
Trentham- de sintomas e filhos) de (conflito familiar) e maior nível de conflito
Dietz, Walsh, do luto pacientes que - questões no fim de vida do doente
& Yonker complicado faleceram elaboradas pelos apresentaram mais sintomas
(2010)2 enfocando com câncer de autores para de luto complicado,
o papel do pulmão avaliar a qualidade - familiares com dificuldade
conflito dos cuidados e em aceitar a doença e maior
familiar, necessidades do medo da morte do doente
as tensões doente apresentaram maiores riscos
intrapsíquicas, de luto complicado,
e o efeito - baixa qualidade dos
moderador da cuidados prestados ao
qualidade da doente e família foi associada
assistência nos a níveis mais elevados de
hospice luto complicado.

Lohan & EUA Comparar a Longitudinal, 135 pais de - FACES III (din. - não houve diferenças no 17
Murphy percepção do 3 avaliações: adolescentes familiar) funcionamento familiar
(2002)22 funcionamento - 2 a 7 meses ou adultos quando comparado com a
familiar após o óbito, jovens que causa da morte,
em famílias - 12 meses faleceram de - apenas as pontuações
enlutadas de após o óbito morte súbita e de adaptabilidade no
acordo com o -24 meses violenta, com início do estudo foram
tipo de morte após o óbito pelo menos 1 significativamente maiores
violenta e filho vivo para os pais cujos filhos
comparar a morreram por suicídio,
percepção do - as mães apresentaram
funcionamento escores mais altos na
familiar dos dimensão adaptabilidade do
pais com base que os pais,
na função - mães e pais enlutados
parental classificaram as suas famílias
como mais flexíveis do que a
população em geral,
- pais avaliaram suas famílias
como menos próximas do
que a população em geral.

continua

que a terapia de luto focada na família apresen- -humoradas, que apresentaram melhores resul-
tou um potencial para reduzir as complicações tados após a intervenção terapêutica. As famílias
do luto e do luto patológico, e que, ao longo dos intermediárias do grupo experimental apresen-
13 meses, houve maior redução do distress psico- taram redução significativamente maior no nível
lógico em geral, avaliado por meio do BSI, bem de conflitos do que as famílias intermediárias do
como uma redução significativa na depressão, grupo controle seis meses após a perda. Porém, as
exceto nas famílias hostis do grupo experimental. famílias hostis devem ser alvo de particular aten-
Os indivíduos do grupo experimental com altos ção, pois apresentaram um aumento no nível de
escores de distress e depressão, na primeira ava- conflitos ao longo dos treze meses.
liação apresentaram melhoria significativa nestes O artigo de Kramer et al.2, também com pa-
índices após a intervenção. O benefício foi mais cientes oncológicos, revelou que as famílias que
evidente para as famílias intermediárias e mal apresentam mais conflitos familiares no fim de
1129

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


Quadro 1. continuação
Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.
Qual

Lohan & EUA Avaliar o Longitudinal, 32 casais - FACES III - no T2 (1 ano após a perda) 16
Murphy sofrimento 3 avaliações: cujos filhos (din. familiar) os pais que perderam o filho
(2006)23 mental e T1 – 4 a 7 m adolescentes - BSI por morte súbita apresentam
funcionamento após óbito ou adultos (sintomatologia menor nível de coesão do
familiar de pais T2 – 6 meses jovens psicopatológica) que os pais da população em
que perderam após T1 morreram geral,
o filho por T3 – 18 meses subitamente - as mães apresentaram
morte súbita e após T1 por acidente, pontuações
comparar com suicídio ou significativamente maiores
a população em homicídio do que os pais no índice
geral geral de sintomas no T2 e
no T3
- os pais no T2 apresentaram
uma correlação negativa
significativa entre a
pontuação do índice geral de
sintomas e a coesão

Lohan & EUA Aprofundar o Longitudinal, 30 casais - FACES III - mães participantes 16
Murphy conhecimento 3 avaliações: de pais que (din. familiar) do estudo foram mais
(2006)24 sobre a T1 – 4 meses perderam - BSI classificadas com relação à
relação entre T2 – 12 meses o filho (sintomatologia adaptabilidade como sendo
o sofrimento T3 – 24 meses por morte psicopatológica) caóticas, tanto aos 4 como
mental e o após o óbito traumática / aos 12 meses após a perda do
funcionamento violenta filho; com relação à coesão
familiar em foram mais classificadas
pais que como ligadas e emaranhadas
perderam um aos 4 e aos 12 meses; após
filho por morte a perda a maioria das mães
violenta foi classificadas como
emaranhadas,
- os pais com relação à
adaptabilidade foram mais
classificados aos 4 meses
após a perda como rígidos
ou estruturados, mas
aos 12 meses foram mais
classificados como flexíveis;
com relação à coesão foram
mais classificados como
ligados aos 4 e aos 12 meses
após a perda.

continua

vida do doente mostram mais sintomas de luto apresentaram maiores resultados de depressão;
complicado. pais cujo filho morreu no hospital revelaram ní-
Nos estudos em que os participantes eram veis significativamente mais elevados de depres-
pais de crianças que faleceram com câncer, Drew são, ansiedade e estresse; e as mães apresentaram
et al.20 e Goodenough et al.21 não encontraram mais sintomas de luto complicado. Já no estudo
resultados significativos relativamente ao fun- de Drew et al.20, os pais cujos filhos falecidos reali-
cionamento familiar. Estes autores destacam que zaram transplante de medula óssea apresentaram
pais e mães de filhos que morreram no hospital níveis relativamente mais elevados de depressão,
1130
Delalibera M et al.

Quadro 1. continuação

Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.


Qual

Lohan & EUA Determinar Longitudinal, 86 Mães que - FACES III - não houve diferenças 18
Murphy se havia 3 avaliações: perderam (din. familiar) significativas entre os grupos
(2007)25 diferenças - 2 a 7 meses um filho de mães casadas e o de mães
significativas após a morte, por morte solteiras com relação ao
no - 6 meses após violenta funcionamento familiar
funcionamento 1ª avaliação (entre 12 e 28 - estado civil não pode ser
familiar entre -18 meses anos), com considerado um preditor
mães enlutadas após a 1ª pelo menos 1 do funcionamento familiar,
casadas e avaliação filho vivo e o casamento não pode
solteiras, e se ser considerado um fator
o estado civil de proteção para ajudar as
influencia no famílias a se adaptarem ao
funcionamento enfrentar a morte de uma
familiar ao criança,
longo do -mães solteiras com poucos
tempo. recursos financeiros, não
são necessariamente pobres
em recursos para manter a
adaptabilidade familiar e a
coesão ao longo do tempo.

Nelson & EUA Estudar os Transversal 41 pais e 39 - Bloom’s - famílias desligadas ou 16


Frantz efeitos da irmãos Family Scales conflituosas experimentam
(1996)26 morte de (funcionamento maior distância, enquanto
um filho por familiar), as famílias coesas ou
suicídio X não - Closeness/ expressivas relataram mais
suicídio sobre Distance proximidade,
a dinâmica da Questionnaire - quanto mais conflitos
família. (proximidade familiares, mais distantes os
da relação- pais relatavam sentirem-se
desenvolvido dos filhos sobreviventes,
pelos autores) - irmãos sobreviventes
sentem-se mais perto de seus
pais após a morte, do que
antes,
- não houve diferenças entre
os sobreviventes de suicídio
e os por morte não suicida
na proximidade percebida
entre os pares familiares
antes ou depois da morte.

continua

ansiedade e estresse, e os pais de filhos que fize- o efeito da causa de morte (suicídio vs. não sui-
ram transplante e também morreram no hospital cídio) na dinâmica familiar, não encontraram
apresentaram maior probabilidade de cumprir os diferenças significativas na proximidade percebi-
critérios para o luto complicado do que os pais da entre os familiares antes ou depois da morte.
cujo filho falecido não tinha realizado transplante. Porém, os irmãos sobreviventes referiram sentir-
Nas investigações com familiares de crianças se mais próximos dos seus pais após a morte do
e adolescentes que faleceram de morte súbita ou irmão do que antes. Nas famílias com maiores
violenta como, por exemplo, homicídios, suicí- níveis de conflitos familiares, os pais relataram
dios e acidentes, Nelson e Frantz26, ao comparar sentirem-se mais distantes dos seus filhos sobre-
1131

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


Quadro 1. continuação

Autores e Ano País Objetivo Desenho População Instrumentos Resultados Av.


Qual

Traylor, Hayslip, EUA Verificar se Longitudinal, 61 familiares - FES (din. - maior coesão no T1 foi um 18
Kaminski, & o processo 2 avaliações: que perderam familiar) preditor de menos sintomas
York, (2013)12 de luto T1 - 4 a 5 um dos pais - FAM (din. de luto no T2,
influencia nas semanas após ou o cônjuge familiar)q - famílias com maior
características o óbito, GEI (luto)r expressão de afeto, coesão
das relações T2 - 6 meses e melhor comunicação
dentro do após 1ª entre seus membros no
sistema familiar avaliação T1 apresentaram um luto
ou se, as menos intenso em T2,
características - não houve diferença entre
familiares as pessoas que perderam um
afetam o dos pais e as que perderam o
processo de cônjuge.
luto.

a
FACES III - Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale, b TRIG - Texas Revised Inventory of Grief, c BSI - Brief Symptom Inventory,
d
EADS-21 – Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, e CBI - Core Bereavement Inventory, f ICG - Inventory of Complicated Grief, g FAD - Family
Assessment Device, h FILE - Family Inventory of Life Events, i FHQ - Family History Questionnaire, j FIF - Family Information Form, k FES - Family
Environment Scale, l BPQ – Inventário de Depressão de Beck, m BPQ – Bereavement Phenomenology Questionnaire, n SAS – Social Adjustment Scale,
o
FRI – Family Relationship Index, p FC-EOL – Family Conflict at the End-of Life, q FAM – Family Assessment Measure, r GEI - Grief Experience
Inventory.

não houve diferenças no funcionamento familiar


Tabela 1. Instrumentos utilizados para avaliar a
dinâmica familiar. quando comparado com a causa da morte, ape-
nas as pontuações relativamente à dimensão da
Instrumento Nº de estudos que adaptabilidade no início do estudo foram signi-
utilizaram o instrumento ficativamente maiores para os pais cujos filhos
FACES 8 morreram por suicídio. As mães do estudo apre-
FAD 4 sentaram escores mais altos na dimensão adap-
FES 3 tabilidade do que os pais. Os pais avaliaram suas
FRI 2 famílias como menos próximas do que a popula-
FC-EOL 1 ção em geral, e ambos os pais e as mães enlutados
FAM 1 classificaram as suas famílias como mais flexíveis
Bloom’s Family Scales 1 do que a população em geral.
Em outra investigação das mesmas autoras de
200623, em que se pretendeu avaliar o sofrimento
mental e o funcionamento familiar de pais que
Tabela 2. Instrumentos utilizados para avaliar o luto.
perderam o filho por morte súbita e comparar
Instrumento Nº de estudos que com a população em geral, foi encontrado que,
utilizaram o instrumento um ano após o óbito, os pais que perderam um
BPQ 3 filho por morte súbita apresentavam menor nível
ICG 3 de coesão do que os pais da população em geral;
TRIG 1 as mães apresentavam pontuações significativa-
CBI 1 mente maiores do que os pais, no índice geral de
GEI 1 sintomas (BSI), um e dois anos após a perda; e
os pais, um ano após a perda, apresentavam uma
correlação negativa significativa entre a pontua-
viventes; e as famílias classificadas como desli- ção do índice geral de sintomas e a coesão23. Em
gadas ou conflituosas referiram maior distância, outro estudo das mesmas autoras, publicado no
enquanto as famílias coesas ou expressivas re- mesmo ano24, relativamente à dinâmica familiar,
lataram mais proximidade entre os seus mem- as autoras encontraram que as mães participan-
bros. No estudo de Lohan e Murphy22 também tes do estudo foram mais classificadas com rela-
1132
Delalibera M et al.

ção à adaptabilidade como sendo caóticas tanto dados apresentados foram sobre as dificuldades
aos quatro como aos 12 meses após a perda do fi- e insatisfações das famílias após a perda de um
lho. Isto significa que o nível de adaptabilidade é ente querido. Depois podemos destacar os tra-
extremamente alto, e com relação à coesão foram balhos do grupo coordenado por David Kissane,
mais classificadas como ligadas e emaranhadas na Austrália, responsável por quatro dos artigos
aos quatro meses, ou seja, apresentaram um nível selecionados – mais da metade dos trabalhos com
de coesão de moderado alto a extremamente alto, doen­tes oncológicos. Os dois primeiros estudos
e, aos 12 meses após a perda, a maioria das mães do grupo são de 1996 e os resultados da investiga-
foi classificada como emaranhadas (coesão extre- ção foram publicados na mesma revista. Este es-
mamente alta). Já os pais, com relação à adapta- tudo parece ser a primeira tentativa de sistemati-
bilidade, aos quatro meses após a perda, foram zar a avaliação de familiares enlutados de doentes
mais classificados como rígidos ou estruturados, oncológicos, no intuito de classificar as famílias
o que significa que o nível de adaptabilidade é de acordo com uma tipologia de funcionamento
baixo ou extremamente baixo, mas aos 12 meses familiar, para então focar os esforços de apoio e
foram classificados como flexíveis, com adapta- acompanhamento às famílias menos funcionais e
bilidade moderada alta, e com relação à coesão com maior necessidade de suporte. Neste período
foram mais classificados como ligados aos quatro foi criado por este grupo australiano um modelo
e aos 12 meses após a perda24, ou seja, apresenta- de intervenção no luto focado na família14,27, a fim
ram um nível de coesão moderado alto. de disponibilizar tratamento e suporte adequado
Já o estudo de Lohan e Murphy25, de 2007, às famílias em luto, e o estudo realizado demons-
realizado apenas com mães, no intuito de veri- trou que algumas tipologias familiares podem vir
ficar se havia diferenças significativas no fun- a beneficiar-se deste modelo de intervenção14.
cionamento familiar entre as enlutadas, casadas Os estudos selecionados apresentaram evidên-
e solteiras, não foram encontradas diferenças cias de que o mau funcionamento familiar está re-
significativas entre os grupos de mães casadas e lacionado com maior sintomatologia psicopatoló-
os de mães solteiras, o que indica que o estado gica (ansiedade, depressão e distress psicológico),
civil não pode ser considerado um preditor do com um processo de luto mais complicado, maior
funcionamento familiar, e que o casamento não morbidade psicossocial e pior funcionamento
pode ser considerado um fator de proteção para social, pouco ou nenhum apoio social, dificul-
ajudar as famílias a se adaptarem ao enfrentar a dade para recorrer aos recursos da comunidade
morte de um filho. O estudo também acrescenta ou procurar apoio espiritual e menor capacidade
que mães solteiras com poucos recursos financei- funcional no trabalho2,7,9-12,14. Os conflitos fami-
ros, não são necessariamente pobres em recursos liares também foram destacados como um fator
para manter a adaptabilidade familiar e a coesão que pode contribuir para o desenvolvimento de
ao longo do tempo, o baixo rendimento não esta- um luto complicado17. O artigo mais recente se-
va associado à incapacidade de aceder a recursos. lecionado na pesquisa realizada por Traylor et al.12
Relativamente à avaliação da qualidade dos destacou a importância da coesão, da expressão de
estudos, os artigos selecionados obtiveram pon- afeto e uma boa comunicação nas famílias como
tuações entre 14 e 18, na escala utilizada para a atenuante nos sintomas de luto.
avaliação dos mesmos com pontuação de 0 a 20, Os dois artigos que se referiam à dinâmica fa-
o que demonstra que os estudos apresentam uma miliar no luto de pais de crianças que faleceram
boa qualidade. com câncer, publicados em 2004 e 200519,20, não
encontram resultados significativos relativamen-
te ao funcionamento familiar. Nas investigações
Discussão com familiares de crianças e adolescentes que fa-
leceram de morte súbita ou violenta (homicídios,
De acordo com a pesquisa realizada não são mui- suicídios e acidentes), Lohan e Murphy são res-
tos os artigos publicados sobre a dinâmica fami- ponsáveis por quase todos os artigos publicados
liar no processo de luto, o que demonstra que o na área, concentrando as publicações entre 2002
tema tem sido pouco estudado e as investigações e 2007. Os resultados dos estudos dessas autoras
estão concentradas em apenas dois países (Esta- são um pouco divergentes relativamente à clas-
dos Unidos e Austrália). sificação dos pais em relação ao funcionamento
Os artigos relevantes sobre o tema aparecem familiar e o nível de coesão e adaptabilidade em
no início dos anos 90 com um estudo de Jordan21 cada um dos momentos de avaliação dos estudos,
em que a população alvo não foi especificada e os o que nos leva a refletir que estas discrepâncias
1133

Ciência & Saúde Coletiva, 20(4):1119-1134, 2015


com relação à percepção da dinâmica familiar trumentos utilizados para a avaliação das variá-
pode estar relacionada com características indi- veis, assim como a metodologia de colheita dos
viduais, do casal e da própria família que podem dados, para possíbilitar uma posterior compara-
se alterar ao longo do tempo. ção dos resultados dos estudos e a generalização
Relativamente à metodologia, os estudos são dos mesmos.
muito diversos na dimensão das amostras e po- Como limitações do presente trabalho é im-
pulação. Os instrumentos para avaliar as variá- portante ressaltar que os artigos selecionados
veis são variados. Apesar de todos os instrumen- para compor a amostra foram apenas textos em
tos de avaliação, do funcionamento familiar ter inglês, português ou espanhol, já publicados em
em consideração a coesão entre os seus membros, periódicos científicos, o que exclui teses de mes-
cada instrumento classifica as famílias de acordo trado e doutoramento, assim como apresenta-
com uma tipologia diferente, o que dificulta uma ções de congressos, e as bases de dados de busca
comparação entre os estudos e a generalização eletrônicas limitaram-se apenas a EBSCO, Web
dos resultados. of Knowledge e Bireme.
Pode ser apontado como um viés no processo
de revisão o fato da triagem inicial dos resumos
Considerações Finais e a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão
para selecionar os 40 estudos potencialmente ele-
O presente trabalho pretendeu realizar uma re- gíveis terem sido realizados apenas pela primeira
visão sistemática da literatura sobre a dinâmica autora, assim como não ter sido possível aceder o
familiar no processo de luto de familiares adul- texto completo de um dos artigos selecionados.
tos. Foram encontrados poucos estudos relevan- Para além disso, o instrumento utilizado para a
tes sobre o tema, o que nos leva a supor que o avaliação da qualidade dos estudos também foi
funcionamento familiar no período, prestação criado pelos próprios autores do artigo com base
de cuidados a um familiar e, principalmente, no em uma checklist de critérios de avaliação para
luto é uma área pouco investigada. Os estudos na estudos observacionais e a pontuação também
sua maioria apenas avaliam as famílias no perío­ foi estipulada pelos mesmos.
do do luto e alguns apenas avaliam as famílias
durante a fase de doença do familiar, mas não
fazem uma avaliação longitudinal da dinâmica
familiar contemplando desde a fase de prestação
de cuidados ao doente até o período de luto, o
que poderia fornecer mais informações sobre o
funcionamento familiar.
Nesta revisão foi possível compilar os estudos Colaboradores
publicados sobre o tema, realizar um levanta-
mento dos instrumentos utilizados para avaliar a M Delalibera foi responsável pela pesquisa, se-
dinâmica familiar e o luto, e resumir os resultados leção, avaliação dos artigos, interpretação dos
dos artigos. Os estudos confirmaram que as famí- dados e redação do texto. J Presa foi responsável
lias disfuncionais apresentam maiores complica- pela pesquisa e seleção dos artigos. A Coelho foi
ções durante o período de luto, o que pode levar responsável pelo esclarecimento de dúvidas e di-
a um processo de luto mais intenso e prolongado. vergências na seleção dos artigos, e colaborou na
A sintomatologia psicopatológica mais intensa e redação do texto. A Barbosa foi responsável pela
maior morbidade psicossocial nestas famílias po- revisão crítica do texto e MH Franco foi respon-
dem também estar associadas ao luto complicado. sável pela revisão crítica e colaborou na redação
Portanto, seria interessante utilizar um ins- final do texto.
trumento de triagem para avaliar a dinâmica
familiar, preferencialmente ainda no período de
prestação de cuidados ao doente ou no início Agradecimentos
do processo de luto, com o intuito de identificar
as famílias com pior funcionamento familiar e À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de
maior risco de desenvolver complicações no luto Nível Superior (CAPES) uma vez que, este traba-
e com maior necessidade de suporte. lho foi desenvolvido no âmbito do doutoramen-
Também é de interesse acadêmico ampliar as to no exterior da autora principal, como bolsista
amostras das investigações, harmonizar os ins- CAPES.
1134
Delalibera M et al.

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