Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
1 INTRODUÇÃO
2 MÉTODO
O discurso é uma forma de ação: falar é uma forma de ação sobre o outro,
e não apenas uma representação do mundo. Todo enunciado constitui um
ato que visa modificar uma situação. A própria atividade verbal encontra-se
relacionada com atividades não verbais. (MAINGUENEAU, 2002, p. 53).
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Assim, o PDM não é uma elaboração individual, mas coletiva, garantida por
lei e com dispositivos que permitem a qualquer cidadão participar de sua confecção.
Porém, nem sempre foi assim.
Até 1970 o modelo de desenvolvimento econômico, tanto nos países
industrializados como nos chamados países emergentes, parecia estar baseado no
tripé “abundância de recursos naturais (e energéticos), aumento da produtividade do
trabalho e presença do Estado de Bem-Estar (ou do estado desenvolvimentista no
caso do Brasil).” (BUARQUE, Sérgio 2002, p. 15)
11
expressiva nos cenários políticos, ainda que houvesse uma política de colonização
do Oeste (realizada de maneira privada com poucos recursos estatais).
A leitura fundamentalista do livro bíblico do Gênesis dá o tom das práticas e
da relação antrópica da época:
produção de porcos alimentada por esses grãos se tornou aos poucos uma rentável
diversificação da produção nas pequenas propriedades. A instalação de frigoríficos
na região Sul do país e o aumento da demanda em grandes centros fortaleceu a
cadeia produtiva e organizou as propriedades em torno da suinocultura antes de
1960.
O Estado de Santa Catarina chega ao início do século XXI como o maior
produtor de suínos do país. O setor produtivo emprega cerca de 150 mil pessoas.
Pesquisas científicas apontam que mais de 80% das reservas de água, sejam de
superfície ou profundidade, em Santa Catarina estão contaminadas por dejetos
suínos e cerca de 50% dos suinocultores não cumprem as determinações legais
para destinação desses resíduos. Em 2004 o rebanho catarinense era de 5.775.890
cabeças de porcos, o que representa uma injeção de 6,9 bilhões de reais na
economia nacional e um total de 15 milhões de metros cúbicos de dejetos no meio
ambiente, grande parte responsável pela contaminação de solos e rios.
populacional para 2005 (época de vigor do primeiro Plano Diretor do município) era
de 32.928 habitantes. Os índices medidos pelo IBGE apontavam que no início da
década de 2000 84,7% da população residia no perímetro urbano da cidade. Já o
Índice de Desenvolvimento Humano – Municipal (IDH-M) no mesmo período era de
0,838, o que colocava São Miguel do Oeste em 23ª posição no ranking estadual.
Vale salientar que o IDH-M é calculado por uma média aritmética simples de três
subíndices: Longevidade, Educação e Renda per capta.
O contexto aponta um crescimento mínimo em relação ao início da década
(32.324 habitantes) e um decréscimo populacional se comparado com o início da
década de 1990 (36.034 habitantes). Porém, o planejamento urbano e a
preocupação política do momento apontavam para uma necessidade de
normatização das práticas construtivas, posturas e responsabilidades sobre o
crescimento da cidade. O processo entrou em consonância com a obrigatoriedade
imposta pelo governo federal aos municípios com mais de 20 mil habitantes para
que elaborassem seus Planos Diretores como pré-condição para o acesso às linhas
de financiamento para desenvolvimento estrutural das mesmas, construção de
habitação de interesse social, investimentos em saneamento básico, entre outras
ações, conforme o Estatuto das Cidades de 2001.
Considerando esse histórico e a teoria sobre a construção de planos
diretores, sempre orientados para uma preocupação a médio e longo prazos, a
análise a seguir procura levantar alguns pontos conflitantes entre o texto aprovado e
a política pública envolvendo planejamento urbano e rural vigente na cidade de São
Miguel do Oeste a partir do Plano Diretor Municipal com aquilo que a ciência nos
âmbitos da gestão urbana e gestão ambiental apontam como práticas relevantes
para uma política pública abrangente que almeje a sustentabilidade.
No Art. 5º encontra-se:
O EIV deve ser elaborado nos casos em que não é exigido o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA), já que ambos são instrumentos de avaliação de impactos
ambientais (urbano ou natural) e o segundo é mais abrangente e complexo que o
primeiro.
É fato de que a legislação que prevê o estudo destes impactos deva ser
abrangente, porém, é visto que sua forma de elaboração, os casos em que deve ser
apresentado, a forma de avaliação (e por quem será feita) e seus limitantes legais,
são partes importantes da legislação do plano diretor municipal, conforme o artigo 36
do Estatuto das Cidades:
No PDM de São Miguel do Oeste, mais uma vez existe silenciamento quanto
a quem e como deverá ser aplicada a Lei, abrindo lacunas que podem ser utilizadas
para benefício de interesses específicos.
existem forças e interesses que não querem saber de plano diretor. Neste
sentido, estas forças e interesses vêem propugnando por um plano diretor
apenas de princípios gerais. Com isto, conseguem um plano diretor inócuo.
(VILLAÇA, 1999, p.240)
que tem sido considerado mais adequado para camuflar os interesses das
classes dominantes e conduzir o desenvolvimento urbano na direção
desses interesses. (SABOYA, 2008, s/p)
O artigo 22 prevê:
e é direito de todos. Desta forma, além de mais uma vez delegar ao poder federal a
responsabilidade de legislar sobre o município, isentando-o da responsabilidade de
fiscalização e sansão, somente citar a legislação federal, sem dispor sobre como ela
deverá ser aplicada no caso específico da municipalidade não é suficiente para
instalar um ambiente socialmente sustentável e justo.
Pode-se observar ainda que tornar a cidade acessível não consiste apenas
em adaptar os espaços existentes, e muito menos em prover “nas esquinas, o meio-
fio rebaixado para acesso dos deficientes físicos”. Tornar acessível é criar as
circunstâncias adequadas para que todos os integrantes da comunidade se incluam,
criando projetos e legislações em prol do desenho universal.
5 ANÁLISE FINAL
31
Neste contexto o Plano Diretor desponta como uma das principais, senão a
principal, alternativa municipal de gestão em direção a sustentabilidade, onde
entende-se que a ordenação do crescimento e desenvolvimento urbano devam
garantir a função social da cidade e o bem-estar de seus habitantes.
A elaboração do PDM é obrigatoriedade instituída pela Constituição Federal
de 1988 – nos artigos 182 e 183 – para municípios com mais de 20 mil habitantes.
Em 2001, o Ministério das Cidades, através do Estatuto das Cidades - Lei
Federal 10.247/2001 - regulamenta e complementa estes artigos e determina que os
planos sejam realizados até outubro de 2006.
Ainda assim, nos primeiros planos diretores elaborados a partir da
obrigatoriedade podemos observar que
ou preocupação com a zona rural no que diz respeito ao Plano Diretor Municipal de
São Miguel do Oeste.
Esse silenciamento pode ser fruto de uma postura dos legisladores sobre a
região e seus habitantes ou mesmo pela cultura destes eleitores, que não se fizeram
ouvir durante o processo de construção do documento (seja por representação legal
ou jurídica). Porém, mais contundente do que a omissão das comunidades deixadas
de fora do processo de construção do planejamento e desenvolvimento municipal
está o fato de tornar esse silêncio e essa censura oficiais. O oficialismo se dá pela
publicação e aprovação em diferentes instâncias do poder público (Executivo e
Legislativo) que deveriam garantir a inclusão social dos desvalidos e voltar a
governabilidade para todos e não apenas para alguns (residentes da malha urbana).
A mesma superficialidade política, ou pelo menos técnica, é possível de ser
observada no que diz respeito às concepções e legislações ambientais expressas no
PDM migueloestino. Frases ambíguas, genéricas, sem determinação de
competências ou penalidades, implicando sobre a legislação superior (estadual e
federal) a responsabilidade de gerir e fiscalizar atividades que impliquem em
impactos ambientais no município são exemplos da superficialidade dos estudos e
conseqüente fruto legislativo vigente. O texto evidencia uma postura ideológica de
descompromisso com a gestão ambiental e urbana específicas da cidade a que se
aplica.
Conclui-se então que o Plano Diretor Municipal de São Miguel do Oeste
mostra-se desconectado com a realidade municipal, dando espaço para múltiplas
interpretações de seu texto e podendo ser utilizado para favorecer interesses
diferentes dos defendidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto das Cidades.
Pode-se observar ainda a dificuldade de aplicação da legislação em questão por sua
incompletude e falta de comprometimento com a função social da cidade.
Através deste estudo, foram levantados pontos a serem observados e/ou
desenvolvidos a partir de um novo projeto (ou revisão) do Plano Diretor Municipal:
O PDM deve ser um documento totalmente inserido na realidade
municipal, contemplando as particularidades específicas do município a
fim de ser um documento auto-aplicável e claramente exeqüível, sem que
haja ambigüidades em seu texto, de modo a surgirem dúvidas ou
interpretações variadas sobre seu conteúdo;
34
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, Cíntia Maria. Sustentabilidade: caminho ou utopia? São Paulo, Annablume, 2006.
www.alasru.org/cdalasru2006/17%20GT%20Paulo%20Ricardo%20Bavaresco.pdf
http://www.fundaj.gov.br/tpd/140.html
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingísticas,o que falar quer dizer. São Paulo: USP, 1996.
BRAGA, Roberto. Plano diretor municipal: Três questões para discussão. Caderno do
Departamento de Planejamento UNESP, São Paulo, v.1, p. 15-20, agosto 1995. Disponível em
http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/publicacoes/TextosPDF/RBraga02.pdf
BRASIL, Constituição: República Federativa do Brasil de 1988, DF: Senado Federal, 1988.
Disponível em <(http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-
urbanos/legislacao/Leis.Artigos182e183.ConstituicaoFederal.pdf)>
BRASIL, Estatuto das Cidades, DF: 2001. Disponível em <Lei Federal 10.247/2001>
BRASIL. Ministério das Cidades: Plano diretor participativo: guia para a elaboração pelos
http://www.urbenviron.org/more/Charta_de_Brasilia_portuguese.pdf>
http://www.dji.com.br/constituicao_federal/cf182a183.htm>
2010.
36
<(http://www2.cidades.gov.br/images/stories/Lei%2010%20257_2001%20-
%20Estatuto%20da%20Cidade.pdf)>
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_45/Artigos/Art_Simone.htm.
e expansão urbana: o plano diretor sob a perspectiva do estatuto da cidade. Foz do Iguaçu. 2007.
Disponível em www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2007_TR650479_0526.pdf
GODOY, Mayr. A lei orgânica do município comentada. 1. ed. São Paulo: LEUD, 1990.
Indicadores de qualidade ambiental: uma análise comparativa. Simone Wiens; Christian Luiz da Silva.
[2000
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 2 ed. São Paulo: Cortez: 2002.
Manifesto do Fórum de Lideranças para o Desenvolvimento Sustentável das Cidades da Região Ásia
e Pacífico, 26 de fevereiro de 2004. Disponível em
http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vi_en/mesa3/Desenvolvimento%20Urbano
%20e%20Meio%20Ambiente.pdf
MASSON, Ivanete. A gestão ambiental participativa: possibilidades e limites de um processo de
múltiplas relações. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – PPGEA/UFSC, Florianópolis –
SC, Brasil. 2004. 165p.
MINISTÉRIO DAS CIDADES
<http://www2.cidades.gov.br/geosnic/src/php/frmPerfilMunicipal.php?idIBGE=420209> consultado em
02/08/2009.
NASCIMENTO, Dorval do; BITENCOURT, João Batista (orgs.). Dimensões do Urbano – múltiplas
PEGORETTI, Michela Sagrillo; SILVA, Michelly Ramos; ANGELO, Vitor Amorim de. O contexto das
novas políticas urbanas no processo de intervenção de áreas ocupadas por população de baixa
http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT14/michela_pegoretti.pdf acesso em
09/05/2010
37
PEREIRA, Élson Manoel (orgs.). Planejamento Urbano no Brasil – conceitos, diálogos e práticas. 1.
http://www.ibdu.org.br/imagens/PLANODIRETOREESTUDODEIMPACTO.pdf
Produto Final PDM – fase 02. Elaborado por UNOESC. São Miguel do Oeste, 2010.
http://urbanidades.arq.br/2008/11/urbanismo-e-planejamento-urbano-no-brasil-1875-a-1992/. Acesso
em 05/06/2010
SALINGAROS, Nikos A. Principles of urban structure. Amsterdam: Techne Press, 2005. 252p.
SÁNCHEZ, Fernanda. Políticas Urbanas em Renovação: uma leitura crítica dos modelos emergentes.
Artigo in Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais – ANPUR. número 1. Maio de 1999.
SANTOS, Rozely Ferreira dos. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo. Oficina de Textos,
2004.
SAYAGO, Doris; OLIVEIRA, Mariana P.. Plano Diretor: Instrumento de Política Urbana e Gestão
2005.
SOUSA, Jadilson Cirqueira de. A obrigatoriedade do Plano Diretor Municipal. Artigo. 2004. In:
Sustentabilidade Ambiental: Novo Desafio para o Plano Diretor. Ivan Maglio. Artigo retirado de
http://www.belem.pa.gov.br/planodiretor/pdfs/Plano_Diretor_e_Sustentabilidade_Urbana.pdf.
TOSTES, José Alberto. O Plano Diretor participativo e a sustentabilidade urbana. Artigo. 2007.
09/05/2010
VEIGA, José Eli. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 2008. Rio de Janeiro.
VILLAÇA, Flávio. Dilemas do Plano Diretor. O município no século XXI: cenários e perspectivas.
VILLAÇA, Flávio. As ilusões do Plano Diretor. São Paulo, agosto de 2005. Retirado de