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Direito Processual
Ambiental
Profa. Aline Araújo Passos
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
Henrique Duque de Miranda Chaves Filho
Reitor
Coordenador Geral
Prof. Dr. Vicente Paulo dos Santos Pinto
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO CURSO 7
APRESENTAÇÃO DA PROFESSORA 8
PARTE I - ASPECTOS GERAIS DA TUTELA AMBIENTAL COLETIVA 9
1. Direito Ambiental: conceitos gerais 9
2. Bens ambientais na Constituição Federal de 1988 11
3. Os direitos metaindividuais 13
4. Jurisdição civil coletiva: aspectos gerais do
processo coletivo 19
4.1. Considerações introdutórias sobre a
importância do processo coletivo 19
4.2. Legitimidade de partes 22
4.3. Desistência e abandono da ação coletiva 31
4.4. Competência 32
4.5. Elementos da ação e litispendência 35
4.6. Elementos da ação: análise da conexão e
continência 39
4.7. A prova no processo coletivo 41
4.8. Coisa julgada nas ações coletivas 45
4.9. Liquidação de sentença prolatada em 5
processo coletivo 52
4.10. Execução de sentença em processo coletivo 56
BIBLIOGRAFIA 93
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APRESENTAÇÃO DO CURSO
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17
Para Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr., “são conceitos interativos
de direito material e processual, voltados para a instrumentalidade, para
a adequação ao direito material da realidade hodierna e, dessa forma,
para sua proteção pelo Poder Judiciário”15 .
I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
24 I – o Ministério Público;
28
31
Tal regra, contudo, deverá ser estendida a qualquer outro
legitimado, com vistas a garantir a preservação do processo coletivo e a
efetiva proteção dos direitos metaindividuais que se pretende tutelar29 .
4.4. Competência
Prevê o art. 2º da Lei 7.347/85 que a ação civil pública deverá ser
proposta no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência
32
É claro que a opção do legislador pautou-se por critérios de
facilitação do acesso à justiça e garantia da efetividade dos provimentos
judiciais.
As partes – autor e réu – são aquelas que figuram num dos pólos
da relação jurídica processual, o que demonstra que o critério atualmente
adotado, entre os juristas nacionais, é notadamente processual. Daí se
infere que a definição do terceiro no processo é encontrada por negação,
pois terceiro é aquele que não é parte, que não figura no processo na
qualidade de autor ou réu.
O Projeto de Lei 5.139, nesse sentido, prevê no art. 37, §2º, que
cabe ao réu, na ação individual, informar o juízo sobre a existência de
demanda coletiva que verse sobre idêntico bem jurídico.
de fazê-lo 33.
33 Prevê o art. 20 do Projeto de Lei 5139: “Não obtida a conciliação
ou quando, por qualquer motivo, não for utilizado outro meio de solução de
conflito, o juiz, fundamentadamente: (...) IV – distribuirá a responsabilidade pela
produção da prova, levando em conta os conhecimentos técnicos ou informações
específicas sobre os fatos detidos pelas partes ou segundo a maior facilidade em
sua demonstração; V – poderá ainda distribuir essa responsabilidade segundo
os critérios previamente ajustados pelas partes, desde que esse acordo não
torne excessivamente difícil a defesa do direito de uma delas; VI – poderá, a
todo momento, rever o critério de distribuição da responsabilidade da produção
As idéias propostas poderão ser aplicadas pelo magistrado
a partir da conjugação de princípios processuais constitucionais, em
especial, os princípios do devido processo legal (art. 5º, XXXIV, CF), da
igualdade (art. 5º, caput, CF) e do acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF).
Ademais, partindo-se do pressuposto de que o art. 6º, inciso VIII, do CDC,
é uma norma de direito processual civil, deve ser aplicada aos processos
coletivos em geral, levando em conta o previsto nos arts. 117 do CDC e 21
da LACP.
princípio da precaução 34
que impede que a incerteza científica
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Com efeito, a prova pericial normalmente necessária no âmbito
das ações coletivas ambientais se revela complexa, dada a diversidade
das propriedades dos bens ambientais. Imagine uma empresa poluidora
que, através da emissão de gases tóxicos no ar e de dejetos nas águas
dos rios, venha a causar a contaminação da água e do ar. É provável que
seja necessária a realização de perícia, com a participação de diferentes
especialistas: químico, engenheiro, biólogo, etc, que possam avaliar os
recursos hídricos, a qualidade do ar, aspectos da saúde pública, entre
outros.
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Pode ser individual, quando proposta pela vítima ou seus
sucessores, a saber os indivíduos beneficiados pelo resultado favorável
do processo coletivo. Neste caso, a liquidação mostra-se mais complexa,
pois além de se pretender apurar o quantum devido, pelos danos sofridos
individualmente, será necessário demonstrar o nexo de causalidade, a
fim de se reconhecer o cui debeatur, isto é, a quem se deve 50.
Assim será, por exemplo, quando proposta uma ação civil pública
para a defesa de direitos difusos contra o poluidor que, em razão de
suas atividades ilícitas, tenha provocado a morte de milhões de peixes
de determinado rio, levando à concessão de provimento condenatório,
cujo valor seja fixado na própria sentença ou venha a sê-lo em sede de
liquidação.
PARTE II
AÇÕES CONSTITUCIONAIS PARA A DEFESA
56 Grinover, Ada Pellegrini. Código brasileiro de defesa do consumidor:
comentado pelos autores do anteprojeto, 8ª edição. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004, p. 887. Didier Jr., Fredie et al, ob. cit., p. 358.
DO MEIO AMBIENTE
Embora o nomen juris das ações não tenha relevância para sua
identificação, esta é considerada uma ação coletiva. A origem do nome
está diretamente ligada à previsão constante do art. 14, § 1º, da Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e serviu, num primeiro
momento, para identificar a legitimidade do Ministério Público (parte
pública) para a propositura de ação civil destinada à tutela do meio
ambiente.
Inquérito civil
Prevê o art. 5º, § 6º, da Lei 7.347/85, que: “Os órgãos públicos
legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento
de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia
de título executivo extrajudicial”.
Como antes exposto (item 4.1), foi nos anos 80 que se deu a
retomada do processo coletivo, especialmente com o advento da Lei da
Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) e, a partir daí, é claro, expandiram-se os
estudos acerca de todo o sistema de proteção coletiva, incluindo-se a
ação popular.
61 Art. 113, nº 38: “qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a
declaração de nulidade ou anulação dos atos lesivos ao patrimônio da União,
dos Estados ou dos Municípios”.
LXXIII62 , ampliando o seu objeto de proteção, que passou a abarcar,
além da defesa do patrimônio público, também a do meio ambiente
e da moralidade administrativa. Frise-se que além de se tratar de um
instrumento de garantia de direitos fundamentais, revela-se como um
importante meio de participação política do cidadão.
Legitimidade de partes
1) Ativa
62 “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus de sucumbência”.
63 Direito Processual Constitucional, 3ª edição. Forense: Rio de Janeiro,
2006, p. 120.
64 Afirma Celso Pacheco Fiorillo que “esse conceito de cidadão só pode
continuar servindo para os casos em que a ação seja utilizada para proteger
coisa pública (res nullius), uma vez que, nessas situações, é perfeitamente
compreensível a relação entre o conceito de cidadão e a utilização desse remédio
constitucional” (ob.cit., p. 264).
Na hipótese remota de se ter uma ação proposta por eleitor
relativamente incapaz (entre 16 e 18 anos incompletos), deverá o mesmo
ser assistido por seu representante legal, uma vez que, apesar de sua
legitimidade ad causam (condição da ação), não possui capacidade
processual (pressuposto processual) para praticar validamente atos no
processo.
2) Passiva
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Os bens descritos podem ser também tutelados através de outras ações
coletivas, como é o caso da ação civil pública. Porém, enquanto esta pode
ser proposta pelos legitimados do art. 5º, da Lei 7.347/85 e art. 82, do
CDC, incluindo o Ministério Público, a ação popular só pode ser proposta
pelo cidadão.
Nesse sentido, afirma José Afonso da Silva que tem ela como
objeto imediato: “a) a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou das
entidades de que o Estado participe, ou da moralidade administrativa, ou
do meio ambiente, ou do patrimônio histórico e cultural (Constituição,
art. 5º, LXXIII, e Lei n. 4.717, art. 1º); e b) a condenação dos responsáveis
pelo ato invalidado, e dos que dele se beneficiaram, ao pagamento de
perdas e danos”70.
Competência
Objeto de proteção
82
Da mesma forma, sustenta Luís Roberto Barroso: “... presentes os
requisitos para a impetração do writ individual, o mandado de segurança
coletivo poderá ser direcionado à tutela de direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos”78.
80 Uadi Lammêgo Bulos sustenta que “o writ coletivo não pode tutelar
direitos difusos, uma vez que só pode ser impetrado nos casos de ofensa a direito
líquido e certo. Sua índole sumária exige a observância de prova documental,
algo que os interesses difusos – espalhados, fluidos e amorfos – não ensejam de
modo inconcusso” (Curso de direito constitucional, 2ª edição. São Paulo: Saraiva,
2008, p. 592).
ou ameaçador de lesão aos direitos difusos, v.g., ao meio ambiente, o
que justificaria a utilização do mandado de segurança, seja porque a
matéria possa ser plenamente de direito, seja porque possa ser de direito
e de fato, mas existe prova pré-constituída que não deixa dúvida sobre os
fatos alegados”81.
Legitimidade ativa
A) Partidos políticos
81 Ob.cit., p. 599.
A única limitação estabelecida constitucionalmente é a de
que o partido político tenha representação no Congresso Nacional,
logo não poderá o intérprete restringir o alcance da norma, criando
outros requisitos, sob pena de limitar indevidamente a atuação destes
legitimados.
Ao contrário dos partidos políticos que, por lei, têm uma vocação
indiscutivelmente ampla para defender, em juízo, os direitos de toda a
coletividade, os legitimados, ora referidos, deverão demonstrar que
são os representantes adequados para defender em juízo os direitos
coletivos lato sensu. Assim, através da pertinência temática, terão que
evidenciar a existência de relação entre os fins da instituição e os direitos
que pretende tutelar em juízo.
Este dispositivo, com efeito, reflete o teor das súmulas 629 e 630
do STF, que prevêem que a impetração do mandado de segurança coletivo
por entidade de classe em favor dos associados independe de autorização
destes e que a entidade de classe tem legitimação para o mandado de
segurança ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte
da respectiva categoria.
Hermes Zaneti Jr., por outro lado, afirma que não é possível
“entender como legitimado o Ministério Público sem a expressa menção
em lei, mesmo que ordinária, autorizando a impetração pelo Parquet.
Muito embora seja absolutamente respeitável a postura em sentido
85 Princípios fundamentais – teoria geral dos recursos. São Paulo, Revista
dos Tribunais: 1993, p. 255.
86 Manual..., ob.cit., p. 605.
contrário”87.
Legitimidade passiva
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Tal regra continua sendo aplicada à ação em tela, uma vez que
a nova Lei 12.016/2009 revelou-se extremamente tímida com relação
ao regramento da matéria, estabelecendo apenas no caput do art. 22 o
seguinte:
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Tal medida, se, por um lado, poderá acabar com muitos processos
individuais, por outro, poderá desestimular os litigantes a requererem
a desistência, isto porque julgado improcedente o pedido no processo
coletivo não mais terão a possibilidade de darem prosseguimento ao
processo individual, já que este se encontra extinto. Ademais, dado o
exíguo prazo de impetração do mandado de segurança – 120 (cento e
vinte) dias a contar da ciência da prática do ato ilegal -, não mais poderá
ser pleiteada proteção de direitos através do writ individual, pois, com
certeza, terá havido a decadência.
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BIBLIOGRAFIA
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