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Limites do uso metodológico dos princípios de “estranhamento”, “distanciamento” e

“reflexividade” na pesquisa sociológica1

Francisco Chagas Evangelista Rabelo 2

Resumo

Estranhamento, distanciamento e reflexividade passaram a freqüentar o discurso das ciências sociais como
instrumentos de combate aos “idola” modernos. Uma rápida reconstrução metateórica dessas idéias aponta
para sua origem diversa, mas convergente na chegada. A primeira, originária da atitude antropológica diante
de seu objeto, impõe-se a todos aqueles que se vêem envolvidos na problemática que desejam analisar. O
equivalente na Sociologia é a idéia de distanciamento, eleita por Elias como uma das características do
pensamento realista e, conseqüentemente, do conhecimento científico, que atualiza antigos apelos para a
objetividade científica. Por último, a idéia de reflexividade perpassa toda a discussão contemporânea em
torno da ação social e da prática sociológica. Tendo como suporte empírico uma experiência de orientação de
uma dissertação de mestrado, procuramos realizar uma análise da fecundidade e dos limites dos princípios
antes mencionados.

1. O combate aos idolos modernos

O conhecimento científico se faz para Bacon (1984) no combate aos idola que, na sua
formulação, não apenas impedem o acesso à verdade, como também obstaculizam a própria
instauração das ciências, quando já se tenha ultrapassado o umbral da ignorância. São eles: os
ídolos da tribo, da caverna, do foro e do teatro.
Embora sejam de todos conhecidos, farei, aqui, uma rápida incursão no sentido de
facilitar a exposição futura. Com a idéia de ídolos da tribo, o autor quer mostrar que a
percepção humana, tanto dos sentidos quanto da mente, está condicionada pela própria
natureza humana. Assim, em vez de ver o objeto que se coloca à percepção, é a natureza
humana mesma que está sendo objeto de apreciação. Os ídolos da caverna relacionam-se com
as limitações individuais, de tal forma que condicionam a visão do mundo objetivo pela
própria visão que se tem de seu mundo particular. Os dois últimos, os ídolos do foro e do
teatro, pertencem à esfera das crenças, as quais impedem o pensamento correto. Os ídolos do
foro referem-se à adesão tácita ao mundo categorial, correspondem àquilo que Durkheim
(1989; 1978) chamou de sistema de classificação de uma sociedade, sem o qual a vida social
seria impossível, mas que, para Bacon (1984), seria precisamente uma fonte de erro. Em
termos modernos, podemos definir os ídolos do teatro como sendo o plano da ideologia, que
operam não apenas no nível das doutrinas filosóficas, mas também no dos vícios da
demonstração da argumentação.

1
Comunicação a ser apresentada no Seminário Temático A Constituição de Fronteiras nas Ciências Sociais:
tensão e extensão no campo metodológico, XXVIII Encontro Anual da Anpocs, outubro de 2004. Coordenado
pelo Prof. Mário Antônio Eufrásio (USP), Profa. Sueli Kofes (UNICAMP), Prof. Jordão Horta Nunes (UFG).
2
Professor Titular de Sociologia da Universidade Federal de Goiás.
2
É longo o percurso que a busca do conhecimento percorreu desde Bacon, procurando
formular cânones lógicos, epistemológicos, ora mais rigorosos ora menos, assim como
estratégias metodológicas diversas. Alguns desses temas foram rebatizados com outros nomes
e, como corolário, outras formas de combate foram sugeridas. De maneira alguma podemos
sugerir que elas mais confundiram que esclareceram, pois, no mínimo, atualizaram os apelos
antigos para objetividade científica.
A estruturação das ciências sociais não escapou dos ditames de Bacon, embora tenham
sido, desde então, os ídolos do foro e do teatro os dilemas com que, com mais freqüência se
envolveram. Nesta medida, o debate instaurou-se ora defendendo a perspectiva de sua
incorporação ora o oposto disso. Isto não significa que tanto os ídolos da tribo quanto os da
caverna tenham deixado de ser tematizados. Ao contrário, muito cedo, percebeu-se a
dificuldade dos sociólogos de lidar com um objeto do qual faziam parte, mas diante do dilema
de “se pegar ou largar”, não tiveram dúvida, arregaçaram as mangas na empreitada insana. Da
mesma forma, os ídolos da caverna foram incorporados à atitude de pesquisa.
Nessas ciências, o combate aos idola teria a sua maior expressão na busca incansável,
senão de um saber desinteressado à maneira de Mannheim (1968) ou à de Bourdieu (1996), ao
menos de um conhecimento que pudesse colocar-se acima dos interesses de grupos que
ocupam posição dominante na estrutura social. Ou ainda, segundo Habermas (1973), seria
preciso distinguir dentre as múltiplas formas de conhecimento os vários tipos de interesse que
as guiam. Assim sendo, o conhecimento científico, no sentido estrito, seria orientado pelo
interesse da predição e controle; o conhecimento histórico pelo do consenso e o hermenêutico
pelo interesse transcendental da emancipação humana.
O impacto da denúncia feita, na virada do século XIX para o XX, de que a ciência
tinha se tornado ideológica, foi decisivo nessa discussão e, logicamente, não foi menor nas
ciências sociais. De tal forma que, passado o deslumbramento, não só os antigos apelos
recebem uma nova nomenclatura, mas também sugerem-se novas medidas acauteladoras
contra os novos ídolos. É o que recomenda, por exemplo, o “Programa forte em sociologia da
ciência” 3(Bloor, 1976, Rabelo, 1993), quando propõe que a análise sociológica da ciência,
além de procurar estabelecer uma relação de causa e efeito entre o conhecimento e as
condições sociais que o geram  princípio da causalidade  , deve ser imparcial nas suas
avaliações  princípio da imparcialidade ; simétrica no sentido de que as mesmas causas
podem explicar tanto as crenças verdadeiras quanto as falsas  princípio da simetria  e,
reflexiva, na medida que devem esses princípios ser estendidos à sociologia, constituindo-se
no princípio da reflexividade.

3
Citado apenas a título de exemplo.
3
É, neste contexto que idéias como estranhamento, distanciamento e reflexividade
passaram a freqüentar o discurso das ciências sociais como os instrumentos de combate aos
idolos atuais e, nessa perspectiva, é que proponho discutir a fecundidade e os limites desses
princípios, tendo como suporte empírico a experiência de orientação de uma dissertação de
mestrado, recentemente desenvolvida por um orientando estrangeiro, que tematizava o
pessimismo com que os brasileiros se pensam e os desdobramentos disso em termos da ação
coletiva da classe trabalhadora.

2. O combate aos idolos num contexto de questionamento dos modelos científicos

2.1. A idéia de estranhamento


A idéia de estranhamento tem sua origem em múltiplos campos do conhecimento e
essa diversidade, por sua vez, impregna-a de significados divergentes, quando não
completamente opostos. Malgrado a variedade de uso, para os limites desta comunicação,
restringir-nos-emos ao seu uso na Antropologia, onde o seu significado, além de mais
convergente, fornece uma orientação empírica formidável, e a seu rebatimento nas demais
ciências sociais. Uma rápida reconstrução de sua utilização evidencia seus vínculos com a
proposta do trabalho etnográfico, que remonta, segundo vários estudiosos da história da
Antropologia (Cardoso, 2000; DaMatta, 1984; Geertz, 2001, 1988, 1978; Oliveira, 2000;
Peirano, 1997) a Malinowski (1962), que embora não use o termo, adota a idéia como
princípio de conhecimento, na busca das diferenças culturais de cada grupo.
Porém, a cultura ainda era vista por este autor como passível de conhecimento
objetivo, além do que a construção da alteridade era mais ou menos evidente, já que o
pesquisador estava sempre às voltas com grupos humanos distintos dos seus. Assim sendo, o
estranhamento, ao se colocar como necessário ou inevitável, transforma-se num recurso
metodológico a ser utilizado em outro momento do desenvolvimento da Antropologia, quando
as culturas passam a ser objeto de interpretação e não mais de análise científica tout court e
quando o objeto se desloca de grupos diferentes daquele do pesquisador para os grupos de sua
própria sociedade. As reflexões de Peirano (1995) sobre a relação entre pesquisa empírica e
teoria antropológica, ilustram bem, a partir da distinção entre conceitos nativos e conceitos
antropológicos, de que maneira o estranhamento está colocado como um recurso
metodológico tácito. Acompanhando, passo a passo, a argumentação da autora, sugere ela que
o estranhamento pode ocorrer pela distância geográfica, de classe, de etnia ou outra qualquer,
que, além de ser também uma distância psíquica, os conceitos nativos requerem,
necessariamente, a outra ponta da corrente, qual seja, a que os liga aos próprios conceitos da
disciplina, isto é, à tradição teórico-etnográfica acumulada.
4
A partir de então, a idéia de estranhamento passa a ser adotada pelas mais diversas
correntes da antropologia e, para alguns autores, o estranhamento passa a ser inerente a todo
processo de conhecimento4. Na perspectiva de Hassen (2004), “Trata-se de adotar um recurso
metodológico de estranhar, distanciar-se das regras, da visão de mundo e das atitudes
legitimadas pela sociedade e suas instituições, tirando-as da opacidade em que a cultura as
coloca”.

2.2. A idéia de distanciamento


Grosso modo, não há uma distinção muito nítida entre os dois termos: estranhamento e
distanciamento, além de que há autores que os empregam como sinônimos. Para efeito do
tratamento que passaremos a dar à questão, registro as motivações que levaram o tradutor da
obra de Norbert Elias, Engagement und Distanzierung (1983 [1998]), para o português, a
adotar o termo alienação e não distanciamento para Distanzierung, dada a corrente filosófica
que embasa o pensamento de Elias e de suas projeções futuras enquanto epistemologia
dinâmica5. Daí, para estranhamento, é apenas uma questão terminológica, como diríamos.
Feita esta observação, passo a discorrer sobre a idéia de distanciamento em Norbert
Elias, tal como ele a apresenta no texto já referido. Se tomo Elias, isto se deve ao grau de
elaboração que o autor apresenta esta categoria e a escolha da obra deve-se à mesma razão.
Como o próprio título do livro sugere, distanciamento compõe com a idéia de
envolvimento, um par indissolúvel, porém não-dicotômico, pois trata-se de um continuum.
Antes de constitui-lo como recurso para o conhecimento científico, Elias classifica ambos
como instrumentos do pensamento humano 6. Nestes termos, o que distinguiria o pensamento
em geral do pensamento científico em particular seria a inequação alto/baixo de envolvimento
e distanciamento de um e de outro.
Há, além disso, um divisor de águas altamente eficaz que seria a perspectiva de tempo.
Assim, quanto mais envolvidos nas questões de seu tempo cronológico mais envolvidos

4
O fato de incentivar uma expressão simbólica, menos racional, favorece o necessário estranhamento que todo
processo de conhecimento pressupõe, ajudando a descobrir faces não aparentes da realidade investigada
(autopoiesis).
5
Assim, o tradutor do inglês dessa obra, Álvaro de Sá (1998), justifica a adoção do termo: “Talvez, os seguidores
mais ortodoxos de Norbert Elias estranhem que, no título do livro e no corpo desta tradução, o termo detachment
(tradução do distanzierung alemão para o inglês) tenha sido traduzido para o português como alienação e não
como distanciamento ou afastamento. Isso procurou melhor atender à inserção do autor no intertexto filosófico e
à projeção que deverá ganhar nos próximos anos, pela proposta que faz de uma epistemologia dinâmica e sobre as
implicações sociais dos humanos. [...] E as implicações sociais oscilam entre o envolvimento, que leva as pessoas
a se enredarem nos fatos, passando a atuar neles comprometidas pelas tensões a que foram submetidas pelas
tensões a que ficam submetidas, e a alienação, que permite às pessoas se afastarem tanto das opiniões
padronizadas e da coerção emocional dos fatos e, dentro deles, utilizar suas potencialidades, principalmente as
advindas do conhecimento, para transpor as situações dilemáticas” (p. 7).
6
Discutindo a idéia do homo faber, muito freqüente no pensamento social, afirma: Em sua forma primeva, a
fabricação de instrumentos configura-se exemplo muito elementar de autodistanciamento e de alienação. Sua
lembrança, entretanto, poder ajudar a demostrar que a capacidade de alienação é um universal humano (p. 53).
5
seriam os homens e mulheres nos problemas de conhecimento. Ao contrário, quanto mais a
longo prazo sua perspectiva mais distanciados seriam eles. De certa forma, é a visão de tempo
também um elemento que distingue as diferentes disciplinas, ainda que não afete, por si, a
natureza do seu objeto, mas apenas o seu tratamento, considerando que o distanciamento no
tempo permitiria, primeiro, estabelecer conexões entre passado e presente e, segundo, tomá-los
como fatos. A título de ilustração, parece ser importante invocar a autoridade de Elias, neste
momento, embora, a citação seja longa. Comparando a perspectiva da sociologia com a das
ciências naturais, como a cosmologia, argumenta Elias (1998):

Para os sociólogos, as estruturas e os processos dos séculos 19 e 18 freqüentemente apresentam


baixa relevância diante dos que ocorrem hoje. O que aconteceu há um ou dois mil anos pode
parecer a muitos sociólogos contemporâneos de desnecessária menção, algo sem qualquer
interesse para os sociólogos. Os cosmólogos, por outro lado, podem muito bem estar
igualmente interessados no que acontece hoje e no que aconteceu há um milhão de anos. Eles
têm clareza da conexão entre passado e o presente. São capazes de perceber tais eventos em
conjunto, como aspectos de um processo único. Sua perspectiva de tempo, em outras palavras,
é ditada não por seu envolvimento pessoal, mas pelos próprios fatos, cuja interconexão tentam
desvendar e representar por meio de modelos teóricos verificáveis, em sua maior parte modelos
de processos. Se a perspectiva dos sociólogos também fossem orientadas para os fatos, eles
teriam igualmente a incumbência de trazer à luz processos que conectassem acontecimentos
passados internamente e com a época atual. O assunto de investigação dos cosmólogos, como
um todo, não representa, entretanto, perigo para quem o estuda, que, assim, pode explorá-lo em
paz. Os sociólogos, a esse respeito, estão em situação diferente: participam dos fatos que
estudam, estando pessoalmente expostos aos perigos que os objetos de seu estudo representam
para eles. É compreensível, portanto, que em seu campo prevaleça uma abordagem mais
envolvida (p. 25).

As idéias de envolvimento/distanciamento não podem ser pensadas enquanto atitudes


isoladas de pesquisadores, pois estão condicionadas por padrões coletivos de
envolvimento/distanciamento alcançados pelos grupos humanos. Assim, nem a formulação do
ponto de vista heliocêntrico nem a sua adoção teriam sido possíveis se a Europa do século
XVI não tivesse alcançado um certo grau de distanciamento do pensamento religioso. Ou seja,
eventos de variados matizes tinham despertado a consciência européia para um maior
distanciamento da visão mágico-mítica de orientação cristã.
O resultado desse processo foi, de um lado, o desenvolvimento das ciências naturais e,
de outro, o controle das forças naturais, que este desenvolvimento proporcionou, trazendo
6
mais conforto e segurança, graças àquilo que o autor chamou de “princípio do aumento da
facilitação” (Elias, 1998, p. 115). Nesse sentido, afirma o autor:

Os perigos das forças não-humanas que ameaçam as pessoas foram lentamente decrescendo.
Efeito não menos importante de uma abordagem mais alienada nesse campo foi aquele da
limitação dos medos, de sua prevenção, ou seja, de perceber bastante amplamente o que, de
fato, pode ser considerado ameaçador. O desamparo inicial diante das forças naturais
incompreensíveis e incontroláveis lentamente deu lugar a um sentimento de confiança,
simultâneo, pode-se dizer, ao aumento da facilitação, ao poder das pessoas para, nessa esfera,
elevar o nível geral de bem-estar e ampliar a zona de segurança mediante aplicação de pesquisa
paciente e sistemática (id. p. 116)

Outra é, no entanto, a perspectiva das ciências sociais. O sucesso que o distanciamento


proporcionou quer no plano do conhecimento das forças naturais quer no de seu controle, se
veio a desencadear uma motivação intelectual para conhecer e controlar o mundo social, não
foi capaz, na mesma medida ou em medida aproximada, de promover o sucesso daquelas
ciências. Nesse ponto, Elias mostra muita segurança ao afirmar que isso não se deve nem à
natureza do objeto de umas e outras e nem à capacidade intelectual das pessoas. O que deve
ser considerado é a situação e as atitudes dos pesquisadores em relação a seus objetos: relações
entre sujeitos e objetos (id. p. 120). Enfim, o que estaria em jogo seria a dificuldade dos
cientistas sociais pôr em prática o distanciamento.
Se coloco no condicional esta afirmação é para dirigir a argumentação no sentido
indicado por Elias, evitando dessa forma apresentá-la como tributária dos padrões e modelos
desenvolvido nas ciências naturais, ainda que, em termos gerais, a tarefa possa caminhar na
mesma direção, na medida em que, afirma: “A meta geral das buscas científicas é a mesma
nos dois campos; é descobrir, despojados de um bom número de crostas filosóficas, de que
modo os dados observados se conectam” (p. 120). Todavia, as semelhanças param aí, pois,
segundo ele: “As ciências sociais, [...], diferentemente das naturais, preocupam-se com as
associações de pessoas. Aqui, de alguma forma, as pessoas defrontam-se consigo mesmas; os
‘objetos’ são também os ‘sujeitos’ (p. 120).
O desenvolvimento das ciências sociais, a partir do século XIX, deu-se nos dois
sentidos, ou seja, tanto no do distanciamento quanto no do envolvimento, mas em direção
opostas. E, assim como não é possível desconhecer os limites que cada uma das perspectivas
experimentou, também não se pode deixar de levar em consideração os seus resultados. É
verdade que a adoção de um ponto de vista mais distanciado, quer dizer, de um modelo mais
próximo do das ciências naturais, que, na sua utilização generalizada, leva a um pseudo-
distanciamento, bloqueou o desenvolvimento de uma perspectiva mais envolvida. No entanto,
7
não é esta a proposta de Elias. Fiel à idéia de que envolvimento/distanciamento têm que ser
considerados num continuum, Elias vai propor uma solução de equilíbrio entre as duas,
quando da sua utilização nas ciências sociais. Nestes termos, afirma:

Talvez o melhor modo de indicar sucintamente esse aspecto das diferenças seja a construção
hipotética de um ou mais modelos que representem referenciais estruturas diversificadas dos
problemas científicos de forma mais generalizada, como enquanto unidades compostas
organizadas de acordo com a extensão da interdependência de seus constituintes ou, mais
genericamente, de acordo com seu grau de organização (id. p. 135).

Simplificando, a construção de modelo(s) permitiria, no primeiro caso, a adoção de


uma perspectiva mais distanciada, que cuidaria de unidades de baixo nível de organização:
coleções, aglomerações, lotes ou multidões, e, no segundo caso, unidades que são partes de
outras de nível mais alto de organização: famílias, grupos de grupos, vilas ou cidades, classes
ou sistema industriais, etc. Isto exigiria a adoção de uma perspectiva mais envolvida. De outro
modo, o(s) modelo(s) teria(m) que apreender as unidades tanto nas suas interconexões, cujos
componentes estão provisoriamente associados, quanto como sistemas e processos abertos. O
que uma e outra perspectiva proporcionariam em termos de conhecimento também é
tematizado por Elias.
Assim, procurando evitar a formulação de modelos abstratos e estáticos, Elias aponta
para as dificuldades que adviriam do fato de haver mais do que dois níveis a considerar na
realidade em foco (p. 140); o que traria sérias conseqüências para a pesquisa nas ciências
sociais. Enfim, num dos trechos mais promissores e argutos com que se pode defrontar o
estudioso das ciências sociais, sugere:

Sistemas e processos altamente estruturados muitas vezes têm partes que são, também,
sistemas e processos; e esses, por sua vez, podem ter partes que sejam sistemas em
desenvolvimento, embora com menor grau de autonomia. De fato, esses sistemas dentro de
sistemas e processos dentro de processos podem consistir em muitos níveis de força e poder
controlador de relativa subordinação interligados e encadeados uns aos outros; de tal modo,
que aqueles que estão extraindo conhecimento de um deles têm necessidade de livres canais de
comunicação com quem está trabalhando nas galerias acima e abaixo e, ao mesmo tempo, de
clara noção das posições e das funções de seu próprio campo de questões e de sua própria
situação dentro do sistema como um todo (p. 140).
8
Isto garantiria, a meu ver, a coerência da sociologia que pretende fundamentar, a
sociologia dos processos, em contra-posição à sociologia que tem sido praticada e que, na sua
avaliação, seria altamente redutora dos processos.

2.3. A idéia de reflexividade

Da mesma forma que a idéia de distanciamento para Elias, a de reflexividade é também


um universal humano, antes que um recurso metodológico (Giddens, 1978)7. Então, a questão
passa a ser, aqui também, de como essa idéia seria transformada num recurso metodológico.
Ora, na medida em que a idéia de reflexividade passou a freqüentar as mais diversas correntes
sociológicas, nos últimos tempos, talvez fosse pertinente fazer a distinção entre o seu uso pelas
correntes mais identificadas com o pensamento analítico e aquelas identificadas ou com o
hermenêutico e, aventurar-me na formulação de uma hipótese  que, como toda hipótese
reivindica seu caráter provisório  de que, no primeiro caso, a reflexividade seria,
8
predominantemente, um recurso metodológico , enquanto, no segundo, um universal humano,
como sugere Giddens (id.), alçado à condição de recurso metodológico. De qualquer forma,
permanece a questão de como transformá-la num recurso metodológico. No caso de Giddens,
para não me alongar, parece-me que a idéia de dupla hermenêutica (id. p. 171; 2003, p. 50), ou
de dupla monitoração da ação, permitiria esta passagem sem maiores delongas.
O “programa forte em sociologia da ciência”, que toma essa idéia como um de seus
princípios, pelo menos na suas formulações iniciais, refere-se apenas à sua dimensão
metodológica (Bloor, 1976).
Em “Introdução a uma sociologia reflexiva”, Bourdieu (2001b) tematiza a questão, mas
se atém, da mesma forma à sua dimensão metodológica. Assim sendo, em vista de que o
sociólogo tem, como objeto de conhecimento, o mundo social, do qual é produto, impõe-se a
ele o exercício da reflexividade, sem o qual a tarefa do conhecimento ficaria inviabilizada.
Argumenta ele:

A sociologia corrente  que se exime a pôr em causa de modo radical as suas próprias operações e
os seus próprios instrumentos de pensamento, e que veria sem dúvida em tal intenção reflexiva um
vestígio da mentalidade filosófica, logo, uma sobrevivência pré-científica  é inteiramente

7
Assim, argumenta Giddens em seu “Novas regras do método sociológico – uma crítica positiva das sociologias
compreensivas ” (1978[1976]): “Mas nada é mais central, e distintivo, da vida humana que a orientação reflexiva
do comportamento, que todos os membros ‘competentes’ da sociedade esperam dos outros (p. 120).
8
Desde já, adianto, que, nos dois casos, a utilização da idéia de reflexividade, sendo tributária, direta ou
indiretamente, da filosofia da linguagem, lidar com essa distinção exigiria um alto grau de refinamento, para não
dizer de difícil sustentação. Acreditando, como Bourdieu (2001), que ela é um enorme de pré-construções
naturalizadas, ficaria muito difícil ignorá-la.
9
atravessada pelo objecto que ela quer conhecer e que não se pode realmente conhecer, pelo facto
de não se conhecer a si mesma (id. p. 35).

Para tanto, sugere a objectivação participante que consistiria em romper com as aderências
mais profundas e com as adesões mais profundas e mais inconscientes (id. p. 35), que tanto
projeta a sociologia como uma arma nas lutas no interior do campo, em vez de concebê-la
como instrumento de conhecimento dessas lutas9, evitando o que ele chama em “Os usos
sociais da ciência” (2003 [1997]), o “erro do curto-circuito” (id. p. 20). Para tanto, introduz a
noção de campo. Assim, argumenta:

A noção de campo está aí para designar esse espaço relativamente autônomo, esse microcosmo
dotado de suas leis próprias. Se, como o macrocosmo, ele é submetido a leis sociais, essas não são
as mesmas. Se jamais escapa às imposições do macrocosmo, ele dispõe, com relação a este, de uma
autonomia parcial mais ou menos acentuada. E uma das grandes questões que surgirão a propósito
dos campos (ou dos subcampos) científicos será precisamente acerca do grau de autonomia que
eles usufruem (id. p. 20/21).

Ainda que, em “Lições da lição” (2001a [1982]), Bourdieu defenda que a sociologia, que
cultiva, tenha, como uma de suas propriedades fundamentais, a capacidade de aplicar todas as
proposições que enuncia, no seu métier, ao sujeito que faz a ciência (id. p. 4), limita a sua
aplicação ao sujeito cognoscente e não estende ao agente social em geral. Essa ligação só uma
leitura mais cuidadosa poderá restabelecer, visto que, tal como está colocado nos textos de
caráter metodológico, fica em suspenso.
A título de conclusão, a idéia de reflexividade, pelo menos para maior parte dos autores
colocados em discussão, por si mesma, seria capaz de cobrir todas as dimensões dos ídolos
baconianos, principalmente, a partir do momento em que todas as esferas do conhecimento
foram reduzidas ao estatuto da crença, como já foi adiantado.

3. Ressonâncias de uma experiência de orientação

Até onde vai a minha memória, eu diria que a questão que o orientando apresentou, na
sua dissertação de mestrado, já estava presente nas suas primeiras observações em sala de
aula, ainda no primeiro ano do Curso de Ciências Sociais como aluno da disciplina de
Introdução às Ciências Sociais, em 1998. Eram ainda impressões de um jovem recém-chegado

9
“Objectivar a pretensão à posição realenga que, como há pouco disse, leva a fazer da sociologia uma arma nas
lutas no interior do campo em vez de fazer dela um instrumento de conhecimento dessas lutas, portanto do
próprio sujeito cognoscente o qual, faça o que fizer, não deixa de estar nelas envolvido, é conferir a si mesmo os
10
de Cabo Verde, perplexo diante da imensidão territorial e da exuberância da paisagem
brasileira. Era evidente, ainda que as impressões fossem primeiras, que não se tratava de uma
ilha, nem mesmo de um arquipélago. Além disso, embora a vegetação do cerrado pudesse
evidenciar alguma semelhança com a aridez do território cabo-verdiano, a chegada na época
das chuvas elidia qualquer comparação.
Essa perplexidade adquiriu, com o tempo e com o contato com o pensamento social
brasileiro, feição formal. Assim afirmava, na primeira versão de sua dissertação:

Ora, é bastante curioso e muito instigante que sempre que se pergunta sobre as possibilidades
de desenvolvimento, de associação e sobretudo da afirmação político-econômica e sócio-
democrática do Brasil, as respostas são, na sua maioria, pessimistas. Respostas como essas são
freqüentes: o país é “apolítico”; há falta de “solidariedade cívica’; o “autoritarismo” é
recorrente e faz parte da nossa história política; o povo não sabe diferenciar o “público” do
“privado”, o “impessoal” do “pessoal” e que a “democracia” e a “cidadania” são práticas
sociais estranhas ao nosso povo (Pereira, 2004).

A perplexidade se torna ainda maior pelo fato de esse pessimismo animar grande parte do
trabalho acadêmico. Em seus termos: “A questão fundamental e que constitui o problema
central deste trabalho é esse pessimismo que parece estar difuso em toda sociedade brasileira e
reproduzido pelos trabalhos acadêmicos” (Pereira, 2004). A necessidade do estranhamento
colocou-se de maneira diferente, porém complementares, nos dois momentos. No primeiro, era
o olhar estrangeiro, olhando-nos. Mas não era qualquer olhar estrangeiro, era um olhar de um
estrangeiro que não nos olhava com a superioridade de um europeu ou estadunidense, mas de
um africano ou quase, que conclamava a mim, como professor, e a seus colegas brasileiros
também, a ter uma visão mais otimistas sobre nós mesmos. No segundo, tratava-se de pensar-
nos enquanto povo, o que se colocava para mim, enquanto orientador, como uma pretensão
desmedida, mas que precisava ser estranhada.
A necessidade do estranhamento não se colocou apenas nestes planos mais gerais; fez-se
presente também na linguagem, quando me defrontava com termos e construções idiomáticas
que não eram comuns ao português escrito ou falado no Brasil e, ainda, diante das críticas aos
estudiosos brasileiros como a que passo a destacar. Afirma: “A persistência em representar a
classe trabalhadora brasileira como um ‘corpo’ ou uma ‘categoria’, deve-se ao apego que os
intelectuais brasileiros têm a perspectiva de análise que têm dificuldades de enxergar o lado
humano do trabalho” (Pereira, 2004).

meios de reintroduzir na análise a consciência dos pressupostos e preconceitos, associados ao ponto de vista local
e localizado daquele que constrói o espaço dos pontos de vista” (2001b, p. 52).
11
A busca do lado humano do trabalho levou o orientando a incorporar, na sua
dissertação, a discussão das mudanças no mundo do trabalho, privilegiando a dimensão
subjetiva (bem-estar individual, convivência social e criatividade), em detrimento da objetiva
(salário, por exemplo e execução de tarefas mecânicas), em termos mais sociológicos,
colocava-se a distinção entre ação com sentido e ação instrumental ou estratégica. Em si
mesma, a incorporação dessa discussão não me parecia descabida, considerando que o arsenal
de reflexões e de pesquisa empírica já desenvolvido pelos sociólogos brasileiros apontava na
mesma direção. O que me parecia estranho era a associação que fazia entre essas mudanças e o
caráter brasileiro, indicando que a heteronomia da nossa experiência de modernidade dava
lugar a uma experiência pós-moderna exemplar. Enfim, em tom de brincadeira, dizia a ele, que
a sua dissertação indicava-me que nós brasileiros éramos pós-modernos avant la lettre.
É, neste momento, que se colocava para o orientador a necessidade de estranhar o
estranhado. Não se tratava apenas de buscar elementos empíricos para referendar esta ou
aquela afirmação. Tratava-se de colocar-se num plano diferente do que o orientando se
situava, ou seja, no plano metateórico, para que o distanciamento pudesse operar de maneira
inequívoca. Enfim, com que categorias o pesquisador queria pensar o Brasil senão com
aquelas com que os pesquisadores brasileiros de Sérgio Buarque de Holanda a Maria Célia
Paoli se colocavam? Categorias que, embora fossem cuidadosamente examinadas, eram
tributárias de uma representação de mundo estranha à nossa experiência. Da mesma forma,
que a tentativa de repensar o Brasil se dava na mesma direção. No entanto, não era bem isso o
que ocorria, já que a experiência estava envolta numa espessa camada de envolvimento.
Nesse sentido, parece importante registrar o fato de que quando anunciava essas idéias, em
primeira mão, no seu exame de sua qualificação, alguém do público reclamou de que o
orientando já era brasileiro, chamando a atenção para a perda de sotaque e para a sua completa
integração na sociedade goianiense.
De certa forma, era o mesmo sentimento que, certamente, animara os estudiosos nativos,
que, instalando-se nas grandes metrópoles coloniais, colocavam em questionamento o caráter
genuíno de sua cultura, a partir de padrões europeus ou dos Estados Unidos da América do
Norte. Enfim, a diáspora tinha que ser compartilhada e, nessa medida, construiu-se uma
abordagem internalista e externalista, resolvendo no plano categorial (multiculturalismo,
hibridismo e différance10), quando não político, o dilema antropológico de origem (Hall,
2003).

10
Termo emprestado de Derrida (apud Hall, 2003).
12
Na experiência da orientação, como bem notou um dos examinadores11, permanecia sem
solução o descompasso entre uma abordagem internalista e externalista, pois, considerando
que o problema estava bem formulado, isto é, se as considerações que o orientando fazia a
respeito do caráter brasileiro eram fruto de uma abordagem externalista, a resposta deveria
exigir uma abordagem internalista, orientando-se quer pelas análises e reflexões do
pensamento social brasileiro  nos termos de Bourdieu (2004, p. 32): capital coletivamente
acumulado no e pelo campo  quer pela pesquisa empírica, em detrimento de uma abordagem
externalista. Estas colocações (reparos e sugestões) traziam, para a pauta da discussão, a
questão da heteronomia12. De antemão, entendíamos (orientando e orientador) que o
descompasso entre abordagem internalista e externalista existiria apenas e na medida que a
articulação de uma e outra se desse de forma inconsistente. Não havia uma sociologia regional
ou nacional e nem era por essa via que queríamos caminhar, pois significava invocar um
veredicto fora do campo.
Tornavam-se evidentes os limites desses princípios metodológicos diante de situações
liminares como esta, e ainda que a saída apontada passasse pelo nível metateórico, como me
referi antes, dever-se-ia acrescentar a eterna vigilância, que a reconstrução metodológica
(Oliveira Filho, 1976) proporcionaria, a qual poderia levar ao reconhecimento, que, em última
instância, norteia a produção de conhecimento.

4. Referências:

BACON, Francis. Novum Organon. São Paulo, Abril Cultural, 1984.


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1976.
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abril de 1982. 2ª ed. São Paulo, Ática, 2001.
BOURDIEU, Pierre. Introdução a uma sociologia reflexiva. In: — . O poder simbólico. Rio de
Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
BOURDIEU, Pierre. É possível um conhecimento desinteressado? In: — . Razões práticas:
sobre a teoria da ação. Campinas (SP), Papirus, 1996.
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Émile Durkheim: Sociologia. São Paulo, Ática, 1978.
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São Paulo, Paulinas, 1989.
ELIAS, Norbert. Envolvimento e alienação. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1998.

11
Participaram do exame de qualificação os professores: Profa. Dra. Nei Clara de Lima e Prof. Dr. Jordão Horta
Nunes.
12
A idéia de heteronomia é pensada diferentemente por Bourdieu (2004) e Elias (1998). Enquanto para o
primeiro heteronomia relaciona-se com a presença de critérios, argumentos e demonstrações de um outro campo
social no campo científico; para Elias, ela se deve, notamente, à questão do envolvimento. Aqui, estou referindo-
me ao descompasso existente entre as abordagens externalista e internalista, que é tributária das duas concepções.
13
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
GEERTZ, Clifford. Anti-anti relativismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo,
v.3, n. 8, p. 5-19, out.1988.
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