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FUNCIONAMENTO E PRINCÍPIOS
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1. Fermentação
A água negra é decomposta pelo processo de fermentação (digestão
anaeróbia) realizado pelas bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos
espaços criados entre as pedras e tijolos colocados ao lado da câmara.
2. Segurança
Os patógenos são enclausurados no sistema, porque não há como
garantir sua eliminação completa. Isto é realizado graças ao fato da bacia
ser fechada, sem saídas. A bacia necessita ter espaços livres para o
volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia. A
bacia deve ser construída com uma técnica que evite as infiltrações e
vazamentos.
3. Percolação
Como a água está presa na bacia ela percola de baixo para cima e com
isso, depois de separada dos resíduos humanos, vai passando pelas
camadas de brita, areia e solo, chegando até as raízes das plantas, 99%
limpas.
4. Evapotranspiração
Na minha maneira de ver, este é o principal princípio da BET, pois graças
a ele é possível o tratamento final da água, que só sai do sistema em
forma de vapor, sem nenhum contaminante. A evapotranspiração é
realizada pelas plantas, principalmente as de folhas largas como as
bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. que, além disso, consomem
os nutrientes em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia
nunca encha.
5. Manejo
Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre
completada com as próprias folhas que caem das plantas e os caules das
bananeiras depois de colhidos os frutos. E se necessário, deve ser
complementada com as aparas de podas de gramas e outras plantas do
jardim, para que a chuva não entre na bacia.
Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de
inspeção e coletar amostras de água para exames. E observar a caixa de
extravase, para ver se o dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve
existir se for exigido em áreas urbanas pela prefeitura para a ligação do
sistema com o canal pluvial ou de esgoto.
CONSTRUÇÃO PASSO-A-PASSO
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3. Bacia
Pode-se construir a bacia de diversas maneiras, mas visando a economia
sem descuidar da segurança, o método mais indicado de construção das
paredes e do fundo é o ferrocimento, como se pode observar na fotos
abaixo. As paredes ficam mais leves, levando menos materiais. O
ferrocimento é uma técnica de construção com grade de ferro e tela de
“viveiro” coberta com argamassa. A argamassa da parede deve ser de
duas (2) partes de areia (lavada média) por uma (1) parte cimento e
argamassa do piso deve ser de duas (3) partes de areia (lavada) por uma
(1) parte cimento. Pode-se usar uma camada de concreto sob (embaixo)
o piso caso o solo não seja muito firme.
4. Câmara anaeróbia
Depois de pronta a bacia e assegurada sua impermeabilidade, mantendo-
a úmida por três dias, vem a construção da câmara que é super facilitada
com o uso de pneus usados e o entulho da obra. Como mostra a foto
abaixo, a câmara é composta do duto de pneus e de tijolos (bem
queimados) inteiros alinhados ou cacos de tijolos, telhas e pedras,
colocados até a altura dos pneus. Isto cria um ambiente com espaço livre
para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os
sólidos em moléculas de micronutrientes.
5. Dutos de inspeção
Neste ponto pode-se iniciar a fixação dos 3 dutos de 50mm de diâmetro,
conforme os desenhos acima, para a inspeção e coletas de amostras de
água.
6. Camadas de materiais
Como a altura dos pneus é de cerca de 55cm, que juntamente com a
colmeia de tijolos de cada lado vão formar a primeira camada (mais
baixa) de preenchimento da bacia (câmara), irão restar ainda 45 cm em
média para completar a altura da BET e mais 4 camadas de materiais. A
segunda camada é a de brita (+/- 10 cm). Nesse ponto eu tenho usado
uma manta de Bidim para evitar que a areia desça e feche os espaços da
brita. A terceira é a da areia (+/- 10 cm). E a quarta é a do solo (+/- 25
cm) que vai até o limite superior da bacia. Procure usar um solo rico em
matéria orgânica e mais arenoso do que argiloso. A última camada é a
palha que fica acima do nível da BET.
7. Proteção
Como a bacia não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, ela
deve ser coberta com palhas. Todas as folhas que caem das plantas e as
aparas de gramas e podas, são colocadas sobre a bacia para formar um
colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema. E para
evitar a entrada da água que escorre pelo solo, é colocada uma fiada de
tijolos ou blocos de concreto, ao redor da bacia para que ela fique mais
alta que o nível do terreno.
8. Plantio
Por último, deve-se plantar espécies de folhas largas como mamoeiro (4),
bananeiras (2), taiobas, caetés, etc. As bananeiras podem ser plantadas
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de diversas maneiras. Mas eu prefiro usar o rizoma inteiro ou uma cunha
(parte de um rizoma) com uma gema vizível. Após fazer os buracos (no
mínimo 30x30x30 cm) deve-se enchê-las com bastante matéria orgânica
(palhas, folhas, etc.) misturada com terra. O rizoma deve ficar há uns 10
cm, em média, abaixo do nível do solo. Quando plantada a partir de
rebentos (mudas), posicione-os inclinados para fora, isso facilitará a
colheita e o manejo das bananeiras.
ÁLBUM DE FOTOS
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Gosto
Sobre Ita
Trabalha com design, gestão e permacultura. Casado com Cleusa e
pai de Carla, Paula e Gabriel. Mora em Criciúma, SC, Brasil. Colabora
com a Ema Software, Setelombas, Associação Felicidade e Permear .
Ver todos os posts de Ita →
Itamar Vieira
31/07/2012 às 11:58
A Letícia fez uma pergunta em outro post que acho importante passar para
esse local para ser lido por outros, principalmente com a mesma importante:
Itamar: Acho que sim Letícia, mas repito sempre isso, depende muito da
incidência de sol e ventos. Quanto mais sol e mais vento melhor.
Como seu sistema terá um ciclo de uma semana para realizar todas as funções
antes de nova carga de material e água, tem duas soluções possíveis:
- 50 pessoas / 7 dias = aprox. 7
- todas as duas resposta abaixo deverão ter 90cm de profundidade. Lembre
que você deverá usar uma proteção de tijolos ao redor da bacia com 10 cm de
altura para evitar a entrada de água da chuva que escorre pelo chão, o que
completará 1 m de profundidade da bacia.
Responder
Fabiano
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11/08/2012 às 12:18
Responder
Itamar Vieira
14/08/2012 às 16:30
Oi Fabiano, sem problemas, pode colocar uma camada de terra com 50 cm.
Responder
Fabiano G. Silva
11/08/2012 às 22:08
Olá Itamar,
seguinte, gostei muito do projeto e gostaria muitíssimo de aplica-lo em minha
residencia (ainda em fase de projeto) no entanto tenho a seguinte dúvida,
moro em Rondônia, região norte do pais, clima tropical, e como deve saber no
verão é muito, MUITO sol e calor e zero de chuvas, e no inverno é muita, mas
MUITA mesmo, muita chuva, o que não quer dizer q o sol não “tire pica-pau
do oco” o sol não da trela um dia seguer no ano, e são apenas estas duas
estações, verão com muito sol e calor, e inverno com muita chuva mas ainda
com sol e calor… rsrs. Portanto estas chuvas em excesso não irão inundar a
BET, não por enchorradas mas pela própria água da chuvas? a mesma dúvida
tenho no circulo de bananeiras.
Responder
Gui Castagna
14/08/2012 às 12:14
Ita, peço licença para me manifestar sobre esse assunto. Acho a colocação
do Fabiano bem relevante e merece uma reflexão. Apesar de ser geralmente
encarada como uma solução de “emissão zero”, a BET gera excedente
sempre que o índice pluviométrico for maior do que a taxa de
evapotranspiração, o que acontece na maior parte do país (salvo no semi-
árido, e talvez no cerrado e/ou Pampa). Uma solução que uso quando
necessário é conectar o ladrão da BET à um círculo de bananeiras, ou outro
sistema de irrigação de frutíferas, sempre contando com grande massa seca
em decomposição que possa receber esse excedente do BET, potencializando
a remoção de patógenos que tenham sobrevivido até aí.
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Quanto ao círculo de bananeiras, além da evapotranspiração das plantas,
temos também a colaboração da infiltração do solo. Solos arenosos tem
maior capacidade de infiltração, mas menos tempo de retenção, o que do
ponto de vista do “tratamento” da água não é ideal. Solos argilosos tem
menos capacidade de infiltração, e portanto maior tempo de detenção,
portanto melhores do ponto de vista do tratamento, porém, podem ter o
inconveniente de causar transbordamento se a quantidade de água for
grande. Assim, Fabiano, é sempre bom você fazer uma estimativa de quanta
água será gerada para o circulo, e comparar com a capacidade de infiltração
do solo:
. argiloso: 20 a 40 l/m²/dia
. silte: 40 a 70 l/m²/dia
. arenoso: > 70 l/m²/dia
Isso não leva em conta o potencial de evapotranspiração das plantas, mas
pelo menos te dá uma idéia grosseira da capacidade do circulo lidar com a
água que você está gerando.
Boa sorte, abs!
Responder
Viviane Menezes
15/08/2012 às 16:47
Responder
Isacris
22/08/2012 às 13:55
Responder
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Rafael
29/08/2012 às 22:56
Olá Itamar,
Responder
Itamar Vieira
31/08/2012 às 10:29
Sobre os cuidados para iniciar o uso da BET, não preciso nem responder,
acho que você intuiu na direção correta. Criar as condições para que a BET
possa realizar as suas funções planejadas antes de receber as primeiras
águas usadas da casa é melhor do que ir usando e ver o que acontece,
enquanto as plantas vão crescendo. Dá pra ir regando as plantas, se não
chover, até que elas tenham um tamanho suficiente para realizar a
evapotranspiração.
Sobre o tubo de pneus, já expliquei em outras respostas. Eu deixo espaço
para a circulação da água colocando pedras entres os pneus.
Responder
Rafael
31/08/2012 às 21:37
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Sua solução para circulação da água entre os pneus, colocando pequenas
pedras entre eles, eu já havia adotado.
Alexandre Lago
31/08/2012 às 10:02
Responder
naldir
15/10/2012 às 20:07
muito obrigado Itamar pelo bom trabalho feito por vc em esclarecer as duvidas
das pessoas referete ao assunto foi muito util
Responder
Felipe
22/10/2012 às 11:08
Itamar, muito boa a BET. Atualmente trabalho com zona de raizes, e neste
sistema usamos uma fossa séptica antes da ETZR afim de impor uma barreira
fisica aos sólidos, e também homogenização do efluente, antes de entrar na
referida estação. Utilizando a BET seria necessário esta fossa antes? Existe risco
de entupimento do sistema? É necessário alguma manutenção no sistema fora
a colocação de cobertura vegetal ou deve-se fazer a troca da brita de tempos
em tempos? a banana é segura para consumo humano?
obrigado
Responder
MARIA CELIA
25/10/2012 às 15:40
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BANHEIRO.ESTA FOSSA ESTA TODA FECHADA. A PARTIR DELA COMO
FAZER A FOSSA DE BANANEIR? DEVO DESVIAR OS DEJETOS PARA A NOVA
CONSTRUÇÃO?
Responder
Responder
Responder
Valdecir Nery
11/12/2012 às 10:59
Olá Itamar,
Fiquei muito interessado em construir uma BET em minha chacara, onde
pretendo morar e viver ecologicamente correto. Fora o passo a passo em seu
artigo, tem mais alguma coisa que preciso saber?? Algum curso, palestra ou
video. Na região onde pretendo marar a maioria das casas utilizam o sistema
convencional ou uma latrina com um buraco. Gostaria de divulgar e passar
esse sistema BET tambem para outras pessoas.
Grato
Responder
Responder
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Janaina Yolanda
10/05/2013 às 22:19
Olá Itamar,
Responder
Responder
Itamar Vieira
27/08/2013 às 08:52
Karenina, você tem toda razão, não havia me dado conta dessa preocupação
dos leitores. É que esse não é um problema na BET. A grande diferença é
que a BET é toda aberta por cima e não fechada como as fossa séptica
normais. Imagine uma fossa fechada acumulando os poucos gases gerados
…
O fechamento na BET se dá por brita, areia e terra, funcionando como um
filtro natural. Apesar disso não tem mal cheiro. Gera pouco gás.
Mas os três tubos de verificação também cumprem essa função (tirar o gás)
porque as pontas de cada um dos três tubos ficam em níveis diferentes, um
na brita, outro na areia e outro nos tijolos.
Importante: Nenhum fica dentro da câmara (pneus) o que geraria um
problema, a entrada de ar que mataria os organismos anaeróbios, que
vivem sem o oxigênio.
Responder
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Karenina de los Santos
27/08/2013 às 15:40
Guilherme Castagna
27/08/2013 às 08:56
Um abraço
Responder
Obrigada Guilherme! Quem sabe também possas vir visitar a “dona BET”
na nossa querida, futura EcoPousadaCultural
https://www.facebook.com/EcoPousadaCultural
Abração.
Itamar Vieira
27/08/2013 às 17:47
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Valeu Guilherme, bem lembrado também! Lembrando que o suspiro na
casa que o Guilherme se refere é aquele tubo colocado na parede do
banheiro subindo até o teto (ficando a ponta livre para sair o ar) e que é
conectado a saída do sanitário. Além dessa função que o Guilherme
expôs, também facilita a descarga porque a água não precisa empurrar o
ar da tubulação abaixo, porque o ar qquando recebe o primeiro empuxo
acaba saindo pelo suspiro.
Marcos Catelli
18/09/2013 às 03:07
Caro Itamar, gostei muito do material que você disponibilizou aqui. Trabalho
em um Centro de Formação para indígenas aqui na Amazônia e estou
querendo convencer o pessoal a construirmos uma ou duas BETs. É que o fluxo
de pessoas aqui é grande, ano passado registramos 437 pessoas, dividindo por
12 meses praticamente 37 pessoas por mês. Segundo os cálculos que você
disponibilizou, dariam 160 m3 o volume do tanque. Pensei em aproveitar a
antiga fossa negra pra fazer um tanque e construir mais dois – totalizando 45
m3, acho que conseguiria suprir a demanda de um ano movimentado, não? O
problema é encontrar material para substituir a areia grossa que não temos
aqui, tem sugestão? grato e abraços…Marcos Catelli
Responder
iago
27/09/2013 às 18:08
Responder
Daniel Evaristo
30/10/2013 às 08:57
Olá Itamar, estou fazendo uma pesquisa sobre a BET para o curso de
saneamento do IFSC e estou precisando de uma especificação do projeto para
nossa equipe de desenho que seria a espessura da parede de ferro-cimento e
da base (fundo).
De resto esta tudo muito bem especificado no seu projeto e nos comentários
Grato
Responder
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Ita
30/10/2013 às 09:20
Ao contrário do que foi feito na BET lá de casa, o piso deveria ser feito
primeiro, com concreto de no mínimo 5 cm deixando as esperas de ferro
para unir com as paredes. E a espessura das paredes laterais são as normais
de ferrocimento em torno de 3 cm.
Responder
Daniel Evaristo
30/10/2013 às 20:16
Entendi, grato.
Nós estamos procurando uma BET para fazer análise microbiológica e ter
parâmetros de eficiência com relação ao tratamento convencional
individual, vc tem alguma indicação próximo a florianópolis?
Joelson
12/11/2013 às 19:32
Responder
Cristiano
08/01/2014 às 10:18
Bom dia,
Itamar,
Agradeço…
Responder
Francisco Netto
23/01/2014 às 21:30
Parabéns Itamar, demais elogios estaria sendo redundante, mas você merece
todos.
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Tenho intenção em construir uma BET em um rancho. O rancho será utilizado
com uma certa rotatividade de pessoas com diferentes níveis de consciência
ecológica. Anteriormente você ponderou que não é recomendável lançar papel
higiênico e produtos químicos nas águas negras para não provocar
desequilíbrio das bactérias anaeróbicas. Tal procedimento, na prática, corre o
risco de não ser seguido por todos que frequentarem o rancho. O que você
acha da possibilidade de utilizar aqueles biodigestores ( composto por
microorganismos que aceleram o processo de degradação da matéria orgânica)
disponíveis no mercado em um determinado intervalo de tempo? Além disso,
imaginando que fora de toda previsão da drenagem de chuva ocorra um
alagamento no local da Bet, seria possível deixá-la em um “processo de
quarentena” e após constatar pelos dutos de manutenção que o excesso de
líquido evapotranspirou voltar a utilizá-la.
Responder
Olá,
Responder
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