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A FÉ DO GUERREIRO ARIANO

A resposta do Mestre Divino à primeira perturbação do apaixonado exame de consciência


de Arjuna, por sua repugnância a participar no massacre, por seu sentimento de pesar e de
pecado, por sua aflição diante do que parecia a seus sentidos uma vida vazia e desolada, por sua
dúvida e prognóstico enquanto os deploráveis efeitos do que lhe parecia uma má ação; a
resposta do Mestre Divino é e foi uma reprovação enérgica. Todas estas reações, disse-lhe,
não são mais que uma confusão da mente e uma ilusão, debilidade do coração e covardia, uma
degradação da virilidade do guerreiro e do herói. Isto não é próprio do filho de Prithâ; jamais
deveria, dessa maneira, o campeão e principal esperança de uma causa justa, abandoná-la no
preciso momento de crise e de perigo, nem tolerar que um inesperado estupor, por debilidade de
seu coração e de seus sentidos, o ofuscamento de sua razão, e a queda de sua vontade, lhe
traíam até o ponto de fazer-lhe depor suas armas divinas e renunciar a obra que Deus lhe confiou.
Esta não é a atitude esperada e adotada pelo homem ariano; este sombrio estado de ânimo não
lhe caiu do céu, nem pode conduzí-lo ao céu; e sobre a terra se converte em uma degradação da
glória que está reservada à coragem, ao heroísmo e às ações nobres.“Que lance longe dele
esta piedade enfermiça e auto-indulgente, que reaja e afaste seus inimigos!”

Esta seria, poderia dizer, a resposta de herói a herói, mas não a de um Mestre divino a seu
discípulo, de quem esperaríamos talvez que lhe animara à bondade, à santidade, à abnegação e
a retirar-se dos objetivos e caminhos mundanos. Mas o Gita diz expressamente que Arjuna acaba
de dirigir-se com essa conduta para uma posição de debilidade nada edificante, - “seus olhos,
carregados de aflição e rompendo em lágrimas, seu coração, atacado pela tristeza e o desânimo”
porque está invadido pela piedade, krpayâvistam. Mas não é a piedade uma debilidade divina?
Não é a piedade uma emoção divina que em nenhum caso deveria desalentar-se com
reprovações tão duras? Ou estamos diante a um mero evangelho da guerra e das ações heróicas,
diante de uma fé em um poder e em uma força arrogantes próprios de Nietzsche, ou diante a uma
lição de dureza hebraica ou teutônica, que entende a piedade como uma debilidade, admitida pelo
herói norueguês, que agradece a Deus que lhe tenha concedido um coração insensível? Não; o
ensinamento do Gita brota de uma fé genuína hindu da compaixão figurou sempre em seu
espírito como um dos elementos mais compreensivos da natureza divina. O Mestre Divino
mesmo, enumerando em um capítulo posterior as qualidades da natureza divina no homem, cita
entre elas a compaixão às criaturas, a bondade, a liberação da ira e do desejo de matar e causar
dano, e a considera ao mesmo nível que a intrepidez, o entusiasmo e a energia. A brutalidade, a
dureza, a crueldade, a satisfação no extermínio dos inimigos e a destruição inócua da riqueza e as
possessões, pelo contrário, são qualidades asúricas; procedem da violenta natureza dos titãs, que
negam a Divindade no mundo, e ao Divino no homem, e não rendem tributo mais que ao Desejo
como sua única divindade. Assim pois, a debilidade de Arjuna não merece a censura desde tal
ponto de vista.

“De donde te chegou esta debilidade, esta vergonha e esta obscuridade da alma em um
momento de dificuldade e de perigo?” indaga Krishna a Arjuna. Esta pergunta faz entrever a
verdadeira natureza que induziu Arjuna a desviar-se de suas qualidades heróicas. Há uma
compaixão divina que descende a nós das alturas, mas para o homem cuja natureza não a
possui, nem foi esvaziada em seu molde, pretender ser superior, dominador ou super-homem,
constitui uma loucura e uma insolência, porque só se é super-homem quando alguém manifesta a
mais elevada natureza do Divino na humanidade. Estacompaixão observa com amor,
sabedoria e uma vigilância serena, a batalha e a luta, a resistência e a debilidade do
homem, suas virtudes e vícios, suas alegrias e sofrimentos, sua sabedoria e ignorância, sua
prudência e loucura, suas aspirações e fracassos, e participa em todas as situações para aliviar e
curar. No santo e no filantropo pode adotar a forma da plenitude do amor ou da caridade; no
pensador e no herói assume a amplitude e a potência de uma sabedoria e de uma força
compassivas. É esta compaixão, no guerreiro ariano, a alma de sua gentileza, a que rejeita
quebrar a força homicida, mas por sua vez assiste e protege o débil e o oprimido, o ferido e o
vencido. Mas é também a compaixão divina a que derruba o terrível tirano e o opressor
altivo, não com cólera nem com ódio –(porque estas não formam parte das elevadas qualidades
divinas; a cólera de Deus contra o pecador, Seu rancor contra o malvado, são fábulas de crenças
semi-instruídas; e o mesmo ocorre com a tortura eterna dos infernos que tais crenças
inventaram)-, senão, como compreendeu claramente a antiga espiritualidade hindu, com tanto
amor e compaixão pelo titã poderoso, induzido ao erro por sua força e ferido por seus
pecados, como pelos desgraçados e oprimidos, que têm que ser amparados de sua
violência e injustiça.

Mas não é essa a compaixão que manifesta Arjuna ao renunciar sua obra e sua missão. Não é
esta a compaixão, senão uma impotência carregada de piedade por si mesmo, um
retrocesso diante o sofrimento mental que sua ação deve causar-lhe, -“Eu não vejo o que
poderia despojar-me desta dor que resseca meus sentidos.”-(sussurra Arjuna auto-
compadecendo-se). Para um ariano a auto-compaixão é o mais baixo e indigno de quanto pode
dizer-se dele. Sua piedade pelos demais constitui também uma forma de auto-indulgência; é o
horror físico dos nervos inspirado pelo ato de matar, é o encolhimento emocional e egoísta do
coração diante à destruição dos Dhritarâshtrians porque é “seu próprio povo”, e porque sem eles a
vida se tornaria vazia. Esta piedade é uma debilidade da mente e dos sentimentos –uma
debilidade que muito bem pode ser conveniente para homens em um estado inferior de
desenvolvimento, quem, se não fossem débeis seriam duros e cruéis, porque lhes faz mudar as
expressões mais duras de sua sensibilidade egoísta por outras mais amáveis; é-lhes preciso
apelar ao tamas, princípio da debilidade, para ir em auxílio de sattwa, princípio da luz, e sufocar
assim a força e os excessos de suas paixões rajásicas. Mas este comportamento não é próprio do
homem ariano desenvolvido, que tem que evoluir, não pela debilidade, senão por uma ascensão
contínua de força em força. Arjuna é o homem divino, o homem dominador em vias de formação
e, como tal, foi escolhido pelos deuses. Foi a ele encomendada uma missão; tem Deus junto a ele
em seu carro; empunhando o arco celestial, Gandiva; diante dele, os campeões da iniquidade,
que se opõem que o Divino conduza o mundo. Não é a ele a quem corresponde determinar o que
se fará ou não ao som de suas emoções e movimentos passionais, nem retroceder diante de uma
destruição necessária ao atender o clamor de seu coração ou de sua razão egoísta, nem declinar
executar seu trabalho porque lhe cause dor e a sensação de vazio em sua vida, o porquê, pela
ausência de milhares de pessoas que devem perecer, seus concebíveis efeitos careçam de valor
diante de seus olhos. Tudo isto se supõe, por debilidade, despojar-se de sua natureza superior.
Ele não deve fixar-se mais que na obra que há que levar a cabo, kartavyam karma; não tem que
escutar mais que a ordem divina infundida através de sua natureza guerreira e não deve
interessar-se mais que pelo mundo e pelo destino da humanidade que lhe pede, como homem
enviado pelos deuses, que a assista em sua marcha, e deixar livre seu caminho dos sinistros
exércitos que a assediam.

Em sua resposta a Krishna, Arjuna admite a reprovação, ainda quando proteste contra a ordem
que recebe, e a rejeita. É consciente de sua debilidade e no entanto se sujeita a ela. Está de
acordo em que é sua pobreza de espírito a que lhe despojou de sua natureza verdadeira e
heróica; toda sua consciência está aturdida em sua visão do bem e do mal, e neste desordem
aceita o Amigo divino como seu mestre; pois os apoios emocionais e intelectuais sobre os que ele
baseava seu sentido de retidão, foram inteiramente varridos e não pode aceitar uma ordem que
parece atrair só a seu antigo ponto de vista e que não lhe proporciona uma base nova para a
ação. Intenta, ademais, justificar sua rejeição a agir, e põe adiante como escusa as queixas de
seus nervos e de seu ser sensorial, que retrocedem diante o extermínio e sua sequela de gozos
sangrentos; os direitos de seu coração, que lhe fazem retirar-se diante a dor e o vazio da vida,
que constituiriam o efeito de sua ação; o direito de seus conceitos morais habituais, que ficam
horrorizados pela necessidade de matar a seus gurus, Bhisma e Drona; os direitos de sua razão
que não vêem mais que resultados desagradáveis e nenhuma vantagem na obra terrível e
violenta que lhe é assinalada. Está decidido, sobre suas antigas bases de pensamento e motivos,
a não combater, e espera em silêncio a resposta às objeções que lhe parecem irrefutável. São a
estes direitos do ser egoísta de Arjuna aos que Krishna se propõe, em primeiro lugar, reduzir a
nada para conceder espaço à lei superior, que transcende todos os motivos de ação
egoístas.

A resposta do Mestre procede em duas linhas diferentes; a primeira é breve e está fundamentada
nas idéias mais elevadas da cultura geral ariana, na que Arjuna foi educada; a segunda, é outra
explicação mas muito mais ampla, baseada em um conhecimento mais íntimo que permite o
acesso às verdades mais profundas do ser humano, o qual constitui o verdadeiro ponto de
partida do ensinamento do Gita. A primeira se apóia em concepções filosóficas e morais do
Vedante, e nas idéias sociais de dever e de honra que estabeleceram os fundamentos éticos da
sociedade ariana. Arjuna tentou justificar sua renúncia por razões de ordem ética e racional, mas
o que em realidade faz é encobrir com palavras de aparente racionalidade a rebeldia de suas
emoções ignorantes e indisciplinadas. Falou da vida física e da morte do corpo como se estas
fossem realidades primárias, mas tais realidades não são essenciais para o sábio ou o
pensador. A dor pela morte corporal dos amigos e parentes é uma desgraça não ratificada
pela sabedoria e o conhecimento verdadeiros. O homem iniciado não se aflige pelos vivos,
nem tão poço pelos mortos; sabe que o sofrimento e a morte não são mais que simples
incidentes no curso da história da alma. A realidade é a alma, não o corpo. Todos esses reis de
homens, por cuja morte próxima chora Arjuna, viveram já anteriormente, e de novo
tomarão possessão de um corpo humano; porque do mesmo modo que a alma passa fisicamente
pela infância, a juventude e a idade madura, assim também passa de um corpo a outro. A mente
calma e sábia, o dhira, o pensador que observa a batalha da vida estavelmente sem deixar-
se distrair ou cegar por suas sensações e emoções, não é enganado pelas
aparências pessoais ou materiais; não permite que a chamada do sangre, de seus nervos e de
seu coração nuble seu juízo, ou contradiga seu conhecimento. Ele vê, mais além dos fatos
aparentes da vida do corpo e dos sentidos, o fato real de seu ser, e se eleva, acima dos desejos
físicos e emocionais da natureza ignorante, para a única e verdadeira meta da existência
humana.

Qual é este fato real, esta meta mais elevada? O fato de que a vida humana e a morte se
repitam através dos eones dos grandes ciclos do mundo, não é mais que um largo processo pelo
que o ser humano se prepara e se torna apto para a imortalidade. E como deve preparar-se? Que
homem está capacitado para ela?É aquele que deixa de observar-se como uma vida e um
corpo, aquele que não aceita as experiências materiais e sensoriais do mundo em seu
próprio valor ou no que lhes atribui o homem físico, aquele que se conhece a si mesmo e a
todos os demais como almas, aquele que aprende a viver em sua alma e não em seu corpo,
e que em suas relações com os demais os trata também como almas e não como simples
seres físicos. Porque imortalidade não significa sobreviver à morte -isto pertence já a toda
criatura dotada de uma mente-, senão transcender a vida e a morte; significa essa ascensão pela
que o homem deixa de viver como corpo animado pela mente, para viver finalmente como espírito
e no Espírito. Qualquer que esteja sujeito à tristeza e à aflição, qualquer que seja escravo das
sensações e emoções, absorvido pelos contatos com as coisas transitórias, não pode ser
apto para a imortalidade. Tudo isto deve ser suportado até sua conquista, até que o homem
liberado não experimente dor alguma, até que seja capaz de acolher todos os acontecimentos
materiais do mundo, alegres ou tristes, com uma igualdade de alma, sábia e calma, como os
acolhe o Espírito eterno, tranqüila, no mais secreto de nós. Ser perturbado pela aflição e o horror,
como o foi Arjuna, ser desviado por eles do caminho que há que recorrer, ser vencido pela auto-
compaixão, ser intolerante a dor e retroceder diante a uma circunstância tão insignificante como
inevitável, como é a morte do corpo, é a prova de uma ignorância . Não é assim como o ariano,
com uma solidez tranquila, deve escalar para a vida imortal.

Não existe tal coisa como a morte, já que é o corpo o que morre, e o corpo não é em absoluto o
homem. O que verdadeiramente é, não pode sair fora da existência, ainda que mude as formas
pelas quais aparece; e igualmente, o que não existe, não pode entrar no ser. A alma é e não pode
deixar de ser. Esta oposição entre o que é e o que não é, este equilíbrio entre o ser e o devir, que
constituem o ponto de vista mental da existência, se resolvem finalmente na realização pela alma
do Eu único e imperecível, por quem foi criado todo este universo. Os corpos finitos têm um fim,
mas Isso que possui e utiliza o corpo é infinito, ilimitado, eterno e indestrutível; abandona o corpo
anterior desgastado e toma outro novo, da mesma maneira que um homem troca sua vestimenta
rasgada por outra nova. E o que há em tudo isto como para ter motivos de lamentar-se, angustiar-
se ou horrorizar-se? Isto é não-nascido, não morre, nem é algo que chegue à existência em um
momento dado e em continuação desapareça para não retornar jamais. Não tem nascimento, é
antigo, sempiterno; não é morto quando se mata o corpo. Como pode ser morto o espírito imortal?
As armas não podem lesioná-lo, nem o fogo, queimá-lo, nem a água, empapá-lo, nem o vento,
secá-lo. Eternamente estável, imóvel, penetrando-o tudo, é por sempre e para sempre. Não se
manifesta como o corpo, já que é superior a toda manifestação; não pode ser analisado pelo
pensamento, pois está acima de toda inteligência; não está sujeito a mudança nem à modificação,
como o estão a vida, seus órgãos e seus objetos, senão que está mais além dos processos
transformadores da mente, da vida e do corpo. E no entanto, é a Realidade que todo o restante se
esforça por representar.

Inclusive se a verdade de nosso ser fosse menos sublime, menos vasta, menos intangível na
morte e na vida, se o eu estivesse constantemente sujeito ao nascimento e à morte, inclusive
então a morte dos seres tão pouco deveria ser uma causa de dor, porque é uma circunstância
inevitável para a manifestação própria da alma. Seu nascimento é uma aparição fora de um
estado no que a alma não é inexistente senão somente não manifesta a nossos sentidos mortais;
e a morte é um retorno a este mundo ou estado não manifesto e de onde reaparecerá de novo no
mundo físico. O barulho montado pela mente física e os sentidos físicos sobre a morte e o terror
que esta inspira, seja no leito do enfermo ou no campo de batalha, é a mais ignorante das reações
nervosas. Chorar aos mortos é afligir-se de uma maneira ignorante por quem não há motivo algum
para chorar, já que não saíram da existência, nem sofreram nenhuma mudança de estado
doloroso ou terrível, posto que, depois da morte, nem estão menos vivos, nem em circunstâncias
mais penosas que as experimentadas durante a vida.

Mas em realidade, a verdade mais alta é a única verdade. Tudo é esse Eu, esse Uno, esse Divino
que nós observamos, do que falamos e ouvimos falar como a maravilha que sobre passa nossa
compreensão, porque depois de todas nossas buscas e de todas nossas declarações de
conhecimento, e apesar do que aprendemos de quem o possui, nenhuma mente humana
conheceu jamais este Absoluto. É Isto o que está aqui velado pelo mundo, o senhor do corpo;
toda vida não é mais que sua sombra; a chegada da alma à manifestação física e nossa saída
dela pela morte, não é mais que um de seus movimentos menores. Uma vez que nos
conhecemos como Isso, falar de nós como mortos ou morridos é algo absurdo. Uma só coisa, na
qual temos que viver, é a verdadeira: o Eterno, manifestando-se como a alma do homem no
grande ciclo de sua peregrinação, como o nascimento e a morte como pedras miliares, com os
mundos além como lugares de descanso, com todas as circunstâncias da vida, felizes e infelizes,
como meios de nosso progresso, como campo de batalha e de vitória, e finalmente com a
imortalidade como a casa que viaja a alma.
“Por isto, disse o Mestre, descarta esta vã preocupação e este horror, e por isto combatas, oh filho
de Bharata.” Mas, por que semelhante conclusão? Este elevado e vasto conhecimento, esta
vigorosa auto-disciplina da mente e da alma, pela que devemos elevar-nos acima das
exigências das emoções e da fraude dos sentidos até o verdadeiro conhecimento de nós
mesmos, podem em verdade liberar-nos da tristeza e da ilusão; podem realmente curar-nos
do medo da morte e da aflição pelos que morrem; podem mostrar-nos em verdade que
aqueles de quem dizemos que estão mortos, não o estão em absoluto, nem temos que
estar aflitos por eles, já que não fizeram mais que passar a um mais além; podem
efetivamente ensinar-nos a considerar com calma os mais terríveis assaltos da vida, e a ver
a morte do corpo como algo apenas significativo; podem elevar-nos para conceber todas
as circunstâncias da vida como uma manifestação do Uno e como meios para que nossas
almas se elevem por cima das aparências mediante uma evolução ascendente até
reconhecer-nos como o Espírito imortal. Mas, como se justificam a ação exigida a Arjuna e
o extermínio de Kurukshetra? A resposta é que esta é a ação exigida a Arjuna sobre o caminho
que quer e deve recorrer; se apresenta inevitável na realização de sua função, tal como lhe exige
seu svadharma, seu dever social, a lei de sua vida e a lei de seu ser. Este mundo, esta
manifestação do Eu no universo material não é só um ciclo do desenvolvimento interior, senão
também o campo no que as circunstâncias externas da vida devem ser aceitadas como
condições e ocasiões para este desenvolvimento. É um mundo de ajuda mútua e de luta; o
progresso que nos permite não é um deslizamento pacífico e sereno através de alegrias
fáceis, senão que cada passo tem que ser ganho mediante um esforço heróico e mediando
um conflito de forças opostas. Quem assumiu a luta interior e exterior, sua ação na vida
externa, assumindo seus contínuos, contatos e choques, inclusive o choque físico mais potente de
todos, o da guerra, sem evadir-se de sua obrigação de atuar; são os kshatriyas, os homens
fortes; a guerra, a energia, a nobreza, a coragem, são sua natureza; a defensa do direito e uma
aceitação de atuar sem reservas, aconteça o que aconteça o que se encontre em jogo em
qualquer das batalhas de sua vida (interior e exterior) é sua virtude e seu dever. Porque é
um fato permanente a luta entre o bem e o mal, entre a justiça e a injustiça, entre as forças que
protegem e as que violam e oprimem; e uma vez que o desenlace final tiver que ser o conflito
físico, o campeão que desfralda a bandeira do Direito não deve tremer nem vacilar diante a
difícil, terrível ou violenta natureza da obra ou ação que a vida lhe apresente e deve levá-la
a cabo; não deve vacilar por uma piedade equivocada em favor do violento e do cruel, e pelo
horror físico que inspira a imensa destruição decretada, não deve abandonar a seus seguidores
ou combatentes que estão ao seu lado, nem trair a causa, nem deixar-se arrastar pelo pó, nem
ser pisoteado no lodaçal pelos pés sangrentos do opressor. O estandarte do Direito e da Justiça.
Sua virtude e seu dever estão na batalha e não em abster-se da luta; o pecado não seria para
ele exterminar, senão negar-se a matar.

Continuando, o Mestre deixa de um lado por um momento este ponto para dar outra resposta à
queixa de Arjuna pelo horror à morte de seus parentes, o qual esvaziaria sua vida de toda razão
para viver. Qual é o verdadeiro objetivo da vida de todo cavaleiro (guerreiro divino) e sua
verdadeira felicidade? Não é seu próprio prazer, a felicidade doméstica e uma vida de conforto
e de alegrias passageiras em companhia de amigos e parentes; seu verdadeiro fim na vida é
a batalha pela justiça e a verdade, e sua maior felicidade, encontrar uma causa pela que possa
oferecer sua vida, ou, se obtém a vitória, ganhar a glória e a coroa do herói. “Não existe bem
maior para o kshatriya que uma guerra justa, e quando tal circunstancia lhes chega em si mesma,
como se se lhe abrissem as portas do céu, felizes então estão os kshatriyas. E tu, se não liberas
esta batalha pela justiça e a verdade, então haverás abandonado teu dever, tua virtude e tua
glória, e o pecado será tua porção.” Por semelhante renúncia, exporá a vergonha e a
reprovação da covardia, da debilidade e da perda de sua honra de kshatriya. Porque, qual é a pior
desgraça para um kshatriya? É a perda de sua honra, de sua reputação, de sua nobre condição
entre os homens poderosos, os homens de coragem e de poder; isto é para ele muito pior que a
morte. A batalha, a coragem, o poder, a autoridade, a disciplina, o honor dos bravos, o céu
daqueles que caem nobremente, tal é o ideal do guerreiro. Rebaixar este ideal, permitir que esta
honra seja manchada, oferecer o exemplo de ser um herói glorioso entre os heróis, mas cuja ação
fica aberta a reprovação da covardia e da debilidade, rebaixando assim as normas morais da
humanidade, é ser falso diante de si mesmo e diante do mundo no que exige de seus líderes e de
seus reis. “Morto, conseguirás o céu; vitorioso, desfrutarás a terra; levanta-te pois, oh filho de
Kunti, soe o toque da batalha.”

Esta chamada heróica pode parecer de um nível inferior ao da espiritualidade estóica que
lhe precede e ao da espiritualidade mais profunda que lhe segue; porque nos próximos versos,
em efeito, o Mestre lhe ordena que considere como iguais diante os olhos da alma a boa sorte e a
má, a perda e o ganho, a vitória e o fracasso, e, depois, em tal caso, marchar para a batalha; este
é o ensinamento verdadeiro do Gita. Mas a ética hindu reconheceu em todo momento a
necessidade pratica de ideais graduados para o desenvolvimento da vida moral e espiritual do
homem. Aqui, o ideal do kshatriya, o ideal das quatro castas está apresentado sobre seu aspecto
social, e não em seu significado espiritual, como o será depois. Tal é minha resposta a ti, diz
Krishna de fato, se insistes em considerar a alegria, o sofrimento e o resultado de tuas ações,
como teus motivos de ação. Manifestei-te em que direção te guia o mais alto conhecimento de si
mesmo e do mundo; agora acabo de mostrar-te em que caminho te dirige teu dever social e os
valores morais de tu casta, svadharmam api châvéskshya. Que consideres a um ou ao outro, o
resultado é o mesmo. Mas se tu não estás satisfeito com teu dever social e com a virtude própria
de tu casta, se acreditas que te conduzem a dor e ao pecado, então te ordeno que te eleves a um
ideal superior e não desças aos inferiores. Descarta todo egoísmo de ti, ignora a alegria e a
dor, desdenha a perda e o ganho de todas as consequências mundanas; fixa-te somente na
causa a que deves servir e no trabalho que é preciso que leves a cabo por ordem divina, e
“então não incorrerás em pecado.” Desta forma, respondeu ele a todos os argumentos de
Arjuna, segundo o Conhecimento e o ideal moral mais elevado que haviam alcançado sua raça e
seu tempo, seja a fuga de sua dor, ou a de sua retirada diante o massacre, a de seu sentido de
pecado, o a dos infelizes efeitos de sua ação.

Assim é a FÉ do guerreiro ariano. “Conhece a Deus,” diz, “conhece-te a ti mesmo, ajuda os


homens; defende o Direito; faz sem medo, sem debilidade nem vacilação teu trabalho de
combatente no mundo. ´Tu és o Espírito eterno e imperecível; tua alma está aqui embaixo em seu
caminho ascendente até a imortalidade; a vida e a morte não são nada; a dor, as feridas e os
sofrimentos não são nada; porque tudo isto deve ser conquistado e superado. Não te detenhas
em teu próprio prazer, em teu êxito ou proveito, senão olha mais alto e ao redor de ti; MAIS ALTO,
contemplando os cumes esplendorosos ao que escalas; entorno de ti, observando este mundo
de batalha e de prova no que o bem e o mal, o progresso e o retrocesso estão ligados por
um implacável conflito. Os homens te chamam para que lhes auxilies, tu és seu homem forte,
seu herói; ajuda-lhes então, e luta. Destrói quando pela destruição deve avançar o mundo; mas
não odeie o que destruas, nem te aflijas por todos aqueles que devem perecer. Conhece em cada
um o Eu único; deves saber que todos são almas imortais e que o corpo não é senão pó. Faz teu
trabalho com espírito sossegado, com fortaleza e com serenidade. Luta e fracassa
nobremente, ou conquista poderosamente. Porque esta é a obra que Deus e tua natureza te
assinalaram para seu cumprimento.”

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