Вы находитесь на странице: 1из 8

Anais do V Congresso da ANPTECRE

“Religião, Direitos Humanos e Laicidade”


ISSN: 2175-9685

Licenciado sob uma Licença


Creative Commons

O CRISTIANISMO DOS CRISTÃOS DE SÃO TOMÉ NA ÍNDIA

Giuliano Martins Massi


Mestrando em Ciência da Religião
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
E-mail: Giuliano.massi@uol.com.br

ST 07 – RELIGIÕES E FILOSOFIAS DA ÍNDIA

Resumo: Falar de Cristãos de São Tomé implica abordar ao menos três aspectos importantes:
(i) uma comunidade religiosa cristã que remonta aos primeiros anos do cristianismo; (ii) uma
teologia crística originalmente diofisista e comumente associada ao Nestorianismo (com Jesus
compreendido como possuidor de duas naturezas) e; (iii) a sobrevivência de uma religiosidade
possuidora de características únicas e que remonta ao primeiro século. Concentrados na região
da Costa do Malabar, mais especificamente no estado de Kerala, a sudoeste da Índia, muitos
dos Cristãos de São Tomé ainda hoje professam uma doutrina considerada herética pela Igreja
Católica, embora algumas de suas igrejas estejam, por sua vez, de certa forma unidas
teologicamente a Roma e aliadas ao catolicismo apostólico romano. O objetivo primeiro deste
trabalho é ilustrar, ao menos superficialmente, a fundamentação teológica vivenciada pelos
Cristãos de São Tomé, na Índia. Aliada a isso está a intenção de divulgar essa vertente do
cristianismo pouco conhecida no Ocidente, em termos de suas principais peculiaridades. O
direcionamento metodológico se pautou pela pesquisa bibliográfica em materiais tanto
acadêmicos como não acadêmicos, sendo que alguns dados para o embasamento deste
estudo foram buscados em produções científicas, emissões oficiais, etc. O principal resultado
deste trabalho vem a emergir do intuito de demonstrar o modo como os cristãos indianos de
tradição tomesina vivenciam suas crenças, um panorama peculiar que inevitavelmente coloca a
visão predominante do cristianismo no mundo em contraste com a tradição dos Cristãos de São
Tomé, a qual remete aos primórdios do movimento cristão, tendo sido estabelecida a partir de
uma ligação única, pessoal, resultante da missão daquele que foi um dos doze apóstolos
diretos de Jesus.

Palavras-chave: Cristãos de São Tomé; Índia; Kerala

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


Qualquer pessoa que indagar a um cristão do Ocidente sobre o apóstolo Tomé
provavelmente irá ouvir da maioria dos cristãos ocidentais perguntados que foi esse o
tal discípulo de Jesus que duvidou de sua ressurreição, precisando tocar na ferida do
Cristo para poder acreditar que o Messias estava vivo. Mas se a indagação for feita a
um cristão da Índia, principalmente da região da Costa do Malabar, no sudoeste do
subcontinente indiano, certamente a resposta revelará que São Tomé não só esteve
por aquelas paragens como também cristianizou grande parte dos habitantes daquela
região, fundando igrejas e pregando o Evangelho.

Aproximadamente trinta por cento dos cristãos indianos vivem em Kerala (Querala
ou “Keralam”), mas diante da numerosa população isso representa apenas um quinto
dos habitantes desse Estado, conhecido tanto pelos coqueirais em sua costa quanto
pela produção de uma das especiarias mais cobiçadas pelos portugueses ao aportarem
em suas praias: a pimenta.

Tomé, um dos doze apóstolos de Jesus, é popularmente conhecido pelo lema “ver
para crer”. Mas como todo rótulo esconde boa parte do conteúdo, muitos cristãos,
especialmente no Ocidente, não conhecem a total dimensão da influência de Tomé na
formação do cristianismo. Principalmente o cristianismo indiano, fortemente influenciado
por nestorianos que, no princípio, se refugiaram no reduto da “escola” tomesina, em
Edessa, por causa da acusação de heresia, e que para a Índia se deslocaram após o
recrudescimento do conflito do Império Romano com o Império Persa. Como resultado,
inúmeras igrejas cristãs se formaram no sudoeste da Índia, na Costa do Malabar, as
quais inevitavelmente entraram em choque com o catolicismo latino de Vasco da Gama
e tiveram que interagir, a partir do séc. XVIII, com o protestantismo proveniente do
domínio britânico.

Na realidade poucos sabem que Tomé esteve no centro de uma questão primordial
para a crença cristã nos primeiros séculos, pois teria proferido a frase “Meu Senhor e
meu Deus!” presumivelmente após tocar as chagas do Cristo. Essa passagem foi usada
como argumento nas discussões sobre se Jesus possuiria uma natureza humana, se
ele seria unicamente um Deus encarnado ou seria homem e Deus ao mesmo tempo.

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


Mais ainda, a literatura que surgiu em torno desse apóstolo influenciou pelo menos
duas correntes filosófico-religiosas, o valentinismo e o maniqueísmo, e serviu de bastião
para uma das maiores contendas da igreja nascente, ainda nos primeiros séculos: a
heresia de Nestório, bispo de Constantinopla.

Apenas recentemente foram divulgados para o público em geral alguns escritos


relacionados a Tomé, descobertos em suas versões completas em meados do século
passado. Não obstante, originalmente tais ensinamentos compuseram uma “escola” em
uma cidade fundamental na história da igreja cristã: Edessa.

Até mesmo entre os círculos cristãos, poucas pessoas conhecem os Cristãos de


São Tomé, da Índia. A princípio originários de brâmanes cristianizados pelo próprio São
Tomé, eles constituíram comunidades logo nos primeiros anos da Era Cristã. Sendo um
grupo étnico, integram igrejas formadas por descendentes daqueles que foram
batizados pelo apóstolo que, com suas próprias mãos, tocou em um deus vivo, numa
experiência relatada no Evangelho de João que se alinha perfeitamente com a típica
noção dos indianos sobre as divindades próximas ao convívio humano.

Conforme Bentley Layton menciona, eis algumas visões acadêmicas acerca de São
Tomé:

Segundo a tradição antiga, a Tomé se deve creditar a conversão do norte da


Mesopotâmia e da Índia ao cristianismo e a insigne honra de ser o “duplo” de
Jesus, isto é, seu irmão gêmeo. Ele é o mesmo apóstolo a quem se atribui a
Epístola de Judas, no Novo Testamento (lá ele é chamado de “irmão de Jesus”
– visto que Tiago era irmão de Jesus e ele, o irmão do irmão de Jesus).
(LAYTON, 2002, p. 427)

A missão de São Tomé pode ser sintetizada em uma frase, de autoria do Prof.
Madathilparampil Mammen Ninan: “Em comparação com Paulo e Pedro, a missão de
Tomé abrangeu uma região maior e uma variedade de culturas estrangeiras e pouco
conhecidas”1 (NINAN, 2014), bem ao contrário de Paulo, por exemplo, que dominava o
idioma grego (pois Tarso era uma cidade helenizada) e não deve ter encontrado

1
Compared to Paul and Peter, Thomas' mission covered a larger region and a variety of alien
and unfamiliar cultures.

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


dificuldades para se expressar seja em Atenas seja em Éfeso, cidades gregas onde foi
divulgar a palavra cristã.

A comparação com São Paulo é útil não apenas pelos aspectos acima, mas
também pelo fato de que o ex-perseguidor de cristãos nascido em Tarso deixou
orientações claras tanto no campo teológico quanto no âmbito prático para que as
comunidades a ele relacionadas seguissem, desde o início visando o exercício correto
de ser cristão. Quanto a São Tomé, seus poucos registros escritos (talvez mais
estritamente apenas os 114 ensinamentos de seu Evangelho, chamado “Apócrifo”) se
mesclaram a interpretações não ortodoxas e foram associados a práticas heréticas de
diversos matizes. E talvez isso tenha acontecido porque Tomé não estava mais no
Oriente Médio, mas na Índia, onde as cartas eram bem mais difíceis de serem escritas
e enviadas aos seus destinos.

Indiretamente relacionado a Tomé, soma-se o fato de toda uma literatura tomesina


ter surgido em torno desse apóstolo, ou, melhor dizendo, em torno do que a
interpretação de seus ensinamentos permitiu, e compreende-se porque algumas seitas
e vertentes do cristianismo utilizaram Tomé como referência, particularmente no
Oriente.

Em sentido mais profundo, o fato de a Índia aceitar São Tomé como mensageiro de
uma “boa nova” oriunda do Mediterrâneo em grande parte se deve a fatores culturais,
sem dúvida, de abertura para interpretações acerca do religioso, mas também porque
mensagem, profeta e conteúdo, para os indianos, são uma só coisa. E lá estava Tomé,
personificando o contato com o divino e servindo de guia para um entendimento do que
Jesus representava para o mundo. Acostumados com a tradição dos Vedas, os textos
védicos nunca foram para eles, os indianos, meras letras colocadas em um pedaço de
papel: texto e sentido fluem através do mestre em uma única e presente realidade,
indissociáveis. Em outras palavras, se Tomé jamais tivesse ido à Índia, a mera
mensagem cristã atribuída a esse intermediário apostólico não seria suficiente para um
indiano absorver aquela nova visão de mundo proveniente da Palestina.

Como reza a tradição, Tomé chegou ao subcontinente indiano logo nas primeiras
décadas da Era Cristã, por volta do ano 52 d.C. Algumas fontes dizem que ele fez duas

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


viagens, uma pelo continente e outra pelo mar. Em todo caso, a hipótese da chegada
de São Tomé tão cedo naquelas paragens, e (talvez) com um (pequeno) Evangelho em
mãos, composto mais de anotações do que de parábolas, para converter os brâmanes,
não deve ser considerada absurda diante da influência dos escritos tomesinos nos
passos iniciais do cristianismo na direção do Levante.

No campo teológico, os primeiros séculos de reflexão cristã testemunharam uma


diversidade de opiniões acerca do que/quem era Jesus. Várias dessas correntes
precederam o conceito que Nestório defendeu com veemência: a distinção entre as
naturezas humana e divina de Jesus. Eusébio de Cesaréia, em sua obra de maior peso,
“História Eclesiástica”, resume parcialmente, na passagem abaixo, as chamadas
“heresias” ao citar escritos de Hegesipo:

(LIVRO IV – XXII)
4. O mesmo escritor nos explica o início das heresias de seu tempo
nestes termos:
"E depois que Tiago o Justo sofreu o martírio, o mesmo que o Senhor e pela
mesma razão, seu primo Simeão, o filho de Clopas, foi constituído bispo. Todos
o haviam proposto, por ser o outro primo do Senhor. Por esta causa chamavam
virgem à Igreja, pois ainda não havia se corrompido com vãs tradições.
5. "Mas foi Tebutis, por não ter sido nomeado bispo, que começou a corrompê-
la, partindo das sete seitas que havia no povo, das quais também ele formava
parte. Delas saíram Simão – daí os simonianos –, Cleobio – donde saíram os
cleobinos –, Dositeo – donde os dositanos –, Gorteo – de onde os goratenos –
e os masboteus. Destes procederam os menandristas, os marcianistas, os
carpocratianos, os valentinianos, os basilidianos e os saturnilianos. Cada um
destes introduziu sua própria opinião por caminhos próprios e diferentes.
(EUSÉBIO DE CESARÉIA, 2005, p. 140)

Antes que Nestório entrasse na discussão sobre a natureza do Cristo, portanto,


muitas outras cristologias foram propostas. A heresia considerada a mais antiga foi a
rejeição dos judaizantes à universalidade (catolicismo) da “Igreja”, não aceitando os
pagãos como possíveis seguidores do Cristo, sendo também chamados de ebionitas
(“pobres”, em hebraico, em referência à pobreza em ver o Cristo com poucos atributos
divinos). Eram arraigados às tradições judaicas e pregavam a circuncisão e a
obediência à Torá. Ao contrário desses, os gnósticos eram em sua maioria
considerados pagãos que viam Jesus como o último dos “eons” ou normatizadores do

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


mundo material, sendo o Cristo responsável por formatar o mundo moldado por Deus, o
próprio arquiteto ou “Demiurgo” (visto colateralmente e irremediavelmente como criador
da matéria e, consequentemente, da maldade). Nessa acepção, Jesus era homem até
que esse “eon” espiritual adentrou seu corpo no momento do batismo no Jordão, e os
principais expoentes dessa linha filosófico-religiosa foram Carpócrates, cujos discípulos
foram chamados de encratitas (“auto-controlados”, pois viam o corpo como maligno e
rejeitavam o casamento), Marcião (Márcio ou “Marcion”), cujos seguidores marcionitas
preteriam o Velho Testamento e sua justiça divina (por vezes destruidora e cruel em
prol da boa mensagem do Novo Testamento, e Valentim (ou Valentino, o qual, segundo
Benley Layton, teria sido influenciado pelos ensinos de São Tomé pelas vias do
autoconhecimento). Os ofitas também eram gnósticos, e consideravam a serpente do
paraíso como ícone, o primeiro ser a ir contra o Demiurgo. Os montanistas adotaram
outra vertente “não-ortodoxa” na medida em que consideravam Montano, seu líder,
como o Paráclito prometido por Jesus no Evangelho de João. Outras “heresias” iam
contra a doutrina trinitária (a qual parece ter sido estruturada por volta do ano 180 d.C.
por Teófilo de Antioquia), sendo o trinitarismo a ideia de que Pai, Filho e Espírito Santo
eram (e são) três “pessoas”, fundamentalmente. Contra essa noção, muitas seitas
pregavam o adocionismo, e viam Deus adotando o corpo de Jesus como veículo para
Sua atuação no mundo. Os sabelianos, por sua vez, eram antitrinitários por outro
motivo. Sabélio, por volta de 210 d.C., teologizava sobre a “monarquia”, ou seja, Pai,
Filho e Espírito Santo eram uma só pessoa com meros títulos ou aspectos diferentes: o
Pai encarnou em Espírito Santo na Virgem Maria e, como filho, sofreu e morreu na cruz.
Também eram chamados de modalistas, porque se tratava de três modos diferentes de
encarar Deus, diferenciando-se portanto do adocionismo. O próprio Orígenes, um dos
“Pais da Igreja”, flertou com a heresia no que ficou conhecido como subordinacionismo,
o que serviu de base para o arianismo, até que Tertuliano estabeleceu a fórmula
trinitária definitiva: três pessoas numa mesma substância. Apesar da propugnação da
sentença da trindade, as “heresias” continuaram a serem condenadas, como o
adocionismo de Paulo de Samosata no Concílio de Antioquia, em 268 d.C. Tais
controvérsias, por sinal, ocorreram entre os primeiros anos do cristianismo até o séc. III
(CRISTIANI, 1962, p. 7-17).

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


Algumas definições sobre quem são os Cristãos de São Tomé, como estão
constituídas suas comunidades e como estão socialmente colocados podem dar
melhores informações sobre o grupo de cristãos em foco aqui, principalmente quanto às
suas denominações, localização geográfica, composição social e outros aspectos que
merecem atenção preliminar:

A maioria dos cristãos de Kerala e de seus descendentes se reconhece como


'Cristãos de São Tomé' ou Nazaranis, ou seja, cristãos nazarenos.
Estranhamente, o epíteto mais comum ligado à sua comunidade é o de 'cristãos
2
siríacos', embora todos eles sejam indianos .
(...)
A comunidade cristã de Kerala não é uniforme seja sociologicamente ou
teologicamente. (...) Dois grupos de imigrantes à Índia tiveram uma influência
significativa sobre a comunidade cristã aqui. O primeiro veio no quarto século
da ‘Pérsia', provavelmente do moderno Iraque, sob a liderança de Tomé de
Cana, a quem os cristãos em Kerala chamam até hoje de 'Cnai Thomman'3.
(...)
Seja qual for o processo histórico, o fato é que até hoje existem dois grupos
endogâmicos entre os Cristãos de São Tomé de Kerala, o [grupo]
Thekkumbhagar (os do Sul) e o Vadakkumbhagar (os do Norte). Fatores de
pureza e nobreza estão associados a esta divisão. Os ‘sulistas’ chamam a si
mesmos de descendentes de Tomé de Cana e daqueles que vieram com ele, e
afirmam terem mantido sua pureza racial pela não miscigenação com os
cristãos locais. Os 'nortistas’, por outro lado, reivindicam sua descendência dos
cristãos evangelizados pelo apóstolo Tomé. Assim, dentro de uma mesma
congregação religiosa existem duas unidades sociais.
Um segundo grupo de imigrantes de considerável importância veio diretamente
da Igreja Síria, no século nono ou décimo, e se estabeleceram em Kollam (...).
Dois bispos, Sapor e Prot, a quem algumas fontes identificam como nativos da
Armênia, faziam parte do grupo4. (FERNANDO & GISPERT-SAUCH, 2004, p.
55, 61, 62)

2
The majority of Kerala's Christians and their descendants recognize themselves as 'Thomas Christians' or
Nazaranis, that is, Nazarene Christians. Strangely, the most common epithet attached to their community is that of
'Syrian' Christians, although all of them are Indian.
3
Two groups of immigrants to India had a significant influence on the Christian community here. The first came in
the fourth century from 'Persia', probably in modern Iraq, under the leadership of on Thomas of Cana, whom
Christians in Kerala call even today 'Cnai Thomman'.
4
Wherever the historical process, the fact it that even today there are two endogamous groups among the Thomas
Christians of Kerala, the Thekkumbhagar (those of the South) and the Vadakkumbhagar (those of the North).
Factors of purity and nobility are associated with this division. The 'southists' call themselves descendants of
Thomas of Cana and those who came with him and claim to have kept their racial purity by not intermingling with
local Christians. The 'northists' on the other hand claim descent from the Christians evangelized by the apostle
Thomas. Thus within the same religious fold there are two social units.
A second immigrant group of considerable importance came directly from the Syrian Church in the ninth or tenth
century, and settled in Kollam (...). Two bishops, Sapor and Prot, whom some sources identify as natives of Armenia,
were part of the group.

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706


As igrejas cristãs concentradas na região da Costa do Malabar, mais
especificamente no estado de Kerala, no sudoeste da Índia, adotaram diferentes
denominações e posicionamentos teológicos: as igrejas Syro-Malabar e Syro-Malankara
(ambas em comunhão com a Igreja Católica), a Igreja Siríaca Malankar Ortodoxa
(Jacobita), a Igreja Ortodoxa Síria Malankara, a Igreja Siríaca Mar Tomé de Malabar, a
Igreja do Oriente (“Church of the East”), a Igreja Siríaca Malabar Independente de
Thozhiyoor e a Igreja Evangélica de São Tomé (Protestante). Cada uma delas, porém,
teve sua trajetória particular.

A mais antiga dessas denominações é a Igreja Assíria do Oriente, a própria Igreja


Nestoriana que se tornaria sinônimo de Igreja Persa. O arcabouço de sua formação
veio, essencialmente, do cisma nestoriano, não obstante inúmeras adaptações em suas
regras e alinhamentos doutrinários ao longo do tempo. Da mesma forma, sua teologia
seguiu idêntica tradição, mas quando sofreu o processo de repartição em duas, o
pensamento teológico das igrejas, agora ainda mais divididas, da tradição de Tomé não
necessariamente ficou absolutamente repartido. E assim ocorreu, com maior ou maior
intensidade, nas ramificações posteriores das igrejas tomesinas: apesar de ortodoxas,
católicas, siríacas, independentes e até evangélicas, as instituições formadas pelos
Cristãos de São Tomé formam apenas um aspecto, dentre tantos, que tão somente
organiza a tradição milenar e apostólica extremamente viva na Índia até hoje.

Referenciais
CRISTIANI, M. Breve História das Heresias. Tradução de José Aleixo Dellagnelo. São
Paulo: Editora Flamboyant, 1962.

EUSÉBIO DE CESARÉIA. Historia eclesiástica. Traduzido por Wolfgang Fischer. São


Paulo: Fonte Editorial, 2005.

FERNANDO, Leonard; GISPERT-SAUCH, George. Christianity in India: two thousand


years of faith. Penguin Books India: Delhi, 2004.

LAYTON, Bentley. As Escrituras Gnósticas. Trad.: Margarida Oliva. Edições Loyola:


São Paulo, 2002.

NINAN, M. M. Acts of The Apostle Thomas: The Story of Thomas Churches. Global
Publishers. (1a ed.: 2011). San Jose, CA (USA): 2014. 362 p.

Anais do Congresso ANPTECRE, v. 05, 2015, p. ST0706

Вам также может понравиться