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20 CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM NITERÓI

Anna Virgínia Machado(1)


Engenheira Civil pela Universidade Federal Fluminense (UFF); Professora
Adjunto na Escola de Engenharia da UFF. Assessora Técnica da ABES.
Dario de Andrade Prata Filho FOTOGRAFIA
Engenheiro Agrícola e Sanitarista; Mestre em Engenharia de
NÃO
Drenagem pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Especialização
em Engenharia Sanitária pela Escola Nacional de Saúde Pública DISPONÍVEL
(ENSP/FIOCRUZ). Professor Assistente Dep. Engenharia Civil - UFF.

Endereço(1): Rua Domingues de Sá, 246 - apto. 1001 - Icaraí - Niterói - RJ


- CEP: 24220-091 - Brasil - Tel/Fax: (021) 620-7070 - ramal 330 - e-mail: annav@ax.apc.org

RESUMO

No Brasil, a geração de resíduos sólidos urbanos tem sido crescente ao longo dos últimos
anos, sendo esta agravada pela falta de conscientização dos indivíduos, pelo déficit de
cobertura dos serviços de coleta e pela baixa qualidade dos serviços oferecidos à
população, o que reflete a precariedade das políticas de gestão neste setor.

As execução das atividades de limpeza pública são de competência municipal, sendo que
as responsabilidades precisam ser regulamentadas, definindo-se claramente aquelas que
caberão aos cidadãos, às organizações e ao governo municipal, de modo que se possa
alcançar melhorias da qualidade de vida e do ambiente urbano. As conseqüências para o
ambiente e a saúde pública são os pontos referenciais básicos para a consolidação de uma
adequada política de gestão dos resíduos sólidos, bem como para o estabelecimento de
seus marcos legais. Nestes aspectos a grande maioria dos municípios ainda estão
buscando estruturar seus sistemas de limpeza urbana.

Observa-se que as questões técnicas, relacionadas à coleta de resíduos sólidos, estão


razoavelmente superadas, porém os aspectos ligados à destinação final são ainda
merecedores de estudos mais detalhados. Esse aspecto fica evidenciado pelo fato de que a
grande maioria dos municípios brasileiros ainda dispõem resíduos sólidos a céu aberto. O
município de Niterói representa um dos casos em que, nos últimos anos, foram
verificadas importantes mudanças na prestação dos serviços de limpeza urbana,
principalmente, como conseqüência da institucionalização da Companhia de Limpeza de
Niterói – CLIN, em 1989, em substituição ao antigo Departamento de Limpeza Urbana.

Deste modo, o presente trabalho teve por objetivo apresentar um panorama da situação da
gestão de resíduos sólidos no Brasil e, analisando o Sistema de Limpeza Urbana do
município de Niterói; comentar alguns parâmetros importantes que poderão servir de
referenciais para a sedimentação de políticas municipais de gestão destes serviços, bem
como de seus marcos legais em cidades de pequeno e médio porte.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Gestão, Limpeza Urbana.

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INTRODUÇÃO

Entre os fatores relacionados à preservação da saúde e da qualidade de vida das


populações, o acesso à coleta e à disposição adequada dos resíduos sólidos, estão entre
aqueles de importância fundamental.

As atividades de limpeza pública, são realizadas em parte pela própria comunidade ou por
seus setores organizados, sendo a maioria dos serviços realizados pelo poder público. As
responsabilidades pela execução destas atividades, precisam ser regulamentadas
definindo-se claramente aquelas que caberão aos cidadãos, às organizações e ao governo
municipal, de modo que se possa alcançar melhorias da qualidade de vida e do ambiente
no meio urbano.

No Brasil, a responsabilidade pela prestação destes serviços é do poder público municipal.


Ao longo dos últimos anos, neste setor não se verificou avanços tão significativos, como
em outros segmentos do saneamento, tais como a cobertura do abastecimento de água e
das redes de coleta de esgotos. Mesmo se considerando, que nos últimos dez anos,
houveram alguns avanços importantes nas atividades de limpeza urbana; estes serviços
ainda estão organizados de forma bastante precária em muitos municípios brasileiros.

Atualmente a grande maioria dos municípios ainda estão buscando estruturar seus
sistemas de limpeza urbana, tanto na formulação de marcos legais e de políticas de gestão,
quanto na estruturação organizacional da prestação destes serviços à população.

O município de Niterói, representa um dos casos em que, nos últimos anos, foram
verificadas importantes mudanças na prestação dos serviços de limpeza urbana. Isso se
deu principalmente, a partir da institucionalização da Companhia de Limpeza de Niterói -
CLIN, em 1989, que foi estruturada em substituição ao antigo Departamento de Limpeza
Urbana. À partir de então, iniciou-se a estruturação institucional, com a definição dos
marcos legais, incluindo-se o Estatuto e o Código de Limpeza Urbana em 1993.

Objetivos gerais

Apresentando um panorama sobre a situação da gestão de resíduos sólidos no Brasil e


analisando o Sistema de Limpeza Urbana do município de Niterói, este estudo refere-se a
alguns parâmetros importantes que poderão servir de modelo para a organização destes
serviços em cidades de pequeno e médio porte.

Objetivos específicos

a) Mostrar dados sobre o funcionamento atual da CLIN, quanto aos aspectos


administrativos, de pessoal, bem como os serviços que presta à população;
b) Apresentar o Estatuto da Empresa e o Código de Limpeza Urbana vigente no
município de Niterói;
c) Comentar a estrutura institucional municipal para gestão dos resíduos sólidos urbanos.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As conseqüências para o meio ambiente e para a saúde das populações, são pontos
referenciais básicos para a consolidação da necessária política de gestão dos resíduos
sólidos, bem como para o estabelecimento de seus marcos legais.

Aspectos do ambiente

ACURIO et al. (1997) comentam que o conceito de desenvolvimento sustentável


proposto na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, UNCED 92, refere-se à importância de se reduzir a geração de
resíduos, a reciclagem e o reuso da maior quantidade possível de material, além do
tratamento e a disposição de forma ambientalmente segura. Assim, para garantir o
desenvolvimento sustentável, enunciado na Agenda 21, os governos, o setor privado, e as
comunidades devem estabelecer políticas, programas e planos conjuntos onde os
operadores dos serviços e a comunidade desempenham papel fundamental na
consolidação de um manejo mais racional dos resíduos sólidos.

Existe consenso entre os países da América Latina e Caribe e a comunidade técnico-


financeira, de que é necessário maior apoio ao setor de resíduos sólidos nesta Região. Até
hoje, nos diagnósticos realizados por alguns países desses continentes e agencias técnico-
financeiras de apoio, como por exemplo as análises efetuadas pela Organização Pan-
Americana de Saúde - OPAS, revelam que o setor de resíduos sólidos se caracteriza pela
falta de políticas e planos nacionais, além de os operadores dos serviços de limpeza
urbana em nível local, ter sempre recebido escasso apoio. Pode-se deduzir também, que as
ineficiências do setor se devem às debilidades institucionais, gerenciais e financeiras dos
órgãos, geralmente municipais, que nas áreas urbanas se manifesta em serviços de
qualidade e cobertura inferior aos de energia, abastecimento de água e esgotamento
sanitário.

De acordo com OPAS/OMS (1994), a gestão ecologicamente racional dos resíduos deve
ir além da simples eliminação ou aproveitamento por métodos seguros, mas procurar
resolver a causa fundamental do problema buscando modificar as relações não
sustentáveis de sua produção e consumo. Os referenciais que indicam as ações necessárias
devem apoiar-se em: redução dos resíduos, aumento da reutilização e reciclagem,
promoção do tratamento e ampliação do alcance dos serviços de limpeza urbana.

Ao final deste milênio mais de 2 milhões de pessoas ainda carecem dos serviços sanitários
básicos e estima-se que a metade da população urbana dos países em desenvolvimento
não terão serviços adequados de destinação de resíduos sólidos. Cerca de 5,2 milhões de
pessoas deverão morrer por ano devido a enfermidades relacionadas com resíduos, sendo
que 77% destas serão crianças menores de 5 anos, pertencente às populações das
periferias urbanas pobres.

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Aspectos relacionados à saúde

As relações entre saneamento e saúde vem se mostrando cada vez mais evidentes, e, como
reportam HELLER et al. (1997), do ponto de vista conceitual, chegam mesmo a se
interpenetrarem em alguns momentos, em outros apenas se tangenciam, sendo que na
maioria dos casos se fundem enquanto espaço de reflexão, pesquisa e ação.

Sem dúvida uma gestão inadequada de resíduos sólidos, pode trazer conseqüências graves
para a saúde e o meio ambiente, na medida em que podem levar a contaminação da água,
do solo e do ar. Assim, a ampliação e melhoria dos serviços de coleta e destinação final
dos resíduos utilizando-se métodos adequados, são decisivos para se alcançar reduções
significativas desta forma de contaminação ambiental. O objetivo geral é disponibilizar a
toda a população serviços de coleta e destino final de resíduos que sejam ambientalmente
corretos e protejam a saúde (OPAS/OMS, 1994).

As condições de saúde das populações da América Latina e Caribe são afetadas por
múltiplas causas, entre elas a pobreza, a desnutrição e a carência de serviços de
saneamento em conjunto com um manejo deficiente de resíduos sólidos; tornando-se
difícil estabelecer uma relação direta entre o inadequado manejo de resíduos sólidos e a
saúde (ACURIO et al.,1997).

Já Tchobanoglous et al. (1977) citados por HELLER (1997), consideram evidente a


relação entre saúde pública e as operações de acondicionamento, coleta e disposição de
resíduos sólidos. Hanks, segundo Tchobanoglous et al. (1977), mostra ainda que
autoridades sanitárias americanas verificaram relação entre vinte e dois tipos de doenças e
o manuseio inadequado de resíduos sólidos. Além disso, Najm citado por HELLER
(1997), propõe um esquema das vias de contato lixo-homem, que, resumidamente explica
as trajetórias pelas quais pode ocorrer a transmissão de doenças oriundas da disposição
inadequada dos resíduos sólidos urbanos. Em função da diversidade de vias e,
especialmente, a ação dos vetores biológicos e mecânicos, o raio de influência e os
agravos sobre a saúde mostram-se de difícil identificação.

Elliot et al. (1993) citado por HELLER (1997), comenta a respeito dos efeitos
psicossociais provocados em grupos de pessoas que habitam áreas vizinhas aos pontos de
disposição final de resíduos sólidos urbanos, concluindo existir nestes casos, a ocorrência
de um “estresse ambiental”, definido como sendo um processo pelo qual certos eventos
ambientais ameaçam, prejudicam ou desafiam o bem-estar ou a existência de um
organismo e pelo qual o organismo responde a essa ameaça. Na cadeia causal determinada
pela pesquisa citada, o estado de saúde do indivíduo representa um elo intermediário entre
variáveis externas, como características individuais e exposição ao lixo, e aos efeitos.

Mara & Alabaster (1995) citados por HELLER (1997), com relação à classificação das
doenças transmissíveis relacionadas aos resíduos, propõem duas categorias conforme
Quadro 01.

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Quadro 01. Classificação ambiental das doenças relacionadas com o lixo.


CATEGORIA DOENÇAS CONTROLE
1. Doenças relacionadas com Infecções excretadas transmi- Melhoria do acondicionamen-
insetos vetores tidas por moscas e baratas. to e da coleta do lixo.
Filariose. Controle de insetos
Tularemia.
2. Doenças relacionadas com Peste. Melhoria do acondicionamen-
vetores roedores Leptospirose. to e da coleta do lixo.
Demais doenças relacionadas Controle de roedores.
com a moradia, a água e os
excretas e cuja transmissão
ocorre por roedores.
FONTE: Mara & Alabaster (1995) citados por HELLER (1997).

A principal meta a se alcançar com um correto manejo dos resíduos sólidos municipais e
perigosos, é a proteção e o melhoramento da saúde humana e ambiental, reduzindo a
exposição dos indivíduos a lesões, acidentes, doenças, como conseqüência de um manejo
inadequado dos resíduos sólidos.

Políticas de gestão de resíduos sólidos

Gestão de Resíduos Sólidos, no presente trabalho, é entendida como o conjunto das


estratégias de ação aos níveis técnico, político e administrativo para o gerenciamento dos
resíduos, visando a preservação da saúde pública, proteger e melhorar a qualidade do
ambiente urbano.

A geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil, tem sido crescente ao longo dos últimos
anos, sendo agravada por aspectos relacionados à falta de conscientização dos indivíduos,
pelo déficit de cobertura dos serviços de coleta e pela baixa qualidade dos serviços
oferecidos à população; refletindo precariedade das políticas de gestão neste setor.
(SEPURB, 1998)

Do ponto de vista político, as diretrizes internacionais, além de considerarem a


necessidade de minimização da geração de resíduos, a maximização do reaproveitamento
e uma correta destinação final; apontam no sentido do redimensionamento do papel do
Estado, que deverá definir políticas setoriais mais eficientes, além de conviver com a
flexibilização institucional atuando em parceria com o setor privado. (REMAI, 1991)

Para a política de gestão de resíduos sólidos, devem ser seguidos, basicamente, os


seguintes objetivos: preservar a saúde pública; proteger e melhorar a qualidade do
ambiente; assegurar uma utilização racional dos recursos naturais; disciplinar o
gerenciamento dos resíduos; gerar benefícios sociais e econômicos; e, estimular, ao nível
municipal e outras localidades, a implantação dos serviços de gestão de resíduos sólidos.

Quanto aos princípios e fundamentos da política de gestão, será importante buscar em


ordem hierárquica: a não geração de resíduos; a minimização da geração; a reutilização; a
reciclagem; o tratamento e a disposição final. Sendo ainda de importância fundamental: a
descentralização político administrativa; a integração das ações nas áreas de saneamento,

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ambiente, saúde pública e ação social; o controle social; a regularidade, a continuidade e a


universalidade dos serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos
resíduos sólidos urbanos; a responsabilização dos geradores no gerenciamento dos seus
resíduos sólidos; a responsabilização pós-consumo do fabricante e/ou importador pelos
produtos e respectivas embalagens ofertados ao consumidor final; a cooperação entre o
poder público, o setor produtivo e a sociedade civil; e, o uso de matérias primas e
insumos, bem como o desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e processos em
consonância com os objetivos e princípios apresentados anteriormente. (MINISTÉRIO
DO MEIO AMBIENTE, 1998).

Marcos legais e de legislação

A instrumentação legal da qual deverá dispor o município, para garantir o cumprimento


dos preceitos da política de gestão de seus resíduos sólidos é o Código Municipal de
Limpeza Urbana. As diretrizes que orientam as formulações dos Códigos de Limpeza
Urbana Municipais, são estabelecidas pela Portaria n0 53 do Ministério do Interior, de
01.03.79.

Atualmente um grupo de estudos do Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal -


MMA, formado por representantes dos diversos órgãos envolvidos na questão, formulou
uma proposta de Anteprojeto de Lei, visando a criação de uma Lei de instituição da
política de resíduos sólidos para o país.

Pode-se dizer que as questões técnicas relacionadas com a coleta de resíduos sólidos estão
razoavelmente superadas, porém os aspectos ligados à destinação final são ainda
merecedores de estudos detalhados. Esse aspecto fica bem evidenciado pela grande
maioria dos municípios brasileiros que ainda fazem destinação final de seus resíduos
sólidos a céu aberto.

NUNESMAIA (1997) comenta que, ao relacionar os pressupostos da Portaria n0 53/79,


aos resultados apresentados pela última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, a respeito da destinação final de resíduos sólidos no Brasil, conclui-se
que há um profundo descaso pelo cumprimento das leis em nosso país. Neste caso
observa-se também falta de responsabilidade e/ou o simples desconhecimento das leis por
parte dos executivos municipais, bem como a omissão dos órgãos ambientais e das
entidades civis organizadas. Vale lembrar que a esse respeito a Resolução CONAMA n0
001, de 23.03.86, estabelece que para a implantação e operação de um aterro sanitário
deverão ser feitos Estudos de Impacto Ambiental e Respectivo Relatório de Impacto
Ambiental - EIA/RIMA.

Ainda é necessário lembrar que em 1998, foi sancionada pelo presidente da República, a
Lei do Crime Ambiental, que prevê punições severas aos responsáveis por danos
ambientais, como aqueles causados pela destinação final de resíduos sólidos a céu aberto.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido na cidade de Niterói, realizando-se entrevistas com o


pessoal técnico, administrativo e de operação que atuam na Companhia de Limpeza
Urbana de Niterói - CLIN; bem como, algumas visitas técnicas às unidades que compõem
a Empresa, visando a obtenção de dados e informações necessárias ao conhecimento da
sua estrutura organizacional, da gestão interna e do sistema de prestação de serviços.
Também realizou-se levantamentos e pesquisas institucionais que serviram para o
conhecimento, análise e reunião dos principais documentos capazes de refletir o
referencial legal da empresa, que são; o seu Estatuto e Código de Limpeza Urbana.

Para o delineamento metodológico adotado nas entrevistas, visitas técnicas e


levantamentos institucionais, visando a reunião dos dados necessários à realização do
presente trabalho, seguiu-se as proposições da OPAS-OMS (1995).

As visitas técnicas foram; à Administração Central da Empresa; à Oficina de Manutenção


e ao Sistema de Fabricação de pequenos equipamentos; ao Setor de Transportes; ao
Aterro Controlado de Morro do Céu; à unidade que abriga o Programa de Reciclagem,
denominada RECICLIN; à Unidade que coordena o Programa “Sábado é dia de faxina”; à
Unidade de capacitação para funcionários, denominada EDUCLIN e ao Viveiro de
Mudas.

As entrevistas foram; com a Presidente da Empresa Arquiteta Daisy Monassa; com o


Chefe de Gabinete da Presidência Eng. Carlos Rocha Filho; com a Bióloga Sílvia Xavier
responsável pela RECICLIN, pelo “Viveiro de Mudas” que fornece mudas para o
programa “Sábado é dia de Faxina”; com o Eng. João Luiz Pinto Rodrigues responsável
pela Oficina de Manutenção e com o Eng. Carlos Cesar Amaral Guimarães Coordenador
de Operações do Aterro Controlado de Morro do Céu.

Os Levantamentos Institucionais foram feitos junto à Imprensa Oficial e aos Arquivos da


CLIN, buscando os documentos legais de criação da Empresa e que regem o Sistema de
Limpeza Urbana de Niterói.

Na Home Page da CLIN, foi obtido o Código de Limpeza Urbana vigente no Município.

Além disso realizou-se levantamentos bibliográficos junto a Associação Brasileira de


Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES, a Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental - CETESB e pesquisa em diversas Home Pages ligadas ao tema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Panorama sobre gestão de resíduos sólidos no Brasil

De acordo com as DIRETRIZES NACIONAIS DE LIMPEZA URBANA (1982),


observou-se pouca atuação das autoridades e o desconhecimento de soluções técnicas,
para solucionar o crescente volume de resíduos sólidos gerados pela população, que
aumenta continuamente nos centros urbanos. O documento também refere aos escassos
recursos das municipalidades, o que dificultou a implantação de eficientes serviços de
limpeza urbana e coleta de lixo domiciliar. No que se refere à destinação dos resíduos,

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não recebendo apoio financeiro e tecnológico, houve disseminação da prática de


lançamento indiscriminado no solo e em corpos hídricos.

Foram estudados 223 municípios, envolvendo as seguinte categorias: componentes de


região metropolitana, aglomerações urbanas, cidades de porte médio, centros de apoio e
cidades com população superior 50.000 habitantes na sede, não incluídas nas
classificações anteriores. O diagnóstico, indicava que em todas as cidades havia sistema
de limpeza urbana, embora algumas apresentassem carência de mão de obra, na maioria
foi identificado excesso de equipamentos de coleta, não aproveitados em sua plenitude.

Destacou-se a necessidade de ações de difusão de informações tecnológicas e


treinamento, envolvendo não apenas os técnicos, mas também os profissionais de nível
médio e operacional. Já naquela ocasião, dentre os componentes de um sistema de
limpeza urbana a etapa que apresentava maiores problemas, era a destinação dos resíduos
coletados, constituindo-se em importante agressão ao meio ambiente, quando não
obedecidas técnicas adequadas de engenharia sanitária.

Outro aspecto identificado na pesquisa foi a organização dos serviços, que àquela época,
em cerca de 90% dos municípios, estava a cargo de um órgão da administração direta
municipal. Entretanto, em cerca de 7% estava organizada na forma de empresa pública,
em especial em algumas grandes cidades. O que já demonstrava uma tendência de
aplicação desta estrutura institucional para a melhoria da prestação dos serviços.

Mais recentemente, o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD,


1996), mostra que a expansão da coleta de lixo foi significativa durante a década de 80,
embora 273 municípios não possuíssem este serviço e 309 dispunham de um serviço
irregular. Apesar dos avanços do sistema terem atingido principalmente as populações
mais pobres, nas faixas sociais de renda mais baixa, tem-se verificado menor acesso ao
serviço. Indicadores nacionais mostram que 78% da população urbana tem acesso ao
serviço de coleta.

Em 1989, 50% dos resíduos coletados foram depositados em vazadouros a céu aberto, ou
áreas alagadas, sem qualquer cuidado para evitar a contaminação. Os 50% restantes,
receberam algum tipo de tratamento, dos quais 22% foram encaminhados à aterros
controlados e 23% a aterros sanitários. Os aterros controlados são locais em que o lixo é
coberto por uma camada de terra, sem nenhum outro cuidado ambiental e os aterros
sanitários são áreas impermeabilizadas, com tratamento dos efluentes percolados, além de
outros cuidados de controle ambiental. Uma pequena parcela dos resíduos é compostada
ou reciclada. Se considerarmos a soma dos resíduos dispostos em aterro controlado e em
vazadouros a céu aberto, verifica-se que 72% do lixo coletado, eram dispostos sem
controle sanitário e ambiental. A quantidade de lixo produzida, em regiões
metropolitanas, é de aproximadamente 0,8 Kg/hab. dia. Considera-se uma tendência de
aumento deste valor, em função dos padrões atuais de consumo, com o crescente
desperdício de materiais, principalmente embalagens.

As alternativas de soluções estão relacionadas ao incremento da reciclagem e da


compostagem, como forma de reduzir os volumes de resíduos dispostos. Entretanto, a
forma mais eficiente de abordar esta questão, seria atuar em gestão de resíduos sólidos,
através de políticas que promovam a redução da geração dos resíduos, e a diminuição da

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toxidade dos materiais a serem descartados. Desta forma além do desenvolvimento de


tecnologias mais adequadas, seria necessário também a mudança nos hábitos de consumo,
e de postura dos cidadãos e governo.

O Relatório Nacional Brasileiro apresentado à Conferência das Nações Unidas sobre


assentamentos Humanos (HABITAT II- Istambul/1995), apresenta um país predominante
urbano que vive uma transição demográfica importante, com melhores perspectivas de
solução dos problemas urbanos. O diagnóstico enfatiza os principais problemas a serem
enfrentados, e destaca a precariedade dos serviços de tratamento e disposição do lixo,
apesar da elevada parcela de domicílios atendidos com coleta.

A precariedade dos serviços urbanos básicos é um fator importante no agravamento da


poluição hídrica e atmosférica nas grandes cidades brasileiras. Este aspecto afeta
particularmente a população pobre, que freqüentemente vive em situação de risco
ambiental.

Informações gerais sobre o município de Niterói

A rapidez com que ocorreu o processo de urbanização da cidade não se fez acompanhar
de um aumento das atividades industriais, sendo assim, grande parte da população se
estabelece no setor de serviços.Em1940, 85% da população habitava domicílios urbanos.
Em 1980, a população já se encontrava totalmente urbanizada, segundo dados oficiais do
IBGE.A distribuição da população é irregular , tanto por determinações históricas de
ocupação quanto por condicionantes naturais, havendo forte concentração nas porções de
relevo mais suave e de ocupação mais antiga, próximas ao entorno da baía de Guanabara.

Tendo sido capital do antigo Estado de Rio de Janeiro até 1975, a cidade exerceu a função
administrativa desde de 1835, quando foi elevada a categoria de capital da Província. Até
1960 , a agricultura contribuiu de forma expressiva para a formação da renda estadual. O
café e a cana-de-açúcar, tinham papel preponderante neste setor, eram escoados pelo porto
de Niterói onde chegavam pelos trilhos da Estrada de Ferro Leopoldina.

O movimento portuário de Niterói foi esvaziado em quase 50% no período de 1964-67,


com a decadência da economia cafeeira do Norte Fluminense. Aliado a esta decadência, a
economia niteroiense sofreu varias dificuldades no seu setor industrial, a começar pela
industria têxtil, um dos ramos mais tradicionais. A industria da construção e reparos
navais que, historicamente, é o ramo mais denso e com maior capacidade de absorção de
mão de obra e de geração de recursos, encontra-se em crise por falta de novos
investimentos e por dificuldades gerenciais. Além desses e dos ramos de bebidas e
alimentos, a cidade não dispõe de uma organização consistente que possa, efetivamente,
impulsionar sua economia.

Quanto ao setor de serviços, houve perdas a partir da fusão dos antigos Estado do Rio de
Janeiro e da Guanabara, ocorrida em 1975. Esse esvaziamento foi atenuado pelo
crescimento da industria de construção civil incrementada, desde do inicio da década de
70. Com área total de 131,8 quilômetros quadrados (2% da área da região metropolitana),
Niterói está dividido em 48 bairros, possui, de acordo com o Censo Demográfico de 1991,
436.155 habitantes, sendo o quinto município mais populoso do Estado do Rio de Janeiro,
além de contar com uma alta densidade demográfica: 3.355,8 hab/Km2.

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O município de Niterói está delimitado, geograficamente, ao sul pelo Oceano Atlântico,


ao norte pelo município de São Gonçalo, e por Maricá e pela Baía de Guanabara, à leste e
oeste. Os bairros mais populosos são Icaraí (62.494 hab.), Fonseca (57354 hab.) e Santa
Rosa (43.174 hab.). Existem ainda 78 favelas, onde residem 5,69% da população total do
município. Como principais atividades econômicas estão a prestação de serviços, o
comércio, a administração pública e a indústria de transformação (estas de pequeno e
médio porte). O Município tem a alta taxa de alfabetismo de 94,59%, e conta com 50
escolas municipais, 67 escolas estaduais, 218 escolas particulares, 1 universidade pública
e 5 universidades particulares.

No período de 1970-1980 verificou-se o aprofundamento do processo de periferização


urbana, com aumento das áreas de moradia das populações de baixa renda, proveniente,
sobretudo de outros municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, do interior do
Estado (principalmente das regiões Norte e Noroeste Fluminense), além dos estados do
Nordeste. Atualmente, a taxa de crescimento anual do município e de apenas 0,85%
apresentando-se como uma das mais baixas da Região Metropolitana e com tendência a
queda. Este fenômeno é, em parte, explicado pelo fato das áreas centrais do Município
encontrarem-se, já há algum tempo, inteiramente ocupadas. Hoje, os bairros de maior
incremento demográfico são os que estão situados na Região oceânica (Piratininga, Itaipu,
Camboinhas entre outros).

O padrão de ocupação baseia-se na proliferação de condomínios horizontais, local de


moradia de população de elevado poder aquisitivo. Porém, este fato acaba tendo peso
relativamente pequeno nos índices médios de crescimento anual do município, uma vez
que a população desses bairros corresponde a apenas 7,61% da população total de Niterói.

Com base em alguns dados da contagem de população em 1996, que foram


disponibilizados pelo IBGE ( in Niterói à Vista. © Copyright Internit Ltda 1998) é
possível concluir que Niterói é o 5o município mais populoso do Estado, tendo
apresentado taxas positivas e decrescentes de crescimento anual da população: 0,86% ao
ano entre 1980 e 1991 e 0,66% entre 1991 e 1996. Entretanto destacam-se taxas
expressivas de crescimento anual da população para o conjunto da Região das Praias
Oceânicas (Bairros de Itaipu, Itacoatiara, Engenho do Mato, Piratininga, Camboinhas,
Jacaré e Cafubá): 9,6% ao ano entre 1980 e 1991 e 5,3% entre 1991 e 1996.

Entretanto, de acordo com as entrevistas realizadas, o registro da população de Niterói na


ordem de 450 mil habitantes no Censo de 1990 (realizado em 1992), gerou dúvida quanto
à validade deste levantamento, uma vez que o censo de 1980 registrou a população de 500
mil habitantes. Acredita-se que tenha havido dificuldade de acesso a diversos bairros
muito populosos, localizados nos morros da cidade, como por exemplo Morro do
Cavalão, Maceió e Morro do Ingá. A Secretaria de Ciência e Tecnologia de Niterói está
estudando formas de facilitar o acesso e a viabilidade da pesquisa a ser realizada no
próximo Censo. Estudos preliminares, não oficiais, indicam população total (1998)
estimada em 600 mil habitantes.

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Estrutura organizacional da empresa

Criada através da Lei 744 de 29 de junho de 1989, sob a forma de Sociedade de Economia
Mista, vinculada ao governo municipal, “com a finalidade da administração, prestação e
melhoria dos serviços públicos de limpeza urbana do Município de Niterói, diretamente
ou através da contratação de terceiros...”a CLIN teve seus objetivos fixados em:
I – A limpeza de logradouros públicos;
II – A coleta de lixo residencial, comercial, industrial e hospitalar;
III – O destino final dos resíduos sólidos, a industrialização do lixo e venda de todo o
material dele recuperado;
IV – A instituição, a cobrança e a arrecadação de preços e tarifas pela prestação dos
serviços públicos e especiais de limpeza e remoção de lixo.

Com o instrumento jurídico desta lei, foi extinto o Departamento de Limpeza Urbana,
órgão vinculado à secretaria municipal de obras e serviços públicos, ficando incorporados
à CLIN os bens vinculados à prestação do serviço.

De acordo com a “Escritura de Constituição da Sociedade Mista Companhia de Limpeza


Urbana de Niterói-CLIN” o município de Niterói deverá manter sempre a participação
acionária de no mínimo 51% das ações, o que caracteriza o controle acionário municipal,
sendo que desde a sua formulação detém 99% das mesmas. A empresa é gerida por um
Conselho de Administração, eleitos pela Assembléia Geral de acionistas, composto por
um número mínimo de cinco membros e máximo de doze, com mandato de três anos
permitida a reeleição.

Dentre as atribuições do Conselho, destacam-se a aprovação de normas , prazos e taxas


para financiamento de terceiros, a manifestação sobre programas de expansão, programas
de investimentos, orçamentos, projetos e programas de trabalho, anuais ou plurianuais da
companhia.

O Presidente do Conselho e o Vice-Presidente são escolhidos entre os membros indicados


pelo acionista majoritário. O cargo de Presidente da empresa é privativo do Vice-
Presidente do Conselho, com mandato de 3 anos, sendo permitida a reeleição. A gestão as
atividades da Companhia será exercida no nível executivo pela diretoria constituída por
um Diretor Presidente, um Diretor de Operações, um Diretor de Serviços Especiais, um
Diretor Administrativo e um Diretor Financeiro, eleitos pelo Conselho de Administração
com mandato de três anos, sendo permitida a reeleição. Os diretores são destituíveis à
qualquer tempo pelo município.

Compete à Diretoria aprovar normas técnicas e operacionais da companhia, contratar


pessoal para os cargos administrativos, e submeter ao Conselho de Administração os
planos de expansão, programas de investimento, os projetos e os orçamentos anuais e
plurianuais.

Os programas e metas a serem atendidos, são estabelecidos pelo Prefeito, publicado em


Diário Oficial. Tendo em vista tratar-se de empresa mista, os procedimentos para
aquisição de bens e serviços devem atender tanto às normas definidas para as empresas

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públicas quanto àquelas estabelecidas para as Sociedades Anônimas. São seguidas as


orientações da Lei 8666 (Lei de Licitações) com as limitações.

Recursos financeiros

Quanto aos recursos adquiridos, os serviços são remunerados exclusivamente pela Taxa
de Limpeza Urbana estabelecida na década de 80, arrecadada juntamente com o IPTU.

Este sistema, largamente adotado, apresenta aspectos negativos, tais como: arrecadação
com valores anuais; falta de proporção direta com os resíduos produzidos, bases de
cobrança não compatível com e serviço executado. Entretanto, as tentativas de aplicação
de tarifas para remuneração dos serviços, no Rio de Janeiro e em São Gonçalo, não foram
bem sucedidas.

Conforme a atual Presidente da CLIN; em Niterói, a arrecadação apresenta distorções


significativas prejudicando algumas áreas e beneficiando outras.

- A Secretaria de Fazenda de Niterói promove a arrecadação do IPTU com base em


tabela própria na qual os contribuintes são classificados de acordo com um
zoneamento próprio, que não coincidem exatamente com a delimitação dos bairros,
com base no valor venal dos imóveis, estabelecidos naquela época.

- Não há relação direta com o tipo de serviço de limpeza urbana oferecido, fazendo com
que Camboinhas pague o mesmo valor estabelecido para o bairro de São Francisco,
sendo que o serviço oferecido na região oceânica não é o mesmo oferecido às regiões
mais urbanizadas.

- O valor territorial é mais elevado que o valor predial, sendo que nestes casos não há
geração de resíduo doméstico. Além disto, as áreas territoriais situadas longe dos
centros urbanos, sem serviços públicos, tem o mesmo tratamento de áreas
urbanizadas.

- Devido ao fato de que as bases de cálculo terem sido estabelecidas cerca de 20 anos
atrás, e o perfil do município e sua distribuição espacial terem sido modificados

- significativamente, há necessidade de reformulação do código tributário. Atualmente a


Secretaria de Fazenda está licitando serviços de levantamento aéreo para identificar
para estabelecer novos valores de referência, o possibilitará bases mais adequadas ao
IPTU, mas ainda assim, não relacionadas diretamente com a prestação dos serviços.

Pelo relato da Presidência verifica-se que há transparência no que diz respeito aos
repasses da Secretaria de Fazenda, quando disponibilizam à Companhia todas as
informações relativas aos valores arrecadados e sua forma de arrecadação.

Quanto aos custos da prestação de serviços, o Quadro 02 apresenta um resumo das


despesas gerais previstas para o ano de 1998, conforme entrevista com a presidência.

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Quadro 02. Previsão das despesas gerais para 1998.


ITEM CUSTO (R$)
Pessoal 130 000 000,00 (total)
10 000 000,00 (mensal)
Manutenção 1 800 000,00
Equipamento 44 400 000,00
Coleta residencial 33 600 000,00
TOTAL 226 000 000,00

Os valores atribuídos à coleta residencial, são calculados ao preço de R$35,00/tonelada


recolhida, praticados na remuneração dos serviços terceirizados.

As despesas previstas para 1998, representam 15,7 % do orçamento municipal,


enquadrando-se numa faixa de 14 a 18% normalmente verificada.

Se considerarmos uma população de 500 mil habitantes, este valor representaria R$45,20
por habitante, ou seja R$ 3,66 por mês.

Verificamos que este valor encontra-se compatível com os valores médios praticados na
América Latina que variam de 15 a 40 dólares por tonelada. Verificamos também que nas
despesas previstas não há valores relativos a investimentos. As obras em desenvolvimento
do aterro controlado de Morro do Céu, incluindo-se a construção de uma usina de
reciclagem, um sistema de compostagem e coleta e tratamento do percolado são
integralmente pelo PDBG- Programa de Despoluição da Baia de Guanabara sem inclusão
de recursos municipais.

Pessoal e equipamentos

Trabalham na empresa diretamente o total de 1800 funcionários, sendo que 22 são de


nível superior. Neste total estão incluídos os funcionários de nível superior que ocupam os
cargos de diretoria, 13 engenheiros que coordenam as atividades de operação (11 atuando
nos distritos, 1 dirigindo o Aterro do Morro do Céu e 1 na oficina), o corpo jurídico é
constituído por 4 advogados, 3 médicos e 1 engenheiro do trabalho

Nos concursos foram abertas vagas para 36 categorias, incluindo nível técnico, o que
representa uma mudança no perfil administrativo com a decisão de promover um
concurso para diversas carreiras. Originalmente não estavam definidas as carreiras
administrativas da empresa, tendo sido necessário o uso de funcionários contratados na
categoria de gari, para as diversas funções. A caracterização de diferentes níveis de
carreiras representa um amadurecimento na empresa.

A empresa dispõe de frota própria constando dos seguintes itens: 10 basculantes ano
1995, 6 compactadores - dos quais 3 funcionam, 1 está em manutenção, 1 foi
transformado em caminhão carroceria, 1 está desmontado para receber uma nova caixa
compactadora, 17 saveiros, 3 poliguindades, 1 gol (fiscalização), 1 kombi (oficina), 1
bobcat (opera para retirada do lixo público), com implemento de varredeira e pá
mecânica.

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Além da frota própria, são também utilizados equipamentos alugados: 36 basculantes


(carroceria metal); 4 caminhões carroceria de madeira), 2 kombis, 6 automóveis de
passeio, 1 ônibus (transporte de garis), 3 retro escavadeiras, 3 tratores D-6. Eventualmente
são alugados equipamentos extras para formarem o “comboio” que promovem limpeza
em época de chuvas, e serviços especiais.

Marcos legais

Com base nos documentos pesquisados junto aos arquivos da CLIN e à Imprensa Oficial,
destacamos os elementos comentados a seguir, que caracterizam os marcos legais da
instituição.

Em junho de 1989, foi submetido ao Dr. Armando Barcellos, Presidente da Câmara


Municipal de Niterói, o Projeto de Lei objetivando a criação da Companhia Municipal de
Limpeza Urbana de Niterói – CLIN, sob a forma de sociedade por ações de economia
mista. A proposta estava baseada nas acentuadas deficiências identificadas no serviço de
coleta de lixo, “objeto de justificadas reclamações por parte dos munícipes”.

A Lei no 744 de 29 de junho de 1989, autoriza a criação da CLIN com os seguintes


objetivos:

“I - A limpeza de logradouros públicos;


II - A coleta de lixo residencial, comercial , industrial e hospitalar;
III - O destino final dos resíduos sólidos, a industrialização do lixo e venda de todo o
material dele recuperado;
IV - A instituição, a cobrança e a arrecadação de preços e tarifas pela prestação dos
serviços públicos e especiais de limpeza e remoção de lixo”.

Esta Lei estabelece que o Município de Niterói deterá o controle do capital votante da
sociedade, sendo que seus representantes deverão fazer observar nos atos constitutivos os
preceitos constitucionais e legais. Em seu parágrafo 3o estabelece a total isenção tributária
municipal.

A participação do Município de Niterói na constituição do capital da empresa foi


integralizado mediante a incorporação dos bens e de saldos de dotações orçamentárias
vinculados a prestação do serviço de limpeza urbana. O mesmo marco legal extinguiu o
Departamento de Limpeza Urbana e transfere à CLIN a posse, guarda e administração de
seus bens móveis e imóveis vinculados aos serviços públicos de limpeza de logradouros,
coleta e disposição final de resíduos.

Através da Portaria 1025/89 é criada uma Comissão Especial com o objetivo de promover
os atos necessários à constituição da CLIN, adotando as providências legais e
administrativas indispensáveis, estabelecidas na legislação pertinente. Destaca-se a
autorização para requerer servidores dos órgãos da Administração Municipal, o que
possibilitou a formação do quadro inicial da CLIN.

Em 30 de outubro de 1989, a Comissão Especial constituída apresentou ao Prefeito de


Niterói, o inventário e avaliação dos bens vinculados ao então Departamento de Limpeza
Urbana, deixando à decisão superior a titularidade dos imóveis e das máquinas pesadas

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constantes do relatório. Em 23 de novembro de 1989 é aprovado o Estatuto da CLIN a ser


submetido à deliberação dos subscritores do seu capital inicial.

O Estatuto reafirma a composição definida na Lei Municipal no 744 de 29 de junho de


1989, onde consta que a CLIN é uma sociedade anônima, de economia mista, com
personalidade jurídica de direito privado, com autonomia administrativa e financeira,
tendo por objeto social a administração, prestação e melhoria dos serviços públicos de
limpeza urbana do Município de Niterói. Estabelece também aspectos relativos ao capital
social, às ações e acionistas da empresa. Além disto, apresenta as atribuições da
Assembléia Geral e dos órgãos de administração da companhia, isto é, o Conselho de
Administração e a Diretoria. Pelo mesmo instrumento, caberá ao Conselho Fiscal a
fiscalização dos atos dos Administradores, bem como opinar sobre o relatório anua e entre
outros atos dos órgãos da Administração e ao Conselho Consultivo a função de órgão de
orientação colegiada sem poder deliberativo.

O Código de Limpeza Pública de Niterói, instituído através da Lei no 1212, de 21 de


setembro de 1993, e estabelece que cabe a Companhia Municipal de Limpeza Urbana de
Niterói – CLIN a realização dos serviços de limpeza pública, e apresenta suas
competências:

“Art. 4o - Compete à Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói coletar,


transportar, dar tratamento e destinação final aos resíduos sólidos:
I - de origem domiciliar;
II - de material de varredura, limpeza de logradouros públicos e limpeza de praias;
III - de origem de unidades de serviços de saúde;
IV - em aterros ou usinas de tratamento.

Parágrafo Primeiro - O serviço de recolhimento atenderá, obrigatoriamente, até o volume


de 0,5 metro cúbico de resíduo por retirada-dia de coleta alternada.”

Estabelece também quais os serviços serão remunerados diretamente à Companhia:

“Parágrafo Segundo - Poderá a Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói


proceder a remoção de:

I - entulhos, terras e sobras de materiais de construção;


II - folhagem e resíduos vegetais;
III - resíduos pastosos de qualquer natureza;
IV - lotes de mercadorias, medicamentos, gêneros alimentícios ou quaisquer outros
condenados pela autoridade competente.

Parágrafo Terceiro - A remoção a que se refere o parágrafo segundo deste artigo será
remunerada, segundo tabelas elaboradas pela CLIN.”

Define também que as normas técnicas serão estabelecidas pela CLIN, e apresenta os
critérios para classificação dos resíduos sólidos:

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“Art. 6o - Os resíduos sólidos para fins do trabalho realizado pela Companhia Municipal
de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN são todos aqueles que podem ser recolhidos por
manual e classificam-se em:
I - Facilmente degradável - é o resíduo que se decompõe em pouco tempo; como os restos
de comida, papéis e folhas.
II - Inerte - é o resíduo que não está sujeito ao processo de decomposição espontânea em
curto espaço de tempo, como os metais, vidros, plásticos, terras, pedras, borrachas,
madeiras e couros.
III - Perigoso - é o resíduo que apresenta características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxidade e também objetos ou suas partes que possam ocasionar riscos de
perfuração ou cortes, como os produtos químicos, rejeitos industriais e de laboratórios,
lâminas, vidros, pilhas e baterias.
IV - Séptico - é o resíduo patogênico que possa gerar contaminação como os plasmas
sangüíneos, agulhas, seringas, gazes e partes do corpo humano.”

Especifica também a forma de acondicionamento dos resíduos para coleta:

“Art. 9o - O acondicionamento e a disposição dos resíduos sólidos para coleta deverão ser
feitos em recipiente de 20 (vinte) até 240 (duzentos e quarenta) litros de volume, em sacos
plásticos de 100 (cem) litros ou container's plásticos, conforme a norma técnica que
disciplina a matéria.

Art. 10o - Os veículos transportadores de materiais a granel ficam obrigados à utilização


de cobertura e sistema de proteção.”

O Código de Limpeza Pública de Niterói, define que os aspectos da fiscalização, das


infrações à limpeza urbana, definindo a lavratura dos autos de infração, e suas
penalidades.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Coleta, varrição e limpeza

Os serviços prestados pelo sistema envolvem a coleta regular de resíduos domésticos e


comerciais, o programa de coleta seletiva, a limpeza de logradouros públicos, a coleta de
resíduos hospitalares, a limpeza de praias e a operação do aterro controlado. São
realizados também serviços especiais, entre estes o serviço de coleta de feiras, que é
terceirizado, utilizando-se containers, além de varrição e lavagem com desinfetante e
aromatizante. A limpeza de monumentos utiliza serviços especializados contratados para
retirada de “grafite” de materiais como bronze, granito, ferro e mármore.

A coleta regular de resíduos domiciliares e comerciais, cujo roteiro por bairros é


apresentado no Quadro 03, é realizada por empresas terceirizadas, contratadas através de
licitação. Utilizando compactadores próprios, a coleta atende as áreas urbanizadas, sendo
coletados cerca de 350 t/dia. São padronizadas embalagens em sacos plásticos, ou
containers plásticos, com capacidade de até 240 litros, equipados com rodas e tampa, que
devem ser dispostos na calçada no horário da coleta. A licitação em andamento para
terceirização na coleta, especifica que os caminhões devem estar dotados de equipamento
para bascular containers plásticos.

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Quadro 03. Coleta dos resíduos sólidos domésticos em Niterói.


BAIRROS DO ROTEIRO DE COLETA DIA DA SEMANA HORÁRIO
(início)
Centro, Icaraí, Santa Rosa (parte), Boa Viagem, Gragoatá, Ingá e Segunda a Sábado 20 h
São Domingos
Centro, Icaraí, Santa Rosa (parte), Boa Viagem, Gragoatá, Ingá e Segunda a Sábado 20 h
S. Domingos
Ponta da Areia Terça, Quinta e Sábado 20 h
Fonseca (Alameda S. Boa Ventura) Segunda a Sábado 20 h
Vital Brasil, Viradouro, São Lourenço (parte), Pé Pequeno, São Segundas, Quartas e Sextas 7:30 h
Francisco, Santa Rosa (parte), Jurujuba, Charitas, Estrada Fróes,
Bairro de Fátima e Região Oceânica, Santa Bárbara, Baldeador e
Maria Paula.
Fonseca, Barreto, Engenhoca, Tenente Jardim, São Terças, Quintas e Sábados 7h
Lourenço(parte), Riodades, Cubango, Sapê, Caramujo, incluindo
Pendotiba, Viçoso Jardim, Ititioca, Vila Progresso, Rio do Ouro e
Matapaca.
Ilha da Conceição. Segundas, Quartas e Sextas 20 h

A varrição é realizada pela CLIN, com pessoal contratado diretamente, utilizando-se


varredeiras mecânicas (implementadas em 1997) para as ruas de maior movimento, como
Miguel de Frias, Praia de Icaraí, Avenida Roberto Silveira, e os Túneis Raul Veiga e
Roberto Silveira. Os garis fazem a limpeza da maioria das ruas, utilizando-se de
vassouras e outros equipamentos, inclusive o carrinho de mão desenvolvido e fabricado
pela própria CLIN. Os resíduos são acondicionados em sacos amarelos padronizados com
a inscrição “varrição”, e coletados posteriormente por caminhões basculantes, ou pelas
carretas. Não há um cálculo exato quanto à extensão das ruas atendidas pela varrição.
Estima-se que o centro de Niterói, possui cerca de 100 km, de meio fio. A urbanização do
município tem avançado muito, o que obriga à um crescimento da área a ser atendida.

Desde o ano de 1997, tem sido utilizada uma caminhonete saveiro acoplada à carretas
para coleta dos resíduos remanescentes da varrição, domiciliares dispostos fora do horário
da coleta, depositados em lixeiras de rua, e outros abandonados nas vias por ambulantes e
outros. Estes veículos são descarregados nos pontos de transbordo, localizados nos
distritos do Largo da Batalha, Campo Belo, e na área da empresa de coleta localizada na
ponta da areia. Os resíduos coletados pelos tradicionais “burro sem rabo” são dispostos
nestes pontos. Tendo em vista a proximidade do aterro (distante no máximo 13 km das
áreas mais afastadas) não há estações de transferência. Assim estes pontos de transbordo
são utilizados apenas para disposição dos resíduos coletados pelos veículos pequenos.

O serviço de coleta de praias atende cerca de 14 quilômetros sendo realizado


regularmente com empresa contratada utilizando-se o equipamento “tatu” , que revolve a
areia da praia, penera e devolve limpa, retendo os resíduos. O trabalho é complementado
por pessoal próprio da empresa. A limpeza mecanizada precisa ser executada à noite para
não perturbar os banhistas. Uma equipe da CLIN, que faz limpeza manual no início da
manhã com o objetivo de acabamento, retirando os resíduos que chegaram trazidos pela
diferença de maré. Atualmente, inicia-se a utilização em caráter experimental do barco de
fabricação espanhola CLIN-MAR-I, para coleta de resíduos das águas da Baía de
Guanabara, no trecho entre a Praia do Gragoatá e a Praia de Adão e Eva. Com a
capacidade de coleta de cerca de 500 quilos, o barco deverá operar 8 horas por dia,

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avaliado-se sua efetividade na redução dos resíduos que chegam `a praia diariamente,
cerca de 24 toneladas.
Para a coleta em áreas de difícil acesso – especialmente os morros – são utilizados garis
comunitários, contratados através de convênios com a associação de moradores. A CLIN
transfere o pagamento destes salários para a associação, que promove a coleta e a
disposição dos resíduos em locais definidos pela empresa e o pagamento dos garis
contratados.. O sistema é estabelecido à partir da orientação do engenheiro do distrito da
área envolvida, e para cada área são alocados garis em quantidade proporcional ao
serviço. Ao todo são 33 locais em que são utilizados os garis comunitários . Entre eles
:Viradouro, Souza Soares, Morro Fundo, Santo Cristo, Vital Brasil, Morro do Castro,
Sapê, Alarico de Souza, Jurujuba, Marítimos, e outros grandes geradores onde não é
possível a coleta regular.

Em janeiro de 1998, a CLIN inicia a coleta especial de resíduos hospitalares, adotando um


procedimento obrigatório. No início das atividades, foram feitas reuniões com cada
administrador hospitalar e de postos de saúde, tendo sido fornecido um mês de sacos
plásticos na cor branca, para que as estruturas administrativas iniciassem a aquisição. A
empresa verificou resistência da adoção da coleta diferenciada, com separação interna dos
resíduos considerados perigosos, na maioria dos hospitais. Verifica-se a falta de
conhecimento dos administradores hospitalares, quanto aos riscos de contaminação.

PROJETOS ESPECIAIS

O Programa de Produção de Mudas de Mata Atlântica e Restinga, foi proposto pela


Assessoria Técnica do Prefeito, tendo sua execução transferida para a CLIN, com objetivo
de produzir plantas, em extinção na mata atlântica, para aplicação na recuperação das
encostas de Niterói. A locação deste projeto na CLIN, foi motivada pelo problema
encontrado na limpeza de encostas, repleta de resíduos abandonados pela população
residente. O plantio de árvores é adotado com o objetivo de recompor as encostas, inibir o
depósito de resíduos, e conter desabamentos.

Foi realizado um estudos dos morros que deveriam receber as plantas, e outro no sentido
de pesquisar as espécies nativas da região para cultivo. São produzidas de 5 a 6 mil
mudas, de diversas variedades incluindo-se : ipê roxo, ipê amarelo, jatobá, genipapo. O
excedente de mudas, atende também ao Setor de Parques e Jardins da Prefeitura. É feita
uma cerca viva com espécie de espinhos com crescimento denso com galhadas, na área
próximo ao acesso e sendo utilizada espécies nativas no restante da encosta. O plantio é
realizado em patamares de cerca de 80 cm, utilizando plantas com raízes profundas e
secundárias, para fixação da encosta.

O trabalho de plantio é realizado com ajuda voluntária de membros da comunidade,


incluindo adultos e crianças. Para a implantação do programa, são feitas reuniões com a
associação de moradores, em alguns casos na creche da comunidade, envolvendo as mães
das crianças. O dia do plantio é estabelecido pela comunidade, normalmente sábado. O
programa é implantado tanto por iniciativa da comunidade (cerca de 60% das ações),
como por iniciativa da CLIN motivando a Associação de Moradores. Participam do
plantio, orientado a comunidade no evento os garis que trabalham no viveiro.

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Os 6 funcionários que trabalham no viveiro, são garis que afastados da função por
motivos de saúde , são treinados para trabalho em jardinagem. Durante os primeiros 15
dias, o programa faz um acompanhamento, sendo manutenção da área realizada pela
própria comunidade.

Como principais resultados desta atividade, destaca-se a recuperação de espécies em


extinção. Entretanto, apesar da colaboração das associações de moradores e das crianças
da comunidade, o plantio é prejudicado por animais, especialmente porcos. Foi também
relatada a resistência de parte da comunidade na implantação deste tipo de projeto
(representam até 40% dos moradores). O programa de plantio tem êxito de cerca de 50%
das áreas plantadas. Este estudo verifica a ausência de instrumentos de educação
ambiental, como cartilhas e outros instrumentos de conscientização que poderiam ampliar
os resultados do programa.

O funcionamento deste programa, possibilitou a criação de outro programa que recebeu a


denominação de “Oficina de Aprendizagem voltada para o Trabalho”, para o atendimento
de crianças, em atividade de educação ambiental. São atendidas neste programa crianças
de 14 a 18 anos, que permanecem na CLIN de 4 horas por dia, com aprendizagem de parte
teórica e prática. Cerca de 40 % das crianças que saem do Projeto, passam a trabalhar na
área de jardinagem.

O programa oferece vagas para 40 jovens (20 na parte da manhã e 20 na parte da tarde),
selecionados entre os 150 que se inscrevem. A inscrição é feita na CLIN , acompanhados
dos responsáveis, com comprovante de renda da família e de que estão estudando. Os
participantes do programa recebem uma bolsa de 80 reais acrescido de transporte. Este
setor também é responsável pelas palestras realizadas em escolas em Niterói, envolvendo
aspectos de coleta seletiva e produção de mudas. Oficialmente denominado “Serviço de
Coleta Diferenciada”, o programa adotou o nome RECICLIN, tendo em vista os objetivos
de reciclagem da atividade. A participação no programa é voluntária, com a inscrição
realizada através de encaminhamento de ofício, por parte de condomínios e residências.

O participante recebe na CLIN, 4 latões para armazenamento de material separadamente,


destinado a resíduos de:

- papel e papelão;
- plástico e metal;
- vidro;
- reserva;

O latão de reserva é utilizado para o produto citado anteriormente que tenha sido gerado
em capacidade superior ao latão. Verifica-se pouca incidência de latas de alumínio,
devido à ampla comercialização deste produto.

Diariamente são acumulados 5 fardos de material de cada tipo. O sistema comercializa


papelão, jornal, plástico grosso, plástico fino, embalagens PET, latas de aço, vidro, e
eventualmente ferro.

A coleta é realizada por um caminhão com carroceria de madeira, onde são


acondicionados diversos vasilhames plásticos (containers) com tampa basculada. Com

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roteiro específico, a coleta seletiva visita o participante uma vez por semana, para coleta
do material. A periodicidade da coleta varia de acordo com o volume gerado. No bairro de
Icaraí, a coleta é feita duas vezes por semana.

O caminhão descarrega os containers na RECICLIN, localizada na área da Rua Indígena


pertencente à CLIN. Também são realizadas coletas especiais e casos específicos, como
por exemplo, carteiras desativadas pela Secretaria de Educação, vidros entregues por um
laboratório, e outros casos específicos.

Neste local estão localizadas baias para separação do material, prensas e local para
acondicionamento do material enfardado para venda. O material é separado e enfardado.
Para que as embalagens de PET sejam comercializadas é necessário a retirada do rótulo e
da tampa, para que alcancem valorização no mercado. A comercialização é realizada pela
coordenadora do projeto, mensalmente, ou eventualmente a cada 15 dias quando há
excesso de material, sendo que a movimentação financeira é realizada pela tesouraria. Os
compradores destes materiais são em geral “atravessadores”, sendo que o papelão e latas
de alumínio são comprados por depósitos de material em Niterói, enquanto o plástico fino
é adquirido por um comprador do estado de Minas Gerais, o plástico grosso é adquirido
por um fabricante local, e as embalagens PET são vendidas para um fabricante de tubos
condutor de fios elétricos, do estado do Rio Grande do Sul.

A mão de obra empregada envolve 3 homens que compõem a guarnição do caminhão de


coleta, 2 homens que operam a prensa, 3 pessoas entre homens e mulheres que trabalham
na separação do material para comercialização. Durante a visita, foi verificado que o
espaço disponível é pequeno para o desenvolvimento do programa, obrigando a venda de
volumes pequenos, por falta de local para armazenagem. As instalações tem cobertura, e
encontravam-se limpas e organizadas. O programa não tem divulgação eficiente e atinge
um percentual inferior à sua potencialidade. Apesar da coleta seletiva ser considerada
onerosa, deve ser considerado o retorno ambiental e principalmente do ponto de vista da
educação ambiental. Na ocasião da entrevista estava sendo preparado um folheto de
divulgação.

Entretanto, é necessário promover uma ampliação desta atividade, não apenas com a
divulgação do serviço, como também utilizando-se de ações de educação ambiental, com
adoção e coletores estacionários de disposição voluntária além do envolvimento de grupos
e instituições.

No programa Sábado é dia de Faxina, a empresa promove em comunidades carentes uma


atividade ampla, com um significativo efetivo de homens e máquinas que fazem uma
limpeza completa da comunidade , muitas vezes com participação popular. Durante todo
o dia, é realizada limpeza de encostas, capina das vias de acesso, pintura de meio-fio,
varrição e recolhimento de lixo. Nestas atividades são utilizadas as mudas do “Programa
de Produção de Mudas de Mata Atlântica e Restinga”.

Com o objetivo social de promover a escolaridade dos funcionários, a CLIN mantém em


sua sede uma sala de aula, onde estes tem a oportunidade de estudar através de módulos
de ensino, fornecido pela Fundação Pública Municipal de Educação de Niterói.
Periodicamente os estudantes são submetidos a um teste, e caso seja aprovado, avança um

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módulo. A empresa tem orgulho de possuir um funcionário participante deste programa


aprovado no vestibular, e atualmente cursando uma faculdade.

Do ponto de vista do consumidor, a adoção de um telefone para reclamações, 0800


222175, facilitando o contato com a empresa, estimula a população a manifestar-se com
relação ao serviços prestados. Além disso existe um folheto para divulgação da
RECICLIN e a distribuição de Imãs de geladeira esclarecendo a respeito dos dias e
horário de coleta em cada bairro

DESTINO FINAL

Aterro Controlado do Morro do Céu

O aterro do Morro do Céu teve o início de suas atividades em 1983, no bairro do


Caramujo, em substituição ao Morro do Bumba, localizado no mesmo bairro. Com
características de despejo a céu aberto, com uso precário de cobertura de material, sem
com controle de entrada de material, sem drenagem de chorume, sem sistema de captação
de gases, tendo sido esta a situação da primeira área utilizada para aterro.

Em 1993, um desmoronamento do aterro obrigou a empresa a promover a desapropriação


da área vizinha, e a implantação de técnicas para o aterro controlado. À partir de então,
iniciou-se a caracterização de um aterro controlado, com adoção de técnicas de
terraplanagem , especialmente na área de extensão, com a divisão em células, a adoção de
um sistema de drenagem do chorume percolado construído com tecnologia alternativa,
tendo sido utilizado bambu e pneus velhos. Mais recentemente foram adotados tubulação
em concreto, nos novos patamares que vem sendo ocupados.

A captação do gás é feita através de dutos implantados ao longo da área na medida que a
cota aterrada vai atingido patamares mais elevados. São utilizados vergalhões de 5/16”,
transpassados em anéis de 4,2 mm, fechados com tela de fio 22, com o interior preenchido
de brita n° 4. Este dutos verticais estão apoiados sobre os tubos de drenagem. Na
superfície é construído um acabamento com solo cimento e tubo metálico para saída dos
gases. O percolado é drenado para as laterais do aterro, e atualmente é depositado in
natura diretamente no Córrego Macapá, desaguando posteriormente na Baía de
Guanabara.

Para operação do aterro, que recebe cerca de 600 t/dia, atualmente são utilizados os
seguintes equipamentos: 3 tratores D-6 (operando em turnos, sendo 6 em período diurno e
1 em período noturno), 1 retro escavadeira, 1 caminhão basculante e 1 balança.

Esta operação é realizada diretamente pela CLIN, utizando-se 25 pessoas entre


balanceiros, manobreiros, encarregados, apontadores e chefes de serviço, com um
engenheiro responsável. A operação consiste no depósito dos resíduos em células, e
completando o espaço estabelecido, um trator faz a cobertura da área com material inerte
e terra. Um outro aspecto importante é a pouca disponibilidade de jazidas para material de
cobertura no aterro, tendo sido utilizados principalmente material inerte, como por
exemplo entulho de obras, ou material orgânico resultado de podas.

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O aterro recebe regularmente os seguintes tipos de resíduos:


- resíduos domiciliar – proveniente da coleta regular realizada na cidade, através de
empresas contratadas.
- resíduos de terceiros – proveniente de coleta por iniciativa particular, constituída
muitas vezes de entulho, transportada por um mesmo veículo até 5 viagens ao mês.
- resíduos de terceiros cadastrados – proveniente de coleta realizada por terceiros,
atendendo coleta de entulho, coleta de grandes geradores, cujo volume ultrapassa a
coleta regular (shoppings usualmente contratam coleta particular), transportados em
veículos com ocorrência de mais de 5 viagens por mês ao aterro.
- resíduo hospitalar – proveniente de coleta hospitalar.
- resíduo de varrição e outros – proveniente da limpeza pública, podas, limpeza de
praias e outros.

O Quadro 04 apresenta o “Total de Resíduos que Entraram no Aterro Controlado do


Morro do Céu”. Este valor é obtido através da pesagem dos caminhões na entrada do
aterro, utilizando-se uma balança do tipo “Chialvo” dotada de mecanismo anti-fraude,
possibilitando a emissão do ticket com o peso apenas quando encontra-se nivelada. Os
dados desta pesagem são utilizados para remuneração das empresas prestadoras de serviço
de coleta.

Quadro 04. Quantidade resíduos sólidos que chegou ao Aterro Morro do Céu em 1998, em Kg.
MÊS DOMIC. TERCEIROS TERCEIROS COLETA VARRIÇÃO E TOTAL
S/ CADAST. CADAST. HOSPIT. OUTROS MENSAL
Janeiro 11.907.473 1.965.840 3.165.911 17.020 8.187.568 25.243.812
Fevereiro 9.765.860 1.537.850 3.090.757 54.440 6.455.971 20.904.878
Março 11.027.985 1.616.080 3.159.290 61.020 6.952.566 22.816.941
Abril 10.104.667 2.757.425 2.276.754 63.620 6.122.495 21.324.961
Maio 10.525.775 2.635.180 2.082.880 68.690 6.548.097 21.860.622
TOTAL 53.331.760 10.512.375 13.775.592 264.790 34.266.697 112.151.214
Fonte: CLIN, 1998

No caso dos transportadores de resíduos cadastrados, mencionados acima, a lei municipal


estabelece uma cobrança para disposição dos resíduos no aterro, considerando valores
diferenciados para resíduos leves e pesados.

Uma área foi separada para vazamento do resíduo hospitalar, proveniente da coleta
especial iniciada em janeiro no município, atingindo 67 t/mês em junho/98. Neste espaço
foi proibida a catação e a cobertura é feita diariamente. Em visita à área verifica-se a
presença de catadores em grande quantidade, atuando separadamente, sendo um grupo
concentrado no resíduo de origem doméstica e outro grupo promovendo a catação no
resíduos com origem na varrição. Foi verificada uma forte presença de crianças, tanto
envolvidas com a catação, como brincando na área. Os tratores funcionam em meio aos
catadores. Há uma movimentação contínua de caminhões transportando material para
reciclagem.

Verifica-se também presença de animais tanto bovinos e caprinos (presentes na área já


completamente coberta), quanto suínos (na área onde o resíduos estão sendo depositados),
além de animais domésticos diversos. Caso não haja alteração na operação de destinação

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de resíduos de Niterói, estima-se que a área do Morro do Céu somente poderá operar por
mais 3 anos aproximadamente Até a implantação das obras com financiamento do
Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG, os projetos e soluções
aplicados no aterro, tinham sido desenvolvidos diretamente pelos engenheiros da CLIN.

Inserido no do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG , o projeto de


reformulação do Aterro Controlado do Morro do Céu, inclui importantes melhorias físicas
e uma nova concepção no destino dos resíduos. O projeto inclui a implantação completa
do projeto do aterro sanitário, com a implantação de lagoas de oxidação para tratamento
do chorume, muros de gabião para contenção, fechamento da área do aterro, 2 guaritas,
prédio para administração, uma balança, castelo d’água, cisterna, subestação de energia,
usina de reciclagem com 3 esteiras de catação, unidade de trituração e peneiramento dos
resíduos orgânicos, pátio de compostagem, e incinerador para resíduos hospitalares. O
projeto foi concebido anteriormente, e é desenvolvido pelo PDBG, sem ônus para o
município, e sem discussão com o mesmo quanto aos detalhes operacionais. O município
busca o contato com o programa e os projetistas, no sentido de ajustar os projetos com as
necessidades atuais do município, adequando as especificações aos aspectos operacionais.

Não há estimativa do material reciclado que será gerado pela usina de reciclagem e pela
compostagem, não tendo sido identificado o mercado para absorção do material. A
estação a ser instalada consistirá de 3 esteiras de catação, onde espera-se poder absorver a
mão de obra dos catadores que hoje atuam no Aterro do Morro do Céu. Entretanto foi
realizada uma pesquisa entre os catadores, através de convênio com a UERJ, dentro do
financiamento do PDBG, que identificou que apenas 26 pessoas aceitam trabalhar na
usina. Os fatores que indicam a relutância em empregar-se na usina de reciclagem estão
relacionados à exigência de horário e freqüência ao trabalho, e a remuneração inferior à
recebida na situação atual. Cada esteira deve receber 16 catadores em cada turno.

Estes fatores levam aos dirigentes da empresa a estudar a possibilidade da absorção desta
mão de obra, para conservação da área verde que se localizará no entorno no Aterro que
deverá formar o cinturão verde com cerca de 1 quilômetro de extensão, previsto para
conservação ambiental. Atualmente encontra-se em desenvolvimento as obras financiadas
pelo PDBG, estando prevista a conclusão para o final de 1998.

CONCLUSÕES

Considerando-se como pontos referenciais para a gestão de resíduos sólidos, os aspectos


relacionados a saúde e ao meio ambiente, o objetivos geral da gestão de resíduos é
disponibilizar a toda a população serviços de coleta e destino final de resíduos que sejam
ambientalmente corretos e protejam a saúde, conforme (OPAS/OMS,1994).

No estudo da evolução dos dados de gestão de resíduos sólidos em Niterói, considerando


as informações de 1978, 1984 e 1998, pode-se verificar, um significativo progresso.
Houve um significativo aumento da quantidade de resíduos domésticos coletados,
conforme o Quadro 05:

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Quadro 05. Evolução da coleta domiciliar.


Ano Peso coletado diário (t) Peso Coletado diário (t)
Resíduos domésticos Resíduos de vias e logradouros
1978 197,3 30,7
1984 250 150
1998 419,3 262

Na ocasião dos levantamentos, em julho de 1998, a empresa prestava ainda serviços de


limpeza de praias utilizando equipamentos especiais, limpeza de monumentos, e de coleta
hospitalar. A implantação destes serviços demostram uma melhoria na qualidade na
prestação dos serviços , agregando novas atividades, não mencionadas nos relatos de 1978
e 1984.

Entretanto, o quadro de pessoal cresceu de 1363 funcionários em 1984, para 1800


funcionários no ano de 1998, sendo 22 de nível superior, representado um crescimento de
32% no quantitativo, para um incremento no atendimento da ordem de 70%, além da
inclusão de outros serviços e atividades. Cabe também destacar a evolução na qualidade
técnica, considerando-se que em 1978 trabalhavam no serviços 2 engenheiros, e em 1998
a CLIN conta com 22 funcionários de nível superior.

Os estudos realizados em 1998, revelaram que o serviço de coleta teve significativos


progressos, repercutindo favoravelmente na população. A utilização de veículos de coleta
em melhores condições de funcionamento e com fiscalização efetiva da atividade,
realizada pela empresa diretamente ou terceirizada, por parte dos engenheiros de distritos,
aspectos que haviam sido avaliados negativamente em 1978, no relatório realizado pela
FUNDREN(1982).

Outro aspecto positivo identificado em 1998, foi o envolvimento de atividades com a


comunidade, no que se refere à coleta em áreas de difícil acesso e favelas, com a adoção
do programa de garis comunitários, num relacionamento direto com as associações de
moradores, destacando-se a importância da participação da sociedade civil organizada.
Ainda no âmbito da relação com a comunidade, o Programa de Produção de Mudas de
Mata Atlântica e Restinga, promove a integração com a população jovem carente,
integrando-a às atividades da empresa, ao mesmo tempo que oferece formação
profissional em jardinagem.

Ao analisar as atividades da CLIN, cabe comentar os aspectos preconizados na Agenda


21. A análise do destino final dos resíduos em Niterói em 1998, apresenta mudanças em
relação aos estudos realizados em 1978 e 1984, sem que entretanto tenha sido alcançado
os princípios ambientalmente seguros.

Em 1978, de acordo com relato (FUNDREN,1982) o município destinava os resíduos ao


vazadouro a céu aberto, localizado no Cubango, afetado por muitos problemas do ponto
de vista ambiental e da saúde da população residente na área. No dados levantados em
1984, estava em funcionamento o Aterro Controlado do Morro do Céu, sendo que foi
mencionado que “ainda não foi construída uma lagoa de estabilização do chorume, que é
canalizado despejando em um rio já poluído fora do aterro”.

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Em 1998, funcionava um sistema de captação de chorume com canalização alternativa, e


estava em processo a construção de tubulação para condução do percolado, cobrindo a
área de expansão do aterro. Está incluído no projeto, a construção de lagoas de
estabilização e unidade de processamento de resíduos. Não existe sistema de
impermeabilização do solo. No que se refere a coleta de gases, não há canalização na
parte mais antiga do aterro. Na área mais recente com material depositado nos últimos 3
anos, foi adotado um sistema desenvolvido na CLIN, tendo sido prevista sua adoção na
área de expansão. Outros aspectos são o recobrimento insuficiente, por falta de material, e
a presença de catadores.

Este aterro tem capacidade para operação até o ano de 2001 ,considerando os padrões
atuais de funcionamento e caso não sejam adotadas as diretrizes internacionais de
minimização da geração de resíduos, a maximização do reaproveitamento e uma correta
destinação final. Cabe destacar que está em construção, sobre a área mais antiga do aterro,
uma usina de reciclagem e uma área para produção de composto orgânico.

A situação do destino dos resíduos em Niterói, identificada em 1998, reflete a atual


situação da gestão dos resíduos sólidos no Brasil, com cerca de 72% dos resíduos
dispostos sem tratamento adequado. Com relação aos aspectos relacionados à reciclagem
e reutilização, cabe destacar a importância da RECICLIN , programa de reciclagem
desenvolvido pela CLIN, através de um serviço de coleta diferenciada e comercialização
de material reciclável. Esta atividade reflete a preocupação ambiental. Entretanto, há a
necessidade de ampliar a divulgação de desta iniciativa, através de ações de comunicação
social e, principalmente, o desenvolvimento de atividades de educação ambiental,
inclusive buscando integrar as instituições situadas no município, como por exemplo a
Universidade Federal Fluminense, outras instituições de ensino e órgãos públicos. Além
disto, também é necessário a promoção de estudos que possam identificar o mercado
potencial de absorção do material reciclável, com o estímulo a instalação de indústrias
que deles se utilizem, tendo em vista a futura instalação da usina de reciclagem.

Dos marcos legais utilizados no município, o “Código de Limpeza Urbana de Niterói”


rege o funcionamento destas atividades no município, abordando aspectos importantes,
envolvendo a competência dos serviços, a classificação dos resíduos e as obrigações das
unidades geradoras além das condições de infração e penalidade. Este elemento da
legislação municipal, atende as necessidades da gestão dos resíduos no município. Assim,
conclui-se que este trabalho conclui que a instalação da Companhia de Limpeza Urbana
de Niterói - CLIN, possibilitou importantes avanços no estabelecimento de marcos legais,
no sistema de coleta domiciliar e de limpeza pública, entretanto ainda existente carências
nos aspectos de destino final e necessidade de desenvolvimento das ações de reciclagem e
educação ambiental.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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